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EAD

Filosofia no Período
Helenista

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1. OBJETIVOS
• Compreender a situação histórica na qual se originaram
as profundas mudanças no período helenístico.
• Analisar a razão pela qual a ética se torna o principal ob-
jeto da reflexão filosófica.
• Observar a configuração de novas Escolas e tendências filo-
sóficas, tais como epicurismo, estoicismo, ceticismo etc.

2. Conteúdos
• Filosofia de Epicuro.
• Filosofia dos estoicos.
• Crítica ao dogmatismo do ceticismo.
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3. Orientações para o estudo da unidade


Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que
você leia as orientações a seguir:
1) Não se limite ao conteúdo deste Caderno de Referência
de Conteúdo; busque outras informações em sites con-
fiáveis e/ou nas referências bibliográficas, presentes no
final de cada unidade. Lembre-se de que, na modalida-
de EAD, o engajamento pessoal é um fator determinante
para o seu crescimento intelectual.
2) Para conhecer mais sobre a vida e as ideias dos filósofos
clássicos, acesse o conteúdo disponível no seguinte site:
<http://www.mundodosfilosofos.com.br/classico.htm>.
Acesso em: 17 abr. 2010.
3) Sempre que tiver dificuldades com o texto, procure a
orientação de seu tutor ou, então, pesquise os concei-
tos principais deste CRC no item Glossário de Conceitos,
presente no tópico Orientações para o estudo.
4) Para conhecer mais sobre o período da Filosofia chama-
do de "período helenista", acesse o conteúdo disponível
neste site: <http://www.consciencia.org/tag/helenis-
mo>. Acesso em: 23 abr. 2010.

4. iNTRODUÇÃO à unidade
A época do helenismo (século 3º a.C.) é um período bastante
significativo para a cultura grega. Durante essa época, ocorre uma
mudança radical na estrutura socioeconômica da sociedade anti-
ga. Em virtude da política imperialista e conquistadora de Alexan-
dre Magno e, posteriormente, do Império Romano, a cultura da
pólis grega é, praticamente, extinta. Alexandre Magno dissolve as
fronteiras da pólis, e o povo grego é obrigado a conviver com ou-
tros povos no mesmo âmbito social. Essa convivência, por um lado,
enriquece as culturas por meio do intercâmbio cultural; por outro
lado, porém, causa uma profunda crise moral. Afinal, a mistura
de povos diferentes, com culturas, crenças e costumes diferentes,
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obrigados a conviver num âmbito comum, inevitavelmente, gera


essas contradições morais. Por essa razão, as questões ontológi-
cas, cosmológicas e gnosiológicas cederam, nos períodos helenís-
tico e romano, lugar para a ética. Esta se transforma na principal
protagonista da reflexão filosófica. Busca-se, portanto, uma ética
universal que possa dar resposta a essa crise moral.
O período helenístico ainda nota a passagem da Antiguidade
Grega de cultura a civilização. Desenvolve-se a base econômica,
fortalecem-se o trabalho artesanal e o comércio entre as diferentes
regiões do Império, começa-se a construção de estradas, surgem-
se as cidades-metrópoles e, também, aprofunda-se a divisão social
de classes. Tudo isso proporciona o surgimento de uma mundivi-
dência mais vasta e de um novo ideal de homem: o cosmopolita.
Se, de um lado, ele perdeu a sua pátria – a pólis ­–; de outro lado,
tornou-se um cidadão do mundo.
A Filosofia, nesse período, também sofre uma mudança sig-
nificativa. Da Filosofia como ciência universal, derivam, agora, três
áreas principais: a Física, a lógica e, especialmente, a ética. Essa últi-
ma, com a sua ênfase à felicidade, aparece como farmacon contra as
crises socioeconômicas que dominam o mundo antigo. Justamente
por isso, as doutrinas éticas mais significantes surgem nesse perío-
do. Seus principais protagonistas são o epicurismo e o estoicismo.
Cabe notar que a Filosofia Helenista dá seus primeiros pas-
sos sob a influência de Demócrito, Platão e Aristóteles. Todavia,
aos poucos, ela se distancia dos filósofos clássicos. A incapacidade
de se encontrar alternativas teóricas no classicismo leva o hele-
nismo a tendências ecléticas, que, por sua vez, implicam incoe-
rências teóricas. Em outras palavras, nota-se, nesse período, um
enfraquecimento da originalidade e um esgotamento das posições
teóricas.
Você pode acompanhar, a seguir, uma apresentação históri-
ca do período que trataremos nesta unidade.

