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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA

2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS


Processo Nº. : 0004651-90.2015.8.05.0113
Classe : RECURSO INOMINADO
Recorrente(s) : BANCO FIBRA SA

Recorrido(s) : ROSEMBERG JUNIOR AVILA GUERRA

Origem : 2ª Vara do Sistema dos Juizados - ITABUNA (MAT)


Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE

EMENTA
RECURSO INOMINADO. CONSUMIDOR. BANCO. COBRANÇA
INDEVIDA. NULIDADE DA CITAÇÃO. PREJUÍZO AO CONTRADITÓRIO
E À AMPLA DEFESA. ART.5º INCISO LV DA CF/88. QUESTÃO DE
ORDEM PÚBLICA. MATÉRIA APRECIÁVEL DE OFÍCIO EM SEGUNDO
GRAU DE JURISDIÇÃO. RETORNO DOS AUTOS À ORIGEM.
SENTENÇA DESCONSTITUÍDA.
ACÓRDÃO
Acordam as Senhoras Juízas da 2ª Turma Recursal dos Juizados
Especiais Cíveis e Criminais do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, MARIA
AUXILIADORA SOBRAL LEITE – Relatora , CÉLIA MARIA CARDOZO DOS REIS
QUEIROZ e ISABELA KRUSCHEWSKY PEDREIRA DA SILVA, Presidente, em proferir
a seguinte decisão: RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO . UNÂNIME, de acordo
com a ata do julgamento. Custas processuais e honorários advocatícios pelo recorrente,
que fixo em 20% sobre o valor da condenação.
Salvador, Sala das Sessões, 26 de Novembro de 2015.

BELA. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE


Juíza Relatora
BELA. ISABELA KRUSCHEWSKY PEDREIRA DA SILVA
Juíza Presidente
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA

2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS

Processo Nº. : 0004651-90.2015.8.05.0113


Classe : RECURSO INOMINADO
Recorrente(s) : BANCO FIBRA SA

Recorrido(s) : ROSEMBERG JUNIOR AVILA GUERRA

Origem : 2ª Vara do Sistema dos Juizados - ITABUNA (MAT)


Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE

EMENTA

RECURSO INOMINADO. CONSUMIDOR. BANCO. COBRANÇA


INDEVIDA. NULIDADE DA CITAÇÃO. PREJUÍZO AO
CONTRADITÓRIO E À AMPLA DEFESA. ART.5º INCISO LV DA
CF/88. QUESTÃO DE ORDEM PÚBLICA. MATÉRIA APRECIÁVEL
DE OFÍCIO EM SEGUNDO GRAU DE JURISDIÇÃO. RETORNO
DOS AUTOS À ORIGEM. SENTENÇA DESCONSTITUÍDA.

RELATÓRIO

Trata-se de recurso manejado por BANCO FIBRA S/A , inconformado com a


sentença proferida pelo Juízo de 1º grau que julgou parcialmente procedente os pedidos,
nestes termos : “JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE, o pedido formulado pelo autor, e: a)
CONFIRMO a liminar concedida no evento 14; b) DECLARO inexistente o valor cobrado pela ré
BANCO FIBRA S/A, referente à parcela nº 33 discutida nos autos; c) CONDENO a acionada BANCO
FIBRA S/A ao pagamento à parte autora, a título de DANOS MORAIS, à quantia de R$ 4.000,00 (quatro
mil reais), acrescidos de correção monetária a partir desta decisão (arbitramento), conforme Súmula n.
362 do STJ e juros de mora de um por cento ao mês, a partir da citação..”
A recorrente busca a reforma da sentença, com fundamento na nulidade do ato
de citação, o que por conseguinte torna nula a sentença prolatada, requerendo o retorno
dos autos à origem para realização de audiência de instrução e julgamento.

Em contrarrazões, o recorrido pugna pela manutenção do decisum,.

Presentes as condições de admissibilidade do recurso, conheço-o,


apresentando voto com a fundamentação aqui expressa, o qual submeto aos
demais membros desta Egrégia Turma.

VOTO

No concernente à argüição de nulidade da citação suscitada pela


recorrente , a mesma há de ser acolhida. Com efeito, não consta dos autos o ar da
citação com o endereço correto da demandada, conforme a mesma aponta em sua
peça recursal, em que junta o comprovante de situação cadastral da receita federal,
com a indicação do endereço, consistente na Av.Presidente Juscelino Kubitschek,
nº. 360 - 09º andar, São Paulo/SP.
Em que pese o ar juntado aos autos no evento 11 do projudi, não há
garantias suficientes de que a assinatura lá aposta pertence a preposto da empresa
demandada. Ademais, em pesquisa ao sistema projudi em que conste a empresa
demandada no pólo passivo, em nenhum dos processos pesquisados existe o
registro do endereço indicado pela parte autora na exordial, o que corrobora com a
alegação e documentos juntados pelo recorrente.
Nesta senda, assiste-lhe razão, sendo imperioso o
reconhecimento da invalidade da citação, que fora realizada em
endereço diverso daquele em que sediada, o que prejudicara a ciência
do ato processual, requisito imprescindível para a regular formação
da relação jurídico-processual.

Como sabido, a citação é ato essencial à validade do


processo, tendo em vista que através dela se consolidam os princípios
constitucionais da ampla defesa, do contraditório e do devido
processo legal, podendo a nulidade do ato citatório ser apreciada de
ofício, não se sujeitando à preclusão. Nesse sentido indica a
jurisprudência:
PROCESSUAL CIVIL. CITAÇÃO. NULIDADE. QUESTÃO DE
ORDEM PÚBLICA. MATÉRIA APRECIÁVEL DE OFÍCIO EM
SEGUNDO GRAU DE JURISDIÇÃO. SÚMULA7/STJ. 1. É
assente nesta Corte que as matérias de ordem
pública não se sujeitam à preclusão, podendo ser
apreciadas a qualquer momento nas instâncias
ordinárias. Precedentes. 2. Acolher a pretensão do
recorrente de que não foram atendidas os requisitos
elencados nos arts. 202 e 225 do CPC, para aferir a
correta citação por meio de carta precatória,
demanda o revolvimento dos elementos fático-
probatórios da demanda, o que é vedado,consoante a
Súmula 7/STJ. 3. Agravo regimental não provido.(STJ -
AgRg no REsp: 1230762 PI 2011/0004976-9, Relator:
Ministro CASTRO MEIRA, Data de Julgamento:
20/11/2012, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de
Publicação: DJe 29/11/2012)

No caso dos autos restara consignada o prejuízo manifesto à


parte ré, que não teve apreciada pelo magistrado sentenciante as
suas eventuais razões de contrariedade no bojo do processo que
resultou na sua condenação pelos alegados danos materiais e morais ,
o que configura cerceamento ao direito ao contraditório e à ampla
defesa, princípios que estão insculpidos na Constituição, conforme o
art.5º, inciso LV.

Isto posto, voto no sentido de se declarar nula a citação e os atos processuais


a ela subsequentes, devendo os autos retornar ao Juízo de origem para a realização dos
atos processuais, em obediência aos postulados do contraditório e ampla defesa. Sem
custas processuais e honorários advocatícios, nos termos do art.55 da lei 9099/95.

Salvador, Sala das Sessões, 02 de Junho de 2016.

Bela. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE

Juíza Relatora

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