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Técnicas Experimentais em Química

Normas e Procedimentos
Nilton Roberto Fiorotto

Técnicas Experimentais em Química:


Normas e Procedimentos

1ª Edição

www.editoraerica.com.br

1
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Fiorotto, Nilton Roberto


Técnicas experimentais em química / Nilton Roberto Fiorotto. -- 1. ed. -- São Paulo : Érica, 2014.

Bibliografia.
ISBN 978-85-365-0731-6

1. Química - Experimentos 2. Química - Laboratórios I. Título.

14-01019CDD-540.724

Índices para catálogo sistemático:


1. Química experimental 540.724

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Coordenação Editorial: Rosana Arruda da Silva


Capa: Maurício S. de França
Edição de Texto: Beatriz M. Carneiro, Bruna Gomes Cordeiro, Carla de Oliveira Morais Tureta,
Juliana Ferreira Favoretto, Nathalia Ferrarezi, Silvia Campos
Ilustrações: Triall Composição Editorial Ltda.
Preparação de texto e Editoração: Know-How Editorial
Produção Editorial: Adriana Aguiar Santoro, Alline Bullara, Dalete Oliveira, Graziele Liborni,
Laudemir Marinho dos Santos, Rosana Aparecida Alves dos Santos,
Rosemeire Cavalheiro

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2 Técnicas Experimentais em Química: Normas e Procedimentos


Agradecimentos

Agradeço aos professores de Química da Escola Senai - Fundação Zerrenner.

3
Sobre o autor

Nilton Roberto Fiorotto é Licenciado em Química e Física pela Universidade de São Paulo (USP).
Leciona Química Analítica Instrumental no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial de
São Paulo (Senai-SP).
É parecerista Químico e Petroquímico do Conselho Estadual de Educação (CEE).

4 Técnicas Experimentais em Química: Normas e Procedimentos


Sumário

Capítulo 1 - Normas de Segurança................................................................................ 13


1.1 Segurança no laboratório químico..............................................................................................................13
1.2 Eliminação dos riscos do trabalho por meio de normas regulamentadoras (NR)...............................13
1.2.1 Acidentes e incidentes..........................................................................................................................14
1.3 Identificação para transportes de fluidos....................................................................................................17
1.4 Ficha de dados de segurança de materiais (FDSM)..................................................................................19
1.4.1 Como eu consigo as fichas de dados de segurança dos materiais?.................................................20
Agora é com você!................................................................................................................................................22

Capítulo 2 - Propagação e Combate ao Fogo.................................................................. 25


2.1 Conceitos básicos...........................................................................................................................................25
2.2 Triângulo do fogo...........................................................................................................................................26
2.3 Meios para extinção do fogo........................................................................................................................26
2.4 Classes de incêndio........................................................................................................................................27
2.5 Agentes extintores..........................................................................................................................................27
2.6 Aparelhos extintores......................................................................................................................................28
Agora é com você!................................................................................................................................................30

Capítulo 3 - Produtos Químicos e Biológicos.................................................................. 31


3.1. Cuidados básicos...........................................................................................................................................31
3.2 Produtos tóxicos.............................................................................................................................................32
3.2.1 Produtos corrosivos..............................................................................................................................32
3.2.2 Produtos químicos especiais................................................................................................................32
3.2.3 Produtos pirofóricos.............................................................................................................................32
3.3 Manipulação de líquido inflamável.............................................................................................................33
3.3.1 Manipulação de gelo seco e nitrogênio líquido.................................................................................33
3.4 Classes de produtos químicos oxidantes mais perigosos.........................................................................33
3.5 Armazenagem de produtos químicos.........................................................................................................34
3.6 Incompatibilidade entre produtos químicos..............................................................................................34
3.7 Substâncias tóxicas.........................................................................................................................................35
Agora é com você!................................................................................................................................................43

Capítulo 4 - Equipamentos e Vidrarias de Laboratório...................................................... 47


4.1 Balança analítica............................................................................................................................................47
4.1.1 Outras balanças.....................................................................................................................................47

5
4.2 Aparelhagem em geral...................................................................................................................................48
4.2.1 Vidraria...................................................................................................................................................49
4.3 Aparelhagens de porcelana...........................................................................................................................51
4.3.1 Aparelhagens de sílica fundida............................................................................................................52
4.4 Aparelhagens de plástico...............................................................................................................................52
4.5 Aparelhagens de metal..................................................................................................................................52
4.6 Dessecadores e câmaras secas......................................................................................................................53
4.7 Aparelhagens para agitação..........................................................................................................................54
4.8 Aparelhagens para filtração..........................................................................................................................54
4.9 Materiais mais usados em laboratórios.......................................................................................................54
Agora é com você!................................................................................................................................................57

Capítulo 5 - Técnicas Básicas de Laboratório................................................................. 59


5.1 Processos mecânicos de separação..............................................................................................................59
5.2 Processos físicos de separação.....................................................................................................................61
5.2.1 Destilação simples.................................................................................................................................61
5.2.2 Destilação por arraste de vapor...........................................................................................................62
5.2.3 Destilação fracionada ..........................................................................................................................63
5.3 Aquecimento sobre refluxo...........................................................................................................................63
5.4 Titulação..........................................................................................................................................................64
5.5 Extração..........................................................................................................................................................65
Agora é com você!................................................................................................................................................66

Capítulo 6 - Calibração de Vidrarias.............................................................................. 67


6.1 Limpeza de aparelhagem de vidro...............................................................................................................67
6.2 Calibração de aparelhagem graduada.........................................................................................................68
6.2.1 Balões aferidos.......................................................................................................................................68
6.2.2 Pipetas.....................................................................................................................................................68
6.2.3 Buretas....................................................................................................................................................68
Agora é com você!................................................................................................................................................70

Capítulo 7 - Elaboração de Relatórios Técnicos............................................................... 71


7.1 Relatórios........................................................................................................................................................71
7.2 Roteiro.............................................................................................................................................................72

Capítulo 8 - Planejamento de Experimentos.................................................................... 73


8.1 Conceitos básicos...........................................................................................................................................73
8.2 Escolha da unidade experimental................................................................................................................74

6 Técnicas Experimentais em Química: Normas e Procedimentos


8.3 Escolha das variáveis a serem medidas.......................................................................................................74
8.4 Como selecionar o método...........................................................................................................................74
8.5 Interferências e procedimentos para evitar interferências.......................................................................75
8.6 Tratamento de dados.....................................................................................................................................76
8.7 Estatística - Introdução à quimiometria.....................................................................................................77
8.7.1 Limitações dos métodos analíticos.....................................................................................................77
8.7.2 Tipos de erros........................................................................................................................................77
8.7.3 Como reduzir os erros sistemáticos....................................................................................................78

Capítulo 9 - Instalação e Leiaute de Laboratórios............................................................ 81


9.1 Conceitos básicos...........................................................................................................................................81
9.2 Objetivos de um projeto de leiaute..............................................................................................................81
9.3 Aspectos de um bom arranjo físico.............................................................................................................82
9.3.1 Espaço físico..........................................................................................................................................82
9.3.2 Janelas.....................................................................................................................................................82
9.3.3 Portas......................................................................................................................................................83
9.3.4 Paredes....................................................................................................................................................83
9.3.5 Pisos........................................................................................................................................................83
9.3.6 Bancadas.................................................................................................................................................83
9.3.7 Pias e sifões............................................................................................................................................84
9.3.8 Armários................................................................................................................................................84
9.3.9 Área quente............................................................................................................................................84
9.3.10 Área de armazenagem........................................................................................................................84
9.4 Produtos incompatíveis normalmente são armazenados separadamente.............................................85
9.5 Equipamentos de proteção coletiva.............................................................................................................86
9.6 Exaustão..........................................................................................................................................................86
9.6.1 Capelas de uso geral..............................................................................................................................86
9.6.2 Capelas do tipo walk-in........................................................................................................................87
9.6.3 Capelas de ácido perclórico.................................................................................................................87
9.6.4 Capelas de fluxo laminar......................................................................................................................87
9.6.5 Capelas especiais...................................................................................................................................88
9.7 Chuveiros e lava-olhos de emergência........................................................................................................88
9.8 Manta corta-fogo...........................................................................................................................................88
9.9 Medidas de combate a incêndio...................................................................................................................88
9.10 Manutenção periódica................................................................................................................................88
9.11 Treinamento periódico...............................................................................................................................89

7
9.12 Almoxarifado...............................................................................................................................................89
9.13 Sinalização apropriada das áreas de maior risco.....................................................................................89
9.14 Alguns rótulos de riscos e painéis de segurança......................................................................................89
Agora é com você!................................................................................................................................................90

Capítulo 10 - Manutenção e Organização de Laboratórios Químicos e Biológicos................ 91


10.1 Conceitos básicos.........................................................................................................................................91
10.2 Aquisição e armazenamento de reagentes químicos...............................................................................91
10.3 Descarte de materiais..................................................................................................................................92
10.4 Resíduos........................................................................................................................................................93
10.5 Procedimentos e cuidados a serem adotados para rejeito de substâncias tóxicas..............................93
10.5.1 Descarte de gases ou vapores do laboratório................................................................................94
10.5.2 Descarte de líquidos.........................................................................................................................94
10.5.3 Resíduos sólidos no laboratório......................................................................................................95
10.6 Noções sobre infecção e contaminação....................................................................................................95
10.7 Agentes químicos.........................................................................................................................................96
10.8 Produtos químicos.......................................................................................................................................97
10.9 Noções de toxicologia...............................................................................................................................100
10.10 Classificação de substâncias tóxicas......................................................................................................100
10.11 Vias de penetração dos agentes químicos............................................................................................101
10.12 Toxicidade de produtos químicos..........................................................................................................101
10.12.1 Ácidos...............................................................................................................................................101
10.12.2 Bases.................................................................................................................................................102
10.12.3 Solventes...........................................................................................................................................102
10.12.4 Metais pesados................................................................................................................................103
10.13 Controle de reagentes, vidrarias e manutenção de equipamentos....................................................103