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Época helenística –––––––––––––––––––––––––––––––––––––


Chama-se época helenística o período de tempo durante o qual a cultura grega
passa a ser o bem comum de todos os países mediterrâneos, impondo-se, desde a
morte de Alexandre até os dias das grandes conquistas romanas, do Egito a Síria até
Roma e Espanha, nos meios judeus médio instruídos como na nobreza romana. A
língua grega, na forma de dialeto comum (koiné) é o instrumento desta cultura.
Em alguns aspectos este período é um dos mais importantes da história da civili-
zação ocidental. Assim como as influências gregas chegam ao Extremo Oriente,
de modo inverso, a partir das expedições de Alexandre vemos o Ocidente grego
aberto às influências do Oriente e do Extremo Oriente. Assim seguimos, em sua
maturidade e em seu declínio brilhante, para uma filosofia que, longe das preo-
cupações políticas, aspira descobrir as regras universais da conduta humana e
conduzir as consciências. Assistimos, durante este declínio, à ascensão gradual
das religiões orientais e do cristianismo. Depois vem a invasão dos bárbaros, a
decomposição do império e o longo recolhimento silencioso que prepara a cultu-
ra moderna (Disponível em: <http://www.fe.unicamp.br/dis/transversal/rizomas/
ESTOICISMO_E_HELENISMO.pdf>. Acesso em: 23 abr. 2010).
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Voce irá acompanhar, a seguir, o desenvolvimeto da Escola
filosófica que buscou se orientar pelas teorias do filósofo Platão.
Trata-se da Academia, que foi fundada pelo próprio filósofo e que
se perpetuou até a Idade Média.

Academia

Figura 1 Platão e seus discípulos na Academia.


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Após a morte de Platão, a Academia continua a trajetória


teórica desenhada por ele. Todavia, enfatiza, no platonismo, seus
aspectos pitagóricos. Ao longo de seu itinerário histórico, a Aca-
demia passa por algumas transformações, por meio das quais se
revelam três formações:
• A Velha Academia: essa formação segue, quase em por-
menores, a Filosofia Platônica.
• A Média Academia: essa formação se envolve com o ceti-
cismo; como resultado, surge o ceticismo acadêmico.
• A Nova Academia: essa formação revela uma tendência
eclética acentuada.
Depois da morte do fundador da Academia, a gestão da Esco-
la passou para o sobrinho de Platão, Espeucipo. Este almejava reunir
em um núcleo geral todas as ciências. Para tal fim, Espeucipo bus-
cou encontrar um traço comum entre as ciências. Um núcleo capaz
de realizar a almejada reunião, para o sobrinho de Platão, é a Mate-
mática. Essa é a razão pela qual ele fortaleceu a presença de ideias
pitagóricas na Filosofia Platônica. A ideia fundamental de Espeucipo
consistia no princípio da unidade (uno), que se caracteriza como o ser
absoluto. O uno nada mais é, segundo o filósofo, que a síntese objeti-
va das coisas matemáticas existentes independentemente das coisas
sensíveis. Essa ideia do filósofo é bastante criticada por Aristóteles.
De acordo com o filósofo, por um lado, Espeucipo difere o entendi-
mento pitagórico do número, estabelecendo-o como uma natureza
existente separadamente das coisas sensíveis, assim como isso é em
Platão; por outro lado, Espeucipo aproxima-se das ideias pitagóricas
e, simultaneamente, distancia-se da teoria platônica do ser na medida
em que considera o número como ser absoluto. Nesse sentido, o filó-
sofo desenvolve a sua ontologia numérica. Nela, significado principal
possuem a mônada e a díade. A primeira assume a importância de
princípio formal, enquanto a segunda, de princípio material.
Vale observar que, na doutrina de Espeucipo, o princípio do
hierarquismo platônico sofre uma mudança significativa, pois, no

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topo da hierarquia, o filósofo coloca o uno, o qual, diferentemente


da teoria platônica, não é idêntico ao bem. A razão dessa separa-
ção entre o uno e o bem, segundo Espeucipo, consiste no fato de
que, se o uno é idêntico ao bem, deve-se pressupor, simultanea-
mente, que a multiplicidade é idêntica ao mal, o que, de acordo
com o filósofo, é um absurdo.
A objeção que Espeucipo dirige a Platão se estende, tam-
bém, à gnosiologia platônica. O sobrinho de Platão reconhece a
importância dos dados sensíveis no processo de aquisição do co-
nhecimento e da verdade. Conforme esse entendimento, ele esta-
belece dois critérios gnosiológicos, a saber:
• o critério do conhecimento sensível;
• o critério do conhecimento racional.
Com base nesses critérios, abstraem-se dois tipos de conhe-
cimentos: o sensível e o racional.
Evidentemente, a Academia, após Platão, começa a incorpo-
rar novas ideias no platonismo que o enriquecem, possibilitando
a sua comunicação com outras doutrinas; em contrapartida, intro-
duz-se nele uma acentuada tendência eclética que corrói os seus
fundamentos basilares.
Outra famosa escola do período helenista é o Liceu fundado
por Aristóteles alguns anos depois de Platão ter fundado a Acade-
mia.

Liceu
A Escola do Liceu dá continuidade à concepção teórica de
Aristóteles. A figura mais importante da Escola é Teofrasto (372
a.C. a 287 a.C.). A sua obra principal é Caracteres, em que o su-
cessor de Aristóteles expõe suas ideias sobre as partes mais ínti-
mas da psique humana, embora fortaleça a tendência empirista
no peripatetismo, ressaltando a importância da experiência cientí-
fica para a aquisição do conhecimento. Partindo dessa concepção
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empirista, Teofrasto submete à crítica a teoria das ideias de Pla-


