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MINISTÉRIO PÚBLICO DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE APOIO ÀS PROMOTORIAS CRIMINAIS


Rua Promotor Manoel Alves Neto, 97, Candelária, Natal/RN, fone/fax: (084) 3232-7013
e-mail: caopcrimrn@yahoo.com.br ou caop.criminal@mp.rn.gov.br

MANUAL DE ATUAÇÃO DO PROMOTOR DE JUSTIÇA


PROGRAMA DE PROTEÇÃO A VITIMAS E A
TESTEMUNHAS AMEAÇADAS - PROVITA/RN
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SUMÁRIO

A) APRESENTAÇÃO

B) O FUNCIONAMENTO DO PROVITA

B.1. O SURGIMENTO DO PROVITA

B.2. A ESTRUTURA OPERACIONAL DO PROVITA

C) O PROVITA/RN

D) OBJETIVOS DO PROGRAMA DE PROTEÇÃO

E) O MINISTÉRIO PÚBLICO NO PROVITA

F) O PEDIDO DE INGRESSO AO PROGRAMA

F.1 REQUISITOS E PROCEDIMENTO PARA INGRESSO DE TESTEMUNHAS E


VÍTIMAS

G) DA CUSTÓDIA PROVISÓRIA

H) O RÉU COLABORADOR NA LEI N.º 9.807/99

I) CONCLUSÃO

J) ARTIGO DOUTRINÁRIO – O MINISTÉRIO PÚBLICO NA LEI

L) LEGISLAÇÃO SOBRE O PROVITA

L.1 LEI n.º 9.807, de 13/07/1999 (atualizada) – LEI FEDERAL PROVITA

L.2 DECRETO FEDERAL n.º 3.518, de 20/06/200 – REGULAMENTA O PROVITA


FEDERAL

L.3 DECRETO ESTADUAL n.º 21.549, de 16/12/2009 – INSTITUI O


PROVITA/RN

L.4 PROVIMENTO nº - 092/12-CGJ/RN de 14/05/2012 – CELERIDADE PRO-


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CESSUAL DISCIPLINADA PELA CORREGDORIA DO TJ/RN.

M) MODELOS DE PEÇAS

M.1 Modelo de pedido de ingresso no programa

M.2 Modelo de parecer do Ministério Público sobre o pedido de inclusão

M.3 Modelo de ofício de solicitação de medida de proteção (custódia provisória)

N) ENDEREÇOS IMPORTANTES

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A) APRESENTAÇÃO

No dia a dia do Centro de Apoio Operacional às Promotorias Criminais,


tem sido frequente a troca de informações a respeito de questões relativas ao
Programa de Proteção a Vítimas e Testemunhas de Crimes – PROVITA.

A dificuldade maior repousa na ausência de documento de referência no


qual estejam consolidadas a legislação federal, estadual e respectivos atos normativos
para sustentar as manifestações ministeriais nas hipóteses de inclusão, exclusão,
aquartelamento provisório de vítimas e testemunhas ameaçadas, tanto na fase
investigatória quanto na instrução processual.

Com o propósito de suprir essa lacuna e facilitar a atuação do Ministério


Público do Rio Grande do Norte nessa área (PROVITA), a equipe do CAOP CRIMINAL
realizou trabalho de pesquisa e consolidação de toda legislação e atos normativos
referentes ao tema, bem como de conteúdo de outros manuais já existentes.

O Guia contém também um roteiro teórico-prático de atuação elaborado


pelo Promotor de Justiça de Pernambuco, doutor Gilson Roberto Melo Barbosa, que
gentilmente, autorizou a inclusão neste Manual.

A parte final contém modelos de requerimentos e pareceres, endereços


de entidades governamentais e não governamentais que lidam com a proteção e
promoção dos direitos humanos.

Espera-se que este Manual de Atuação contribua para esse desafio.

Fernanda Lacerda de Miranda Arenhart


Promotora de Justiça Coordenadora do CAOP CRIMINAL

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B) O FUNCIONAMENTO DO PROVITA

B.1. O SURGIMENTO DO PROVITA

O Programa de proteção às Testemunhas e Vítimas Ameaçadas é uma


Política de Segurança Pública e Direitos Humanos que pretende contribuir com a
segurança, a justiça e assegurar direitos fundamentais para testemunhas e vítimas
ameaçadas.

A proposta de implantação de serviços específicos para o atendimento de


vítimas e testemunhas ameaçadas foi originariamente prevista no Programa Nacional
de Direitos Humanos (1996), que estabeleceu, no capítulo que trata da "Luta contra a
Impunidade", a meta de "apoiar a criação nos Estados de programas de proteção de
vítimas e testemunhas de crimes, expostas a grave e atual perigo em virtude de
colaboração ou declarações prestadas em investigação ou processo penal".

Dois anos mais tarde, o Ministério da Justiça – através da então


Secretaria de Estado de Direitos Humanos, firmou com o Governo de Pernambuco
convênio para apoiar uma iniciativa inédita e pioneira que avançava naquele Estado
sob a coordenação da organização não-governamental Gabinete de Assessoria Jurídica
a Organizações Populares (GAJOP): o PROVITA, um programa de proteção a vítimas e
a testemunhas baseado na ideia de prestar proteção, bem como reinserção social de
pessoas em situação de risco em novos espaços comunitários, de forma sigilosa e
contando com a efetiva participação da sociedade civil na construção de uma rede
solidária de proteção.

Os resultados já extremamente significativos que se apresentavam à


época levaram a Secretaria de Estado dos Direitos Humanos a adotar o PROVITA como
o modelo a ser difundido em outras Unidades da Federação. Já em 1998, mais dois
Estados fecharam convênio para a implantação de programas locais: a Bahia e o
Espírito Santo.

O marco de institucionalização desse processo ocorreu com a


promulgação, em 13 de julho de 1999, da Lei Federal nº 9.807, que inovou ao
estabelecer normas para a organização de programas estaduais destinados a vítimas e
testemunhas de crimes "que estejam coagidas ou expostas a grave ameaça em razão
de colaborarem com a investigação ou processo criminal", e instituiu, no âmbito da
Secretaria de Estado dos Direitos Humanos, o Programa Federal de Assistência a
Vítimas e a Testemunhas Ameaçadas.

Assim, a partir da Lei Federal n.º 9.807/1999 e do Decreto Federal 3.518,


de 10/06/200 (que regulamentou o Programa Federal), os Estados podem desenvolver
essa Política Pública mediante a celebração de convênios com a União, formando
assim, um Sistema Nacional de Proteção a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas.

Atualmente já são 19 (dezenove) os Estados que integram o Sistema:

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Acre, Amazona, Pará, Maranhão, Ceará, Pernambuco, Alagoas, Bahia, Espírito Santo,
Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul,
Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal.

B.2. A ESTRUTURA OPERACIONAL DO PROVITA

Os Programas de Proteção à Vítimas e Testemunhas Ameaçadas são


implementados nos Estados por meio de convênio celebrado entre a respectiva
Secretaria de Justiça e/ou Segurança Pública e a União, através da Secretaria de
Direitos Humanos da Presidência da República. As Secretarias Estaduais, por sua vez,
podem celebrar convênios com entidades não governamentais para a execução direta
do mesmo. As situações de proteção registradas em Estados que ainda não se
incorporaram ao Sistema são atendidas pelo Programa Federal.

Assim, podemos resumir a estrutura operacional do PROVITA da seguinte


maneira:

CONSELHO DELIBERATIVO:

Também conhecido como CONDEL, o referido órgão colegiado é formado


por representantes de entidades governamentais e não governamentais, sendo a
instância decisória superior do Programa.

Existem Conselhos Deliberativos em todos os Estados que fazem parte do


Sistema de Proteção, os quais decidem sobre os casos de responsabilidade regional,
bem como o Conselho Deliberativo do PROVITA Federal, que atua junto aos casos
federais e dos Estados que não têm Programa Estadual.

Dentre as principais atribuições do CONDEL destacam-se as deliberações


sobre o ingresso e exclusão de usuários da rede de proteção, bem como sobre as
demais providências de caráter geral, como por exemplo a fiscalização da entidade
executora do Programa; fixação de teto de ajuda financeira a usuários; autorização de
gastos extras com usuários; representar ao MP por medidas cautelares necessárias
etc.

ÓRGÃO GESTOR:

O órgão gestor é o encarregado, em nível estadual, de acompanhar o


Programa e firmar convênio com a entidade não governamental, que executará o
mesmo. No âmbito do Rio Grande do Norte o órgão gestor é a Secretaria de Estado de
Justiça e Cidadania – SEJUC, órgão estatal convenente e corresponsável pela
execução da política de proteção. É também a responsável pelo Convênio firmado
entre a mesma e a União, para repasse de verbas federais para a manutenção do
Programa, bem como pela contrapartida correspondente.

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ÓRGÃO EXECUTOR:

O órgão executor é a entidade não governamental que promove a


articulação da rede solidária de proteção e a contratação dos profissionais da Equipe
Técnica para acompanhar os casos do Programa, dando apoio administrativo. A
entidade executora também é integrante do CONDEL.

A entidade executora (geralmente da sociedade civil) tem, assim, a


responsabilidade de providenciar o traslado e a acomodação da pessoa em local
sigiloso, dentro da Rede de Proteção, contando com o auxílio dos órgãos de Segurança
Pública para esse desiderato. Compete-lhe, também, articular com as instituições
públicas e privadas e demais entidades a inserção dos usuários e seus familiares em
novas comunidades.

No Rio Grande do Norte, atualmente a entidade executora do


PROVITA/RN é o Centro de Estudos, Pesquisa e Ação Cidadã – CEPAC, entidade não
governamental sediada no Município de Macaíba, que atua na área da promoção de
Direitos Humanos.

EQUIPE TÉCNICA:

As ações de proteção são realizadas por uma equipe interdisciplinar


composta por Coordenador, Advogado, Assistente Social e Psicólogo, com a
responsabilidade de realizar a triagem e o acompanhamento dos casos selecionados,
em conformidade com os critérios previamente fixados com base na Lei Federal n°
9.807/99 e Decreto Estadual 21.549, de 16/12/2009 (PROVITA/RN). A triagem e
parecer interdisciplinar é necessária para a análise da necessidade da proteção e da
adequação dos casos ao Programa, fornecendo subsídios para as deliberações do
CONDEL.

À Equipe Técnica, formada por profissionais especialmente contratados e


capacitados para a função, cabe também a articulação para a efetivação da assistên-
cia social, jurídica e psicológica, e o constante acompanhamento dos beneficiários.

REDE SOLIDÁRIA DE PROTEÇÃO:

O PROVITA tem uma peculiaridade no que diz respeito ao aspecto


humanístico. Os usuários, ao ingressarem no Programa, muitas vezes têm que romper
com toda uma estória de vida, dificultando a manutenção de laços familiares e de
amizade, perdendo um pouco sua identidade cultural.

Desse modo, assume especial papel a Rede Solidária de Proteção, que é


o conjunto de associações civis, entidades e demais organizações não-governamentais
que se dispõem voluntariamente a receber os admitidos no Programa, proporcionan-
do-lhes moradia e oportunidades de inserção social em local diverso de sua residência
habitual, contribuindo para a sua reinserção social.
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SECRETARIA DE DIREITOS HUMANOS – SDH

Incumbe à Secretaria de Direitos Humanos, órgão da estrutura federal


ligado à Presidência da República:

• Exercer as atribuições de Órgão Executor do Programa Federal de Proteção a


Vítimas e a Testemunhas Ameaçadas, instituído pelo art. 12 da Lei 9.807, de
13/07/1999;

• Supervisionar e fiscalizar os convênios, acordos, ajustes e termos de parcerias


celebrados entre a União, os Estados, o Distrito Federal e entidades não
governamentais de interesse da União, objetivando a realização de programas
especiais de proteção a vitimas e a testemunhas ameaçadas de conformidade
com o disposto na Lei n° 9807/99.

C) O PROVITA/RN

O Programa de Proteção à Vítima e Testemunhas Ameaças foi instituído


no Rio Grande do Norte, enquanto política pública, a partir da edição do Decreto
Estadual nº 21.549, de 16/12/2009.

Seguindo o modelo nacionalmente adotado, o PROVITA/RN tem a mesma


estrutura operacional, cuja execução é realizada por meio da celebração de dois
convênios: a) entre a União - Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da
República - e o Estado do RN – SEJUC; b) entre o Estado do RN – SEJUC – e a
entidade da sociedade civil executora (atualmente o Centro de Estudos, Pesquisa e
Ação Cidadã - CEPAC).

Em que pese a edição do Decreto desde o ano de 2009, somente em


meados de 2010 houve de fato o início de funcionamento do referido Programa, com a
transferência dos casos inseridos no PROVITA FEDERAL, que passaram a ser de
responsabilidade do Estado do RN por força dos convênios firmados. A partir de então,
todos os casos em que se verifique a necessidade de inclusão do Programa devem ser
apreciados pelo CONDEL do PROVITA/RN.

O Conselho Deliberativo do PROVITA/RN é constituído por representantes


de cada uma das seguintes entidades governamentais e não-governamentais:

I - Secretaria da Segurança Pública e da Defesa Social; PODER PÚBLICO.


II - Secretaria da Justiça e da Cidadania; PODER PÚBLICO
III - Secção do Rio Grande do Norte da Ordem dos Advogados do Brasil - SOCIEDADE
CIVIL
IV - Poder Judiciário Estadual - PODER PÚBLICO
V – DEGEPOL; PODER PÚBLICO

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VI - Ministério Público Estadual - PODER PÚBLICO
VII – Ministério Público Federal - PODER PÚBLICO
VIII- Polícia Militar do Rio Grande do Norte - PODER PÚBLICO
IX – Centro de Direitos Humanos e Memória Popular CDHMP - SOCIEDADE CIVIL
X - Centro de Estudos, Pesquisas e Ação Cidadã –CEPAC - SOCIEDADE CIVIL
XI – CEDECA Casa Renascer - SOCIEDADE CIVIL
XII – Instituto de Pesquisa e Estudo em Justiça e Cidadania – IPEJUC - SOCIEDADE
CIVIL
XIII -Associação de Conselheiros e Ex-Conselheiros Tutelares do RN - SOCIEDADE
CIVIL
XIV – Conselho Regional de Psicologia - SOCIEDADE CIVIL
XV – Conselho Regional de Serviço Social – SOCIEDADE CIVIL
XVI – Procuradoria Geral do Estado - PODER PÚBLICO

Os conselheiros do PROVITA/RN são formalmente designados pelos


representantes legais das entidades relacionadas anteriormente e nomeados pelo
Chefe do Poder Executivo do Estado do Rio Grande do Norte para cumprir um
mandato de dois anos, com direito à recondução.

As decisões do CONDEL devem ser tomadas de forma colegiada, por


maioria absoluta de seus integrantes, cujas atribuições em relação ao PROVITA/RN
são:

I - elaborar a proposta financeira anual do Programa, a ser encaminhada à


Governadora do Estado por meio da Secretaria da Justiça e da Cidadania - SEJUC,
para inclusão no Orçamento do Rio Grande do Norte;
II - acompanhar, de forma permanente, a situação financeira do Programa, com base
nas informações da Diretoria Executiva e do Conselho Fiscal;
III - definir, no início de cada exercício financeiro, o teto da ajuda financeira mensal a
ser destinada à pessoa protegida e à sua família, quando for o caso;
IV - decidir privativamente sobre o ingresso e a exclusão de pessoas no Programa;
V - pedir, a quem de direito, que requeira à Justiça a concessão de medidas cautelares
direta ou indiretamente relacionadas com a eficácia da proteção;
VI - delegar poderes e prover os respectivos meios à diretoria e à entidade
operacional da sociedade civil para que adotem providências urgentes para garantir a
proteção de testemunhas;
VII - substituir a entidade operacional se descumprir os termos dos convênios
assinados com órgãos do Poder Público, assim como se desobedecer as normas
nacionais de supervisão adotadas pela Secretaria de Especial dos Direitos Humanos,
do Governo Federal;
VIII - promover a articulação entre as entidades do Conselho Deliberativo e outras, do
Poder Público e da sociedade civil, para aperfeiçoar a atuação do Programa;
IX - propor as parcerias necessárias ao funcionamento do Programa;
X - analisar projetos de lei relacionados, direta ou indiretamente, ao objeto do
Programa e fazer chegar o seu parecer a respeito ao Poder Legislativo ou Executivo;
XI - promover atividades em parceria com entidades nacionais, internacionais e de
outros países com Programas afins;
XII - encaminhar, pela presidência de sua diretoria, requerimento de testemunha
protegida ao juiz competente, visando à alteração do nome dessa mesma
testemunha, conforme determina o artigo 9º da Lei Federal n. 9.807, de 13 de julho
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de 1999;
XIII - solicitar e analisar relatórios trimestrais encaminhados pela entidade
operacional sobre o andamento geral dos trabalhos.

