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E por que? Para mandarem ao ar, logo após confirmada a vitória de Dilma
Rousseff, documentos filmados da cela onde esteve presa, quando militante
contra a ditadura militar brasileira. A vitória não saiu, como se esperava, no
primeiro turno, e tudo vai ser levado à televisão brasileira neste domingo do
segundo turno.
Estranho país esse meu Brasil, onde por guerrinhas políticas se procura
denegrir a imagem de seus heróis do passado. Os covardes de ontem, que
compuseram, colaboraram ou se aproveitaram da ditadura tentam agora
minimizar o valor de todos quantos expuseram suas vidas em luta pela
liberdade e pela democracia dos dias de hoje.
Dilma foi uma resistente, vinda das hostes de um outro herói, Leonel Brizola.
Sua eleição é o coroamento do longo caminho das batalhas sociais em favor
do povo e da liberdade, que são por uma melhor repartição do pão e por uma
melhor remuneração do trabalho da maioria da população.
Dilma Rousseff, a corajosa mulher dos anos 60, que viveu três anos nas
escuras celas do Dops, por afrontar os militares – nisso sobrepujando tantos
homens, dispostos por covardia a se submeter aos fardados – é hoje a garantia
de um novo governo em favor do povo e não em favor dos ricos e suas
oligarquias.
A derrota de Serra sela o fim de um época. Por um bom tempo, poderemos ter
a certeza da manutenção dos verdadeiros representantes do povo no poder,
mesmo sob a pressão do cartel da imprensa da direita, que confunde liberdade
de expressão com manipulação e engodo do povo com seus telejornais
supérfluos, suas telenovelas modificadoras da nossa cultura e com sua
máquina de informação implantada por todo o país sem contrapartida, numa
verdadeira ditadura latente e invisível mas eficaz.
Um reduto do conservadorismo
Ela não tem qualquer identidade ou compromisso com o povo e vive apartada
da dura realidade dos brasileiros. Esta elite ainda influência uma ampla
camada média, que come mortadela e arrota caviar, e até uma parcela dos
trabalhadores, que presta serviços aos ricaços – os agregados sociais. Esta
base social é que dá sustentação e apoio ao bloco neoliberal-conservador, à
aliança demotucana. São Paulo retrocedeu na história, lembrando o período da
hegemonia da oligarquia do café, que fez oposição férrea à Revolução de 1930
e ao desenvolvimentismo de Vargas.
Afora esta base social sólida, o longo reinado tucano lançou tentáculos em
todas as instâncias do poder. Como diz o refrão, “está tudo dominado”. O
PSDB e seus satélites controlam com mãos de ferro a Assembléia Legislativa e
já abortaram quase 100 pedidos de Comissões Parlamentares de Inquérito
(CPIs). Eles também exercem forte influência no Poder Judiciário, tendo
nomeado inúmeros juízes oriundos das elites. No comando da máquina pública
há tanto tempo, o tucanato estabeleceu relações privilegiadas e, muitas vezes,
promíscuas com empreiteiras, indústrias e bancos – o que garante, entre
outras vantagens, fartos recursos para as campanhas eleitorais.
Essa relação intima tem vários motivos. O principal é político. A mídia defende
os interesses da elite e, por isso, ela toma partido. Mas há também motivos
comerciais mais obscuros e sinistros. O tucanato paulista mantém uma relação
promíscua com a mídia. É só lembrar que a sede central da TV Globo em São
Paulo ocupou durante anos um terreno público, sem pagar um centavo de
aluguel. Ou ainda que o governo tucano banca bilhões na aquisição de
assinaturas de revistas da Editora Abril, a mesma que edita a Veja. Isto sem
contar os bilhões investidos em publicidade.