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Uma publicação da Igreja Batista da Lagoinha

Gerência de Comunicação

Edição Novembro/2007.

Transcrição: Carla Cristina

Revisão: Ana Paula Costa e Marcelo Ferreira

Capa e Diagramação
Luciano Buchacra

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Palavra do autor

N estes dias, quando se ouve falar em crise, é tempo de buscar nas Es-
crituras exemplos de situações, de pessoas que souberam enfrentar
conflitos e vencê-los, fazendo da crise um excelente momento de milagre.
As promessas foram dadas a nós para que possamos ser valentes e não
nos acovardamos em momento algum. Há sustento e provisão para todo aque-
le que se dispuser a se submeter ao senhorio de Cristo, pois com Ele não há
derrota.
Este livro retrata as atitudes de homens que enfrentaram o inimigo,
venceram e permanecem como testemunho de que quando Deus age, não há
quem possa impedir.

Boa leitura.

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Oração
“Pai, vivifica a tua Palavra em nossos corações. Não quero que minha vida
permaneça a mesma após a leitura deste livro. Traga a tua unção a cada palavra
e me transforme num valente, para viver e honrar ao Senhor. Em nome de Jesus,
amém.”

6
INTRODUÇÃO

Q
uando Jesus fala sobre o “mais valente”, em Lucas 11.22, Ele se referia
a si mesmo. A palavra “valente”, no grego, tem uma conotação mui-
to forte, indicando uma pessoa “forte, física ou mentalmente; característica de
alguém que tem um espírito forte para resistir aos ataques de Satanás, e desta
fortaleza procedem muitas excelências”. Não foi outra pessoa que chamou Je-
sus de valente, mas Ele a si mesmo se chamou “valente”. Jesus foi o homem
de mais valor e coragem que andou entre os homens. Ele foi valente, firme e
seguro como homem, pois Ele abdicou de sua glória para que pudesse morrer
por nós, pelos nossos pecados. Jesus é o nosso exemplo perfeito da valentia
que honra ao Pai.
Certa vez, quando voltava de Brasília, ao passar em uma livraria no ae-
roporto, um livro me chamou a atenção; não apenas pela beleza da capa. To-

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mei o livro nas mãos e comecei a folheá-lo. Disse comigo mesmo: “Esse livro é
‘crente’”! Havia nele uma expressão diferente. Tinha óleo, tinha unção. Eu com-
prei aquele livro e comecei a ler as histórias em voz alta para minha esposa,
Renata, que estava ao meu lado. Outras pessoas que nos cercavam, ouviam
aquelas histórias que eu lia, buscando uma entonação de legítimo contador
de histórias. Dentro do avião, eu parei de ler em voz alta por causa do barulho;
continuei minha leitura silenciosamente e uma história falou profundamente
ao meu coração. Era a história de um médico missionário. Esse médico foi parar
em um país da África, onde morou durante quarenta anos. Longe da sua casa,
da sua família, do seu idioma, viveu quarenta anos pregando o Evangelho,
curando as feridas, sendo uma bênção.
No final de quarenta anos, já com o corpo cansado, ele resolveu voltar
para os Estados Unidos. Numa viagem longa, de navio, passava dias a ima-
ginar como seria a recepção. Perguntava-se como ficaria o cais no dia de sua
chegada. Haveria faixas, bandas de música? E à medida que os dias passavam
e se aproximava do seu ponto final, crescia no seu coração uma ansiedade que
quase o dominava. Queria muito que chegasse o dia tão esperado, quando a
recepção aconteceria.
Quando, finalmente, o navio atracou, deparou-se com um quadro surpre-
endente. Estavam ali muitas pessoas bem vestidas. Havia também muitas fai-
xas: “Bem-vindo ao lar”; “Estávamos com saudades”; “Esperávamos por você”.
Havia, inclusive, uma orquestra, que tocava uma música calorosa, enchendo
a atmosfera de alegria. O homem ficou boquiaberto, pois aguardava uma re-

