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Resumo: Dietrich Bonhoeffer é o principal teólogo moderno que discute a ética cristã em
termos de ética da responsabilidade. Sua discussão ética se baseia especialmente em seus
conceitos teológicos e suas experiências com o nazismo alemão. Nesse sentido, este artigo
objetiva descrever a ética da responsabilidade no pensamento bonhoefferiano, indicando
brevemente seus pressupostos e implicações. De forma geral, do ponto de vista conceitual,
a ética bonhoefferiana rechaça a metafísica filosófica em favor da revelação divina, enquan-
to do ponto de vista prático ela abre possibilidades de atitude cristã frente a situações ex-
tremas de ameaça à vida.
Palavras-chave: Bonhoeffer; Ética; Teologia moderna; Ética da responsabilidade
Abstract: Dietrich Bonhoeffer is the main modern theologian who discusses christian ethics
in terms of ethics of responsibility. His ethical discussion is particularly based on his theolo-
gical concepts and his experience with german nazism. In this sense, this article aims to des-
cribe the ethics of responsibility in the Bonhoefferian thought, by indicating its presupposi-
tions and implications. Overall, from a conceptual perspective, Bonhoefferian ethics denies
philosophical metaphysics in favor of divine revelation, while from a practical perspective it
opens possibilities of christian attitude in face of extreme situations of threat to life.
Keywords: Bonhoeffer; Ethics; Modern theology; Ethics of responsibility
1
Doutorando em Teologia Sistemática pela Andrews University, EUA. Mestre em Ciência da Religião pela Uni-
versidade Metodista de São Paulo. Professor de Teologia no Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp).
E-mail: adriani.milli@unasp.edu.br
ADRIANI MILLI RODRIGUES
se uma ação de boa intenção leva a maus resultados, então, aos olhos do agente,
não ele, mas o mundo, ou a estupidez dos outros homens, ou a vontade de Deus
que assim os fez, é responsável pelo mal. Mas um homem que acredita numa ética
da responsabilidade […] não se sente em condições de onerar terceiros com os
resultados de suas próprias ações, na medida em que as pôde prever. Dirá: esses
resultados são atribuídos à minha ação (WEBER, 1982, p. 144-145).
Lutero teve que abandonar o convento e regressar ao mundo, não porque este, em si, fosse
bom e santo, mas sim porque também o convento nada mais era do que mundo. […] o
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discipulado de Jesus passaria a ser vivido no seio do mundo […]. A obediência perfeita ao
mandamento de Cristo deveria acontecer na vida profissional de todos os dias.
Velasquez Filho (1977, p. 48) identifica nessas noções de Bonhoeffer uma explícita
ligação com as ideias de Karl Barth. Tanto em Carta aos Romanos como na Church Dogmatics,
Barth expressa o fracasso da ética como ciência independente. Esse fracasso ocorre em
virtude da impossibilidade de se resolver o problema do conflito entre o bem e o mal. A
tentativa de penetração nesse conflito representa o esforço do ser humano de se apropriar
de algo (o conhecimento do bem e do mal) que exclusivamente pertence a Deus. Logo,
“a origem ética coincide com o pecado do primeiro homem”. Tanto Barth quanto Bo-
nhoeffer entendem que a melhor postura do ser humano é a obediência incondicional à
vontade de Deus, isenta do conflito ético.
Mas ao refletir sobre a vontade de Deus, Bonhoeffer (2005, p. 26) reconhece que
esta pode se ocultar profundamente sob muitas possibilidades que aparecem. Novamente
aqui, o discernimento da vontade de Deus também não parte do ser humano, pois isso
significaria basear-se no próprio saber do bem e do mal. O reconhecimento da vontade de
Deus depende exclusivamente da atuação da graça divina na mente humana.
Nesse ponto, Bonhoeffer segue basicamente a tradição da Reforma, a saber, a ado-
ção da revelação de Deus (especificamente em Jesus Cristo) como ponto de partida de sua
teologia e reflexão ética (WEISSBACH, 1967, p. 98-99). Ele recusa começar com quaisquer
premissas humanas. Essa posição já estava evidente em sua obra Act and Being: “De Deus
para a realidade e não da realidade para Deus, este é o caminho da teologia” (BONHOE-
FFER, 1961, p. 89). Na Ética essa posição também é bastante explícita: “É preciso superar
68 o raciocínio que parte dos problemas humanos e que de lá pergunta por soluções; ele não é
bíblico. O caminho de Jesus Cristo, e com isso o caminho de todo raciocínio cristão, não vai
do mundo a Deus, mas de Deus ao mundo” (BONHOEFFER, 2005, p. 198).