tão, destacando a impossibilidade de se explicar a relação entre as
ideias e as coisas sensíveis.
A forte ênfase ao empirismo implica diretamente na forma-
ção da tendência materialista da Escola do Liceu. Aristóxeno (sé-
culo 4º a.C.) é um dos principais protagonistas dessa tendência.
Ele define a alma como a harmonia de funções corporais ou um
movimento específico do corpo. Conforme essa visão, a alma não
possui uma existência independente do corpo, mas nasce e morre
com ele. Ela é totalmente dependente do corpo.
O pensador mais consequente na concepção materialista
do Liceu é Stratonos (340 a.C. a 269 a.C.), discípulo de Teofrasto.
Devido à enorme importância que Stratonos atribui à natureza, é
chamado de "o físico". Segundo o pensador, o fundamento prin-
cipal de toda a existência é a natureza. Por essa razão, o filósofo
substitui a ideia aristotélica de primeiro motor imóvel pela ideia de
forças espontâneas da natureza. Objetando Aristóteles, Stratonos
afirma que a matéria não é um substrato indeterminado, mas algo
que possui qualidades, forças e funções. A ela, contra Aristóteles,
Stratonos atribui o movimento.
Como se pode observar, Stratonos direciona o Liceu ao ma-
terialismo ao rejeitar a ideia aristotélica de primeiro motor imóvel.
Segundo ele, as coisas e os fenômenos surgem espontaneamente
do acaso, ideia que nega por completo o teleologismo de Aristó-
teles.
Depois de Stratonos, sob a influência do estoicismo e do pla-
tonismo, o peripatetismo da Escola do Liceu perde suas caracterís-
ticas. Em consequência disso, a distinção clara entre o peripatetis-
mo e o platonismo dissolve-se.
A seguir, você entrará em contato com umas das principais
escolas do período helenista: a escola epicurista.

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5. Epicurismo
O epicurismo, uma das "Escolas" filosófi-
cas mais importantes do período helênico, surge
num momento não apenas de profundas trans-
formações socioeconômicas, mas também forte-
mente marcado pelo pessimismo, pelo ceticismo
e pelo fatalismo, os quais foram provocados pela
Figura 2 Epicuro. crise profunda à qual a época estava sujeita. A
Filosofia de Epicuro aparece como uma resposta a essa tendência
fatalista, dando esperança ao homem de que a felicidade, afinal de
contas, é possivel.
A Filosofia de Epicuro foi vista por alguns pensadores anti-
gos, modernos e contemporâneos com certa desconfiança e des-
prezo. Segundo M. G. Kury (1977), Cícero entendia que Epicuro
teria distorcido a herança atomista de Demócrito, e Plutarco, por
sua vez, afirma que o epicurismo é uma reprodução literal do ato-
mismo de Leucipo e Demócrito. Hegel (1956), referindo-se ao fato
de que muitos escritos de Epicuro se foram perdendo, afirma que,
com tal perda, a Filosofia só ganhou.
Apesar dessas opiniões negativas e radicais referentes à Filo-
sofia de Epicuro, não podemos deixar de notar a grande influência
que o epicurismo exerceu sobre o campo da ética. Não podemos,
também, omitir o fato de que, com Epicuro, surgiu o conceito de
liberdade.
Epicuro nasceu na Ilha de Samos, em 341 a.C. Estudou com
o platonista Pânfilo por quatro anos e destacou-se como o melhor
dos seus discípulos. Posteriormente, familiarizou-se com o atomis-
mo por meio de Nausífanes de Téos, que era discípulo de Demó-
crito. Em 306 a.C., fundou sua própria Escola filosófica, chamada
"O Jardim", na qual convivia com alguns amigos em comunidade.
Nela, lecionou até a sua morte, ocorrida em 271 a.C. A sua saúde
frágil e a sua vida, marcada pelo sofrimento, certamente, teriam
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influenciado na sua concepção ética de ataraxia, como veremos


mais adiante.
Como foi ressaltado anteriormente, a Filosofia, na época do
helenismo, desenvolveu-se em três disciplinas: Física, Lógica e Éti-
ca. Isso não foi diferente na Filosofia de Epicuro. Veremos, a seguir,
as ideias de Epicuro a respeito dessas três disciplinas, as quais fo-
ram bastante importantes para o período que ora estudamos.

Física epicurista
A Física epicurista é profundamente marcada pelo atomis-
mo de Leucipo e Demócrito. Em certo sentido, podemos dizer que
Epicuro retoma quase em pormenores a Física atomista, porém, o
filósofo configura-a como a parte teórica da sua Filosofia Prática.
Em outras palavras: na Física, Epicuro encontra os pilares teóri-
cos da sua ética. Assim como Demócrito, estabelece três aspectos
principais: os átomos, o espaço vazio e o movimento, partindo da
ideia atomista de materialidade do mundo, da qual se induz a con-
cepção dos átomos como os elementos primordiais para a consti-
tuição da matéria. A existência da substância material funda-se na
certeza dos dados sensíveis, conforme o argumento de que nada
surge do inexistente e, portanto, deve-se reconhecer a existência
de partículas materiais constitutivas da realidade. Retomando a
ideia de Demócrito, para Epicuro, o mundo surge em decorrência
do movimento dos átomos. O universo é infinito e, por isso, não
há localizações como "para cima", "para baixo" etc. Existem os áto-
mos e o espaço vazio, os dois aspectos da realidade. Por meio do
movimento dos átomos, ocorre a junção e a separação das coisas,
ou seja, o nascimento e o perecimento. Os átomos são eternos;
estes não surgem, uma vez que não há partículas menores que os
podem constituir. Os átomos são indivisíveis; dessa forma, não se
encontra espaço vazio em que ocorre a sua divisão e a sua trans-
formação. As partículas materiais possuem a forma que descre-
vem os limites dos átomos. Diferentemente de Demócrito, Epicuro
nega a possibilidade de os átomos possuírem formas inumeráveis.