O Conselho Deliberativo do PROVITA/RN tem uma diretoria integrada


pelos representantes da Secretaria da Segurança Pública; Secretaria da Justiça e da
Cidadania e entidade operacional, da sociedade civil (atualmente o CEPAC), dentre os
quais será escolhido o Presidente, Vice-Presidente e Secretário, escolhidos entre o
seus membros.

Dentro do Conselho Deliberativo do PROVITA/RN também é previsto um


Conselho Fiscal, que se destina a auxiliar a Secretaria de Direitos Humanos da
Presidência da República com atribuições para a execução da política de Direitos
Humanos no exercício da fiscalização da gestão financeira do Programa, bem como
preparar relatórios trimestrais a serem submetidos ao CONDEL, pela entidade
operacional, com base nas informações e nos documentos encaminhados pela equipe
interdisciplinar.

Esse Conselho Fiscal do PROVITA/RN é composto por três conselheiros do


CONDEL, eleitos por seus pares, dentre os representantes de entidades que não
componham a diretoria do Conselho Deliberativo, com mandato igual ao da diretoria.

D) OBJETIVOS DO PROGRAMA DE PROTEÇÃO

O PROVITA, diferentemente de outros sistemas de proteção de


testemunhas previstos em legislações alienígenas, tem como objetivos o
enfrentamento a não-responsabilização dos agentes e autores de crimes de alta
gravidade (resguardando a vida e, consequentemente, a prova testemunhal,
verdadeira Política de Segurança Pública), bem como assegurar a proteção integral do
usuário e seus familiares – assistência psicossocial e promoção dos seus direitos
humanos (assegurar a qualidade de vida como sujeito de direitos, oportunidade em
que assume a feição de Política Pública de promoção de Direitos Humanos).

Como mencionado anteriormente, a inserção no Programa, com a


mudança de residência, provoca uma ruptura com a vida anterior, em alguns casos
até mesmo com a mudança do nome do usuário, daí a necessidade desse olhar
humanista.

A situação de risco da testemunha ou vítima e sua família é tamanha


que, pelos meios convencionais, não consegue ser afastada. Nesses casos, toda a
estória de vida deve ser refeita, devendo o Programa proporcionar meios pelos quais
os usuários possam retomar as suas vidas em outras comunidades.

Além disso, chama a atenção o perfil dos usuários, que na sua maioria
são pessoas de baixíssima renda, com pouca escolaridade e sem qualificação
profissional, que vivem em situação de pobreza ou vulnerabilidade social, situações
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nas quais deve o Programa voltar sua atenção para a construção de planos de vida e
reinserção social desses usuários e suas famílias.

De outra banda, não se devem confundir os objetivos do Programa (que


além de garantir a vida e integridade de seus protegidos deve também promover
meios pelos quais os mesmos possam retomar suas vidas), com as políticas públicas
de assistência social.

Nesse raciocínio, o ingresso no PROVITA, medida excepcional, exige o


cumprimento de condições específicas para seus beneficiários, e não pode ser
utilizado em substituição às Políticas Públicas de Assistência Social.

Assim, podemos resumidamente estabelecer como objetivos do PROVITA:

• assegurar a prova testemunhal como um instrumento de combate ao crime e de


promoção de justiça;
• romper o ciclo da impunidade;
• assegurar os direitos fundamentais das vítimas e testemunhas ameaçadas;
• formar uma rede solidária de proteção e apoio a vítimas e testemunhas;
• propiciar o exercício da cidadania por parte das testemunhas e vítimas
ameaçadas;
• promover a (re)inserção social das vítimas e testemunhas ameaçadas, bem como
de seus familiares.

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SISTEMA DE REINSERÇÃO SOCIAL

ARTICULAÇÃO MUDANÇA
ASSISTÊNCIA POLÍTICAS DE
PÚBLICAS NOME

Inclusão econômica:
Qualificação profissional Realizar estudos, reflexões,
Benefício financeiro –
Incentivo aos empreendedores discussões no âmbito dos
necessidades humanas básicas
Trabalho Conselhos Deliberativos.
Alvo de interpretações
Inclusão política: Traçar estratégia de
Equivocadas sobre a finalidade
Escolarização segurança nos trâmites
Da proteção – é meio e não fim
Participação em atividades da Ong (regulamentação)
Garantia dos direitos políticos

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E) O MINISTÉRIO PÚBLICO NO PROVITA

A denominada Lei de Proteção a Testemunhas concedeu ao Ministério


Público relevante papel na execução das medidas de segurança e proteção, prevendo
a sua atuação ora como parte, ora como custos legis.

Assim, em razão do Ministério Público ser o titular exclusivo da ação


penal pública, o Promotor de Justiça poderá solicitar o ingresso ou, quando não for o
postulante, deverá previamente opinar a respeito da concessão da proteção e das
medidas decorrentes. Essa manifestação, obviamente, fica vinculada ao Promotor de
Justiça que acompanha o inquérito policial ou que promove a ação penal.

No caso de solicitação de inclusão, a Lei 9807/99 traz os seguintes


enfoques para reflexão do Promotor:

• Visão penal: analisa-se a relevância da testemunha como prova. A colaboração


deve ser efetiva, aferindo-se a dimensão do ilícito a justificar a inclusão. Deve o
Promotor atentar-se para a conveniência e utilidade do depoimento na
investigação.
• Visão humanística: busca-se resguardar a integridade da pessoa desde que
avaliado a gravidade da coação ou da ameaça física ou psicológica.
• Visão técnico/administrativa: verificada a gravidade da coação ou ameaça à
integridade física ou psicológica, deve imperar a dificuldade de afastá-la pelos
meios convencionais, preveni-las ou reprimi-las pela atividade da Polícia. Assim,
por exemplo, o usuário ingressará no Programa se a prisão preventiva,
provisória para a garantia da ordem pública e conveniência da instrução, não
for eficaz.

Deverá também o Promotor de Justiça se manifestar, mediante a emissão


de parecer, pela exclusão de usuário, quando houver a cessação dos motivos e latente
incompatibilidade de comportamento da pessoa protegida. Caso contrário, o
Procurador Geral deverá ser incitado pelo próprio membro do Ministério Público com
assento no Conselho Deliberativo, para substituir o Promotor de Justiça omisso.

A Lei não dá legitimidade ao Ministério Público de requerer a mudança do


nome completo da pessoa protegida. A própria pessoa protegida poderá requerer ao
Conselho Deliberativo, e este deverá encaminhar o requerimento ao juiz competente
para registros públicos (art. 9º, caput). O Ministério Público fará o papel de fiscal da
lei (no caso específico, o órgão que atua perante a vara de registros públicos),
devendo ser ouvido sobre a possibilidade de mudança do nome (art. 9º, §2°). Deverá
ele estar atento ao resguardo de direitos de terceiros, como quer a própria Lei 9.807
(art. 9o, § 1º, "in fine"), e também a Lei 6.015/73 (art. 57, "caput"). É que com a
mudança do nome completo da pessoa, algumas pessoas de boa-fé poderão ser
prejudicadas, especialmente aquelas que têm com a pessoa protegida promessa de
compra e venda e outros contratos e vínculos solenes com a mesma, além de

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necessidade de atenção para os sistemas de proteção do consumidor e bancos


(SERASA, SPC, CADIN, BACEN..), de folhas de antecedentes para a Justiça Penal etc.

A Lei estabelece que o requerimento correrá em segredo de justiça e pelo


rito sumaríssimo, com prévio parecer do Ministério Público (art. 9º, § 2°). Uma
solicitação que seja decidida sem demora, com a maior brevidade possível (o que
pressupõe a antecipação em relação a outros pedidos), surpreende o ameaçador ou
coator. Apesar das dificuldades que causará ao postulante, a alteração de seu nome
constitui-se em considerável reforço no sistema protetivo, dificultando a tarefa de
"calar" a testemunha ou vítima.

São ainda atribuições do órgão do Ministério Público, visando à proteção


aos réus colaboradores, manifestar-se a respeito do perdão judicial (art.13), zelar pela
redução da pena e cuidar pela aplicação em benefício ao colaborador, na prisão ou
fora dela, de medidas especiais de segurança e proteção (art. 15).

Importante frisar que nos casos dos usuários não aceitos ou dos
excluídos dos Programas, caberá à Secretária de Segurança Pública adotar as medidas
necessárias à preservação da integridade física da vítima ou testemunha.

Igualmente, impende destacar a participação do Ministério Público como


um dos membros do Conselho Deliberativo, formado também por representantes do
Poder Judiciário, e de órgãos públicos e privados relacionados com a Segurança
Pública e a defesa dos Direitos Humanos (art.4° caput), dispondo também que um dos
órgãos representados no Conselho executará as atividades necessárias ao programa.

De outra banda, como dito anteriormente, o Conselho Deliberativo não


poderá, diretamente, requerer ao juiz criminal medida cautelar direta ou
indiretamente relacionadas com a eficácia da proteção (art. 8°), como pedido de
prisão preventiva, por exemplo. Tal requerimento só poderá ser efetuado pelo
Ministério Público. O Conselho pode representar ao Promotor, que analisará a
necessidade da medida e, se entender pertinente, formulará a medida, devendo
sempre fundamentar o pedido com exposição dos motivos da medida cautelar.

Os requerimentos serão formulados pelo Promotor de Justiça que


participa da investigação acompanhando o inquérito policial ou do órgão que
acompanha a competente ação penal.

O Ministério Público tem legitimidade para requerer a exclusão da pessoa


protegida do programa de proteção, apesar da omissão da Lei.

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A Lei 9.807/99 teve a preocupação de manter a competência exclusiva do


Conselho Deliberativo para decidir, por maioria absoluta, sobre a exclusão da pessoa
protegida do programa, em casos de cessação dos motivos que deram azo à proteção
e também em caso de comportamento incompatível da pessoa protegida (poderá
haver exclusão também se a própria pessoa pedir), conforme dispõe o art. 10º.

No entanto, apesar da Lei não abordar nada sobre quem deveria


esclarecer ao Conselho Deliberativo sobre o comportamento da pessoa, cabe a Equipe
que acompanha o usuário este relato. O Ministério Público que está acompanhando o
caso tem a atribuição de opinar se persistem ou não, ainda, as razões para a
permanência da vitima ou da testemunha no PROVITA.

Resume-se, assim, a atuação do Ministério Público no procedimento de


ingresso/exclusão de usuário do Programa:

* COMO PARTE:

• Solicitar o ingresso da vítima e/ou da testemunha a ser protegida (art.5 o, inc.


ll) no Programa;
• Requisitar e receber a comunicação da custódia provisória para o protegido
(art.5o, § 3°);
• Requerer medidas cautelares, por solicitação do Conselho Deliberativo (art. 8°).

* COMO FISCAL DA LEI:

• opinar a respeito da concessão da proteção e das medidas dela decorrentes,


quando do pedido para admissão no Programa feito por outro legitimado
(art.3°);
• opinar a respeito da exclusão do protegido (art.3°);
• no requerimento de alteração do nome completo do protegido (art 9 o, §2°);
• no requerimento do retorno à situação anterior à alteração do nome completo
do protegido (art 9o, §5°).

F) O PEDIDO DE INGRESSO AO PROGRAMA

A Lei Federal nº 9.807/99 (art. 5º) enumera que, além do Ministério Público,
podem requerer o ingresso no PROVITA:

• o próprio interessado;
• o magistrado;
• a autoridade policial;
• órgãos públicos e privados com atribuições de defesa dos direitos humanos.

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Isso dá pelo fato de que tais legitimados concorrentes se envolvem


diretamente com as pessoas que estão correndo risco de vida em função das ameaças
e coações, de modo a facilitar o procedimento de ingresso.

Por óbvio, nas situações em que o pedido seja formulado por outro
legitimado que não a vítima ou testemunha ameaçada, deverá haver a concordância
do interessado e das pessoas maiores e capazes que compõem seu núcleo familiar,
posto que o ingresso no PROVITA somente se dá de forma voluntária.

Quando da solicitação de ingresso, o membro do Ministério Público


deverá expor os fundamentos básicos previstos no art. 2° da Lei. No caso de omissão,
deverá ser consultado, novamente, antes da reunião que decidirá sobre a
admissibilidade.

É importante frisar a necessidade de que o pedido, dirigido ao Presidente


do CONDEL, seja instruído com cópia do inquérito policial, ação penal e documentos
pessoais dos interessados (o tanto quanto possível), a fim de não só possibilitar uma
melhor apreciação do pedido, como também de abreviar o procedimento de inclusão,
que poderá ser retardado em razão de diligências necessárias à melhor instrução do
mesmo.

A solicitação de ingresso da testemunha ou vítima torna-se ainda mais


cara ao Ministério Público, a partir do momento em que passa a acompanhar de forma
mais interessada e participativa a tramitação do inquérito policial e do processo
judicial em questão.

F.1 REQUISITOS E PROCEDIMENTO PARA INGRESSO DE TESTEMUNHAS E


VÍTIMAS

Assim, a notícia de que uma vítima ou testemunha corre risco é levada


ao Conselho Deliberativo, que decide quanto à sua inclusão no Programa, para tanto
considerando a análise do caso feita pela Equipe Técnica e o parecer da lavra do Min -
istério Público (Lei nº 9.807/99, art. 3º).

Em situações emergenciais, a vítima ou testemunha é colocada provisori-


amente sob custódia dos órgãos policiais, enquanto é feita a triagem do caso.

Valendo-se das dimensões continentais do país, o Sistema possibilita a


permuta de beneficiários entre as diversas redes de proteção, providenciado o deslo-
camento da pessoa ameaçada para um outro Estado, sendo que o sigilo do seu novo
paradeiro é usado como expediente garantidor da sua segurança e integridade.

Todas os beneficiários dos programas permanecem à disposição da


Justiça, da polícia e demais autoridades para que, sempre que solicitados, com-
pareçam pessoalmente para prestar depoimentos nos procedimentos criminais em que
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figuram como vítimas ou testemunhas. Esses traslados e deslocamentos são sempre
realizados sob escolta policial e, conforme as exigências de cada caso, são utilizadas
técnicas para o despiste e disfarce da pessoa em situação de risco.

Esquematicamente, pode-se assim resumir os requisitos de ingresso nos


programas de proteção, conforme determinação da Lei n.º 9.807/99 :

a) Situação de risco. A pessoa deve estar "coagida ou exposta a grave ameaça" (art.
1º, caput). Obviamente não é necessário que a coação ou ameaça tenha já se tenham
consumado, sendo bastante a existência de elementos que demonstrem a probabilid-
ade de que tal possa vir a ocorrer. A situação de risco, entretanto, deve ser atual.

b) Relação de causalidade. A situação de risco em que se encontra a pessoa deve de -


correr da colaboração por ela prestada a procedimento criminal em que figura como
vítima ou testemunha (art. 1º, caput). Assim, pessoas sob ameaça ou coação motiva-
das por quaisquer outros fatores não comportam ingresso nos programas.

c) Personalidade e conduta compatíveis. As pessoas a serem incluídas nos programas


devem ter personalidade e conduta compatíveis com as restrições de comportamento
a eles inerentes (art. 2º, § 2º), sob pena de por em risco as demais pessoas protegi-
das, as equipes técnicas e a rede de proteção como um todo. Daí porque a decisão de
ingresso só é tomada após a realização de uma entrevista conduzida por uma equipe
multidisciplinar, incluindo um psicólogo, e os protegidos podem ser excluídos quando
revelarem conduta incompatível (art. 10, II, "b").

d) Inexistência de limitações à liberdade. É necessário que a pessoa esteja no gozo de


sua liberdade, razão pela qual estão excluídos os "condenados que estejam cumprindo
pena e os indiciados ou acusados sob prisão cautelar em qualquer de suas modalid-
ades" (art. 2º, § 2º), cidadãos que já se encontram sob custódia do Estado.

e) Anuência do protegido. O ingresso no programas, as restrições de segurança e de-


mais medidas por eles adotadas terão sempre a ciência e concordância da pessoa a
ser protegida, ou de seu representante legal (art. 2º, § 3º), que serão expressas em
Termo de Compromisso assinado no momento da inclusão.

Em síntese, pois, pode-se apontar como potenciais beneficiários do pro-


grama as pessoas que se encontram em situação de risco decorrente da colaboração
prestada a procedimento criminal em que figuram como vítima ou testemunha, que
estejam no gozo de sua liberdade e cuja personalidade e conduta sejam compatíveis
com as restrições de comportamento exigidas pelo programa, ao qual desejam volun-
tariamente aderir.