Na seção intitulada “Ética como formação”, Bonhoeffer (2005, p. 43) acrescenta
mais um motivo para a impossibilidade humana de conhecer o bem e o mal: estamos em
meio “à perversão, confusão e distorção dos conceitos”. Assim, a atitude mais sensata é
manter “os olhos voltados apenas para a simples verdade de Deus”. Tal postura resulta
de um comprometimento com o amor de Deus, não um comprometimento com meros
princípios. Isso liberta o ser humano do conflito da decisão ética.
Nesse caso, fica bem claro que Bonhoeffer (2005, p. 53) considera a ética de prin-
cípios como uma ética abstrata. Ao invés dela, ele aponta para a importância de uma ética
concreta: “A questão não é poder e ter que dizer o que é bom de uma vez para sempre,
mas como Cristo ganha forma entre nós hoje e aqui. A tentativa de definir o que seria
bom para todos os tempos sempre fracassou por si mesma.”
Bethge (2000, p. 118) salienta que a ética bonhoefferiana não consiste em um siste-
ma de princípios gerais de aplicação universal, mas em uma formulação histórica. Portan-
to, a ética difere de acordo com cada nação. Especificamente na Alemanha, ela não pode
ser considerada de maneira isolada da experiência da guerra e da revolução.
Livre de uma percepção casuística e abstrata, a ética como formação se arrisca a fa-
lar do processo pelo qual Jesus Cristo ganha forma no mundo. Mas para entender melhor
essa asserção é necessário ter uma compreensão mais clara e concreta de Cristo:
Cristo não é um princípio de acordo com o qual todo o mundo devesse ser
estruturado. Cristo não é arauto de um sistema daquilo que fosse bom hoje, aqui
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e em todos os tempos. Não ensina uma ética abstrata que devesse ser imposta a
qualquer preço. […] Cristo não amava, como o especialista em ética, uma teoria
sobre o bem; amava, isto sim, o ser humano real. Seu interesse não se voltava, como
o do filósofo, às “coisas de validade universal”, mas àquilo que serve ao ser humano
real e concreto. […] Não se lê que Deus se fez ideia, princípio, programa, validade
universal, lei, mas que Deus se fez ser humano (BONHOEFFER, 2005, p. 52).
Segundo essa compreensão, a ética cristã nunca é abstrata, mas concreta. Cristo
toma forma entre nós aqui e agora na esfera de nossas decisões e encontros, na esfera dos
problemas concretos, tarefas e responsabilidades (GODSEY, 1960, p. 206).
Outra seção importante no pensamento ético de Bonhoeffer é a sua compreensão sobre
“As últimas e as penúltimas coisas”. O cristianismo tradicional costuma dividir a realidade em
duas esferas ou compartimentos. Para retratar essa dicotomia são utilizados binômios tais como
“sobrenatural-natural”, “sagrado-profano”, “cristão-secular”. Em lugar dessa terminologia, Bo-
nhoeffer prefere adotar o par “último-penúltimo”. Na sua perspectiva, o uso dos pares tradi-
cionais reflete uma compreensão dicotomizada do mundo que resulta em duas possibilidades
extremas: conflito ou autonomia entre eles. Ele prefere o par “último-penúltimo” porque esses
termos estabelecem uma relação adequada desses dois elementos da realidade. Não há o extremo
do conflito nem da autonomia. O penúltimo só é penúltimo por causa da existência do último.
É dele que o penúltimo ganha consistência (BONHOEFFER, 2005, p. 75). Logo, Bonhoeffer 69
atribui ao penúltimo, isto é, ao mundo, ao ser humano, às realidades terrestres, “uma consistência
que tem seu fundamento e sua justificação apenas no último” (MONDIN, 1987, p. 181).
As três seções analisadas até aqui fornecem alguns elementos básicos para a constru-
ção da ética da responsabilidade bonhoefferiana. Dentre eles pode-se destacar: (1) o ponto
de partida teológico da revelação divina e não da racionalidade humana (“O amor de Deus
e a decadência do mundo”); (2) a ênfase em uma ética concreta que tenha direta relação
com a realidade histórica (“Ética como formação”); e (3) a compreensão não dicotomizada
da realidade, conforme a estrutura de pensamento de (“As últimas e as penúltimas coisas”).
procura eliminar por completo da ética o conceito de normas, por ver nele unicamente
a idealização de formas de comportamento de fato existentes e funcionais para a vida:
o bem, no fundo, nada mais é do que aquilo que é funcional, útil e serve à realidade.