Capítulo 11 - Normalização........................................................................................ 105


11.1 Importância................................................................................................................................................105
11.2 Objetivos da normalização.......................................................................................................................106
11.3 Impactos da normalização........................................................................................................................107
11.4 Benefícios da normalização......................................................................................................................107
11.5 Princípios da normalização......................................................................................................................108
11.6 Uso das normas..........................................................................................................................................109
11.7 Voluntariedade das normas......................................................................................................................109
11.8 Normalização no Brasil.............................................................................................................................110
11.8.1 O processo de elaboração das normas brasileiras (NBR)............................................................111

8 Técnicas Experimentais em Química: Normas e Procedimentos


11.8.2 Atual modelo de normalização.......................................................................................................112
Agora é com você!..............................................................................................................................................114

Capítulo 12 - Normas Técnicas.................................................................................. 115


12.1 Conceitos básicos.......................................................................................................................................115
12.2 Tipos de normas........................................................................................................................................116
12.2.1 Procedimento....................................................................................................................................117
12.2.2 Especificação......................................................................................................................................117
12.2.3 Padronização.....................................................................................................................................117
12.2.4 Terminologia.....................................................................................................................................118
12.2.5 Simbologia.........................................................................................................................................118
12.2.6 Classificação.......................................................................................................................................118
12.2.7 Método de ensaio..............................................................................................................................119
12.3 Utilização de normas de outros países....................................................................................................119
12.4 Níveis de normas.......................................................................................................................................120
12.4.1 Normalização empresarial...............................................................................................................120
12.4.2 Normalização nacional.....................................................................................................................120
12.4.3 Normalização regional.....................................................................................................................121
12.4.4 Normalização internacional............................................................................................................121
12.5 Normas ISO Série 9000/94 e 2000...........................................................................................................121
Agora é com você!..............................................................................................................................................122

Capítulo 13 - Legislação............................................................................................ 123


13.1 Conceitos básicos.......................................................................................................................................123
13.2 Atos legais (relacionados ao INMETRO)...............................................................................................124
13.3 Registro de acidentes e incidentes...........................................................................................................125
Agora é com você!..............................................................................................................................................126

Bibliografia.............................................................................................................. 127

9
10 Técnicas Experimentais em Química: Normas e Procedimentos
Apresentação

O trabalho de laboratório é essencial no estudo da Química.


No laboratório químico, diversos utensílios e equipamentos são feitos dos mais diferentes
mate­riais: vidro, metal, cerâmica, plástico etc. Todo material tem limitações físicas e químicas, e os
utensílios de laboratório possuem determinada finalidade. O uso inadequado de materiais, no labo-
ratório, desrespeitando suas peculiaridades, pode resultar não somente no fracasso do experimento,
gerando perda parcial ou total do material, como também em acidentes desagradáveis com danos
pessoais. Antes de ir ao laboratório, você deve familiarizar-se com a experiência a ser realizada. Leia
as ins­truções sobre como fazer relatórios dos trabalhos de laboratório e também as normas de segu-
rança a serem tomadas para quem trabalha num laboratório. Use o bom senso e verá que há sempre
oportu­nidade para a criatividade e a inovação.
O objetivo deste livro é apresentar informações essenciais sobre as Técnicas Experimentais em
Química. Comenta sobre o uso de alguns equipamentos básicos de laboratório e as manipulações
associadas às medidas químicas; os fatores que podem prevenir ou evitar a propagação do fogo; nor-
mas de segurança no uso de produtos químicos e biológicos.
Aborda as funções dos principais utensílios de laboratório, técnicas básicas de misturas e pro-
cesso de separação, calibração de vidrarias, elaboração de relatórios, planejamento de experimentos,
leiaute dos espaços físicos, manutenção e organização dos laboratórios e a importância da aplicação
das normas técnicas.

O autor

11
12 Técnicas Experimentais em Química: Normas e Procedimentos
1
Normas de
Segurança

Para começar

Neste capítulo, você aprenderá sobre alguns equipamentos básicos de laboratório e as manipu-
lações associadas às medidas químicas. A química analítica engloba desde os procedimentos químicos
simples por “via úmida” até métodos instrumentais elaborados.

1.1 Segurança no laboratório químico


Os experimentos químicos, assim como dirigir um automóvel ou utilizar um aparelho domés-
tico, envolvem riscos. A regra básica de segurança é familiarizar-se com os perigos e não fazer algo
que você (ou o seu professor) considere perigoso.
Lembre-se de que o trabalho no laboratório químico é potencialmente perigoso em razão da
toxicidade e da inflamabilidade de inúmeras substâncias utilizadas nas experiências, mas é também
a melhor (se não a única) oportunidade para observar na prática as transformações, regularidades e
leis estudadas na teoria. Para aproveitar tudo o que o laboratório químico pode oferecer, basta seguir
as normas de segurança.

1.2 Eliminação dos riscos do trabalho por meio


de normas regulamentadoras (NR)
Com o surgimento da qualidade do produto, da globalização e da estabilização econômica, a
área de saúde e segurança do trabalho passa por uma renovação, que começa com a revisão de nor-
mas regulamentadoras.

13
O marco dessa revolução às normas de saúde e segurança do trabalho deu-se com a vinda das
NR-7 e 9, editadas em dezembro de 1994 pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Assim,
essas normas passaram a ser o eixo central do prevencionismo no Brasil.
A partir da publicação da Portaria n. 393, de abril de 1996, também pelo MTE, desenca­
deou-se um processo de modernização na implantação de programas para eliminação de riscos nos
ambientes de trabalhos.
Essa Portaria estabeleceu metodologia para elaboração de normas regulamentadoras e revi-
são das já existentes (chamada de NR zero) e consiste, basicamente, na adoção do Sistema Tripartite
Paritário (governo, trabalhadores e empregadores).
Sabemos que a prevenção de acidentes não se faz, sim-
plesmente, com a aplicação de normas, porém elas indicam o
A segurança em atividades desenvolvidas
caminho obrigatório e determinam limites de ação. Para que
em um laboratório químico é um assunto­
alcancemos, em plenitude, os recursos existentes na legisla- tão importante quanto extenso. Alguns
ção, é necessário conhecer seus meandros e possibilidades e, itens elementares devem ser observados
com isso, eliminar, ao máximo, o risco no ambiente de traba- nesses trabalhos:
lho, conforme as considerações a seguir: 1) Os acidentes não acontecem, são
causados.
1) A todo o momento, qualquer pessoa pode interfe- 2) O seu primeiro acidente pode ser o
rir no processo de elaboração ou alteração de uma último.
norma regulamentadora e realizar ajustes em sua 3) Siga as normas de segurança esta-
aplicação por meio de acordos coletivos. belecidas.
4) Na dúvida, consulte os manuais e as
2) A NR zero, Portaria n. 393/96, estabelece a meto- Fichas de Informações de Segurança
dologia para elaboração e/ou revisão de NR e prevê de Produto Químico.
a publicação de um texto elaborado por um grupo
técnico, constituído, especialmente, para revisão ou
elaboração de um tema específico, para que todas as pessoas interessadas possam opinar
sobre o assunto. Após a análise de todas as propostas, que ficarão devidamente arquiva-
das na Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho (SSST), o referido texto, conveniente-
mente alterado, é como uma Portaria aprovada.
3) Outro recurso disponível, para que se possa interferir na aplicação da NR em determi-
nadas atividades econômicas, é dado pela Portaria n. 865/95, em que se estabelecem cri-
térios de fiscalização de condições de trabalho constantes de convenções ou de acordos
coletivos de trabalho, permitindo que trabalhadores e empregadores alterem a aplicação
dos itens constantes na NR, desde que isso não implique aumento dos riscos nos ambien-
tes de trabalho. Cabe aos órgãos regionais do MTE receber esses acordos para fins, exclu-
sivamente, de depósitos, vedada a apreciação de méritos e dispensada a publicação no
Diário Oficial da União.

1.2.1 Acidentes e incidentes


A identificação de acidentes e incidentes é, em muitos casos, complexa. Deve-se ter em mente
que o mais importante é definir e normalizar as atividades próprias do local, rotineiras, possíveis e

14 Técnicas Experimentais em Química: Normas e Procedimentos


esperadas, bem como os aspectos associados. Os acidentes e/ou incidentes se constituem no con-
junto de fatos ou ocorrências que causem dano às pessoas (acidentes), a equipamentos, às rotinas
preestabelecidas, ou que causem interferências nas atividades rotineiras (incidentes). Os principais
casos devem estar classificados e descritos em normas específicas gerais para o departamento e/ou
setor (laboratórios ou outras instalações).

Em princípio, tudo o que não possa ser enquadrado dentro das definições e normas deve ser
registrado. Esse registro precisa ser analisado por pessoa ou comissão responsável, que o identificará
o mais detalhadamente possível. Dependendo da natureza, serão realizados estudos para normaliza-
ção ou, em caso de erros ou violações, ações de correção.