Os casos que não preencherem esses requisitos não estão privados de


eventuais medidas de proteção que se façam necessárias. Desde que a Lei nº
9.807/99 não alterou o dever constitucional dos órgãos de segurança pública de
garantir a preservação da incolumidade física das pessoas (Constituição Federal, art.
144), o artigo 2º, parágrafo 2º, in fine, da Lei deixa claro que os indivíduos que não
se adequarem às hipóteses de inclusão no Programa, em que pese se encontrarem em
situação de risco, receberão dos órgãos de segurança pública o atendimento ne-
cessário a garantir a sua proteção.
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O art. 7º, da Lei n. 9.807/99 traz um rol exemplificativo das medidas de


segurança adotadas pelo Programa, que serão aplicadas isolada ou cumulativamente,
em benefício da pessoa protegida, segundo a gravidade e as circunstâncias de cada
caso. Dentre as quais podemos citar: a) transferência de residência ou acomodação
provisória em local seguro; b) ajuda financeira mensal para prover as despesas ne -
cessárias à subsistência individual ou familiar, no caso da pessoa protegida estar im-
possibilitada de desenvolver trabalho regular ou de inexistência de qualquer fonte de
renda; c) suspensão temporária das atividades funcionais, sem prejuízo dos respect-
ivos vencimentos ou vantagens, quando servidor público ou militar; d) apoio e as-
sistência social, jurídica e psicológica; e) sigilo em relação aos atos praticados em vir-
tude da proteção concedida; f) apoio do órgão executor do Programa para o
cumprimento de obrigações civis e administrativas que exijam o comparecimento
pessoal.

G) DA CUSTÓDIA PROVISÓRIA

Uma vez verificada a existência de risco à integridade física da


testemunha ou declarante e sua família, mesmo antes da deliberação do CONDEL
sobre a possibilidade ou não de ingresso no PROVITA e submissão às suas regras,
exsurge a obrigação do Estado pela segurança da mesma (art. 144 da Constituição
Federal).

Assim, independentemente de ingresso ou não no PROVITA, a


testemunha ou declarante deve ser imediatamente colocada a salvo de qualquer
perigo.

Incumbe à Secretária de Segurança Pública prestar a proteção provisória


que trata o art. 5º § 3º, enquanto aguarda a decisão da inclusão do Conselho
Deliberativo ou se ultima sua transferência para outro Estado.

A falta da proteção imediata em caso de urgência, quando a vitima e/ou


testemunha esteja na iminência de sofrer algum atentado contra a sua vida ou acabou
de sofrê-la constitui, atualmente, a questão mais preocupante da política de proteção.
A carência de estrutura eficaz, célere e segura, ainda que provisória, é um fator
criminógeno, pois inibe os testemunhos, afastando eventuais colaboradores para a
captação de indícios veementes da autoria e da materialidade, ainda na fase
inquisitorial, como também, serve de óbice na busca da verdade real necessária à
condenação no processo criminal.

Vale frisar que a proteção provisória, em caso de urgência está prevista


no art. 5º §3° da Lei 9807/99. Para tanto são requisitos essenciais para a colocação
,
provisória sob custódia de órgão policial a procedência, a gravidade e a iminência da
coação ou ameaça, à vítima ou a testemunha.

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Enfim, o parágrafo em questão é de suma importância, uma vez que


situações de extrema gravidade existem, sendo imprescindível a adoção de medidas
urgentes, no aguardo dos demais trâmites legais previstos.

Na maioria das vezes há a necessidade de retirada da testemunha e sua


família do local onde mora para local seguro e sob escolta e vigilância, até que se
ultime o processo de inclusão e seja decidida a melhor medida a ser tomada diante do
caso concreto.

H) O RÉU COLABORADOR NA LEI N.º 9.807/99

Indispensável a previsão de proteção do réu colaborador - a chamada


delação premiada - tratada na segunda parte da Lei n° 9807/99.

Réus colaboradores são aqueles acusados ou indiciados que tenham


voluntariamente colaborado com a investigação e o processo criminal (art. 13 e 14).

O condenado que cumpre pena não pode ser beneficiado porque já estará
sendo restrita a sua liberdade, e mesmo que em regime semiaberto ou aberto terá
que cumprir certas condições incompatíveis com a proteção, como não freqüentar
determinado lugar, justificar com frequência suas atividades em juízo, onde mora, o
que tornaria impossível manter o sigilo necessário para sua condição de protegido. Se
o condenado cumpre pena em regime fechado, não há como, por obviedade, protegê-
lo, em razão da medida de privação da liberdade.

A delação, utilizada adequadamente, muito auxiliará na busca da verdade


material acerca das infrações penais. De qualquer maneira, deve-se reconhecer que,
para que possa ser plenamente eficaz, é fundamental que se garanta a segurança do
delator, já que, pela sua estrutura, em regra, as organizações criminosas conseguem,
sem maiores obstáculos, eliminar os eventuais "traidores", praticando a "queima de
arquivo".

Além dos dispositivos previstos na Lei n o 9.807/99 versando sobre o réu


colaborador, a Lei n° 9.034/95 estabelece que "nos crimes praticados em organização
criminosa, a pena será reduzida de um a dois terços, quando a colaboração
espontânea do agente levar ao esclarecimento de infrações penais e sua autoria."

Diante da necessidade da investigação localizar o líder da organização


criminosa, capturando aqueles que agem na cúpula do organograma administrativo do
crime, os infratores de "menor importância" na estrutura criminosa devem servir
como meio de prova para alcançá-los.

Com a preservação da integridade de vítimas e testemunhas teremos a


oportunidade de depoimentos consistentes, corajosos, hábeis a conduzirem a uma
condenação. Com a delação premiada, será concedida a diminuição da pena, ou até
mesmo o perdão judicial, com a consequente extinção da punibilidade, se primário.
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Porém, a maior beneficiada é a sociedade, com a localização de uma vitima ou a


responsabilização de penal de pessoas extremante perniciosas para o convívio social.

I) CONCLUSÃO

Percebe-se claramente nos dias atuais que a violência e a corrupção nos


assola constantemente, atingindo a legitimidade das instituições públicas e violando
as normas de convivência em sociedade, solapando a ordem moral e a integridade da
justiça. Não há mais espaço para impunidade. Urge a criação e efetivação de
instrumentos eficazes de combate as organizações criminosas, aos crimes
reconhecidamente atentatórios à ordem pública e aos ditames éticos.

A Lei n° 9.807/99 destaca a importância da prova testemunhal, muitas


vezes a única possível de esclarecer a autoria de crimes bárbaros.

Nesse raciocínio, destaca-se o papel do Ministério Público no conselho


deliberativo de cada Programa de Proteção e a atuação do Promotor de Justiça, quer
como parte, quer como fiscal da lei, na aplicação das medidas protetoras.

Como o Ministério Público é o titular da ação penal pública e, por


consequência, o principal interessado na formação de uma boa prova de acusação a
ser apresentada em juízo, bem como é sua função zelar pela ordem jurídica,
desempenhando-a com eficiência, é de suma importância conhecer o Programa de
Proteção a Testemunhas e Vítimas, de modo a poder utilizar suas potencialidade em
favor da pessoa ameaçada, cujo depoimento é imprescindível.

A valoração do testemunho ou das informações para a produção da


prova, a gravidade da coação ou da ameaça física ou psicológica dirigida à vitima ou à
testemunha, a dificuldade de preveni-la ou reprimi-la pelos meios convencionais,
deverão ser sopesadas pelo Promotor de Justiça para inclusão no Programa de
Proteção.

Necessário salientar que, embora o parecer do órgão ministerial não


tenha caráter vinculante, está o Conselho Deliberativo obrigado a ouvir previamente o
Promotor de Justiça que acompanha o Inquérito Policial ou àquele que promove a
ação penal, e não ao representante do Parquet que integra o colegiado do Conselho
Deliberativo do Programa.

É preciso apostar nas parcerias entre as instituições públicas e privadas


para a superação dos desafios enfrentados cotidianamente pelo Programa. Que a
cooperação entre as instituições persista buscando o fim único que é a proteção do
depoente e da vitima, a obtenção da prova e a condenação do infrator. Nesse aspecto,
o Ministério Público por meio de seus representantes desempenha papel fundamental
e decisivo para o sucesso dos Programas de Proteção e, consequentemente, o êxito
nas investigações e nos processos criminais.
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O Provita é uma experiência concreta e exitosa na perspectiva de


afirmação dos direitos e garantias fundamentais do cidadão, fomentando uma cultura
de combate à violência, com o envolvimento dos mais variados atores sociais. Muito
avançamos, mas muito maior é o desafio de aperfeiçoarmos o Programa, de modo a
que se consolide essa Política Pública cada vez mais como um instrumento
indispensável para a Segurança Pública e efetivação de Direitos Humanos.

J) ARTIGO DOUTRINÁRIO – O MINISTÉRIO PÚBLICO NA LEI

A LEI No 9.807/99 E A ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO


GILSON ROBERTO DE MELO BARBOSA1
Promotor de Justiça
Sumário: 1. Considerações preliminares. 2. O Ministério Público na Lei no 9.807/99.
2.1. Atuação como parte. 2.1.1. Opina a respeito da concessão da proteção e das me-
didas dela decorrentes, quando da solicitação para admissão no programa. Dispõe a
Lei de Proteção a Testemunha, art. 3o. “Toda admissão no programa ou exclusão dele
será precedida de consulta ao Ministério Público sobre o disposto no art. 2o e deverá
ser subseqüentemente comunicada à autoridade policial ou ao juiz competente".
2.1.2. Opina a respeito da exclusão do protegido. 2.1.3. Solicita o ingresso no pro-
grama da vítima e/ou testemunha a ser protegida. 2.1.4. Recebe a comunicação da
custódia provisória para o protegido. 2.1.5. Requer medidas cautelares, por solicitação
do Conselho Deliberativo. 2.1.6. Requer ou manifesta-se a respeito do perdão judicial
ao acusado colaborador. 2.1.7. Requer ou manifesta-se a respeito da redução da pena
ao réu colaborador voluntário. 2.1.8. Requer ou opina quanto à aplicação em benefício
do colaborador, na prisão ou fora dela, de medidas especiais de segurança e proteção.
2.2. Atuação como fiscal da lei. 2.2.1. Opina no requerimento de alteração do nome
completo do protegido. 2.2.2. Opina no requerimento de retorno à situação anterior à
alteração do nome completo do protegido. 3. Conclusão. Bibliografia.

1 Considerações preliminares.

Cumprindo um dos itens do Programa Nacional de Direitos Humanos-I, o


Governo Federal encaminhou ao Congresso Nacional, em setembro de 1997, projeto
de lei tratando da proteção de testemunhas, resultando, com as modificações in-
troduzidas pelo Legislativo, na promulgação da Lei no 9.807, de 13.7.1999, que, con-
forme sua ementa, “estabelece normas para a organização e a manutenção de pro-
gramas especiais de proteção a vítimas e a testemunhas ameaçadas, institui o Pro-
grama Federal de Assistência a Vítimas e a Testemunhas Ameaçadas e dispõe sobre a
proteção de acusados ou condenados que tenham voluntariamente prestado efetiva

1
Promotor de Justiça de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos (Recife – PE), Coordenador do Centro
de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça de Defesa da Cidadania, do Ministério Público de
Pernambuco, Membro do Conselho Deliberativo do PROVITA-PE.
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colaboração à investigação policial e ao processo criminal”. É de justiça registrar que


foi considerada, na elaboração dessa lei, a experiência do programa de proteção de
testemunhas desenvolvido pioneiramente neste Estado pelo Gabinete de Apoio
Jurídico às Organizações Populares (GAJOP).

Por sua vez, o Programa Federal de Assistência a Vítimas e a Testemun-


has Ameaçadas encontra-se regulamentado pelo Decreto no 3.518, de 20.6.2000, do
Presidente da República. Em Pernambuco, o Decreto no 22.081, de 22.02.2000, do
Governador do Estado, instituiu o Programa de Apoio e Proteção a Testemunhas, Víti-
mas e Familiares de Vítimas da Violência do Estado de Pernambuco – PROVITA.

A chamada Lei de Proteção a Testemunhas se insere entre as medidas


destinadas a combater a criminalidade no nosso País, causada, principalmente, pela
exclusão social, o tráfico e o uso de entorpecentes, o comércio e o porte de armas, a
desestruturação da família, o baixo nível da educação e a impunidade. Esta, por sua
vez, relaciona-se, em parte, com a dificuldade ou a impossibilidade da produção de
prova pela acusação, em especial a prova testemunhal, sendo os programas de pro-
teção de que trata a lei em referência, portanto, importantes instrumentos postos à
disposição da polícia judiciária, do Ministério Público e do Judiciário para a realização
da justiça penal.

Um programa ou sistema de proteção a vítimas e testemunhas, por um


lado, interessa ao Estado-Juiz, pois representa meio eficaz para a efetivação do direito
de punir, e, por outro, constitui garantia do direito à incolumidade física do cidadão
que, em razão de seu testemunho, colabora com a justiça.

2 O Ministério Público na Lei no 9.807/99.

A Lei no 9.807/99 contempla quatro formas de atuação do Ministério


Público. A primeira é a atuação da instituição como membro do conselho deliberativo
do programa de proteção a testemunhas, prevista em seu artigo 4o, caput, segundo o
qual esse órgão terá em sua composição, obrigatoriamente, as representações do
Ministério Público, do Poder Judiciário e de órgãos públicos e privados com atuação na
área da Segurança Pública e na defesa dos Direitos Humanos. Trata-se, pois, de uma
atividade político- institucional. Ao Ministério Público poderá ainda caber a função de
órgão executor do programa, pois esta atividade poderá ser exercida por qualquer dos
órgãos representados no conselho deliberativo, desde que os seus agentes sejam for-
mados e capacitados para tanto (artigo 4o, § 1). Processualmente, o Ministério Público
atua ora como parte ora como fiscal da lei.

2.1 Atuação como parte.

A atuação do Ministério Público como parte se refere, aqui, à sua atuação


em matéria de Processo Penal.

Cabe ressaltar que é polêmica a situação do Ministério Público na relação


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processual-penal, inclinando-se a maioria dos doutrinadores, contudo, por entendê-lo
como parte2. Mazzilli o vê como parte formal, porém “parte imparcial”, compreendida
sua imparcialidade no sentido moral, não excluindo, assim, o seu papel de fiscal da lei
3
.

É atribuição do promotor de Justiça criminal do local onde ocorreu o de-


lito e não do representante do Ministério Público no conselho deliberativo do programa
de proteção, haja vista que este não tem atuação processual. Havendo mais de um
órgão ministerial com atribuição em matéria criminal e se a persecução penal ainda
estiver na fase de investigação policial, se recomenda a distribuição. Na Capital, in-
cumbirá aos promotores de Justiça da Central de Inquéritos. Estando a persecução em
juízo, caberá ao órgão com atuação junto à respectiva vara criminal.

Neste sentido, a Lei no 9.807/99 cometeu ao Parquet várias atribuições.

2.1.1 Opina a respeito da concessão da proteção e das medidas dela decor-


rentes, quando da solicitação para admissão no programa.

Dispõe a Lei de Proteção a Testemunha, art. 3o. “Toda admissão no pro-


grama ou exclusão dele será precedida de consulta ao Ministério Público sobre o dis-
posto no art. 2o e deverá ser subseqüentemente comunicada à autoridade policial ou
ao juiz competente".

A exigência legal levou em consideração, creio, a qualidade de dominus


litis do Ministério Público, pois, sendo o titular privativo da ação penal pública regra
geral no Processo Penal, da qual é exceção a ação penal privada por disposição con-
stitucional (art. 129, inciso I, da Constituição Federal de 1988), é o órgão o principal
interessado na obtenção de provas para o fim de aplicação de justa pena aos crim-
inosos e quem melhor pode avaliar a relevância ou não de um testemunho enquanto
prova da acusação a ser deduzida ou que já está sendo deduzida em juízo. Ninguém
melhor que o titular da ação está autorizado a dizer se aquela pessoa é, realmente,
uma testemunha, direta ou indireta, do fato criminoso, nem tem outro órgão interesse
maior em ver preservada essa prova de acusação. É essa condição, portanto, que con-
fere ao Ministério Público a legitimidade para, obrigatoriamente, pronunciar-se quanto
à inclusão do beneficiário no programa de proteção.

Nessa oportunidade, o representante do Ministério Público verificará, pre-


liminarmente, se não é o caso de pessoa que não pode ser atendida pelo programa,
isto é, se o beneficiário não se enquadra entre aquelas pessoas que estão excluídas da
proteção, quais sejam: “os indivíduos cuja personalidade ou conduta seja incom-
patível com as restrições de comportamento exigidas pelo programa, os condenados
que estejam cumprindo pena e os indiciados ou acusados sob prisão cautelar em
2
Leciona Hugo NIGRO MAZZILLI: “No processo penal é controvertida a posição do Ministério Público:
parte sui generis (Manzine, Tornaghi); parte imparcial (De Mersico, Noronha); parte parcial (Carnelutti);
parte material e processual (Frederico Marques); parte formal, instrumental ou processual (Leone,
Olmedo, Tourinho); não é parte (Otto Mere, Petrocelli)”. Manual do Promotor de Justiça. São Paulo:
Saraiva, 1991, p. 182.
3
Op. Cit., p. 182-183.

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qualquer de suas modalidades”, conforme disposto no art. 2o, § 2o4 .

