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Os estudos sobre deficiência surgiram no Reino |


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nos anos 1970. Deficiência não é mais uma simples


expressão de uma lesão que impõe restrições à
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participacao social de uma pessoa. Deficiência é um'


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conceito complexo que reconhece o corpo com lesão,§ f


mas que também denuncia a estrutura social que oprimƒe
a pessoa deficiente. Assim como outras formas de
opressão pelo corpo, tais como o sexismo ou o racismo, ,
os estudos sobre deficiência descortinaram uma das 5l

ideologias mais opressoras de nossa vida social:


a que humilha e segrega o corpo deficiente.

Áreas de interesse: _
Ética, sociologia psicologia, educação, medicina i
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_ Copyright © by Debora Diniz,2007
S 4 Nenhuma parte desta publicação pode ser gravada, 8 *›“"\

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armazenada em sistemas eletrônicos, fotocopiada, S l]r'3¿>;ziízÊšÊ~“..f"1¡


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4 reproduzida por meios mecânicos ou outros quaisquer ii'
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Coordenação editoriale de produção: George Scbleiinger


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Sumário
4 Produção editoriale diagramação: Pózm'cióz Rocha
1 Produção gráfica:iT/aiózgo B. Limói
4 Revisão: Am Term Mejióz Mzmboz e. Dida Berram
4 Arte de capa: Rózmoiz Nm/ómfo
41 Capa: Eqziipe editorial Editam Brasiliense
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4 O que e deficiencia / Debora Diniz. - - 1
e São Paulo : Brasiliense, 2007. - - 1
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Os estudos sobre deficiencia . . . . . . . _ _ ...31
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Bibliografia. 1
_ ISBN 978-85-11-00107-5
'1

Arevisãodo modelo médico _ _ _ _. _ ...41


11 1. Deficientes I. Título. II. Série I

1,
1 _
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Deficiência, feminismoecuidado _. _. _. _ ....58
¬_o7-1558 4 _, _ cDD-562.1
1

Conclusão.. . . . . . . _ . . . . . . . _ . . . _ . _. ...76
Índices para catálogo sistemático:
1. Deficiência : Problemas sociais 562.1
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Referências bibliográficas.. _ _ _ _ _ _ ...82


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Rua Airi, 22 - Tatuapé - CEP 05510-010 - São Paulo - SP - Brasil
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Jorge Luis Borges, um dos mais conhecidos escritores


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É argentinos, ditou grande parte de sua obra. Ele soletrou cada
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palavra de A cegueira, um relato de sua vida como escritor
cego 1 A ce ueira foi considerada uma das fontes dgjnsgira-
warn ~|-uma ala* ^'!"Íflnm'a=

í çgomge Borges. Como não“enxerga{7a,isuã inspiração viria de


1 sentidos pouco explorados pelas pessoas com visão. Essa
possível explicação para a genialidade literária de Borges é a
1
que mais agrada às pessoas não-deficientes. Borges seria
um exemplo do deficiente que supera a lesão e se transfor-
ma em um gênio Iiterário. De desvantagem, a cegueira pas-
saria a ser entendida como um estímulo à literatura.
Mas não era assim que Borges descrevia a sua deficiên-
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cia. Para ele, “a cegueira deve ser vista como um modo de
é um dos estilos de vida dos homens”.2Afirmar a ce-
Ú \, fl gueira como um modo de vida é reconhecer seu caráter tri-
vial para a vida humana. Ser cego é apenas uma das muitas
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sem deficiência; por outro lado, a afirmação da deficiencia


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para levar adiante seu modo de viver avida. A defi-


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como um estilo de vidanãoé resultado exclusivo do pro-


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visual náo significa isolamento ou sofrimento, pois


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gresso médico. E uma afirmação ética que desafia nossos


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na sentença biológicade fracasso por alguém não en- `\- padrões de normal e patológico.
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_rergià1r_ Oque existe são contextos sociais pouco sensíveisà S.

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Um corpo cego é um corpo inesperado diante da ex-
tsornpreensão da diversidade corporal como diferentes es-
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pectativa do discurso do normal. l\ç/las oçdesafio de Borges, ` .¿`_


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bem como daquilo que ficou conhecido comoestudõsisõbre F


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A idéia de que a cegueira, a surdez ou a lesão medular fr'


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deficiência, foi o deassumir uma positividedg_disçursivai_ ou ar,
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riada mais são doque diferentes modos de vida é algo abso-


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seja, a deficiência nãoseria a enasa expressão de uma res--__.


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deficiência. A concepção de deficiência como uma variação r ~ IM ~' ~_f_"~;*í~ l

compreensao da deficiencia assim pode catalogar um corpo


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do normal da espécie humana foi uma criação discursiva do cego: alguém que não enxerga ou alguém a quem falta a Ê..

século XVIII, e desde então ser deficiente é experimentar um .Í

_..'."' É. visão - esse é um fato biológico. No entanto, o modelo social


corpo fora danormafi O corpo com deficiência somente se ' Í
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delineia quando contrastado com uma representação de o


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que seria o corpo sem deficiência. Ao contrário do que se a diversidade de estilos de vida. 4-Ilià
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imagina, não há como descrever um corpo com deficiência Essa foi a revolução dos estudos sobre deficiência surgi-
como anormal. A anormalidade é um julgamento estético e, dos no Reino Unido e nos Estados Unidos nos anos 1970.
porl:anto_ um valor moral sobre os estilos de vida. Há quem ,.».¡-

De um campo estritamente biomédico confinado aos sabe-is


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considere que um corpo cego é algo trágico, mas há tam- res médicos, psicológicos e de reabilitação, a deficiencia
bern ql_.lem considere que essa é dma entre várias possibili-
.lã

passou a ser também um campo das humanidades. Nessa 1


.pf

dades existência humana.


Opor-se idéia de deficiência como algoañornfial não 1 guinada acadêmica, deficiência não é mais uma simples ex-
pressão de uma lesão que impõe restrições à participação
significaignora.r que um corpo com lesão medular necessite
seeisl de uma Desses- Qefleiêns¡e.e.__um__9eneeit_e_serm12l_ex.Q
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de recursos médicos ou de reabilitação. Pessoas com e sem


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deficiência buscam cuidados médicos em diferentes mo- elue resenheee_eeerr>e_sem lesão, mas que também denUfl~
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mentos de sua vida. Algumas necessitam permanentemente sie sssirvtvresesisl Assim


como outras formas de opressão pelo corpo, como o sexis-
da medicina para se manter vivas. Os avanços biomédicos mo ou o racismo, os estudos sobre deficiência descortina-
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ram uma das ideologias m `-“opressoras de nossa vida so- mecanismo de identidade contrãštiva que surgiu o conceito
cial: aque humilha e se z ga o corpo deficiente? f
de“pessoanã“o-deficiente” ou “não-deficiente”.
A aproximação dos esti_.ido_s__§o_br_e__d_eficiência_de outros Neste livro, as novas expressões serão indiscriminada-
saberes já consolidadosfcomo os estudosmculturais e femi-
.:'!¬\=
\.i

mente utilizadas para apresentar a gênese dos estudos so-


nistas, desafiou a hegemonia biomédica do campo. O primei-
Westa-_s_›=sz¬a.':-4-“
bre deficiência no Reino Unido nos anos1970 eas principais
ro resultado desse encontroteórico foi um extenso debate C' criticas feministas e pós-modernas nas décadas de 1990 e
sobre como descrever a deficiência-zem termos políticos; e 2000. Esse é umcampo pouco explorado no Brasil não ape-
não mais estritamente diagnósticos? Para os precursores dos =

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_ _porque a deficiência ainda não se libertou daauto ridade
estudos sobre deficiência, a linguagem referente ao tema r`§.`
biomedica, com poucos cièntisfásšoci11ai`š*diedicando-se ao
_ estava carregada de1vio1lê1ncia e de eufemismos discrimina- ff _. Í'
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de necessidades especiais ii e ri pessoa especial is ,entre tantas


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evi- o desafio eši'à“em aiirmarêa deficiência cóiíñõiüiiin
outras expressoes ainda vigentes em nosso léxico ativo. Um estilo de vida, mas também em reconhecer a legitimidade de
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dos poucos consensos no campo foi o abandono dasvelhas


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1 ações distributivas e de reparação da desigualdade, bem co-
categorias e a emergencia das categorias pessoa deficien-
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mo a necessidade de cuidadosvblomédicos.
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il te, pessoa comdeficiencia e deficiente. Segundo o Censo brasileiro de 2000, 14,5% da população
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Há sutilezas no debate sobre cada uma dessas expres- brasileira é deficiente? Esse dado anuncia a expressividade da
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soes. Os primeiros teóricos optaram por pessoa deficiente e Ú\ "\ NI \fl

questão da deficiência para a organização social no país, em


11 “deficiente” para demonstrar que a deficiência era uma

especial com o envelhecimento populacional. A deficiência
característica individual na interação social. “Pessoa com de-
--‹ 11

será um tema emergente para as politicas públicas, particular-


ficiência” foi uma escolha queseguiu uma linha argumentativa mente as de caráter distributivo e de proteção social? O ponto
semelhante e é a expressao mais comum no debate estadu- .fm-_
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de partida das negociações políticas deve ser o novo conceito
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nideflse- no enterro, optou de deficiência como instrumento de justiça social, e não
por defioi1ente”' como uma1111111fE51Fii111á1 de devolver os estudos
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somentecomo questão familiar ou individual.
sobre deficiência ao campo dos estudos culturais e de identi-
1% dade. Assim como os estudos sobre raça não mais adotam o :aii Â. sl
Notas
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conceitode “pessoa de cor”, mas “negro” ou “indígena”, os
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estudos sobre deficiencia assumiram a categoria deficiente _
^ lí 5!
1 ~ BORGES, Jorge Luis. “La Ceguera”. ln: _ Siete No-
E é comoresultado da compreensão da deficiência como um ches. Madrid: Alianza Editorial, 1995.
12 ,_ P P DEBORA Dii\||z_, _ ___

3 -_ oAv|s, Lennard J. Enforcing Normalcy: disability, deafness “Í

- and the body. London: Verso, 1995.


4 -O campo de estudos é conhecido por disability studies.
5 - “Ideologia de opressãoaos deficientes” é umatradução _ `__

composta para o neoiogismo disablism em língua ingle-


sa. O conceito de disablism é uma analogia ao sexismo Modelo social da deficiência
e ao racismo. A ideoiogiaque oprimeos deficientes su-
põe que há uma superioridade dos corpos não-deficien-
tesem comparaçãozcom os corpos deficientes. 1
6-ALBRECHT, Gary; SEELMAN, Katherine; aunv, Michael. Intro- V -»~ .

duction. In: .Handbook of Disabilin/Studies. Lon- Deficiência como opressão


don: Sage, 2001.pp.1-10. 1
7 _- BRASIL. CensoDemográf¡co2000. Disponível em: :Ê`i..E{aul Hunt¿,.Êum sociólogo deficiente físico, foi um dos pre-
<http://WWw.ibge.gov.br>. Acesso em: -1° fev. 2005. cursorëšiõõmodelo social da deficiência no Reino Unido nos
8 - MEDEIROS, Marcelo; o|N|z, Debora; sou|NcA,:Flávia. Transferên- anos 1960. Os primeiros escritos de Hunt procuravam com-il
cias de Renda para a População com Deficiência no Brasil: preender o fenômeno sociológico da deficiência partindo dof'
análise do Benefício de Prestação Continuada. Pub. Se-‹ conceito de estigma proposto por Erving Goffmanfl E,a[a%
/W riada. Texto para Discussão n. 1184. Ipea: Brasília, 2006.

juntode valores siífibõl`íÊÕšAestaria associado aos -sinais cor-


porais, sendo a deficiência um dos atributos que mais fasci-
naram osteóricos doestigma.
De todas as obras de Hunt, o escrito de maior impacto foi
a carta que ele remeteu ao jornal inglês The Guardian, em 20
de setembro de 1972. Nela se lia:

Senhor Editor, as pessoas com lesões físicas severas an-


contram-se isoladas em instituições sem as menores condi~‹
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14, _ DEB0RAÔiN|2 _ A _
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ções, onde suas idéias são ignoradas, onde estão sujeitas


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para os deficientes, isto é, locais onde se confinavamr pes-


s. rs
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aoautoritarismoe, comumente, acruéis regimes. Proponho soas com diferentes lesoes físicas ou mentais, cuidando de-
a formação deum grupo de pessoas que leve ao Parlamen- las e lhes oferecendo educação. Em geral o objetivo dessas”
to as idéias das pessoas que, hoje, vivem nessasinstitui- instituições e centros era o de afastar as pessoas com lesões
_ çõese dasque potencialmenteir_ão_substitui-las. do convívio social ou o de normalizá-las para devolvê-las af'
:YAtenciosamente, PaulHunt_2 família ou asociedade_
_ _ ,_ A originalidade da Upias foi não somente ser uma enti-
Hunt nao imaginouque sua carta provocaria tantas rea-
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dade de e para deficientes, mas também terarticuladouma


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ções_Várias pessoas responderam à sua proposta de forma-
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resistência política e intelectual ao modelo médico de com-
ção de um grupo de deficientes, equatro anos depois estava*
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preensão da deficiência. Para o mo_cl_elon1édic_o,_deficiéngiaé


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constituídaa primeira organização política desse tipo: a Liga 'Is
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Oliver, também um sociólogo deficiente físico, foi um dos ¿-~›/ m@if°ti1_9meflfo, norla=1t<>z__@___U.%__9a=_1ât_t9i9:ês_99m_0zuma
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que imediatamente respondeu àcarta de Hunt. Ainda hoje, r‹->dë"i›°Iítí¢á 0010 õiiícipal
›.__é ele é considerado um dos precursores e principais idealiza-
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dores doâxque ficou conhecido como modelo social da defi-
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formação da Upias. cialffÃiimestraiémfiudíãwüdpfišáeríprovocativa, poismtirava do
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H _U_F¿¡ê§__Í9Lä__9_£i_f 1§.ir_ê___o.r9.a_niz_ë_Ç_ã.9__Çl_e indiiiíduo a responsabilidade pela opressão experimentada
pelos deficientes e a transferia para a incapacidade social em
prever e incorporar a diversidade.
P Nesse sentido, Oliver, Abberley, Finkelstein e tantos ou-
Há Dei0bñë0'Õ_$MÊÍ!5ÍLš#ʧÕU|0S, áÍëÍ'_ÍÍÍd_e Centros onde essoas
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.1-"¬.\.-__.-.~.'.r....-.-.-.' .,_.,_¬-:_ ¬ ¬'¬ - \‹=-- - - -'-`-f'-314-1:1..-_^_~.-¿-¿.__¿¡ --_z~_z~_‹..¿_?.__¿.¡.¿¡_¡_-¡g,_- _.u_\_.=., _ ___..-__.¬-¢;.i.v¡T+;;:'l'~¬\l¡-:f7<fFF'\3'¡=-°“'“7¿7¬`--ü'
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A tros que responderam ao chamamento de Hunt provocaram


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Upias foi, naverdade, a primeira organização política sobre uma reviravolta no debate biomédico: ao invés de internados
deficiencia a ser formada e gerenciada por deficientes. Insti- para tratamento ou reabilitação, os deficientes estavam en-
tuições antigas, como o Instituto Nacional para Cegos, talvez carcerados; a, e>gD@riën0iêda__d.eitm¢i§Bã0_ §Lfl1âSul'£ëQz0
a mais antiga do mundo, no Reino Unido, ou o Instituto de sua S_ l_e__s"e_s____n1_a__s_
_ do ai_'_r_1__b_i__-§g__Íi_ _§__§›_Q.Çi
_ aLbosiil__;Z=_l
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Nacional de Educação de Surdos, no Brasil, eram entidades mais importante desse movimento político vigoroso
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de crítica social foi que a Upias foi responsável por um feito tesao edeficiencia ea-r
histórico, pois redefiniu lesãoe deficiência em termos socio-
lógicos, G não mais estritamente biomédicos.-1 Quem é deficiente para o modelo social da deficiênc_ia§
Agramática da deficiénciafoirefeita após a emerg_ência_,e para rešÍlÕ'Õñ`d”é'í“”ag§§¿*¡5¿rg:gn{“äf”i`olpreciso enfrentaf a _ten_;
__ ~ ' ocom esao___
a de co- sao entre corpo e s0_C\9d§de- _§Ê_Ê_f_ã_H.Tš_§_ä?š__Í%_____õ.€õ8ñ-íëšíö-S
rn”ü“`ñiõ”ä*§õ“锚Ê*õrëÍ`ä`š*'è“i'íÍ?ë2aH comunidade imaginada por Hunt que limitaria a parti_§_]__Q§§_êQ.._§Q§!_Ê_.__QH__._
em sua carta. Nessa época, era comum que deficientes físicos pouièõšíšëñšvãšãdiversidade 0 que segreearIa__Q___§.eÍl9_te“*
fossem institucionalizados_ Havia intensa vigilância e a ter
vida deles, e os contatos com o ambiente externo eram não
apenas controlados como esparsos_ A Upias surgiu exata- corporais como grande parte da
mentedessa incomunicabilidade entre os deficientes, oque ‹
, ' ii-
› .-'_
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se $e“@__Éʧ9ÊêÊQ_$1Ê_9'Í9_šÚ.lšÊ9Ê;.ʧ._$99Í@l$Ê? P9_\lÊlÊë.§--99---~~-
torna seuprocesso de formação ainda maisespetacular. E foi W
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sensíveis a diversidad_§3_,Q9lÍPOffi_- _ _ __ ._
também porcausa dadificuldade de comunicação queesse _/ _ O“g'“a'meme' a Umasempropunha umaiqvešlnlâiiiiza de ex-
processo foi tão lento: “algo que muitos não-deficientes espe- e deficiência amparada uma perspec i Fl
Cmsão Sociak ________. .___ _

rariam concluir em poucas semanas ou meses, nos exigiu _ Áifwfl U


,z-“"“"
z AM """` ~ -i ... _ -4* ¬"' ¬' .

quatro anos”, disseram Oliver e Colin Barnes? r____^,___.,,.,,~.'-z‹»^.--~^-z››z‹/w.. _,_,...


