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Completacao de Pocos de Hidrocarbonetos PDF
Completacao de Pocos de Hidrocarbonetos PDF
de Hidrocarbonetos
Brasília-DF.
Elaboração
Produção
APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 4
ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA..................................................................... 5
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7
UNIDADE I
CONCEITOS BÁSICOS NA COMPLETAÇÃO DE POÇOS............................................................................ 9
CAPÍTULO 1
TIPOS DE COMPLETAÇÃO DE POÇOS........................................................................................ 9
CAPÍTULO 2
ATIVIDADES ENVOLVIDAS POR UM COMPLETADOR DE POÇOS................................................. 14
UNIDADE II
USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO............................................. 17
CAPÍTULO 1
CARACTERÍSTICAS DO CIMENTO E CLASSIFICAÇÃO................................................................ 17
CAPÍTULO 2
EQUIPAMENTOS E ACESSÓRIOS UTILIZADOS NA CIMENTAÇÃO.................................................. 22
CAPÍTULO 3
AVALIAÇÃO DA CIMENTAÇÃO................................................................................................. 28
CAPÍTULO 4
CANHONEIO........................................................................................................................... 42
UNIDADE III
DESCRIÇÃO DOS PRINCIPAIS ACESSÓRIOS DE UMA COLUNA DE COMPLETAÇÃO................................. 57
CAPÍTULO 1
COLUNA DE PRODUÇÃO........................................................................................................ 57
UNIDADE IV
ACOMPANHAMENTO DA PRODUÇÃO E ESTIMULAÇÃO DE POÇOS........................................................ 71
CAPÍTULO 1
CONTROLE DE PRODUÇÃO DE AREIA...................................................................................... 71
CAPÍTULO 2
TRATAMENTO QUÍMICO........................................................................................................... 76
CAPÍTULO 3
FRATURAMENTO HIDRÁULICO.................................................................................................. 81
REFERÊNCIAS................................................................................................................................... 84
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem
necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela
atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade
de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos
a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma
competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para
vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar
sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a
como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de
forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões
para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao
final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e
pesquisas complementares.
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos
e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Praticando
Atenção
5
Saiba mais
Sintetizando
Exercício de fixação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).
Avaliação Final
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Introdução
Qual é a primeira ideia que aparece quando alguém fala de completar um poço de hidrocarbonetos?
Completar pode significar acabar de fazer alguma tarefa, mas na indústria do petróleo esta palavra
está relacionada com a ideia de deixar o poço em condições para ser colocado em produção. Este
processo é posterior à etapa de perfuração de um poço e depende muito das características do
reservatório(tanto da parte litológica (rocha) quanto dos fluidos contidos nele. Claro que convém
destacar que o completador de poços não está limitado a esta tarefa, pois ele vai acompanhando a vida
produtiva do poço, para avaliar a necessidade de fazer algum tipo de melhoria ou evitar a produção de
material não desejado em superfície. Este tipo de trabalho é chamado de REACONDICIONAMENTO
do poço, ou pelo seu sinônimo, em idioma inglês, (workover). É importante mencionar que quando
falamos de hidrocarbonetos, estamos falando de petróleo ou gás, e como material não desejado que
pode acompanhar a produção temos a água e a areia, principalmente.
Para saber quando e por quem é realizado este trabalho de completação, vamos listar,de maneira
resumida, as diferentes etapas que envolvem a produção de hidrocarbonetos.
»» Estudo de reservatórios: Será que o petróleo vai fluir com facilidade dentro
do reservatório? Qual vai ser a área aproximada que o poço vai drenar? Será que
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tem energia suficiente? Então, antes de colocar o poço para produzir, são realizados
estudos de reservatórios, para conhecer os principais parâmetros que possam dar
uma ideia do fluxo de fluidos no meio poroso, na pressão do reservatório, entre
outros, que possam ajudar a dimensionar o melhor sistema de produção a ser
utilizado. Este conjunto de estudos é realizado pelo engenheiro de petróleo.
»» Refino: Já nesta etapa, os hidrocarbonetos são separados para seu uso comercial, e
este trabalho é feito nas refinarias e supervisionado por um químico ou petroquímico.
Desta maneira, você já deve ter uma ideia geral do conjunto de procedimentos e sequência dos
trabalhos realizados na indústria do petróleo e gás. Voltando para nosso tema, a completação de
poços, este caderno foi elaborada da seguinte maneira.
»» Na unidade II, vamos ver todo o concernente com o processo do uso do cimento
na completação de um poço, começando pelas características do cimento;depois
vamos ver quais são os equipamentos utilizados para fazer uma cimentação;
posteriormente, vamos ver quais são as ferramentas usadas para avaliar se a
cimentação estiver correta. Caso a cimentação esteja incorreta, quais são as
técnicas para fazer a recimentação e sua diferença com o procedimento chamado de
cimentação forçada. Vamos ver em que consiste o canhoneio e quais são as técnicas
usadas para esse procedimento.
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CONCEITOS
BÁSICOS NA UNIDADE I
COMPLETAÇÃO DE
POÇOS
CAPÍTULO 1
Tipos de completação de poços
Conceitos básicos
Antes de fazer uma descrição dos tipos de completação de poços, vamos tentar dar uma definição para
esse conjunto de procedimentos. A completação inicia-se quando a broca perfura por completo a zona
produtora, e tem como finalidade colocar o poço em condições de produção, de forma econômica,
priorizando as operações de segurança e minimizando o impacto do meio ambiente. Também envolve
todos os procedimentos realizados para maximizar a produção dos fluidos de interesse.
É importante também salientar que os tipos de completação vão depender muito do tipo de
reservatório a ser encontrado. De modo geral, os reservatórios de hidrocarbonetos podem ser
classificados como reservatórios de petróleo ou reservatórios de gás. A exploração de cada um deles
vai estar justificada por meio de um estudo econômico com cálculos baseados nas características
petrofísicas das rochas e dos fluidos a serem produzidos. Os reservatórios de petróleo podem ser
classificados segundo a energia que atua sobre eles, como reservatórios volumétricos ou gás em
solução, reservatórios com camada de gás e reservatórios com empuxo de água. Adicionalmente
pode ser incluída neles a condição de segregação gravitacional.
»» Os reservatórios que têm camada de gás se caracterizam por ter uma camada na
parte superior do reservatório de petróleo. Dependendo do seu tamanho, pode
fornecer energia suficiente para deslocar o petróleo que se encontra debaixo dele,
ajudando a manter a energia para o fluxo do reservatório. Este reservatório demora
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UNIDADE I │ CONCEITOS BÁSICOS NA COMPLETAÇÃO DE POÇOS
mais em depletar, mas tem o inconveniente que, nos estágios finais de produção,
existe uma grande produção de gás que teria que ser controlada.
Outra característica que pode estar associada a esses mecanismos naturais de produção é a segregação
gravitacional, característica que está relacionada diretamente com a inclinação dos reservatórios,
o que pode contribuir para o deslocamento dos fluidos. É importante destacar que cada um desses
mecanismos pode acontecer num reservatório de maneira simultânea, sendo que cada um deles iria
prevalecer sobre os outros, dependendo do tamanho eda forma da estrutura geológica (Figura 1.).
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CONCEITOS BÁSICOS NA COMPLETAÇÃO DE POÇOS │ UNIDADE I
São conhecidos como técnicas de poços aberto aquelas onde não é colocado nenhum tipo de
revestimento que possa limitar o fluxo do reservatório para o poço. Entre as técnicas de poço aberto
podemos enumerar as seguintes: poço aberto propriamente dito (barefoot completions), poços com
uma seção de revestimentos ranurados (slotted liner), poços com empaque com grava (gravel pack) e
sistemas multilaterais simples. É importante destacar a importância do idioma inglês na indústria do
petróleo, o que justifica que algumas palavras sejam colocadas entre parêntese como indicado acima.
É importante destacar que a colocação de um poço de petróleo ou gás para produção vai depender do
retorno econômico que possa gerar a produção desse poço. Caso seja um reservatório com produção
de petróleo e gás e a presença de gás não gere um retorno econômico, este pode ser considerado
como fluido não desejado. Nesse caso, não poderia ser utilizado esse tipo de completação, pois não
haveria nenhuma restrição para a saída do gás. No entanto, se a produção de gás fosse pequena, este
problema poderia ser solucionado utilizando separadores em superfície.
Outra limitação ao utilizar esse tipo de completação aparece quando existem mais de um reservatório
sendo atravessado pelo poço, pois nada impediria a mistura dos fluidos produzidos dentro do poço,
o que impediria fazer um acompanhamento da produção de cada reservatório por separado.
Outros tipos de completação de poço aberto são os mostrados nas Figuras 2, cada uma deles
tendo as limitações mencionadas anteriormente na presença de fluidos indesejados (água ou
gás) ou na presença de mais um reservatório. No entanto, na Figura 2 (a), a completação aberta
liner ranurado (slotted liner) é usada quando as formações não são consolidadas: podendo existir
o risco de desmoronamento das paredes do poço e a possibilidade de que o poço possa produzir
areia. Neste é utilizado o sistema que inclui tela para o controle de areia, mostrado na Figura 2 (b).
Com esse sistema se minimiza a presença de areia na superfície, o que poderia causar estragos no
equipamento de produção de superfície. Em ambas as figuras, foi considerado como “liner” uma
seção de revestimento que está em contacto com a formação produtiva e que está suportada, na
sua parte superior, por um obturador, mais conhecido como packer, em inglês. Desses acessórios
estaremos falando com mais detalhes no capítulo 8, correspondente ao controle de areia.
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UNIDADE I │ CONCEITOS BÁSICOS NA COMPLETAÇÃO DE POÇOS
Figura 2. Poço aberto: (a) Liner ranurado (b) Tela para o controle de areia
Mas o que fazer quando temos presença de um aquífero e queremos evitar a produção de água, ou
como fazer para completar um poço que tem mais de uma zona produtiva? Neste caso, teríamos
que utilizar o segundo grupo mencionado inicialmente, o tipo “poços canhoneados”. Neste tipo
de completação, é colocado um revestimento ou uma seção de revestimento (liner) na formação
produtiva, para ser cimentado posteriormente. Depois de endurecer a parte cimentada, localizada
entre no espaço anular entre o poço e a parede externa do revestimento metálico, é descido um
equipamento cilíndrico, contendo explosivos (canhão) para poder furar o revestimento, o cimento e
a formação, a fim de criar um meio para a posterior saída do fluido do reservatório.
