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DANIELA SANTOS RIBEIRO

JERÔNIMA ISABEL SILVA PRAZERES


RAMON MACEDO LIMA SANTOS

ESTUDO DA VELOCIDADE TERMINAL EM CORPOS COM


ESCOAMENTO DESCENDENTE

LABORATÓRIO DE ENGENHARIA QUÍMICA I

SALVADOR,
2019
DANIELA SANTOS RIBEIRO
JERÔNIMA ISABEL SILVA PRAZERES
RAMON MACEDO LIMA SANTOS

ESTUDO DA VELOCIDADE TERMINAL EM CORPOS COM


ESCOAMENTO DESCENDENTE

Relatório sobre Velocidade Terminal


realizado como avaliação parcial da
disciplina de Laboratório de Engenharia
Química I da Graduação em Engenharia
Química do Instituto Federal da Bahia sob
orientação dos discentes Édler
Albuquerque e Márcia Araújo.

SALVADOR,
2019
1. OBJETIVOS

Determinar o coeficiente de arraste (CD) de objetos e a viscosidade dinâmica


(μ) de um fluido, através do escoamento descendente destes objetos no fluido, bem
como verificar a importância do efeito causado pelas bordas do recipiente, em
relação à determinação da velocidade terminal.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

Equipamentos/Instrumentos Vidrarias Outros materiais

1 paquímetro digital 1 proveta de 1L 1L de detergente

1 termômetro 1 béquer de 1L 4 corpos de


material plástico (de
diferentes geometrias)

1 cronômetro/celular com 1 balão volumétrico 1 peneira


cronômetro de
fundo chato de 5 mL

1 balança analítica 1 pinça de silicone

1 câmera ou celular
Tabela 1: ​Materiais utilizados no experimento.

3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

Foram selecionados quatro diferentes corpos para o experimento: duas esferas


de plástico - cada uma possuindo um diâmetro diferente e ambas as esferas
perfuradas em corte central que percorria o diâmetro -, um corpo semi-esférico e um
corpo em formato de cone. Com um paquímetro digital, mediu-se três vezes as
dimensões de cada objeto registrando as respectivas medidas, necessárias para a
determinação do volume dos objetos, tais como o diâmetro, a altura e o diâmetro do
corte central que percorria o diâmetro do corpo. Posteriormente, os objetos foram
colocados sobre a balança analítica e pesados, obtendo-se as suas respectivas
massas. Com as medidas de massa e volume dos objetos, estimou-se a massa
específica dos mesmos.
Colocou-se um balão volumétrico de 5 mL vazio na balança analítica e tarou-se.
Em seguida, colocou-se o detergente no balão e determinou-se a massa de fluido
presente no balão. Com a massa e o volume correspondentes estimou-se a massa
específica do detergente. Esse procedimento foi realizado apenas uma vez.
Uma proveta de 1000 mL foi então preenchida com detergente e cada um dos
objetos foi colocado um pouco abaixo da superfície para serem liberados a partir do
repouso. O processo foi filmado, e o tempo de queda a cada 100 mL foi
posteriormente obtido com o auxílio do programa Windows Movie Maker. O
procedimento foi repetido três vezes para cada um dos objetos.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 DETERMINAÇÃO DAS DIMENSÕES DOS OBJETOS

Para a realização do experimento, utilizou-se como fluido, o detergente da


marca Lisa, fabricada pela ​Itazul​. Para determinação dos resultados, foi necessário
ter conhecimento de alguns dados, como viscosidade dinâmica e massa específica.
Procurou-se por tais informações no site do fabricante e este não foi encontrado.
Sendo assim, para obtenção destas propriedades, foram considerados os dados
fornecidos pela FISPQ da marca Ypê​, para o mesmo fluido, a uma temperatura de
25ºC. Tais valores foram ρ = 1,02 g/cm³ e ​µ ​= 2,5 g/(cm.s).
Os corpos de prova estudados foram: cone, esfera perfurada azul, calota e
esfera perfurada vermelha. Antes de inserir os corpos na proveta de 1L contendo
detergente, fez-se a medição das dimensões e pesagem dos objetos. As dimensões
e massas desses corpos são mostradas na tabela 2, juntamente com as médias
para cada propriedade. Para cada corpo foram realizadas três medições.

D​o d
Corpo h(mm) m(g)
(mm) (mm)
19,4200 2,6100 - 4,3992
Esfera perfurada
19,5100 2,6200 - 4,3995
Azul
19,5400 2,6000 - 4,3993
4,3993
Média: 19,4900 2,6100 -
Desvio Padrão (mm): 0,0624 0,0100 - 0,0002
11,8600 - 5,9300 0,4714
Calota 11,8500 - 5,9400 0,4714
11,8700 - 5,9800 0,4714
Média: 11,8600 - 5,9500 0,4714
Desvio Padrão (mm): 0,0100 - 0,0265 0,0000
11,7100 - 11,8600 0,6812
Cone 11,6900 - 11,8600 0,6811
11,6800 - 11,8300 0,6811
Média: 11,6900 - 11,8500 0,6811
Desvio padrão (mm): 0,0153 - 0,0173 0,0001
13,5500 2,8000 - 1,4581
Esfera perfurada
13,4700 2,7900 - 1,4579
Vermelha
13,5100 2,7500 - 1,4577
Média: 13,5100 2,7800 - 1,4579
Desvio Padrão (mm): 0,0400 0,0265 - 0,0002
Tabela 1: ​Dimensões dos corpos em estudo.