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cepção e aquela festa estava bem além de suas expectativas. Seu coração batia
acelerado, mal podendo conter a emoção. Entretanto, ele fez uma descoberta
mais surpreendente ainda. Toda aquela festa era para recepcionar um artista
de cinema, que também se encontrava naquele navio, retornando para sua
cidade. O missionário ficou parado com a mala na mão, sem entender o que
se passava e questionou a Deus: “Por quê?” Ele desejava muito saber o motivo
de não encontrar uma pessoa sequer para recepcioná-lo. E naquela hora, Deus
falou ao seu coração: “Filho, você ainda não voltou para casa. A nossa casa é lá;
a recepção é lá.”
É tão diferente quando começamos a entender que há um chamando
divino em nossas vidas. Não devemos nos embriagar na exuberância de nos-
sas próprias palavras e conquistas. Não devemos considerar as coisas como se
elas tivessem um fim em si mesmas. Sempre que nos superamos e vencemos
nossos desafios, temos uma expressão da bondade do Senhor. Não devemos
pensar que obtivemos vitória por nossa própria força, pois nossas capacidades
vêm de Deus. Ver-nos como auto-suficientes nos levará à soberba e ao orgulho.
Se nos consideramos “bons demais”, esperaremos reconhecimento e homena-
gens dos homens, quando a verdadeira honra vem do Pai, que vê em secreto.

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Tempos de crise

T
emos que admitir que a grande crise que a Igreja tem atravessado nes-
se tempo está relacionada com a questão da identidade. Conforme diz
em Provérbios: “Porque como imagina em sua alma, assim ele é.” Precisamos
fazer uma reflexão a respeito de nós mesmos, como Corpo de Cristo. Será que
o semblante do irmão com quem você convive revela que ele é valente? Os
valentes de Deus estão em crise, isto é fato. Mas como? Onde nós vamos en-
contrar os valentes?
Para toda verdade na Bíblia, há uma verdade paralela. Ou seja, aquilo
que nós observamos no mundo natural, é o reflexo do mundo espiritual.
Nesta mensagem, vamos conhecer os chamados “Valentes de Davi”. Jesus
era chamado “Filho de Davi”. Observando a vida desses valentes, vamos ver a
nós mesmos, a Igreja, para que Deus levante heróis, gigantes espirituais. Que

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nossos jovens sejam novamente inspirados; que a Igreja possa realmente se
lançar em projetos grandiosos que redundem em expansão do Reino de Deus.
Um exemplo que citaria de um grande projeto é a salvação de toda Belo Ho-
rizonte. Eu oro para que Deus nos invada com um sentimento de agonia pela
salvação de vidas. Que o nosso coração deseje com intensidade a salvação de
Belo Horizonte.
O meu desejo é que esta mensagem desperte o seu coração. Que o faça
produzir frutos para o Reino de Deus, que faça de você um gigante espiritual,
um valente espiritual.

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Os valentes de Deus

V
amos ler 2 Samuel 23.8-39 e conhecer a vida dos valentes de Davi.

“São estes os nomes dos valentes de Davi: Josebe-Bassebete, filho de Taque-


moni, o principal de três; este brandiu a sua lança contra oitocentos e os feriu de
uma vez. Depois dele, Eleazar, filho de Dodô, filho de Aoí, entre os três valentes
que estavam com Davi, quando desafiaram os filisteus ali reunidos para a pe-
leja. Quando já se haviam retirado os filhos de Israel, ele se levantou e feriu os
filisteus, até lhe cansar a mão e ficar pegada à espada; naquele dia, o Senhor
efetuou grande livramento; e o povo voltou para onde Eleazar estava somente
para tomar os despojos. Depois dele, Samá, filho de Agé, o hararita, quando os
filisteus se ajuntaram em Leí, onde havia um pedaço de terra cheio de lentilhas;
e o povo fugia de diante dos filisteus. Pôs-se Samá no meio daquele terreno, e o