Na Figura 3, podemos observar diferentes tipos de completação para quando o poço é canhoneado.
Repare que em todos os casos temos presença de cimento entre o espaço anular que fica entre a parte
externa do revestimento e o poço. Na Figura 4 (a), mostramos uma seção de revestimento (liner)
e a seção canhoneada na zona produtora de petróleo. Os canhoneados não foram direcionados na
zona de gás “g” nem na zona do aquífero “a”. A Figura 4 (b) é semelhante à Figura (a), no entanto
aqui foi colocado um revestimento de produção que chega até a superfície. Não foi colocado liner.
Muitas vezes é colocado liner quando o poço é muito profundo e, por razões econômicas, é preferível
colocar somente essa seção de revestimento. Na Figura 4 (c), temos outra figura que apresenta dois
reservatórios separados por uma camada impermeável de folhelhos (representado pelos traços) e a
presença do cimento que evita que exista comunicação detrás do revestimento entre eles. Para que
essa comunicação seja efetiva na parte interna do revestimento, é colocada uma coluna de produção
dentro do poço de tal maneira que possa se isolar a produção de ambos os reservatórios (Figura
4). Esse isolamento tem como finalidade facilitar os estudos que possam ser realizados para cada
reservatório por separado. Na superfície, esses fluidos podem misturar-se (BELLARBY, 2009).
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CONCEITOS BÁSICOS NA COMPLETAÇÃO DE POÇOS │ UNIDADE I
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CAPÍTULO 2
Atividades envolvidas por um
completador de poços
Na área de engenharia de petróleo, o completador tem que interatuar com o perfurador de poços e
com o geólogo, para poder fazer um melhor desenho do esquema de completação a ser utilizado, isto
é, saber se precisa colocar um determinado tipo de revestimento (dependendo da litologia e pressão
de formação), assim como o diâmetro do revestimento de produção a ser colocado.
Também será necessário entrar em contacto com o engenheiro de reservatórios para saber se esse poço
sofreu algum tipo de dano, informação que é obtida por meio dos testes de pressão, a fim de programar
um processo de estimulação de poços. O dano produz-se quando a pressão hidrostática do fluido de
perfuração é maior que a pressão no reservatório, assim, o fluido ingressa dentro do reservatório até a
formação de um reboco na parede da formação, podendo provocar algum tipo de dano. O dano reflete-se
quando a permeabilidade natural do reservatório sofre uma diminuição, o que dificulta a saída do petróleo
quando este é colocado em produção. Lembramos que o parâmetro chamado de permeabilidade pode
ser dimensionado e é definido como a facilidade que tem um fluido para atravessar um meio poroso,
suas unidades são o Darcy e pode ser quantificado usando testes de pressão.
Já quando o poço está em produção, ele também pode mostrar uma baixa produtividade. Neste
ponto é importante distinguir se a baixa produtividade é provocada por algum tipo de dano no
reservatório ou por algum problema no sistema de elevação. A produtividade da formação também
poderia ser afetada pela produção excessiva de gás ou de água, dependendo das características do
reservatório, efeitos que teriam que ser minimizado pelo completador.
Na área geofísica de poço, o completador tem que avaliar a qualidade de cimento que foi colocado
no espaço anular localizado entre a parede externa do revestimento e o poço. Para isso são utilizadas
ferramentas sônicas. Caso a cimentação não seja boa, ele terá que recimentar. Caso contrário, terá
que partir para a etapa do canhoneio. Com tal objetivo, o completador tem que saber interpretar a
respostas de perfis sônicos e radioativos, para determinar a profundidade em que está localizado o
intervalo produtivo e, posteriormente, descer um aparelho chamado de canhão e colocar o poço em
produção.
Quais são as tarefas que um completador está envolvido regularmente? Em resumo, podemos
enumerar as seguintes.
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CONCEITOS BÁSICOS NA COMPLETAÇÃO DE POÇOS │ UNIDADE I
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UNIDADE I │ CONCEITOS BÁSICOS NA COMPLETAÇÃO DE POÇOS
Cabe diferenciar que, nos processos mencionados, existem algumas operações chamadas de
cimentação secundária.
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USO E AVALIAÇÃO
DO PROCESSO DE UNIDADE II
CIMENTAÇÃO NA
COMPLETAÇÃO
CAPÍTULO 1
Características do cimento e
classificação
A fabricação do cimento, aliás, do clínquer, é obtida em fornos rotativos após a mistura adequada do
calcário com a argila, em processo de via seca ou úmida. No forno rotativo, a clinquerização é efetuada
a temperaturas da ordem de 1450-1500 °C, em que a cal, a alumina, a sílica e o óxido de ferro presentes
no calcário e na argila reagem entre si em estado sólido e de fusão parcial, formando grãos ou torrões
denominados clínquer. Na saída do forno, o clínquer é resfriado e, a seguir, pode ser estocado ou
moído com adição entre 5% de gesso e adquirindo a finura adequada, ensacado para venda.
Assim, são formados os quatro componentes principais de todos os cimentos. A simbologia usada
para representar os minerais presentes no cimento é: C = óxido de cálcio (CaO), A = óxido de
alumínio (Al2O3), F = óxido de ferro (Fe2O3) e S = sílica (SiO2).
Esses componentes estão agrupadas em quatro fases no cimento e identificadas classicamente por
C3S (silicato tricálcico), C2S (silicato bicálcico), C3A (aluminato tricálcico) e C4AF (ferro alumino
tetracálcico). A cristalização dessas fases é função da composição e finura da mistura de calcário
com argila, do tratamento térmico e das reações de fusão em fases sólida e liquida.
Vamos apresentar as principais características de cada uma dessas quatro fases, lembrando que a
nomenclatura utilizada não corresponde à formula química.
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UNIDADE II │ USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO
É o principal responsável pela pega do cimento, pois reage rapidamente com a água,
conferindo ao cimento, juntamente com o C3S, a resistência inicial a solicitações
mecânicas. É o componente do cimento que apresenta o maior calor de hidratação.
A adição de água ao cimento produz uma pasta bombeável que tem a propriedade de conservar uma
plasticidade durante certo tempo, após o qual sofre um aumento brusco na sua viscosidade. A perda
de plasticidade é denominada “pega” do cimento e ocorre em paralelo com um lento processo de
endurecimento, responsável pelas propriedades mecânicas de pastas, argamassas e concretos.
As reações de pega e endurecimento do cimento são bastante complexas, pelo fato de ser o cimento
uma mistura heterogênea de vários compostos que se hidratam mais ou menos independentemente.
O comportamento dos diferentes compostos frente à hidratação é responsável pelas propriedades
aglomerantes do cimento (VICENTE et al., 1995).
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USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO │ UNIDADE II
cada profundidade e condição de temperatura. O requerimento de água para cada tipo de cimento
varia com o tamanho do grão ou da areia superficial.
»» Cimento tipo A é usado da superfície até 6.000 pés (1.830 metros), quando
propriedades especiais não são requeridas. Disponível somente no tipo ordinário.
»» Classe B também é usado da superfície até 6.000 pés (1.830 metros), quando é
necessário moderar a alta resistência ao sulfato.
»» Cimento tipo C é usado da superfície até 6.000 pés (1.830 metros), quando as
condições exigem rápida pega e grande resistência compressiva.
»» Cimentos tipo D-E-F são retardados, para sua utilização em grandes profundidades.
A retardação acontece pela redução da quantidade das fases de hidratação mais
rápida (C3S e C3A), e pelo aumento do tamanho dos grãos do cimento. Atualmente
são utilizados aditivos.
»» Classe E é usado de 10.000 pés (3.050 m) até 14.000 pés (4.270 m), sob condições de
altas temperaturas e pressões. Está disponível nos tipos de média e alta resistência
ao sulfato.
»» Classe F é usado de 14.000 pés (4.270 m) até 16.000 pés (4.270 m), sob condições de
altas temperaturas e pressões. Está disponível nos tipos de média e alta resistência
ao sulfato.
»» Cimentos dos tipos G e H são usados sem aditivos químicos, da superfície até 8.000
pés (2.440 m) ou com aceleradores e retardadores para cobrir um grande intervalo
de pressões e temperaturas.
»» Cimento tipo H é semelhante ao tipo G, mas tem os grãos mais grossos. Tendo efeito
de retardo para condições mais quentes e profundas.
Para temperaturas maiores que 230 °F, o cimento atingirá o máximo de sua resistência compressiva
nas primeiras semanas, até que começa a decrescer. A 350 °F, a máxima resistência de compressão
é atingida em menos de 24 horas, mas essa resistência compressiva é bem menor da desenvolvida
por cimentos a temperaturas menores. Uma razão para essa deterioração da pasta é que a altas
temperaturas ocorrem perda de água e mudança na estrutura do cimento hidratado, tornando-se
uma estrutura fraca e porosa. (VICENTE et al., 1995).
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UNIDADE II │ USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO
Para a maioria dos trabalhos com cimento na completação, a pasta deve se apresentar bastante
fluida, não gelificar quando estática, manter sua viscosidade quase constante até que se dê a pega,
ter baixa perda de filtrado, sem separação de água livre ou decantação de sólidos.
Os tempos de bombeabilidade necessários para cada operação também variam e dependem das
profundidades envolvidas, da técnica a ser empregada, dos equipamentos disponíveis, da agilidade
da equipe de sonda e outros fatores. Com a necessidade de adequar o desempenho da pasta de
cimento a essa variada gama de situações, uma grande quantidade de aditivos está disponível no
mercado. Esses aditivos são geralmente classificados em oito categorias: controladores de filtrado,
aceleradores, retardadores, dispersantes, estendedores, controladores de perda de circulação e
especiais. As principais categorias de aditivos estão descritas a seguir.