Onde, h é a altura do corpo de prova, D​o é o diâmetro externo, d é o diâmetro


do orifício cilíndrico existente nas esferas perfuradas e m, a massa do corpo.
A partir dos dados citados anteriormente, foram calculadas algumas
propriedades dos corpos de prova, necessárias para a determinação da esfericidade
(ϕ)​.

V​orifício S​orifício V​m V​o D​p S​o ρ​p


Corpo ϕ
(mm​3​) (mm​2​) (mm​3​) (mm​3​) (mm) (mm​2​) (g/cm​3​)
Esfera perfurada
Azul 104,2756 159,8094 3876,4496 3772,1740 19,3137 1342,4746 1,1663 8,729x​10⁻​¹
8,409x​10⁻​¹
Calota
- - 438,9492 438,9492 9,4291 279,3146 1,0739
7,799x​10⁻​¹
Cone
- - 423,9513 423,9513 9,3205 272,9155 1,6066
Esfera perfurada 8,080x​10⁻​¹
Vermelha 82,0040 117,9913 1291,1142 1209,1103 13,2177 679,2554 1,2058
Tabela 2:​ Propriedade dos corpos de prova.
Onde:

● V​orifício é
​ o volume do orifício da esfera perfurada, calculado pela equação 1.

π.d2
V orif ício = 4
.D0 (1)

● S​orifício é
​ a área superficial do orifício, calculada pela equação 2.

S orif ício = π.d.Do (​ 2)

● V​esf é
​ o volume da esfera, caso ela não tivesse nenhum orifício e dada pela
equação 3.

4πR³
V esf = 3
​ ​ (3)

● V​0 ​é o volume do corpo de prova, dado pela diferença entre V​esf​ e V​orificio​.
● O volume da calota é calculado por:

(4)
● O volume do cone é calculado por:

(5)
● Dp é o diâmetro volumétrico, definido como sendo o diâmetro da esfera com o
mesmo volume que a partícula [2] e dado pela equação 6.
1

Dp = ( )
6V 0
π
3
(6)

● S​0 é a área superficial da esfera perfurada (área da superfície externa, mais a


área da superfície interna, menos duas vezes os “furos”). Essa área é dada pela
equação 7.

2
( )
S 0 = 4π
D0
2
+ πdD0 − πd2
2 (7)

● ρ​p é
​ a densidade dos corpos, dada pela equação 8 abaixo:

m
ρp = Vp
(8)

● φ é a esfericidade da partícula, dada pela equação 9.


πDp 2
ϕ= Sp
(9)

Para a determinação da massa específica do detergente, com base na


massa medida com o auxílio da balança analítica e do volume de óleo no balão
volumétrico, foi utilizada a Equação 8. Como a marca “Lisa” não disponibilizou os
dados do seu produto, utilizou-se os dados do detergente Ypê. Os dados estão
dispostos na tabela 3 abaixo:

M​detergente ρ​F ρ​fabricante


V​Balão​ (mL) Erro (%)
(g) (g/cm3) (g/cm3)
5,0259 5,0000 1,0052 1,0200 1,4723
Tabela 3: ​Dados da determinação da massa específica do detergente.

Comparou-se o valor obtido (ρ= 1,0052 g/cm³ ) com o fornecido pelo fabricante
de detergente Ypê (ρ= 1,0200 g/cm³), e determinou-se o erro relativo entre esses
valores, por meio da Equação 10 abaixo:

V alor experimental−V alor teórico


Erro relativo = V alor experimental
x 100 (10)

O erro relativo obtido foi de aproximadamente 1,47%, ou seja, o desvio entre o


valor experimental da massa específica do fluido e o do fabricante foi bem pequeno,
e, se analisado isoladamente não deve influenciar de forma significativa na
determinação dos resultados. Todavia, vale ressaltar que juntamente com outras
causas, essa medida contribui para os desvios entre os resultados experimentais e
teóricos.