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defendeu, e feriu os filisteus; e o Senhor efetuou grande livramento. Também três
dos trinta cabeças desceram e, no tempo da sega, foram ter com Davi, à caverna
de Adulão; e uma tropa de filisteus se acampara no vale dos Refains. Davi estava
na fortaleza, e a guarnição dos filisteus, em Belém. Suspirou Davi e disse: Quem
me dera beber água do poço que está junto à porta de Belém! Então, aqueles
três valentes romperam pelo acampamento dos filisteus, e tiraram água do poço
junto à porta de Belém, e tomaram-na e a levaram a Davi; ele não a quis beber,
porém a derramou como libação ao Senhor. E disse: Longe de mim, ó Senhor,
fazer tal coisa; beberia eu o sangue dos homens que lá foram com perigo de sua
vida? De maneira que não a quis beber. São estas as coisas que fizeram os três
valentes. Também Abisai, irmão de Joabe, filho de Zeruia, era cabeça de trinta; e
alçou a sua lança contra trezentos e os feriu. E tinha nome entre os primeiros três.
Era ele mais nobre que os trinta e era o primeiro deles; contudo, aos primeiros três
não chegou. Também Benaia, filho de Joiada, era homem de Cabzeel e grande
em obras; feriu ele dois heróis de Moabe. Desceu numa cova e nela matou um
leão no tempo da neve. Matou também um egípcio, homem de grande estatura;
o egípcio trazia uma lança. Mas Benaia o atacou com um cajado, arrancou-lhe
da mão a lança e com ela o matou. Estas coisas fez Benaia, filho de Joiada, pelo
que teve nome entre os primeiros três valentes. Era mais nobre do que os trinta,
porém aos três primeiros não chegou, e Davi o pôs sobre a sua guarda. Entre os
trinta figuravam: Asael, irmão de Joabe; Elanã, filho de Dodô, de Belém; Samá,
harodita; Elica, harodita; Helez paltita; Ira, filho de Iques, tecoíta; Abiezer, ana-
totita; Mebunai, husatita; Zalmon aoíta; Maarai, netofatita; Helebe, filho de

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Baaná, netofatita; Itai, filho de Ribai, de Gibeá, dos filhos de Benjamim; Benaia,
piratonita; Hidai, do ribeiro de Gaás; Abi-Albom, arbatita; Azmavete, barumita;
Eliaba, saalbonita; os filhos de Jasém; Jônatas; Samá, hararita; Aião, filho de
Sarar, ararita; Elifelete, filho de Aasbai, filho de um maacatita; Eliã, filho de Aito-
fel, gilonita; Hezrai, carmelita; paarai, arbita; Igal, filho de Natã, de Zobá; Bani,
gadita; Zeleque, amonita; Naarai; Beerotita, o que trazia as armas de Joabe, filho
de Zeruia; Ira, itrita; Garebe, itrita; Urias, heteu; ao todo, trinta e sete.”

Davi tinha pelo menos trinta e sete homens que eram chamados “os va-
lentes de Davi”. Desses trinta e sete, cinco eram bem chegados; dentre os cinco,
três conviviam intimamente com ele.
Semelhantemente, Jesus, quando subiu para o Pai, tinha quinhentos
discípulos. No Pentecostes, eram cento e vinte; quando Ele mandou de dois
em dois, eram setenta; dos setenta, foram separados doze. Dos doze discípulos
que caminhavam com Jesus, três se destacavam, e desses três, somente um
reclinava a cabeça no peito do Senhor.
Os grandes heróis da fé não foram necessariamente os que mais apareceram ou
foram citados. Eu nunca consagrei a Deus um bebê que se chamasse Josebe-Bassebete.
Somos uma pequena parte do rebanho do Senhor. Aqui na Lagoinha, há
uma placa com meu nome. Nessa placa deveria estar o seu nome, pois não sou eu
quem faz a igreja acontecer. Também conto com o apoio da minha família nesse
ministério que o Senhor me outorgou. Entretanto, quero que você entenda que
os gigantes do Senhor, muitas vezes, estão ocultos na igreja. Trabalham, agem e

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funcionam como suportes para você. Davi era um guerreiro. Ele lutou guerras e
obteve vitórias tremendas, onde sempre estava presente uma equipe.
Em 1986, eu participei de um congresso para evangelistas em Amsterdã,
Holanda. Naquela ocasião, o pastor Billy Graham contou uma ilustração da
qual não me esqueço: “Um homem de Deus morreu e foi para o céu. Antes de
entrar pelas portas do céu, ele procurou um anjo e perguntou-lhe quem era o
homem de Deus que estaria mais perto de Jesus? O anjo olhou bem para ele e
disse que só existiam anônimos diante do tribunal de Cristo.”
Os valentes são anônimos. Não pense que os valentes são aqueles que são reco-
nhecidos. Os grandes heróis de Deus não se destacam porque os apontamos. São anô-
nimos, trabalham para Jesus. A esses, Jesus disse: “São estes os meus servos amados.”
Quando falamos de heróis da fé, não estamos nos referindo a pessoas
bem-sucedidas. As palavras possuem certos sentidos que podem variar, de-
pendendo do contexto em que são empregadas. A palavra sucesso no vocabu-
lário de Deus, ou seja, no contexto bíblico, dentro da perspectiva de Deus, nos
seus planos e pensamentos para o homem, tem um sentido completamente
diferente daquele usualmente conhecido no mundo contemporâneo. Deus nos
chamou para sermos triunfantes, que é algo diferente. O triunfo é medido por
Deus. O sucesso é medido pelos homens. Pode ser que você nunca tenha tido
sucesso aos olhos dos homens e aos olhos de Deus você seja um valente. Não
existe o sucesso nas Escrituras como conotação de ter bom êxito e honra, feli-
cidade total pelos próprios feitos. Fomos chamados para triunfar, caminhando
com o Senhor em fidelidade.