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USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO │ UNIDADE II
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CAPÍTULO 2
Equipamentos e acessórios utilizados na
cimentação
Para completar um poço utilizando revestimentos ou liner de produção próximos da zona produtiva, é
necessária a colocação de cimento. Lembramos que nesta fase já foram colocados durante a perfuração
outros tipos de revestimentos (conector, superfície e intermediários) e que também já foram realizados
a cimentação dessas fases. Quando esse processo de cimentação é realizado na última fase, é chamada
de completação. Para que seja realizada uma cimentação, são necessários diversos equipamentos,
como já teria sido abordado na etapa de perfuração. Portanto, neste capítulo, abordaremos de forma
resumida os principais equipamentos usados na completação de um poço.
Unidades de cimentação
Montadas em caminhões para operações em terra ou sobre skids em sondas marítimas, as unidades
de cimentação constam geralmente de dois motores, para fornecer energia; dois tanques de 10 barris
(bbl) cada, para a água de mistura ou fluido de deslocamento; duas bombas triples; dois conversores
para converter o movimento rotativo dos motores no movimento alternativo das bombas; bombas
centrífugas auxiliares ; um sistema de mistura de pasta, onde a água de mistura (água e aditivos) é
bombeada sob pressão por pequenos orifícios, fluindo em jatos sob um funil por aonde chega o cimento.
A proporção da água injetada determinará a densidade da pasta e é controlada pelo operador. A pasta
resultante é acumulada em um tanque ou uma cuba para homogeneização e medidores de fluxo, sendo
feito o registro num registro circular onde esses valores são traçados, permitindo análise posterior. As
unidades mais modernas dispõem de sistema recirculador, que permite a homogeneização de certo
volume da pasta antes de sua injeção para o poço, além de controle automatizado dos volumes de água
e cimento para obtenção da pasta com a densidade programada.
A ligação entre a unidade de cimentação e o poço é feita por tubulação de alta pressão, formada
por uma série de tubos curtos interligados por meio de conexões móveis dotadas de rolamento,
para possibilitar montagem até a posição em que fique o topo do revestimento. Atualmente, há a
tendência de utilização de mangueiras especiais flexíveis, de borracha, mais práticas.
Suas dimensões vão depender do diâmetro do tubo que chega à superfície. Nos casos de perfuração
marítima com unidades flutuantes ou de liner, cuja coluna de assentamento consiste de tubos de
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USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO │ UNIDADE II
Acessórios de cimentação
Diversos acessórios são conectados ou afixados à coluna de revestimento, visando a garantir o
melhor resultado da cimentação. Os principais acessórios são a sapata, o colar, os tampões, o colar
de estágio, os centralizadores,o arranhador, entre outros.
(NGUYEN, 1993).
»» Colar: posicionado 2 a 3 tubos acima da sapata, o colar serve para reter os tampões
de cimentação, além de poder receber mecanismos de vedação. Caso não tenha
mecanismo de vedação, é denominado colar retentor. Tem, em suas extremidades,
roscas do mesmo tipo usado na coluna (Figura 6).
Figura 6. Colar
(NGUYEN, 1993)
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UNIDADE II │ USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO
O tampão de fundo tem uma membrana de borracha de baixa resistência em sua parte
central e, ao ser lançado na coluna, à frente da pasta de cimento, é empurrado por ela
até que toque no colar retentor, quando a membrana se rompe, permitindo a passagem
da pasta. O tampão de topo é rígido e, ao ser lançado após a pasta, separa-a do fluido
de perfuração ou completação , que a deslocará, para evitar sua contaminação. É retido
pelo colar, causando um aumento de pressão que indica o término do deslocamento,
permitindo a realização do teste de estanqueidade da coluna.
(VICENTE, 1995).
Figura 8. Centralizadores
(VICENTE, 1995).
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USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO │ UNIDADE II
Figura 9. Arranhador
(VICENTE, 1995).
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UNIDADE II │ USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO
(NGUYEN, 1993).
Para o cálculo da pasta de cimento, além da concentração de aditivos sólidos e líquidos, o cálculo
determina volume de cimento, peso específico e rendimento da pasta. Com tal objetivo, é considerado,
como base dos cálculos, um saco de cimento de 94 libras e a concentração de líquidos é dada pela
relação em volume entre o aditivo e um saco de cimento (um pé cúbico).
Para o cálculo das principais propriedades da pasta de cimento, deve ser montada uma planilha
com todos os componentes químicos e suas respectivas concentrações. Para 1 pé cúbico de cimento,
a planilha teria a seguinte configuração (Tabela 1). Nesse quadro, aparece como componentes dos
produtos, aditivos líquidos e sólidos, sendo que uma pasta pode conter mais de um aditivo líquido ou
sólido. Também é necessário especificar se a água é salgada ou doce, pois o valor do volume absoluto
pode variar dependendo desse fato. A coluna de dados correspondente ao volume absoluto tem
unidades de gal/libra e esse valor pode ser encontrado em quadros específicos para cada produto a
ser utilizado na composição da pasta de cimento.
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USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO │ UNIDADE II
Água V% A B C=AxB
Aditivo Líquido I G=I/H H I
Aditivo Sólido W% M = (W / 100) * 94 N O=MxN
SOMATÓRIO T U
Após a entrada de dados (peso específico da pasta, concentrações dos aditivos etc.) e o cálculo do
peso da água, determinam-se as propriedades da pasta de cimento
27
CAPÍTULO 3
Avaliação da cimentação
A avaliação de cimentação, tema deste capítulo, ocorre após a instalação dos equipamentos de
segurança e o posterior condicionamento do revestimento de produção ou liner.
Nas cimentações primárias, a pasta posicionada no espaço anular entre a parede do poço e
o revestimento descido em cada fase de perfuração tem vários objetivos, além de suportar
o peso dos tubos. Por exemplo, no revestimento condutor, o objetivo é impedir a circulação
de fluidos de perfuração e uma possível corrosão do aço. No revestimento de superfície, o
cimento visa a proteger horizontes superficiais de água e suportar equipamentos e colunas a
serem descidos posteriormente. No revestimento intermediário, o objetivo é isolar/proteger
formações instáveis geologicamente, portadoras de fluidos corrosivos, com pressão anormal e/
ou com perda de circulação. No revestimento de produção, o objetivo principal do cimento é
promover a vedação hidráulica eficiente e permanente entre os diversos intervalos produtores,
impedindo a migração de fluidos.
Existem diversos métodos para a avaliação da qualidade de uma cimentação. Entre os principais,
encontram-se os testes hidráulicos, os testes de pressão, os perfis de temperatura, os traçadores
radioativos e os perfis sônicos e ultrassônicos. A escolha do método de avaliação depende dos
objetivos de cada trabalho.
O presente material trata especificamente das técnicas de avaliação de cimentação mediante perfis
sônicos. Este é o método mais utilizado e que permite efetivamente avaliar a qualidade da cimentação
e a possibilidade de migração de fluidos. (VICENTE, 1992)
A perfilagem sônica em poço revestido tem como objetivos principais: inferir a existência ou não
de intercomunicações entre os intervalos de interesse; analisar o grau de isolamento entre as zonas
de gás, óleo e água; e verificar a aderência do cimento ao revestimento e a formação. Obtendo um
bom isolamento hidráulico entre as diversas zonas permeáveis, vai se impedir a movimentação de
fluidos, seja líquido ou gás, pelo espaço anular formado entre o revestimento e a formação.
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USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO │ UNIDADE II
Tipos de aderência
Os principais tipos de aderência são a aderência mecânica e hidráulica.
»» Aderência mecânica (Shear Bond Strength): definida como sendo a razão entre a
força requerida para iniciar o deslocamento de um tubo cimentado e a área lateral de
contato. Geralmente é expressa em psi (pound square inch ou libras por polegada ao
quadrado) e traduz o grau de adesão entre o cimento e o revestimento (Figura 11 a).
(VICENTE, 1992).
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UNIDADE II │ USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO
›› Fadiga mecânica
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USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO │ UNIDADE II
Perfis sônicos
A Figura 12 é um desenho esquemático da ferramenta usada na obtenção do perfil combinado sônico
CBL/VDL (VICENTE, 1992). CBL é a abreviatura do nome, em inglês, Cement Bond Log (registro
de aderência do cimento) e VDL, a abreviatura do Variable Density Log (registro de densidade
variável).
O transmissor recebe pelo cabo condutor a energia elétrica e a converte em energia mecânica, emitindo
repetidamente pulsos curtos de energia acústica (10 a 60 pulsos por segundo) ,com duração de cerca
de 50 microssegundos cada. A frequência de cada pulso é de 20 KHz para ferramentas de grandes
diâmetros (acima de 3”) ou de 30 KHz para ferramentas de diâmetros menores (abaixo de 2”).
O pulso sonoro emitido faz vibrar o meio fluido no qual o transmissor está imerso, criando uma
frente de onda aproximadamente esférica que se propaga em todas as direções. Quando encontra o
revestimento, a energia acústica é refratada (Lei de Snell), tomando diferentes caminhos até chegar
ao receptor. Uma parcela dessa energia se propaga segundo um ângulo de incidência crítico, viajando
pelo revestimento. Outra parcela é refletida e se propaga diretamente pelo fluido no interior do
poço, e parte é refratada para o anular (entre o revestimento e a formação).
31
UNIDADE II │ USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO
A onda longitudinal que viaja diretamente pelo revestimento é, geralmente, a primeira a chegar
devido à maior velocidade do som no aço que nos demais meios envolvidos. Posteriormente, chegam
as ondas longitudinais e transversais oriundas da formação e os sinais que viajam pelo fluido.
A Figura 13 é uma representação esquemática por ordem de chegada dos sinais e também contém
uma composição final do trem de ondas (conjunto). No receptor, a energia sonora é reconvertida
em energia elétrica e os sinais são enviados à superfície pelo cabo condutor para serem devidamente
processados.