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Todavia, toda forma é representada por átomos inumeráveis; caso


contrário, chegar-se-ia à concepção de limite no espaço e no tem-
po. A determinação objetiva dos átomos pressupõe as suas rela-
ções com o vazio. Os átomos e o vazio excluem-se mutualmente,
visto que possuem caraterísticas opostas. No vazio, não há áto-
mos; nos átomos, não há vazio.
O vazio não é apenas não ser, mas é um aspecto importante
e peculiar da realidade. Por meio dele, concretizam-se o movimen-
to dos átomos e o surgimento da diversidade.
Referente ao movimento, Epicuro introduz algumas corre-
ções na doutrina atomista. Semelhante a Demócrito, concebe os
átomos da mesma maneira que o ser dos eleatas, porém, atribui-
lhes um caráter dinâmico, de acordo com a concepção atomista de
unidade entre a matéria e o movimento. Todavia, diferentemente
de Demócrito e da sua concepção de movimento caótico, Epicu-
ro elabora uma classificação dos diferentes tipos de movimento,
reduzindo-os a três:
• Movimento causado pelo peso (dos átomos), que é o pri-
mordial e o mais elementar dos modos de movimento.
• Movimento que se produz pelo choque (entre os átomos), que
é a causa imediata do surgimento e da separação das coisas.
• Desvio espontâneo, que possui uma importância muito
grande não tanto na Física, mas, sobretudo, na ética epi-
curista. Esse movimento envolve o problema da necessi-
dade e do acaso. O desvio espontâneo inaugura a possi-
bilidade de um novo entendimento antropológico, como
veremos mais adiante, oferecendo uma proteção teórica
do indivíduo contra o determinismo e o fatalismo.

Lógica epicurista
Na parte da lógica, o epicurismo enfatiza os problemas liga-
dos à teoria do conheciemnto. De acordo com a tradição gnosio-
lógica, Epicuro enfatiza a adequação entre o sujeito cognoscente e
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a realidade objetiva. Vale observar, porém, que, nessa adequação,


um papel importantíssimo cabe aos sentidos; desse modo, a sen-
sação é uma forma irrecusável do conhecimento. A certeza dos
sentidos deriva do fato de que a sensação só pode ser causada
por uma causa externa (objeto). Contudo, a receptividade (os sen-
tidos), sendo passiva, não tem o poder de transformar os dados
sensíveis; portanto, é livre de erros. Nesse sentido, os erros não se
referem aos sentidos, mas às faculdades analítica e sinstética do
intelecto humano (juízo) quando este liga e separa dados sensí-
veis. O epicurismo não se restringe ao sensualismo puro, levando
em consideração o papel da razão, por meio da qual se chega às
proposições teóricas. A isso, é vinculada a sua concepção de pro-
lepsis (capacidade de abstração), de acordo com a qual a razão
é capaz de alcançar a devida generalidade que o conhecimento
científico requer por meio da faculdade intelectual de se chegar a
ideias gerais pela indiscriminação dos traços particulares.
Ademais, um papel importante na lógica epicurista tem a in-
dução, que inclui três aspectos:
• Observação: exige uma base sólida e um material rico,
uma vez que o resultado teórico (certeza ou erro), que se
realiza por meio da abstração, depende da observação.
Quanto mais dados observados, menor é a margem de
erro.
• Comparação: exige a descoberta de traços comuns entre
os objetos comparados.
• Analogia: possibilita a aquisição de novos conhecimentos.

Ética epicurista
A ética – a parte mais importante da Filosofia Epicurista –
mantém, como ressaltamos anteriormente, um vínculo estreito
com a sua concepção teórica de Física. Num período bastante con-
turbado em que o homem perde seus nortes morais, essa ética
engendra o otimismo de que a felicidade pode ser acessível. Aqui,
a teoria física do movimento, por meio do desvio espontâneo dos

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átomos, tece os fundamentos da sua ética. Se o fatalismo estabe-


