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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA

2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS

Processo nº. : 0003683-31.2016.8.05.0079


Classe : RECURSO INOMINADO
Recorrente(s) : GILSON PINTO LYRA

Recorrido(s) : UNIMED COSTA DO DESCOBRIMENTO


COOPERATIVA DE TRABALHO MEDICO
UNIMED VERA CRUZ COOPERATIVA DE TRABALHO
MEDICO

Origem : 1ª VARA DO SISTEMA DOS JUIZADOS - EUNÁPOLIS


Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE

VOTO EMENTA

RECURSO INOMINADO. PLANO DE SAÚDE. ALEGAÇÃO DE NEGATIVA


DE ATENDIMENTO DA FILHA DA PARTE AUTORA. REALIZAÇÃO DE
PARTO. AUSÊNCIA DE PREVISÃO DE COBERTURA NO CONTRATO.
RECUSA LEGÍTIMA. INEXISTÊNCIA DE PROVAS ACERCA DO EVENTO.
EVENTO MORTE OCORRIDO EM DECORRÊNCIA DE COMPLICAÇÕES
DO PARTO QUE NÃO PODE SER IMPUTADO À PARTE RÉ. AUSÊNCIA
DE NEXO CAUSAL. TEORIA DO DANO DIRETO E IMEDIATO.
INEXISTÊNCIA DE ATO ILÍCITO. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA
MANTIDA.

..A parte recorrente insurge-se contra sentença que julgou


improcedente o pedido formulado na exordial, or entender o magistrado
sentenciante que “E no presente caso, extrai-se do contrato anexado pelo próprio
requerente no evento nº01 que o procedimento objeto de discussão nos autos –
obstetrícia/parto – de fato não se encontra previsto no rol de procedimentos incluídos na
cobertura contratual (vide doc ‘Uniplan’ no evento nº01). Some-se a isto, ainda, o fato de o
autor sequer ter anexado aos autos qualquer documento hábil que comprove, validamente, as
alegadas negativas de atendimento de sua filha/dependente; ao contrário, do relatório
financeiro anexado pela reclamada no evento nº14 consta que as mensalidades do plano
contratado, à época da gravidez de sua filha, eram pagas com reiterados atrasos – alguns
quase de 60 dias!”

Trata-se de ação de obrigação de fazer cumulada com


indenização por danos morais movida pela parte autora em razão da negativa
da Ré em autorizar a realização do procedimento obstetrício em sua filha, na
condição de sua dependente no plano de saúde contratado junto à ré,
consistente na realização de parto; que em decorrência da negativa teve que
realizar o procedimento no SUS, e que ocorreram diversas complicações
decorrentes do parto que culminaram com a morte da mesma. Pleiteou
indenização por danos morais. Em sede recursal, a parte autora reitera a
argumentação já exposada na exordial.

No mérito, conforme se verifica dos fatos narrados


na exordial e dos documentos trazidos aos autos, bem como da contestação, a
sentença merece ser mantida, tendo o magistrado sentenciante bem aplicado o
direito ao caso. Com efeito, conforme ressaltado , o plano de saúde contratado
pela parte autora não previa cobertura para procedimento obstetrício de parto,
consoante comprova o instrumento contratual adunado aos autos no evento 01,
sendo portanto inexigível outra postura do plano réu, inexistente portanto a
abusividade na negativa de atendimento.

Tal, aliás, é o posicionamento de nossa jurisprudência,


consoante o seguintes julgado:

APELAÇÃO - PLANO DE SAÚDE - INTERNAÇÃO


PSIQUIÁTRICA - RECUSA - EXCLUSÃO CONTRATUAL
EXPRESSA - NEGATIVA LEGÍTIMA - SENTENÇA
REFORMADA PARA JULGAR IMPROCEDENTE O
PEDIDO. - Não há que se falar em ilegalidade na conduta da Ré
em negar a cobertura do tratamento, já que não pode a operadora
do plano de saúde responder por obrigações não assumidas de
forma expressa no contrato e pelas quais não contribuiu o
consumidor( TJ-MG - Apelação Cível AC
10408100017982001 MG (TJ-MG)

1. No caso, verifica-se negativa de cobertura não violou direito da


parte acionante, diante da causa legítima da escusa, fundada na relação
contratual legitimamente estabelecida entre as partes.

2. Ademais, não constaram dos autos as provas acerca da negativa do


atendimento em sí, fato este que constitui o próprio direito alegado pela parte
acionante. Se por um lado a limitação de atendimento sema a apresentação de
razão suficiente viola direitos assegurados ao consumidor, por outro não há que
se perder de vista que vigora no âmbito da relação contratual o princípio da
pacta sunt servanda, estando ao alcance da parte acioante a plena
compreensão do contrato ao qual dera a sua anuência.

3. Em que pese ter havido a morte da dependente , sua filha, nas


circunstâncias decorrentes de desdobramento do parto, insta ressaltar ademais
que não há um nexo causal entre o evento e conduta que possa ser imputada à
parte ré, devendo o dano ser direto e imediato.

4. Inexiste o ato ilícito, desnecessária se faz a análise acerca de


eventual violação a direitos da personalidade.

5. Logo, a sentença fustigada é incensurável, e por isso merece


confirmação pelos seus próprios fundamentos. Em assim sendo, servirá
de acórdão a súmula do julgamento, conforme determinação expressa
do art. 46, da lei n°. 9099/95, segunda parte:“O julgamento em segunda
instância constará apenas da ata, com indicação suficiente do processo
sucinta e dispositiva. Se a sentença for confirmada pelos seus próprios
fundamentos, a súmula do julgamento servirá de acórdão”.
6. ISTO POSTO, voto no sentido de CONHECER DO RECURSO
E NEGO-LHE PROVIMENTO, para manter a sentença objurgada pelos
próprios fundamentos. Sem custas processuais e honorários
advocatícios por ser a parte beneficiária da justiça gratuita.
Salvador, Sala das Sessões, 23 de Março de 2017.
BELA. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE
Juíza Relatora
BELA CÉLIA MARIA CARDOZO DOS REIS QUEIROZ
Juíza Presidente

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA


2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS

Processo nº. : 0003683-31.2016.8.05.0079


Classe : RECURSO INOMINADO
Recorrente(s) : GILSON PINTO LYRA

Recorrido(s) : UNIMED COSTA DO DESCOBRIMENTO


COOPERATIVA DE TRABALHO MEDICO
UNIMED VERA CRUZ COOPERATIVA DE TRABALHO
MEDICO

Origem : 1ª VARA DO SISTEMA DOS JUIZADOS - EUNÁPOLIS


Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE

ACÓRDÃO
Acordam as Senhoras Juízas da 2ª Turma Recursal dos Juizados
Especiais Cíveis e Criminais do Tribunal de Justiça do Estado da
Bahia, CÉLIA MARIA CARDOZO DOS REIS QUEIROZ –Presidente,
MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE – Relatora e ALBÊNIO LIMA
DA SILVA HONÓRIO, em proferir a seguinte decisão: RECURSO
CONHECIDO E IMPROVIDO . UNÂNIME, de acordo com a ata do
julgamento. Sem custas processuais e honorários advocatícios por ser a
parte beneficiária da justiça gratuita.

Salvador, Sala das Sessões, 23 de Março de 2017.


BELA. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE
Juíza Relatora
BELA CÉLIA MARIA CARDOZO DOS REIS QUEIROZ
Juíza Presidente

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