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Como se faz um
valente de Deus?

E
m primeiro lugar, o valente é aquele que não desanima diante das
aparências e dificuldades. Isto pode ser visto por meio da vida daque-
le homem, Josebe-Bassebete. Ele nos ensina que o valente é aquele que não
desanima diante das aparentes impossibilidades. Esse homem lutou contra
oitocentos homens e os feriu de uma só vez. Pode ser até que os seus com-
panheiros lhe tenham dito que não conseguiria, que oitocentos homens eram
muitos para ele enfrentar. Todavia, ele não desistiu. O valente é aquele que
não vai desistir, sequer perde tempo duvidando. No seu coração há a decisão
de tentar; essa decisão é sustentada pela fé em Deus, pois Ele fará as coisas
acontecerem.
Os valentes de Deus são aqueles que não ouvem conselhos dos covardes.

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Desafiam as possibilidades porque acreditam na Palavra de Deus. São fortale-
cidos pela Palavra de Deus. Sabem que: “agindo Deus, quem impedirá?”
A Palavra de Deus diz: “Se creres, verás a glória de Deus.”“Tudo é possível
para aquele que crê.” O valente não desiste diante das impossibilidades, por-
que a sua força está no Senhor.
Há alguns anos passou uma reportagem no Jornal Nacional que não
dá para esquecer. Trata-se da história de um homem do Rio de Janeiro, com
mais de sessenta anos, que ia atravessar a nado o canal da Mancha, que liga a
Europa continental à Inglaterra. Uma companhia de televisão e vários barcos
de apoio estavam acompanhando toda a travessia. Aquele homem passou
alguma coisa parecida com graxa em seu corpo por causa das águas frias e
começou a nadar. Nadou algumas horas e, ao completar seis horas, seu corpo
não agüentou mais. Pediu para que fosse tirado. Ao entrar no barco de apoio,
logo veio a repórter, e fez uma pergunta interessante: “Como o senhor está se
sentindo?” Que pergunta para se fazer ao homem naquela hora! E a resposta
que ele deu foi significativa: “Agora eu posso dormir em paz, porque pelo me-
nos tentei; em segundo lugar, quando alguém conseguir, aplaudirei, porque
agora eu sei como é difícil. Ruim seria se eu tivesse morrido dizendo para mim
mesmo que deveria ter tentado.”
Os valentes de Deus são aqueles que não desistem diante das impossi-
bilidades. Pode não dar certo, mas poderão dormir em paz por não terem se
aliado aos medíocres, aos covardes. Lutam pela causa.
Existem tantas igrejas maravilhosas em Belo Horizonte, mas quero enfati-

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zar que Deus tem um propósito e um plano para você. Se você está plantado na
Lagoinha, frutifique aqui. Você será conhecido sempre pelos seus frutos aqui
ou em qualquer outra igreja. O propósito do Senhor é que você seja realmen-
te um valente. Você pode imaginar toda a extensão daquilo que Deus pode
e quer realizar por intermédio da sua vida? Sabe por que não temos tantos
valentes nos dias de hoje? É porque não tentamos, e quando tentamos, muitas
vezes a desistência vem rápido demais. Houve um tempo em que a ênfase do
Espírito Santo era a salvação de uma pessoa. Depois, a ênfase ampliou-se para
a salvação da família – “Crê no Senhor Jesus e serás salvo tu e a tua casa”. Hoje,
nesse tempo que antecede a volta de Jesus, a ênfase é a salvação de cidades,
é a salvação de nações.
O avivamento que aconteceu na Guatemala, onde 95% da população já
confessa Jesus Cristo como Senhor, é um testemunho. Na década de 80, eu
estive na Coréia do Sul. As árvores não tinham folhas e não era por causa do in-
verno. É que as pessoas não tinham o que comer e comiam as folhas das arvo-
res. Era miséria total. Se você observar nas favelas de Belo Horizonte, aquelas
casinhas mais simples, pareciam mansões em relação às favelas da Coréia do
Sul. Hoje, ao chegar em Seul, se tem a impressão de que é outro planeta. Tudo
mudou com a chegada do Evangelho. O Evangelho muda os corações, muda
a sociedade, muda a cultura de um país. Graças a Deus por isso! A Palavra de
Deus transforma desertos em jardins.
Quando eu era adolescente, gostava de assistir aos filmes da legião fran-
cesa. Aqueles soldados mercenários tinham um lema mais ou menos assim:

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“Se eu falhar, me engulam; se eu cair, me levantem; se eu desistir, me matem.”
Quando eles se alistavam, já conheciam o significado dessas afirmativas.
Jesus disse algo parecido em Lucas 9.62: “Ninguém que tendo posto à mão
no arado, olha para trás é apto para o reino de Deus.”
Filho, quando você veio ao Senhor, você não veio para ser um covarde, um
medíocre. Você veio para ser um valente. Você é o melhor que Deus tem. Você
precisa ter entendimento desta verdade. Entramos em um caminho que não
tem volta; não pode e não deve ter retorno.

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O valente de Deus é
movido por uma santa
obstinação

N
ós observamos isso na vida de Eleazar, nos versos 9 e 10 de 2 Samuel
23: “Depois dele, Eleazar, filho de Dodô, filho de Aoí, entre os três va-
lentes que estavam com Davi, quando desafiaram os filisteus ali reunidos para
a peleja. Quando já se haviam retirado os filhos de Israel, ele se levantou e feriu
os filisteus, até lhe cansar a mão e fiar pegada à espada; naquele dia, o Senhor
efetuou grande livramento; e o povo voltou para onde Eleazar estava somente
para tomar os despojos.”
É interessante que Eleazar tomou a espada para guerrear. Ele lutou tanto,
que quando a batalha parou, sua espada estava presa em sua mão. Você pode

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imaginar o que se passou? A obstinação dele pela vitória era tão grande que a
espada ficou em sua mão. A espada era pesada, mas ele não podia soltá-la.
Quando os outros companheiros foram embora, cada um para o seu lado,
Eleazar continuou lutando.
Querido, nós precisamos da obstinação para sermos valentes. Quando le-
mos na Bíblia sobre a vida de Calebe, o nosso coração ganha vida. É o exemplo
do poder de Deus agindo sobre a fé, sobre a obstinação do vitorioso.
Em Números 13, Calebe fora enviado com seus companheiros para exa-
minar a terra de Canaã. Apesar da visão negativa dos dez homens, no verso
30, ele afirmou: “[...] Eia! Subamos e possuamos a terra, porque, certamente,
prevaleceremos contra ela.” Somente Josué concordou com ele.
Mais tarde (em Josué 14.7-11), o próprio Calebe faz uma retrospectiva de
sua vida de valente: “Tinha eu quarenta anos quando Moisés, servo do Senhor,
me enviou de Cades-Barnéia para espiar a terra; e eu lhe relatei como sentia no
coração. Mas meus irmãos que subiram comigo desesperaram o povo; eu, porém,
perseverei em seguir o Senhor, meu Deus. Então, Moisés, naquele dia, jurou, di-
zendo: Certamente, a terra em que puseste o pé será tua e de teus filhos, em he-
rança perpetuamente, pois perseveraste em seguir o Senhor, meu Deus. Eis, ago-
ra, o Senhor me conservou em vida, como prometeu; quarenta e cinco anos há
desde que o Senhor falou esta palavra a Moisés, andando Israel ainda no deserto;
e, já agora, sou de oitenta e cinco anos. Estou forte ainda hoje como no dia em
que Moisés me enviou; qual era minha força naquele dia, tal ainda agora para
o combate, tanto para sair a ele como para voltar.” Aquela montanha, Hebrom,