4.2 DETERMINAÇÃO DA VELOCIDADE TERMINAL

Para determinar a velocidade terminal dos objetos utilizados na prática fez-se


análise dos vídeos gravados durante a queda de cada objeto ao longo do recipiente
a fim de encontrar o tempo percorrido pelo objeto a cada 50 ml de líquido
(detergente lisa) e com o objetivo final de calcular a velocidade terminal de cada
objeto​. ​Isso foi possível com o auxílio de um programa de computador chamado
“Windows Movie Maker”, o qual foi reduzida a velocidade do vídeo a 0,125x o tempo
normal de reprodução para assim ter mais exatidão no tempo em que o objeto cruza
cada marca.
Também, através da análise dos vídeos, pode-se observar que todos os
objetos foram soltos na marca de 1000 mL da proveta, tomando-a como ponto de
partida e 100 mL como ponto final. O único objeto que foi possível a obtenção do
tempo de queda na última marca (50 ml) foi a esfera azul pois foi o primeiro objeto a
ser solto na proveta, logo, esta estava totalmente livre de obstáculos, possibilitando
a obtenção de dados de tempo de queda na última marca, seguido pelos outros
objetos. Assim, a medida que eram soltos os outros objetos em seguida, os que já
estavam no fundo da proveta impediam que estes tocassem a última marca (50 ml)
a fim de obtenção do tempo de queda para o cálculo da velocidade instantânea
nesse ponto. A cada 50 mL foi registrado o tempo de passagem de cada objeto. O
experimento foi realizado em triplicata para cada corpo e as Tabelas 5, 6 e 7
apresentam os valores referentes ao tempo instantâneo de queda em cada
experimento, o tempo médio entre esses pontos e a velocidade média calculada em
cada uma das 20 marcas de 50 mL.
Como na filmagem do tempo de queda dos objetos, em nenhum dos casos
houve coincidência do tempo zero com o momento exato em que o objeto foi solto,
ou seja, a gravação sempre era iniciada alguns segundos antes do corpo ser solto
e, quando ele era liberado, o tempo no cronômetro já era maior que zero, este
tempo foi ajustado por meio de aritmética básica, na forma de tempo instantâneo,
para que o tempo instantâneo de liberação do corpo representasse o tempo inicial.
Foram feitas medições do comprimento da proveta desde a base onde havia
líquido até a marca de 1000 mL resultando em um valor igual a aproximadamente
36 cm, e assim pôde-se obter o comprimento equivalente a 50 mL igual a 1,8 cm. A
Tabela 5 apresenta o comprimento correspondente a cada 50 mL da proveta na
qual as esferas foram liberadas, bem como seu respectivo diâmetro.
Graduação da Comprimento ΔS Diâmetro da
proveta (ml) correspondente proveta (cm)

1000 0 -

950 1,8 1,8

900 3,6 1,8

850 5,4 1,8

800 7,2 1,8

750 9 1,8

700 10,8 1,8

650 12,6 1,8

600 14,4 1,8

550 16,2 1,8 5,945

500 18 1,8

450 19,8 1,8

400 21,6 1,8

350 23,4 1,8

300 25,2 1,8

250 27 1,8

200 28,8 1,8

150 30,6 1,8

100 32,4 1,8

50 34,2 1,8
​Tabela 4​. Comprimento e diâmetro da proveta.

Com os valores da distância percorrida a cada 50 ml, ∆S, expostos na tabela


4, e o intervalo de tempo médio em que o objeto percorre esse trajeto, ∆t (Tabelas
5, 6 e 7), foram obtidas as velocidades médias correspondentes de cada objeto em
triplicata a cada intervalo espacial através da equação 11 representada abaixo:
​ (11)

Os intervalos de tempo em que os corpos percorrem a distância equivalente


de 50 ml na proveta, as velocidades instantâneas correspondentes a cada intervalo
percorrido, o tempo médio, bem como a velocidade terminal de cada objeto nas três
replicatas estão expostos nas tabelas 5, 6 e 7 abaixo. Desses dados foram obtidos
os tempos médios e as velocidades instantâneas médias vistas nas colunas 9 e 10
respectivamente das tabelas 5, 6 e 7​ ​com os quais foram efetuados os cálculos.
Tabela 5​. Tempo de queda e velocidade média para o cone.
Tabela 6​. Tempo de queda e velocidade média para a esfera vermelha
Tabela 7​. Tempo de queda e velocidade média para a esfera azul.
Tabela 8​. Tempo de queda e velocidade média para a calota

Figura 1​. Velocidade média em função do tempo de queda do cone


Figura 2​. Velocidade média em função do tempo de queda da esfera vermelha

Figura 3.​ Velocidade média em função do tempo de queda da esfera azul


Figura 4​. Velocidade média em função do tempo de queda da calota

Para todos os corpos, foram considerados as quatro últimas velocidades


médias para o cálculo da velocidade terminal através de uma média aritmética entre
essas velocidades, visto que essas velocidades instantâneas oscilavam entre um
valor médio, com exceção da calota que apresentou um decaimento do último
ponto, indicando um decréscimo de velocidade quando esta passava pela última
marca próximo a base da proveta. Na Tabela 9 estão expostas as velocidades
terminais obtidas para cada corpo com seu respectivo valor de desvio padrão.