.,.--.-f.”
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ay O_g_l,j_z_jetiv0
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da Upiasreraredefiniir a deficiência em
_::__zz_›s._s-._...›_-_az._-___._._.z_Ítzz$__.z..tzzzz..i.¬s.zz_-_z_z,_zz‹é¬z._~¡¬«m,:;Ãa._.,__._,_,Í_¡._.._____W.¢_..._.a.t.__.,_.__...z._..z-_.._¬______,._._____,____________________._.-.z..,;.».›_z¬‹-‹‹~¬~z«_.. _ _
_ _ _
Lesão:
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ausência
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de ui'_n__n;ei
_ e e
_f_1_f>£¿__0___j_ _1e_:_f_l_<;›`;l_-_'
\-šgëiú m t - ~ de de

__ “ __dida_ como uma forma particular


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de
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opressao social, comQ,ë___A _
*4‹r»wflwza=zwf*fflf«êzaia@ammzw_aszzwõi›w»em¶zasez=_-waa-==z=--»z-sz‹:«==-~=f+*-=e=~m¬wzz-«,¬_ r ¬
_. _
cia: desvantagem
_ z. -
,OU Yes 0960 ^ ouco ou nada
Qi tg., sofrida por outros grupos minoritarios, como as mulheres ou
(Ê, "**~i=h:z<.:a:i-1::zwmae?-fãtmimmm““°`*"=“““¶r“O“`-'*“"'="“*'m**“**'¬ƒ““Ê“““***"*1'>~`°='=#~“i*=r.':=:;.__-«ii.z‹.,-fmznfiâu-f:z-:-'_wtf;..›_~.z›=~›-z;,z›..z›:»r;-__..-~-y»~.»-¢_›r_;:§â:«¡,~=é›.:: _a1:z:¬._z‹z»;_-.zmra : › *í
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orgafllZfiÇã0 S0Cla\ 0°flÍemD0fa“ea› que ' P'
, e os exclui
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os ne__gr_os O marco teorias: dq grgpo de_ socj9_l9g_g__s_def
-__«.z_-.-‹z.- _ _ _icien - - _-~ - _ - _ «_-‹I -_ (___ _
considera aqueles que P°SS“em lesoes _ _, flsmas
gš, ___ 1% _ _ _ _. . ' ___J_,`__ _ __”

-¬Ê-_ õ-s.a. ___ ___


tes que criaram a Upias foi o materialismo historico, oque os
“_________Ú;____;___._________________._____L_____:____.__.__.¿.:_¿_-¿._¿¡_z,¿;;;;,z;;sz;_:..z_;;_;-,z¿¿__-3,_._:¡_¿_._-¢«a¢_zz:_-.:,_;-_-_z:zf_:.=-:ez-z-._-.::â_‹_.ii-,,__;;¿¿,\._T,._¬__.___ ._ . _ __. ...-¬._›.›-».zzs››¬‹..
das Dflfl0lPfilS ailvldades da “da $°°'a' =
conduziu a formular a tese DolíticaiiiideiiÍlnuleAiiiaiidišoriminação ~~~~~~~ " .
pela deficiénciaera uma forma de opressão social. Oliver e Para a Upias, a lesão seria um dado corporal isento de
rz. nr; Barnes, em Deficientes e política social: da exclusão para a valor ao passo que a deficiencia seria o resultado da interação j
í` inclusão, definem a experiência da opressão sofrida pelosde- de um corpo
_ _ _.. com lesão
- em uma sociedade discriminatória.
te sobre i
ficientes como uma “situação coletiva de discriminação insti- A definiçao da Upias provocou um extenso deba _
. . ~ f - - ' ' ever a defi-
. .z~.¬,a{”Í-f tucionalizada”_ E foi nesses termos que os conceitos de lesão as limitaçoes do vocabular_io biomedico para d_eSClf ___ _e_____a____a
e deficiência foram politicamente redefinidosf* ciência. A iniciativa da Upias representou a Pfimell
_1sç ,_ _ O ¿,oEBoi=tADlNlz _ , W __ oouEÉDEFiciÊNciA ç _ ___1ç9
'_ 1

deautoclassificação dos movimentos de deficientes. @_gy oallaao da aooraoia.o.a..o..p..d.a..9..prodado aofrlda por 9.ll.lf.o.l: por
M°lllS,. lzirlladas,pmou
““M '“"='llf-=l'-Wrpiz..-;=:".il.¬i-::.:i'.a'›::ii::¡. `“"'“'m'.uw`P~"”`”-=L 1-z==›.¬.i*â=:¬zi=z.zílf.'¡l~=“=-o-l'l`-'l-‹‹'-*W “`*"“¡'°”m` “Í” *-“`“ °"'““';"" k .Mú `“"" da pollo-
çao do modelo social, considera que esse foi um processo de dlldlld-d°.flil5i”dÊiÍFÍa.
H

lwwwm-zm:mrm=?mmmE?Ew
` n n 1 n \
libertaçao semelhante ao que o feminismo propiciou as mu-
Iheres: articulou-seumanova linguagem para descrever a locomoção não
experiência de discriminação sofrida pelos deficientes? idaêõomo uma tragédia pessoal fruto da loteria da natureza,
Os objetivos da Upias eram: mas como um ato de discriminação permanentecontra um
grupo de pessoas com expressões corporais diversas.
1
1. Diferenciar natureza de sociedade pelo argumento de quea V Nesse sentido, um deficiente como Oliver diria: 'íminha
l o pres são não era resultadoda lesão,çwwm,
if1f
-_. mas de ordenamentos so- I esao
" nao
" est á em não poder andar. Minha
` deficiência está na
\
'd
Ôiãis_oxCÍU.€Í,e.“...Í.ʧ.; '-e3ã° era “mae×p'eSSã° da b¡0l09ld lllllflollla inacessibilidade dos õnibus”;9 Assim, as alternativas para
l.
isenta de sentido, ao passo que deficiencia era resultado da discri-rf' romper com o ciclo de segrogaçaofeopressãonnão deveriam
minação social. Ao retirar qualquer sentido pejorativo das lesões, 9 ' se”r*""bÚ§ÊaMÕã*§ rÊoÊ
alvo da Uplao ora. oo doliolooloa do ddlfad mlddflao
road i
ooo a roopoola ropapa
3 $°°¡?.ÊÍ.ê.d3 °blet¡V° ela dessenclallzaf 3 ' ~i e para a opressão estava na política e na sociologia, os
_,'_--l.
im-
_
› lesão,“denunciando as construções sociológicas que a descreviam teóricos do modelo social não recusavam os benefícios dos
Is"
como desvantagem natural; avanços biomédicos para o tratamento do corpo com lesões.
2. Assumir a deficiência como uma questão sociológica, retirando- ° Ai éia era sim lesrnggte
. iralém da medicalizaçã o da lesão e
u

resultado
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@_
_ _,¿_;p
Á.=.ͬÉ
. -_"".
a do controle discursivo dos saberes biomédicos. Foi nessa disputa 4
¡.

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por autoridade discursiva que se estruturou o modelo social da defi- foêiiêalseflparação radical entre lesão e deficiência: a primeira
seria o objeto das ações biomédicas no corpo, ao passo que
.lr
ciência em contraposição ao modelo médico. O modelo social definia
a deficiência não como uma desigualdade natural, mas como uma a segunda seria entendida como uma questão da ordem dos
opressão exercida sobre o corpo deficiente. Ou seja, o tema da de-
flolënolanâodovarla.dot-maldita.p¿<9.ll1€›i.Yd...d°S Sdbeles bl°l33š.d.looâz
Deficiente, pessoa dsficienš ou pessoa coioägefjêgengia?
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mas Plllldlpdlmollle do
×›..

aázf. ~‹¿'- - - - ' ' qm*

Esses dois objetivos abriram caminho para um novo olhar l _ç,çu¿11_,ç¿onceito


Hpoljtjco: a expres-
sobro a dofiolënola.Par o modelo Soolalcda.doll<äê..l1.oia,as .. ¡ ¡ .z p. A-*LL 7.* são da deâvaihiãšéiíwsoçiái`šbiriÍ”a Êêiäfi-z-âsoaš com dife-
F, &_,___¬,..«- i CJ Ç3*--»~ -«a,ç_..ir_:__ @iš9_\_,.,_,,¢M_,!¶.\_: _ K ou
_ É-J' z ¿. W
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DEBORA D|N|z _ _ E f ff E _ f f f
O QUE É DEi=iciÊNciA
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rentes lesões. E, nesse movimento de redefiniçãoda deficiên- “DeflCl@l'lÍ9


Seflã, lí>0l'i‹'='=lll'l,0, Um Íel'lTl0 l30|lÍlC€-1l'fl@llÍ€l'fldlS
cia, Termos °0mo “pessoaportadora de deficiência”, “pessoa lolie que “pëšeoe Com defl0¡ëllC¡e”, mtllio embora ‹'51lgUl'lS
comdeficiência”, “pessoa com necessidades especiais”, e autores utilizem ambosdemodo indiscriminado. Vale lem- É al.a

outros agressivos, como “aleijado”, “débil-mental”, “retarda- brar que oobjetivo nao era transformaro vocabulário por
do”, “mongolóide”, “manco” e “coxo” foram .colocados na questões estéticas, mas politizá-lo retirando expressões que
mesa dediscussões. Exceto peloabandono dasexpressões não eSÍ¡VeSSem de F-=lC0fd0 00lTl H 9UÍlldda'Í9Õl¡Cd lí>f0lD0SÍa
mais claramente insultantes, ainda hoje não há consenso so- pelo modelo Social. l
bre quais os melhores termos descritivos. . Essa redescrição conceitual tinha um alvo: abalar a auto-
là Entre os seguidores da Upias e teóricos do modelo social i ridade ÚÍSCUYSÍV8 CÍOS Sabelee biomédicos e promover a au-
lí.

da deficiência, em eSDecial na linha britânica, élíiossível reco- `i0f¡Clold@ Cla eXD9l'¡êflC¡d V¡V¡da pelo 00l'l30 d9f¡C¡9l¬Í9 ll0 de'
Qlz
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É nhecer a preferência por expressões que denotem a identi- bate acadêmico.” Foi assim que, mesmo diante das críticas
dade na deficiência, e por isso é maiscomum o uso do termo que os acusavam de estruturar o modelo social em torno de
il ii ==def¡C¡en›¡e›=_ Segundo Onver e Barnes; .za expressão pessoa ' uma única forma de deficiência, os primeiros teóricos acre-
com deficiência sugere que a deficiência é propriedade do ditaram poder agregar as diferentes comunidades de defici-
indivíduo e não da sociedade”, ao passo que " ” entes em torno de um projeto político único:
Éi
gl:z

1
II.
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a Todos os deficientes experimentam a deficiência como uma
Olivercritica duramente a expressaocomposta “pessoa restrição social, não importando se essas restrições ocor-
comdeficiência”, adotada pela tradição estadunidense, pois rem em conseqüência de ambientes inacessíveis, de no-
considera que: ções questionáveis de inteligência e competência social, da
;_f5"'¬'-,"Í
i' inabilidade da população em geral de utilizar a linguagem de
l.;i - *'9 ,li Essa visão liberal e humanista vai ao encontro da realidade sinais, da falta de material em braile ou das atitudes públi-
tal como ela é experimentada pelos deficientes, que sus- cas hostis das pessoas que não têm lesões visíveis.”
df tentam ser a deficiência parte essencial da constituição de Ii.

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\ suas identidades e não meramente um apêndice. Nesse Houve, de fato, um viés inicial no movimento social, pois li
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xi contexto, não faz sentido falar sobre pessoas e deficiência a Upias era formada apenas por deficientes físicos. No en- Í

i
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separadamente. E_r_nç,ç_on,$,qLi`encia,ç os deficientesodeman- tanto, o novo vocabulário tinha potencial para não desagre-
dam aceitação como são, isto é, como deficientes.”
"-.
gar as comunidades de deficientes. A crítica inicial de que a
Upias era formada pela elite dos deficientes, istoé, homens
\
2.2 _ _ .__, Ú ,DE,BOBADlNlZ_¢.,_ ,_ __ _. oQuEÉDr5i=iciÊNciA ç 23

jovenssaudáveis e com lesões fisicas,foi rapidamentereco- modelo médico, ainda hoje hegemõnico para as politicas dei
nhecidapelos precursores do movimentosocial. A estratégia bem-estar voltadas paraos deficientes, afirmava que a expe- ie 1-¬_..