[…] não há um bem de validade universal, mas só um bem infinitamente variado,
determinado sempre a partir da “realidade”.
Já superamos […] uma abstração que domina ainda boa parte da reflexão ética: a abstração
do indivíduo isolado que deve decidir, de acordo com um parâmetro absoluto de um
bem em si, constante e exclusivamente entre este bem claramente reconhecido e o mal
reconhecido com igual clareza. Não existe indivíduo isolado, tampouco temos à nossa
disposição aquele parâmetro absoluto de um bem em si, e, finalmente, nem o bem, nem
o mal se manifestam em suas formas puras na história (BONHOEFFER, 2005, p. 120).
A principal fraqueza da ética abstrata idealista consiste em seu formato metafísico que
não se relaciona essencialmente com a vida. Por isso, Bonhoeffer procura delinear sua noção
ética em conexão com a “estrutura da vida responsável”. Essa estrutura é composta por dois
pilares principais: 1) a vinculação da vida ao semelhante e a Deus; 2) a liberdade da própria vida.
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representação. Existem muitos exemplos de pessoas que agem em lugar dos outros na
sociedade, que ilustram a responsabilidade que se baseia na representação. Um pai, por
exemplo, age em lugar de seus filhos. Ele trabalha, cuida, defende, luta e sofre por eles.
Ele assume o lugar deles, pois não é um indivíduo isolado, mas que “reúne em si o eu de
várias pessoas. Qualquer tentativa de viver como se sozinho estivesse, é uma negação do
caráter fatual de sua responsabilidade” (BONHOEFFER, 2005, p. 125).
A ação representativa também envolve ação responsável de pessoas para com suas
comunidades e nações. Green (1999, p. 314) entende que isso inclui Dietrich Bonhoeffer (e os
membros de sua família e colegas no movimento de resistência) agindo em responsabilidade
para com a Alemanha. Em realidade, ninguém pode se esquivar totalmente da responsabilida-
de da representatividade. Jesus, enquanto Filho de Deus que se tornou ser humano, viveu de
forma representativa por todos nós. Destarte, “toda a sua vida, ação e morte foi representação.
Nele se cumpre o que os seres humanos deviam viver, fazer e sofrer”. Dessa forma, a “repre-
sentação e, por conseguinte, responsabilidade, só existem na dedicação integral da própria vida
ao semelhante. Só o abnegado vive responsavelmente” (BONHOEFFER, 2005, p. 126).
A segunda forma de vincular a vida ao semelhante e a Deus ocorre através da con-
formidade com a realidade. Aqui Bonhoeffer retoma sua noção de realidade concreta. O
comportamento de um indivíduo responsável surge em uma situação concreta, ele não
está definido por um princípio universal de uma definição apriorística. É por isso que uma 71
pessoa responsável não impõe à realidade uma lei alienígena. Novamente Jesus Cristo é
modelo, agora para a conformidade com a realidade:
Jesus Cristo não se defronta com a realidade como alguém alheio a ela. É ele somente
que carregou e experimentou no próprio corpo a essência da realidade, que falou a
partir do real como nenhum outro ser humano na terra, o único que não sucumbiu
a uma ideologia (BONHOEFFER, 2005, p. 128).
Talvez o ponto que seja mais comentado por Bonhoeffer acerca da ação responsável
é o risco assumido pela decisão concreta. O risco está presente porque o indivíduo responsá-
vel desconhece o bem e o mal, dependendo totalmente da graça. Quem age com base numa
ideologia vê sua justificação na ideia que defende; a pessoa responsável coloca sua ação nas
mãos de Deus e vive de sua graça e bondade (BONHOEFFER, 2005, p. 131).
Ele também enfatiza a existência de casos extremos que confrontam o ser hu-
mano com a questão do último recurso, que, por sua vez, está além das leis da razão.
É uma ação irracional. Essa necessidade extraordinária apela à liberdade das pessoas
responsáveis. Neste sentido, é necessário assumir o livre risco, entregando a própria de-
cisão e ação à condução divina da história (BONHOEFFER, 2005, p. 133). Bonhoeffer
complementa dizendo que essa ação não deve ser julgada, pois o juízo cabe a Deus e
ninguém pode julgar as ações do outro.
Ali onde a observância da lei formal dum Estado, duma empresa, duma família
ou duma descoberta científica […] se choca com as necessidades básicas dos seres
humanos, a ação responsável e objetiva sai do âmbito dos princípios e leis, do
normal, do comum, para a situação excepcional de necessidades últimas, situação
essa que não pode mais ser regulamentada por leis (BONHOEFFER, 2005, p. 133).