VELOCIDADE TERMINAL

OBJETO VELOCIDADE DESVIO PADRÃO


TERMINAL

CONE 0,467 0,00608

ESFERA VERMELHA 0,619 0,02980

ESFERA AZUL 0,769 0,01607

CALOTA 0,107 0,00577


Tabela 9​. Determinação da velocidade terminal experimental ​em cada um dos
corpos e o desvio padrão associado.
Segundo a literatura, o tempo de queda de um objeto é inversamente
proporcional a sua massa específica, ou seja, quanto maior a massa específica do
objeto, menor o tempo de queda e maior a sua velocidade terminal, pois o aumento
da massa específica do objeto em relação à massa específica do fluido faz com que
a velocidade da partícula alcance um valor maior devido ao aumento da força
gravitacional que atua sobre o corpo.
Sabendo disso e analisando os dados de densidade dos objetos contidos na
tabela x, era esperado que a velocidade terminal dos objetos seguisse a seguinte
ordem: Cone > Esfera vermelha > Esfera azul > Calota. Enquanto que, os
respectivos tempos de queda deveria seguir a seguinte ordem: Calota > Esfera azul
> Esfera vermelha > Cone.
Os valores calculados de velocidade experimental seguiu a seguinte ordem:
Esfera azul > Esfera vermelha > Cone > Calota, o que não está de acordo com
a literatura.
A velocidade terminal é definida como a velocidade em que a força de arrasto
tem o mesmo valor da força gravitacional atuante, de modo que, o aumento na
velocidade do corpo de prova implica num aumento da força resistiva que atua no
objeto e, para que haja equilíbrio entre as forças, é necessário tempo e espaço
suficientes para a queda, de modo que o corpo alcance a velocidade terminal.
No entanto, alguns fatores podem ter afetado o experimento de modo que os
valores esperados de tempo de queda e de velocidade terminal para cada objeto
não tenham sido alcançados. O primeiro fator que pode ter afetado o experimento é
a formação de bolhas. Segundo CREMASCO (2012), os objetos são considerados
como partículas isoladas em repouso e a formação de bolhas altera o regime de
escoamento. O segundo fator é a não consideração do movimento rotacional nas
correlações para as partículas isoladas. O terceiro fator é que pode ter ocorrido
desvios no percurso dos objetos ao longo da proveta e de fato, em alguns
experimentos os objetos se aproximaram muito das paredes da proveta,
aumentando assim o efeito das mesmas sobre ele. O quarto fator é a consideração
que a velocidade inicial do objeto é zero, sendo que na verdade alguns dos corpos
não partiram do repouso e a velocidade inicial é diferente de zero para eles pois
eram soltos de modo que já iniciaram o movimento descendo com certa velocidade.
Também, a calota, ao ser solta, não estava submergindo e foi preciso empurrá-la
levemente com o auxílio da pinça de silicone, o que também pode ter afetar os
resultados. O quinto fator que pode ter influenciado os resultados foi a não
consideração da porosidade dos materiais que constituíam os corpos de prova.
Além destes erros, é preciso levar em consideração os erros associados a
análise dos vídeos. O programa de computador “Windows Movie Maker” permitiu
reduzir a velocidade dos vídeos a 0,125x o valor de reprodução normal, para que se
tornassem mais lentos e possibilitasse a obtenção dos tempos em que os objetos
passavam nas marcas com intervalos de 50 mL. Entretanto, esta análise pode ter
gerados erros associados que também podem ter modificado os resultados, como o
erro de paralaxe, por exemplo, que pode ter sido resultante do ângulo e da distância
da filmagem, que gera incerteza na determinação da posição exata do corpo de
prova dentro da proveta. Outro exemplo de possíveis erros associados a análise dos
vídeos, é que alguns objetos (a calota e o cone), em alguns experimentos, mudaram
de posição no percurso ao longo da proveta e isso dificultou a visualização do
momento exato em que esses objetos passavam pelas marcas com intervalos de 50
mL.

4.3. DETERMINAÇÃO DA VISCOSIDADE DINÂMICA (μ) E DO COEFICIENTE DE


ARRASTO (CD)

A partir dos valores de esfericidade (ϕ), diâmetro do corpo de prova (DP) e do

diâmetro da proveta, foi validada a utilização da equação do coeficiente de arraste

que segue:

CD = 4
3 gD P [ (ρP − ρF )
ρF υ 2 ] ​ ​(12)

Onde:

C​D:​ coeficiente de arraste;

D​P​: diâmetro volumétrico do corpo de prova;

g: Constante gravitacional;
ρ​F​: massa específica do fluido;

ρ​P​: massa específica do corpo

υ : velocidade terminal.

Essa equação aplica-se para partículas isométricas em fluido newtoniano nos


quais 0,65 < ​ϕ ≤ 1, e a razão entre os diâmetros do corpo de prova e da proveta
seja menor ou igual a 0,5.
Segundo CREMASCO (2014), a velocidade terminal dos objetos é afetada
pela presença de contornos rígidos, ou seja, pelo efeito de parede. Dessa forma, o
número de Reynolds é calculado por:

Re = ( )
24
k1
e3,54 β
n
(C D
1
− k2n ) n
​ (13)

Onde:

Re: Número de Reynolds;

C​D​: Coeficiente de arraste;

β: Parâmetro correspondente a influência de contornos rígidos;

k​1​ e k​2​: Parâmetros

n: Parâmetro (n= 0,85 para Re<35)

E a viscosidade dinâmica experimental é dada por:

ρF DP ν
μ= Re ​(14)

Os dados adquiridos experimentalmente, a exemplo da velocidade terminal,


são resultados de uma condição em que se tem efeito de parede. Dessa forma,
como a presença de contornos rígidos influencia o valor da velocidade terminal,
reduzindo-o em relação à velocidade terminal da partícula isolada (Cremasco,
2012), faz-se necessário uma avaliação desse efeito de parede, de forma a se ter
uma noção da magnitude da sua influência sobre o valor da velocidade terminal. Em
situações na qual 0,65 < φ ​≤ 1, sendo ​φ a esfericidade da partícula, é possível
avaliar o efeito de parede na fluidodinâmica da partícula isométrica. Como no
experimento realizado φ = 1, utilizou-se as correlações que consideram o efeito de
parede na fluidodinâmica da partícula isométrica em fluido newtoniano, sendo essas
expostas nas equações 13 a 17. A partir destas, pode-se calcular o coeficiente de
arraste (C​D​) e a viscosidade experimental do fluido (μ) expressos acima.