*fa

eranãomais assentara experiênciada deficiência em ter- riência desegregação, desemprego ebaixa escolaridade, en- eíí
mos de lesões especificas, mas sair. à procura de termos tre tantas outras variações da opressão, era causada pela
políticos queagregassem o maiornúmero possível de defi- inabilidade do corpo lesado parao trabalho produtivo. _
cientes. A idéia foi mostrar que, a despeito da variedade de Se para o modelo médico o problemaestavana lesãoítl
°aç:¶¿,_.._ lesões, havia umfator que unia todos os deficientes: a expe- para o modelo social, a deficiência era oresultado doorde-Ê
..
riência da opressão. . l namento político e econômico capitalista, que pressupunhaf
um tipo ideal de sujeito produtivo. Houve, portanto, uma in-
. ê
ldeol gia dopressão pel deficiência Ê. ,,,, li .-rversão na lógica da causalidade da deficiência entre o mode-
J 5 ¿_ Vi rlo médico e o social: para o primeiro, a deficiência era resul-
,.sa-reef'

l
A deficiênciaípassou a ser compreendida co%b uma ex-
periência de opressão compaitilhada por pessoas com dife;
fe"lee 'flleee de lesões- 0...Êi.Êíef¡2.. .§.Ê.9_El.¡.!Í!.ÊÊ..Ê.lâ..lIl.Ê2.§.'£@L.e.lZlr de
s, tado da lesão, ao passo que, para o segundo, ela decorria
rdos arranjos sociais opressivos às pessoas com lesão. Para
to mggelo médico, lesão levava às defi,çiêr3çi_a_f para o, nziodelo
"""*“” uixmfiwflfi*
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~zz=â.z1;-¬ú:fi¬-Mr~'2==¬a›==i:m=o«=-›~~'^'“l"~"'“* '”'"“ ""“°" ' "”
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sões a experirnçeçntarem a deficiência.- ,
social e médico coinci- K...
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influência da primeira geração de teóricos do
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modelo social: “o capitalismo é quem se beneficia, pois os É diam: ambos concordavam que a lesão era um tema daalça-
deficientes cumprem uma função econômica como parte do da dos cuidados biomédicos. O desafio, era não apenas rever
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exército dereservae uma função ideológica mantendo-os na a lógica de causalidade proposta pelo modelo médico, mas
posição de inferioridade”.“* também introduzir uma nova divisão social do trabalho que J
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Esse foi o argumento considerado mais radical pelos teó- incorporasse a deficiência. Dessa forma, seria possível des-
ricos do modelo social, pois se acreditava, segundo Harlan bancar a autoridade daqueles que tradicionalmente adminis-
Hahn, que “deficiência é aquilo que a politica diz que seja”.le travam a deficiência, para então determinar as prioridades
isto é, diferentemente do modelo médico da deficiência, que das políticas públicas voltadas para os deficientes. Mas, para
estabelecia uma relação de causalidade entre lesão e defi- isso, era preciso deixar claro o quê o modelo social entendia
por opressao pela deficiencia.
.nu A

ciência e transformava esta última em objeto de controle bio- I*

médico, o modelo social resistia à tese de que a experiência Abberley, assim como Oliver, tornou-se deficiente físico
da opressão era condição natural de um corpo com lesões. O por poliomielite, e já era professor de sociologia quando res-
1;
24 .. DEBORA D|NlZ _ _ o QUE É oEi=iciÊi\iciA 25

pondeu à carta de Hunt. Com Finkelstein, um sociólogo qual as pessoas com lesão vivem; e2_ ré preciso estender os
deficiente sul-africano exiladonoReino Unido, Abberley foi conceitos delesao e deficiencia a outros grupos sociais, como
um dos principais teóricos da teseda opressão pela defi- os idosos. A alta prevalência de artrite, especialmente entre
ciência. Antes de se uniraogrupo inicial da Upias, Abberley idosos, bem como suas conseqüências debilitantes consti-
considerava-se um “deficiente desucesso”, isto é, um defi- tuíam um caso paradigmático para o argumento deAbberley:
cienteque havia passado boa parte da vida sublimando a É
porum lado, mostrava-se que a lesão não era uma tragédia
deficiência.” Seus escritos foram uma referência obrigatória pessoal, mas resultado da organização social do trabalho; por
para osestudos sobre deficiência_Ainda hoje, oartigo “O outro, ampliava-se a compreensão do significado dalesão de
A, ¡ _¡í-4

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Conceito de Opressãoe o Desenvolvimento da Teoria Social i Éj forma a torná-la .um fato ordinário na vida social.
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da Deficiência”,publicadoem 1987 na recém-criadarevista proposta de Abberley não era ingenua, pois nao ignorava:
l Dísabiiitj/,_ Handicap andSociety, é uma referência conceitual
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paraodebatefie -- O papel dos germes, genes ou trauma, mas chamava a


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O objetivo de Abberley era duplo: por um lado, diferenciar. f
-s atenção para o fato de que seus efeitos somente são apa-
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opressão deexploração; por outro, apresentar a lesão como Í .;~ ,
rentes em sociedades reais e contextos históricos específi-
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uma conseqüência perversa, porém previsível, do capitalis- cos, cuja natureza é determinada por uma interaçao com-
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mole A tese de Abberley, uma espécie de ironia ao modelo plexa de fatores materiaise não-materiais.”
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médico da deficiência, eraque a relação de causalidade deve- 4, ¡-_' _.

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riaser capitalisme-lesão-deficiência, e não lesão-deficiência- 1' -I

, A idéia nao era abandonar o acaso como agente provo-


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segregação. Para comprovar seu argumento, Abberley fez uso 1: 1. _ i»

.cador das lesões, mas mostrar que aquilo que mais causava
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de uma série de estatísticas de saúde disponíveis sobre a
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,islesões era exatamente o sistemaideológico que oprimia os
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década de 1980 no Reino Unido, em que diferentes formas de eficientes, isto é, o capitalismo. A
;.r'-:ri t artrite apareciam como a primeira causa de lesões: 31 % dos Com esse quadro, Abberley analisou a eficácia da analo-
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casos mais severos eram provocados por artrite.” fg-ígia entre a opressão sofrjda pelosdeficientes e a opressão
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De posse do argumento biomédico aceito na época de Ésofridapelas mulheres ou os negros. Muito embora estivesse
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que grande parte dos casos de artrite era motivada por des- convencido de que as situações de opressão eram seme-
gaste no trabalho, Abberley propôs um argumento bipartido, lhantes, Abberley argumentava que a rejeição à lesão era um
que deve ser entendido como fundamento do modelo social: fato tão difundido na maioria das sociedades industrializadas
'l_ nãose deve explicar o fenômeno da deficiência pela esfera que a separação entre natureza e sociedade não seria facil-
ir natural ou individual, mas pelo contexto socioeconômico no mente aceita nas negociações políticas* relativas aos defi-
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cientes. Difrentementedas discussoes sobre desigualdade O deficiente representado nos sinais de trânsito e em'
de gênero, nasquais há consenso político de que a biologia espaços públicos éuma minoria entre os deficientes. A es-
nãodetermina a desvantagem social, no campo da deficiên- tratégia de desconstrução simbólica pressupunha a repre-

cia, Abberley acreditava que esse seria .um argumento pouco
simpático.
1

,
sentação de outras formas de deficiência, e não apenas a
lesão medular. Nesse processo del revisão da representação
“Há uma crença largamente difundida de que a lesão da deficiência, Abberley estavaciente de oqruanto o grupo

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3
i
representa “adesvantagem real e natural”, ou seja, a desvan-
_
dos idosos facilitaria a guinada argumentativazta lesão é algoš
tagem provocada pela lesão é universal, absoluta e indepen- recorrente no ciclo da vida humana, e não algo inesperados,
_..
dente dos arranjos sociais.” Ciente dessa resistência ideoló-
il
Aidéia nãoera banalizar a looesãoe,çg,çQ,,eç_fi,Ççl,Êj`§_,@_._D9f meio da
. Q gica em desnaturalizar alesão, a proposta de Abberley foi
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“todos somos 0 oelsiilid sie»


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na verdade, políticozampliava-se o grupoa ser representa-Y


.¬ 31" ~

Í É É' gt “umateoria social da lesão”, cujo fundamento era a estrutura


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do capitalismo, em especialo ordenamentosocial em torno...-a”
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do, retirava-se a deficiência da esfera do inesperado e, con-
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do trabalho produtivo. O objetivo dessa volta à lesão era as- seqüentemente, reconheciam-seas demandas dos deficien-
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sumir que o corpo era um espaço de expressão da desigual- ~
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tes como demandas de justiça social.
dadeque precisava ser colocado no centro dosdebates so-
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ti ti O resultado desse percurso analítico foi a construção de
bre justiça social para os deficientes. _ .›.
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J uma teoria da deficiência comoopressão pautada em cinco
Para ateoria social ida lesao, o exemplo da artrite era
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argumentos; J. a ênfase nas origens sociaisdas lesões; 2.o re-
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paradigmático. Os que sofriam dessa doença eram pessoas conhecimento das desvantagens sociais, econõmicasfambien-A
'sd iš .
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.i produtivas, sem qualquer forma de lesão, mas que, após tais e psicológicas provocadas nas pessoas com lesões, bem
ox anos de sujeição ao trabalho mecânico, adquiriam» lesões e
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como a resistência a tais desvantagens;~3_ o reconhecimento
_i`
ii experimentavam a- deficiência.- intencionalmente, Abberley de que a origem social da lesãoe as desvantagens sofridas
is. , incluiu na categoria de deficientes grupos tradicionalmente pelos deficientes são produtos históricos, e não resultado da
_nao considerados como tal, como é o caso dos idosos. A
_: ,i

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5
natureza; 4. oç[eÇ0l1l.le.oJn1e;ntodo valor,davidatdtostdeficientes,
desconstrução da simbologia hegemónica do deficiente, que mas iamsem aorii oa..aprodu.pao..s.s.9.sl..d.a.e.les.§..e.e...e 5-ee?-le'
tv .
i foiiniciada por Abberley, vem sendo uma tarefa contínua dos
É”.
ç`ã`õTra umazperspectiva política capaz de garantir-justiça aos
defensores do modelo social. A aproximação da deficiência deficientes.” Essateoria de Abberley tanto respondia à pergun- H _ =fi%figh=&
¡ “=_;,z '=-.ns-=.|mi.=r i.:n'í2iflT\~1'="`¿"'°"r'
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ao envelhecimento foi um argumento estratégico adotado ta inicial que motivou a formação da Upias - por que os defi-
I.-'fila
pelos primeiros teóricos do modelo social e aprofundado cientes são excluídos da sociedade? - quanto lançava luzes
ilpelas gerações seguintes.” A sobre a maneira de romper esse processo de exclusaofe
(
síi
ef.
25 g to _ DEBQBAWDINIZ ¿ H QQUE É DEFICIÊNCIA __ _ ,i__, 29

Notas 12-ouvlzri, Michael. Introduction. ln: _ The Politics of


Disablemeift'.~London: MacMillan,1990, p. xil. Sobrees-
1 -IHUNT, Paul (Ed.). Stigma: the experience of disability. Lon- sa discussão terminológica, vide também BARNES, Colin.
don: Geoffrey Chapman, 1966. GOFFMAN, Erving. Estigmaz Disability Studies: newor not so new directions? Disa-
notassobre a manipulação da identidade deteriorada. 4. bility& Society, v. 14, n. 4, pp. 577-580, 1999.
ed.-Rio de Janeiro: Guanabara,1988. 13 - ALei=‹EcHT, Gary L.; SEELMAN, Katherine D.; Bunv, Michael.
2- CAMPBELL, Jane. Growing Pains! Disability politics- the jour- Introduction. In: _ Handbook of DisabilityStudies.
neyexplainedanddescribed. ln: BARTON, Len;oLlvER, Mi- London: Sage, 2001. pp.1-10.
ohael. DisabllltyStudles: past, present and future. Leeds: 14- o|_|vE|=‹, Michael, op. cit., p. xiv.
The Disability Press,1997, p. 82.: 15__oLivEl=t, Michael; BARNES, CoIin,op. cit., p. 70.
3 - UPIAS. Fundamental Principles ofDisability. London: Union
I 4
..

16 -HAHN, Harlan. Disability Policyand the Problemof Dis-


of the Physically |mpa|redAgainst Segregation, 1976. I
`i

crlmination. American Behavioural Scientist, v. 28, n. 3,


-Í ~ .
Oz v .
› , , V

'4 -ouvER, Michael. The Politics of Disablement. London: ¡. . 19s5,p.294. e


MacMillan, 1990. , e . 17 - ABBERLEY, Paul. The Concept of Oppression and the De-
5- OLIVER, iviieheel; BARNES, celin. Disabled Peep/e em se- velopment of a Social Theory of Disability. Disability,
cial Policy: from exclusion to inclusion. London: Long- Handicap & Society, v. 2, n. 1, 1987, p. 5.
man, 1998, p.xii. 18 -y Op.cit., pp. 5-19.
6- Op.cit., p. 3. 19 - Idem, ibidem.
7 - uP|As, op. cit., pp. 3-4. 7 20 -Op. cit., p. 15. 4
8 - Montns, Jenny. lmpairment and Disability: constructing an 21 - Op. cit., p. 12.
ethics of care that promotes human rights. Hypathia, v. 22 - Op-cit., p. 8. i
16, n. 4, Fall 2001. I 23 - WENDELL, Susan. TheRejected Body: feminist philosophical
9-Op.cit., p. 5.
reflections on disability. New York: Floutledge, 1996. ME-
10 -Oftítulo do livro “Políticas para aDeficiência” remetia à olzirios, Marcelo; DINIZ, Debora. Envelhecimento e Deficiên-
ideia de due haveria políticas, deliberadas ou não, que
cia. ln: cAiv|AnANo, Ana Amélia. Muito além dos 60: os novos
provocariam ou promoveriam a lesão ou a deficiência idosos brasileiros. Rio de Janeiro: Ipea, 2004. pp. 107-120.
(oL|vER, Michael. The Politics of Disablement. London: 24 - Op. cit., p. 17.
MacMillan, 1990). 25- cArv|PBELL, Jane, op.cit., p. 79. Nesse artigo, Campbell
11- oL|vER; Michael; BARNEs,Colin, op. cit., p.18.
conta a história da formação da Upias por meio de entre-
5_
I

__ . _ DEBORA DiNiz_ Z _ _

Vistas V€faIIZadaS 0001 31 dos participantes maisativos


9° m°V'mefli° eeeiel de deficiência nee enee isso e . .,__'¢/ .

1990 no Reino Unido. Segundo Campbell,todos os en-


trevistados reconheceram a Upias como a origem do
movimento social dadeficiência.
Os estudos sobre deficiência
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A entrada academica
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Um passo importante para a consolidação acadêmica dos
estudos sobre deficiência foio primeiro curso de graduação,
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pautado nas referências bibliográficas dos teóricos do mode-


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'-'fj-zfz-. 'T_5¡:-_-z-¿-F- -1;
lo social. O curso, intitulado “A PessoaDeficiente na Comuni-
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dade”, foi promovido pela Universidade Aberta (Open Univer-


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sity), n Uido O sucesso do curso entre
alunos co diiência deveu-se ao caráter democrático da
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Universidade Aberta, cujas aulas eram oferecidas a distância.
O primeiro curso de pós-graduação foi promovido pela Uni-
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versidade de Kent, também no Reino Unido, onde se registrou
pela primeira vez a expressão “estudos sobre deficiência”
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ieere delinear . 0
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Finkelstein, que ajudou a criar a Upias, foi umdos pro-


fessores do curso da Universidade Aberta, onde defendeu a
importância da perspectiva materialista para a compreensão
da deficiência. Abberley e Oliver foram alguns dos jovens
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S2.- . , _, Deeonaoiiviz i _ W _ . OQUE ÉDEFICIÊNCIA ¬ M 33 .si
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SOCÍÔIOQOS QUÊ S99UIifim 8 proposta de Finkelstein. Aquele Novas perspectivas analíticas sobre adeficiência, em
era um momento de estruturaçao academica dos estudos so- especial abordagens fenomenológicas do corpo e da lesão,
IL,

I
bre deficiência, e os escritos eram esparsos e pouco aces- passarama preencher as páginas do periódico, muito embo-
1

síveis. O que havia era uma extensa e vivida troca de idéias ra ele ainda se mantivesse como um espaço de debates
eitife es participantesda Upias, maseraprecisodocumentar sobreomodelo social.SegundoBarnes:
tais ideias para que se estruturasse o modelo social e para I

que maior número de pessoas se aproximasse do campo. O objetivo da revista era estimular as teorias sociais sobre
Um dado essencial para o iníoioda estruturação acadê- a deficiência, baseadas nas experiências dos deficientes
i,cssWdüo_s_estudos sobre defi para contrapor-seàs tendências tradicionais que individua-
lizavam e patologizavama deficiênciafi I

siderado por Barnes a I


abordagem maieriaiieia da aierieiêneiafi A abra depeie foi z
z.

1
_

›.~ .I
_

O periódico era uma forma de estruturara resistência à


Êrevisada e transformou-se no livro-texto Politicas para a de- hegemonia do modelo médico. Após alguns tímidos anos, ele
ficiência, em 1990. Ainda hoje, é considerado um marco pará assumiu uma posição internacional de liderança nos estudos
.--.T-
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o debate internacional sobre o modelo social, tendosido sobre deficiência, tornando-se referênciabbrigatória ao debate.
traduzido para vários idiomas. Um dado que -demonstra a efervescência do campo é 'a
A necessidade de criação defóruns alternativos para o . i. .

mudança do título do periódico em 1993: de Disability, Handi-


debate sobre o modelo social fez que Oliver e Len Barton i
,.
I
i
i
cap and Society, passou a se chamar Disability and Society?
I fundassem, em 1986,o primeiroperiódicocientíficoespecia- ` O editorial da revista, que anunciou a mudança a atribuiu ao
I lizado em estudos sobre deficiência: Disability, Handicap and processo político de negociação do vocabulário sobre a defi-
Society. O que existia até aquele momento eram revistas ciência, no qual se verificou que diferentes comunidades de
científicas compromissadas com o modelomédico e espe- deficientes viam conotação depreciativa na expressão de lín-
cializadas em subáreas do conhecimento, em especial a me- gua inglesa handlcapfi Para justificar a importância da atenção
dicinada ileabilitação, a educação especial e a psicologia. â linguagem, os editores traçaram um paralelocom a vigilân-
Desdeentao, o~ps-riódicoé publicado trimestralmente, e o cia conceitual que os movimentos de mulheres e de minorias
conselho editorial e composto majoritariamente por deficien- raciais promoveram contra expressões sexistas e racistas. Se-
tes. O compromissodo periódico é promover o modelo so-
gundo os editores, era importante que os estudos sobre defi-
sial, alem de estimular que acadêmicos e pesquisadores de-
ciência assumissem compromissos semelhantes.
icientes escrevam sobre a experiencia da deficiência. I
Na verdade, o cuidado com o vocabulário sobre a defi-
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ciencia sempre foi um tema degrande atenção para o mo- À*-


14»À
cap é a perda ou limitação deoportunidades em participar
delosofiiai eI_DOFIet1to, não poderia deixarde estar presente If-
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na vida normiáltda comunidade em igualdade de condições E
emseu principal forum acadêmico de debates. Em 1987, a
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com outros individuos devido a barreiras fisicas e sociais . _ 9 I

revista já havia publicado um editorial sobre otema, como Vu

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intuito depadronizaros termos descritivos da deficiência


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Muito embora os fundamentos teóricos e politicos da Upias


'É'
6.

as
utilizados pela comunidade de autores e pesquisadores do '
tenham sido mantidos, em especiala teseda opressao, a DPI U
_ I*
modeloisocialf Além da revista, em 1996, criou-sea primeira substituiu a expressão “deficiência” pela de “handlcap”, 'talvez
editoraespecializada em estudos sobre deficiência, a Disa- como result-ado da influencia -dos documentos sobre defi-
bili'tyPress, no Centro de Estudos sobre Deficiência da Uni- I
ciência divulgados pela Organização Mundial de Saúde (oivis)
I-èversidadede
) A Leeds, no Reino Unido. s
B3;_.- v¿¬ ;'=_&.*".!:fi:Ia$i9

noperiodo. Oque, para a Upias, era tesao e deficiencia corres-


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pondia, respectivamente, av deficiencia ehandicap para a DPi.