A causa primária de acidentes ou incidentes pode ser interna (associada ao trabalho do Depar-
tamento de Química) ou externa (associada a condições externas ao Departamento). Mesmo no caso
de causas externas, se estiverem envolvidos setores, instituições, pessoas etc., cuja relação seja de
interesse do Departamento, elas deverão ser analisadas pela comissão ou pelo responsável, que emi-
tirá parecer, buscando minimizar a ocorrência do fato. Inclui-se, nesse caso, a saúde do trabalhador
de forma ampla e, além das condições ocupacionais, clientes externos e ocultos (familiares, órgãos
governamentais de controle e fiscalização, entidades privadas, órgãos de comunicação etc.).

1.2.1.1 Segurança, ética no manuseio de produtos químicos e de resíduos


Em um laboratório de química existe o risco de acidentes em razão da presença de substâncias
tóxicas, inflamáveis e explosivas. Portanto, deve ser equipado com extintores de incêndio, lava-olhos,
chuveiro de segurança, saída de emergência e uma farmácia de primeiros socorros. Desse modo, é
imprescindível que alunos, técnicos e professores conheçam as normas de segurança e sigam as ins-
truções para o trabalho no laboratório:

1) Antes de começar a trabalhar em determinado laboratório, é importante que estar familia-


rizado com suas normas de segurança.

2) Nunca trabalhe sozinho no laboratório.

3) Use sempre avental limpo e justo, que deve ser branco, de algodão (o nylon, em caso de
acidente com fogo, gruda na pele), de mangas compridas e até os joelhos.

4) Use sapatos fechados.

5) Use óculos de proteção, luvas apropriadas e máscaras sempre que as situações exigirem.

6) Mantenha os cabelos, quando forem compridos, devidamente amarrados.

7) Lave as mãos com frequência durante o trabalho laboratorial, proteja feridas expostas e
evite o manuseio dos aparelhos elétricos com as mãos úmidas.

8) Não coma ou beba nada no laboratório, para evitar o perigo de contaminação com subs-
tâncias tóxicas.

Normas de Segurança 15
9) Não fume no laboratório, em razão do perigo de contaminação com substâncias tóxicas e
da presença de inúmeras substâncias inflamáveis.

10) Pesquise as propriedades físicas e a toxidez das substâncias que serão utilizadas antes de
iniciar o experimento.

11) Crie o hábito de ler, atentamente, o rótulo dos frascos antes de manusear qualquer subs-
tância, a fim de obter informações adicionais e tomar conhecimento dos riscos e cuidados
necessários na sua utilização.

12) Faça um planejamento cuidadoso da experiência antes de iniciar qualquer trabalho no


laboratório, verificando o procedimento e as precauções que devem ser tomadas para evi-
tar acidentes.

13) Não deixe aberto o frasco das substâncias que estão sendo utilizadas no experimento.

14) Verifique o estado de conservação das tubulações de gás, instalações elétricas e de todo
material existente no laboratório, que deve passar por revisões periódicas.

15) Cuide da limpeza adequada do material utilizado, para não contaminar as substâncias
com impurezas que prejudicarão o resultado de futuras experiências.

16) Nunca manuseie ou deixe frascos com substâncias inflamáveis próximos à chama.

17) Evite qualquer contato das substâncias utilizadas com a pele.

18) Nunca prove ou cheire, diretamente, soluções ou substâncias utilizadas na experiência.

19) Ao testar o odor de uma substância, não coloque o frasco sob o nariz.

20) Use a capela em experiências em que ocorra a liberação de gases ou vapores.

21) No aquecimento de um tubo de ensaio com qualquer substância, não dirija a extremidade
aberta na própria direção ou na direção lateral.

22) Não utilize lentes de contato.

23) Não jogue nenhum material sólido dentro de pias. Observe sempre a maneira correta de
descartar as substâncias utilizadas ou obtidas em uma experiência.

24) Nunca pipete líquidos com a boca, utilizando para isso aparelhos apropriados, como pera
e macrocontrolador de pipetas (a única exceção é a água destilada).

25) Sempre que for necessária a diluição de um ácido concentrado, adicione-o, lentamente, à
água. Nunca faça o contrário.

26) Após o experimento, cuide da limpeza da bancada e da aparelhagem utilizada.

16 Técnicas Experimentais em Química: Normas e Procedimentos


27) Todos os acidentes que venham a ocorrer e que resultem em incêndios, ferimentos ou
prejuízos, por menores que sejam, devem ser comunicados de imediato ao responsável,
para que possam ser investigados e mencionados em um relatório, de modo a contribuí-
rem para a aprendizagem e prevenção futuras.

Fique de olho!

Óculos de proteção ou de segurança, com proteções laterais, são obrigatórios em todos os laboratórios.

A preservação do nosso meio ambiente exige que minimizemos a produção de resíduos e que estes sejam descartados de
maneira responsável.

1.2.1.2 Cores e símbolos de segurança


A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), pela Portaria n. 3.214/78 do MTE, esta-
belece o seguinte código para o uso de cores em áreas de risco. Vamos conhecê-las?
1) Branco: assinala corredores de circulação, bebedouros e áreas próximas a equipamentos
de emergência.
2) Preto: identifica coletores de resíduos.
3) Amarelo-ouro: indica cuidado; é usado em corrimãos, parapeitos, diferenças de níveis,
partes salientes, cavaletes, empilhadeiras, placas de aviso.
4) Laranja: indica perigo; é usado para identificar partes móveis e perigosas de máquinas e
equipamentos.
5) Verde-folha: caracteriza segurança; é usado em portas de atendimento de urgência e deli-
mitação de áreas de descanso.
6) Azul-real: indica cuidado quanto a fontes de energia (não acione) e também uso obrigató-
rio de equipamento de proteção individual (EPI).
7) Vermelho: indica equipamento de proteção e combate a incêndios e portas e saídas de
emergência.

1.3 Identificação para transportes de fluidos


Por razão de segurança, as tubulações costumam ser pintadas de cores indicativas do fluido
que está sendo transportado, ou pelo menos, do seu tipo e periculosidade. Cada fluido é associado a
uma cor ou combinação de faixas coloridas. Com base em normas e na prática industrial é sugerido
o seguinte esquema de cores:
»» Alumínio: gases liquefeitos inflamáveis/combustíveis de baixa viscosidade.
»» Amarelo: gases não liquefeitos (fluido perigoso).

Normas de Segurança 17
»» Azul: ar-comprimido (fluido de proteção).
»» Bege: produtos explosivos.
»» Bordô: acetileno.
»» Branco: vapor.
»» Cinza: linhas de vácuo.
»» Cinza-azulado: amônia.
»» Cinza-claro: gás carbônico.
»» Laranja: ácidos.
»» Lilás: álcalis.
»» Marrom: solventes.
»» Preto: óleo combustível.
»» Roxo: fluido muito valioso.
»» Verde-claro: água potável (fluido seguro).
»» Verde-escuro: água industrial.
»» Vermelho: água de incêndio.

Fique de olho!

É indispensável o conhecimento das seguintes normas regulamentadoras:

NBR 54 - Cores Fundamentais para Canalizações Industriais (ABNT).

NBR 76 - Cores de Segurança do Trabalho (ABNT).

NR 26 - Sinalização de Segurança (MTE).

Para alertar, rapidamente, as pessoas sobre o perigo iminente que algumas substâncias repre-
sentam, nos laboratórios, nas indústrias e nas estradas (quando estão sendo transportadas), foram
criados seis símbolos de segurança referentes a seis classes de periculosidade.

Conhecer o significado desses símbolos e poder identificá-los no rótulo de uma substância


ou na carroceria de um caminhão, por exemplo, é um passo importante para prevenir acidentes.
É importante saber que muitas substâncias pertencem a mais de uma dessas classes. Quando isso
ocorre, por convenção, o número de símbolos de segurança é limitado a dois. Quando dois símbolos
são utilizados simultaneamente, um é o símbolo para a classe I, II ou III e o outro é o símbolo para a
classe IV ou V.

O Quadro 1.1, a seguir, relaciona os símbolos de segurança em função da periculosidade das


substâncias e/ou misturas.

18 Técnicas Experimentais em Química: Normas e Procedimentos


Quadro 1.1 - Símbolos de segurança
Substâncias Classe Definição e exemplos

Explosivas Classe I Substâncias e misturas que explodem em contato com chama, ou que são
ou instáveis sensíveis a choques e fricções (atrito). Exemplos: picratos (dos fogos de artifício),
azidas, trinitrotolueno (TNT).

Comburentes Classe II Substâncias e misturas que dão origem a reações fortemente exotérmicas quando
e/ou oxidantes em contato com outras substâncias. Exemplos: ácido nítrico fumegante, clorato de
potássio, perclorato de potássio.

Inflamáveis Classe III Nessa classe, estão inclusas: substâncias com ponto de inflamação inferior a 21 ºC;
substâncias que podem aquecer e inflamar-se ao ar em temperatura ambiente
(sem fornecimento externo de energia); substâncias e misturas sólidas que possam
inflamar-se facilmente por um breve contato com uma fonte de inflamação e que
continuam a queimar após o afastamento desta; substâncias e misturas gasosas
que sejam inflamáveis ao ar sob pressão normal; substâncias e misturas que, em
contato com a água ou o ar úmido, desenvolvam gases inflamáveis em quantida-
des perigosas. Exemplos: hidrocarbonetos, metais alcalinos, fósforo branco.