A ação responsável é […] uma aventura livre, sem justificação por lei alguma […]
na renúncia a seu conhecimento último e válido de bem e mal. O bem, na qualidade
daquilo que é responsável, acontece no descobrimento do bem, na entrega da ação
necessária, e mesmo assim (ou justamente assim!) livre, a Deus, que vê o coração,
pesa o ato e guia a história (BONHOEFFER, 2005, p. 139).
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Além disso, há uma aproximação entre obediência e liberdade, para que não fique a im-
pressão de que responsabilidade seja necessariamente sinônimo de desobediência às leis esta-
belecidas no mundo. Para Bonhoeffer (2005, p. 140), a “obediência sem liberdade é escravidão,
liberdade sem obediência é arbitrariedade. A obediência disciplina a liberdade, a liberdade eno-
brece a obediência”. Assim, a ação responsável carrega em si uma tensão, pois nela ocorrem
tanto a obediência quanto a liberdade. “Qualquer autonomia de uma contra a outra seria o fim
da responsabilidade. Ação responsável é, ao mesmo tempo, comprometida e criativa.”
Considerações finais
Uma análise mais profunda da ética da responsabilidade bonhoefferiana extrapola
o escopo deste artigo, que se limita a um estudo essencialmente descritivo. No entanto, os
pressupostos e implicações básicos desta ética podem ser brevemente delineados, servin-
do como sugestão para estudos posteriores. De maneira geral, a ética da responsabilidade
exposta por Bonhoeffer mescla conceitos teológicos com situações históricas do nazismo
alemão no contexto da Segunda Guerra Mundial.
É provável que a realidade do nazismo provocou em Bonhoeffer uma profunda
reflexão ética que exigia uma atitude prática de responsabilidade (reação ao nazismo) e também
uma fundamentação conceitual dessa atitude (embasamento teológico). No que diz respeito à
fundamentação conceitual, Bonhoeffer rechaçou o tradicional embasamento filosófico para a 73
ética, constituído de princípios metafísicos absolutos. Tais princípios possuem dois problemas
básicos: 1) eles se originam na racionalidade humana; 2) por serem abstratos e absolutos, eles
não se adaptam à dinâmica da realidade histórica concreta. Nesse sentido, Bonhoeffer adianta
parte da crítica pós-moderna à ética metafísica. Como novo fundamento para a ética, o teólogo
alemão propõe a revelação de Deus, que não indica princípios abstratos, mas atitudes específi-
cas de acordo com o contexto histórico. Como resultado, criam-se possibilidades para que sua
conspiração contra o nazismo possa ser teologicamente legitimada.
O fato de que as ações de Bonhoeffer se deram no contexto extremo de guerra e
genocídio faz com que nosso julgamento de suas decisões éticas seja bastante cauteloso.
Todavia, em termos de fundamentação teológica, existem pontos positivos e negativos que
podem ser ressaltados. Positivamente, Bonhoeffer propõe a revelação de Deus como fonte
para as noções de bem e mal, ao invés da racionalidade humana (embasamento ético via
metafísica). Contudo, seguindo a noção barthiana, o teólogo alemão não entende a revelação
divina no sentido proposicional, isto é, em termos de informações comunicadas por Deus
registradas nas Escrituras. Desse modo, Bohoeffer equivocadamente conclui que a revela-
ção divina não comunica princípios éticos gerais. Antes, sua noção de revelação é entendida
cristologicamente: Cristo é a única forma de revelação divina. É por isso que a cristologia é
o pano de fundo de toda a sua discussão ética.
Em última instância, uma ética da responsabilidade baseada na revelação de Deus
unicamente em Cristo envolve apenas uma imitação ou “seguimento” do exemplo de
Cristo (ironicamente, Cristo só é conhecido através das informações contidas nas Escritu-
ras), com a confiança de que Deus está guiando a mente do crente em todo esse processo.
A implicação básica desse tipo de fundamentação para uma ética da responsabilidade é
a de que existem poucos critérios para nortear as decisões e ações éticas. Desse modo, a
subjetividade e o relativismo ético parecem inevitáveis.
De fato, embora Bonhoeffer tenha corretamente indicado a revelação divina como
fundamento para a ética, ele acabou distorcendo e reduzindo esse fundamento, ao des-
considerar os importantes e ricos conceitos registrados nas Escrituras que certamente
podem embasar a ética da responsabilidade.
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