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reuniu pela primeira vez, justificaram amudança termi00I09i'
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A proposta dõs teoricos do iniš social de compreen-


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ca pelo fato de que “deficiência” e “handicap” eram expres-


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I
der a deficiência como opressão ganhou força na década de
I.

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sões mais correntes internacionalmente, em ,espíecial QOS
z-
1980. Se, por um lado, essa foi uma idéia consensual entre
I
1
Estados Unidos e no -Canada, do que lesao en deticien-
fIII
os teóricos da primeira geração domodelo social, o mesmo cía”.i° Além disso, por não se referir apenasas lesoes fisicasi
não pode ser dito das definições propostas pela Upias. No a .expressão “deficiência mental” era mais adequada que
iiiI campo dos movimentos sociais, o vocabulário da Upias foi “lesão mental”, por isso a substituição de “lesaof por defi-
I

-I
É
i
revisto e modificado pela entidade internacional criada para ciência”. Em linhas gerais, o que a DPI proposfifoi ufft _alUSIe
agregar as entidades nacionais de deficientes, a Internacio- terminológico com o intuito desfacilitar a açao politica da
nal de Deficientes (DPI). A meta da DPI era agregar outras for- ¡..I \ __.z-~'3.*›
Upias: lesão (Upias) e deficiência (DPI) descreviam o corpo,
mas de lesões que não apeieias as fisicas, tal como inicial-
(1. .
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I. I
ao passo que deficiência (U pias) e handicap (DPI) apontavam
mente havia sido proposto pela Upias. E ' A I para o fenômeno sociológico da opressao e da segregaçao.
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As novas definições da DPI, divulgadas eropu- ,we . '


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51 I Alguns paises nórdicos ainda adotam ia” expressao
nham que: ` 4 P _ ii. “handicap” para representar o resultado da relaçao do corpo
1-'
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3
Il*
lesado com a sociedade. Entretanto, esse foi um termo que
Deficiência significa as limitações funcionais nos indivíduos Ió-
rendeu muitas discussões e controvérsias, em especial por
I
causadas por lesões fisicas, sensoriais ou mentais; handl- É causa de sua etimologia, que reme a ,
_ _ a...
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36 _ ___ _ _ _ 1 DEBORA D_II\IIZ _ _ _ _ _ _ _ _ oouEÉDEi=iciÊi\iciA 3?

sugerindo a imagem dos deficientes como pedintes.“ Durante 4.


luto e universal fortaleceriam o argumento de que ‹'=i 0lf>f9§Sã0'
alguns anos, “handicap” foi a expressão utilizadano lugar de era um fenõmeifõ sociológico, e nãodeterminado pela biolo-
“deficiência” pelos organismos internacionais. No entanto, g¡a do como com lesões. Para Oliver, Abberley, Barnesei
essa foi uma categoria que não resistiu àscriticas e foi posta iõ-
Gleeson, autores convencidos de que o quadro atual de
fora do debate no fim dos anos 1990. ¢^
opressão dos. deficientes
^

era- um ~fenomeno decorrente da -af


i

r .
Mas o ponto crítico da proposta terminológica da DPI, se- -Í

estrutura capitalista, a aproximaçao do models socistíwçgaitu


9U00I0 Oliver eBarnes, foi o uso da expressão “normal”, não O sestudos históricos seria _ _ uma
_ tarefa_' _urgente ,az.
apenas por causa da fragilidade do conceito, mas principal-
mente pela contramão politica que representava para as
e
°°“S'defafia um
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tema prioritário para os idealizadores da Upias, de forma que
demandasdo modelo social.” Esse modelo amparava-se em fit) anevazieiiniçâe ziezieiieiêiieia Ie, çeeiaiaeia eIIii‹ia<ieIIe:
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um pressuposto relativista do que viria a ser definido como


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normalidadehumana, pois,caso contrário, o projeto político
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I
H É ¿iI Deficiência: desvantagem ou restrição de atividade provo-
da teoria social da lesão proposta por Abberley iria por água P -'!. .

cada pela organização social contemporânea, que pouco


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I abaixo. Diferentemente do modelo médico, em que normali-
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,Ii ou nada considera as pessoas que possuem iesoes e as


dade ora era definida em termos estatisticos, ora em termos
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mexclui das principais atividadss da vida socialiis-, ¿z¿I,___,\ 'l§=IB-Ê>7;B5'š.-

sociais, o modelo social definia normalidade como um valor


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calcado em ideais do sujeito produtivo parao capitalismo.


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Ou seja, a definição foi duplamente revisada após a pro-
Para o modelo social, normalidade era um tema de crítica
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ei posta da DPI: por um lado, retirou-se a referência às lesoes
constante, pois a ideologia da normalização foi, durante um Aa.
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Í I fisicas; por outro, não se definiu quais lesões poderiam Sei
longe período, o fundamento das ações biomédicas de inter-
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. socialmente consideradas deficiencia. _ _ _
vençao no individuo com lesões. _. ‹".“
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3.
,If O objetivo dessa ausencia de adietivaçao das lesoes era
O tema do relativismo era uma questão de fundo para o -f Í
recusar o modelo médico que as classificava estabelecendo
modelo social. Devido a escassez de etnografias e estudos
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O categorias (fisica, mental,sensorial, psicológica etc.) e gtada-
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históricos sobre a vida de deficientes em outras culturas e ções de intensidade (Ieve,moderada, grave), o que subdividia
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pocas,o modelo social baseava-se em rarissimos relatos


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I, os deficientes em grupos, de acordo com as especialidades
I para comprovar a tese de que nem sempre os deficientes sz*
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I biomédicas de tratamento e cuidado. Oliver e Zarb Gerry
1
1:
foram oprimidos,excluidos ou considerados anormais.” Da- ^ 1;- ffl i consideravam que o modelo médico teria sido o fesponsavel
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dos que atestassem etnográfica e historicamente que a se- I¬ ..- «S3 `
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por essa divisão artificialda Comunidade de deficientes,_se-
gregação social dos deficientes não era um fenômeno abso- paração esta que, após ter sido incorporada pelas politicas
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S°°¡š`=i¡5z Íía0Sf0ímou-seem uma “tática deliberada” de des- 6 - Nãohá tradução adequada para handicap: as traduções I
m°I°II¡Za9ä°= VISIO QU9 Sügariaque as diferenças de lesões I mais comurissão lesão (impairment), deficiência (disabilily)
levariam a umacompetição por recursos entre os deficientes: e desvantagem.
7 - THE ExEcuTivE Eoitoiis. Editorial. Disability, Handicap & So- "
O Estado oferece _ benefícios de impostos aos cegos mas I ciety,v. 2, n.1, 1987-
nao a outros deficientes; benefícios detransporte àqueles I 8 - Um dos livros mais importantes publicados pela editora ,
que não podem andar, mas não para aqueles que podem. foi o organizado por Len Barton e Michael Oliver, em
m atjores
' beneficios
' ' financeiros
' -' - para_ aqueles
_ que sofreram, comemoração aos dez anos de existência da revista
aci entes no trabalho do que para aqueles com lesões con- I. Disability & Society, em 1996.0 livro reuniu artigos
gênitas. Isto não é sem intenções, mas uma tática delibera- inéditos e republicou os de maior impacto nos primeiros A
da que o Estado desenvolveu para lidar com outros grupos #,,I-f¡ dez anos do periódico (BAi=iToN, Len; oi_ivEi=I, Michael. qt
e a qual pode serresumida na regra 'dividir para governar' "16 ' Disability Studies: past,present and future. Leeds: The
.. ¡_'
¡.
--z Disability Press, 1997).
Dai em diante, o modelo social apresenta uma enorme i 9 - DPI. Disabled Peopleis international: Proceedings of the
resistencia a toda e qualquer forma de divisão das comuni- First World Congress. Singapore: Disabled Peopleis ln-
dades de deficientes com base nos tipos das lesões ternational, 1982”, p. 105. A DPI utilizava handicap com o
sentido de desvantagem.
Notas 10 - Op. cit.
11 - i×ioFIDEi×iFELTi\/I, Lennait. The importance of a Disability/Han-
1 - BAt=ifoN, Len; oLivER, Michael: Introduction:-the birth of disa- iiiii II
dicap Distinction. The Journal of Medicine and Philosophy,
DIIIIY studies. ln: ___. Disability Studies: past, present n. 22, 1997.
and future. Leeds: The Disability Press, 1997. BARNES, 12 - ouviâti, Michael; BAi=ii×iEs, Colin. Disabled People and Social
ceiiI~I_ Dieabiiiiy studies: newor net ee new diieeiienee Policy: from exclusion to inclusion. London: Longman, 1998.
Disability & Society, v. 14, n. 4,1999. 13 - Obra de referência sobre cultura e deficiência é ii×IesTAD,
- eAR'roi\i, Len; oi_ivEi=i, Michael,op. cit. Benedicte; wiivrii, Susan Reynolds. Disability and Culture.
- eAFii\iEs, Colin, op. cit. Berkeley: University of California Press, 1995.
- Op. cit., p. 580. 14 - Obrade referência sobre a história da deficiência é
O1-Ië~C¡DI\D - THE ExEcuTivE Eoitoris. Editorial. Disability, Handicap & ¡'_ stiI<Ei=i, Henri-Jacques. A History of Disability. Michigan:
Society, v. 8, n. 2, pp. 109-110, 1993. *I

ii
The University of Michigan Press, 1997.
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15 - OLIVER, Michael; BARNES. corn. op_ cit.. r›p.17-18. gi


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A revisão do modelo médico


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Novas definições _
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Em 1980, a Organização Mundial de Saúde (0Ms) publi-


i
cou um catálogo oficial de lesões e deficiências semelhante
_à Classificação Internacional de Doenças (cio). O objetivo da
Classificação Internacional de Lesão, Deficiência eHandicap
(rolou) era sistematizar a linguagem biomédica relativaale-
sões e deficiências* Apesar de ter ocorrido em um momen-
to de efervescência política e acadêmica do modelo social,
o processo de elaboração da lclDH praticamente não contou
com a participação dos teóricos desse modelo. A lolol-l ba-
seou-se no modelo médico da deficiência.
A propostada civis era expandir o repertório de doenças
è
da cio, incluindo as lesões como conseqüências de doenças,
'S
ao estabelecer uma seqüência lógica entre doença, lesão,
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r deficiência e handicap? Como a intenção da |cloH era não
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_ DEBOHADINIZ __ _
o QUE É oEFiciÊNciA
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43
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apenasunificar aterminologia internacional em torno dele- força, tornando-se tema da agenda de discussões entre os
sõese deficiências, mas principalmente permitir uma padro- teóricosdo motfélo social durante quase uma d_écada.'Havia
nizaçaopara fins comparativose de políticas de saúde, foi _ um esforço conjunto entre militantes eacadêmicos do zmo-
il
,l

inaugurada a tripartiçao conceitual lesao-deficiência-handi- delo social para comprovar asdebilidades do vocabulário
Cap, que, durantevinte anos, desafiou a perspectivado mo-
delo social. _
I”
...f za
proposto pela civis. O consultor quecoordenouostrabalhos
da icioH foi o médicoPhilip Wood, da Universidade deMan-
l
Segundoa icioH, lesão, deficiência e handicap deveriam _ chester. A tarefa que Wood recebeu da oivis foi a de transpor
ser
_ entendidos
_ H' como: A i _ ___ ___i ___ `_/Q _ _ a lógica classificatória da cio para o campo das lesoes ede-
-
\lM_ al., _, _ là
ficiências, deforma a incluir as conseqüências de doenças
- _
1. Lesão: é qualquerperd ou anormalidade psicológica, _ 'R'
crônicase debilitantesf O fato de Wood ser britânico era um
fisiologicaou anatômica de estrutura ou função; dado políticoadicional ao debate,pois o modelo social era
2. Deficiência: équalquerrestrição ou faltaresultante de uma . ni.
'il
' i emergente no meio acadêmico de todo o país?
lesão na habilidade de executar uma atividade da maneira ou _ °
_ ¡,

Para os teóricos do modelo social, o resultado foi o revi~


da forma considerada normal para os seres humanos;e Í « i goramento do modelo médico, com a devolução da deficiên-
3. Handicap: é a desvantagem individual, resultante de uma J'
cia ao campo das doenças ou conseqüências de doenças. ll
lesãoou deficiência, que limita ou dificulta o cumprimento ` Mais do que nunca, a deficiência resumiu-se a uma questão i
li
do papel considerado normal? biomédica, um retrocesso inadmissívelpara o modelo social. _l

Havia dois motivos para os teóricos do modelo social se il


l i
_ Havia uma relação de dependência entre lesão, deficiên- i
i i cia e handicap, além de uma vinculação desses três níveis à
dedicarem àsanálises críticas da icioi-i: 1. porque rapidamen-
te a icioii tornou-se o vocabulário corrente no campo das po-
il
l

idéia de doença, categorizada pela cio. O vocabulário pro- líticas públicas para a deficiência; e 2_dada a força política ii l
i
posto pela oivis representava um retrocesso para as conquis- da civis internacionalmente, o modelo social corria o risco de ll
li
tas do modelo social: a deficiência seria resultado deuma ser um debate ultrapassado. _ Ê «zm-z» l

lesão no corpo de um indivíduo considerado anormal. Con- _ A W


l
i
l
ceitos tidos como perniciosos para a descrição da deficiên- As criticasaiciou ici; QQ i l
i

cia, como o de anormalidade, voltaram ao centro dos deba- il


ll

tes_A icioH representouum revigoramento do modelo médico Teve início uma fase de grande crescimento intelectual
no debate sobre deficiência para o modelo social da deficiência. As publicaçoes procu» l fi

O sistema classificatório da icioii rapidamenteganhou z ravam demonstrar a fragilidade da icioi-i para o enfrentamen~› _ _ _.