Vencida essa fase, se procederá à analise da importância do testemunho


ou das informações para a produção da prova, devendo resultar relevantes para o
conhecimento da verdade real e não se apresentar como simples contribuição de-
sprovida de valor probatório, impressões ou conjecturas do colaborador sobre o fato
criminoso investigado ou perseguido em juízo. Exige-se que a colaboração seja
efetiva, capaz de proporcionar a revelação de um evento delituoso até então descon-
hecido, o deslinde da autoria de uma infração penal em investigação ou o fortaleci-
mento da prova colhida anteriormente.

Depois, avaliar-se-á a gravidade da coação ou da ameaça física ou


psicológica dirigida à vítima ou à testemunha, o que se fará levando-se em consider-
ação o grau da periculosidade apresentada pelo agente, demonstrativo da situação de
risco, efetivo ou potencial, atual ou iminente, a que se expõe o colaborador.

Considerado de sérias conseqüências o constrangimento ou o mal pro-


metido, se passará à perquirição da dificuldade de preveni-lo ou de reprimi-lo pelos
meios convencionais, isto é, pelas atividades de polícia preventiva postas regular-
mente à disposição dos cidadãos para garantir-lhes a vida e a integridade corporal., e
medidas judiciais destinadas a esse fim, como a prisão temporária ou preventiva –
esta com fundamentação na conveniência da instrução criminal – do indiciado ou de-
nunciado, nos termos da Lei no 7.960/89 e do Código de Processo Penal, artigos 311
e seguintes, respectivamente.

Finalmente, se certificará o órgão ministerial da expressa concordância


do interessado em ingressar no programa, ou mais precisamente, se a vítima ou
testemunha requereu a prestação de medidas protetoras em seu favor.

À luz dessa avaliação, quer dizer: satisfeitos os requisitos subjetivos e


objetivos previstos na lei, especialmente em seus artigos 1o, 2o e 7o, opinará o Pro-
motor de Justiça pela admissão do colaborador no programa de proteção, sendo-lhe
legítimo recomendar, tendo em vista as demais circunstâncias do caso, as medidas
aplicáveis, isolada ou cumulativamente, em benefício da pessoa protegida, quais se-
jam:

a) segurança na residência, incluindo o controle das telecomunicações; b) escolta e


segurança nos deslocamentos da residência, inclusive para fins de trabalho ou para
prestação de depoimentos; c) transferência de residência ou acomodação provisória
em local compatível com a proteção; d) preservação da identidade, imagem e dados
pessoais; e) ajuda financeira mensal para prover as despesas necessárias à sub-
sistência individual ou familiar, no caso de a pessoa protegida estar impossibilitada de
4
Nessas hipóteses, caberá aos órgãos da segurança pública adotar as medidas necessárias à preservação
da integridade física dos excluídos dos programas de proteção, conforme disposto na segunda parte do
dispositivo legal. Tal disposição não deve ser aplicada, porém, aos familiares – cônjuge, companheiro, as-
cendentes e descendentes – e dependentes do colaborador preso, aos quais, sob pena de resultarem
inócuas as medidas protetórias dirigidas àquele, é extensiva a proteção prevista no § 1o do artigo em
referência.

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desenvolver trabalho regular ou de inexistência de qualquer fonte de renda; g) sus-
pensão temporária das atividades funcionais, sem prejuízo dos respectivos vencimen-
tos ou vantagens, quando servidor público ou militar; h) apoio e assistência social,
médica e psicológica; i) sigilo em relação aos atos praticados em virtude de proteção
concedida; j) apoio dos órgãos executores do programa para o cumprimento de
obrigações civis e administrativas que exijam comparecimento pessoal (art. 7o).

2.1.2 Opina a respeito da exclusão do protegido.

A deliberação do conselho para a exclusão do protegido prescinde, igual à


inclusão, do parecer prévio do órgão do Ministério Público.

A exclusão do protegido se dará:

“I- por solicitação do próprio interessado; II – por decisão do conselho deliberativo,


em conseqüência de: a) cessação dos motivos que ensejaram a proteção; b) conduta
incompatível do protegido” (art.10)

Como a voluntariedade é requisito para a admissão e permanência no


programa de proteção, obviamente o Ministério Público não necessitaria, a princípio,
manifestar-se previamente quando da exclusão por solicitação da pessoa protegida,
devendo, porém, ser comunicado dessa ocorrência tão logo seja expressa.

Instado a opinar nas demais hipóteses de exclusão, analisará o órgão


ministerial, no primeiro caso, se realmente não mais existem aquelas causas que de-
ram oportunidade à inclusão da vítima ou testemunha no programa de proteção, ou
seja, se o protegido não mais se encontra em situação de risco, ou, estando ainda sob
coação ou grave ameaça, já seja possível reprimi-la pelos chamados meios conven-
cionais, ou ainda se já prestou a sua colaboração com a investigação criminal e a in-
strução processual.

Note-se que, produzida a prova, já tendo sido tomadas as declarações da


vítima ou ouvida a testemunha protegida, porém persistindo a coação ou grave
ameaça a sua integridade física ou psicológica, impõe-se a permanência no programa,
inclusive, sendo necessária, com a prorrogação da duração máxima da proteção ofere-
cida (art. 11). E ainda, excepcionalmente, nos termos do art. 9o, poderá o conselho
deliberativo encaminhar ao juiz competente o requerimento do protegido visando a al-
teração de seu nome no registro civil.

No segundo caso, o Ministério Público analisará, à vista de relatório en-


caminhado pelo órgão executor, se o protegido efetivamente comportou-se de
maneira indevida, descumprindo as normas prescritas, às quais comprometeu-se
cumprir quando de sua admissão, e colocando em risco a eficiência e até mesmo a
própria existência do programa de proteção. Não é qualquer conduta que deve ser
considerada incompatível, mas aquela grave o bastante – ou menos danosa, mas reit-
erada – para justificar essa medida extrema de exclusão do programa de proteção.

Uma vez excluída, a testemunha ou vítima que ainda se encontre sob


grave coação ou ameaça física ou psicológica deverá ter em seu favor, por parte do
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Estado, a prestação de outras medidas destinadas à preservação de sua vida e de sua


integridade física/psicológica, afigurando-me de bom alvitre que o Promotor de Justiça
faça essa advertência em seu parecer, sem prejuízo da oportunidade de requisitá-las
diretamente à autoridade responsável.

2.1.3 Solicita o ingresso no programa da vítima e/ou testemunha a ser pro-


tegida.

O Ministério Público está entre os legitimados para solicitar o ingresso da


testemunha e/ou vítima no programa de proteção, ao lado do próprio interessado, da
autoridade policial que conduz a investigação, pelo juiz competente para a instrução
do processo criminal e de órgãos públicos e entidades com atribuições de defesa dos
direitos humanos, segundo disposto no art. 5o, inciso II, da Lei n.o 9.807/99.

A solicitação do Promotor de Justiça, dirigida ao órgão executor, deverá


conter a qualificação da pessoa a ser protegida e informações sobre a sua vida pre-
gressa, o fato delituoso e a coação ou ameaça que a motiva, bem como ser instruída
com termo onde se manifeste a vontade do beneficiário e com cópias de suas de-
clarações e, quando já iniciada a persecução penal, de peças do inquérito policial ou
da ação penal.

Dispensa, a princípio, a prévia manifestação exigida no art. 3o para a de-


cisão do conselho deliberativo, em nome do princípio da economia e porque não há
sentido exigir-se que o Ministério Público se pronuncie previamente a respeito da in-
clusão daquela testemunha ou vítima, quando foi o próprio órgão que requereu o seu
ingresso no programa de proteção, a não ser nos casos em que a solicitação partiu de
órgão do Ministério Público que não o promotor de Justiça natural.

2.1.4 Recebe a comunicação da custódia provisória para o protegido.

Nos casos em que se revela necessária a adoção imediata de medidas


destinadas a proteger o beneficiário, antes, pois da decisão do conselho deliberativo,
determina a Lei no 9.807/99, em seu art. 5o, § 3o, que à testemunha ou vítima seja
concedida uma custódia provisória, em estabelecimento policial, devendo ser comu-
nicado o órgão do Ministério Público.

Ao receber a comunicação, é aconselhável que o promotor de Justiça


antecipe o seu parecer, haja vista ser mais racional não ter que esperar a provocação
formal do conselho deliberativo, sem esquecer de verificar, desde logo, com base nas
informações que deve dispor, se aquela testemunha ou vítima não está excluída do
programa nos termos do art. 2o, § 2o. Configurada a hipótese de exclusão, deve zelar
para que em seu favor sejam providenciadas medidas especiais de segurança e pro-
teção. Em qualquer caso, é interessante que o órgão do Ministério Público, consider-
ando cabíveis e necessárias, requeira em juízo, de ofício, a decretação de medidas
cautelares, como melhor veremos adiante.

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2.1.5 Requer medidas cautelares, por solicitação do Conselho Deliberativo.

O conselho deliberativo poderá solicitar ao Ministério Público que requeira


medidas cautelares que estejam direta ou indiretamente relacionadas com a eficácia
da proteção (art. 8o). Essas medidas cautelares estão previstas no Código de Pro-
cesso Penal e na legislação extravagante, a exemplo de: inquirição antecipada de
testemunhas (art. 225 do CPP); prisão em flagrante (art. 302 do CPP); prisão pre -
ventiva (art. 311 do CPP); prisão em razão de pronúncia (art. 408, § 1o, do CPP);
prisão temporária (Lei no 7.960/89); interceptação de comunicações telefônicas (Lei
no 9.296/96); quebra de sigilo bancário (Lei Complementar no 105/01).

2.1.6 Requer ou manifesta-se a respeito do perdão judicial ao acusado col-


aborador.

A Lei no 9.807/99, em seu Capítulo II, trata “Da Proteção aos Réus Col-
aboradores”, possibilitando a concessão ao acusado que, em seus termos, colaborar
com a persecução penal, dos benefícios do perdão judicial e da redução da pena. É a
chamada delação premiada, que teve origem em países da Europa que buscavam en-
tão meios de melhor enfrentar o terrorismo político, a exemplo de Alemanha, Es-
panha, França, Inglaterra e Itália. Foi introduzida na legislação pátria com a Lei no
8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos), aplicando-se restritamente ao crime de extor-
são mediante seqüestro praticado por quadrilha ou bando, quando a denúncia do co-
autor facilitar a libertação do seqüestrado, aparecendo, depois, na Lei no 9.034/95,
art. 6o, aplicável aos crimes praticados em organização criminosa, quando a colabor-
ação espontânea do agente levar ao esclarecimento das infrações penais e de sua
autoria.

Para caracterizar a delação premiada é necessário que o acusado con-


fesse a prática do fato criminoso e também atribua a outro indivíduo a co-autoria ou a
participação. A confissão, que deve descrever, detalhadamente, a forma da parti-
cipação, deve também ser autêntica e estar coerente com o conjunto probatório.

O perdão judicial de que trata a Lei de Proteção a Testemunhas poderá


ser concedido pelo juiz, de ofício ou requerimento das partes (art. 13). Assim, caberá
ao Promotor de Justiça, uma vez presentes os pressupostos e os requisitos legais,
pedir a concessão do benefício em favor do acusado colaborador ou, se requerido pela
defesa, manifestar-se a respeito.

Impende salientar, de logo, que a Lei no 9.807/99 não restringiu a ap-


licação desta causa extintiva da punibilidade a determinados crimes, como ocorria até
então na legislação penal brasileira. De fato, enquanto no Código Penal e na legislação
extravagante o perdão judicial é concedido levando-se em consideração a personalid-
ade do infrator e a pequenez e as peculiaridades do delito, ou a inutilidade da punição
em face das conseqüências do ato criminoso, a exemplo do homicídio culposo (art.
121, § 5o), ou seja, aplica-se a infrações especificamente destacadas, na Lei de Pro-
teção a Testemunhas representa este instituto um prêmio pela delação do réu col-
aborador, podendo ser concedido, em tese, em qualquer caso no qual estejam
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presentes os pressupostos e requisitos enumerados em seu art. 13.

Destarte, para obter o perdão judicial é necessário que o réu seja


primário (a lei não exige bons antecedentes) e que tenha colaborado efetiva e volun-
tariamente com a investigação e o processo criminal. Voluntária é a colaboração es-
pontânea, de livre vontade, sem coação, podendo a autoridade sugeri-la, dando-se
segurança ao acusado quanto às garantias que receberá. Efetiva é a colaboração de
que resulte, nos termos da lei:

“I – a identificação dos demais co-autores ou partícipes da ação criminosa; II – a loc-


alização da vítima com a sua integridade física preservada; III – a recuperação total
ou parcial do produto do crime”.

Uma controvérsia estabeleceu-se a respeito da natureza desses requisi-


tos, sustentando alguns autores que são cumulativos, ou seja, para a concessão do
benefício, deveria o colaborador os satisfazer cumulativamente, enquanto que outros,
a exemplo de Damásio de Jesus5 e de Luiz Flávio Gomes6, defendem que são alternat-
ivos, bastando ao colaborador preencher um deles, sob pena de restringir-se a ap -
licação do perdão judicial ao crime de extorsão mediante seqüestro.

Devem ser tomadas em consideração ainda a personalidade do acusado e


a natureza, circunstâncias, gravidade e repercussão social do fato criminoso (art. 13,
parágrafo único).

2.1.7 Requer ou manifesta-se a respeito da redução da pena ao réu colabor-


ador voluntário.

A redução da pena é outro benefício prescrito pela Lei no 9.807/99 ao


réu colaborador, conforme disposto no seu art. 14, sendo, pois, também decorrente
da delação premiada. Aplica-se aos casos em que não couber o perdão judicial, não
exigindo a lei a condição de primário ao réu colaborador. Igualmente ao perdão judi-
cial, a colaboração do indiciado ou acusado deve ser voluntária. Embora o dispositivo
legal seja omisso quanto à sua efetividade, dispõe que a redução da pena será conce-
dida ao “indiciado ou acusado que colaborar voluntariamente com a investigação poli-
cial e o processo criminal na identificação dos demais co-autores ou partícipes, na loc-
alização da vítima com vida e na recuperação total ou parcial do produto do crime”.
Note-se que, em caso de redução da pena, basta “a localização da vítima com vida”,
não se exigindo a preservação de sua integridade física, como no perdão judicial. Se
condenado, o réu colaborador terá a pena reduzida de um a dois terços, a depender
das circunstâncias judiciais.

2.1.8 Requer ou opina quanto à aplicação em benefício do colaborador, na


prisão ou fora dela, de medidas especiais de segurança e proteção.
5
JESUS, Damásio E. de. Perdão judicial, colaboração premiada, análise do art. 13 da Lei no 9.807/99 –
Primeiras idéias, Boletim do IBCCrim, ano 7, n. 82, setembro de 1991.
6
GOMES, Luiz Flávio. Lei de Proteção a Vítimas e Testemunhas: Primeiras Considerações. Justiça Penal –
Críticas e Sugestões – Justiça Criminal Moderna. Coordenador: PENTEADO, Jacues de Camargo. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2000, v. 7, p. 366.
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Dispõe o art. 15 da Lei no 9.807/99 sobre medidas especiais de segur-
ança e proteção da integridade física que, considerando a ameaça ou coação eventual
ou efetiva, serão aplicadas em favor do réu colaborador, na prisão ou fora dela.

Prescreve, em seus parágrafos, que: se estiver sob prisão temporária,


preventiva ou em decorrência de flagrante delito, o colaborador será custodiado em
dependência separada dos demais presos; durante a instrução criminal, poderá o juiz
competente determinar em benefício do colaborador qualquer das medidas previstas
no art. 8o (leia-se art. 7o); se estiver o colaborador cumprindo pena em regime
fechado, poderá o juiz criminal determinar medidas especiais visando a sua segurança
em relação aos demais apenados.

Desse modo, incumbe ao Promotor de Justiça, quando for o caso, requer-


er ao juiz a concessão dessas medidas, ou, se requerido pela defesa, manifestar-se a
seu respeito, zelando pela correta aplicação da lei.

Dependendo da fase em que se encontre a persecução penal, tal será at-


ribuição do promotor de Justiça vinculado à investigação policial ou com exercício
junto à vara competente para julgar a respectiva ação penal, ou ainda o promotor de
Justiça junto à vara das Execuções Penais.

2.2 Atuação como fiscal da lei.

A função de custos legis está relacionada à atuação do promotor de


justiça na área civil, especificamente na alteração do nome completo da pessoa pro-
tegida, outra importante inovação introduzida pela Lei no 9.807/99, em seu art. 9o.

É atribuição do representante do Ministério Público que atua junto à Vara


de Registros Públicos, e se dará nas hipóteses abaixo.

2.2.1 Opina no requerimento de alteração do nome completo do protegido

Autoriza a Lei de Proteção a Testemunhas que o conselho deliberativo,


excepcionalmente e considerando as características e gravidade da coação ou ameaça,
encaminhe ao juiz competente para registros públicos requerimento do protegido
pedindo a alteração de seu nome completo (art. 9o, caput), impondo a ouvida prévia
do Ministério Público (art. 9o, § 2o). Esta medida poderá ser estendida ao cônjuge ou
companheiro(a), ascendentes, descendentes – inclusive filhos menores – ou depend-
entes que tenham convivência habitual com a vítima ou testemunha (art. 9o, § 1o).