lece que a vida humana já é predeterminada, o desvio espontâneo
da trajetória dos átomos (o destino) ofecere a possibilidade do
rompimento com tal predeterminação. Esse movimento, comum
apenas aos átomos da alma, representa a liberdade do indivíduo
diante dos caprichos da fortuna e inspira a fé no alcance da felici-
dade.
A ética epicurista estabelece fortes vínculos entre o homem
e a natureza: ambos são uma só unidade determinada por leis ge-
rais. Desse ponto de vista, o homem não pode ser infeliz caso cons-
trua a sua vida e tenha uma ação de acordo com a natureza. No
centro da ética epicurista, colocam-se a noção de bem supremo e
os modos de seu alcance.
Em linhas gerais, podemos definir a ética de Epicuro como
um sistema teórico de normas e condutas que deve conduzir à fe-
licidade. Essas normas práticas podem ser resumidas em quatro
pontos, a saber:
1) Os deuses não são fontes de medo.
2) Indiferença diante da morte.
3) A possibilidade do alcance da felicidade.
4) Coragem e resistência interna do espírito para enfrentar
os golpes do destino.
Esses quatro pontos exercem efeitos terapêuticos; são pre-
ceitos espirituais que curam o espírito.
Epicuro edifica a sua ética em torno dos principais estados
da alma, os quais se encontram no prazer e na dor. Vale observar
que, segundo o filósofo, a busca do prazer constitui a tendência
fundamental da vida humana. O prazer, no interior da concepção
epicurista, deve ser compreendido nos seguintes aspectos:
1) Ausência de dor física e espiritual.
2) Justiça e moderação.
3) Impertubabilidade do espírito.
4) Amizade.
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Na raiz dos prazeres, operam os desejos, que se resumem


nos seguintes:
1) Naturais e necessários (comida, bebida etc.).
2) Naturais, mas não necessários (luxo, gula etc.).
3) Nem naturais, nem necessários (tendência à riqueza e
ao poder).
A ênfase aos prazeres frequentemente leva à associação do
epicurismo ao hedonismo da Escola Cirenaica. Entretanto, temos
de deixar bem claro que, para os hedonistas, o prazer é um fim e,
para Epicuro, é o meio para um fim, embora os hedonistas desta-
quem os prazeres ativos vinculados ao corpo e uma postura con-
sumativa. Inversalmente ao hedonismo, o epicurismo enfatiza os
prazeres do repouso e da contemplação, dando preferência aos
prazeres espirituais. Por essa razão, a principal virtude epicurista é
a impertubabilidade do espírito.
A dor, conforme a concepção do filósofo, deve ser compre-
endida à luz do prazer. De acordo com essa concepção, o sofrimen-
to não é um obstáculo para o alcance da felicidade. A esperança
da interrupção da dor, por si só, já é motivo de prazer. Vale dizer,
também, que não são tanto os prazeres, mas, sim, a ausência da
dor que constitui o sentido pleno da existência humana. Diferente-
mente do hedonismo, os prazeres, no epicurismo, só se justificam
quando, após a superação da dor, conduzem ao ideal moral.
As principais virtudes da ética epicurista são a moderação e
a ataraxia. A moderação expressa a harmonia das ações; é uma es-
pécie de ritmo do logos da consciência moral. Nesse sentido, a mo-
deração deve ser entendida como a correspondência harmoniosa
entre os desejos e os poderes. O ponto extremo da moderação é a
ataraxia (ausência completa de sofrimentos). Mas a ataraxia epicu-
rista não consiste na renúncia do "eu", a partir da qual o indivíduo
ingressa no estado de nirvana, como pode parecer. Pelo contrário,
a ataraxia, justamente, garante o eu do indivíduo, dando-lhe auto-
nomia diante das coisas que o perturbam.

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Temos de observar que eudemonismo epicurista é construído


na base racional. Segundo Epicuro, uma vida sem muitos prazeres
sensíveis, mas vivida racionalmente, possui um valor infinitamente
superior ao de uma existência marcada pela irracionalidade.
Para clarificar um pouco mais a diferença entre a ataraxia
dos gregos e o nirvana budista, veja o texto apresentado a seguir,
que aborda algumas das características do nirvana budista. Não
deixe de estabelecer as diferenças entre as duas visões!

Nirvana –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Nirvana é a cessação do sofrimento; a palavra pali nibbana significa "extinguir".
Uma concepção errônea que as pessoas têm a respeito é a de que serão aniquila-
das. O que é aniquilado é o apego, a aversão e a delusão. Não há extinção do eu,
porque não há eu algum a ser extinto de acordo com o conceito budista de anatta.
[...] Perceba a diferença, por exemplo, entre quando você está envolvido pela rai-
va, tomado por ela, e quando está aberto a ela. Perceba o momento em que você
não está mais identificado com a raiva, perceba a liberdade de sua mente neste
momento. Você está sendo liberado da prisão do apego e da identificação com a
experiência, a prisão do eu. Este é o sabor do nirvana (Disponível em: <http://www.
casadedharma.org/uploads/media/Bhavan_Guide__L13.pdf>. Acesso em: 27 abr.
2010).
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

6. Estoicismo

Zenão de Citião e nascimento do estoicismo


O estoicismo é reconhecido como uma
das mais enfáticas doutrinas éticas, cujo fun-
dador é Zenão de Citião (séculos 4º e 3º a.C.).
Mais ou menos no ano 314 a.C., o filósofo che-
ga à cidade de Atenas, onde começa a estudar
Filosofia. Zenão é autor de vários tratados, dos
quais se conservaram apenas algumas partes.
O representante mais célebre do estoicismo é
Crisipo (280-207 a.C.), sem o qual a Escola Es-
toica não poderia existir. Com a sua atividade,
Figura 3 Zenão de Citião. o estoicismo adquire o caráter de um sistema
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teórico acabado que ocupa seu devido lugar entre as principais


tendências filosóficas da sociedade antiga.
Veja, no texto a seguir, algumas das principais características
do estoicismo.