ä mn "

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i.-_£=:-__a-..¬-. ¬ . . -
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44 _ _oEBoi=ii_flioii\iiz_ __ _ _ É

o QUE É oEFiciÊNciA _ _ _ _éi5_


"il

to da questão política da deficiência. Segundo Oliver 9 Bar- O enfoque biomédico desconsiderava a hipótese inversa, isto
nes, seriabossível resumira cincopontos as críticas dos é, a possibilidadêde os contextos oprimirem as pessoas com
teóricos do modelo socialà icioi-if lesões e as segregarem socialmente. Ou seja, o modelo social
Qwa relativo à representatividade do do- resistia à tese de que a lesão levaria necessariamente a expe-
cunto. O documento foi produzido por pessoas que não
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wâ É if'
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_ ~ _.: ¡L Í. 5 ` riência da desigualdade pela deficiência.
ti_n__harn experiencia na deficiencia, mas apenas sobre adefi- _
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9 O quarto ponto dizia respeitoã intervenção no corpo defi-
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If z_____,a_aciencia, 0 que, para os teoricos do modelo social, represen- . -_. ‹›-

. s:fz._a
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5_^.`.¬""
ciente. A icioH era uma expansão da cio, .isto é, um registro
§_,,zi tava uma fronteira ética importante. Omodelo social marcou
F
Í315'., "-1_,
.~._.¿i
~:.»_.›. -i.

biomédico dedoenças, especializado em lesões e deficiên-


a assunçã_o_da autoridade fenomenológica daexperiência do cias. Alémdisso, o fato de a icioi-i ser um documento da “famí-
corpo deficiente paraadiscussão _ sobre deficiênciai Não é ..._,¿
Y-., ›-f.‹
v-__
af
lia das classificações de doenças” da civis aproximava adefi-
semrazao o fato de_que a vasta maioria (105 jeórjcos do J:
zw. '-
_ .:z~`,`~' -'.i_
,.~_~_._\_y
.¡.,_ Q :_-i
~‹.›r
`¬"'
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‹ ciênciada doença, dois universos ora próximos, ora distantes
modelo social era deficiente. A
V ~"_._ «.=" '

para os teóricos do modelo social. O fato é que o alargamento


-¡avi! i.
_, 51'* z
L'

O _segundoreferia-se aos fundamentos morais do docu-


'¡*Íl'«

do discurso biomédico sobre a defici_ê__n_§_§_i_a_,___l_§_›__¶___ç_ -


mento; tipologiaproposta pela icioi-i baseava-se em pres- xima
.._¿__.._._..._._..._______-._ __.. z W _.
suposiçoes de normalidade para a pessoa humana. Assim -{×
liz_antes sobre o corpo de_ficiente,__ao mesmo tempo que afas-
co_mo haveria aexpectativa do normal, seria possível clas- ff
,..,t_avam o debate das perspectivas sociológicas.
sificar os desvios, _perigc_›samente descritos como anormais. 1
'Vl

if Q___q__uinto ponto_§_r__a__d__e ordem políti__ç__a. A icioi-i localizava a


Para a icioii, a defic_ien_cia era uma rupturano papel que se .af
'” ff _ .
origem das desvantagens nas lesoes, isto e, no individuo.
, . . z
esperava que um individuo típico da espécie exercesse. Era o corpo com lesões a questão a ser enfrentada. Essa
Apesarde o documento não discutir a categoria “anormal”, idéia descrevia a deficiência como um problema individual, e
essa foi uma inferencia dos _criticos do modelo social partin- não sociológico. No campo das políticas públicas, a pers-
d_o dadefiniçao de normalidade como a pessoa não-defi- {

ciente tipica de um grupo populaci0na|_ pectiva da d@f¡0¡ëflCia ifš1_9_é.diê__ii __dv_id.u‹'ê1l.;>_.i.4__li_i°.fl._it§_<;_ã_Q


O terceiro ponto, e certamente a crítica mais importante do ‹>o"“”“rr›ora”F`“'
Sionifi¢_axê. queasações
~-__.i11o_delo social, denunciava os equívocos da causalidade entre
Acreditava-se que a tensão en-
lesao e deficiencia. Antes mesmo da icioH, oi modelo social já 'cornoquestão individual e deficiência como
mostrava imprecisões no sistema classificatório do modelo questão social teria implicações no estabelecimento de prio-
medico, o qual _pressupunha que as desvantagens experimen- 51

ridades políticas, tanto na esfera da saúde públicaquanto na


tadas pelos deficientes resultavamexclusivamente das lesões 'M

*I
dos direitos humanos. `
š‹Í[=,Ã'f¿Í &*›
:í§'_'¡g. _i

¬:
I

` t

146 ; ,A _ _-DEBQF'iA_DlN|Z A. _ _ _ _ __ - 1 'ff ' '


o QUE É DEl=|ciÊNciA
"““ 77 7 ' V
477

l A |c|DHfoi um documentoque medicalizoua deficiência nômicos. Argumentou-se queo conceito de handicap resga-
3

em grande partedos países com medicina avançada.8E_a_r__a taria o que se chãmou de “componenteextrínseco” dadefi-
do ciência, ou seja, suas variáveis nãobiomédicas. A tese do
Sã *a“U*“ñ¶íäói`e;,r;.;9.s_E.stad.os-.U.aid0Sz Os
qyjeiiemfóüiíãuegvinham sendQW_l_Me,_,,ntamente implemen- «T

1+
“componente extrínseco” da deficiência esteve reservada a
um apêndicepouquissimo explorado no modelo tripartido da
vinte-anos segts mdT¿iv§u”T;g;Êeção da revisão domfldocu- A l
lolol-i, a tal ponto que alguns autores consideraram o compo-
i fmento, coma publicação da Classificação internacional de
'I
nente um conceito sem significado teórico para as propostas
à A Funcionalidade, Deficiência e Saúde (c||=), foram de acirrados
'l

classificatóriasdo documento.” A
debates e, diferentemente do que se previa na Introdução da i
Em termos ideológicos, devolviam-se as conseqüências da
lolol-i, nãosó o conceito de handicapfoi considerado inade- iv.: 2,1;
ff-';zzé.›
z lesão ao indivíduo, pois a experiência de handicap era resul-
quado,como tambémo de Iesãoe deficiência? ' tado das lesões, e não das barreiras sociais ou do capitalismo,
. , |',\ R
'zíäl' ' \

Ê` I

É _* , z
izfívz. v .' L

Como a lesão e adeficiência são variáveis descritas em


¬

( como propunham os teóricos do modelo social. Essaera uma l


l

termos biomédicos, isto é, com base em estatísticas de nor- inversão causal perigosa, uma vez que se supunha que as l

malidade e em curvas de variação sobre os padrões corporais, pessoas eram mais maleáveis que os contextos. O argumento
l
acreditava-se que a controvérsia em torno dos conceitos de de que os contextos causariam lesões e deficiências, como
lesão e deficiência seria menor, o que de fato não ocorreu. A havia sido proposto por Abberley ao analisar as estatísticas
demanda dos movimentos sociais de deficiência era por des- inglesas das causas da artrite, foi largamente ignorado. A
crever as lesõescomo uma variável neutra da diversidade l

corporal, entendendo-se corpo como um conceito represen-


tativo da biologia humana. O sistema proposto pela |c|DH não / À, l

l apenas classificava a diversidade corporal como conseqüência A revisao da lc|DH teve início na década de 1990 e foi en- l

de doenças ou anormalidades, como também considerava que l cerrada em 2001, com a divulgação da Classificação Interna- l

as desvantagens eram causadas pela incapacidade do ilt cional de Funcionalidade, Deficiência e Saúde (c|F).“ O pro-
indivíduo com lesões de se adaptar à vida social. cesso de revisão contou com a participaçãode diversas enti-
.if
l

Para a olvls, lesão era uma condição necessária à deficiên- d ades acadêmicas e de movimentos sociais de deficientes
, .
Além disso, a revisao foi tema de seminários em diversos pai-
É

cia, uma conexão que retirava o sentido sociológico da lesão -2'

I
proposto pelo modelo social e fundamentava a deficiência í
vó*
ses, onde se. discutiram versões parciais do documento. As l
1

em termos estritamente biológicos: era a natureza quem de- L análises do impacto politico, sanitário e ético da cn= estão
É Í*-_fl:-
-___

terminava a desvantagem, e não os sistemas sociais ou eco-


øu-

i penas começando, mas é notavel a mudança de perspecti-


iz._. _¬,-F»- T
*fl
E

48 o _ DEBOFiADiNiz ç H oQuEÉDEFiciÊNciA 49
va entre os documentos: passç,,u.zse.de..defici.ë.H.oia comocon-A >~" se
fl"^~
.: :i '¬.
...‹.
TJ?.ii-zw, i Condição de saúde: é um conceito guarda-chuva para doen-
““A' ,.~»
JT' ‹ i'
if¬¬

ça, desordemõe trauma; C


'li Constructos: são componentes dos funcionamentos e da
s dominios de saude são descritos pela cii= com base no B
deficiência; .
l i corpo, no individuo e na sociedade, e não somente das doen-
?“

'53

fâf
Corpo: refere-se ao organismo humano como um todo; _
Mçasoude suas conseqüências, talcomoproposto pelaicioii. O Deficiência: caracteriza-se pelo resultado de um relaciona-
principal objetivo daciF foi instituir um novo vocabulário, capaz ámento complexo entre ascondições desaúde de um in-
siri
de correlacionar os três dominios desaúde em igualdade de \

dividuo e os fatores pessoais e externos E um conceito


importância demodo a facilitar a compreensãodas funcionali- guarda-chuva para lesoes, limitaçoes de atividades ou
I.

dadese das deficiências.” O vocabulárioinaugurado pela ciF é ‹ às _


.¬“z›
A.
'Q
z.A
restriçoes de participação. Denota osaspectos negativos
sofisticado, e umentendimento precisodos conteúdos de cada ,P -.
'PQ Ji" 11

._Aê ¬, i
e ,-i
dainteração entre o individuo e os fatorescontextuais;
categoria exige certo treino. Para que seja possível Comparar a .._.~;z.1:¿› ‹. .Í"
Jffiíl ll
.-.›
..~
,-1
ii
iv ~`1

, . ii Desempenho: é um constructoque, como um qualificador,


propostadaciF com a da icioi-i, alguns conceitos são centrais: 's' i *li
.,š.z7:i,¬

:¿-¬ 1
_:."z`
vi.

descreve oque umindividuo faz em seu ambiente. Tam-


' ' ›

bém pode ser entendidocomo o “envolvimento em uma


Atividade: é a execução de uma tarefa ou ação por um indivíduo.
»
9”

i situação de vida”; A r A
Representa a perspectiva individual de funcionamento; l

Dominios de saúde ou dominios relacionados à saúde: são


Barreiras: são os fatores ambientais cujapresença ou ausên- ~ ~¿z'i
.gt :l “ij*{
` v¬.-.-- `

'*-.;.-›-i`G todos os aspectosda saúde humana e alguns com-


cia limitam o funcionamento de um individuo e criam a ponentes de bem-estar importantes para a saúde;
deficiência; , , à “ii-z.

.,ƒ.
."›f'-'=33-í¿¡:‹'¿.Q¡ 1”
›`:`H*,!é

_ *F
`.:,ii,š', Estruturas corporais: são aspartes anatômicas do corpo. O
Bem-estar: é um termo geral que abrange todos os domínios ff. - iz
aff: _, ;¡,¡i
-_.:-.
vi.-,ti ‹_ ui

padrão para essas estruturas ea norma estatistica para


da viela humana, incluindo os aspectos físicos, mentais e ~
A1-Y-,z
Y _
'Ê L-ii?
os seres humanos;
sociais, e que torna possível o que se chama de “vida boa”; li”. .
.J ¿ ri.¿ ~‹¬1!¬
1,721 ¡.
Faci/itadores: são os fatores cuja presença ou ausência no
Capacidade: é um constructo que, como um qualificador, Iñ
E
ambiente em que se encontra a pessoa melhoram o
indica o mais alto nivel de funcionamento que um indi- ¡ Â
l

funcionamento e reduzem a deficiência;


viduo pode alcançar em determinadodomínio e em dado .~,.1 -z. «
.fz
ir. A
-1' “li
-.
Fatores ambientais: resumem o ambiente físico e social, bem
momento. Descreve a habilidadedo indivíduo para exe- 1:4.
né.

.:¬._›, i ^
li 1
ii'

como as atitudespresentes onde os individuos vivem.


CUÍE-Sir uma tarefa og ação. A capacidade reflete o ambien-
.',Í..tz .If

[55-ii ' ;j
São fatores externosao indivíduo e podem ter influências
te ajustadoas habilidades dos indivíduos; negativas ou positivas sobre ele;
'~' '~,›"›'
›››3.."'
.›.› '._

"§~,' ;z'^"›,..=~,-, -,›.-z‹›é_×-z.!,»1›'^L".


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*N f.-›,:í,›z_.-›~i1,z‹.¬-;_›'.é§ä:›'~1¬¬_.'z›:a'.-f\Í;"
';'
5Qç ç ç A ç __HDEBQRA Dl_NlZ_ _ vç Í _ _ ç oouEÉDEi=ioiÊNoiA A 51,
- 'if ._
'.-
K. z_

Fatores contextuais; representam avida do indivíduo. lncluem Houve um esforço por redescrever a icioi-i em termosso-
doiscomponentes: fatores ambientaise fatores pessoais; ciológicos,por isso aênfase em avaliar as atividades e par-
FãÍ0respessoais: não são classificados pela cii=. Podem in- ,tticipações dos indivíduos em diferentes domínios da vida.”
cluir gênero, raça, idade e outras condições. Como edu- -,_
¡.‹

lsso não deveser entendido como um abandono da pers-


cação, hábitos, estilode vida etc.: . pectiva biomédica sobre a deficiência, até mesmo porque a
Funcionamento: é um conceito guarda-chuva que engloba to- cii= é um documento de autoria da oivis. O contexto desaúde
das as funções e estruturas corporais, bem como as ati- '1

e doença foi um dos pontos de partida para a avaliaçao da


vidades e aparticipação. Representa os aspectos positivos Hi

deficióência, mas se enfatizou a importancia de outros do-


da interação entre o indivíduo e os fatores contextuais; -gn-1;

mínios paraa compreensãodesse fenómeno.”


13-í'a _‹'r¿g:.

.
Funçõescorporais: são as funções fisiológicas e psicoló-
-5. .-:

A cii= não é um instrumento para identificar as lesoes nas


gicasdos sistemas corporais; .~ pessoas, mas para descrever situações particulares em que as
Lesõeszsão problemas na função corporal ou na estrutura, pessoas podem experimentar desvantagens, asquais, por sua
como desvios ou perdas significativas. No sentido médi- vez, são passíveis de serem classificadas como deficiências em
co, as lesões não são patologias, mas as manifestações domínios relacionados à saúde. Essa passagem das “conse-
das patologias. As lesões são determinadas por um des- -
qúencias das doenças 1: para os~ :rf,dominios
' ' . ' 5
de saude' foi' resul-
` vio deuma categoria genérica aceita para os padrões de tado de um esforço “explícito daj oivis em reconhecer algumas
~>

determinada população; das premissašdo modelo social: E Íii. °"Í-Í"¡5'*"' fihšmh


'gen .-Éh*

Limitações de atividades: são dificuldades que um individuo


pode terao executar as atividades;
_
Ú-ir -
` \@&..
.,
Á'
-
'
tiál
ii-
W
.
-

Participação: é o envolvimento nas situaçõesde vida. Um in- i A ciF baseia-se na integração desses dois modelos opostos
dicador possível de avaliação da participação é o desem- [social e médico]. No intuito de recuperara integração das
penho; várias perspectivas de funcionamento, a abordagem “biopsi-
Restrições de participação: são problemas que um indivíduo cossocial” é utilizada. Nesse sentido, a ciF almeja atingir uma
pode experimentar no envolvimento em situações de vi- síntese, afim de propiciar uma visão coerente de diferentes
da. A presença de uma restrição de participação é deter- perspectivas da saúde, a partir das perspectivas biológica,
minada comparando-se a participação de um individuo _I.

individual e social.”
com o que se espera de um indivíduo sem deficiência em
determinadacultura ou sociedade. O desafio da cii= era, portanto, vencer a expectativa de
que seria um documento apenas sobre lesões ou deficiên-
ic
A

52 . ç ç DEBoi=iADii×iiz _ ç
-F

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. _ Q QUE É DEF_IClÊ_NÇ_IA
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'Ii ‹¿u.i `
.','.:.{z}._ . 1.-_r:
. ¬ ,.

leiasngue ambiçãoêra se posicionar como um_ catálogo sobre


¡`.fl¡_` `
..zij;-'if.
, -z›‹...JV ,_,.,
H.-i .

múltiplas causalidades, o qual, apesar de ainda se encontrar


Í'\'í'Í'.' fnif-;
-V>.z J* .-Í

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.‹¬~,›v uy-'i
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uneronamentosatividadese participaçoes.
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.. .,,.ii vii 1 .
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Í~¿-'s .Uh-`\\
,z›'›:., '-.NI
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no universobiomédico, se expandiuparaoutros dominios,


.

daclara Seter “Ú"Ê'fÍe'a da abfaffgemlê 9 do vanguardismo


_'i '.vw› .-¡;i¬'i"
am. 1 '
' 1.1 ea .¬`.°-
z'lI~2' fmi
V z‹~.~.= comoproposto pelo modelo social. Esseencontro entre as
F, um exercicio interessante e analisar estados conside-
'¡á*_i;

diferentes perspectivas mostrou que o modelomédico não


rados de doença ou deficiencia ã luz da nova linguagem ”
7 era suficiente para entender a experiênciada deficiência. A
. Umapessoa pode ter lesões sem experimentar limitações de contribuição do modelo social à ciF foi notável. Mas, por
°apa°'dade= Como 9 0 caso de algllëm com cicatrizes de outro, a discussão provocada pelo modelo biopsicossocial
queimadura na face. Por outrolado, umapessoa pode ter
T

i também abalou alguns dos pilares do modelo social, como a


ii

apenas expectativas de lesões, e já experimentar limitações


hipótese de que o corpo e suas variaçoes eram expressoes
se deS9mpenho erestriçoes de participação. Esse seria o
neutras da diversidade humana.”
ink...
L.1,-_;-¿z
,z
v.

