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UMA japonesa sambando e um brasileiro tomando saquê, a bebida símbolo da Terra do Sol
Nascente. Cenas que, inicialmente, podem parecer estranhas para um país historicamente
pouco miscigenado como o Japão – afinal, lembremos que o país somente se abriu para as
relações internacionais na Era do Imperador Meiji (fim do século XIX) – tornam-se cada vez mais
comuns no Novo Milênio. O que, diga-se, é uma constatação maravilhosa. Pois, em um mundo
cada vez mais dividido pelo ódio e pela intolerância às diferenças, testemunhar a miscigenação
cultural é, realmente, um motivo de grande alegria.
Como alegre também foi o pequeno desfile de Carnaval a que tive o prazer de ir no dia 16 de
setembro, em Higashi-Matsuyama, bairro localizado em Saitama – cidade onde resido desde
2005. Durante uma hora, viajei brasileiramente no tempo através dos pandeiros e tamborins,
tocados por jovens, senhores e senhoras japonesas com a mesma paixão de meus compatriotas,
também presentes no desfile. E as passistas? Divinas; combinando a delicadeza dos movimentos
orientais com a força do requebrado próprio do ritmo brasileiro. E a porta-bandeira? Ah, que
maravilha aquela jovem! Rodopiando pela pista com uma elegância que, certamente, receberia
aplausos de Selminha Sorriso: lendária porta-bandeira dos desfiles cariocas, que, aliás – e aí vai
uma curiosidade – começou a carreira, em 1991, apresentando-se em casas de show no Japão.
Quem diria, pois, que seria no Japão do século XXI que eu veria outra vez “um carnaval à moda
antiga”: com o povo nas ruas, cantando, dançando, sorrindo… como deve ser a folia!
Um evento lindo, enfim! Tão contagiante que, ao final, fez com que este brasileiro preferisse o
saquê à cachaça: brindando, assim, à valiosa miscigenação.
EDWEINE LOUREIRO