K 1 = 0, 843log ( )

0,065 (15)

K 2 = 5, 31 − 4, 88∅ (16)
DP
β= Dt (17)

Os resultados desses cálculos estão dispostos na Tabela 10 para os quatro


corpos utilizados no experimento.

Coeficiente de atrito e viscosidade - Correlações com efeito de parede


v​Terminal µ
Corpo C​D K​1 K​2 β Re
(cm/s) (g/cm.s)
Esfera perfurada
0,769 7,0023 0,9509 1,0502 0,3248 13,3859 0,1115
Azul
Calota 0,107 79,9979 0,9373 1,2064 0,1583 0,4505 0,2247

Cone 0,467 34,5948 0,9097 1,5041 0,1561 1,4426 0,3019

Esfera perfurada
0,619 9,1947 0,9227 1,4060 0,2223 8,1315 0,1012
Vermelha
Tabela 10:​ Velocidade Terminal, C​D​, k1, k2, β, μ e Reynolds para os corpos de prova.

Comparando os valores de viscosidade do fluido (​μ​) calculados para cada


experimento com o valor fornecido pelo fabricante Ypê®, temos:

Viscosidade
Corpo µ (g/cm.s) μ​fabricante​ (g/cm.s) Desvio (%)
Esfera perfurada Azul 0,1115 2,5 -2142,15
Calota 0,2247 2,5 -1012,59
Cone 0,3019 2,5 -728,09
Esfera perfurada
0,1012 2,5 -2370,36
Vermelha
Tabela 11​: Viscosidades dinâmicas experimentais, teórica e erro, considerando o efeito de
parede.

Com base nas correlações 18, 19, 20, 21 e 22 (MASSARANI, 2002) foi
realizado um procedimento iterativo para a determinação do Re​∞​, disposto nas
tabelas 15, 16 e 17.

10
kp = 1+ Re∞B
​ (18)

Sendo a equação 18 para números de Reynolds 0,1<Re<10³.

A = 8, 91e2,79β (19)

B = 1, 17x10−3 − 0, 281β (20)

v
v∞ = kp
​​ (21)

ρF Dp v ∞
Re∞ = μ ​​ (22)

Procedimento iterativo para a determinação do primeiro Re​∞ (Re​


​ ∞​1)​ - Esfera
perfurada azul
Iteração k​p A B v​∞ ​(cm/s) Re​∞ Erro (%)
1 0,4063 22,0512 -0,0901 1,8928 8,1950 -
2 0,5196 22,0512 -0,0901 1,4799 6,4072 -21,8156%
3 0,5088 22,0512 -0,0901 1,5113 6,5434 2,1256%
4 0,5097 22,0512 -0,0901 1,5086 6,5317 -0,1797%
5 0,5097 22,0512 -0,0901 1,5088 6,5327 0,0154%
6 0,5097 22,0512 -0,0901 1,5088 6,5326 -0,0013%
Tabela 12​. Resultados do procedimento iterativo para determinação do Re​∞ para a miçanga
azul.

Procedimento iterativo para a determinação do primeiro Re​∞ (Re​


​ ∞​1)​ - Calota
Iteração k​p A B v​∞ (cm/s)
​ Re​∞ Erro (%)
1 0,6862 13,8576 -0,0433 0,1559 0,1633 -
2 0,6254 13,8576 -0,0433 0,1711 0,1791 9,7089%
3 0,6278 13,8576 -0,0433 0,1704 0,1784 -0,3734%
4 0,6277 13,8576 -0,0433 0,1705 0,1785 0,0152%
5 0,6277 13,8576 -0,0433 0,1705 0,1785 -0,0006%
6 0,6277 13,8576 -0,0433 0,1705 0,1785 0,0000%
Tabela 13​. Resultados do procedimento iterativo para determinação do Re​∞​ para a calota.

Procedimento iterativo para a determinação do primeiro Re​∞​ (Re​


​ ∞​1)​ - Cone
Iteração k​p A B v​∞ ​(cm/s) Re​∞ Erro (%)
1 0,6902 13,7728 -0,0427 0,6766 0,5199 -
2 0,6595 13,7728 -0,0427 0,7081 0,5442 4,6592%
3 0,6607 13,7728 -0,0427 0,7068 0,5432 -0,1818%
4 0,6607 13,7728 -0,0427 0,7069 0,5432 0,0073%
5 0,6607 13,7728 -0,0427 0,7069 0,5432 -0,0003%
6 0,6607 13,7728 -0,0427 0,7069 0,5432 0,0000%
Tabela 14​. Resultados do procedimento iterativo para determinação do Re​∞​ para o cone.