2' :_ Ê

Ã

asqipor eXemp|°=dea|9Uem que C0nh9Çã Süã propensão Á


“â

genenca Para Umad09flÇa que só se desenvolverá na terceira 4-1

ou quarta decadas de vida, como ocorre com a Doença de 't

Huntington. A mesma situação aplica-sea alguém que seja 0 modelo social na cii=
HW POSIÍIVO, porem assintomatico. O Anexo 5 da cii=é dedicado ao tema da deficiência.
E POSSA/el ainda imaginar uma pessoa com lesões elimi-
.. g .;...›,.-r-.'vii
Y' 4.`“L*J›í-"

Muito embora se resuma a apenas duas páginas, eleé uma


_i=l; §Ê§rÍÇÊzí¬`.
¡_-;Í_:ji§§›ii,
› _
.r,›.~¡;...-
, ... .

fitaçoes de desempenho, porém semrestrições de capa¢¡da_ fi'~`›;êr!*1:. "


› aff* ›}-iaily
'

seção central para entender a contribuição dos teóricos do


Un”
.-.×..x r:I7.`›Í
›› 3:-
zšãflzéfl
Í..' '›'\Ta:I
i›'í.l¡"¡'.'ÍÍ›“-1.

2;-Efnsã S'glaÇta0 Se aplicaria a alguém com lesão medular o


ÍzT v=-Ef:_L|rä-.E-Í';i*`
. «ki . ..›,
-
_

*i modelo social à revisão da icioii. O parágrafo de abertura do


Í É possívg Lren e sensivelta cadeira de rodas, por exemplo.
.‹“ \.›:zv '-z
_ .\. ' ` I
›` .>>'f;,“,` fl
›» ',
1:- ›=;»;1~.

Anexo é um agradecimento ã Internacional de Deficientes


›- .__ _ ¿.¿~,.¡›.

i ma pessoa er ro lem .J
(oPi) pela participação ativa no processo de revisão. A ne-
É limitações de atividades A _, mag sem las" de aparentes.
esoes desempenhoPes-e T*

soascom doenças cronicas estariam nesse grupo. Por fim 'is


nhuma outra entidade, fosse ela de organização profissional
j e possivel uma pessoa ter problemas de desempenho sem 9' ou movimento social, foi concedido um espaço de agrade-
ter li 'ltäçoesde
` " ' ~ Um exemplo
i cimento formal como aquele reservado à DPi.
seria. o
ff

gde 0êDãCIdade ou lesoes. if fi; Em resposta ã critica feita correntemente pelos teóricos
¡ p oas que sofrem discriminaçao por várias doenças, š ,fi

entre elas as doenças mentais. Ê


-vs
1

'i
do modelo social à iciDH, o documento atestava que “a oivis
reconhece a importância da completa participação das pes-
zi
u
ii

›. ×'-<. 'K
::»,&.e ._;

“ng3ÓÊrÉeä'e de SÍÍUÊÇÕGS D0de_ ser analisada com base na . .âç ›~z`


75';-_1›-
fízíz.
'›«.F› . › .
. _ ¿; .,¡_T3. _¿
¡
i,
ii

soas com deficiência e de suas organizações na revisão da


Camo Êäefici Ê °'_F= 'BU"Êa_5^daf5 ClU‹'=1Is jamais seriam imaginadas *Â
_› ~ i

.iiãl '?Í- ,i
classificação de funcionamentos e deficiência”. Por issoo
encia. eficiencia passou a ser um fenômene de i
i ‹

.o ,_ .
l

I
z/Efifia. ~
' agia.

. .iš¡r¡_iÇJ.
1

agradecimento ã Di=>i é tão significativo.” Assim como no mo-


'f ..-\i: ‹›_~,
-_-.›r-›'
:¡Ezš,%§-Ír_

'.'§§l.“;ê."i.':
. aê;-`e'¿.r;›
ff:-gv,-.
1
*'\.

5%-. _ __ DEBORA Dii×,iiz___, _, _ _ : QQUEÉ Depieiêneix ç H 55,


- =‹';..
.,. -
.-_..

delo social, as escolhas terminológicas foram também con- . 3.- 1


simples, poiso fato de a deficiênciaser um fenômeno de
sideradasumponto-chavedodebate _ 3
.‹ .N
1:1.
várias dimens`õ'es--~- exige que outros profissionais, além dos
_ _Tal comoaUpiase os teóricos do modelo social já vinham
*"iÍ¡'Í-*Í l
¬_,~;.r;. .
Ê.
próprios deficientes, se agreguem :às equipes de especialis-
~ insistindo nas décadasde 1980 e 1990, o termo de lingua
.I u.L".!=I.i
ziy-'-1I.z - vi
. ,¡..
._._z.u›

tas. O segundo desafio é que o fundamento politico do docu-


1. .

V :_.¿

f.i.ífí..:z›t.
É inglesa handicap era pernicioso para as comunidades de de-
V.. V. ug
. i. -›i›.

fz... Í.¡,:,'
1.1:
L
1;' .
ti:
mento- de que a deficiência é resultado tanto das barreiras
ficientes. Por isso foi definitivamentedescartado na cii= O ' Vi ambientais quanto das condições de saúde ou “das lesões -
conceito de deficiência, por sua vez, foi abandonado como I
deve ser transformadoem agendas internacionais de pes-
um componente pessoal, tendo-se transformado em uma ca- quisa, a fim de se ter uma avaliação dos avanços da ciF_ _
tegoria guarda-chuva para indicar os aspectos negativos de
restriçõesdecapacidades, desempenhos e participação_2° Notas
Segundo os termos da ciF:
1 - viioi=iLo HEALTH oReANizATioN_ international Classification of
Resta, no entanto, a difícil questão de qual seria a melhor lmpairments, Disabilities, and Handicaps (iciDH). Geneva,
maneira de se referir aos individuos que experimentam al- 1980. A tradução corrente foi Classificação internacional

gum nivel de limitação funcional ou restrição. A ciF usa o 'l
de Deficiências, incapacidades e Limitações. A lingua por-
_
-i
i
:-
termo 'deficiência' para expressar um fenômeno multidi- ~,ii
i tuguesa não é considerada um dos idiomas oficiais da
,.
E

L
`
~ _,-.
mensional resultante da interação entre aspessoas e seus fi
oivis, portanto as traduções foram feitas por centros aca-
ambientesfisicos e sociais.”
:. ".¡ i

3
1
_ .Kti
f
\_-.
`
_ _
.

_
I

i
dêmicos nacionais que, apesar de referências para o tema
da deficiência, são centros biomédicos de pesquisa e en-
Nesse sentido, a ciF aproximou-se da proposta do mode- sino, ou seja, distantes do debate sociologico e politico.
lo social de qualificar a deficiência como uma experiência de 5*
2 - woi=iLo HEALTH oi=ieAi\iizATioN_ international Ciassification of
t
segregação e opressão,enfatizando o resultado negativo da â
lmpairments, Disabilities, and Handicaps (iciDH)_ Geneva,
interaçao entre o corpo com lesões e a sociedade. *`
¬1
5
1980.
Dessa tentativa de aproximação dos modelos médico e ›} - Op. cit., pp. 27-29.
social, afim de construir um sistema classificatório mais sen- É J -Op.cit_,p_12_ .
sivel a experiência da deficiência como opressão, restou um ,›.
\\

š!i-›.-J
. ,-¬ ti
eu ifM
ç ,sri_..«'› _._; - Idem, ibidem.
duplo desafio.” O primeiroe o de convencer diferentes comu- _..- ._ .
_.Í."'›'i:“.
I K.

O)Cfl - oLivi5R, Michael; BAi=ii×iEs, Colin. Disabled People andSocial


$›CD
nidades a utilizarem a ciF como sistema de classificação inter- 4»-;'›.-_ zš?2*4:.'
ê yr
...é
sc* >.
éflfffit
¿.:.-Y; Policy: from exclusion to inclusion. London: Longman,
nacional para o conhecimento da deficiência. A tarefa não é
.six .
..›.›. vv z

êäv 1998.
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âg S S S .Í A DEBQQA D|N|z“ *_ J ñ Í; Í Í ed OSQUE EDEF|C|ENC|A ea ~ E

'ff '

7-A idéia deque a experiência docorp odef`icie` nte favorecia `* A Commenton the iciDH 2. Disability and Society, v. 15,
a compreensão do fenômeno sociológico da opressão é ' ii Í
n. 7, PP. 1073-1077,i2000. A 0
1

um tema central àspesquisas da geração mais recente de J .


- Woi=ii_DHEALTH oi=ieANizATioi×i. international Classificatiofl of
teóricos domodelo social. Vefipeír exemplo,ascoletâ- Functioning, Disabilityand Health (iCF). Gefleve, 2001-
neas: BAi=ii×iEs, Colin; oLivEi=i, Michael;rBAHToi\i, Len. Disability i3-Oi>.0it¬p-18- , - . i
l

Studies Today. Cambridge: Polity Press, 2002; coHi<EH, i


zi
.V . ›.,¿` il: v
.z i-
,.
A
14 - sHAi<Esi=EAi=iE, Tom. Disability: a complex interaction- lfl-
Mairian; sHAi<Esi=>EAHE, Tom. Disability/Postmodernlty: em- .. .¡¿Y.z'z
...;íi{
,fifi
.Ê',Ç:.' 'rã
1 ya'

. ..z;:.«.‹
z.
.
Í
J
.Disability Rights and Wrongs. London: Reutledge,
E

> 'JllF
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Íi»\à
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_. fr..
Ai .,_z¡. .1¬ ~-fg

í'=1-1.
:V 'i<"¬.è§Í.z
i
i
15-iiviHiE,Rob. DemystifyingDisability: areviewof the lnter-
L.; sEEi_iviAi×i, Katherine D.; eunv, Michael. Handbook of ,,;,‹-1-`¬›...
¡j;.,.~i W \
Í nl.

ff: ` FÉ
;¡;~.
national Classificatlon of Functioning, Disability and
Disâbiiigzsiudies. London: sage, 2001. pp. 123-143. A,
, ri.-_,5`Cí
'i i
...
~.i_A
1 L".
vfÍ.'*Í"¿:'f7', . . ir '
Health. Sociology of Health & lllness, v. 26, n. 3,pp.287-
9 - woi=‹LD HEALTH oHeANizATioN. International Classification of i*|=,._ ~g_i'!=n zia=n-1.-'r *`1=-n4*¬:

lmpairments, Disabilities, and Handicaps (iciDH). Geneva,


'Wi ›~ .
¿.;,z« i_~
w ,ty ñ,=/.'i
ifl


.¿.¬.-,ãr-f'§' 16 - aos
WHo.2004.
Op. cit., p. 20.
zzl

1980. A ciF foi traduzida no Brasil como Classificação ln- ››› ._.._
ag.. .-¿‹¿_¡_1,'.Lr_
.':
wii
531¡_.
¬ 1 ¬..
r. i,¬»

'nr W
ic
›_`

17-Op.cit.,p.19. ._ _ _ _
ternacional de Funcionalidade, lncapacidae e Saúde. Por

._”~ 3 ¿._. .

18 - sHAi<EsPEARE, Tom. Critiquing the Social Model. ln. ___.


›1.
3*

considerar que, no marco do modelosocial, que atuou Disability Rights and Wrongs. London: Routledge, 2006.
diretamente na revisão do documento, a melhor tradução .QL
'=~ 1
i'

pp. 29-53- A ”
para disabilíty é deficiência, adotei como titulo Classifica- ›¡.
ii

19-WHO. Op. cit., p. 242. V _ _ 5 _


ção Internacional de Funcionalidade, Deficiência e Saúde. ‹

"i 20 - BOHNMAN, Juan. The World Health Organisation s Termi-


i

10 - EDwAHDs, Steven D. Dismanteling the Disabilit /Handi- rà-.v.¡_.>z›

nology and Classification: application to severe disability.


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cap Distinction. The Journal of Medicine and Philosophy, ê
N 1

Disability and Fiehabilitation, v. 26, n. 3, pp.182-188, 2004-


n. 22, pp. 589-606, 1997. ä
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21 - wHo. Op. cit. p. 242- 1


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11 - WORLD HEALTH oHc.Ai×iizATioi×i. International Classification of fã?


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Functioning, Disability and Health (icF). Geneva, 2001. ..
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Funcionalidade, Incapacidade e Saúde. São Paulo: Edi- .


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tora da Universidade de São Paulo, 2003. BUHY, Michael. ~§ê


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pautavam-se nos estudos de gênero e feminismo, ou seja,


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considerava-se imoral a desigualdade e lutava-secontraa


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femmzsmo e cuidado eram oprimidas por causa do sexo, osdeficientelsieram opri-
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A segunda geração do modelo social


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analisaram a experiencia reprodutiva de mulheres deficien-
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pectivas entre a epistemologia feminista e o modelo social.
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A primeira foi a de alargar a


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l O que a segundageração de teóricas mostrou, porém, foi
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.fz que considerar seriamente os papéis de gênero e a expe-
°0mPf99nSã0 da def¡_ÇlÊ_i]SCSia como uma questão multidisci-
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S, ii riência do cuidado desestabilizaria algumas das premissas
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esforço acadêmico foi por instituir centrosde pesquisa e cur-


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gia capitalista. O materialismo histórico consolidou-se como


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especial as barreiras arquitetônicas e de transporte. O agente S


l\/lãsemAqueliiwaficriticaifeminista abalaria um modelo tão * › i z z1~,':
responsável por impedir que os deficientes experimentassem

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consistente? As premissas do modelo social da deficiência a independência era a organização . social capitalista. rf,
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tiram o significado da transcendência do corpo por meio da


dência comoum valorético para o modelo social manteve- . .¿..zi 1 ;_.