»» A primeira pista contém a curva do tempo de trânsito (TT), uma curva de correlação
a poço aberto (Gamma Ray) e um localizador de luvas do revestimento (Casing Colar
Locator). O perfil de raios gama, que mede a radioatividade natural da formação,
pode ser corrido a poço aberto ou revestido. O CCL é usado para detectar as luvas do
revestimento, que causam uma deflexão na curva. O CCL é utilizado como referência
de profundidade para as operações futuras no poço. Os dados de profundidade são
registrados na pista 1.
32
USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO │ UNIDADE II
33
UNIDADE II │ USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO
-revestimento.
Este perfil é conhecido como aquele que efetua o controle de aderência entre cimento e revestimento.
As variações de amplitude indicam mudanças na resistência do cimento à compressão, na
percentagem da circunferência cimentada. Por último, cabe ressaltar que este perfil é sensível à
presença de microanular.
Revestimento livre
A Figura 15 apresenta um perfil CBL/VDL, característico de um revestimento livre (espaço não
preenchido com cimento). Devido à homogeneidade do meio (fluido no anular), os sinais são
uniformes, alternando faixas paralelas claras e escuras, bem distintas. Os sinais da formação não
são registrados. Existem muitos sinais secundários causados por reflexões das luvas de revestimento
(conexões), que chegam ao receptor. Em frente às luvas do revestimento livre é observado o
34
USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO │ UNIDADE II
efeitochevron, que são marcas em forma de ‘w’ causadas por reflexões devido à descontinuidade do
metal nas luvas.
(VICENTE, 1992).
(VICENTE, 1992).
35
UNIDADE II │ USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO
Figura 17. Boa aderência entre revestimento e cimento /Aderência ruim entre cimento e formação
(VICENTE, 1992).
(VICENTE, 1992).
36
USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO │ UNIDADE II
»» O CCL (Casing colar locator), é o registro de uma ferramenta acústica que detecta as
luvas do revestimento e fornece a informação da profundidade.
Na segunda pista aparecem os registros chamados de DEV. WWM, CSMX, CSMN e RB, os quais
serão descritos a seguir.
37
UNIDADE II │ USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO
(VICENTE, 1992).
Finalmente, na terceira pista, aparece a superfície cilíndrica do poço colocada em forma planar
(em duas dimensões), mostrando na cor branca onde estaria faltando cimento e na cor escura onde
teríamos uma boa cimentação. A diferença do CBL- VDL, não é possível determinar em que interface
estaria faltando cimento, ou seja, se é na interface cimento- revestimento ou na interface cimento-
formação. Na verdade, ele completa a avaliação da qualidade da cimentação em combinação com o
perfil CBL/VDL.
38
USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO │ UNIDADE II
Uma razão água-óleo (RAO) elevada apresenta várias desvantagens como perda de energia do
reservatório, dispêndio de energia em elevação artificial e custos com tratamento e descarte, além
de riscos de degradação ao meio ambiente. Uma elevada produção de água pode ser consequência
da elevação do contato óleo, devido ao mecanismo de produção (influxo de água). O aparecimento
de água é normal em um reservatório com influxo de água. Se a zona produtora é grossa, podem-se
tamponar os canhoneados e recanhonear apenas na parte superior, o que resolve o problema
temporariamente. Uma razão gás-óleo alta pode ter como causa o próprio gás dissolvido no óleo ou o
gás de uma camada adjacente ao reservatório. Este problema pode ser contornado temporariamente
por meio das técnicas de compressão de cimento.
As operações com cimento na completação podem ser classificadas, quanto ao nível de pressão
utilizada, em operações à baixa pressão e operações à alta pressão. Nas operações à baixa pressão,
o cimento é colocado nas posições desejadas sem que se frature qualquer zona, e à alta pressão,
fraturando-se alguma formação. O entendimento deste assunto é requisito mínimo necessário ao
profissional que se propõe a trabalhar com cimento na completação.
A pasta de cimento é uma suspensão de partículas sólidas de cimento disperso em água. Na técnica
à baixa pressão, a pasta, sujeita a um diferencial de pressão poço-formação, perde parte da água de
mistura para o meio poroso e um reboco de cimento parcialmente desidratado é formado. Ao término
deste processo de filtração, todo o canhoneado está preenchido por reboco de cimento (Figura 20), e
por este reboco ter uma permeabilidade bastante baixa, a pressão na superfície estabiliza-se.
39
UNIDADE II │ USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO
A pasta ideal em uma operação com cimento deve ter uma taxa de desidratação controlada, de
forma a permitir a deposição uniforme do reboco sobre toda a superfície permeáve; preencher os
vazios e as canalizações por detrás do revestimento; preencher os túneis de canhoneio; e deixar
pequenos nódulos dentro do revestimento. Nessa situação, o restante da pasta permanece fluida no
interior do poço, podendo ser removida por circulação (VICENTE et al., 1995).
Em alguns casos, com formações de baixa permeabilidade, o squeeze à baixa pressão pode não ser
possível, de forma a permitir que a pasta ocupe os espaços desejados. Alguns autores acreditam
que a criação de uma fratura, a fim de permitir a comunicação entre poço e esses espaços a serem
preenchidos com cimento, pode ser uma solução. É importante observar que deve ser criada uma
pequena fratura, e que a operação deve ser concluída a uma pressão abaixo da pressão de quebra
da formação.
Entretanto, mesmo com a utilização de uma boa técnica, a técnica de alta pressão envolve uma
série de riscos que podem comprometer o sucesso da operação, sendo recomendado, sempre que
possível, as operações à baixa pressão.
Como exemplos de riscos têm-se: a possibilidade da criação de grandes fraturas que podem propiciar
a comunicação indesejada de zonas que se pretendia isolar; o desenvolvimento de uma direção
preferencial ditada pelo estado de tensões da rocha; a fratura pode não interceptar o canal que
se pretendia eliminar; a fratura pode se estender ao longo de um intervalo com boa cimentação e
comunicação entre zonas indesejadas.
40
USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO │ UNIDADE II
Existem duas técnicas mais usadas no processo de squezze, uma delas é chamada de tampão
balanceado e, a outra, é chamada de injeção direta. A técnica de tampão balanceado é normalmente
empregada em operações à baixa pressão, sendo que os volumes da pasta de cimento, do colchão
espaçador à frente e atrás da pasta e do deslocamento são calculados de forma a se obter um tampão
balanceado hidrostaticamente.
A partir daí a pasta é comprimida segundo a técnica de hesitação. Hesitação é uma técnica de
compressão geralmente utilizada em operações à baixa pressão, na qual a pasta é comprimida em
intervalos regulares para diversos níveis de pressão. Após a pressurização inicial, sempre inferior
à pressão de quebra, aguarda-se, examinando-se a curva de pressão registrada na superfície. O
aumento do raio de curvatura da queda de pressão indica a formação de reboco, ao passo que uma
curvatura de raio constante nos diversos ciclos indica a injeção de pasta em alguma cavidade por
detrás do revestimento ou a existência de furos ou vazamentos no interior do poço. Após a conclusão
da compressão, é necessário liberar a pressão da tubulação. Mesmo em intervalos fraturados, a
técnica de hesitação é aplicável, com resultados plenamente satisfatórios, sendo recomendado usar
pastas com maior filtrado API. Nos casos de zonas fraturadas onde não se consegue atingir pressões
estabilizadas, é conveniente que, após se injetar um volume desejado de pasta, se feche o poço e
aguarde a pega da pasta.
Uma operação considerada ideal é aquela em que tudo acontece de acordo com o previsto, sem
sobressaltos, resultando em testes de pressão positivos. No caso de correções de cimentação
primária, é recomendável que não se sonegue pasta, caso a operação esteja exigindo, visto que se
pretende preencher completamente o restante do anular que não tenha sido preenchido durante a
cimentação primária (VICENTE et al., 1995).
Recimentação
É a técnica a ser utilizada quando os perfis sônicos indicam má cimentação onde o isolamento
hidráulico está sendo exigido. A ausência de cimento em determinados trechos pode ser decorrência
de entupimentos do anular, por carreamento de detritos durante a cimentação primária, gerando
incremento da pressão de circulação e o fraturamento de alguma formação, ou também pode ser
decorrência de sobredeslocamento da pasta. A recimentação consiste basicamente na circulação de
colchões lavadores, colchões espaçadores e pasta de cimento entre os pontos previamente perfurados,
de forma similar a uma cimentação primária. Como diretriz, a recimentação deve ser executada o
mais breve possível, logo após o término da cimentação primária, onde tenha se verificado indícios
de falhas. Isto se deve ao fato de que o fluido de perfuração em repouso no anular pode ocasionar
decantação dos sólidos, inviabilizando a circulação da pasta de cimento.
41
CAPÍTULO 4
Canhoneio
O requisito mínimo para que possa haver algum sucesso na completação de um poço é o
estabelecimento de uma comunicação limpa e efetiva entre o poço e a formação. A maximização
do potencial de produção dos hidrocarbonetos existentes em um reservatório somente pode ser
alcançada com a minimização das restrições ao fluxo.
No iníciodos anos 1930, foi desenvolvido o equipamento que permitiu a perfuração do revestimento
E composto por cargas explosivas chamadas cargas à bala (bullet charges), eram montadas em
série sobre um suporte metálico e introduzidas em um tubo. O conjunto foi chamado de canhão
de perfuração (perfurator gun) e era descido com auxílio de um cabo de perfilagem. A penetração
média dos projéteis ficava entre 1 e 2 polegadas (Figura 21).
Figura 21.
42
USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO │ UNIDADE II
Até final da década de 1940, a maioria das operações de canhoneio realizada utilizava lama de
perfuração como fluido de amortecimento e diferencial de pressão sentido poço-formação, conhecido
como canhoneio sobrebalanceado (overbalanced perforating), no momento do canhoneio.
Figura 22.
A partir de 1948, o processo de desenvolvimento das técnicas de canhoneio foi acelerado. Uma
extensa série de testes de performance com cargas à bala e a jato foram realizados, revelando o
grande potencial de penetração das cargasa jato e a imprevisibilidade do resultado das cargas à bala
(Figura 23).
Figura 23.