Nesses casos, zelará o Promotor de Justiça pela estrita obediência dos


preceitos legais que disciplinam o procedimento, especialmente quanto à excepcional-
idade da medida – que assim também se faz em face do princípio da imutabilidade do
nome –, ao rito sumaríssimo, à decretação do segredo de justiça em todo o procedi-
mento e nas ações posteriores e às determinações que deverão constar da sentença,
quais sejam:

“I – a averbação no registro original de nascimento da menção de que houve alter-


ação de nome completo em conformidade com o estabelecido nesta Lei, com expressa
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referência à sentença autorizatória e ao juiz que a exarou e sem a aposição do nome


alterado; II – a determinação aos órgãos competentes para o fornecimento dos docu -
mentos decorrentes da alteração; III – a remessa da sentença ao órgão nacional
competente para o registro único de identificação civil, cujo procedimento obedecerá
à necessárias restrições de sigilo”.

2.2.2 Opina no requerimento de retorno à situação anterior à alteração do


nome completo do protegido.

Uma vez cessada a coação ou ameaça que deu causa à alteração, faculta
a lei ao protegido possa o mesmo solicitar judicialmente o retorno à situação anterior,
implicando nova alteração, desta vez para o nome original. Como no requerimento
para a alteração do nome completo, tal solicitação será encaminhada pelo conselho
deliberativo ao juiz competente e terá a manifestação prévia do Ministério Público
(art. 9o, § 5o).

3 Conclusão.

Vê-se que a Lei no 9.807/99 deu um grande destaque ao Ministério


Público, relevo esse compatível com a dimensão do Parquet, considerando não apenas
as suas funções de titular da ação penal pública ou de fiscal da lei, mas também a sua
condição de instituição essencial à função jurisdicional do Estado Democrático de
Direito.

Como integrante do conselho deliberativo, o Ministério Público participa


da direção do programa e da definição das políticas públicas de proteção a testemun-
has. Por outro lado, tendo em vista a possibilidade funcionar como executor do pro-
grama de proteção, cabe aos órgãos da Administração Superior, quando oportuno, a
discussão da viabilidade de assumir essa tarefa e, se for o caso, promover a formação
e capacitação de seus membros e servidores, e estruturar-se adequadamente. Em sua
atividade processual, a instituição deve zelar pela aplicação eficaz das disposições da
lei, vislumbrando sempre a preservação da prova, porém sem descuidar da defesa da
vida e da dignidade da pessoa humana.

O Ministério Público tem a responsabilidade de cumprir com esses precei-


tos da Lei de Proteção a Testemunhas, significando isto, mais que a satisfação de
obrigações, a ocupação de espaços no combate cotidiano e incessante à criminalidade,
credenciando-se, assim e cada vez mais, como indispensável instrumento para a con-
secução da paz social.

Bibliografia

GOMES, Luiz Flávio. Lei de Proteção a Vítimas e Testemunhas: Primeiras Consider-


ações. Justiça Penal – Críticas e Sugestões – Justiça Criminal Moderna. Coordenador:
PENTEADO, Jacques de Camargo. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000, v. 7.

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Lei no 9.807/99 – Primeiras idéias, Boletim do IBCCrim, ano 7, no 82, setembro de
1991.

MAZZILLI, Hugo Nigro. Manual do Promotor de Justiça. São Paulo: Saraiva, 1991.

L) LEGISLAÇÃO SOBRE O PROVITA

L.1 LEI n.º 9.807, de 13/07/1999 (atualizada) – LEI FEDERAL PROVITA

LEI Nº 9.807, DE 13 DE JULHO DE 1999.

Estabelece normas para a organização e a manutenção de programas


especiais de proteção a vítimas e a testemunhas ameaçadas, institui o
Programa Federal de Assistência a Vítimas e a Testemunhas Ameaça-
das e dispõe sobre a proteção de acusados ou condenados que tenham
voluntariamente prestado efetiva colaboração à investigação policial e
ao processo criminal.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e


eu sanciono a seguinte Lei:
CAPÍTULO I
DA PROTEÇÃO ESPECIAL A VÍTIMAS E A TESTEMUNHAS

Art. 1o As medidas de proteção requeridas por vítimas ou por testemunhas de


crimes que estejam coagidas ou expostas a grave ameaça em razão de colaborarem
com a investigação ou processo criminal serão prestadas pela União, pelos Estados e
pelo Distrito Federal, no âmbito das respectivas competências, na forma de programas
especiais organizados com base nas disposições desta Lei.
§ 1o A União, os Estados e o Distrito Federal poderão celebrar convênios, acor-
dos, ajustes ou termos de parceria entre si ou com entidades não-governamentais ob-
jetivando a realização dos programas.
§ 2o A supervisão e a fiscalização dos convênios, acordos, ajustes e termos de
parceria de interesse da União ficarão a cargo do órgão do Ministério da Justiça com
atribuições para a execução da política de direitos humanos.
Art. 2o A proteção concedida pelos programas e as medidas dela decorrentes
levarão em conta a gravidade da coação ou da ameaça à integridade física ou psicoló-
gica, a dificuldade de preveni-las ou reprimi-las pelos meios convencionais e a sua im-
portância para a produção da prova.
§ 1o A proteção poderá ser dirigida ou estendida ao cônjuge ou companheiro,

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ascendentes, descendentes e dependentes que tenham convivência habitual com a ví-


tima ou testemunha, conforme o especificamente necessário em cada caso.
§ 2o Estão excluídos da proteção os indivíduos cuja personalidade ou conduta
seja incompatível com as restrições de comportamento exigidas pelo programa, os
condenados que estejam cumprindo pena e os indiciados ou acusados sob prisão
cautelar em qualquer de suas modalidades. Tal exclusão não trará prejuízo a eventual
prestação de medidas de preservação da integridade física desses indivíduos por
parte dos órgãos de segurança pública.
§ 3o O ingresso no programa, as restrições de segurança e demais medidas por
ele adotadas terão sempre a anuência da pessoa protegida, ou de seu representante
legal.
§ 4o Após ingressar no programa, o protegido ficará obrigado ao cumprimento
das normas por ele prescritas.
§ 5o As medidas e providências relacionadas com os programas serão adotadas,
executadas e mantidas em sigilo pelos protegidos e pelos agentes envolvidos em sua
execução.
Art. 3o Toda admissão no programa ou exclusão dele será precedida de consulta
ao Ministério Público sobre o disposto no art. 2o e deverá ser subseqüentemente
comunicada à autoridade policial ou ao juiz competente.
Art. 4o Cada programa será dirigido por um conselho deliberativo em cuja com-
posição haverá representantes do Ministério Público, do Poder Judiciário e de órgãos
públicos e privados relacionados com a segurança pública e a defesa dos direitos hu-
manos.
§ 1o A execução das atividades necessárias ao programa ficará a cargo de um
dos órgãos representados no conselho deliberativo, devendo os agentes dela incum-
bidos ter formação e capacitação profissional compatíveis com suas tarefas.
§ 2o Os órgãos policiais prestarão a colaboração e o apoio necessários à ex-
ecução de cada programa.
Art. 5o A solicitação objetivando ingresso no programa poderá ser encaminhada
ao órgão executor:
I - pelo interessado;
II - por representante do Ministério Público;
III - pela autoridade policial que conduz a investigação criminal;
IV - pelo juiz competente para a instrução do processo criminal;
V - por órgãos públicos e entidades com atribuições de defesa dos direitos hu-
manos.
§ 1o A solicitação será instruída com a qualificação da pessoa a ser protegida e
com informações sobre a sua vida pregressa, o fato delituoso e a coação ou ameaça
que a motiva.
§ 2o Para fins de instrução do pedido, o órgão executor poderá solicitar, com a
aquiescência do interessado:

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I - documentos ou informações comprobatórios de sua identidade, estado civil,
situação profissional, patrimônio e grau de instrução, e da pendência de obrigações
civis, administrativas, fiscais, financeiras ou penais;
II - exames ou pareceres técnicos sobre a sua personalidade, estado físico ou
psicológico.
§ 3o Em caso de urgência e levando em consideração a procedência, gravidade e
a iminência da coação ou ameaça, a vítima ou testemunha poderá ser colocada pro-
visoriamente sob a custódia de órgão policial, pelo órgão executor, no aguardo de de-
cisão do conselho deliberativo, com comunicação imediata a seus membros e ao Min-
istério Público.
Art. 6o O conselho deliberativo decidirá sobre:
I - o ingresso do protegido no programa ou a sua exclusão;
II - as providências necessárias ao cumprimento do programa.
Parágrafo único. As deliberações do conselho serão tomadas por maioria abso-
luta de seus membros e sua execução ficará sujeita à disponibilidade orçamentária.
Art. 7o Os programas compreendem, dentre outras, as seguintes medidas, ap-
licáveis isolada ou cumulativamente em benefício da pessoa protegida, segundo a
gravidade e as circunstâncias de cada caso:
I - segurança na residência, incluindo o controle de telecomunicações;
II - escolta e segurança nos deslocamentos da residência, inclusive para fins de
trabalho ou para a prestação de depoimentos;
III - transferência de residência ou acomodação provisória em local compatível
com a proteção;
IV - preservação da identidade, imagem e dados pessoais;
V - ajuda financeira mensal para prover as despesas necessárias à subsistência
individual ou familiar, no caso de a pessoa protegida estar impossibilitada de desen-
volver trabalho regular ou de inexistência de qualquer fonte de renda;
VI - suspensão temporária das atividades funcionais, sem prejuízo dos respect-
ivos vencimentos ou vantagens, quando servidor público ou militar;
VII - apoio e assistência social, médica e psicológica;
VIII - sigilo em relação aos atos praticados em virtude da proteção concedida;
IX - apoio do órgão executor do programa para o cumprimento de obrigações
civis e administrativas que exijam o comparecimento pessoal.
Parágrafo único. A ajuda financeira mensal terá um teto fixado pelo conselho de-
liberativo no início de cada exercício financeiro.
Art. 8o Quando entender necessário, poderá o conselho deliberativo solicitar ao
Ministério Público que requeira ao juiz a concessão de medidas cautelares direta ou in-
diretamente relacionadas com a eficácia da proteção.
Art. 9o Em casos excepcionais e considerando as características e gravidade da
coação ou ameaça, poderá o conselho deliberativo encaminhar requerimento da pess-
oa protegida ao juiz competente para registros públicos objetivando a alteração de

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nome completo.
§ 1o A alteração de nome completo poderá estender-se às pessoas mencionadas
no § 1o do art. 2o desta Lei, inclusive aos filhos menores, e será precedida das
providências necessárias ao resguardo de direitos de terceiros.
§ 2o O requerimento será sempre fundamentado e o juiz ouvirá previamente o
Ministério Público, determinando, em seguida, que o procedimento tenha rito
sumaríssimo e corra em segredo de justiça.
§ 3o Concedida a alteração pretendida, o juiz determinará na sentença, observ-
ando o sigilo indispensável à proteção do interessado:
I - a averbação no registro original de nascimento da menção de que houve al-
teração de nome completo em conformidade com o estabelecido nesta Lei, com ex-
pressa referência à sentença autorizatória e ao juiz que a exarou e sem a aposição do
nome alterado;
II - a determinação aos órgãos competentes para o fornecimento dos docu-
mentos decorrentes da alteração;
III - a remessa da sentença ao órgão nacional competente para o registro único
de identificação civil, cujo procedimento obedecerá às necessárias restrições de sigilo.
§ 4o O conselho deliberativo, resguardado o sigilo das informações, manterá
controle sobre a localização do protegido cujo nome tenha sido alterado.
§ 5o Cessada a coação ou ameaça que deu causa à alteração, ficará facultado ao
protegido solicitar ao juiz competente o retorno à situação anterior, com a alteração
para o nome original, em petição que será encaminhada pelo conselho deliberativo e
terá manifestação prévia do Ministério Público.
Art. 10. A exclusão da pessoa protegida de programa de proteção a vítimas e a
testemunhas poderá ocorrer a qualquer tempo:
I - por solicitação do próprio interessado;
II - por decisão do conselho deliberativo, em conseqüência de:
a) cessação dos motivos que ensejaram a proteção;
b) conduta incompatível do protegido.
Art. 11. A proteção oferecida pelo programa terá a duração máxima de dois
anos.
Parágrafo único. Em circunstâncias excepcionais, perdurando os motivos que
autorizam a admissão, a permanência poderá ser prorrogada.
Art. 12. Fica instituído, no âmbito do órgão do Ministério da Justiça com at-
ribuições para a execução da política de direitos humanos, o Programa Federal de As-
sistência a Vítimas e a Testemunhas Ameaçadas, a ser regulamentado por decreto do
Poder Executivo. Regulamento

CAPÍTULO II
DA PROTEÇÃO AOS RÉUS COLABORADORES
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Art. 13. Poderá o juiz, de ofício ou a requerimento das partes, conceder o perdão
judicial e a conseqüente extinção da punibilidade ao acusado que, sendo primário,
tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e o processo criminal,
desde que dessa colaboração tenha resultado:
I - a identificação dos demais co-autores ou partícipes da ação criminosa;
II - a localização da vítima com a sua integridade física preservada;
III - a recuperação total ou parcial do produto do crime.
Parágrafo único. A concessão do perdão judicial levará em conta a personalidade
do beneficiado e a natureza, circunstâncias, gravidade e repercussão social do fato
criminoso.
Art. 14. O indiciado ou acusado que colaborar voluntariamente com a invest-
igação policial e o processo criminal na identificação dos demais co-autores ou partí-
cipes do crime, na localização da vítima com vida e na recuperação total ou parcial do
produto do crime, no caso de condenação, terá pena reduzida de um a dois terços.
Art. 15. Serão aplicadas em benefício do colaborador, na prisão ou fora dela, me-
didas especiais de segurança e proteção a sua integridade física, considerando
ameaça ou coação eventual ou efetiva.
§ 1o Estando sob prisão temporária, preventiva ou em decorrência de flagrante
delito, o colaborador será custodiado em dependência separada dos demais presos.
§ 2o Durante a instrução criminal, poderá o juiz competente determinar em fa-
vor do colaborador qualquer das medidas previstas no art. 8o desta Lei.
§ 3o No caso de cumprimento da pena em regime fechado, poderá o juiz crimin-
al determinar medidas especiais que proporcionem a segurança do colaborador em re-
lação aos demais apenados.
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 16. O art. 57 da Lei no 6.015, de 31 de dezembro de 1973, fica acrescido do
seguinte § 7o:
"§ 7o Quando a alteração de nome for concedida em razão de fundada
coação ou ameaça decorrente de colaboração com a apuração de crime, o
juiz competente determinará que haja a averbação no registro de origem de
menção da existência de sentença concessiva da alteração, sem a
averbação do nome alterado, que somente poderá ser procedida mediante
determinação posterior, que levará em consideração a cessação da coação
ou ameaça que deu causa à alteração."

Art. 17. O parágrafo único do art. 58 da Lei no 6.015, de 31 de dezembro de


1973, com a redação dada pela Lei no 9.708, de 18 de novembro de 1998, passa a ter
a seguinte redação:
"Parágrafo único. A substituição do prenome será ainda admitida em razão
de fundada coação ou ameaça decorrente da colaboração com a apuração
de crime, por determinação, em sentença, de juiz competente, ouvido o
Ministério Público." (NR)

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Art. 18. O art. 18 da Lei no 6.015, de 31 de dezembro de 1973, passa a ter a


seguinte redação:
"Art. 18. Ressalvado o disposto nos arts. 45, 57, § 7o, e 95, parágrafo
único, a certidão será lavrada independentemente de despacho judicial, de-
vendo mencionar o livro de registro ou o documento arquivado no cartório."
(NR)

Art. 19. A União poderá utilizar estabelecimentos especialmente destinados ao


cumprimento de pena de condenados que tenham prévia e voluntariamente prestado
a colaboração de que trata esta Lei.
Parágrafo único. Para fins de utilização desses estabelecimentos, poderá a União
celebrar convênios com os Estados e o Distrito Federal.
Art. 19-A. Terão prioridade na tramitação o inquérito e o processo criminal em
que figure indiciado, acusado, vítima ou réu colaboradores, vítima ou testemunha pro-
tegidas pelos programas de que trata esta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.483, de 2011)
Parágrafo único. Qualquer que seja o rito processual criminal, o juiz, após a citação,
tomará antecipadamente o depoimento das pessoas incluídas nos programas de pro-
teção previstos nesta Lei, devendo justificar a eventual impossibilidade de fazê-lo no
caso concreto ou o possível prejuízo que a oitiva antecipada traria para a instrução
criminal. (Incluído pela Lei nº 12.483, de 2011)
Art. 20. As despesas decorrentes da aplicação desta Lei, pela União, correrão à
conta de dotação consignada no orçamento.
Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 13 de julho de 1999; 178o da Independência e 111o da República.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSORenan Calheiros
Este texto não substitui o publicado no DOU de 14.7.1999

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L.2 DECRETO FEDERAL n.º 3.518, de 20/06/200 – REGULAMENTA O PROVITA


FEDERAL

DECRETO Nº 3.518, DE 20 DE JUNHO DE 2000.