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experiência da dor, eassim forçaram uma discussão não
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se livre de críticas. Q§_S__pSrimSSe_i_@*swteóricosS dSoS_n1oSdâeSl_oWsooia| apenassobre a deficiência, mas sobre o que significava viver
otomdhomens, em sua maioria portadores de lesão medular _ ¬ i

em um corpo doente ou lesado. Assim como os homens da


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primeira "' d o mo d eo l socia,` l a teóricas feministas
flêlâüele, Se
qualquer perspectiva carita- :_--_,_flirz4
tamemb' t'inamah autoridade da exD eriênciad“""'"""'o corP o""c"`Tno_
6 lesões- eram deficientes. Mas, diferentemente deles, havia
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algumas teóricas não-deficientes que reclamavam uma nova
pois se pressupunha que o deficiente autoridade:deSScS_i,i_i_gadora§ dedefjcientes.
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seriauma pessoatão potencialmente produtivacomo o não- _ _
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deficiente, sendo apenas necessária ia retirada das barreiras *êššf,}1f~Í

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para o desenvolvimentode suas capacidades. lffr_.f;'lv.1'~*."~'
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restrições intelectuais.
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~i ficiente em casos de lesões não aparentes e, o mais revolucio-


As teóricas feministas foram as primeiras a apontar o
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nário e estrategicamenteesquecido pelos teóricos do modelo
paradoxo que acompanhava as premissas do modelo social. Q
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1 ii.
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social, sobre o papel das cuidadoras dos deficientes. Também
l.
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Por um lado, criticava-se o capitalismo e a .tipificação do su- foram as feministas que pas_sa¿ar¿naSSfala[SiloS§'fcor os tem o-A
ieito produtivo como não-deficiente; mas, por outro, a luta
l
J.i¿i`
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política era porretirar as barreiras e permitir a participação feiiemeflle..D_äQ_:.Çl_efiQient.es”,
insistindo na ampliaçao do con-
ceito de deficiência para condições como o envelhecimento ou
dos deficientes no mercado de trabalho. Ou seja, a aposta as doenças crônicas? Diferentemente dos teóricos do modelo
era na inclusão, e não na crítica profunda a alguns dos pres- social .muitas feministas nãohesitaramem por lado a lado a
supostos morais da organização sociale torno do trabalho
Í _
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\ __¡ experiencia das doenças crônicas e das lesões, considerando-


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e da independencia.\
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. lui as igualmente como deficiências, como propunham os pre-


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i-sem _ ._ - _ ' um ¬‹
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cursores da sociologia médica nos Estados Unidos?
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A crítica feminista , W Por fim, foram as feministas que mostraram que, pdSaS[Sa,_,
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As teóricas feministas trouxeram à tona temas esqueci- J

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dos na agen da de discussoes


' " do modelo social.
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lherdeficiente cuidadora de uma criança
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lãtaram a bandeira dasubietividade do corpo lesado, discu- Q
quela descrita pelos homens com lesão medular que inicia-
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lgualdadenainterdependência A
tas da segunda geração, aqueles primeiroe teóricos eram
membros da elite dos deficientes, e suas análises reprodu- *¬¿“
O modelo social da deficiência constituiu-secomo um pro-
ziam sua inserção de gênero e classe na sociedade. 1 jeto de igualdade e justiça para os deficientes. Mas, para as
\\ Acritica feminista vem sendo extensa nos estudos sobre “K”
“R-..
alba;
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feministas, a bandeira politica “os limites são sociais, não do
deficiência. Grande parte das feministas não discorda da tese individuo”não representava atotalidade das demaflndaspor
de que as estruturassociais oprimem o deficiente, em especial J'
^z justiça de diferentes grupos de deficientes. A ambiçao por in-
os deficientesmais vulneráveis. Há não só uma relação de a
dependência era um projeto moral que se adequava as
proximidade entre o feminismo e as premissas teóricas do mo- ix
Ai'
aspirações das pessoas nao-deficientes, em especial de ho-
delo social, como também enorme preocupação de que a crí- ¬-f
A
mens em idade produtiva. Para a crítica feminista,o modelo
tica feminista não se conveita emum bloco opositor às con.- il
A
t social não forçou uma revisão dos valores morais esperados
quistas argumentativas do modelo social perante o modelo '91'
§
para homens produtivos; o que se procurou foi garantir a
inclusão de homens deficientes na vida social. ~
,g li!

médico. Deve-seentender a crítica feminista como parte de um er*

processo. de revigoramento e expansão do modelo social, e ii»


go O lema de uma das mais importantes organizações britâ-
Dão como uma critica externa e opositora.l° A l nicas de deficientes - “o direito ao trabalho é um direito hu-
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mano fundamental” - é exemplar para se compreender ee
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Os argumentos feministas apresentam uma dupla face: por _í\ë'"¬,S_ f:j


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um lado, revigoram a tese social da deficiência e, por outro, .:`f'ÍÍ?é¿i=


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pretensões dos primeiros teóricos e representantes dos
acrescentam novos ingredientes ao enfrentamento político da ., ,~r.A.
.ii éz; movimentos sociais: incluir o deficiente no projeto social do
questão. Asperspectivas feministas desafiaram tanto os teóri- trabalho produtivo.” Por mais desafiadora que fosse a redes-
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í§`.Í:`\i‹S. ' `É{Í_
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`_ cos do modelo social quanto os proponentes do modelo médi- ;
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.. fAif~s crição da deficiência em termos de opressão, o modelo so-
p:í¡ flã=w=gr
-1.- ¢

cial não tinha sido suficiente para provocar as estruturas mo-


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co: ambos se confrontaram com questões jamais discutidas no


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Á campo da deficiência. Há três pontos que resumem a força da


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rais mais profundas das sociedades, pois valores como
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argumentação feminista nos estudos sobre deficiência: A


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autonomia, independência e produtividade se mantiveram na
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pauta das negociações políticas. _ _ H
1. a critica ao principio da igualdade pela independência;
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_ »f-».‹.›.
,. _?f':';s¿~...
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52.
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O argumento do modelo social era o de que a eliminaçao
2. a emergência do corpo com lesões; e A A .A ÍÍ`ÍL'-'.Í,z*;*Í›-
A .›
í
-..'1êA'›:
das barreiras permitiria que os deficientes demonstrassem sua
AS › .
3. a discussão sobre o cuidado. _ A› .\›‹.5'.\.;.
. . A ..}i.L*›,‹_;-;›S..,
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A . ..~~zA..-....-~‹..;¿
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\››.›..››.S›_›..:¡¿~¡\i
capacidade e potencialidade produtiva. Essa idéia foi dura-
#1 . . ' ' , . r_ \ I '-
f ..f.A';¡._Aš

1 A ÊA. J.;Í"¿i
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É mente criticada pelas feministas, pois era insensivel a diversi
i dade de experiências da deficiência. A \
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m a é um idçea¢lççpe+_¶r_irerso para muitos deficientes in-


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do modelo social de narrativas sobre o corpo com esoes nao F.
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foi feita sem hesitações etemores políticos.Jenny Morris, ao
“para a independência ou capacidadepara o trabalho, não im- V i'rf ¡;ã;2í
...~<›.›..z`:¿i
.. z-.`.*,'i'§-._~,
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criticar o silêncio dos teóricos do modelo social sobre o cor- _"'-:n*z_Ç‹"*n_TIç“44;'›_H\U=,'!. ___fl
'._¬. .- _ .¬vv-.¬ .i-¬_«

porta oquanto as barreiras sejam eliminadas.” . V


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z§1'zíà.w?¢.
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po, reconheceu que:


Paramuitos deficientes, a demanda por justiça ampara- .
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' Rx; .¿J'§_'.
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se em princípios de bem-estar diferentes dos da ética indivi- . jm ¬;¿».


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' ~~.›#f -f.'¡'_¿
.~'iš'‹'~'‹;'¢.«›*›¡1 Tenho medo de que nós comecemosa falar sobre os as-
dualista. A interdependência, p0rexemplo,ê um valor moral ,..)¿z.,\@ _L¿._ ;

pectos negativos de viver com lesões ou doenças, poisos


. ,‹¿›z.¿1.~___
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que aprimeira geração deteóricos do modelosocial des- af


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isto, nós sempre soubemos que a vida de vocês não a vale
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discutir as necessidades especificas do corpo com lesões se


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Ou seja,a crítica aos fundamentos politicos que supunham
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converteu em tabu político.Não havia dor, sofrimento ou li-
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a separação radical entre lesão e deficiência não poderia pres-.


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cindir da cautela por parte das feministas comprometidas com


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perigosa para a §§meGilç¿açlj;çaLçmaç_%d_amüdueficie cia, um receio

e da defesa da independência como meta política foi um pro-


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i que nao foi atenuado nem mesmo pelo fato de os primeiros J”


jeto de justiça não suficientemente revolucionário para as pers-
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› teóricos experimentarem a deficiência. Ser deficiente era ¬.

pectivasfeministas. No final das contas, os ideais de auto-


antes o passaporte de entrada na comunidade de teóricos nomia e produtividade não foram revistosà luz dos desafios
do modelo social - um argumento deautoridade - que uma impostos pelas lesõesmais graves e crônicas. A ânsia da pri-
estratégia de considerar o privado também político, como ¿ meira geração de teóricos do modelo social era por redescre-
viam as feministas. § ver como “ordinários” os corpos dos deficientes fisicos, deno-
As feministas mostraram o quantoo modelo social era minados pela filósofa Susan Wendell “corpos rejeitados”.“i*
umateoria desencarnada da lesão.” Mas essa aproximação Foi assim que o corpo com lesões, além se ver conver-
9
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tido em ordináriopelaideologia da normalização, se viu do- `“* t
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um grupo de feministas introduziua idéia daigualdade pela
mesticado pela ideoiogiaque supõe a possibilidade total de 7*
interdependênciaàcomo um principiomais adequado ã re-
controle do corpo.” O deficiente produtivo seria aquele que V fla _ V'-='zV' ,17'
'Vfm=ra;.:V;+Và.-.v ,V_ flexão sobre questões de justiça para a deficiência.2°
.fe-â
controlaria seu próprio corpo e, portanto, seria capaz de {V.i&z -12'?-‹,t;§t{z TV
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exibir suascapacidades e habilidades. O resultado dessa se-


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paração radical entre lesão e experiência da deficiência foi ,_
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queocorpo com lesões ficou confinado às narrativasbiomé- V*
“Todos somos filhos de uma mãe” -essa foi a provocação
dicas, sendo ainda um objeto de controle disciplinar médico. ä
de Eva Kittay, filósofa e cuidadora de uma filha com paralisia
Para osV sociólogos Bill Hughes e Kevin Paterson: L
É
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cerebral grave, perante a defesa política da independência
^r~ como um valor central do modelo socialda deficiência. Kittay
ri.
Há umaforte convergência entre a biomedicina e o modelo desejava introduzir dois novos argumentos sobre justiçano
socialda deficiência no que se refere ao corpo. Ambos o "hi
'M
debate sobre a deficiência:
tratam como se fossepré-social, inerte, um objeto fisico, W i
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palpável e separado do self.” É 1. o cuidado era um princípio ético fundamental às organi- F
1


är' zações sociais, e foi esquecido em vinte anos de modelo L
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Curiosamente, esse esquecimento do corpo pelo modelo =fz<


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2.a interdependência era o valor que melhor expressava a À

mico da sociologia do corpo. O modelo social não ameaçou


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asoberania do modelo médico no controle do corpo com * .¬íl;= if

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lesões, e ainda hoje esse controle é um espaço de tensões ,j l


Na contramão de grande parte do debate sociológico
argumentativas intensificadas com a entrada de perspecti- Í,
britânico, Kittay era uma filósofa estadunidense preocupada
vas pós-modernas no debate.” - .ri
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em provocar os marcos liberais das teorias dejustiça e igual-
As teorias feministas desafiaramnão só o tabu do corpo Í

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dade. Sua proposta de justiça era a “crítica da igualdade
ficiente como, principalmente, a falsa suposição de que pela dependência”, ou seja, a idéiade que as relações de
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ocodos os deficientes almejariam a independência ou mesmo › :ir
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ricos do modelo social. Com o argumento de que todas as ç
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dependência de Kittay, mas a própria condição humana se
pessoas são dependentes em diferentes momentos da vida, . ›..a¡.,,
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expressa na interdependência, pois “todos somos filhos de
seja na infância, na velhiceou na experiência de doenças, uma mãe”.22 São os vínculos de dependência que estruturam

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as relações humanas, visto que a dependênciaé algo ines- “dinamite ideológica”, pois “serve apenas para posicionar os
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dependentes e os membros da família como aqueles que
deficientes experimentariam a independência foi a bandeira cuidam e dão o apoio necessário”.”4 Nesse trecho, Oliver to-
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ca em questoes centrais aodebate sobre o cuidado para o
organizadores da Upias. No entanto, as teóricas feministas ' ff
modelo social: além da perspectiva dos deficientes, é pre-
, do cuidado consideraram tambémosinteresses de outros ciso tambémconsiderar o ponto de vista das cuidadoras dos
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dado era aprincipal demanda porjustiça. Reconhecer que a lV_r›'€_' 'tá
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necessidade do cuidado também é uma demanda dos defi- _
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primeira geração de teóricos do modelo social.
cientesfoi incómodo para aprimeira geração de teóricos do Mas não foram as feministas deficientes que introduziram
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modelo social, em especial porque tal reconhecimento era i -'_'. im

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a discussão sobre o cuidado nas humanidades.A novidade
requerido pelas cuidadoras dosdeficientes. 'ãliiir' 105
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das teóricas feministas foi a releitura dos pressupostos do
O desafio das teóricas do cuidado foiduplo. Por um lado, movimento social da deficiência, em especial os ideais do
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era preciso superar o argumento de que a_f-ética caritativa = f:í›'~‹i*:.'.'i,¡*.›f,f§*tf›.


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corpo ordinário e da independência, à luz da experiência não
seria revigorada com a emergência do cuidado como princí- _ -*›:>-S:.,››S‹1?=z~
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o cuidado substituiriao projeto de independência. Aos olhos › -,'1¿›z.:Ê1-'z
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*.;r. obre a deficiênciacom cuidadoras provocou uma revisão de
dos teóricos do modelo social, havia uma ameaça politica na
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.íšã alguns pressupostos do campo e abalou o argumento de
defesa do cuidado como garantia de justiça: a de devolver N»

of ' autoridade de que era preciso ser deficiente para escrever


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os deficientes ao espaço da subalternidade e da exclusão É 'n
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4 sobre deficiência.
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social, poisseria mais fácil garantir o cuidado que modificar N ii1-.
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As feministas cuidadoras não apenas passaram a ser uma


a ordem social e política queoprimia os deficientes. Para voz legítima nos estudos sobre deficiência, mas principalmen-
uma sociedadepouco sensível aos interesses dos deficien- r'
te colocaram a figura da cuidadora no centro do debate sobre
tes, o cuidado era um valor com baixo potencial de subver- justiça e deficiência, denunciando o viés de gênero no libera-
sao da ordem moral.

lismo político. Há desigualdades de poderno campo da defi-


A tensão entre o argumento feminista do cuidado e os ciência que nã0 serão resolvidas por ajustes arquitetônicos.
precursores do movimento social ainda se mantém, a tal Apenas princípios da ordem das obrigaçõesmorais, como o
ponto que Oliver se refere ao conceito de cuidadora como respeito aos direitos humanos, serão capazes de proteger a
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2 - sHAkEsi=>EAnE, Tom; The Family of Social Approaches e Criti-
deficientes.” A proposta feminista do cuidado diz respeito a
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quing théeisociai i\/i<>‹zie.›i_ in: ___ oisai:›iiiry Rights and
relações assimétricas extremas, como é o caso da atenção
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ó Wrongs. London:Floutled9e, 2006. DP. 9-53.


aos deficientes graves. Erroneamente supõe-seque o vínculo 3 - coRkEi=i, Mairian; sHAkEsPEAi=iE, Tom. Disability/Postmodernity:
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estabelecido pelo cuidado seja sempre temporário: há pes- HV' -›'VV“"&ë'

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.V.¬ _5‹‹,_,_.,'
,'71_-__ _V
."V' .~.-'V.'
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embodying disability theory. London: Continuum, 2002-
msoas~que necessitam do cuidado como condição de sobre- ...J ' 'Va
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,*1.V.‹ _
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...Vm ¡.V_t`tV.-5;-;'
4 - Jenny Morris foi uma das teóricas britânicas presentes
vivência. Por isso, ele é uma demanda de justiça fundamental. _V«zV _ _ _
.fu- E
'l:|i"1" _;
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.'.,".,‹ ._ vv ._
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_ ¬[_,
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~V"*5:f“" nos estudos sobre deficiênciadesde to início (ivioi=iRis,
O cuidado e a interdependência são princípios que estru- Jenny. Able Lives: women's experience of paralysis_
_ Tvd-V1-.
.¿iD-4 ,_;.§;`¡¡i_
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VV ..z as V.-.V _V
¿_›_ _ _

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turam a vida social_ Ainda hoje, são considerados valores fe- London: The Women's Press, 1989. ivioRi=iis, Jenny. Pride
.. af
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5321 z¿;.§__ V.
V'f;'~'Í'fi;<
' "‹'ífÍ°I 'Í'
azia'
«J f_V‹.»V '.. V

mininos e, portanto, confinados à esfera doméstica. O prin- -Against Prejudlce: transforming attitudes to disability.
' 'H -'1|'z'V _-_\'
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;.` _ ._V__i¿V¡'iv __

‹ä 'i ¿V

cipal desafio das teóricas feministas é o de demonstrar a London: The Women”s Press, 1991 _ ivioaais, Jenny. Inde-
-
"VV›V '_~V V'n .-
iiz, z;
1;'._V .li ._.. f.
§.w '-Z¡Iv¬ . '
`¬._~'i_"7
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.'».'V‹Y.¬f?

pendent lives? Community care and disabled people.


-24 "

possibilidade dehaver um projeto de justiça que considere o


_-'='Iè'¡,';'VVl5§*_V_V_V,
¬V V. l__
i. í@_.V. 'V
._ ‹}l'2F;' _ vz,
šfifió
.~__z.‹ -.V

London: The Macmillan Press, 1993; ivioi=ii=iis, Jenny. En-


CV._z'V; V1; Vflrñ .VV

cuidado em situações de extrema desigualdade de poder. A _ 521;. ;V


ivyfm .*3V;Í V
_.~¿'ff.›; .L-1

revisão do modelo social da deficiência à luz da crítica fe- .ç_: _.,,.