Procedimento iterativo para a determinação do primeiro Re​∞​ (Re​


​ ∞​1)​ - Esfera
perfurada Vermelha
Iteração k​p A B v​∞ ​(cm/s) Re​∞ Erro (%)
1 1,0000 16,5666 -0,0613 0,4670 0,3589 -
2 0,5365 16,5666 -0,0613 0,8705 0,6690 86,4069%
3 0,5562 16,5666 -0,0613 0,8397 0,6453 -3,5446%
4 0,5550 16,5666 -0,0613 0,8414 0,6466 0,2092%
5 0,5551 16,5666 -0,0613 0,8413 0,6465 -0,0121%
6 0,5551 16,5666 -0,0613 0,8413 0,6465 0,0007%
Tabela 15​. Resultados do procedimento iterativo para determinação do Re​∞ para a miçanga
vermelha.

Para todos os casos, conseguiu-se encontrar um resultado com erro igual ou


próximo a 0,00% na sexta iteração.

Desta forma, os valores de Re​∞​ ​são apresentados na Tabela 16.

Corpo Re​∞
Esfera perfurada azul 6,5326
Calota 0,1785
Cone 0,5432
Esfera perfurada vermelha 0,6465
Tabela 16​. Re calculados através de procedimento iterativo.

O chute inicial foi feito a partir do k​p calculado pela equação 23 (para Re<0,1),
uma vez que para a mesma, o k​p independe
​ do Reynolds.

kp = ( 1− β
1−0,475β ) ​ (23)

A fim de conhecer o desvio entre os coeficientes de arraste experimentais e


teóricos dos corpos, comparou-se o C​D calculado
​ pela equação 9 com o obtido por
meio do gráfico exibido na Figura 5 (PERRY, 1997), utilizando-se o valor de
Reynolds exibido na tabela 13. Não foi encontrada na literatura uma correlação para
o cálculo do coeficiente de arraste ​C​D teórico
​ para
​ o corpo cônico e, dessa forma,
seu valor não está exposto na Tabela 17. Para a calota, o C​D teórico foi calculado
através da equação 18 (Cimbala, 2006).

22,2
Cd = Re ​ (24)

Figura 5​. Gráfico para correlação entre o coeficiente de arraste C​D e


​ o Número de Reynolds

Re para esferas, discos e cilindros (PERRY, 1997).


Corpo C​D C​D​ Teórico​ (PERRY) Desvio (%)
Esfera perfurada
Azul 7,0023 6,2 11,46
Calota 79,9979 49,28 38,40
Cone 34,5948 - -
Esfera perfurada
Vermelha 9,1947 7,5 18,43
Tabela 17.​ Cálculo do erro associado ao C​D em
​ relação ao C​D​ experimental.

A título de comparação, foi realizado o cálculo do ​C​D utilizando-se tanto as


correlações para regime de Stokes (Re<0,4), equação 25, quanto de Newton
(10​3​<Re<5x10​4​), equação 26. Ressalta-se que para os valores de Reynolds
encontrados, o sistema para cada corpo de prova apresentou o comportamento
descrito na tabela 12.
24
Cd = K 1 Re∞ (25)

Cd = K2 (26)

Corpo Re Regime
Esfera perfurada Azul 13,3859 Newton
Calota 0,4505 Stokes
Cone - -
Esfera perfurada Vermelha 8,1315 Stokes
Tabela 18.​ Regime correspondente ao número de Reynolds encontrado.
24
Cd = K 1 Re∞ (25)

Cd = K2 (26)

Correlações para a partícula isométrica isolada (0,65<φ<1) que permitem o


cálculo do coeficiente de arraste (​C​D​) e da velocidade terminal (v​∞​)
C​D C​D​ Teórico Desvi C​D C​D​ Teórico Desvio
Corpo Re​∞ (Stokes) (​PERRY) o (%) (Newton) (PERRY) (%)
Esfera -1552,
6,5326 0,3753 6,2 1,0502 6,2 -490,36
perfurada azul 01
-377,1 -3984,8
Calota 0,1785 10,3277 49,28 1,2064 49,28
6 8
Cone 0,5432 6,1413 - - 1,5041 - -
Esfera
perfurada 0,6465 5,2687 7,5 -42,35 1,4060 7,5 -433,43
vermelha
Tabela 19​. Resultados para correlações para a partícula isométrica isolada (0,65<φ<1).

O desvio entre o C​D calculado por meio das correlações para ambos os
regimes (regime de Newton e regime de Stokes) e o C​D teórico permite afirmar que
a correlação para o regime de Stokes apresentou melhor comportamento para a
calota, o cone e a esfera perfurada vermelha. Era-se esperado que as correlações
para esse regime se adequassem mais à a calota, visto os baixos valores do
número de Reynolds. ​Segundo Potter (2014), considera-se este escoamento para
números de Re<5. No entanto, para Welty (2017) este regime só é presente em
valores de Re<1. White (2010), Massarani (2001) e grande parte dos autores,
restringem o regime de Stokes para valores ainda menores de Re: muito menores
que 1, geralmente menores que 0,5. Portanto, com base nesses autores, pode-se
inferir que a calota encontra-se em regime de Stokes. Assim, também com base
nos desvios relativos entre o C​D calculado e o C​D teórico, pode-se concluir que o
regime de Newton foi o que mais se adequou à esfera perfurada azul, tendo em
vista menores valores de desvios (partindo-se somente do princípio de que os
desvios relativos foram menores, pois os valores dos números de Reynolds
encontrados para os corpos esféricos não se enquadram em nenhum dos dois
regimes).
Foram calculados, também, a partir de diferentes correlações, o coeficiente
de arraste, C​D​, com o intuito de se comparar os valores obtidos.
Primeiramente, utilizou-se a correlação que considera a partícula como
esférica e isolada, para Re​∞​<5x10​4​, dada pela equação 27 (com n=0,63); os
resultados estão apresentados na tabela 14. Posteriormente, utilizou-se a
correlação que considera a partícula como isométrica isolada (0,65<ϕ<1 e
Re​∞​<5x10​4​), dada pela equação 28 (com n=0,85); seus respectivos resultados são
exibidos na tabela 15.
1
n
[( ) ]
n
Cd = 24
Re∞
+ 0, 43n (27)