43
UNIDADE II │ USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO
No início dos anos 1970, o canhoneio à bala já tinha sido praticamente abandonado, considerando-
se a utilização do canhoneio a jato com cargas moldadas. O canhoneio subbalanceado estava sendo
bastante empregado. Esta técnica consiste em criar um diferencial de pressão no sentido formação
para o poço aplicado no momento do disparo das cargas (underbalanced perforating). (BIANCO;
VICENTE, 2009).
O sistema Underbalanced, que permite uma indução de um fluxo da formação para o poço,
imediatamente após o canhoneio, possibilitava uma melhora significativa na produtividade dos
canhoneados, uma vez que possibilitava a remoção da parte dos resíduos existentes no interior dos
furos e da matriz da formação.
Na Figura 23, podem-se observar os testes realizados em diferentes tipos de formações nos
Estados Unidos, usando diferentes esforços compressivos (compressive strenght) e a profundidade
de penetração atingida pelas cargas à bala em polegadas (inches) e notamos como a penetração
decresce quando a resistência à penetração do revestimento e à formação aumentam.
Entre as vantagens que podem ser mencionadas usando o método de canhoneio, podemos
mencionar a capacidade de viabilizar a produção de fluido de formações em poços que se encontram
já revestidos, agregando mais estabilidade à completação; e a seletividade na produção, devido aos
diversos níveis da formação em que ocorrem os disparos do canhão.
Explosivos
Os explosivos foram inventados, inicialmente, na China e, depois, foram passando por modificações
segundo sua composição química. Assim, eles podem ser classificados como de baixos explosivos,
altos explosivos e altos explosivos primários e secundários.
»» Os baixos explosivos são usados nas modernas aplicações de campo como cargas
de pólvora, cargas à bala e a propelentes para uso no assentamento de ferramentas.
»» Os altos explosivos são utilizados nas cargas moldadas, nos cordões detonantes,
nos detonadores e nas espoletas. Os altos explosivos podem ser subdivididos de
acordo com a sua velocidade de reação e pressão de combustão em: altos explosivos
primários e altos explosivos secundário.
»» Os altos explosivos primários são mais sensíveis e fáceis de detonar por choque,
fricção e calor. Por razões de segurança, altos explosivos primários, como a azida de
chumbo, são usados somente em detonadores elétricos ou de percussão.
44
USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO │ UNIDADE II
Cargas moldadas
As cargas moldadas foram inicialmente desenvolvidas e usadas na II Guerra como arma antitanque.
Uma carga moldada para canhoneio a jato é constituída por um invólucro externo, uma carga
principal de alto explosivo, uma carga iniciadora e um liner.
45
UNIDADE II │ USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO
Como efeitos negativos das cargas moldadas, é possível afirmar que no momento do disparo, os
túneis sofrem obstrução, sendo preenchidos por uma “cenoura”, formada por resíduos sólidos da
detonação do explosivo, restos do metal do liner e outras partículas existentes na lama ou fluido
no poço, assim com das partículas finas de areia quebrada e fluido de perfuração e efeito de
esmagamento e compactação dos grãos de areia ao redor do furo.
Canhão
Um canhão é composto por uma sequência de cargas moldadas, fixadas a um tubo. Um cordão
detonante percorre todas as cargas, ligando-as na sequência da detonação. O iniciador da onda de
detonação é chamado detonador e pode ser de iniciação elétrica ou por impacto. É conectado a uma
extremidade do cordão detonante e tem vital importância na segurança do sistema.
No detonador elétrico, a seção de ignição é energizada pela passagem de corrente por meio de dois
resistores, causando aquecimento de um filamento e ignição de um componente de queima (fósforo
ou pólvora). A queima deste componente detona uma carga primária, que detona a carga da seção
de impulsão por propagação da onda de choque pelo ar existente no espaço entre as duas cargas.
A temperatura e a pressão de operação para as aplicações expostas são críticas e nunca devem ser
excedidas, sob risco de ocorrer a autodetonação.
46
USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO │ UNIDADE II
Os canhões podem ser classificados basicamente em duas categorias principais, segundo suas
características operacionais: canhão recuperável (retrievable hollow carrier gun) e canhão não
recuperável (expendable gun).
Canhão recuperável
Consiste em um cilindro de aço especial com furos onde as cargas são alojadas e seladas à pressão
atmosférica no interior da carcaça. Eles podem ser descidos no poço pelo cabo ou com a coluna de
produção. Apresenta como principais vantagens a alta eficiência, devido ao sistema de carga estar
protegido pela carcaça; alta resistência mecânica; rapidez na operação;resistência a altas pressões
e temperaturas; possibilidade de ser descido várias vezes; não deixar detritos no interior do poço e
não causar deformação no revestimento (Figura 27).
47
UNIDADE II │ USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO
O mau funcionamento de um canhão pode estar relacionadoa um ou mais motivos, presença de água
no canhão, no cordão detonante ou na carga principal; insuficiência de corrente elétrica; detonador
defeituoso ou de baixa qualidade; liner incorretamente posicionado, entre outros. A norma API
RP-43 padroniza os testes para avaliação do desempenho das cargas e dos sistemas de canhoneio.
Classificação
Quanto ao sistema de classificação do canhoneio, este se dá em função da pressão exercida junto à
formação. O processo pode ser caracterizado como Overbalance, Underbalance ou ainda Extreme
Overbalance.
Overbalance
O método de Overbalance baseia-se em uma pressão positiva do poço em relação à formação,
exercida pelo fluido presente no poço (fluido de completação). Devido a esse diferencial de pressão,
logo após o canhoneio acaba ocorrendo uma invasão do fluido de completação dentro da área
canhoneada, contaminando as imediações do poço. Isto representa perigo para a completação, pois
caso haja uma incompatibilidade entre o fluido e as argilas da formação, então, pode-se provocar
um dano tal que só seja possível a descontaminação por meio de tratamento químico específico, o
que acarretaria mais gastos com o poço.
Além disso, outro problema que ocorre no processo de Overbalance é a compactação dos detritos
da explosão nos poros da formação. O fluxo que se inicia após o disparo acaba por empurrar os
resíduos dos explosivos, do cimento e do revestimento, assim como outras partículas existentes na
lama ou no fluido de completação, em direção aos poços da formação. Este fenômeno é chamado
tamponamento, e vem a dificultar o fluxo de fluido da formação em direção ao poço, implicando
queda de produtividade.
48
USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO │ UNIDADE II
Underbalance
O método de Underbalance, como o próprio nome já sugere, tem como mecanismo principal o
inverso do Overbalance. Isto significa que agora a pressão exercida é no sentido da formação para
o poço. Este método busca solucionar as deficiências apresentadas pelo Overbalance. O diferencial
contrário de pressão passa a ser, neste novo caso, favorável à limpeza dos detritos do canhoneio
imediatamente após a explosão, prevenindo o tamponamento. Outra vantagem é que, se o fluxo
tende a ser da formação para o poço, então também não deve haver contaminação da formação pelo
fluido do poço.
Para o canhoneio por Underbalance é necessário que o poço seja totalmente completado antes de
se iniciar o processo, visto que a pressão negativa no poço em relação à formação indica que, logo
após os disparos ocorram, o poço dará início à produção do fluido da formação. Essta capacidade de
início imediato da produção é uma das principais vantagens do Underbalance.
49
UNIDADE II │ USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO
A elevada pressão no EOB é produzida por aplicação direta na cabeça do poço. Os fluidos utilizados
no poço são um fluido de completação e N2 (gás). Como resultado desse processo, tem-se uma
eficiência de quase 100% do canhoneio, com a maioria dos canhoneados aptos a contribuir para o
fluxo de hidrocarbonetos. Com o emprego desta técnica ,obtiveram-se resultados surpreendentes,
que aparentemente superam as dificuldades encontradas no uso das técnicas convencionais.
Apesar de essa técnica estar se difundindo rapidamente, a experiência das companhias operadoras
e de serviço nesse tipo de completação ainda é pequena. Poucas operações foram realizadas, e por
isso os resultados ainda são bastante discutíveis (BIANCO; VICENTE, 2009).
Tipos de canhoneio
Como reflexo de constantes pesquisas e inovações na busca por melhora de produtividade,
diferentes tipos de canhoneio foram surgindo ao longo do tempo, entre os quais podemos mencionar
principalmente os seguintes: Through Tubing (TT), Convencional (Casing gun), e Tubing-conveyed
Perforation (TCP), como aparece na Figura 30.
50
USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO │ UNIDADE II
»» Casing Gun: para alguns trabalhos pode ser efetuado usando canhões recuperáveis,
descidos por cabo ou com tubulação (tubing). Usa grandes cargas que fornecem
grande profundidade de penetração e orifícios maiores. Usa de preferência o
sistema overbalance, sendo a pressão no poço ligeiramente maior que a pressão
de formação e, posteriormente, é efetuado um trabalho de pistoneio para induzir o
fluxo. Pode existir a possibilidade de estimular o poço para obter uma boa produção.
51
UNIDADE II │ USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO
Vantagens do TCP
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USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO │ UNIDADE II
Desvantagens do TCP.
Controle da profundidade
Os intervalos a serem perfurados e completados são escolhidos a partir dos perfis corridos a poço
aberto, sendo que, para efetuar o canhoneio, se faz necessário ter um perfil para correlação que
funciona a poço aberto e revestido. Geralmente se usa um perfil de raios gama (GR) que apresenta
a medida da radioatividade natural das formações, sendo que em rochas sedimentares dá uma ideia
do teor de folhelhos.
Juntamente com o GR corre um perfil localizador de luvas conhecido como CCL (Casing Collar
Locator), que tem a profundidade amarrada ao GR e, portanto, relacionada ao perfil básico. O
conjunto GR/CCL é conhecido como perfil de controle de canhoneio ou PDCL (Perforation Depth
Control Log),
A profundidade das luvas deve ser ajustada correlacionando-se o GR/CCL com o perfil GR corrido a
poço aberto no período da perfuração. Todas as medidas de profundidade posteriores vão se referir
a este perfil GR/CCL). A utilização desses perfis é simples e as possibilidades de erros no controle de
profundidade são remotas (Figura 32).