Regulamenta o Programa Federal de Assistência a Vitima e a


Testemunhas Ameaçadas, instituído pelo art. 12 da Lei nº
9.807, de 13 de julho de 1999, e dispõe sobre a atuação da
Polícia Federal nas hipóteses previstas nos arts. 2º, § 2º, 5º, §
3º, e 15 da referida Lei.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso
IV, da Constituição, e tendo em vista o disposto na Lei n° 9.807, de 13 de julho de
1999, em especial seu art. 12,

DECRETA:

CAPITULO I

Do Programa Federal de Assistência a Vítimas e a Testemunhas Ameaçadas

Art. 1º O Programa Federal de Assistência a Vítimas e a Testemunhas Ameaçadas,


instituído pelo art. 12 da Lei nº 9.807, de 13 de julho de 1999, no âmbito da
Secretaria de Estado dos Direitos Humanos do Ministério da Justiça, consiste no
conjunto de medidas adotadas pela União com o fim de proporcionar proteção e
assistência a pessoas ameaçadas ou coagidas em virtude de colaborarem com a
investigação ou o processo criminal.

Parágrafo único. As medidas do Programa, aplicadas isolada ou cumulativamente,


objetivam garantir a integridade física e psicológica das pessoas a que se refere o
caput deste artigo e a cooperação com o sistema de justiça, valorizando a segurança e
o bem-estar dos beneficiários, e consistem, dentre outras, em:

I - segurança nos deslocamentos;

II - transferência de residência ou acomodação provisória em local sigiloso, compatível


com a proteção;

III - preservação da identidade, imagens e dados pessoais;

IV - ajuda financeira mensal;

V - suspensão temporária das atividades funcionais;

VI - assistência social, médica e psicológica;

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VII - apoio para o cumprimento de obrigações civis e administrativas que exijam


comparecimento pessoal;

VIII - alteração de nome completo, em casos excepcionais.

Art. 2° Integram o Programa:

I - o Conselho Deliberativo Federal;

II - o Órgão Executor Federal; e

III - a Rede Voluntária de Proteção.

Art. 3º Podem ser admitidas no Programa as pessoas que, sendo vítimas ou


testemunhas de crime, sofram ameaça ou coação, em virtude de colaborarem com a
produção da prova, desde que aceitem e cumpram as normas de conduta
estabelecidas em termo de compromisso firmado no momento de sua inclusão.

§ 1º O cônjuge, companheira ou companheira, ascendentes, descendentes e


dependentes que tenham convivência habitual com a vítima ou testemunha podem,
conforme a gravidade do caso, ser admitidos no Programa, sujeitando-se às mesmas
condições estabelecidas no caput deste artigo.

§ 2º A admissão no Programa será precedida de avaliação da gravidade da coação


ou ameaça à integridade física ou psicológica da pessoa, a dificuldade de preveni-las
ou reprimi-las pelos meios convencionais e a sua importância para a produção da
prova.

§ 3° O descumprimento das normas estabelecidas no termo de compromisso


constitui conduta incompatível do protegido, acarretando sua exclusão do Programa.

Art. 4º Não podem ser admitidas no Programa as pessoas cuja personalidade ou


conduta sejam incompatíveis com as restrições de comportamento necessárias à
proteção, os condenados que estejam cumprindo pena e os indiciados ou acusados
sob prisão cautelar em qualquer de suas modalidades.

Parágrafo único. O cônjuge, companheira ou companheira, ascendentes,


descendentes e dependentes que tenham convivência habitual com as pessoas a que
se refere o caput deste artigo, que estejam coagidos ou expostos a ameaça, podem
ser admitidos no Programa, sujeitando-se às mesmas condições estabelecidas no
caput do artigo anterior.

Art. 5º Poderão solicitar a admissão no Programa:

I - o próprio interessado ou seu representante legal;

II - o representante do Ministério Público;


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III - a autoridade policial que conduza investigação criminal;

IV - o Juiz competente para a instrução do processo criminal; e

V - os órgãos públicos e as entidades com atribuições de defesa dos direitos


humanos.

Parágrafo único. Os pedidos de admissão no Programa devem ser encaminhados


ao Órgão Executor, devidamente instruídos com:

I - qualificação da pessoa cuja proteção se pleiteia;

II - breve relato da situação motivadora da ameaça ou coação;

III - descrição da ameaça ou coação sofridas;

IV - informações sobre antecedentes criminais e vida pregressa da pessoa cuja


proteção se pleiteia; e

V - informação sobre eventuais inquéritos ou processos judiciais em curso, em que


figure a pessoa cuja proteção se pleiteia.

§ 1º O Ministério Público manifestar-se-á sobre todos os pedidos de admissão,


antes de serem submetidos à apreciação do Conselho.

§ 2º O Conselho poderá solicitar informações adicionais dos órgãos de segurança


pública.

§ 3° Se a decisão do Conselho for favorável à admissão, o Órgão Executor


providenciará a inclusão do beneficiário na Rede Voluntária de Proteção.

Seção I

Do Conselho Deliberativo Federal

Art. 6° Ao Conselho Deliberativo Federal, instância de direção superior, compete:

I - decidir sobre os pedidos de admissão e exclusão do Programa;

II - solicitar às autoridades competentes medidas de proteção;

III - solicitar ao Ministério Público as providências necessárias à obtenção de


medidas judiciais acautelatórias;

IV - encaminhar as pessoas que devem ser atendidas pelo Serviço de Proteção ao


Depoente Especial, de que trata o Capítulo II deste Decreto;

V - adorar as providências necessárias para a obtenção judicial de alteração da


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identidade civil;

VI - fixar o valor máximo da ajuda financeira mensal aos beneficiários da proteção;


e

VII - deliberar sobre questões relativas ao funcionamento e aprimoramento do


Programa.

§ 1º As decisões do Conselho são tomadas pela maioria dos votos de seus


membros.

§ 2º O Presidente do Conselho, designado pelo Ministro de Estado da Justiça


dentre seus membros, pode decidir, em caráter provisório, diante de situações
emergenciais e na impossibilidade de imediata convocação de reunião do Colegiado,
sobre a admissão e a adoção de medidas assecuratórias da integridade física e
psicológica da pessoa ameaçada.

Art. 7º O Conselho é composto pelos seguintes membros, designados pelo Ministro


de Estado da Justiça:

I - um representante da Secretaria de Estado dos Direitos humanos;

II - um representante da Secretaria Nacional de Segurança Pública;

III - um representante da Secretaria Nacional de Justiça;

IV - um representante do Departamento de polícia Federal;

V - um representante do Ministério Público Federal;

VI - um representante do Poder Judiciário Federal, indicado pelo Superior Tribunal


de Justiça; e

VIl- um representante de entidade não-governamental com atuação na proteção


de vítimas e testemunhas ameaçadas, indicado pelo Secretário de Estado dos Direitos
Humanos.

Parágrafo único. Os membros do Conselho têm mandato de dois anos, sendo


permitida a recondução.

Seção lI

Do Órgão Executor Federal

Art. 8° Compete ao Órgão Executor Federal adotar as providências necessárias à


aplicação das medidas do Programa, com vistas a garantir a integridade física e
psicológica das pessoas ameaçadas, fornecer subsídios ao Conselho e possibilitar o
cumprimento de suas decisões, cabendo-lhe, para tanto:
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I - elaborar relatório sobre o fato que originou o pedido de admissão no Programa


e a situação das pessoas que buscam proteção, propiciando elementos para a análise
e deliberação do Conselho;

II - promover acompanhamento jurídico e assistência social e psicológica às


pessoas protegidas;

III - providenciar apoio para o cumprimento de obrigações civis e administrativas


que exijam o comparecimento pessoal dos indivíduos admitidos no Programa;

IV - formar e capacitar equipe técnica para a realização das tarefas desenvolvidas


no Programa;

V - requerer ao Serviço de Proteção ao Depoente Especial à custódia policial,


provisória, das pessoas ameaçadas, até a deliberação do Conselho sobre a admissão
no Programa, ou enquanto persistir o risco pessoal e o interesse na produção da
prova, nos casos de exclusão do Programa;

VI - promover o traslado dos admitidos no Programa;

VIl - formar a Rede Voluntária de Proteção;

VIII - confeccionar o Manual de Procedimentos do Programa;

IX - adotar procedimentos para a preservação da identidade, imagem e dados


pessoais dos protegidos e dos protetores;

X - garantir a manutenção de arquivos e bancos de dados com informações


sigilosas;

XI - notificar as autoridades competentes sobre a admissão e a exclusão de


pessoas do Programa; e

XII - promover intercâmbio com os Estados e o Distrito Federal acerca de


programas de proteção a vítimas e a testemunhas ameaçadas.

Parágrafo único. As atribuiç6es de Órgão Executor serão exercidas pela Secretaria


de Estado dos Direitos Humanos.

Seção III

Da Rede Voluntária de Proteção

Art. 9° A Rede Voluntária de Proteção é o conjunto de associações civis, entidades


e demais organizações não-governamentais que se dispõem a receber, sem auferir
lucros ou benefícios, os admitidos no Programa, proporcionando-lhes moradia e
oportunidades de inserção social em local diverso de sua residência.

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Parágrafo único. Integram a Rede Voluntária de Proteção as organizações sem fins


lucrativos que gozem de reconhecida atuação na área de assistência e
desenvolvimento social, na defesa de direitos humanos ou na promoção da segurança
pública e que tenham firmado com o Órgão Executor ou com entidade com ele
conveniada termo de compromisso para o cumprimento dos procedimentos e das
normas estabelecidos no Programa.

CAPÍTULO II

Do Serviço de Proteção ao Depoente Especial

Art. 10. Entende-se por depoente especial:

I - o réu detido ou preso, aguardando julgamento, indiciado ou acusado sob prisão


cautelar em qualquer de suas modalidades, que testemunhe em inquérito ou processo
judicial, se dispondo a colaborar efetiva e voluntariamente com a investigação e o
processo criminal, desde que dessa colaboração possa resultar a identificação de
autores, co-autores ou partícipes da ação criminosa, a localização da vítima com sua
integridade física preservada ou a recuperação do produto do crime; e

II - a pessoa que, não admitida ou excluída do Programa, corra risco pessoal e


colabore na produção da prova.

Art. 11. O Serviço de Proteção ao Depoente Especial consiste na prestação de


medidas de proteção assecuratórias da integridade física e psicológica do depoente
especial, aplicadas isoladas ou cumulativamente, consoante as especificidades de cada
situação, compreendendo, dentre outras:

I - segurança na residência, incluindo o controle de telecomunicações;

II - escolta e segurança ostensiva nos deslocamentos da residência, inclusive para


fins de trabalho ou para a prestação de depoimentos;

III - transferência de residência ou acomodação provisória em local compatível


com a proteção;

IV - sigilo em relação aos atos praticados em virtude da proteção concedida; e

V - medidas especiais de segurança e proteção da integridade física, inclusive


dependência separada dos demais presos, na hipótese de o depoente especial
encontrar-se sob prisão temporária, preventiva ou decorrente de flagrante delito.

§ 1º A escolta de beneficiários do Programa, sempre que houver necessidade de seu


deslocamento para prestar depoimento ou participar de ato relacionado a
investigação, inquérito ou processo criminal, será efetuada pelo Serviço de Proteção.

§ 2º Cabe ao Departamento de Polícia Federal, do Ministério da Justiça, o


planejamento e a execução do Serviço de Proteção, para tanto podendo celebrar

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convênios, acordos, ajustes e termos de parceria com órgãos da Administração
Pública e entidades não-governamentais.

Art. 12. O encaminhamento das pessoas que devem ser atendidas pelo Serviço de
Proteção será efetuado pelo Conselho e pelo Ministro de Estado da Justiça.

Parágrafo único. O atendimento pode ser dirigido ou estendido ao cônjuge ou


companheiro, descendente ou ascendente e dependentes que tenham convivência
habitual com o depoente especial, conforme o especificamente necessário em cada
caso.

Art. 13. A exclusão da pessoa atendida pelo Serviço de Proteção poderá ocorrer a
qualquer tempo:

I - mediante sua solicitação expressa ou de seu representante legal;

lI - por decisão da autoridade policial responsável pelo Serviço de Proteção; ou

III - por deliberação do Conselho.

Parágrafo único. Será lavrado termo de exclusão, nele constando a ciência do excluído
e os motivos do ato.

Art. 14. Compete ao Serviço de Proteção acompanhar a investigação, o inquérito


ou processo criminal, receber intimações endereçadas ao depoente especial ou a
quem se encontre sob sua proteção, bem como providenciar seu comparecimento,
adotando as medidas necessárias à sua segurança.

CAPÍTULO III

Do Sigilo e da Segurança da Proteção

Art. 15. O Conselho, o Órgão Executor, o Serviço de Proteção e demais órgãos e


entidades envolvidos nas atividades de assistência e proteção aos admitidos no
Programa devem agir de modo a preservar a segurança e a privacidade dos indivíduos
protegidos.

Parágrafo único. Serão utilizados mecanismos que garantam a segurança e o sigilo


das comunicações decorrentes das atividades de assistência e proteção.

Art., 16. Os deslocamentos de pessoas protegidas para o cumprimento de atos


decorrentes da investigação ou do processo criminal, assim como para compromissos
que impliquem exposição pública, são precedidos das providências necessárias à
proteção, incluindo, conforme o caso, escolta policial, uso de colete à prova de balas,
disfarces e outros artifícios capazes de dificultar sua identificação.

Art. 17. A gestão de dados pessoais sigilosos deve observar, no que couber, as
medidas de salvaguarda estabelecidas pelo Decreto n º 2.910, de 29 de dezembro de
1998.

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§ 1º O tratamento dos dados a que se refere este artigo deve ser processado por
funcionários previamente cadastrados e seu uso, autorizado pela autoridade
competente, no objetivo de assegurar os direitos e as garantias fundamentais do
protegido.

§ 2º Os responsáveis pelo tratamento dos dados pessoais dos indivíduos


protegidos, assim como as pessoas que, no exercício de suas funç6es, tenham
conhecimento dos referidos dados, estão obrigados a manter sigilo profissional sobre
eles, inclusive após o seu desligamento dessas funções.

§ 3º Os responsáveis por tratamento de dados a que se refere este artigo devem


aplicar as medidas técnicas e de organização adequadas para a proteção desses dados
contra a destruição, acidental ou ilícita, perda, alteração, divulgação ou acesso não
autorizado.

CAPITULO IV

Das Disposições Gerais

Art. 18. Os servidores públicos, profissionais contratados e voluntários que, de


algum modo, desempenhem funções relacionada ao Programa ou ao Serviço de
Proteção devem ser periodicamente capacitados e informados acerca das suas normas
e dos seus procedimentos.

Art. 19. Os beneficiários do Programa devem ter prioridade no acesso a programas


governamentais, considerando a especificidade de sua situação.

Art. 20. As despesas decorrentes da aplicação da Lei nº 9.807, de 1999, obedecem


a regime especial de execução e são consideradas de natureza sigilosa, sujeitando-se
ao exame dos órgãos de controle interno e externo, na forma estabelecida pela
legislação que rege a matéria.

Art. 21. Para a aplicação deste Decreto, a Secretaria de Estado dos Direitos
Humanos poderá celebrar convênios, acordos, ajustes e termos de parceria com
Estados, Distrito Federal, Municípios, órgãos da Administração Pública e entidades
não-governamentais, cabendo-lhe a supervisão e fiscalização desses instrumentos.

Art. 22. O Ministro de Estado da Justiça poderá baixar instruções para a execução
deste Decreto.

Art. 23. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 20 de junho de 2000; 179º da Independência e 112° da República.


FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
José Gregori

Publicado no D.O. de 21.6.2000


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L.3 DECRETO ESTADUAL n.º 21.549, de 16/12/2009 – INSTITUI O


PROVITA/RN

DECRETO Nº 21.459, DE 16 DE DEZEMBRO DE 2009.

Institui o Programa Estadual de Proteção a Vitimas e a


Testemunhas, com a sigla PROVITA/RN, regulamenta o
Conselho Deliberativo desse programa e determina outras
providências.