[( ]
n n

Cd = 24
k 1 Re∞ ) + K n2 (28)

Correlação que considera a partícula isolada e esférica (Re​∞​<5x10​4​)


Corpo C​D C​D Teórico​ (PERRY) Desvio (%)
Esfera perfurada azul 5,2944 6,2 -17,05
Calota 140,2176 49,28 64,85
Cone 48,0309 - -
Esfera perfurada
vermelha 40,7377 7,5 81,59
Tabela 14.​ Valores de C​D​ utilizando a correlação para partícula esférica isolada.

Correlação que considera a partícula isométrica isolada (0,65<ϕ<1 e Re​∞​<5x10​4


Corpo C​D C​D Teórico​ (PERRY) Desvio (%)
Esfera perfurada azul 5,4061 6,2 -14,69
Calota 146,3587 49,28 66,33
Cone 51,5619 - -
Esfera perfurada
vermelha 42,9823 7,5 82,55
Tabela 15​. Valores de C​D​ utilizando correlação para partículas isométricas e Re<5x10​4​.

Realizou-se novamente o cálculo para a viscosidade experimental, agora


​ e
considerando o ​v∞. ​ utilizando-se a equação 29, os resultados encontram-se
dispostos na Tabela 16. A
​ velocidade, desta forma apresentada, bem como o Re​∞
desconsideram todos os fatores externos, tais quais a influência da parede da
proveta.

µ=
gDp2
18 [ [
v ∞ 1+2,1
(ρp − ρF )
( )]
Dp
Dt
] (29)
Cálculo da viscosidade experimental
Corpo v​∞ (cm/s)
​ µ​exp​ (g/cm.s) µ​fabricante​ (g/cm.s) Erro (%)
Esfera perfurada azul 1,5088 0,1396 2,5 -1690,83
Calota 1,705 0,0159 2,5 -15623,27
Cone 0,7069 0,2929 2,5 -753,53
Esfera perfurada
0,8413
vermelha 0,3124 2,5 -700,26
Tabela 16​. Cálculo da viscosidade considerando-se o v​∞.

Ao se comparar os resultados da tabela 16 com os valores das viscosidades


obtidos na tabela 5, observa-se que ao considerar o v​∞​, ​foram encontrados erros
maiores em relação aos dados do fabricante. Pode-se afirmar, portanto, que os
efeitos de parede foram relevantes para o experimento realizado.

O Re​∞ foi
​ calculado novamente a partir da viscosidade exibida na Tabela 16,
por meio da equação 30. Os resultados foram dispostos na Tabela 17 que segue.

ρF Dp v ∞
Re∞ = µ ​ (30)

Re​∞​ a partir da viscosidade (Re​∞2​)


Corpo Re​∞2
Esfera perfurada azul 20,9828
Calota 101,6366
Cone 2,2612
Esfera perfurada vermelha 3,5781
Tabela 17​. Cálculo do Re∞ a partir da viscosidade calculada.

Por fim, calculou-se novamente o C​D com base no novo Reynolds,


denominado Re​∞2​, e
​ pelas diferentes correlações já utilizadas anteriormente,
utilizando-se as equações 27 e 28, com resultados encontrados nas ​Tabelas 18 e
19, respectivamente.
Correlação que considera a partícula isolada e esférica (Re​∞​<5x10​4​)
Corpo C​D C​D Teórico​ (PERRY) Desvio (%)
Esfera perfurada azul 2,2697 6,2 -173,16
Calota 0,9848 49,28 -4904,06
Cone 12,9346 - -
Esfera perfurada
vermelha 8,6895 7,5 13,69
Tabela 18​. C​D​ calculado a partir dos valores de Re​∞​2​. para
​ partícula esférica isolada.

Correlação que considera a partícula isométrica isolada (0,65<ϕ<1 e Re​∞​<5x10​4


Corpo C​D C​D Teórico​ (PERRY) Desvio (%)
Esfera perfurada azul 2,5453 6,2 -143,59
Calota 2,7227 49,28 -1709,97
Cone 14,1090 - -
Esfera perfurada
vermelha 9,4292 7,5 20,46
Tabela 19​. C​D​ calculado a partir dos valores de Re​∞​2​ para
​ partícula isométrica isolada.

