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Educação Matemática
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Pro-Posil -
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Educaçéú> Matemática
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Pro-Posi,
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Educa.ção Matemática
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cultural e a remoção de capacidade crí- Educação Matemática estão contem-
tica através da Matemática é manifes- pladas nesse elenco, fazendo cruzar
ta, como bem analisam Marilyn Fran- essa classificação de tronco horizontal
kenstein (1989) e Sharan-Jeet Shan e com as seis classificações verticais. Po-
Peter Bailey (1991), ao se propor a in- der-se-ia ceder à tentação cartesiana
tegração do desenho curricular no mo- de se classificar as áreas de Educação
mento sócio-cultural do sistema esco- Matemática em um esquema matricial
lar. Igual posição é tomada por Sérgio de 6x7.
Nobre (1989). Na verdade, esses três
trabalhos fundamentais fazem eco,
através da Matemática, ao pensamen- Metas e objetivos
to de Paulo Freire, que propõe uma
educação crítica e não-alienante; em gerais do ensino da
essência, ver a educação como um ato
político, reconhecido e assumido. Na Matemática, sua
verdade, a postura de Paulo Freire com posição no currículo e
relação à alfabetização e a ideologia
reconhecida por Michel Apple ao intro- a nova prática docente
duzir o conceito de currículo oculto tra-
zem, em simbiose, um componente que Vamos destacar em especial o capí-
toca ainda mais de perto o interesse do
mundo desenvolvido, que é a crítica ao tulo relativo a metas e objetivos gerais.
consumismo implícito. Naturalmente De fato, a partir de Karlsruhe as dis-
é aí que se manifestam as grandes dis- cussões sobre o porquê de se ensinar
Matemática ganharam uma importan-
torções culturais da Educação Mate- te dimensão sócio-cultural e pode-se
mática e que nos levam a reconhecer a
sua dimensão política (ver D'Ambrosio, dizer que representam o início de um
1990). pensar mais abrangente sobre Educa-
Voltando ào ICME 3, em Karlsruhe, ção Matemática. Esse pensar mais
o tronco horizontal, com as outras sete abrangente é sintetizado no reconheci-
mento da importância de se contextua-
classificações, refere-se às áreas de
lizar a Educação Matemática. Tida tra-
pesquisa: dicionalmente como universal, no sen-
1. análise crítica do desenvolvimento tido de cruzar diferenças culturais e de
representar o único elo absolutamente
curricular; .
intercultural, a Matemática vem sendo
2. métodos e resultados de avaliação; cada vez mais encarada como um pro-
3. metas e objetivos gerais (aspectos duto cultural. Os trabalhos pioneiros
sócio-culturais ); de A. Kroebe,r e de L. A. White, devi-
4. pesquisa relacionada com oprocesso damente reconhecidos por Raymond
de aprendizagem; Wilder (1981), tardaram a ser reconhe-
5. análise crítica do uso da tecnologia cidos como essenciais para a Educação
educativa; Matemática. Igualmente, a dominân-
6. interação com as outras disciplinas; cia da pesquisa conduzida por J ean
7. papel dos algoritmos e dos computa- Piaget e seus discípulos dava pouco
dores. espaço para reflexões cultqrais. Os tra-
Essencialmente, todas as áreas ain- balhos desenvolvidos na década de
da hoje fundamentais na pesquisa em trinta por L. S. Vygotsky e seus discí-
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Educação Matemática
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Nota te, ciência da redução e da confrontação, como
método de resolução de equações), que deu ori-
1. Reflexões, teorias e estudos sobre Educação gem à palavra álgebra, assim como o pr6prio
Matemática vêm desde a Antiguidade. Embora nome do cientista deu origem à palavra algaris-
sem outra justificativa que a de ser um exercício mo. No livro, que é destinado essencialmente a
intelectual, a Matemática grega encontra algu- coisas práticas comoheranças e divisão de pro-
mas poucas utilizações mesmo entre ospr6prios priedades, recusa-se a utilizar fontes gregas,
gregos. Não se vê praticidade na Matemática comoDiofante e Euclides. Além de uma postura
abstrata dos gregos. Claramente era o jogo a culturalmente nacionalista, a busca de outras
motivação dominante. De outra maneira não se fontes mostra uma procura de enfoques mais
práticos
pode justificar a importância da restrição "ré- hebraicas. e recorre somente a fontes hindus e
gua e compasso" na resolução de certos proble-
mas. Naturalmente explicações de natureza es- De fato, duas formas de Matemática se iden-
tética ou busca de perfeição falam a favor da tificam no mundo grego, a mathématique de la
falta de praticidade da Matemática abstrata. A maitrise e a mathématique de l'intelligibilité,
Matemática prática, aquela que serve no dia-a- usando a terminologia de René Thom (Apologie
dia, coexistia comooutra forma de conhecimen- du logos, Paris, Hachette, 1990. p. 325). A pri-
to. Arquimedes foi talvez o primeiro matemáti- meira é assimilada pelo mundo romano e pre-
co a usar seus conhecimentos, de forma um valece na Idade Média, enquanto a segunda é
tanto marginal, em seus engenhos. Entre os levada adiante pelos pr6prios gregos, sob domi-
romanos, o livro de Marcus Vitruvius Polio, De nação romana, e posteriormente pelo mundo
Architectura (cerca de 100 a.C.), ilustra bem a islâmico, chegando à exaustão já no século X.
utilização de resultados matemáticos, alguns No Renascimento essa Matemática retoma sua
razoavelmente sofisticados, porém sem a preo- importância, e com o advento da ciência moder-
cupação de "provar" a validade dos resultados. na vai ganhando a posição de "padrão de rigor",
Embora os árabes sejam creditados comoconti- sendo até adotada como critério de verdade.
nuadores do pensamento matemático greg?! "Tão certo como a Matemática" é uma expres-
sua contribuição nessa direção é modesta. J!i são incorporada à linguagem moderna e reflete
surpreendente que, para lidar com problemas um critério de verdade que se moldou na Mate-
práticos do dia-a-dia do mundo islâmico, a Ma- mática: rigorosa, precisa, desprovida do emo-
temática abstrata dos gregos tenha sido rejei- cional. Daí a definição de Gustave Flaubert
tada. Al-Khuwarizmi (780-850) é o mais impor- "Matemática, [a que] seca o coração". (Bouvard
tante matemático árabe, autor dofamoso trata- et Pecuchet em Dictionary of Received ldeas,
do Hisab aliabrwa'l- mugabalah (literalmen- Londres, Penguin Books, 1987).
Referências bibliográficas
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1990.
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