A GOVERNADORA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE, no uso de suas


atribuições legais,

Considerando o que dispõe a Lei Federal n. 9.807, de 13 de julho de 1999, que


estabelece as normas para a organização e manutenção de programas especiais de
proteção a vítimas e a testemunhas ameaçadas;

Considerando a Lei n. 10.354, de 25 de agosto de 1999, em especial, o inciso V do


artigo 3º;
Considerando os compromissos do Governo do Estado do Rio Grande do Norte com o
respeito aos Direitos Humanos;

Considerando a necessidade de estabelecer um processo continuado de promoção da


cidadania, em que Estado e sociedade civil interajam de forma eficaz, rumo à
construção de uma sociedade justa e solidária;

Considerando a recomendação do Programa Nacional de Direitos Humanos para que


sejam criados, nos Estados, programas de proteção a vítimas e a testemunhas de
crimes, expostas a grave e a atual perigo em virtude de colaboração ou de
informações prestadas em investigação ou processo criminal;

Considerando a real necessidade do Estado do Rio Grande do Norte regulamentar o


funcionamento do PROVITA-RN,

D E C R E T A:

Art. 1º Fica instituído o Programa Estadual de Proteção a Testemunhas no âmbito do


Estado do Rio Grande do Norte, com a sigla PROVITA/RN, vinculado à Secretaria de
Justiça e Cidadania - SEJUC, com a finalidade de assegurar a integridade física e
psicológica e a segurança das vítimas e testemunhas, bem como de seus familiares,
que estejam sendo coagidas ou expostas a grave ameaça em razão de terem
presenciado ou indiretamente tomado conhecimento de atos criminosos, e detenham
informações necessárias à investigação.

Art. 2º São objetivos do Programa instituído por este decreto:

I - informar, orientar e assessorar as vítimas e testemunhas ameaçadas por violência


decorrente de fato indicado no artigo 1º deste decreto;
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II – colaborar com as diligências policiais ou judiciais em que estiver envolvida a


pessoa ameaçada;
III - velar pela integridade e segurança das vítimas e testemunhas, de
maneira que possam contribuir para o êxito do procedimento policial ou judicial,
decidindo pela adoção das medidas protetoras previstas nos artigos 7º a 9º da Lei
Federal nº 9.807, de 13 de julho de 1999;
IV - esclarecer o público sobre sua finalidade;
V - elaborar e providenciar a veiculação de campanha de prevenção à violência e de
conscientização da população quanto à importância de contribuir para a investigação
administrativa ou policial e para a apuração da prática de crime.

Art. 3º O PROVITA/RN será integrado por um Conselho Deliberativo, coordenado por


uma diretoria executiva; por uma pessoa jurídica sem fins lucrativos, da sociedade
civil, que atuará como entidade operacional do Programa; por um Conselho Fiscal; por
uma equipe técnica multidisciplinar e por uma rede estadual de proteção a
testemunhas, integrada por organizações voluntárias da sociedade civil.

Art. 4º O PROVITA/RN será dirigido por um Conselho Deliberativo, integrado por


representantes titulares e suplentes das seguintes entidades:

I - Secretaria da Segurança Pública e da Defesa Social; PODER PÚBLICO.


II - Secretaria da Justiça e da Cidadania; PODER PÚBLICO
III - Secção do Rio Grande do Norte da Ordem dos Advogados do Brasil; SOCIEDADE
CIVIL
IV - Poder Judiciário Estadual; PODER PÚBLICO
V – DEGEPOL; PODER PÚBLICO
VI - Ministério Público Estadual; PODER PÚBLICO
VII – Ministério Público Federal; PODER PÚBLICO
VIII- Polícia Militar do Rio Grande do Norte; PODER PÚBLICO
IX – Centro de Direitos Humanos e Memória Popular CDHMP, SOCIEDADE CIVIL
X - CENTRO DE ESTUDOS PESQUISAS E AÇÃO CIDADÃ –CEPAC; SOCIEDADE CIVIL
XI – CEDECA CASA RENASCER SOCIEDADE CIVIL
XII – INSTITUTO DE PESQUISA E ESTUDO EM JUSTIÇA E CIDADANIA – IPEJUC -
SOCIEDADE CIVIL
XIII -ASSOCIAÇÃO DE CONSELHEIROS E EX-CONSELHEIROS TUTELARES DO RN
SOCIEDADE CIVIL
XIV – Conselho Regional de Psicologia SOCIEDADE CIVIL
XV – CONSELHO REGIONAL DE SERVIÇO SOCIAL – SOCIEDADE CIVIL
XVI – PROCURADORIA GERAL DO ESTADO - PODER PÚBLICO

§ 1º Os conselheiros do PROVITA/RN serão formalmente designados pelos


representantes legais das entidades relacionadas no artigo anterior e nomeados pela
Governadora do Estado do Rio Grande do Norte para cumprirem um mandato de dois
anos, com direito à recondução;

§ 2º As entidades que não integram a Administração Pública direta ou indireta do


Estado do Rio Grande do Norte serão formalmente convidadas a compor o Conselho
Deliberativo do Provita/RN, esclarecendo-se a importância de sua participação no
referido Programa.
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e-mail: caopcrimrn@yahoo.com.br ou caop.criminal@mp.rn.gov.br

Art. 5º São atribuições do Conselho Deliberativo do PROVITA/RN:


I - elaborar a proposta financeira anual do Programa, a ser encaminhada à
Governadora do Estado por meio da Secretaria da Justiça e da Cidadania - SEJUC,
para inclusão no Orçamento do Rio Grande do Norte;
II - acompanhar, de forma permanente, a situação financeira do Programa, com base
nas informações da Diretoria Executiva e do Conselho Fiscal;
III - definir, no início de cada exercício financeiro, o teto da ajuda financeira mensal a
ser destinada à pessoa protegida e à sua família, quando for o caso;
IV - decidir privativamente sobre o ingresso e a exclusão de pessoas no Programa;
V - pedir, a quem de direito, que requeira à Justiça a concessão de medidas cautelares
direta ou indiretamente relacionadas com a eficácia da proteção;
VI - delegar poderes e prover os respectivos meios à diretoria e à entidade
operacional da sociedade civil para que adotem providências urgentes para garantir a
proteção de testemunhas;
VII - substituir a entidade operacional se descumprir os termos dos convênios
assinados com órgãos do Poder Público, assim como se desobedecer as normas
nacionais de supervisão adotadas pela Secretaria de Especial dos Direitos Humanos,
do Governo Federal;
VIII - promover a articulação entre as entidades do Conselho Deliberativo e outras, do
Poder Público e da sociedade civil, para aperfeiçoar a atuação do Programa;
IX - propor as parcerias necessárias ao funcionamento do Programa;
X - analisar projetos de lei relacionados, direta ou indiretamente, ao objeto do
Programa e fazer chegar o seu parecer a respeito ao Poder Legislativo ou Executivo;
XI - promover atividades em parceria com entidades nacionais, internacionais e de
outros países com Programas afins;
XII - encaminhar, pela presidência de sua diretoria, requerimento de testemunha
protegida ao juiz competente, visando à alteração do nome dessa mesma
testemunha, conforme determina o artigo 9º da Lei Federal n. 9.807, de 13 de julho
de 1999;
XIII - solicitar e analisar relatórios trimestrais encaminhados pela entidade
operacional sobre o andamento geral dos trabalhos.

Parágrafo único - As decisões do Conselho serão tomadas de forma colegiada por


maioria absoluta de seus integrantes.

Art. 6º O Conselho Deliberativo terá uma diretoria integrada pelos representantes da:
I - Secretaria da Segurança Pública;
II - Secretaria da Justiça e da Cidadania;
III - entidade operacional, da sociedade civil.
Parágrafo único - A diretoria do Conselho Deliberativo será constituída por um
Presidente, um Vice-Presidente e um Secretário, escolhidos entre seus membros.

Art. 7º Compete à diretoria do Conselho Deliberativo:


I - adotar todas as providências executivas resultantes das decisões do Conselho
Deliberativo;
II - supervisionar a política de recursos humanos seguida pela entidade operacional no
que se refere à equipe interdisciplinar do Programa;
III - zelar na implementação do convênio pela fiel adequação aos princípios e
diretrizes do Programa Federal de Assistência a Vítimas e a Testemunhas Ameaçadas,
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Coordenado pela Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da


República.
Parágrafo único - As decisões da diretoria serão adotadas por unanimidade e, se isto
não ocorrer, serão tomadas pelo Conselho Deliberativo, por maioria absoluta dos votos
dos conselheiros.

Art. 8º São estas as competências dos integrantes da diretoria:


I - Presidente - convocar e presidir as reuniões, representar publicamente o
Programa, bem como comunicar aos empregadores dos beneficiários a necessidade de
cooperar com a pessoa protegida e da inevitabilidade de sua ausência do trabalho.
II - Vice-Presidente - substituir o presidente em suas ausências e impedimentos;

Art. 9º O PROVITA/RN terá um Conselho Fiscal, que se destina a auxiliar a Secretaria


Especial de Direitos Humanos da Presidência da República com atribuições para a
execução da política de Direitos Humanos no exercício da fiscalização da gestão
financeira do Programa, bem como preparar relatórios trimestrais a serem submetidos
ao Conselho Deliberativo, pela entidade operacional, com base nas informações e nos
documentos encaminhados pela equipe interdisciplinar.
Parágrafo único - O Conselho Fiscal do PROVITA/RN será integrado por três
conselheiros, eleitos por seus pares dentre os representantes de entidades que não
componham a diretoria do Conselho Deliberativo, com mandato igual ao da diretoria.

Art. 10 São competências da entidade operacional do Programa:


I - colocar em prática as medidas de proteção a vítimas e a testemunhas ameaçadas,
aprovadas pelo Conselho Deliberativo;
II - contratar os profissionais da equipe multidisciplinar do Programa, pelo regime da
CLT, remunerando-os de acordo com o orçamento anual e providenciar a sua
demissão, ad referendum da diretoria do Conselho Deliberativo, respeitados os
procedimentos adotados nacionalmente para a seleção dos profissionais pela Equipe
de Monitoramento do Programa Federal.
III - manter os beneficiários informados sobre a tramitação do inquérito ou do
processo, assim como sobre a situação jurídica dos indiciados e denunciados;
IV - atender à solicitação das autoridades policiais, do Ministério Público e do Poder
Judiciário, para apresentação das vítimas e das testemunhas ameaçadas;
V - comunicar imediatamente ao usuário informações advindas do sistema de Justiça
e de Segurança Pública, referentes a eventuais casos de fuga ou liberação por ordem
judicial daqueles a quem denunciou;
VI - elaborar o Manual de Procedimentos do Programa para atendimento e supervisão
do atendimento ao público beneficiário e orientação dos operadores do Programa em
consonância com o manual de procedimentos adotado nacionalmente.
VII - organizar e coordenar uma rede de proteção a vítimas e a testemunhas
ameaçadas, formada por organizações e cidadãos voluntários;
VIII - organizar e manter sob rigoroso sigilo um cadastro de protetores e locais de
atendimento às vítimas e às testemunhas ameaçadas;
IX - supervisionar o atendimento de todos os casos;
X - encaminhar relatório trimestral ao Conselho Deliberativo sobre o andamento do
Programa e preparar um relatório anual de atividades;
XI - firmar termo de compromisso com os beneficiários.

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Art. 11 Os trabalhos da entidade operacional do PROVITA/RN serão realizados por
meio de equipe multidisciplinar constituída por psicólogos, assistentes sociais,
advogados, um Coordenador, um coordenador-adjunto (com funções executivas de
caráter administrativo e financeiro) e uma equipe de apoio.
Parágrafo único – Compete à equipe muldidisciplinar:
I - fazer a triagem preliminar dos casos a ela encaminhados;
II - dar cumprimento às medidas de proteção decididas pelo Conselho Deliberativo;
III – elaborar pareceres acerca dos pedidos de inclusão no Programa.

Art. 12 Compete à Secretaria da Segurança Pública:


I - designar um delegado da Polícia Civil e um oficial da Polícia Militar – e seus
respectivos suplentes – para integrarem o Conselho Deliberativo como representantes
da Pasta;
II - providenciar a custódia ostensiva, velada e/ou reservada, dos beneficiários do
Programa, sempre que estes forem encaminhados, pelo Centro, por solicitação das
autoridades do Poder Judiciário, do Ministério Público e das Polícias Civil e Militar, para
audiências ligadas aos processos que disserem respeito às respectivas testemunhas;
III - especificar a colaboração da Polícia Civil e da Polícia Militar do Estado do Rio
Grande do Norte com o Programa.

Art. 13 Compete à Secretaria da Justiça e da Cidadania:


I - designar servidor de sua confiança e o seu respectivo suplente para representar a
Pasta no Conselho Deliberativo do Programa;
II - concretizar ações de parceria entre os órgãos da Secretaria da Justiça e da
Cidadania e o Programa, em benefício das testemunhas protegidas e de seus
familiares e, de forma mais geral, proporcionar a articulação dos Órgãos de Governo
Estadual e de serviços públicos de forma a garantir o atendimento dos direitos das
pessoas protegidas e o sigilo da informação.

Art. 14 Compete aos integrantes da rede de proteção:


I - cumprir integralmente o contrato assinado com o Conselho Deliberativo para
guardar e proteger os beneficiários do Programa;
II - responsabilizar-se pela hospedagem e pelas condições de salubridade do local de
acolhimento do usuário protegido;
III - garantir o acompanhamento pessoal do usuário, zelando pelo seu bemestar;
IV - informar permanentemente a entidade operacional do Programa sobre a situação
do usuário;
V - comunicar à entidade operacional casos de urgência que envolvam riscos
adicionais à integridade física dos usuários;
VI - participar das reuniões e avaliações do Programa, com a entidade operacional.

Art. 15 Compete aos usuários do Programa:


I - fornecer todas as informações possíveis ligadas ao crime objeto de investigação ou
instrução criminal com o qual esteja relacionado, na qualidade de vítima ou de
testemunha, colaborando, dessa forma, para combater a impunidade, depondo em
juízo ou fora dele, sempre que se fizer necessário para esclarecimento do fato
criminoso;
II - cumprir integralmente o termo de compromisso assinado com a entidade
operacional, quando de sua entrada, evitando correr riscos e aceitando cumprir todas
as normas de segurança;
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III - manter contato permanente com o responsável pela instituição de acolhimento,


informando sobre sua situação e eventuais dificuldades;
IV - manter sigilo absoluto sobre o Programa e especialmente sobre seus protetores e
o local de proteção.

Art. 16 O Conselho Deliberativo e sua diretoria reunir-se-ão ordinariamente a cada


mês e extraordinariamente, quando necessário.
Parágrafo único - As entidades integrantes do Conselho Deliberativo que deixarem de
participar de três reuniões, durante o período de um ano, sem justificativa, serão
automaticamente excluídas e substituídas por outras, escolhidas pelo mesmo
Conselho, por maioria absoluta dos votos de seus integrantes.

Art. 17 O PROVITA/RN será financiado com recursos oriundos da União, do Estado do


Rio Grande do Norte e de campanhas de arrecadação de fundos, promovidas pelo
Conselho Deliberativo.

Art. 18 As Secretarias de Estado e a Procuradoria Geral do Estado praticarão todos os


atos necessários para o bom funcionamento do Programa.

Art. 19 A Polícia Militar do Estado do Rio Grande do Norte apoiará operacionalmente o


Programa, por meio de sua Corregedoria.

Art. 20 As funções dos membros do Conselho Deliberativo e de seus respectivos


suplentes não serão remuneradas a qualquer título, sendo, porém, consideradas
serviço público relevante para todos os fins.

Art. 21 Este Decreto entrará em vigor na data de sua publicação.

Palácio de Despachos de Lagoa Nova, em Natal, 16 de dezembro de 2009, 188º da


Independência e 121º da República.

WILMA MARIA DE FARIA


Leonardo Arruda Câmara
* Republicado por incorreção.

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L.4 PROVIMENTO nº - 092/12-CGJ/RN de 14/05/2012 – CELERIDADE PRO-


CESSUAL DISCIPLINADA PELA CORREGDORIA DO TJ/RN.

PROVIMENTO No - 092/12-CGJ/RN de 14 de maio de 2012.

Institui e regulamenta o controle quanto ao andamento dos


processos criminais que tenham vítimas ou testemunhas no
Programa de Proteção a Vítimas e testemunhas Ameaçadas –
PROVITA, e adota providencias correlatas.

O CORREGEDOR GERAL DA JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE, no uso


de suas atribuições legais e em face ao disposto no art. 35, inciso XVI do Regimento
Interno do TJ/RN,

CONSIDERANDO, a necessidade de regulamentar, no âmbito das unidades


jurisdicionais de 1a Instância do Poder Judiciário do Estado do Rio Grande do Norte, a
prioridade de tramitação dos inquéritos e processos criminais em que figure indiciado,
acusado, vítima ou réu colaboradores, vitima ou testemunha protegidas pelo
Programa de Assistência a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas, instituído pela Lei no
9.807, de 13 de Julho de 1999, acrescido pela Lei no 12.483, de 8 de setembro de
2011;

CONSIDERANDO, a extensão da rede nacional de proteção e o lapso de tempo


necessário, para o Programa de Assistência a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas,
planejar a aquisição de passagens e mobilizar escoltas de segurança, para o
deslocamento dos protegidos, sempre que intimados para os atos da instrução
criminal;

CONSIDERANDO, por fim, os recursos públicos despendidos para execução da política


de proteção e a necessidade de adotar providências, objetivando a menor
permanência possível dos protegidos no local da instrução criminal, por ser de
extremo risco ao protegido,

RESOLVE:

Art. 1o Os Juízos Criminais priorizarão a tramitação dos feitos em que figure indiciado,
acusado, vítima ou réu colaboradores, vitima ou testemunha protegidas pelo
Programa de Assistência a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas, nos moldes da Lei no
12.483/2011 e deste Provimento.