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counters with Strangers: feminism and disability. Lon-


minista necessita incorporar: : don: The Women”s Press, 1996). Tom Shakespearefoi
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N_.-Vz.-.f;. _1'»z '_V.',-,V-‹V-
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V_»;}Ví.f n _¬,¿1-V:$*Ê;
um dos autores que propuseram a transposição de
sistemas teóricos de gênero, em especial as dicotomias
H.: .j.i!*{ 15
§` PS ` W ¿¿.›

1. a centralidade da dependência nas relações humanas; ›\›`.ô› ›


I*
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»›› \ 4-.

W. _.V:

2. eo reconhecimento da vulnerabilidade das relações de _. .›.›,_›_- V


z__硧›§¿_›

asa.
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estruturalistas de natureza e cultura, para os estudos
dependência; e Í Ê.-'zfgff
'-'f›f 'vit'
_lÍ...ñ§ _
a
. ››z,›__.
›,..
sobre deficiência (ver especialmente o artigo de
3. o impacto dadependência sobre nossas obrigações morais. vanguarda originalmente publicado em 1994: sHAkEsPEA-
1.
V '
se 1 ›,f
Êfê' zh. `
:<V:šl'fší_¢. -
gñ . »‹'

_.
,._., . _ _f_§
V. .agf
/_ 4» >› xr
.›,¬..¿ ›.¡..›.›|
LÊ: rn???
.\›_,,_:››.. - ›
_5§..‹ t
`”»›»z.
ar
RE, Tom. Cultural Representation of Disabled People:
O objetivo final deve ser o de reconhecer as relações de _...-,zsàff 'ii

__
E
dustbins for disavowal? ln: BARTON, Len;oi.ivEi=i, Michael.
dependência e cuidado como questões de justiçasocial assar
1; ¿r«_+_l *fl
W:
›› ;'~ ;.^z5.`?
f:*fi~'{-;sz
..1› .~õ;. :v'z5;,¿ .;
››.›:\,j. _.-.!.›f.'
›..:››_~.t~z
, _¡z.=_.›V
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:
Disability Studies: past, presentand future. Leeds: The
para deficientes e não-deficientes. _ *_
' Ç ... f ¿

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ÍÍ.Ê'.{'\“I›'.>Ê*'à›¡¿›':
_:_*as '.š.~§$=~'”í`
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:__
Disability Press, 1997. pp. 217-236).
:1 'f.>.".}i'§;'_._¬`

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.üt ~t› >.~
5 - O uso do gênero feminino para descrever as teóricas fe-
V Notas ff* ministas dasegunda geração do modelo social deve-se
ao fato de que a vasta maioria delas era mulher, bem
1 - Lii\iToi\i, Simi. Claiming Disability: knowledge and identity. como o uso do feminino para o conceito de cuidadoras.
New York: New York University Press, 1998. ' '-= /!_
6 - THOMAS, Carol. Defining Disalibity: the social model. ln:
, .'.\.'.'\ IP. _-\
_ :-zi_--1 _ ,.

.-' .¿,1
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artigo Huai-iizs, Bill; PATEi=isoi\i, Keven_ The Social Model of
disability. Buckingham: Open University, 1999. pp-13-32. ' 'V V _'
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Disabilityand the Disappearing Body: towards a socio-
7 - WENDELL, Susan_The RejectedBody: feminist philosophical _ ¿:
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VVis<Vi.u¬¬¿.,; :V logyof impairment_ Disabilitj/_& Society, v. 12, n. 3, 1997.
reflections on disability. New York: Fioutledge,1996_ 2; ,_V_V
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11 - ABBERLEY, Paul. The Limits of Classical Social Theory in


8 - Susan Wendellafirmou: “qualquer compreensãofemi- the Analysis and Transformation of Disablement - (can
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:-':.'r«a'.": V.
Leeds: The Disability Press, 1997.
delicado para os primeiros teóricos do modelo social _ .,_iV__.z:__-ív¿šz':c‹_-á'-I
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12 - i<n-rAv, Eva. Love's Labor: essays on women, equality,
por causa do Vriscode estigmatização da deficiência anddependency.NewYork:Routledge,1999.
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V* pela proximidade como corpodoente_No campoda 13 - Simi Linton mostra que esses eram temas daesfera
sociologia médica, recomenda-sea leitura do trabalho privada dos precursores do modelo social(i_iNToN, Simi.
do sociólogo estadunidense deficiente ln/ingZola: zoi.A, _
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disability. Philadelphia: Temple University Press, 1982. Â.L -.;.:¡“<.~›'¿v-›
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14 - A recuperação feminista do corpo coincidiu com a
9 - si-iAkEsPEAi=iE, Tom; eii_i_Esi=>iE-sELL, Kath; oAviEs, Dominic. _» ___V¿,¿¿«¿¿¡“,V¿u¿.__q~'›~¿¡; _
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expansão dos estudos sócioantropológicos sobre o te-
The Sexual Politicsof Disability. London: Cassell, 1996. _
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ma nos anos 1990, muito embora a sociologia do corpo
Ascri, Adrienne. Critical Race Theory1 Feminism i and Di- se mantenha distante dos estudos sobre deficiência.
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Paul Abberley defendia a importância de umasociologia
tity. ln: siviiTH, Bonnie; HuTcHisoN, Beth. Gendering Disa- ao
If
1*
da lesão, muito embora sua preocupação fosse a de de-
1
bility. NewBrunswick: Rutgers University Press, 2001. ”'* .a monstrar o caráter socialmente construído da idéia de
pp. 9-44. GAFMND, Thomson.lntegrating Disability1 il
í
,z- lesão. ABBERLEY, Paul. The Concept of Oppression and
Transforming Feminist Theory. ln: siviiTH, Bonnie; “Ii
the Development of a Societal Theory of Disability.
i-iuTcHisoN, Beth. Gendering Disability. New Brunswick: Disability, Handicap & Society, v. 2, n. 1, 1987.
Fiutgers University Press, 2001. pp. 73-106. 15 - Mortais, Jenny. lmpairment and Disability:constructing
10 - Esse compromisso com aspremissas domodelo social an ethics of care that promotes human rights. Hypathia,
nao e exclusivo das criticas feministas, mas da nova ge- v. 16, n. 4, Fall 2001, p. 8.
ração de teóricos sobre adeficiência_ Um exemplo é o 16 - WENDELL, Susan. The Rejected Body: feminist philoso-
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1

› phical reflections on disability. New.York: Fioutledge, papel de dependentes (sin/Ens, Anita. Formal Justice. ln:
1996, p. i85.A iniciativa de descrever os corposdefi- siLvERs, Ariita; WASSERMAN, David; MAHOWALD, Mary. Disa-
V cientescomo corposordináriosfoidiscutidapor: oL|vEi=i, bility, Difference, Discrimination: perspectives on justice
Michael.The Structuring of Disabled ldentities. ln: . in bioethics and public policy. New York: Rowman &
The Politics of Disablement. London: MacMillan, 1990. Littlefield Publishers, 1998. pp. 13-146). Jenny Morris,
17. ~wENDEL|_, Susan. The Fiejected Body: feminist philo- por outro lado, contra-argumenta que a ética do cuidar
sophical reflections on disability. New York: Fioutledge, ignora a experiência das mulheres deficientes, tornando-
tt A 1996 _ pg . ,
as invisíveis (Monnis, Jenny. lmpairmentand Disability:
18 -HUGHES, Bill; PATERSON, Keven. The Social Model of constructing an ethics of care that promotes human
Disability and the Disappearing Body: towards a socio- rights. Hypathia, v. 16, n. 4, Fall 2001).
logy ofimpairment.Disability & Society, v. 12, n. 3, 1997, ` zø 25- KHTAY, Eva. Op. cit. . 1
4 ~ ~ .

. If": .

19 - THOMAS, Carol; coni<Ei=i, Mairian. A Journey around the


Social Model. ln: coni<E|=i, Mairian; SHAKESPEARE, Tom.
Disability/Postmodernity: embodying di¿sability theory.
London: Continuum, 2002. . A =
20 - KHTAY, Eva op. cit. .y
21 - Op. cit., p. 21. .
22 -.Op. cit., p. 14. A
23 - Op. cit., p. 29..
24 - ouviën, Michael; BARNES, Colin. Disabled People and
. Social Policy: from exclusion to inclusion. London: Long- i .
man, 1998, p. 8. A tensão provocada pela ética do cuidar
é também marca registrada dos estudos feministas.
Anita Silvers, por exemplo, filósofa portadora de lesão
medular e uma das precursoras dos estudos sobre defi-
ciência, resiste ao argumento do cuidado, pois sustenta
que o risco da essencialização do papel feminino é per- , I
nicioso; além disso, o cuidar devolve os deficientesao
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_ _ __ _____,o QUE ÉDEF|CIÊNciA __ _ 11


executar as atividades mais corriqueiras, como ser servido


em umrestaurante, hospedar-seem um hotel ou viajar de
trem. Muitas das proibições não eram regulamentadas em
~ lei, mas tacitamente incorporadas pelos não-deficientes que
Conclusao consideravam inadmissível um cego transitar pelo espaço
público. Nãofoi por acaso que tenBroek sustentou nas cor-
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Ê) tes estadunidenses o “direitodosdeficientes de estar no
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mundo como um direito humano”.3
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Háquem diga quea deficienciaé um enigma que se ex-
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perimenta, mas pouco se compreendef* Esse caráter enigmá-
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Não é um ato de ingenuidade assumir a cegueira ou a .-¿_-


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Éticoé resultado do processo histórico de opressão eaparta-
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surdez comoum modo de vida. Tampoucotrata-se de uma . , "'


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jção socialdos deficientes, umavez que adeficiência foi
tentativa solitária de descrever o mundo em termos mais jzonfinada àesfera doméstica e privadadas pessoas. Nesse
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fraternos às pessoas deficientes. Borges falava de si mesmo pontexto de silêncio, o queo modelo social promoveu foi a
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quando ditou A cegueira, e não de todos cegos. É um compreensão da deficiência comouma expressão da diversi-
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fenômeno recente compreender a deficiência como um es- :__

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dade humana, um argumento poderoso para desconstruir
tilo de vida particular. Mas, diferentemente de outros modos . `^;~'>¡
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uma das formas mais brutais de opressão já instituídas- o
de vida, a deficiência reclamao “direito de estar no mundo”.* °â‹

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desprezo pelo corpo deficiente. _
E o maior desafio para a concretização desse direito é o fato 1'
Mas ainda conhecemos pouco sobre a diversidade de es- ¬. -._-

de que se conhece pouco sobre a deficiência. ..r:§‹


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tilos de vida dos deficientes. Oliver fendia a ur ênciade es-_ fl
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Jacobus tenBroek era professorda Universidade da Ca- ¿. ¬


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lifórnia quando escreveu que: A A f*
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O mundo em que os deficientes têm o direito de viver é o das _.~z.z

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desvio do normal. No entanto, mesmo depois de quase trinta
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ruas, avenidas, escolas, universidades, fábricas, lojas, escri- fl


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anos de modelo social, poucos são os cientistas sociais que
a

tórios, prédios e serviços públicos, enfim, todos os lugares :-


se dedicam ao tema dadeficiência. Já um campo onde os
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1
onde as pessoas estão, vão, vivem, trabalham e se divertem? 5-1
relatos sobre deficiência crescem é o das narrativas biográ-
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\ -ef"\ ficas e histórias-de-vida. São relatos de autores deficientes,
Nos anos 1960, por ser cego, tenBroek era proibido de não-deficientes ou cuidadores de deficientes?
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A importãnciadessas narrativas é que elas permitem que riu' mente, com a proteção dos direitos humanos, os deficientes
os não-deficientes seaproximem de um estilo de vida .
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se anunciam solfro signo da pluralidade e dadiversidade de
desconhecido. A verdade é que ai deficiência é mais do que s
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estilos de vida. É nesse novo marco teóricoe político que o
um enigma:é um desconhecido erroneamente descrito co-
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\7v»... tema da deficiência assumirá a centralidade da agenda das
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mo anormal, monstruoso ou trágico, mas que fará parte da “Íz«i:zi,%z
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políticas sociais ede proteção social nas próximas décadas.


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trajetória de vidade todas as pessoas que experimentarem


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os benefícios da civilização. Com o crescente envelhecimen- __ ;.=."1'.jz\¿›{v, ,_

to populacional, a categoria “deficiente” como expressão de


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Notas
uma “tragédia pessoal” perderá o sentido. Ser velho___é__e›@_e- V

rimentar oc ,p.oa Ser velho é viver sob um ordena- . ' ,___-.¡_


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1 - Ffvwcis, Leslie Pickering;siLvERs, Anita. Achieving the
mentospcial que oprimeo corpo deficiente? zzÍ~>oaff iii'
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right to live in the world: Americans with disabilities and
the civil rights tradition. ln: __. Americans wifhDisa-
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Essaredescrição da deficiência provocará uma revolução ÉW; -1 N.. .qi
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ina ideologia opressora do corpo deficiente. E o modelo . :~~_ ., .g._


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bilities: exploring implications of the law for individuals
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social oferece ferramentas analíticas e políticas para tornar fo


ti
and institutions. New York: Routledge, 2000. pp. xiii-xxx.
A 2 - TENBROEK, Jacobus. The right to live in the world: the disa-
j essa revolução ainda mais permanente. O novo desafio dos il

~ estudos sobre deficiência será o de não permitir que se per- bled in the law of the torts. 54 California Law Review.
. ca a força conceitual e política da categoria “deficiência”.i W a41.19ôô,p.91a.
Afirmarquea deficiência é um estilo de vida não significa
E
U1.
3 - Op. cit, p. 842.
igualá-la em termos políticos a outros estilos de vida dispo- 4 - ALBRECHT, Gary L.: SEELMAN, Katherine D.; Bunv, Michael.
,níveis Há algo de particular no modo de vida da deficiência, i z

i Introduction. ln: Handbook of Disability Studies.
que é o corpo com lesão. '
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London: Sage, 2001. pp. 1-10.


O corpo como instância de experiência da opressão foi í Í'; Í:Í:;ÍÍ¿¡\;=¿..Ê1i›_;;›.'.f›-'
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an exceptional child. New York: Vintage Books, 1996.
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ignorado pela primeirageração de teóricos do modelo social .',22,-'.ê*í.-:›Í;r¿{Ê;›'


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da deficiência. Porém, com as perspectivas pós-modernas e


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1._:;z:*-jr-,T=.?:*š;_í.› .i
sAcKs, Oliver W. Um Antropólogo em Marte: sete histórias
,_feministas, fica impossível esquecer que o corpo não é sim-
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f › ~ 'ÊY.íi?*í1:t..'››fí»
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f paradoxais. Sao Paulo: Companhia das Letras, 1995.
) plesmente as fronteiras físicas de nossos pensamentos. E
: .:,_\_|›',x¿ _.:
‹› '.›.í.*.'›í~› -.sí
Ponrioom, Giuseppe. Nascer duas vezes. São Paulo:
por meio do corpo que se reclama o direito de estar no mun- Companhia das Letras, 2002.
do. Os deficientes provocam o espanto pelo corpo, a surpre- 6 - iwsoainos, Marcelo; Diniz, Debora. Envelhecimento e Defi-
sa atávica que no passado fascinou os freai‹-shows.BAtual- _- -:_ _ .._.›
CÍÊHCÍE1- |0I CAMAPANQ A021 Amélia- MUÍÍ0 ãfëm ÕOS 50I OS
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novos idosos brasileiros. Rio deJaneiro: Ipea, 2004. pp.


107-120. _

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7 -DAvis,Lennard.ldentityPolitics,Disability, and Culture. ln:


ALBREcHT, Gary L_;sEELMAN, Katherine D.; Bunv, Michael.
Handbook of Disability Studies. London: Sage, 2001 _ pp. Sugestão de leitura
z i,-~
9535-545.
A 8 -THoMsoN, Bosemarie Garland (Ed_). Freakeiy: cultural specta- .vê
' cles of the extraordinary body. New York: New York
University Press, 1996 _
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Para uma leitura mais aprofundada, aobra de compi-


laçao mais completa disponível em língua inglesa sobreo
_ tema dos estudos sobre deficiência é: 4 .

ALBnEci-rr, Gary L.; SEELMAN, Katherine D.; BURY, Michael. Hand-


í book of Disability/Studies. London: Sage, 2001. 852p.

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eAi=‹NEs, Colin. Disability Studies: new or notso new directions?


Disability;& Society, v. 14, n. 4,pp. 577-580,' 1999.

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_.-__~_z__ .z
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The Disability Press,1997.
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BÉRUBÉ, Michael. Life as We Know lt: ,a father, a family, and
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an exceptional child. NewYork: Vintage Books, 1996.


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' Michael. Disability Studies: past, present and future. f :1 if. «if .
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