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foi conquistada por Calebe e a conquista nasceu no seu coração de valente. O
verso 13 diz que Calebe recebeu Hebrom como herança.
Quando olhamos para Sansão com os olhos furados depois do ciclo peca-
do/arrependimento/restauração, observamos que ele tem também um cora-
ção obstinado para vencer. Ele fez um pedido a Deus: “[...] Senhor Deus, peço-te
que te lembres de mim, e dá-me forças só esta vez, ó Deus, para que me vingue
dos filisteus, ao menos por um dos meus olhos.” (Juízes 16.28).
O Espírito do Senhor tomou-o com tanto poder que ele sacudiu as colunas
e o templo de Dagon caiu. “[...] foram mais os que matou na sua morte do que
os que matara na sua vida.” (Juízes 16.30)
Simeão foi um homem que passou a vida esperando o momento de co-
nhecer Jesus. A profetiza Ana aguardava na mesma esperança. Vivia no templo
adorando noite e dia. A esperança de ambos era que seus olhos vissem a salva-
ção de Deus; para isso viviam. Eram obstinados por essa certeza.
Ninguém foi tão obstinado quanto Jesus. Quando tentavam protegê-lo,
Ele dizia: “Para isso eu nasci; para isso eu vim.”
Ao passar por Samaria, indo para Jerusalém, os samaritanos não o re-
ceberam por causa do seu rosto. O próprio rosto de Jesus tinha a mensagem:
“Vou para Jerusalém”. Ele foi obstinado até o ponto de ir à cruz. Quando ele
disse: “Pai, está consumado; nas tuas mãos entrego meu espírito”, estava se
rendendo. Nada o desviou de seu propósito. Havia uma santa obstinação que
se concluía ali.
Meus irmãos, Deus move a sua Igreja com santa obstinação pela sua

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causa. Nós não devemos olhar o mundo afirmando que não conseguiremos
vencê-lo, porque o mundo jaz no maligno. Está escrito em Romanos 16.20: “E
o Deus da paz, em breve, esmagará debaixo dos vossos pés a Satanás.” Nossos
pés foram destinados a pisar, esmagar Satanás. É promessa do Senhor.
João Wesley foi um apaixonado, um valente de Deus. Com o coração
obstinado para a salvação das almas, os metodistas foram pelo mundo inteiro
no Século XVIII. João Wesley orou assim: “Senhor, dá-me apenas 100 homens,
sacerdotes ou leigos, que não temam outra coisa senão o pecado, que não amem
a outras pessoas senão a ti, e juntos destronaremos Satanás e implantaremos o
Reino de Deus na Terra.”
O que nós estamos vivendo como Igreja faz parte de uma realidade no
mundo espiritual que não conseguimos entender plenamente. Precisamos
buscar de Deus o entendimento. Está escrito em Provérbios 24.32: “Tendo-o
visto, considerei; vi e recebi a instrução.” Tudo que vemos no mundo natural,
com os olhos físicos, deve ser considerado à luz da Palavra de Deus, para que
tenhamos entendimento da realidade espiritual. Precisamos ter os olhos do
coração iluminados.

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O valente não teme
arriscar-se por um
grande projeto

“D
epois dele, Samá, filho de Agé, o hararita, quando os filisteus se
ajuntaram em Leí, onde havia um pedaço de terra cheio de lenti-
lhas; e o povo fugia de diante dos filisteus. Pôs-se Samá no meio daquele terreno,
e o defendeu, e feriu os filisteus; e o Senhor efetuou grande livramento.” (2 Sa-
muel 23.11-12).
Desta vez, os filisteus se reuniram para atacar Israel, mas havia um pe-
daço de terra cheio de lentilhas. A lentilha é um grão alimentício nutritivo
originário do Mediterrâneo e pode ser comparado ao feijão. Naquele dia, os
filisteus vieram com fúria e o povo, amedrontado, fugia de diante deles, mas

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Samá tomou uma posição no meio do terreno e o defendeu. Ele tomou a es-
pada e não temeu se ariscar. Há um dito popular em que se afirma: “É melhor
um covarde vivo do que um herói morto.” O valente de Deus é aquela pessoa que
não teme se arriscar por um grande projeto. A terra de lentilhas pode parecer
algo insignificante para alguns, mas será algo grandioso, pois foi dada a você
pelo Senhor.
A sua terra de lentilhas pode ser a sua família, seu trabalho, sua honra,
sua dignidade, sua santidade, sua pureza. As pessoas olham e dizem que é
apenas uma terra de lentilha, e que não tem valor algum. O valente é aquele
que não teme se arriscar por um grande projeto. A espada que temos hoje é a
Palavra de Deus. É preciso usá-la para defender a nossa família. É hora de você
se posicionar e não permitir que as mensagens das trevas entrem nos corações
dos seus filhos. Se você se acostuma na permissividade, logo o inimigo terá
mais espaço, minando a fé e roubando o seu relacionamento com Deus.
Uma moça que, antes de vir para Jesus, teve uma vida conturbada, mar-
cada por situações temíveis como, por exemplo, a prostituição, quando nasce
de novo, aos olhos de Deus tornou-se tão pura quanto a virgem Maria. Portan-
to, é chegado o momento de defender a pureza. Ao iniciar um novo relaciona-
mento, se o namorado fizer um convite para irem ao motel, a resposta deverá
ser um não. É preciso ser firme, defender o que o Senhor deu. Este conselho é
também para as moças. Não devem perder o que o Senhor tem dado. É neces-
sário zelar pelos seus terrenos de lentilhas, cuidar bem do nome, da santidade,
da pureza e não temer se arriscar. É melhor morrer defendendo do que viver