Estoicismo ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O estoicismo aparece, segundo Hegel, como a primeira forma de liberdade inte-
rior. Tendo desaparecido a liberdade como autonomia (Momento do Espírito Ime-
diato), pela qual o cidadão participava das decisões sobre o destino da cidade,
o homem precisou buscar em si a razão de seu agir moral que se destacava da
ação política, agora a cargo do imperador (Disponível em: <http://conpedi.org/
manaus/arquivos/anais/brasilia/12_662.pdf>. Acesso em: 23 de abr. 2010).
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Crisipo – desenvolvimento do estoicismo


O estoicismo distinguiu, tradicionalmente,
para a época, três partes da Filosofia, que são a
Física, a lógica e a ética. Após Crisipo, a Filosofia
Estoica é dominada pelo espírito eclético, o que,
por sua vez, leva à sua aproximação a outras dou-
trinas. A problemática predominante da Escola
Estoica é a ética. A sua evolução deve-se, exclusi-
vamente, à transformação do conteúdo da Física. Figura 4 Crisipo.
De acordo com tal transformação, destacam-se
três períodos principais na história do estoicismo, denominados
como segue:
• Velha Stoa (do século 4º ao século 2º a.C.), cujos repre-
sentas são Zenão, Cleante e Crisipo.
• Média Stoa (do século 2º ao século 1º a.C.), que se carac-
teriza pelo seu ecletismo acentuado.
• Nova Stoa (do fim da Antiguidade até 529 d.C., quando
Justiniano proíbe as Escolas filosóficas). Dessa vertente,
pertencem os filósofos romanos: Sêneca, Epicteto e Mar-
co Aurélio.

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Cosmologia estoica
Na área cosmológica da sua Física, os estoicos defendem a con-
cepção da limitação do cosmos no tempo e no espaço. Eles incorpo-
ram à sua doutrina as ideias de Heráclito a respeito da palingenesis.
Os estoicos acreditam que, no incêndio mundial, se realizou uma
gênese do fogo (palingenesis), por meio da qual se deu a purificação
do universo. Dentro de um ciclo cósmico, segundo os estoicos, as
transformações levam à degradação e à corrupção das coisas e, por
meio da entropia ou da catarse cósmica, o mundo purifica-se.
Uma ideia bastante presente na doutrina dos estoicos é a
ideia dos princípios, de acordo com a qual há dois princípios fun-
damentais: o ativo e o passivo. O princípio ativo, segundo os estoi-
cos, é o logos, ao passo que o princípio passivo é a matéria. Esses
dois princípios se relacionam por meio de uma ligação íntima. O
logos é concebido como a lei universal do cosmos e da natureza.
Ele lembra o fogo de Heráclito e a sua natureza dinâmica. Como
matéria, o princípio passivo é uma natureza amorfa. Na natureza,
afirmam os estoicos, há uma simpatia universal entre os fenôme-
nos determinados pelo logos, uma vez que ele está presente em
todas as coisas. Daí o panteísmo da Física estoica: a identidade de
Deus com a natureza. Essa concepção panteísta determina, tam-
bém, o ideal cosmopolita dos estoicos.
O objeto principal da Física estoica é a natureza, definida
como uma realidade cheia de vida e de movimento. A manifes-
tação mais essencial do movimento é o tônus, que é uma tensão
natural nas coisas que surge a partir de movimentos contrários. O
dinamismo da Física estoica está intimamente ligado às represen-
tações hilozoístas, segundo as quais o logos penetra em todas as
coisas. Isso faz do mundo um ser vivo, racional e animado. Vale
observar que o hilozoísmo da Escola Estoica se contrapõe às re-
presentações ingênuas do sobrenatural. Nesse sentido, os estoi-
cos negam o papel das forças sobrenaturais, embora o hilozoísmo
seja compreendido como uma tentativa de se explicar a relação
existente entre o espiritual e o material, tentando-se evitar as po-
sições radicais tanto dos idealistas como dos materialistas.
© U3 - Filosofia no Período Helenista 183

Um traço peculiar da doutrina Física dos estoicos é a teoria


do destino. A definição de "destino" liga-se à concepção de "princí-
pio ativo" (logos). Nesse sentido, o logos determina todas as coisas
do mundo.
A tendência teleológica é, também, um traço bastante pre-
sente na Física estoica, implicando na teodiceia. Nela, o mal é ad-
mitido como uma condição necessária para o alcance do bem.

Lógica no estoicismo
Referente à lógica, as contribuições dos estoicos são bastan-
te significativas. A lógica, de acordo com a doutrina estoica, inclui
a retórica e a dialética. A retórica é o estudo da linguagem e, espe-
cialmente, da gramática. A dialética, por sua vez, ocupa-se, em es-
pecial, dos problemas gnosiológicos. Tais problemas são tratados
de acordo com o nominalismo, que afirma que o objeto real do co-
nhecimento é o concreto, sobre o qual se emitem os juízos verda-
deiros. Conforme a ênfase nominalista, rejeita-se a lógica formal,
com a dedução e o silogismo. Além disso, valoriza-se, sobretudo,
a lógica indutiva, que se desenvolve em três graus: observação,
comparação e analogia.
A doutrina ética dos estoicos e os problemas ligados à sua
Filosofia Prática, como veremos mais adiante, ganham força e des-
taque apenas no próximo período, ou seja, no período romano,
com a Nova Stoa e os seus representas principais: Sêneca, Epic-
teto e Marco Aurélio. Portanto, sobre a ética estoica, falaremos
na próxima unidade, na qual daremos continuidade ao estudo da
Filosofia Estoica.