Irritantes Classe IV Substâncias e misturas que, por contato imediato, prolongado ou repetido com
ou nocivos a pele e as mucosas, possam provocar reação inflamatória, doenças ligeiras ou
efeitos de gravidade limitada sobre a pele, os olhos e os órgãos respiratórios.
Exemplos: iodo, clorofórmio.

Tóxicas Classe V Substâncias ou misturas que apresentam riscos de envenenamento agudo ou


crônico por inalação ou via cutânea e que possam provocar riscos graves, ime-
diatos ou tardios, perturbações nos processos de reprodução, ou mesmo a morte.
Exemplo: piridina, óxido de chumbo, benzeno, fenol.

Corrosivas Classe VI Substâncias e misturas que destroem o tecido vivo ou o equipamento quando
em contato com estes. Exemplos: fenol, dicromato de potássio, ácido sulfúrico
concentrado.

Radioativas Classe VII Substâncias ou misturas que emitem radiações que podem originar câncer ou
aumentar a sua frequência e também causar perturbações nos processos de
reprodução, incluindo esterilidade ou danos ao código genético que provoquem
mutações nos descendentes.

Fonte: Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb).

1.4 Ficha de dados de segurança de materiais (FDSM)


A ficha de segurança é um documento com informações detalhadas sobre a natureza de um pro-
duto químico e seus riscos potenciais (saúde, incêndio, reatividade, ambiental) e como trabalhar, com
segurança, com ele. Contém informações sobre os procedimentos de uso, armazenamento, manuseio e
de emergência relacionados a todos os perigos do produto químico. É elaborada pelo fabricante ou forne-

Normas de Segurança 19
cedor, informando os seus perigos, uso de forma correta, reconhecimento dos sintomas de superexposição,
consequências se as recomendações não forem seguidas e os procedimentos se tais acidentes ocorrerem.
No Brasil, é conhecida como ficha de informações de segurança de produto químico (FISPQ) e entrou
em vigor em janeiro de 2002, por meio da norma ABNT - NBR 14725.

Amplie seus conhecimentos

Para saber mais sobre o histórico das definições das fichas de segurança de produtos químicos, acesse o link
<http://www.crq4.org.br/?p=informativo_mat.php&id=354> e leia o texto de Maria Silvia Martins de Souza intitulado
“Fichas de Informação de Segurança de Produto Químico”.

1.4.1 Como eu consigo as fichas de dados de segurança


dos materiais?
Normalmente, podemos solicitá-las aos fornecedores. Em um departamento de química, reco-
mendamos o contato com o supervisor de laboratório. Certifique-se de que as fichas estão disponí-
veis antes de iniciar o trabalho com a substância. A informação contida nelas pode ser usada para
assegurar que a substância é utilizada, manipulada, estocada de forma segura e que atende às normas
para proteção da saúde e da segurança de todas as pessoas expostas a ela.
Veja no Quadro 1.2 e nos parágrafos seguintes um exemplo das informações contidas em uma
ficha de segurança.

Quadro 1.2 - Modelo de FISPQ


FICHA DE INFORMAÇÕES DE SEGURANÇA
CIA. XXX
DE PRODUTOS QUÍMICOS (FISPQ)

Nome do produto Telefone Fispq n. Pág. Data

Cloro Liquefeito xxxxxxxx xxxxxxxx xx/xx xx/xx/xx

1. Identificação do produto e da empresa

Nome do produto: cloro liquefeito

Código interno de identificação do produto: xxxx

Nome da empresa: Cia. xxxxxxxxxxxxxxxxx

Endereço: xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Telefone da empresa: xxxxxxxx

Telefone para emergências: xxxxxxxx

Fax: xxxxxxxx

E-mail: xxxxxxxxxxxx

2. Composição e informações sobre os ingredientes

Substância: cloro liquefeito

Nome químico comum ou genérico: não aplicável

Sinônimo: cloro gás

Registro no Chemical Abstrat Service (n. CAS): 1310-73-2

20 Técnicas Experimentais em Química: Normas e Procedimentos


3. Identificação de perigos

»» Perigos mais importantes: o cloro gás é um irritante primário das vias respiratórias.

»» Efeitos do produto

»» Efeitos adversos à saúde humana: líquido e gás perigosos sob pressão. Em altas concentrações, pode causar pneumonia e mesmo
morte. Causa severa irritação das vias respiratórias. O líquido pode queimar a pele e os olhos.

»» Efeitos ambientais: polui os rios, a flora, o solo, o ar e prejudica a fauna. Produto altamente tóxico.

»» Perigos físicos e químicos: a velocidade de reação do cloro com a maioria dos metais aumenta rapidamente acima da temperatura
crítica do metal.

»» Perigos específicos: o cloro reage com os compostos orgânicos tanto ou mais que com os inorgânicos para formar derivados clorados e
cloreto de hidrogênio. Algumas reações podem ser explosivas, nas quais se incluem as com hidrocarbonetos. O cloro reage vigorosa-
mente com a amônia.

4. Principais sintomas

»» Olhos: pode causar irritação extrema e/ou queimaduras.

»» Pele: pode causar irritação local e/ou queimaduras.

»» Ingestão: não aplicável.

»» Inalação: forte irritação às membranas mucosas das vias respiratórias. Em altas concentrações, pode ocorrer morte por sufocação ou
pneumonia química.

5. Classificação do produto químico: gás tóxico.

6. Visão geral de emergências: afaste, se possível, o veículo para lugar sem trânsito; sinalize, evacue e isole a área; não jogue água no
vazamento.

7. Medidas de controle para derramamento ou vazamento

»» Precauções pessoais

»» Remoção de fontes de ignição: não aplicável.

»» Controle de poeira: não se aplica.

»» Prevenção da inalação e do contato com a pele, mucosas e olhos: usar botas, roupas e luvas impermeáveis, óculos de segurança
hermética para produtos químicos, proteção respiratória e roupa adequada.

»» Precauções ao meio ambiente

»» Sistemas de alarme: avise imediatamente a companhia responsável, a Polícia Rodoviária, o Corpo de Bombeiros, os órgãos de
meio ambiente, a Defesa Civil e o Pró-Químico/Abiquim.

»» Métodos para limpeza

»» Recuperação: controlar o vazamento para evitar perda do material para a atmosfera.

»» Neutralização: não aplicável.

»» Disposição: caso seja possível absorver o produto, essa absorção deve ser feita com solução alcalina, soda cáustica (NaOH),
potassa cáustica (KOH), cal etc.

»» Prevenção de perigos secundários: deve-se, sempre, seguir os regulamentos federais, estaduais e locais.

Normas de Segurança 21
Fique de olho!

Além de reduzir os riscos de acidentes e intoxicação, é necessário estar atento à possibilidade de contaminações por
substâncias que possam interferir nos resultados analíticos. Uma maneira para evitar essas contaminações é manter ves-
tuário, bancadas e materiais rigorosamente limpos. Dentro dos limites do bom senso, ao se trabalhar no laboratório, deve-
-se considerar toda substância como potencialmente perigosa e evitar contatos diretos, seja por inalação, por ingestão ou
por contato com a pele.

Vamos recapitular?

Neste capítulo, você aprendeu que o laboratório é um dos principais locais de trabalho do quí-
mico. Existe certo risco associado ao trabalho em laboratórios de química de um modo geral, uma vez
que os indivíduos ficam mais frequentemente expostos a situações potencialmente perigosas.

Os principais acidentes em laboratórios de química se devem a ferimentos provocados pela


quebra de peças de vidro ou por contato com substâncias cáusticas, incêndios com líquidos inflamá-
veis etc. É preciso, então, planejar, cuidadosamente, o trabalho a ser realizado e proceder, adequada-
mente, no laboratório, a fim de minimizar riscos. Deve-se também sempre procurar conhecer as pro-
priedades toxicológicas das substâncias com que se trabalha, em termos agudos e crônicos, e, caso
as substâncias sejam desconhecidas, devem-se tomar os cuidados necessários para evitar eventuais
intoxicações.

Agora é com você!

1) (Enem) Produtos de limpeza, indevidamente guardados ou manipulados, estão entre


as principais causas de acidentes domésticos. Leia o relato de uma pessoa que perdeu
o olfato por ter misturado água sanitária, amoníaco e sabão em pó, durante a limpe-
za de um banheiro.
“A mistura ferveu e começou a sair uma fumaça asfixiante. Não conseguia
respirar e meus olhos, nariz e garganta começaram a arder de maneira insu-
portável. Saí correndo à procura de uma janela aberta para poder respirar”.
O trecho entre aspas poderia ser reescrito, em linguagem científica, da seguinte forma:
a) As substâncias químicas presentes nos produtos de limpeza evaporaram.
b) Com a mistura química, houve produção de uma solução aquosa asfixiante.
c) As substâncias sofreram transformações pelo contato com o oxigênio do ar.