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como um covarde. O valente sabe da sua identidade. Ele tem sonhos; e luta
para defendê-los.
Talvez você diga: “Para que defender o meu trabalho, se ganho um salário
mínimo?” Querido, cuide do que é seu. Valorize o que o Senhor lhe tem dado e
você verá. O Senhor ampliará o seu território, alargará as suas fronteiras e fará
de você uma grande bênção em todos os lugares onde você for. Aleluia!
Caso você esteja desempregado, não desanime. Continue trabalhando.
Quero lembrar-lhe que emprego e trabalho são duas coisas diferentes. A Bíblia
não fala em emprego, mas fala em trabalho. Há uma promessa para você; este
é apenas um momento. Vai passar. “Do trabalho de tuas mãos comerás, feliz
serás e tudo te irá bem.” (Salmo 128.2).
Persevere em buscar ao Senhor, seja valente, não se deixe abater. O Se-
nhor o abençoará de tal forma que você terá para dar aos outros. Amém!

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O valente vai além

“T
ambém três dos trinta cabeças desceram e, no tempo da sega, fo-
ram ter com Davi, à caverna de Adulão; e uma tropa de filisteus se
acampara no vale dos Refains. Davi estava na fortaleza, e a guarnição dos
filisteus, em Belém. Suspirou Davi e disse: Quem me dera beber água do poço
que está junto à porta de Belém! Então, aqueles três valentes romperam pelo
acampamento dos filisteus, e tiraram água do poço junto à porta de Belém, e
tomaram-na e a levaram a Davi; ele não a quis beber, porém a derramou como
libação ao Senhor. E disse: Longe de mim, ó Senhor, fazer tal coisa; beberia
eu o sangue dos homens que lá foram com perigo de sua vida? De maneira
que não a quis beber. São estas as coisas que fizeram os três valentes.” (2Sm
23.13-17).

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Como são forjados os valentes de Deus? O valente faz sempre além do
que lhe pedem ou mandam.
Davi era um líder comprometido com seu exército. Temia ao Senhor e
aqueles que o seguiam tinham seu exemplo de guerreiro valente e homem
segundo o coração de Deus. Os medíocres fazem o que lhes mandam fazer; o
herói vai além. Davi apenas suspirou; ele não deu ordem para que buscassem
a água no poço de Jacó. O valente sempre faz além daquilo que lhe pedem,
porque o seu desejo é agradar ao Senhor. Qual é o suspiro no coração de Jesus?
Precisamos ouvi-lo. Somente ouviremos se estivermos bem perto dele.
O nosso líder é o Senhor, meus irmãos! Existimos não somente para fa-
zermos aquilo que Deus ordena, mas fomos chamados para agradar o coração
de Deus.
Por outro lado, observamos como Davi agiu naquela situação. Davi não
usou do seu sucesso, da sua fama. O manto da humildade estava sobre ele e
não houve oportunismo da parte de Davi. Um líder espiritual nunca deve abu-
sar de seus liderados. Davi derramou aquela água como oferta ao Senhor.

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O valente não busca
reconhecimento

“T
ambém Abisai, irmão de Joabe, filho de Zeruia, era cabeça de trinta;
e alçou a sua lança contra trezentos e os feriu. E tinha nome entre os
primeiros três. Era ele mais nobre do que os trinta e era o primeiro deles; contudo,
aos primeiros três não chegou.” (2Sm 23.18-19).
Meu irmão, não importa se você é um “ilustre anônimo”, que nunca teve o
microfone nas mãos. Inclusive, aquele que está com o microfone nas mãos pode
nem ser um valente. O valente pode ser aquele que está na última fileira.
Se você perguntar a um maestro qual é o músico mais difícil de ser con-
tratado, o mais temperamental da orquestra, o que ele dirá? Provavelmente,
essa será sua resposta: “É o segundo violinista, porque todos querem ser o pri-