7. Ceticismo
O ceticismo é uma das principais vertentes da época do he-
lenismo. Seu traço peculiar é a união entre a ética e a gnosiologia.
Todavia, o que predomina no ceticismo são os problemas vincula-

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184 © História da Filosofia Antiga

dos ao conhecimento, que destacam a sua atitude crítica diante


das pretensões dogmáticas de conhecimento absoluto.
Acompanhe, no próximo tópico, como o ceticismo de Pirro
(pirronismo) concebia a própria temática cética no período hele-
nístico.

Pirronismo
O pirronismo é a primeira versão histórica do ceticismo an-
tigo, cujo fundador é Pirro. Ele nasceu em Peloponeso e viveu no
período entre 360 a.C. e 270 a.C. Pirro submeteu à crítica pratica-
mente todas as doutrinas filosóficas, enfatizando o espírito destru-
tivo do ceticismo. Os princípios norteadores do pirronismo e, em
geral, do ceticismo são dois:
• dúvida e suspensão do juízo;
• ataraxia, isto é, imperturbabilidade do espírito diante das
tensões externas.
Uma importância fundamental para o ceticismo possui a
noção de "fenômeno". As diferentes características dessa noção
podem ser reduzidas a duas principais, a saber: antes de tudo, o
fenômeno associa-se não apenas a todos os eventos externamen-
te perceptíveis, mas também aos dados sensíveis, no sentido vasto
da palavra. A concepção subjetivista do pirronismo, normalmente,
rejeita a primeira noção de fenômeno. Ela compreende-o, unica-
mente, como fato sensível. É justamente essa concepção de fenô-
meno que fundamenta a sua posição gnosiológica: a aceitação da
atividade sensível como a principal fonte de informações. A con-
cepção de equivalência entre os dados sensíveis leva à conclusão
de que toda posição teórica possui um valor totalmente igual ao
da posição oposta. Essa equivalência de posições contrárias cons-
titui o conceito de "isostenia", conforme o qual tanto a tese como
a antítese possuem igual valor. A isostenia implica a negação de
qualquer tipo de dogmatismo. A equivalência de posições opos-
tas significa, para o pirronismo, que o indivíduo é totalmente livre
© U3 - Filosofia no Período Helenista 185

para aceitar ou negar qualquer definição, bem como para afirmar


ou rejeitar qualquer posição teórica. A isostenia, em sua forma ra-
dical, leva, inevitavelmente, à suspensão do juízo (epoché). Como
se pode observar, a epoché, logicamente, a equivalência de posi-
ções contrárias, perante as quais o indivíduo não consegue esco-
lher. A epoché, em sua fase final, leva à indiferença. Vale observar
que a dúvida cética evita tanto a afirmação quanto a negação. Se-
gundo Sexto Empírico (2001, p. 54), "a suspensão do juízo é um tal
estado do espírito em que nós nem afirmamos, nem negamos".
Entretanto, essa posição cética implica em um paradoxo: a dúvi-
da é uma negação de definições categóricas, mas, na prática, esta
pressupõe-nas, pois, sem elas, não pode ser expressa.
Vale observar, aqui, que o ponto final do pirronismo, referente
à experiência prática e à vida, é o alcance do estado de imperturba-
bilidade do espírito (ataraxia). A falta de definições teóricas garante
tal estado, que o pirronismo compreende como liberdade.

8. Ceticismo acadêmico
O ceticismo acadêmico é a segunda forma teórica do ceticis-
mo. Em sua essência, ele é idêntico ao pirronismo, enquanto eleva
como fio condutor de sua concepção o princípio da dúvida. O ce-
ticismo acadêmico, podemos dizer, é a aplicação do pirronismo na
Academia. Todavia, a segunda versão cética apresenta a tentativa
de se evitar algumas teses radicais do pirronismo e de teorizar os
seus princípios.
Um dos representantes principais desse movimento cético é
Carnéades (217-132 a.C.). Contra quaisquer tipos de dogmatismo,
Carnéades forja uma série de argumentos lógico-teóricos. Nesse
sentido, vale notar que a sua crítica ao dogmatismo explicita um
lado extremamente valioso para o ceticismo acadêmico. Segundo
o filósofo cético, o dogmatismo fundamenta-se, exclusivamente,
na dedução de que todo o poder das operações lógicas consiste

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186 © História da Filosofia Antiga

nas proposições gerais. No dogmatismo, uma posição é abstraída


de outra, mais geral, aceita como indubitavelmente verdadeira e
válida. Nessas operações lógicas, afirma o cético, não se amplia o
conhecimento, mas apenas se verifica o que já se sabe. A princi-
pal falha do dogmatismo é que ele privilegia, especialmente, o ge-
ral, omitindo a importância do particular e individual. Um mérito
considerável de Carnéades é a introdução da noção de "provável".
Com tal noção, o cético ameniza o caráter radical do pirronismo. A
noção de "provável" admite, por assim dizer, a possibilidade de se
privilegiar uma das teses contrárias. Apesar de evitar os lados ne-
gativos da dúvida, a probabilidade não configura, ainda, um princí-
pio teórico como alternativa das doutrinas dogmáticas e, também,
não possui a rigorosidade de um critério científico da verdade.

9. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Sugerimos que você procure responder, discutir e comentar as
questões a seguir que tratam da temática desenvolvida nesta unida-
de, ou seja, das principais teses da Filosofia do período helenista.
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se você encontrar dificuldades em
responder a essas questões, procure revisar os conteúdos estuda-
dos para sanar as suas dúvidas. Esse é o momento ideal para que
você faça uma revisão desta unidade. Lembre-se de que, na Edu-
cação a Distância, a construção do conhecimento ocorre de forma
cooperativa e colaborativa; compartilhe, portanto, as suas desco-
bertas com os seus colegas.
Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu
desempenho no estudo desta unidade:
1) Em linhas gerais, podemos definir a ética de Epicuro como um sistema te-
órico de normas e condutas que deve conduzir à felicidade. Essas normas
práticas podem ser resumidas em quatro pontos. Quais são eles?
a) Obediência aos deuses; indiferença diante da morte; a possibilidade do
alcance da felicidade; coragem e resistência interna do espírito para en-
frentar os golpes do destino.
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b) Os deuses não são fontes de medo; indiferença diante da morte; a possi-


bilidade do alcance da felicidade; coragem e resistência interna do espí-
rito para enfrentar os golpes do destino.
c) Obediência aos deuses; a morte como interrupção dos sofrimentos; a
possibilidade do alcance da felicidade; coragem e resistência interna do
espírito para enfrentar a morte.
d) Os deuses não são fontes de medo; a morte como interrupção dos sofri-
mentos; a possibilidade do alcance da felicidade; coragem e resistência
interna do espírito para enfrentar os golpes do destino.
2) Podemos definir o conceito de "ataraxia" de Epicuro como:
a) Imperturbabilidade do espírito.
b) Imperturbabilidade do corpo.
c) Falta de qualquer sensibilidade para dor física.
d) Coragem diante da morte.
3) Como se pode definir o conceito de palingenesis da física estoica?
a) Como a gênese que atua em todo ser vivo.
b) Como a expressão da lógica panteísta dos estoicos.
c) Como o seu eterno retorno.
d) Como processo de transformação do fogo, por meio do qual o universo
renasce já purificado.
4) O que implica a atitude de "epoché", operada pelos céticos?
a) Redução fenomenológica.
b) Redução eidética.
c) Suspensão do juízo.
d) Redução transcendental.

Gabarito
Depois de responder às questões autoavaliativas, é impor-
tante que você confira o seu desempenho, a fim de que possa sa-
ber se é preciso retomar o estudo desta unidade. Assim, confira, a
seguir, as respostas corretas para as questões autoavaliativas pro-
postas anteriormente:
1) b.
2) a.
3) d.
4) c.

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188 © História da Filosofia Antiga

10. Considerações
Nesta unidade, você pôde ver que a principal preocupação
dos filósofos do período helenístico foram as elaborações de dou-
trinas éticas. Por meio destas, esses pensadores tentaram erguer,
novamente, o homem do abalo causado pelas grandes mudanças
socioculturais ocorridas por meio da política imperialista e con-
quistadora de Alexandre Magno, o que resultou na dissolução da
cultura da pólis grega. Na próxima unidade, veremos quais foram
as doutrinas filosóficas que tiveram mais relevância no chamado
período romano da Filosofia. Como você já pôde ver nesta unida-
de, o estoicismo é uma Escola muito importante deste período.
Portanto, não deixe de fazer a revisão de sua aprendizagem, afi-
nal, isso poderá facilitar a sua compreensão dos assuntos que logo
abordaremos.
Vamos seguir em frente com nosso CRC História da Filosofia
Antiga, que trata de um período fascinante do pensamento Oci-
dental!

11. e-referências

Lista de figuras
Figura 1 Platão e seus discípulos na Academia. Disponível em: <http://greciantiga.org/
img/index.asp?num=0357>. Acesso em: 26 abr. 2010.
Figura 2 Epicuro. Disponível em: <http://www.consciencia.org/imagens/epicuro.jpg>.
Acesso em: 23 abr. 2010.
Figura 3 Zenão de Citião. Disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/
commons/thumb/4/41/Zeno_of_Citium_pushkin.jpg/180px-Zeno_of_Citium_pushkin.
jpg>. Acesso em: 23 abr. 2010.
Figura 4 Crisipo. Disponível em: <http://www.consciencia.org/bancodeimagens/
displayimage.php?album=56&pid=17>. Acesso em: 23 abr. 2010.
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12. referências bibliográficas


HEGEL, F. História da Filosofia. Lisboa: Fundação CalousteGulbenkian, 1956. v. 1.
M.G. Kury. Diôgenes Laêrtios - Vidas e doutrinas dos filósofos ilustres. Brasília: Ed. UnB,
1977.
REALE, G.; ANTISERI, D. História da Filsofia. São Paulo: Paulus, 2005. v.1.
RUSSEL, B. História da Filosofia Ocidental. 2. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional,
1967.
______. History of Western Philosophy. London: George Allen & Unwin, 1946.

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