22 Técnicas Experimentais em Química: Normas e Procedimentos


d) Com a mistura, houve transformação química, que produziu, rapidamente,
gases tóxicos.
e) Com a mistura, houve transformação química, evidenciada pela dissolução de
um sólido.
2) (Enem) Entre os procedimentos recomendados para reduzir acidentes com produtos
de limpeza, aquele que deixou de ser cumprido, na situação discutida no exercício
anterior, foi:
a) Não armazene produtos em embalagens de natureza e finalidade diferentes das
originais.
b) Leia atentamente os rótulos e evite fazer misturas cujos resultados sejam desco-
nhecidos.
c) Não armazene produtos de limpeza e substâncias químicas em locais próximos
a alimentos.­
d) Verifique, nos rótulos das embalagens originais, todas as instruções para os primei-
ros socorros.
e) Mantenha os produtos de limpeza em locais absolutamente seguros, fora do
alcance de crianças.
3) Trabalho no laboratório de química é potencialmente perigoso por causa da toxi-
cidade e inflamabilidade de inúmeras substâncias utilizadas nas experiências, mas
também é a melhor (se não a única) oportunidade de observar, na prática, as trans-
formações, regularidades e leis estudadas na teoria.
Para o cientista, o laboratório também é a melhor forma de desenvolver ou confir-
mar uma teoria sobre determinado fenômeno.
Para aproveitar tudo o que um laboratório de química pode oferecer sem correr ris-
cos, basta seguir as normas de segurança. Em relação a essas normas de segurança,
assinale a alternativa falsa.
a) É importante cuidar o tempo todo da limpeza do material utilizado para não
contaminar as substâncias com impurezas.
b) Qualquer experiência que libere gases ou vapores deve ser feita na capela.
c) É imprescindível respeitar a maneira correta de descartar os rejeitos de uma
experiência para não prejudicar o meio ambiente e a população em geral.
d) Um dos métodos mais utilizados para identificar uma substância obtida expe-
rimentalmente é testar, diretamente, suas propriedades organolépticas, como
cheiro e gosto.
e) Fazer um relatório sobre qualquer acidente que ocorra no laboratório, por
menor que pareça, é uma maneira de prevenir futuros acidentes.

Normas de Segurança 23
4) As substâncias devem ser manipuladas de forma adequada em locais que permitam
ao operador a segurança pessoal e do meio ambiente. Cite dois riscos químicos aos
cuidados com as seguintes substâncias:
a) substâncias tóxicas.
b) substâncias explosivas.
c) substâncias oxidantes.
d) substâncias irritantes.

24 Técnicas Experimentais em Química: Normas e Procedimentos


2
Propagação e
Combate ao Fogo

Para começar

Neste capítulo, você aprenderá que há uma série de fatores que podem prevenir ou evitar a propa-
gação do fogo e que, para que haja fogo, é necessária a associação de três elementos essenciais, denomi-
nada “triângulo do fogo”. Aprenderá também alguns métodos de combate ao fogo.

2.1 Conceitos básicos


Para que haja fogo, é necessária a associação de três ele-
mentos essenciais: o combustível (madeira, tecido, plástico,
fibras, couro, gasolina, éter, álcool etc.); o comburente (oxi-
gênio); e o calor ou temperatura de ignição. A combinação Fogo significa materiais combustíveis que
desses elementos, em determinadas proporções, é denomi- se transformam e combinam com o oxi-
nada “triângulo do fogo”. Nessas condições, a extinção de um gênio do ar, produzindo calor e chamas.
incêndio pode ser feita pela retirada do combustível ou pela
expulsão do oxigênio (quando o fogo é resfriado pela água).
Para a transformação do combustível em fogo, na presença de oxigênio, deve ser levado em
consideração o ponto de fulgor (temperatura na qual os vapores do combustível se inflamam com
a aproximação de chama ou centelha, porém a chama não se sustenta). Acima de tal temperatura,
temos o ponto de combustão (temperatura na qual os vapores ou gases desprendidos do combustível
entram em combustão sem a necessidade da presença de chamas ou centelhas).

25
2.2 Triângulo do fogo
A intensidade de um incêndio é medida em função do calor produzido e depende de uma
série de fatores. Podemos extinguir um incêndio pela remoção de um dos três elementos que com-
põem o triângulo de fogo.
Como já mencionamos, três fatores são necessários para que se inicie ou haja fogo. São eles:
1) Combustível: elemento que alimenta o fogo e que serve como campo para sua propaga-
ção. Por exemplo, madeira etc.
2) Comburente: elemento ativador do fogo, dá vida às chamas. O comburente mais comum é
o oxigênio, encontrado na atmosfera na proporção de 21%.
3) Calor: elemento que dá início ao fogo. É ele que faz o fogo se propagar através do combustível.
O fósforo ilustra bem o processo. O fósforo contido na ponta do palito é o combustível, envol-
vido pelo oxigênio do ar. Quando o esfregamos na lixa da caixa, a fricção leva-o à sua temperatura
de combustão, surgindo o fogo.
Para que ocorra a combustão, é necessário que a proporção entre a quantidade de combustível
e a de comburente seja a ideal, dentro dos limites de inflamabilidade.

2.3 Meios para extinção do fogo


Conhecido o triângulo do fogo, concluímos que, para a extinção do fogo, basta eliminar um
dos elementos essenciais para a sua existência. Os processos para extinção do fogo, com a eliminação
de um de seus componentes, são:
»» Resfriamento: consiste na retirada do calor do material incendiado até que ele fique
abaixo do seu ponto de ignição. O agente mais usado é a água, por ser o mais fácil de ser
encontrado, o mais econômico, além de o elemento com mais capacidade de absorver o
calor. Por exemplo, apagar uma fogueira com água.
»» Abafamento: consiste em diminuir ou isolar o oxigênio interrompendo o triângulo do
fogo. Por exemplo, quando colocamos um copo sobre uma vela acesa.
»» Corte ou renovação do suprimento do combustível: como exemplo, temos o fechamento
da válvula de um tambor de gás.
»» Isolamento: afastar para um local isolado tudo o que pode queimar.

26 Técnicas Experimentais em Química: Normas e Procedimentos


2.4 Classes de incêndio
Os incêndios são classificados de acordo com as características dos materiais combustíveis, que
estão divididos em quatro classes principais:
»» Classe A: fogos de superfície e profundidade, que, geralmente, dão origem à brasa. Exem-
plos: materiais sólidos, como madeira, carvão, papel, tecido, borracha etc.
»» Classe B: fogos de superfície de líquidos inflamáveis e sólidos de baixo ponto de fusão.
Exemplos: gasolina, tíner, óleos, graxas, gases. Todos esses materiais queimam sem deixar
resíduo após a queima.
»» Classe C: equipamentos elétricos, motores elétricos, geradores, transformadores etc. Após
desligada a energia, os equipamentos passam para a classe A de incêndio.
»» Classe D: ocorrem em metais pirofóricos, que têm, por característica, reagirem violenta-
mente com o oxigênio. Exemplos: antimônio, magnésio, zircônio, titânio etc.

2.5 Agentes extintores


Por agentes extintores, entendem-se certas substâncias (sólidas, líquidas ou gasosas) utilizadas na
extinção de um incêndio, abafando-o, resfriando-o ou utilizando conjuntamente esses dois processos.

Os agentes extintores devem ser aplicados conforme a classe de incêndio, pois, em alguns
casos, sérias consequências poderão ocorrer quando empregados inadequadamente.

Os principais agentes extintores são:

1) Água: jato pleno (compacto: chuveiro, neblina, vapor).

2) Areia: seca.

3) Gases inertes: CO2, nitrogênio etc.

4) Líquidos voláteis: tetracloreto de carbono, clorobromometano, brometo de metila.

5) Espumas: química e mecânica.

6) Pós químicos: talco, sulfato de alumínio, grafite, bicarbonato de sódio.

7) Líquidos umectantes.

Propagação e Combate ao Fogo 27


2.6 Aparelhos extintores
Existem aparelhos extintores dos mais variados tipos, modelos e processos de funcionamento.
Quanto ao tipo, os aparelhos extintores mais usados são:
»» Extintor de água: indicado para incêndios de classe A (papéis, tecidos, madeiras). Atua
por resfriamento, abafamento, choque, sopro e encharcamento. É utilizado por meio de
jato, chuveiro, nevoeiro e vapor.
»» Extintor de gás carbônico: indicado para incêndios das classes B e C. Atua por abafa-
mento, resfriamento e sopro. É utilizado como neve carbônica.
»» Extintor de pó químico: indicado para incêndios das classes A, B, C ou D. Atua por abafa-
mento e inibição da reação. É composto, basicamente, por bicarbonato de sódio ou bicarbo-
nato de potássio, ou ainda por fosfato de amônio, com adição de uma substância gordurosa.
É utilizado por meio de jatos com auxílio de um gás propulsor, geralmente gás carbônico.
»» Extintor de espuma: indicado para incêndios de elevadas proporções da classe B. Atua por
abafamento e resfriamento. É composto por uma mistura de líquido espumífero, água e ar
(menos denso que os combustíveis líquidos). É utilizado por meio de jato.
»» Extintor de halon: indicado para incêndios da classe C. Atua por inibição da reação. É
composto por derivados halogenados do metano. O halon atua quase instantaneamente
e, por isso, é utilizado como prevenção em locais onde exista equipamento delicado e/ou
obras valiosas (centros de computadores, telecomunicações, material elétrico e eletrônico,
bibliotecas e museus). É utilizado por meio de jatos.
»» Extintor de areia: indicado para incêndios da classe A. Atua por abafamento.
»» Quanto ao tamanho, os extintores podem ser: portáteis (até 10 litros para espuma, carga
líquida e água pressurizada; até 6 quilos para CO2; e até 10 quilos para pó químico); e
rebocáveis (carretas) para tamanhos maiores.
Quanto ao modelo, o extintor varia muito, conforme a procedência (nacional ou estrangeiro) e
o fabricante.
Quanto ao processo de funcionamento, os extintores são, geralmente, de duas espécies:
»» Extintores de inversão: são os de espuma e de carga líquida.
»» Extintores de válvula: são os de gás carbônico, pó químico seco e água pressurizada. As
válvulas são encontradas em diversos tipos e modelos.
Diferem ainda em:
»» Extintores pressurizados: têm, em seu interior, a pressão necessária ao seu funcionamento.
»» Extintores não pressurizados: são aqueles que precisam de um recipiente anexo, contendo
um gás inerte, a fim de promover a expulsão de sua carga líquida. Possuem pressão desen-
volvida pela própria reação química das substâncias que integram suas cargas.
Os aparelhos têm seu uso aplicado às classes de incêndio, de acordo com os agentes extintores
de suas cargas.