53
UNIDADE II │ USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO
Eficiência de canhoneio
As técnicas e os equipamentos empregados na completação de poços têm como objetivo principal
maximizar a produtividade dos mesmos, reduzindo ao mínimo as restrições ao fluxo entre o
reservatório e o poço. Diversos fatores, durante a fase de perfuração e completação, contribuem para
que haja restrição ao fluxo, sendo alguns relacionados ao canhoneio e às condições em que o mesmo
foi efetuado. Há três conjuntos de parâmetros que devem ser controlados, a fim de maximizar a
vazão de um poço:
Nos canhoneios em que o diferencial de pressão é positivo (pressão hidrostática maior que a da
formação), torna-se necessário induzir surgência no poço por meio de uma operação de pistoneio.
Ao se aliviar a pressão hidrostática, apenas alguns orifícios serão desobstruídos, permanecendo
outros tamponados.
Fatores geométricos
Os fatores geométricos mais relevantes para o estudo da eficiência de canhoneio são: densidade
de tiros; profundidade de penetração; defasagem entre os tiros; distância entre o canhão e o
revestimento; diâmetro do orifício.
Densidade de tiros
A vazão e a queda da pressão através dos orifícios do canhoneio são profundamente afetados pela
densidade de tiros. Estudos mostram que ao aumentar-se a densidade para até 12 tiros por pé,
consegue-se um aumento da vazão do poço, desde que haja um direcionamento adequado dos tiros,
a fim de se evitar efeitos de interferência de fluxo.
Profundidade de penetração
A profundidade de penetração dos tiros é muito importante, pois, para que seja efetivo, o canhoneio
necessita ultrapassar a zona danificada durante a perfuração (conforme anteriormente comentado).
Experimentalmente pode se verificar a ocorrência de um aumento significativo da produtividade
quando o disparo ultrapassa a zona danificada.
54
USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO │ UNIDADE II
A defasagem entre os tiros é causada pela distribuição angular das cargas no canhão. Um mesmo
número de tiros por pé, quando disparados em diferentes direções, produz maior relação de
produtividade.
A distância que separa o canhão do revestimento deve ser a menor possível, a fim de não comprometer
a penetração do disparo. No caso do canhão ser do tipo multidirecional, seu diâmetro deve ser o
maior possível, compatível com o do revestimento, para que o efeito adverso acima relacionado seja
desprezível e a técnica, efetiva.
Diâmetro do orifício
Sob circunstâncias normais, o diâmetro do orifício de canhoneio afeta muito pouco a vazão do poço.
Entretanto, se um filtro de areia for utilizado, deve-se fazer uso do maior orifício de entrada possível,
pois quanto maior o seu diâmetro, menor a perda de carga.
55
UNIDADE II │ USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO
Segurança
A questão da segurança é crítica quando se trata de operações em que se emprega o uso de explosivos,
e o canhoneio é uma delas. Portanto, a atenção dispensada a este item deve ser exagerada e cumprida
à risca.
Todos os procedimentos da legislação vigente na localidade devem ser seguidos, no que se refere
ao manuseio de explosivos. Além disso, cada companhia operadora possui suas próprias normas
internas de segurança.
Em relação ao poço, como o canhão é acionado por pulso elétrico em alguns casos, são terminantemente
proibidas as transmissões de rádio nas proximidades da operação. Para aumentar a segurança na
área, utiliza-se um BOP. É imprescindível que se observe atentamente o comportamento do poço
logo após o disparo, para não correr riscos de manobras precipitadas de retirada do canhão. O
mesmo deve ser retirado lentamente para evitar pistoneio (caso ainda haja cargas carregadas, existe
certo risco de que elas sejam acidentalmente acionadas). Somente com a total retirada do canhão
do poço e a verificação de que todas as cargas foram detonadas é seguro retomar as transmissões de
rádio (BIANCO; VICENTE, 2009).
56
DESCRIÇÃO
DOS PRINCIPAIS
ACESSÓRIOS DE UNIDADE III
UMA COLUNA DE
COMPLETAÇÃO
CAPÍTULO 1
Coluna de produção
A composição da coluna de produção é função de uma série de fatores, tais como: localização do
poço (terra ou mar), regime de produção de fluidos (surgente ou com elevação artificial), tipo de
fluido a ser produzido (óleo ou gás, com CO2 e ou H2S), necessidade de contenção da produção de
areia associada aos hidrocarbonetos, vazão de produção e número de zonas produzindo (Figura 34).
57
UNIDADE III │ DESCRIÇÃO DOS PRINCIPAIS ACESSÓRIOS DE UMA COLUNA DE COMPLETAÇÃO
(THOMAS, 2004).
Uma composição ótima da coluna deve levar em conta os aspectos de segurança técnico operacional
e econômico, e é obtida questionando-se sempre a validade da utilização de um equipamento.
Vamos mencionar as principais componentes de uma coluna de produção.
Tubos de produção
Na Petrobrás, existe uma padronização nacional para tipos de conexão, grau do aço e peso dos tubos
de produção, facilitando o intercâmbio entre as regiões e permitindo menos itens de estoque e,
consequentemente, menores custos operacionais. Assim, as conexões padronizadas para colunas de
produção são: EU (external upset); NU (non-upset); TDS (tubing double seal); e PH-6 (Figura 35).
A seleção da tubulação a ser empregada num determinado poço leva em conta 4 fatores.
»» Fluido a ser produzido: define o tipo do aço (grau) dos tubos, bem como o tipo das
conexões.
58
DESCRIÇÃO DOS PRINCIPAIS ACESSÓRIOS DE UMA COLUNA DE COMPLETAÇÃO │ UNIDADE III
(THOMAS, 2004).
As roscas EU e NU enquadram-se na categoria de” perfil redondo” e são padronizadas pela norma
API. A rosca NU está em desuso em nossa região e a rosca EU é a mais comumente utilizada, dada a
grande quantidade de poços produtores de óleo, sem outros fluidos agressivos associados, em nossa
região. A figura apresenta algumas características desses tubos.
Em poços produtores de gás, com fluidos agressivos ou com alta pressão, são empregados tubos
com roscas premium, especificamente as roscas TDS e VAM-ACE.
Shear-Out
É um equipamento instalado na extremidade inferior da cauda de produção, que permite o
tamponamento temporário da mesma (Figura 36). Possui três sedes, sendo a inferior tamponada.
Atualmente tem sido descida sem a sede inferior tamponada, isto é, apenas com duas sedes. Antes
da descida, é dimensionada a pressão do seu rompimento e, de acordo com o cálculo, colocados
tantos parafusos de cisalhamento quanto necessário. Ao pressurizar-se a coluna, a força atuante na
sede faz com que os parafusos cisalhem, caindo no fundo do poço e liberando a passagem na coluna.
59
UNIDADE III │ DESCRIÇÃO DOS PRINCIPAIS ACESSÓRIOS DE UMA COLUNA DE COMPLETAÇÃO
(THOMAS, 2004).
Hydro-Trip
Tal como a shear-out, serve para tamponamento temporário da coluna. Porém por ter rosca também
na parte inferior, pode ser instalada em qualquer ponto da coluna. A sede no entanto não cai para
o fundo do poço, pois tem um collet que se expande, entrando na reentrância apropriada para isto.
Como desvantagem, não permite passagem plena na coluna após o rompimento da sede (Figura
37). O dimensionamento dos parafusos de cisalhamento e operação são semelhantes à da shear-out.
(THOMAS, 2004).
60
DESCRIÇÃO DOS PRINCIPAIS ACESSÓRIOS DE UMA COLUNA DE COMPLETAÇÃO │ UNIDADE III
Nipples de assentamento
Os nipples de assentamento possuem uma área polida para vedação e uma sede de travamento.
Servem para alojar, numa profundidade bem-definida, plugs (para isolamento de zonas
produtoras), standing valves (para impedir perda de fluido para a formação), instrument hanger
com registradores de pressão para testes de produção, e chokes (estes de uso raro, permitem a
produção simultânea de 2 zonas com diferentes pressões). São especificados pelo diâmetro da área
polida onde os equipamentos de controle de fluxo fazem a vedação.
Normalmente são instalados na cauda de produção, abaixo de todas as outras ferramentas. Podem,
também ser instalados tantos quantos necessários, em qualquer ponto da coluna, ressalvando-se a
seletividade dos mesmos. Basicamente há dois tipos principais de nipples de assentamento: nipple
R (não seletivo) e nipple F (seletivo).
Os nipple R (não seletivo) possuem um batente na parte inferior com diâmetro interno menor que
o diâmetro interno da área polida. Normalmente, é utilizado em dois casos: quando a coluna requer
um único nipple ou como o último (mais profundo) de uma série de nipples do mesmo tamanho. A
utilização de mais de um nipple não seletivo na mesma coluna, somente é possível se os
diâmetros internos dos mesmos forem diferentes, decrescendo com a profundidade
de instalação.
O nipple F (seletivo) não possui batente, isto é, a própria área selante, serve de batente (Figura 38).
Podem ser instalados vários nipples seletivos de mesmo tamanho em uma mesma coluna. Neste
caso, o posicionamento do equipamento desejado é feito pela ferramenta de descida e/ou tipo de
trava do equipamento a ser instalado.
61
UNIDADE III │ DESCRIÇÃO DOS PRINCIPAIS ACESSÓRIOS DE UMA COLUNA DE COMPLETAÇÃO
Sliding sleeve
A sliding sleeve (ou camisa deslizante) possui uma camisa interna que pode ser aberta ou fechada
por meio de operações de arame, para prover comunicação anular-coluna ou coluna-anular
(Figura 39).
(THOMAS, 2004).
Seu uso está restrito, atualmente, para completação seletiva, que permite a produção da zona
superior. Alguns poços antigos ainda possuem essa válvula na composição da cauda, porém, este
uso foi abolido nas novas colunas devido pouca confiabilidade na vedação dos o-rings da camisa
quando se fazia o fechamento com arame.