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meiro.” Entretanto, a beleza de uma orquestra não ressoa por meio do primeiro
violino. É o segundo violinista quem provoca a harmonia.
Não queira ser aquilo que não é o seu chamado. Todos querem ser o primeiro.
Absai fez proezas para Deus, mas não chegou lá e mesmo assim ele continuou fiel.
Há pessoas na igreja que decidem ir para outro lugar, alegando falta de oportu-
nidade. Quem sabe a sua oportunidade é ser um intercessor, ser um valente, um
guerreiro ou uma guerreira de oração. O homem de Deus tem que ser reconhecido
em dois lugares: no céu e no inferno. No céu para ser admirado e no inferno para ser
temido. Os céus vão admirar a santidade, a fidelidade e o amor ao Senhor; o inferno
sempre o temerá, porque sabe que o Deus que você serve é grande e temível.
Deus fica admirado quando encontra um valente. Um dia Deus encontrou
Jó e ficou admirado.
Atos 19.11-15, mostra-nos exatamente como o inferno deve nos conhecer.
“E Deus, pelas mãos de Paulo, fazia milagres extraordinários, a ponto de
levarem aos enfermos lenços e aventais do seu uso pessoal, diante dos quais as
enfermidades fugiam das suas vítimas, e os espíritos malignos se retiravam. E
alguns judeus, exorcistas ambulantes, tentaram invocar o nome do Senhor Jesus
sobre possessos de espíritos malignos, dizendo: Esconjuro-vos por Jesus, a quem
Paulo prega. Os que faziam isto eram sete filhos de um judeu chamado Ceva,
sumo sacerdote. Mas o espírito maligno lhes respondeu: Conheço a Jesus e sei
quem é Paulo; mas vós, quem sois?”
Nos lugares certos, seremos conhecidos. Não importa que sejamos anôni-
mos aqui; o importante é que céu e inferno nos conheçam.

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O valente é
criativo

“T
ambém Benaia, filho de Joiada, era homem valente de Cabzeel e grande
em obras; feriu ele dois heróis de Moabe. Desceu numa cova e nela ma-
tou um leão no tempo da neve. Matou também um egípcio, homem de grande esta-
tura; o egípcio trazia uma lança, mas Benaia o atacou com um cajado, arrancou-lhe
da mão a lança e com ela o matou”. (2 Samuel 23.20-21).
O guerreiro valente mata leão no tempo da neve, ou seja, exatamente na
época em que o leão está mais faminto. “Matou também egípcio”. Egito é tudo
que se relaciona com as obras do inferno. “Porque as armas da nossa milícia não
são carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas, anulando nós sofis-
mas e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e levando cativo

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todo pensamento à obediência de Cristo.” (2 Coríntios 10.4-5).
O valente precisa ser criativo. Aprendemos isso com o exemplo de Benaia.
Ele não se restringiu aos seus próprios recursos, não se limitou a lutar com suas
próprias armas. Ele soube usar o potencial do inimigo em favor da sua causa.

34
Conclusão

N
ossa vocação é sermos valentes de Deus. Nossa igreja desesperada-
mente precisa de valentes, de heróis, de gigantes de Deus, homens e
mulheres que não sejam covardes, que sejam obstinados pela obra que fazem,
que sonhem grandes sonhos para Deus, que ultrapassem os limites daquilo que
lhes foi requerido. Os valentes não devem confundir a causa que defendem com
suas necessidades, com seus desejos pessoais, mas lutar com criatividade, mes-
mo que nunca sejam aplaudidos. O valente é aquele que tem uma causa para
viver, um Senhor para amar, um terreno para defender com sua própria vida. O
valente tem uma cidade para trazer aos pés do Senhor. Se não houver paixão,
como as vidas chegarão ao Senhor? O valente sabe que não pode perder tempo,
pois tem uma vida apenas.

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O apóstolo Paulo, em Atos 20.24, diz: “Porém em nada considero a vida pre-
ciosa para mim mesmo, contanto que complete a minha carreira e o ministério que
recebi do Senhor Jesus para testemunhar o evangelho da graça de Deus.”
Você é um valente! Maior é o que está em você. Não se trata da sua força
ou da sua capacidade. É a própria vida de Deus em sua vida que vai fazer toda
a diferença.

Que esta palavra entre em seu coração e que a partir de hoje você seja um
valente do Senhor.

Que Deus o abençoe.

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