28 Técnicas Experimentais em Química: Normas e Procedimentos


Amplie seus conhecimentos

A transmissão do calor é a causa principal da propagação de incêndios. Essa transmissão é feita através do ar, pela própria estru-
tura do corpo ou por líquidos e gases que estão nas proximidades do fogo.

A extinção de qualquer incêndio pode ser feita por abafamento ou resfriamento. Os agentes extintores mais empregados, atual-
mente, são a água, espuma química ou mecânica, dióxido de carbono e pó químico.

A água é o agente extintor de maior emprego; apaga o fogo por resfriamento. A espuma apaga, principalmente, por abafamento.
Existem dois tipos de espuma: a química, na qual a formação de espuma é obtida pela reação de substâncias químicas (NaHCO3
+ Al2(SO4)3) e a mecânica (mistura de água e ar).

A espuma nunca deve ser utilizada em corrente elétrica.

O dióxido de carbono (CO2) forma uma camada gasosa em torno da substância incendiada, reduzindo, dessa maneira, a quanti-
dade de oxigênio que a envolve. Assim, é considerado excelente extintor de incêndios.

Os extintores devem ser inspecionados pelo menos uma vez por mês e recarregados quando apresentarem vazamentos ou depois
de serem usados.

Vamos recapitular?

Você aprendeu neste capítulo que há uma série de fatores que podem prevenir incêndios ou evitar
a propagação do fogo. Toda e qualquer situação perigosa que ocorra no laboratório deve ser, imediata-
mente, comunicada ao responsável.
De maneira nenhuma equipamentos de proteção contra incêndios devem ser usados para outros
fins. Esses equipamentos devem ser colocados em locais de fácil acesso e totalmente desimpedidos de
obstáculos. Todo o pessoal do laboratório deve saber como operá-los corretamente.

Propagação e Combate ao Fogo 29


Agora é com você!

1) Para a ocorrência do fogo, é necessária a presença de combustível, de comburente


(O2) e de fonte de ignição. É o chamado triângulo do fogo.
O curso de combate a incêndio é realizado em muitas empresas, pois se pode evitar
um incêndio se o fogo for controlado.
O procedimento que NÃO se aplica ao combate ao fogo é:
a) Acionar o sistema de alarme.
b) Chamar imediatamente o corpo de bombeiro.
c) Desligar máquinas e aparelhos elétricos, quando a operação do desligamento
não envolver riscos adicionais.
d) Atacar o fogo com extintor de CO2 para combater incêndios das classes B e C.
e) Atacar o fogo pelo método de abafamento, que elimina o oxigênio, principal
método de extinção de incêndio.

30 Técnicas Experimentais em Química: Normas e Procedimentos


3
Produtos Químicos
e Biológicos

Para começar

Neste capítulo, você aprenderá que o laboratório é a parte mais importante do estabelecimento de
ensino pelo tipo de trabalho que é desenvolvido e os riscos de acidentes causados por exposição a agen-
tes tóxicos e/ou corrosivos, queimaduras, lesões, incêndios e explosões, radiações ionizantes e agentes
biológicos patogênicos. Existe, portanto, a necessidade urgente de se estabelecer, no ambiente de ensino,
normas rígidas de segurança.
Aprenderá também que muitos riscos potenciais são associados à estocagem e ao manuseio de
materiais utilizados em laboratório.

3.1. Cuidados básicos


Os produtos químicos e biológicos reagem, violentamente, em contato com produtos orgâni-
cos, causando incêndios e queimaduras de alto grau quando em contato com a pele.
A diluição desses produtos deve ser sempre no diluente, nunca o contrário.
Deve-se usar sempre material de vidro para homogeneização. Não usar metais em contato
direto com produtos corrosivos. Nunca jogar produtos corrosivos na pia.
Quando manipular esses produtos, utilizar EPIs adequados, tais como:
»» óculos de proteção;
»» luvas de PVC com cano longo;
»» protetor facial.

31
3.2 Produtos tóxicos
São produtos que causam sérios problemas orgânicos, tan­to por ingestão quanto por inalação
ou por absorção pela pe­le, podendo tornar-se fatais em alguns casos.

3.2.1 Produtos corrosivos


São produtos que, em contato direto, causam destruição
» Não manipule produtos sem conhe-
de tecidos vivos e também de outros materiais. Grande parte cer sua toxicidade.
dos produtos químicos são considerados tóxicos. Para uma
» Use os EPIs adequados.
avaliação adequada do risco envolvido na manipulação deles,
» Trabalhe em capela com boa exaustão.
devem ser conhecidas as relações entre toxicidade, frequência
de manipulação e concentração durante a exposição. » Evite qualquer contato com o produ­to,
seja por inalação, ingestão ou con­tato
As substâncias tóxicas podem entrar no corpo por ina- com a pele. Em caso de al­gum sinto-
lação, ingestão, absorção através da pele ou pela combinação ma de intoxicação, avise seu supervi-
sor e procure, imediatamente, atendi-
desses caminhos.
mento médico, informando-os sobre
as características do produto.
3.2.2 Produtos químicos especiais » Lembre-se de que há limitações na
segurança proporcionada pelo uso
São produtos que apresentam problemas de estabilidade de luvas: Karen Wetterhahn, uma
e risco potencial de explosão, como água oxigenada, peróxido professora de Química da faculda-
de sódio etc. de Dartmouth, faleceu por causa de
uma gota de dimetilmercúrio absorvi-
da através das luvas de látex que ela
3.2.2.1 Cuidados na manipulação de estava usando. Muitos compostos
produtos químicos especiais orgânicos passam, facilmente, atra-
vés da borracha.
»» Utilize sempre equipamentos de proteção individual
ao manusear produtos químicos perigosos.
»» Consulte sempre a ficha de segurança quando surgirem dúvidas sobre as propriedades
químicas de produtos como percloratos, cloratos, nitratos, em virtude de sua sensibilidade
ao impacto, à luz e à centelha.
»» Com compostos químicos que formam peróxidos, como cicloexano, éter etílico, éter
decalina, éter isopropílico, dioxano, tetra-hidrofurano etc., não permita o contato de
peróxidos com metais.
»» Não jogue peróxidos puros na pia. Eles devem estar bem diluídos antes de serem descar-
tados. Siga as instruções da ficha de segurança do produto.
»» Não resfrie soluções de peróxidos abaixo de sua temperatura de congelamento. Na forma
cristalina, eles são sensíveis ao choque.
»» Não armazene restos fora do período de validade.

3.2.3 Produtos pirofóricos


São produtos que, em condições normais, reagem, violentamente, com o oxigênio do ar ou
com a umidade existente, gerando calor, gases inflamáveis e fogo. Sua manipulação deve receber cui-
dados especiais, de acordo com seu estado físico:

32 Técnicas Experimentais em Química: Normas e Procedimentos


»» Sólidos: devem ser manipulados sob um líquido inerte, geralmente querosene. Por exem-
plo, sódio, potássio, lítio etc.
»» Líquidos: devem ser manipulados sob uma atmosfera inerte de nitrogênio ou argônio
seco. Esses produtos devem ser transferidos, diretamente, sob o solvente que será utili-
zado nas reações para sólidos, líquidos ou ambos.
Em caso de incêndio, nunca utilize água ou extintor de espuma mecânica. Use somente extin-
tores de pó químico seco ou areia.
O descarte do produto (sólido) deve ser feito aos poucos, sob metanol, etanol ou propanol
secos. Siga as instruções da ficha de segurança do produto.

3.3 Manipulação de líquido inflamável


»» Não manipule líquido inflamável com fontes de ignição nas proximidades.
»» Use a capela para trabalhos com líquidos inflamáveis que envolvam aquecimento.
»» Use protetor facial e luvas de couro quando agitar frascos fechados contendo líquidos
in­flamáveis e/ou voláteis.
»» Não jogue líquidos inflamáveis e/ou voláteis na pia.
»» Estoque-os em recipientes de descarte apropriados.
»» Guarde frascos contendo líquidos inflamáveis e muito voláteis em geladeiras apropriadas
para esse fim.

3.3.1 Manipulação de gelo seco e nitrogênio líquido


»» Use óculos e luvas herméticas no manuseio, pois respingos em contato com a pele provo-
cam queimaduras.
»» Adicione o gelo seco, vagarosamente, no líquido refrigerante para evitar projeções.
»» Não derrame nitrogênio líquido sobre as mangueiras de borracha. Elas ficarão quebradi-
ças e poderão provocar acidentes.