62
DESCRIÇÃO DOS PRINCIPAIS ACESSÓRIOS DE UMA COLUNA DE COMPLETAÇÃO │ UNIDADE III
(GARCIA, 1997).
Ele é posicionado de tal forma que a extremidade da coluna de produção fique a aproximadamente
30 m acima do topo da formação produtora, para permitir perfilagens de produção (Figura 41).
(GARCIA, 1997).
63
UNIDADE III │ DESCRIÇÃO DOS PRINCIPAIS ACESSÓRIOS DE UMA COLUNA DE COMPLETAÇÃO
É assentado a cabo, utilizando-se uma unidade de perfilagem. Para ser assentado, é conectado
a uma ferramenta de assentamento e descido até a profundidade apropriada. Ao se acionar
eletricamente, há uma detonação de um explosivo que cria um movimento da camisa superior para
baixo, comprimindo todo o conjunto. Este movimento expande o elemento de vedação e as cunhas
contra o revestimento.
Unidade selante
É o equipamento descido na extremidade de uma coluna, que pode ser apoiado ou travado no packer
permanente, promovendo a vedação na área polida do packer.
(THOMAS, 2004).
A unidade selante mostrada na figura é travada na rosca do packer permanente por meio de garra,
que é conectada com a liberação de peso sobre a ferramenta e desconectada com rotação à direita.
Os dentes de garra têm perfil horizontal na parte superior, o que garante a impossibilidade de
liberação por tração.
64
DESCRIÇÃO DOS PRINCIPAIS ACESSÓRIOS DE UMA COLUNA DE COMPLETAÇÃO │ UNIDADE III
A vedação entre os dois conjuntos (camisa externa e mandril) é promovida pelo conjunto de unidades
selantes sobre o mandril polido. O travamento entre os dois conjuntos, para descida ou retirada, é
promovido através do J-slot existente na sapata-guia.
(THOMAS, 2004).
(THOMAS, 2004).
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UNIDADE III │ DESCRIÇÃO DOS PRINCIPAIS ACESSÓRIOS DE UMA COLUNA DE COMPLETAÇÃO
A Figura 45 mostra em corte uma válvula de gás-lift típica, indicando suas partes principais e a
maneira como é instalada na coluna de produção. A válvula apresentada na figura está fechada,
com a esfera encostando na sede da válvula. Para que ela abra, é necessário que a pressão no anular
atinja um valor preestabelecido, de acordo com a pressão de nitrogênio no interior do domo e de
acordo com a tensão da mola (elemento que tendem a manter a válvula fechada). Existem vários
tipos de válvulas para diversos tipos de aplicações.
(THOMAS, 2004).
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DESCRIÇÃO DOS PRINCIPAIS ACESSÓRIOS DE UMA COLUNA DE COMPLETAÇÃO │ UNIDADE III
(THOMAS, 2004).
A bomba utilizada é do tipo centrífuga de múltiplos estágios e nela são colocados tantos estágios
quanto forem necessários para que os fluidos cheguem à superfície. A admissão da bomba está
localizada na parte inferior da bomba e é o caminho do fluido para o abastecimento do primeiro
estágio. Os motores elétricos utilizados no bombeio centrífugo submerso são de tipo trifásico ,que
funcionam com uma velocidade constante de 3.500 rpm para uma frequência de rede de 60 Hz.
O eixo do motor conecta-se ao eixo do protetor, à admissão da bomba e ao impulsor da bomba,
constituindo-se num único eixo que deve estar perfeitamente alinhado para não se partir ao entrar
em funcionamento. O protetor é um equipamento instalado entre o motor e a admissão da bomba
,conectando o eixo do motor ao eixo da bomba por meio de duas luvas de acoplamento e tem
67
UNIDADE III │ DESCRIÇÃO DOS PRINCIPAIS ACESSÓRIOS DE UMA COLUNA DE COMPLETAÇÃO
como função principal prevenir a entrada de fluido produzido no motor. Finalmente, a energia é
transmitida da superfície para o motor por um cabo elétrico trifásico com condutores de cobre ou
alumínio.
Equipamentos de superfície
São os equipamentos responsáveis pela ancoragem da coluna de produção, pela vedação entre a
coluna e o revestimento de produção e pelo controle do fluxo de fluidos na superfície. Existe uma
série de equipamentos padronizados que constituem os diversos sistemas de cabeça de poço.
Cabeça de produção
É um carretel com dois flanges e duas saídas laterais (Figura 7.14). Quando a cabeça de produção é
instalada, o flange inferior fica apoiado na cabeça do revestimento de produção e o flange superior
recebe a árvore de natal com seu adaptador. Em uma das saídas laterais, geralmente é conectada a
linha de injeção de gás (poços equipados para gás lift) e na outra a linha de matar (kill line), para um
eventual amortecimento do poço.
(THOMAS, 2004).
Internamente existe uma sede na qual se apoia o suspensor da coluna de produção que, por sua vez,
suporta o peso da coluna. Existem vários modelos de suspensores e adaptadores, projetados para as
mais diversas situações.
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DESCRIÇÃO DOS PRINCIPAIS ACESSÓRIOS DE UMA COLUNA DE COMPLETAÇÃO │ UNIDADE III
Normalmente as ANC’s estão equipadas com duas válvulas mestres, duas laterais e uma válvula de
pistoneio. As válvulas mestres têm a função principal de fechamento do poço. As válvulas laterais
têm o objetivo, similar às válvulas mestres, de controlar o fluxo do poço, e permitem que o fluxo
seja interrompido, enquanto equipamentos são introduzidos no poço. A válvula de pistoneio é uma
válvula que fica localizada no topo das ANC’s, acima do ponto de divergência do fluxo. Sua função é,
quando aberta, permitir a descida de ferramentas dentro da coluna de produção.
(GARCIA, 1997).
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UNIDADE III │ DESCRIÇÃO DOS PRINCIPAIS ACESSÓRIOS DE UMA COLUNA DE COMPLETAÇÃO
A Figura 49 representa um diagrama esquemático de uma árvore de natal molhada. São as seguintes
as opções de operação realizadas pela Unidade Estacionária de Produção (UEP) numa ANM:
»» lavagem das linhas de 4” e 2”: devem ser abertas as válvulas W1, CO e W2. É a
operação necessária à recuperação do óleo existente na linha de produção, no caso
de uma intervenção no poço;
»» produção normal com injeção de gás pelo anular: devem ser abertas as
válvulas M1, W1, M2 e W2, mantendo fechada as demais. A abertura das válvulas
M1 e W1 permitem a passagem do óleo e das válvulas M2 e W2, a injeção de gás no
anular. Para a produção normal sem injeção de gás pelo anular, ddevem ser abertas
as válvulas M1 e W1, mantendo fechadas as demais;
»» produção pela linha de 2”: em casos excepcionais, o fluido do poço pode ser
produzido pela linha de 2”, abrindo as válvulas DHSV, M1, XO e W2, mantendo as
demais fechadas.
(GARCIA, 1997).
70
ACOMPANHAMENTO
DA PRODUÇÃO E UNIDADE IV
ESTIMULAÇÃO DE
POÇOS
CAPÍTULO 1
Controle de produção de areia
Introdução
O Gravel Pack é uma técnica para controle da produção de areia de formações com problemas
de consolidação. A extração do óleo em arenitos friáveis tem apresentado constantes desafios à
indústria do petróleo, nem tanto pela necessidade da contenção da produção de areia propriamente
dita, mas pelas altas perdas de carga impostas pelo processo, que podem abreviar, em alguns anos,
a vida produtiva de um poço.
71
UNIDADE IV │ ACOMPANHAMENTO DA PRODUÇÃO E ESTIMULAÇÃO DE POÇOS
(BELLARBY, 1995).
72
ACOMPANHAMENTO DA PRODUÇÃO E ESTIMULAÇÃO DE POÇOS │ UNIDADE IV
Esta técnica, empregada em poço aberto ou revestido, pode variar desde a simples utilização de um
único tubo telado a uma complexa completação múltipla. Os empaques com grava são realizados
para assentar a tubulação ranurada no poço e circular a grava, utilizando um fluido adequado até
a posição desejada. Para ter ótimos resultados, todo o espaço deve estar preenchido com areia de
alta permeabilidade. A aplicação desta técnica é mais simples em poços abertos do que revestidos
e canhoneados. Embora o alto custo, tem se demonstrado que esta técnica de controle de areia é
muito eficiente e, portanto, o mais utilizado (HUGHES). .
»» As telas estão sujeitas à corrosão e/ou erosão devido às altas velocidades de fluxo ou
à produção de fluidos corrosivos.
A preparação do poço deve ser feita da seguinte forma. A circulação intermitente de colchões lavadores
e fluidos gelificados devem ser usados para remover lama e resto de cimento no revestimento.
É recomendável usar uma coluna com o maior diâmetro possível, com o objetivo de aumentar a
velocidade no espaço anular, maximizando o arraste e o carreamento. A pasta com grava possui
grande poder abrasivo, exigindo exclusividade dos equipamentos e das linhas e uma manutenção
73
UNIDADE IV │ ACOMPANHAMENTO DA PRODUÇÃO E ESTIMULAÇÃO DE POÇOS
cuidadosa, principalmente nas superfícies em contato com a pasta. O sistema de fluidos também
deve ter atenção especial, principalmente se o fluido já tiver sido utilizado para lama de perfuração.
(GARCIA, 1997).
Para oferecer maior eficiência na retenção de areia e ter maior flexibilidade na aplicação da técnica
em poços horizontais, é conveniente o uso de telas ranuradas. Essas telas são dimensionadas
considerando o tamanho da grava utilizada, como é mostrado na Tabela 2, em que é descrito o
dimensionamento das telas (gauge) com respeito ao tamanho da grava.
(GARCIA, 1997.)
74
ACOMPANHAMENTO DA PRODUÇÃO E ESTIMULAÇÃO DE POÇOS │ UNIDADE IV
Um exemplo que mostra a estrutura dessas telas é apresentado na Figura 52, que também é
caracterizada por ter várias camadas concêntricas.
(GARCIA, 1997).
