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ADULTOS1
Carmem Maria Sant'Anna Rossetti2
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RESUMO:
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ABSTRACT:
Carmem Maria Sant'Anna Rossetti3
This article brings considerations on adult learning. It reflects on the challenge of the
changing of the professional posture from "professor" to "facilitator". It presents the
processes and the practical application of the andragogy principles developed by
Lindeman and Knowles. It raises the issue on the etymological meaning of the word
Andragogy. It also presents surveys showing the great necessity of more capacitated
professionals to work with adults due to the large number of adults returning to the
school desks.
1 INTRODUÇÃO
1
Artigo publicado na Revista da SBDG Número 6 em setembro de 2013. ISSN 1807-48631.
2
Mestre em Educação. Administradora, pós graduada em gestão de empresas, gestão de pessoa.
Especialista e didata da SBDG. Membro certificada em Análise Transacional Organizacional pela UNAT-
Brasil. Coach certificada pela ICI e pela ABRACEM. www.skaprendizagem.com.br.
3
Master in Education. Administrator post graduated in business administration, people management.
Specialist and teacher at SBDG. Certified member in Organizational Transactional Analysis by UNAT-
Brasil. Certified coach by ICI and by ABRACEM. www.skaprendizagem.com.br
A pergunta que norteia este estudo é: será que existem barreiras para um
profissional de educação tradicional tornar-se um facilitador de aprendizagem de
adulto?
O artigo está organizado da seguinte forma: Discute quais são os desafios para
adoção da postura de 'facilitador" ao invés de "professor", diante do aprendiz adulto.
Faz algumas considerações sobre o fazer andragógico a partir dos princípios e processos
elaborados por Lindeman e Knowles. E, faz algumas considerações sobre o sentido
etimológico da palavra grega "andragogia".
O que significa este cenário surpreendente? Por que estes jovens preferem se
matricular na EJA ao invés de frequentar o ensino regular? Esses questionamentos serão
examinados no decorrer do artigo.
2 DE "PROFESSOR" A "FACILITADOR"
Fui criado para ver o professor como a pessoa responsável pelo que, como,
quando, onde e se os alunos aprendem. Eles devem transmitir determinado
conteúdo, controlar a maneira como os alunos o recebem e fazem uso dele e
então testar, para ver se o receberam. Todos os meus professores faziam
assim. O único modelo de ensino que eu conhecia era esse (...) estava
orgulhoso e satisfeito com minha performance. Transmitia muito bem o
conhecimento. Meu conteúdo era bem organizado e o programa tinha uma
boa lógica. Eu ilustrava conceitos ou princípios abstratos com exemplos
interessantes. Falava de maneira clara e dinâmica. Arrancava risos com
frequência. Incentivava interrupções para perguntas esclarecedoras. Havia
discussões intensas e prática de exercícios após minhas aulas. Minhas provas
eram justas e produziam uma boa curva de distribuição de notas. Lembro-me
de me sentir satisfeito quando meus alunos faziam o que eu pedia, o que
acontecia quase sempre. (...) eles eram diligentes e comportados. Fazia
anotações, lições de casa e davam bom retorno no exame final (a maioria
colocava o que eu dissera) e os melhores alunos lembravam-se exatamente de
minhas palavras. Sentia-me recompensado por ser um transmissor de
conteúdo tão bom e por controlar meus alunos tão bem. Eu era um excelente
professor. (KNOWLES, 2009, p. 275-276)
Nesta perspectiva, FREIRE (1996, p. 25) destaca que “ensinar não é transferir
conhecimento, mas criar possibilidades para a sua produção ou a sua construção”, e nas
condições de verdadeira aprendizagem os educandos vão se transformando em reais
sujeitos da construção e da reconstrução do saber ensinado e aprendido, ao lado do
educador, transformado em facilitador igualmente sujeito do processo. Isto implica em
um "fazer andragógico" tendo como foco o aprendiz.
3 O FAZER ANDRAGÓGICO
"O educador que usa o método de educação em grupo enxerga os seres humanos
comuns e gregários como eles são, busca os grupos por onde eles se movimentam e
vivem, e depois os ajuda a fazer sua vida em grupo gerar valores educacionais"
(ROGERS, 1938, apud KNOWLES, 2009, p. 47).
Trabalhar com adultos exige mais atenção e novos métodos. Para atender os
requisitos de facilitadora de aprendizagem de adultos, exige-se mais do que ter firme
convicções, ser capaz de fazer argumentos inteligentes. É indispensável que exista “um
grupo, que coletivamente, confronte, negue ou ridicularize sua convicção e continue a
adorá-la, por seu compromisso com o grupo. Isso é tolerância. (...) (MACKAYE apud
KNOWLES, 2009, p. 46).
Adultos que não concluíram o ensino fundamental ou médio estão voltando para
a escola. Levantamento mostra que
Considerando que os dados analisados neste artigo não são tão recentes, a
pergunta é: quais seriam os índices atualizados destes levantamentos em 2013? Temos
fortes razões para ampliar nosso olhar para o aprendiz adulto. Isto implica em
desenvolver atitudes e habilidades, já disponíveis para entender e atender a
especificidade do modo de aprender do adulto
4
ROSSETTI, Carmem Maria Santa'Anna. Adaptação do curso “Andragogia: um conceito de
educação de adultos”, desenvolvido para a Escola Judicial do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região
EJUD2. São Paulo 2013.
5
Todas as palavras em grego foram consultadas no Léxico ortográfico da língua grega da antiga
até a atual.
é a contraposição de pedagogia, paid significa criança. A palavra grega para adulto seria
enílikos. E para adolescente seria anílikos. Sendo assim, a ideia geral seria que
andragogia fosse o contraponto criança versus adulto. E, na realidade, pela etimologia
da palavra, não é isso que se dá.
6 CONSIDERAÇOES FINAIS
Minha experiência confirma que essas barreiras não são intransponíveis. Trata-se
de uma caminhada que já começou e que está dando certo, graças à boa vontade,
dedicação, investimento pessoal e compreensão da real necessidade, conforme
pudemos ver nos levantamentos e pesquisa referentes à EJA. Essas barreiras são
transponíveis porque professores atentos demonstram sua curiosidade e interesse em
estudar o assunto, mostrando-se abertos a novas atitudes em ações educativas que
envolvem alunos adultos.
Trouxemos à luz uma questão que aguça nossa curiosidade sobre o sentido
etimológico da palavra andragogia. E definimos que apesar do equívoco da palavra, ao
utilizarmos esse termo, estamos falando de um conjunto de procedimentos destinados a
facilitar a aprendizagem do ser humano amadurecido, seja ele homem ou
mulher.
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GADOTTI, Moacir. Paulo Freire: uma biobibliografia. - São Paulo : Cortez : Instituo
Paulo Freire ; Brasília, DF; UNESCO, 1996.
PERRENOUD, Philippe. Dez novas competênciass para ensinar, Porto Alegre : Artes
Médicas Sul, 2000.
ZIKÍDU, Georgio D. Léxico ortográfico da língua grega da antiga até a atual. Atenas :
Editora J. Sideris. 1969, 8ª edição.