Percebe-se através dos resultados obtidos que os erros relacionados a este


experimento são bastante significativos. Pode-se apontar que há erros inerentes às
tomadas de tempo do experimento, às medições das distâncias percorridas, ao
cálculo dos diâmetros volumétricos dos corpos de prova, à determinação da massa
específica do detergente, entre outros fatores. Quanto ao Cd, os resultados foram
pouco precisos. A ele incorrem erros ainda mais significativos relacionados à leitura
de valores no Gráfico da Figura 5. Em relação à viscosidade, pôde-se notar que os
valores de viscosidade encontrados na Tabela 16 obtiveram erros superiores aos
valores encontrados nas Tabelas 18 e 19. Isso se explica devido ao fato de que ao
se trabalhar com o modelo que considera a influência das paredes do tubo, através
do cálculo do Re​∞ por
​ meio de sucessivas iterações​, observou-se
​ um menor desvio
do que ao se desprezar as mesmas. Esses efeitos de borda também são mais
significativos para corpos os quais apresentam maior diâmetro volumétrico, que, no
experimento, foram os corpos esféricos, principalmente a esfera perfurada azul, que
tem o diâmetro maior que todos os outros corpos. Esse fato pode ser notado na
Tabela 5, onde os desvios das viscosidades calculadas para as esferas em relação
às viscosidades dadas pelos fabricantes foram muito superiores aos desvios dos
outros dois corpos, evidenciando a grande influência desse efeito ao passo que ao
desconsiderá-lo, os desvios obtidos foram extremamente altos.
É importante também ressaltar que as correlações utilizadas apenas se
aplicam a escoamentos em fluidos newtonianos, nos quais a tensão de
cisalhamento aplicada é proporcional à taxa de deformação do fluido. Já os fluidos
não newtonianos apresentam desvios em relação a esse comportamento, pois
apresentam algumas propriedades reológicas diferentes, a exemplo da viscosidade
que não é constante. Tem-se que o detergente é um fluido não-newtoniano, o que
também é uma fonte de erros aos resultados, já que as correlações utilizadas são
para escoamentos em fluidos newtonianos. Além disso, outros fenômenos como
movimento de rotação dos objetos, esfericidade, presença de vazios, formação de
bolhas e mudança na trajetória linear também podem ter influenciado os resultados
obtidos.
​5. CONCLUSÃO

Pode-se observar através do experimento, o comportamento de diferentes


corpos em velocidade terminal. A observação dos gráficos de velocidade ​versus
tempo com pontos praticamente constantes a partir de determinado momento se
mostrou determinante para a observação da velocidade terminal de cada corpo de
prova e possíveis interferências. Ao fato de se trabalhar com objetos perfurados,
uma calota e um cone não perfeitos, pode-se inferir interferências tais quais
acúmulo de ar e contornos, o que pode ter contribuído para um maior erro no
coeficiente de arraste e na viscosidade calculada.
Ao se utilizar as correlações que consideram i) a partícula isolada e esférica
(Re∞<5x10​4​) e ii) a partícula isométrica isolada (0,65< ​φ <1) e Re∞<5x10​4​,
observou-se que nenhuma delas descreveu bem o experimento, apresentando um
erro bastante elevado. Isso pode ser explicado ao fato de que tais correlações não
consideram os efeitos de parede no escoamento, além de que são correlações
próprias para cálculos em fluidos newtonianos (a relação entre sua tensão de
cisalhamento e gradiente local de velocidade consiste em uma relação linear),
diferentemente do fluido que foi usado no experimento, que classifica-se como
não-newtoniano (apresentam propriedades reológicas diferentes, tal como a
viscosidade não constante).
​Ao se trabalhar com o modelo que considera a influência das paredes do tubo,
observou-se um menor erro frente aos coeficientes de arraste teórico e experimental
e às viscosidades teórica e experimental do que ao se desprezar as mesmas,
através do cálculo do Re​∞​. ​Isso deixou bastante evidentes os efeitos de parede
sobre a velocidade terminal no escoamento dos corpos.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] CREMASCO, M.A; Operações unitárias em sistemas particulados e


fluidomecânicos. São Paulo: Blucher, 2010. 423 p.

[2] MASSARANI, G. Fluidodinâmica em sistemas particulados, e-papers ,2002.


POTTER, M,C., WIGGERT, D.C., RAMADAN, B.H. Mecânica dos Fluídos.Cengage
Learning Editores, 2014.

[3] Roteiro Estudo da Velocidade Terminal de Corpos em Escoamento


Descendente - referente às aulas práticas do Laboratório de Engenharia Química I.
IFBA, 2017.2.

[4] TERRON, L.R. Operações Unitárias para Químicos, Farmacêuticos e


Engenheiros. LTC, 2012.

[5] WELTY, J.R., RORRER, G,L. FOSTER, D.G. Fundamentos de Transferência de


Momento, de Calor e de Massa. 6 ed. LTC, 2017.

[6] WHITE, F. M. Mecânica dos Fluidos. 6ª ed.ArtMed 2010.

[7]<​https://www.pratika.com.br/files/site/uploads/produtos/DETERGENTE_YPyU_50
0ml_-_QUIMICA_AMPARO.pd​f> Acessado em: 04/03/2019

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