Art. 2o As solicitações para apresentação de protegidos ao Programa de Assistência a


Vítimas e Testemunhas Ameaçadas do Rio Grande do Norte, para os atos da instrução
criminal, deverão ser protocoladas no PROVITA/RN, com antecedência mínima de 15
(quinze dias) antes da prática do ato.

Art. 3o Os Juízos deverão designar os atos de instrução processual, nos processos


com prioridade de tramitação de que trata este Provimento, nos dias de terça, quarta
e quinta, para evitar a permanência dos protegidos durante os fins de semana, em
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local de risco e fora da proteção.

Art. 4o Havendo impossibilidade da prática do ato de instrução designado, em que já


tenha ocorrido solicitação de apresentação do protegido ao PROVITA/RN, deverá o
Magistrado, ou, na sua ausência, técnico/auxiliar responsável, por intermédio de ato
ordinatório, comunicá- la, com urgência ao Programa, a fim de evitar o deslocamento
do protegido.

Art. 5o Para fins de registros estatísticos e de acompanhamento, a Secretaria da


respectiva Unidade Jurisdicional deverá, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas após a
prolação da correspondente decisão de inclusão, fazer constar no Sistema SAJ/PG5,
em campo próprio, a prioridade de tramitação do feito em que figure, como parte ou
interveniente, pessoa beneficiada pelo disposto neste Provimento.

§ 1o As Unidades Jurisdicionais terão 10 (dez) dias, a contar da implantação de


campo prioritário próprio no Sistema SAJ/PG5, para realizar os registros de que trata
o caput deste artigo, inclusive os concernentes aos feitos que já se encontrem em
tramitação.

§ 2o Os autos, quando físicos, também deverão ser identificados de forma a


evidenciar o regime de tramitação prioritária correspondente à matéria tratada neste
Provimento.

Art. 6o A Secretaria de Informática do TJ/RN providenciará os meios necessários, no


âmbito de sua competência, à execução deste Provimento.

Art. 7o Este Provimento entrará em vigor no dia 1o de agosto de 2012.

Publique-se, Registre-se e Cumpra-se. Natal, 15 de junho de 2012.

Desembargador CLÁUDIO SANTOS

Corregedor Geral da Justiça

Edição disponibilizada em 18/06/2012

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M) MODELOS DE PEÇAS

M.1 MODELO DE PEDIDO DE INGRESSO NO PROGRAMA

Ofício n° xxx/201x – xxª PJ xxxx, xx de xxxx de 201x.

AO EXMO. SR.
KERCIO SILVA PINTO
SECRETÁRIO DE ESTADO DA JUSTIÇA E CIDADANIA DO RN – PTE. DO CON-
SELHO DELIBERATIVO DO PROVITA-RN
Centro Administrativo do Estado - BR 101 - km 0
Bairro: Lagoa Nova - CEP 59.000-900 - Natal/RN
Telefone(s): (84) 3232 1764 / (84) 3232 1786
Fax: (84) 3232 1763

SIGILOSO
Art. 2o, §5°, da Lei n° 9.807/99

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE, por in-


termédio do(a) Promotor(a) de Justiça que este subscreve, em exercício na XXª Pro-
motoria de Justiça de XXXXXXXXX, vem nos termos do art. 5 o, inciso II, da Lei n°
9.807, de 13 de julho de 1999, e Decreto Estadual n.º 21.459, de 16/12/2009, solicit -
ar a realização de triagem e inclusão de XXXXXXXXXXX e família, no Programa Es-
tadual de Proteção a Testemunhas e Vítimas Ameaçadas do RN – PROVITA/RN, a
seguir aduzindo as razões do requerimento.

Este(a) representante do parquet potiguar tomou conhecimento da ex-


istência de fundadas ameaças que estariam sendo praticadas contra a pessoa de
XXXXXXXXXXXX, testemunha/declarante/vítima no Inquérito Policial/Ação Penal n.º
xxxxxxx perane a xxDP da Cidade de xxxxx/ xxª Vara Crimnal da Comarca de
xxxxxxx.

As informações chegaram ao Ministério Público através de xxxxxxxxxxx


(especificar se o delegado ou o próprio interessado procurou o Promotor de Justiça e
relatar)

Por meio do que foi colhido até o presente momento, há relatos de que a
pessoa de XXXXXXXX, em razão de ter presenciado o fato que gerou o Inquérito Poli-
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cial/Ação Penal acima citado(a), vem sofrendo ameaças consistentes em


xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx.

Diante desse quadro, tendo em vista o risco à incolumidade física da


testemunha, necessário se torna a sua inclusão no sistema de proteção.

Ressalte-se que, diante da situação emergencial que se apresentava, a


testemunha foi encaminhada pelo Ministério Público provisoriamente à custódia do
Governo do Estado, por meio da Secretaria Estadual da Segurança Pública e da Defesa
Social, encontrando-se atualmente no alojamento do Corpo de Bombeiros da Polícia
Militar(especificar se alguma providência urgente foi tomada antes).

I – DO FATO DELITUOSO, DA GRAVIDADE DAS AMEAÇAS QUE JUSTIFICAM O


INGRESSO NO PROGRAMA E DA IMPOSSIBILIDADE DE PREVENÇÃO PELOS
MEIOS ORDINÁRIOS (art. 2º, caput, da Lei n.º 9.807/99)

No caso ora analisado a testemunha XXXXXXXX prestou depoimento nos


autos do IP/Ação Penal n.º xxxxxxxxx em razão de ter presenciado o fato criminoso
consistente em xxxxxxxxxx (narrar o que a testemunha/declarante/vítima presenciou
ou soube em relação ao fato)

Assim, em razão disso está sofrendo grave risco de vida, na medida em


que xxxxxxxxxxxx (relatar em que consiste o risco de forma concreta, especificando
se houve algum ato ou, diante da peculiaridade do caso esse risco é iminente). Desse
modo, a necessidade de sua inclusão no PROVITA/RN é o único meio capaz de,
eficazmente, repelir esses riscos, na medida em que (especificar se o suspeito teve
prisão preventiva decretada e está solto ou não; se mesmo preso as ameaças con-
tinuam por meio de terceiros; se o caso denotapossível envivolvimento de agentes
públicos na prática de atividade típica de grupo de exertmíno, por exemplo).

Assim, a gravidade da intimidação, aliada à periculosidade do(s) sus-


peito(s)/acusado(s), demonstra o concreto risco para a vida e a integridade física da
testemunha e de seus familiares. Também restou evidente a relação de causalidade
entre as ameaças que vem a mesma sofrendo e o inquérito policial/ ação penal na
qual foi arrolado como testemunha.

II – DA PERTINÊNCIA DO DEPOIMENTO DA TESTEMUNHA/DECLARANTE/VÍ-


TIMA PARA O ESCLARECIMENTO DO FATO (art. 2º, caput, da Lei n.º 9.807/99)

De outra banda, o depoimento da testemunha/declarante/vítima se


mostra imprescindível para o esclarecimento dos fatos que são objeto do Inquérito
Pólicial/Ação Penal antes mencionado(a), na medida em que xxxxxxxxxxxxxxxxx (nar-
rar a contribuição da testemunha para a instrução do iqnuérito/ação penal, mencion-
ando, inclusive, se seu depoimento também revela fatos outros, de outros procedi-

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mentos policais ou ações penais em andamento).

A seguir, trechos que comprovam a relevância (ou DVD, se for o caso de


depoimento tomado em mídia):

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Desse modo, a testemunha/declarante/vítima forneceu importantes sub-


sídios para as investigações, especialmente a respeito das circunstâncias em que foi
assassinada a pessoa de XXXXXXXXX, de forma que, nesse contexto, o depoimento da
mesma é de grande importância para comprovar a participação dos autores no crime
investigado pelo inquérito Policial/Ação Penal no xxxxxx.

III – DA QUALIFICAÇÃO DOS INTERESSADOS E ANTECEDENTES CRIMINAIS:

A testemunha a ser protegida é a pessoa de xxxxxxxxxx (qualificar


completamente, juntado cópia de documentos, quando possível) o qual deseja ser
acompanhado das seguintes pessoas que compõem seu núcleo familiar, na forma do
art. º, § 1º da Lei n.º 9.807/99:

a) xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx (especificar cada uma das pessoas que a


ingressar, esclarecendo o parentesco, com cópia de documentos pessoais);

b) xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx;

c) xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx;

Certidões da Secretaria do Distribuidor Criminal, relativos à pessoa de


xxxxxxxxe de sua companheira, xxxxxx, atestam que os mesmos não possuem ante-
cedentes criminais.

Em relação aos filhos do casal, xxxx, desnecessária tal providência, em


razão de tenra idade das mesmas.

Assim, pelos elementos disponíveis até o momento, pode-se afirmar que


a testemunha a ser protegida, sua companheira e seus filhos não se enquadram nas
restrições do §2° do art. 2° da lei n° 9.807/1999, demonstrando possuir personalid-
ade e conduta compatíveis com as restrições de comportamento referentes ao pro-
grama e, enfim, sem limitações à sua liberdade.
IV - DA NECESSIDADE DE MEDIDAS URGENTES (art. 5º, § 3º da Lei n.º
9.807/99) Se for o caso

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Verifica-se, outrossim, que as medidas até agora adotadas como forma


de minorar o risco a que está exposta a testemunha e sua família não estão sendo su-
ficientes para cessar o perigo, razão pela qual requer este órgão ministerial a adoção
ações voltadas a custódia da mesma e sua família, seja em pouso provisório seguro,
seja por meio de custódia e escolta através dos órgãos policiais, na forma do art. 5º,
§ 3º da Lei n.º 9.807/99.

V – DA ANUÊNCIA

Conforme consta do Termo de Declaração anexo, a testemunha anuiu ex-


pressamente ao ingresso no Programa.

VI - CONCLUSÃO:

Face aos dados colhidos e demais informações anexadas, atende a


testemunha XXXXXXX os requisitos da Lei n° 9.807/99, razão pela qual pugnamos
pela sua inclusão e de sua família no Programa Estadual de Proteção à Testemunhas e
Vítimas Ameaçadas – PROVITA-RN, como medida acautelatória para futura produção
de prova, preservando a sua vida e fazendo com que seu testemunho colabore com a
Justiça, com a consequente realização de triagem por equipe multidisciplinar e delib-
eração do Conselho Deliberativo do PROVITA/RN, na forma do 6º da referida Lei.

Restrito ao assunto em comento, coloco-me à disposição para qualquer


outro esclarecimento complementar, encaminhando em anexo ao presente ofício cópi-
as das princiais peças sobre o fato, para fins de instrução do presente pedido.

Atenciosamente,

xxxxxxxxxxxxxxxxx
Promotor de Justiça

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M.2 MODELO DE PARECER DO MINISTÉRIO PÚBLICO SOBRE PEDIDO DE


INCLUSÃO

Ofício n° xxx/201x – xxª PJ xxxx, xx de xxxx de 201x.

AO EXMO. Sr.
KERCIO SILVA PINTO
SECRETÁRIO DE ESTADO DA JUSTIÇA E CIDADANIA DO RN – PTE. DO CON-
SELHO DELIBERATIVO DO PROVITA-RN
Centro Administrativo do Estado - BR 101 - km 0
Bairro: Lagoa Nova - CEP 59.000-900 - Natal/RN
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SIGILOSO
Art. 2 , §5°, da Lei n° 9.807/99
o

Exmo. Sr. Presidente do Conselho Deliberativo do PROVITA/BA,

Em atenção ao oficio CONDEL/PROVITA/RN n° ….., de ……., que solicita


a manifestação do Ministério Público sobre a inclusão da senhora …….. no Programa de
Proteção a Vítimas e a Testemunhas Ameaçadas, este órgão expõe o que segue :

Trata-se de pedido de inclusão no Programa de Proteção formulado pela


Autoridade Policial por intermédio do Dr. … , Delegado de Polícia de XXXXX, conforme
disposto no artigo 3° da Lei 9.807/99, datada de ……., em favor da senhora ….

Com base no teor da documentação repassada, temos que a testemunha


em questão auxiliou significativamente numa investigação policial que objetiva o
desbaratamento de uma quadrilha de narcotraficantes que atua na capital do Estado .
Como bem pontua a Autoridade Policial solicitante, "com os detalhes fornecidos pela
testemunha poderemos desenvolver um trabalho investigativo objetivando quebrar
um forte braço de uma conexão ……. com a possível retirada de circulação, dentre
outros, do companheiro da testemunha, de um irmão deste e de outros distribuidores
seus nesta cidade." .

O risco está presente e os meios convencionais não são suficientes para


garantir a integridade da testemunha, pois apesar da prisão preventiva decretada,
todos os investigados encontram-se em liberdade, o que agrava ainda mais a situação

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da testemunha. Destaca-se que as ameaças não são apenas do suspeito, como


também de xxxxx. Importante ressaltar que
A testemunha não registra qualquer condenação contra a sua pessoa,
não havendo, a princípio, qualquer restrição quanto a sua personalidade. Registre-se
que tal análise deve ser melhor examinada por profissional da área. Também não há
registro de qualquer limitação quanto à liberdade da testemunha.

Segundo consta do Termo de Declaração a testemunha anuiu


expressamente ao ingresso no Programa.

Desta feita, nos termos dos arts. 2° e 3° da Lei 9.807/99, o Ministério


Público, frente à descrição feita pela autoridade policial e pela testemunha, bem como
pela seriedade das ameaças efetuadas, é favorável ao ingresso da senhora … e seus
filhos menores no Programa de Proteção a Vitimas e a Testemunhas.

Xxxxxx
Promotor de Justiça

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Rua Promotor Manoel Alves Neto, 97, Candelária, Natal/RN, fone/fax: (084) 3232-7013
e-mail: caopcrimrn@yahoo.com.br ou caop.criminal@mp.rn.gov.br

M.3 MODELO DE PEDIDO DE MEDIDA DE PROTEÇÃO DE URGÊNCIA


(CUSTÓDIA PROVISÓRIA)

Ofício nº xxxx/20xx PJIC xxxx, xx de xxxxx de 20xx.

Ao Exmo. Sr.
ALDAIR DA ROCHA
Secretário de Estado da Segurança Pública e Defesa Social do RN
Centro Administrativo do Estado - BR 101 - km 0
Bairro: Lagoa Nova - CEP 59.000-900 - Natal/RN
Telefones: 3232-1082/1083/1084

Exmo. Sr. Secretário,

Cumprimentando Vossa Excelência, venho através do presente ofício e conforme


contato telefônico no último dia XXXXXXX, requisitar o encaminhamento na data de hoje da
pessoa de XXXXXXXXXXX (CPF XXXXXXXXXX) para acomodação em estabelecimento militar ou
congênere para fins de resguardo e proteção.

O aquartelamento da referida testemunha em CARÁTER PROVISÓRIO E DE


URGÊNCIA visa assegurar-lhe segurança pessoal, com fulcro no disposto no art. 144 caput da
Constituição Federal c/c os arts. 1º e 2º, §2º, última parte, da Lei nº 9.807, de 13.07.1999, a
título de MEDIDA DE PROTEÇÃO, com o fim da preservação da integridade física do referido
indivíduo por parte deste Estado, haja vista que o mesmo prestou depoimentos em ação
penal/inquérito policial (Registro n.º xxxxxxxxx – xxª Vara Criminal de xxx/ xxDp da Cidade de
xxxx), apontando os autores dos crimes ali apurados (que hoje se encontram em
liberdade/foragidos e em constantes atitudes intimidatórias e ameaçadoras).

Urge ressaltar, por oportuno, que a referida testemunha e sua família está em
processo de inclusão no Programa Estadual de Proteção à Testemunhas – PROVITA/RN,
aguardando deliberação por parte do Conselho Deliberativo do referido Programa.

Tendo em vista que o requerimento de ingresso está pendente de apreciação e a


situação que ora se apresenta é de real necessidade de custódia estatal, conforme os fatos
narrados em depoimento prestado pela testemunha nesta Promotoria (em anexo), encaminho
a referida testemunha/decalrante para as providências cabíveis por parte dos órgãos de
Segurança Pública, com a urgência que o caso requer.

Na oportunidade requer sejam informadas a esta Promotoria as providências


adotadas em caráter de urgência.

Atenciosamente,

XXXXXXXXX
Promotor de Justiça

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N) ENDEREÇOS IMPORTANTES

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SESEDE - SECRETARIA DE ESTADO DE SEGURANÇA PÚBLICA E DE DEFESA SOCIAL


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DEGEPOL - DELEGACIA GERAL DA POLÍCIA CIVIL


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Fone: 3232-7675

COMANDO GERAL DA POLÍCIA MILITAR


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