3.4 Classes de produtos químicos oxidantes


mais perigosos
»» Bromatos »» Nitratos
»» Bromo »» Perbromatos
»» Cloratos e percloratos »» Periodatos
»» Cromatos »» Permanganatos
»» Dicromatos »» Peróxidos
»» Iodatos

Produtos Químicos e Biológicos 33


3.5 Armazenagem de produtos químicos
Para armazenar produtos químicos, deve-se observar a seguinte regra geral:
»» não guarde substâncias oxidantes próximo a líquidos voláteis e inflamáveis;
»» armazene-os em recipientes apropriados e identificados;
»» evite choques físicos entre recipientes;
»» armazene produtos químicos em locais frescos, bem ventilados e sem expô-los ao sol;
»» em caso de dúvida, consulte a ficha do produto e também o superior do setor de armaze-
nagem.

3.6 Incompatibilidade entre produtos químicos


Define-se como “incompatibilidade entre produtos químicos” a condição na qual determina-
dos produtos se tornam pe­rigosos quando armazenados próximo a outros, com os quais podem rea-
gir, criando situações perigosas.
Os agentes oxidantes são considerados os mais perigo-
sos, pois durante uma reação química po­dem formar oxigê-
nio, um dos elementos necessários para a formação do fogo.
Resíduos quimicamente incompatíveis en­tre
Algumas vezes, esse suprimento de oxigênio pode ser muito
si nunca devem ser misturados uns com os
elevado, com forte desprendimento de calor, o que pode pro- outros, e cada frasco de resíduo de­ve ter
vocar uma explosão. Quando um agente oxidante é guardado uma etiqueta com a indicação da quantida-
próximo a um produto combustível e, por uma razão qual- de e a identidade de seu conteúdo.
quer (danificação de embalagens ou volatilização, por exem-
plo), haja contato en­tre eles, existe probabilidade bastante ele-
vada de que ocorra um início de incêndio ou uma explosão.
No Quadro 3.1, a seguir, relacionamos alguns produtos químicos e suas incompatibilidades.

Quadro 3.1 - Produtos químicos e suas incompatibilidades


Acetileno Cobre (tubulações), halogênio, prata, mercúrio e compostos
Ácido acético Ácido crômico, ácido nítrico, compostos hidroxilados, ácido perclórico, peróxidos e permangana-
tos (compostos oxidantes)
Ácido cianídrico Ácido nítrico, hidróxidos de sódio e potássio
Ácido nítrico Ácido acético, ácido cianídrico, ácido sulfídrico, ácido crômico, carbono, anilina, líquidos, gases
inflamáveis e substâncias que podem nitrar-se facilmente
Ácido perdórico Anidrido acético, bismuto e suas ligas, álcool, madeira, papel, algodão
Ácido sulfídrico Ácido nítrico fumegante, oxigênio, gases oxidantes
Ácido sulfúrico Clorato de potássio, perclorato de potássio, permanganato, metais alcalinos, cianetos e água
Acetona Misturas de ácidos sulfúrico e nítrico concentrados
Ácido crômico Ácido acético, naftaleno, cânfora, glicerol, terebentina, álcool, líquidos inflamáveis em geral
Ácido fluorídrico Amônia (gás ou solução aquosa)
Ácido oxálico Prata e mercúrio
Anilina Ácido nítrico, peróxido de hidrogênio
Amoníaco Mercúrio, cloro, hipoclorito de cálcio, bromo, iodo, ácido fluorídrico

34 Técnicas Experimentais em Química: Normas e Procedimentos


Azida sódica Chumbo, cobre e outros metais
Carbureto de cálcio Água (forma acetileno)
Carvão ativo Hipoclorito de cálcio e todos os agentes oxidantes
Cloratos Metais em pó, materiais combustíveis, sais de amônio, ácidos, sulfetos
Cloro, bromo Amoníaco, acetileno, hidrogênio, derivados de petróleo, benzeno e metais em pó
Cobre Acetileno, peróxido de hidrogênio, ácido nítrico
Flúor Deve ser totalmente isolado
Hidrocarbonetos em geral Flúor, cloro, bromo, ácido crômico, peróxido de sódio, halogênicos
Iodo Acetileno, amônia e hidrogênio
Líquidos inflamáveis Nitrato de amônio, ácido crômico, peróxido de hidrogênio, ácido nítrico, halogênios, oxigênio,
peróxido sódico
Mercúrio Acetileno, hidrogênio
Metais alcalinos e alcalinos terrosos,
como sódio, potássio, magnésio e Água, tetracloreto de carbono, dióxido de carbono halogênico e hidrocarbonetos clorados
cálcio
Nitrato de amônio Ácidos, metais, líquidos inflamáveis, substâncias oxidantes, compostos orgânicos pulverizados
Pentóxido de fósforo Água
Permanganato de potássio Glicerina, ácido sulfúrico, etilenoglicol, benzaldeído
Peróxido de hidrogênio Vários metais, como cobre, bromo, ferro, cromo e seus sais respectivos, substâncias orgânicas
combustíveis e todos os líquidos inflamáveis
Sulfeto de hidrogênio Ácido nítrico, fumegantes gases oxidantes
Potássio Tetracloreto de carbono, dióxido de carbono e água
Perclorato e clorato de potássio Ácido sulfúrico e outros ácidos
Prata Acetileno, ácido oxálico, ácido tartárico, compostos de amônio
Peróxido de sódio Metanol, etanol, ácido acético, benzaldeído, bissulfeto de carbono
Sódio Tetracloreto de carbono, dióxido de carbono e água
Fonte: Cetesb.

3.7 Substâncias tóxicas


Dizemos que uma substância é tóxica quando, inge-
rida, inalada ou em contato com a pele, produza perturbações
quaisquer, sendo que essas perturbações podem ser de gravi- Instrumentação avançada e procedimentos
dade extrema, como morte ou esterilidade, ocasionando con- analíticos modernos fazem com que muitos
acreditem que as técnicas básicas de labo-
sequências imediatas ou tardias. As vias respiratórias são a de ratório e equipamentos simples são pouco
maior incidência de intoxicação. importantes quando se deseja obter resulta-
dos exatos, reprodutíveis e confiáveis. Nun-
Em relação à toxidez de substâncias, fazemos a seguinte ca é demais enfatizar, para os analistas que
divisão: buscam manter um alto padrão de trabalho
profissional, como é importante ser capaz
»» Toxicidade aguda: expressa pela dose letal a 50% de manipular, corretamente, os equipamen-
(DL50)* que equivale à dose da substância que, por tos quantitativos simples e seguir as rotinas
via oral ou cutânea, provoca, rapidamente, a morte e procedimentos bem estabelecidos para
que o trabalho seja limpo e benfeito.
de um a cada dois indivíduos de cada espécie. Essa
dose é expressa em gramas ou miligramas de pro-
duto tóxico por quilograma de massa do indivíduo
e pode variar de pessoa para pessoa.

Produtos Químicos e Biológicos 35


»» Toxicidade crônica: causa perturbações de saúde, mas não a morte imediata, e o seu
perigo para o indivíduo reside nos efeitos acumulativos. É mais difícil de quantificar.
»» DL0: é a dose (ou quantidade) de substância em razão da qual nenhum animal morrerá.
»» CL50*: é a concentração letal da substância que, por via respiratória, provoca a morte de
50% dos indivíduos atingidos.
O Tabela 3.1, a seguir, classifica as substâncias quanto à toxicidade, levando em conta a quanti-
dade da substância que começa a causar problema.
Tabela 3.1 - Classificação das substâncias quanto à toxicidade
Vias de contato Limites em mg/kg Classificação da toxicidade Tipo de toxicidade
Por ingestão 0-25 Muito tóxicas Toxicidade oral
25-200 Tóxicas DL50 *
200-2.000 Nocivas
Por absorção pela pele 0-50 Muito tóxicas Toxicidade cutânea
50-400 Tóxicas DL50 *
400-2.000 Nocivas
Por inalação 0-25 Muito tóxicas Toxicidade por inalação
25-200 Tóxicas CL50 *
200-2.000 Nocivas
Dados obtidos por ratos que são extrapolados para o homem.
Fonte: Cetesb.

A toxicidade de diversas substâncias pode ser observada na Tabela 3.2.