75
CAPÍTULO 2
Tratamento químico
Grande parte do dano à formação é causada por práticas descuidadas de perfuração ou completação
podendo, portanto, ser evitado. Mesmo quando o dano é inevitável, o estudo de sua natureza é
fundamental para a seleção do tratamento adequado.
Tipos de danos
As características físicas do dano são parâmetro fundamental, pois determinam o tipo de fluido de
tratamento ideal. Os tipos de danos existentes são os seguintes.
»» Emulsões: são causadas pela mistura de fluidos à base de óleo com soluções
aquosas no interior da formação. Tal tipo de dano é estabilizado por materiais
tenso-ativos (surfactantes). Nestes casos, solventes com ou sem desemulsificantes
são geralmente usados.
»» Siltes e argilas: dano causado por siltes e argilas onde ocorre invasão do espaço
poroso pela lama de perfuração e a migração de argilas. Quando as partículas
que causam dano se originam da própria rocha reservatório; elas são chamadas
genericamente de “finos”. A remoção de danos por finos em reservatórios
carbonáticos se faz com acido clorídrico (HCl), que apesar de não dissolver os finos,
pode dispersá-los.
76
ACOMPANHAMENTO DA PRODUÇÃO E ESTIMULAÇÃO DE POÇOS │ UNIDADE IV
Pseudodano
Atribuir o fato de dano (ou skin) encontrado nos testes de formação totalmente ao dano constitui
um erro comum. Existem outras contribuições não relacionadas com o dano à formação, chamadas
genericamente de pseudodano. Estas devem ser subtraídas do dano total para que se possa estimar
o valor real do dano e não se superestime a potencialidade de uma possível operação de remoção.
A origem do pseudodano deriva da configuração do poço, das condições de produção ou de outras
causas mecânicas.
Todo pseudodano restante após uma completação pode ser atribuído à configuração do poço.
Nenhum destes componentes do dano é devido ao reservatório. Algumas das causas são: entrada
de fluxo limitada; completação parcial do poço; baixa densidade de canhoneios etc. Podem haver
outras causas para o pseudodano: colapso do tubo de produção; colapso dos canhoneados; mau
isolamento de uma zona ocasionado por uma má cimentação.
»» Caso o intervalo a ser tratado seja muito espesso, adotar medidas para promover a
divergência dos fluidos de tratamento em todo o intervalo.
77
UNIDADE IV │ ACOMPANHAMENTO DA PRODUÇÃO E ESTIMULAÇÃO DE POÇOS
Tipos de ácidos: usar normalmente até 1000 gal de HCl 15% com inibidor de corrosão e sequestrador
de ferro.
Procedimento: o ácido deve ser injetado até a extremidade da coluna à baixa vazão e circulado a alta
vazão. Devem ser coletadas amostras do ácido no início, no meio e no final do retorno e enviadas
para a sede, a fim de se efetuarem análises de concentração de ácido e do teor de ferro.
Tipos de ácidos: usar geralmente HCl de 5% a 15% em pequenos volumes. Além de inibidor de
corrosão e sequestrador de ferro, deve-se utilizar elevado teor de surfactante.
Procedimento: proceder a lavagem ácida da coluna de operação para remover a ferrugem; colocar
um tampão de ácido em frente aos canhoneados e deixar em imersão ou promover agitação. Repetir
este processo ou injetar o ácido à baixíssima pressão; remover o ácido gasto imediatamente.
Tipos de ácidos: HCl de 5% a 15%. Agentes redutores e sequestrador de ferro devem ser utilizados
quando a incrustação for de ferro.
Tipo de ácidos: usar geralmente HCl 15% em peso. Pode-se, eventualmente, emulsionar ou gelificar
o ácido, a fim de reduzir as taxas de reação e conseguir maior penetração para ultrapassar a região
danificada.
78
ACOMPANHAMENTO DA PRODUÇÃO E ESTIMULAÇÃO DE POÇOS │ UNIDADE IV
Tipo de ácidos: uma mistura de ácido fluorídrico (HF) e ácido clorídrico (HCl), conhecida como
mud acid. A função do tratamento é remover dano causado por sólidos dos fluidos injetados na
formação ou pelas próprias argilas contidas na rocha reservatório, que podem inchar ou migrar e
obstruir as gargantas de poros.
79
UNIDADE IV │ ACOMPANHAMENTO DA PRODUÇÃO E ESTIMULAÇÃO DE POÇOS
Técnicas de divergência: existem vários métodos para controlar a distribuição do ácido, que
podem ser mecânicos, pelo isolamento da zona a ser tratada, químicos, ou em estágios, pelo
tamponamento temporário das zonas já tratadas. O número de estágios depende da espessura da
formação. A seleção da técnica de divergência é baseada nas condições mecânicas do poço, nos
fluidos produzidos e injetados, nas características do reservatório e na experiência de campo.
80
CAPÍTULO 3
Fraturamento hidráulico
Quando esse procedimento é realizado em forma adequada em reservatórios com alta permeabilidade,
a vazão inicial é maior e a produção é mais rápida se comparada ao comportamento do reservatório
sem ter aplicado essa técnica. No entanto, quando essa técnica é aplicada em reservatórios de
baixa permeabilidade, além de a vazão inicial ser maior, existe um incremento na produtividade do
reservatório.
De uma maneira geral, o processo funciona melhorando o acesso dos fluidos do reservatório ao
poço. A geometria do fluxo radial é modificada para um fluxo axial ao redor da fratura.
A zona ao redor do poço também é crítica porque danos de formação podem ocorrer, e pode consistir
em redução da permeabilidade causada pelo contato da formação com o fluido do reservatório. Em
alguns tipos de danos ocorrem:
»» infiltração de sólidos no espaço poroso, ou seja, sólidos do fluido ficam “presos” nos
poros da formação, diminuindo a permeabilidade.
81
UNIDADE IV │ ACOMPANHAMENTO DA PRODUÇÃO E ESTIMULAÇÃO DE POÇOS
Fluidos de fraturamento
Os fluidos de fraturamento têm como funções principais: abrir e propagar a fratura, bem como
transportar o agente de sustentação. Para a seleção do fluido ideal, também devem ser levadas em
considerações as seguintes características/funcionalidades.
»» Deve resultar baixo coeficiente global de filtração (do fluido para as formações), já
que quanto maior este coeficiente, maior o volume de fluido a ser bombeado para a
execução de uma mesma fratura.
»» Não deve depositar uma quantidade significativa de resíduos nas paredes da fraturas,
resíduos que são provenientes do gelificante, do reticulador, do aditivo controlador de
filtrado, pois esta deposição também prejudicaria a condutividade da fratura.
»» Ser econômico.
A seguir, são descritas as funções dos vários fluidos que compõem as várias fases de um fraturamento
hidráulico.
»» Pré-colchão: o fluido abre e esfria a fratura, além de promover uma perda inicial,
criando condições para reduzir a perda de fluido do colchão e carreador. Deve
possuir média viscosidade.
»» Colchão: estende a fratura criada e promove uma abertura mínima de modo que a
fratura possa receber o agente de sustentação. Também auxilia na redução da perda
de fluido do carreador, promovendo a formação do reboco. Possui alta viscosidade.
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ACOMPANHAMENTO DA PRODUÇÃO E ESTIMULAÇÃO DE POÇOS │ UNIDADE IV
Os fluidos à base de água possuem como principais aditivos as seguintes substâncias: gelificante,
reticulador, ativador, quebrador, controladores de filtrado, surfactante, estabilizador de argila,
estabilizadores térmicos.
Os tipos de agentes de sustentação mais empregados são: areia selecionada e bauxita. A escolha do
tipo de agente de sustentação (areia ou bauxita), a sua granulametria (8/12, 12/20, 16/30 ou 20/40
Mesh) e a quantidade a ser empregada por unidade de área de fratura (libras de areia por pé quadrado
de fratura) são funções da condutividade adimensional de fratura que se deseja, considerando a
permeabilidade do reservatório que está sendo fraturado e o estado de tensões presente.
O estado de tensões é muito importante na escolha do tipo de agente de sustentação, pois após o
fechamento da fratura, estes estarão sujeitos a tensões de confinamento, e quanto maiores essas
tensões, menores as condutividades de fratura resultantes. De uma forma simplista, tem-se a utilização
de areia selecionada para menores profundidades (e portanto menores tensões de confinamento) e de
bauxita para maiores profundidades (e maiores tensões). No Brasil, pelo alto custo de aquisição de
areia (diferente do resto do mundo), utiliza-se quase que, exclusivamente, bauxita.
Outros processos de fraturamento das formações já foram pesquisados. Devido aos altos riscos
e custos envolvidos, até agora nenhum outro método se mostrou competitivo; o fraturamento
hidráulico, juntamente com a acidificação, continuam sendo os mais eficazes métodos de estimulação
empregados na indústria petrolífera.
Procedimento operacional
As operações de fraturamento são executadas com bombas especiais para alta pressão. O fluido de
fraturamento é succionado dos tanques de estocagem para o equipamento de mistura (blender),
onde é feita a dosagem dos produtos químicos e do agente de sustentação. A mistura é bombeada
para a sucção das bombas de alta pressão e daí é injetada na formação, por meio da coluna ou
do próprio revestimento (Figura 53). Para a execução dos trabalhos de estimulação de poços, a
Petrobras mantém contratos com companhias de serviço especializadas, tais como Halliburton,
Dowell e Sabep (GARCÍA, 1997).
(GARCIA,1997).
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Referências
BIANCO, Luis Carlos B.; VICENTE, Ronaldo. Técnicas de canhoneio em poços de petróleo.
Petrobras. Centro de Desenvolvimento de Recursos Humanos Norte-Nordeste, 1995
ROSA, Adalberto José; CARVALHO, Renato de Souza; XAVIER, José Augusto Daniel. Engenharia
de reservatórios de petróleo, 2006. Editora Interciência s/d.
VICENTE, Ronaldo; RODRIGUES, Valdo Ferreira; GARCIA, José Eduardo de Lima; DE PAULA,
José Luis. Operações com cimento na completação. Petrobras Petróleo Brasileiro S.A., 1995.
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