Tabela 3.2 - Toxicidade de algumas substâncias
Perigosa quando
Concentração
Dose letal Absorvida
Substância máxima per- Efeitos Inalada Ingerida
por ingestão pela pele
mitida no ar
Ácido acético 10 mg/L 20 g Destruição superficial da pele e das mucosas
glacial X X X
Dermatite e úlceras
Ácido bórico - 0,1 a 0,5 g Tóxico para todas as células
Lesão nos rins e coma
X X
Edema cerebral, alucinação e delírio
Degeneração gordurosa do fígado e dos rins
Ácido cianídrico 10 mg/L 0,5 g Altamente tóxico, inibindo o sistema de citocromo-oxidase,
dificultando a oxigenação das células (asfixia)
X X X
Inconsciência, convulsões e morte após 1 a 15 minutos
(por inalação)
Ácido clorídrico 5 mg/L 15.000 mg/L Irritação na garganta, pele e mucosas
X X X
por inalação
Ácido fluorídrico 3 mg/L 1a4g Dor, queimadura, ulceração necrótica (em contato com a pele)
Cegueira imediata (em contato com os olhos) X X X
Ataca o vidro
Ácido fosfórico 1 mg/m³ 1 mg/L Irritação da pele e das mucosas (quando em solução
X X X
concentrada)
Ácido nítrico 2 mg/L 1g Destruição completa da pele ou mucosa
X X X
Vômitos amarelados

36 Técnicas Experimentais em Química: Normas e Procedimentos


Ácido oxálico - 5 a 15 g Irritação local e corrosão (boca, esôfago, estômago) X X X
Ácido perclórico 1 mg/L 4g Altamente explosivo
X X X
Destruição completa da pele ou mucosa
Ácido sulfídrico 10 mg/L - Deficiência de oxigênio nos órgãos ou nos tecidos
Pneumonia
Inflamação no nariz e na laringe
Queimadura na pele X X
Lesão nas células do sistema nervoso central
Ignição espontânea, quando exposto ao calor ou em contato
com materiais oxidantes
Ácido sulfúrico 1 mg/m³ 1g Destruição completa da pele ou mucosas
Tosse e irritação das partes do sistema respiratório
Irritação das membranas dos olhos
X X X
Erosão dos dentes (na indústria)
Necrose da córnea
Dermatite
Acetona 1.000 mg/L 50 g Irritação leve na pele ou nas mucosas
Depressão moderada do sistema nervoso central
Ácido pícrico 0,1 mg/m³ 1g Convulsão e morte por ingestão
Explosivo no estado sólido, quando atritado, e em solução
X
quando possui menos que 10% em água
Vômitos amarelados
Álcool etílico 1.000 mg/L 300 a 400 mL Anemia
X
Descoordenação muscular
Álcool isopro- 400 mg/L 250 mL Traqueobronquite
pílico X X
Edema pulmonar
Álcool metílico 200 mg/L 60 a 250 mL Fadiga, cegueira
Amaurose X X X
Morte em 25% dos casos
Anilina 5 mg/L 1 mL Cianose, asfixia
Lesão no fígado, rim e baço
X X X
Convulsões, lesões no sistema nervoso central
Leucopenia
Benzeno 25 mg/L 1g Depressão das funções da medula óssea
Hemorragia
X X X
Depressão do sistema nervoso central
Presumivelmente teratogênico e cancerígeno
Butanol 1 e 2 100 mg/L 30 g Irritação das mucosas
X X
Depressão do sistema nervoso central
Carbeto de - 15 g Destruição superficial da pele ou mucosas
X X
cálcio
Cicloexano 400 mg/L - Irritação da pele e das mucosas
X X X
Depressão, excitabilidade ou convulsões
Cicloparafina - - Narcótico
C-7 X X X
Pode causar morte por paralisia respiratória
Cicloparafina - - Narcótico
C-8 X X X
Pode causar morte por paralisia respiratória

Produtos Químicos e Biológicos 37


Cloreto de etila 1.000 mg/L - Lesão cardíaca
Depressão respiratória X X X
Depressão do sistema nervoso central
Clorofórmio - 10 mL Depressão respiratória e do miocárdio, parada cardíaca
Lesão hepática X X
Presumivelmente cancerígeno
Cresol - - Corrosão da pele
Destilados do 50 mg/L 10 mL Irritação pulmonar
petróleo em X X
Depressão do sistema nervoso central
geral
Dissulfeto de 20 mg 1g Lesão do sistema nervoso central
carbono
Convulsões
Comportamento psicótico X X X
Distúrbios auditivos e visuais
Presumivelmente teratogênico
Éter etílico - - Irritação na pele e nas mucosas
Parada respiratória X X X
Explosivo (principalmente em contato com peróxidos)
Fenol - 2g Corrosivo
Corrosão, manchas na pele
Oligúria, hematúria, albuminúria e urina de cor marrom-preta
Vômitos X X
Alucinações e delírios
Cefaleia
Convulsões crônicas
Formaldeído 5 mg/L 60 a 90 mL Dermatite
Irritação brônquica (tosse)
X X X
Conjuntivite
Presumivelmente cancerígeno
Glicóis - - Oligúria X
Hexana - - Esfoliação da pele X
Hidrocarbone- - - Coma
tos halogenados Icterícia X
Arritmias
Naftaleno 10 mg/L 2g Icterícia
Hemólise
Coma
X X X
Convulsões tônicas
Urina de cor marrom-preta
Presumivelmente cancerígeno
Nitrobenzeno - - Hipotensão
Cefaleia
Organoclorados - - Ataxia
Alucinação e delírios
X X
Vômitos
Cefaleia

38 Técnicas Experimentais em Química: Normas e Procedimentos


Organofosfo- - - Cólicas
rados
Colapso
Bradicardia
Hipotensão
Tosse
X X X
Ataxia
Convulsões crônicas
Parestesia
Vertigens
Sudorese
Peróxido de - - Explosões
benzina X X
Irritação nos olhos e pulmões
Tetracloreto de 10 mg/L 3 a 5 mL Danos no fígado e nos rins
carbono
Distúrbios visuais e delírios
Coma
X X X
Oligúria
Tosse
Presumivelmente cancerígeno
Tolueno 200 mg/L - Depressão das funções da medula óssea
Depressão do sistema nervoso central X X X
Presumivelmente teratogênico
Xilenos 200 mg/L - Depressão das funções da medula óssea
Depressão do sistema nervoso central X X X
Presumivelmente teratogênicos
Hidróxido de 100 mg/L 30 mL de Irritação extremamente dolorosa e queimação
amônio solução 25%
Hidróxido de - 1g Tremores e convulsões
bário
Morte por insuficiência cardíaca e respiratória
Hidróxido de 2 mg/m³ 5g Destruição completa de pele e/ou mucosas
sódio
Bissulfito de - 30 g Irritação da pele e das mucosas (quando em grandes
sódio (nome concentrações)
comercial:
metabissulfito)
Carbonato de - 1g Alterações de permeabilidade ou polarização da membrana
bário celular
Tremores e convulsões
Morte por insuficiência cardíaca
Dióxido de 5 mg/m³ - Oxidação forte se aquecido ou em contato com sulfetos,
manganês sulfitos, materiais orgânicos e outros sais
Monóxido de 50 mg/L - Insuficiência respiratória, cefaleia, morte
carbono
Visão embaçada
É considerado substância teratogênica pela American Che-
mical Society (ACS)
Vertigens
Visão colorida
Ataxia
Colapso

Produtos Químicos e Biológicos 39


Óxido de cálcio - 36 g Destruição superficial da pele e das mucosas
Ulcerações, conjuntivites
Irritação pulmonar
Óxidos de SO2: 5 mg/L - A 1,6 ppm ocorre a dificuldade respiratória
enxofre
SO3: 2 mg/L Resulta em ácido sulfúrico
Irritação ocular a partir de 10 ppm
Doenças respiratórias
Óxido de - - Desconforto torácico quando a concentração é de 15 ppm/h
nitrogênio
Dores esternais
Inflamações pulmonares por exposição prolongada
Edema pulmonar
Peróxido de - - Irritação nos olhos e na garganta por exposição prolongada
hidrogênio em
Irritação na pele
concentração
de 30% Ignição quando em contato com material combustível
Decomposição violenta se contaminado com Fe, Cu, Cr e
outros metais
Carbonato de - 15 g Irritação forte e vesiculação
potássio
Cianetos 5 mg/m³ 0,2 g Inibição do sistema da citocromo-oxidase, prejudicando a
oxigenação nas células
Colapso
Depressão respiratória, coma, cefaleia, dilatação da pupila
Congestão e corrosão da mucosa gástrica
Paralisação funcional de todas as células
Cloratos - - Cianose
Hemólise
Cloreto de - - Explosão violenta (quando em contato com água), com
alumínio anidro liberação de muito calor
Cloreto de - - Náuseas e acidose (por ingestão)
amônio
Cloreto de bário - 1g Tremores e convulsões
Morte por insuficiência cardíaca
Cromatos e - 5g Irritação nos olhos, na pele e nos pulmões
dicromatos
Albuminúria, erupção, ulcerações
Hepatite (por ingestão)
Substância considerada cancerígena
Altamente explosiva
Fluoretos - - Colapso
Convulsões tônicas
Ulcerações
Fosfato de sódio - 30 g Irritação forte e vesiculação
Nitrato de prata - 2g Irritação e queimadura na pele, mucosas e membranas
Manchas
Gastrenterite por ingestão, podendo ser fatal
Ignição e combustão violenta quando em contato com
material oxidável

40 Técnicas Experimentais em Química: Normas e Procedimentos


Nitratos e - 2g Dilatação dos vasos sanguíneos em todo o organismo, pro-
nitritos vocando um efeito relaxante sobre os músculos lisos
Matemoglobinemia (dificuldade para o transporte de oxigê-
nio pela hemoglobina)
Colapso
Bradicardia
Taquicardia
Hipotensão
Oxalatos - 5 a 15 g Irritação gastrintestinal e depressão cardíaca (por ingestão
de soluções concentradas)
Edema
Hematúria
Sais de chumbo - - Colapso
Sais de cobalto - - Vômitos róseos
Sais de ferro - - Taquicardia
Colapso
Sais de mercúrio - 1a2g Depressão de mecanismos enzimáticos celulares
Colapso
Efeitos corrosivos na pele e nas mucosas
Intoxicação crônica com lesão hepática e renal
Sais de níquel - - Vômitos verdes

Silicato de sódio - 30 g Irritação na pele, mucosas e membranas


(em pó)
Vômitos e diarreia (por ingestão)
Sulfato de cobre - - Vômitos verdes
Hemólise
Sulfeto - - Depressão respiratória
Hálito com odor particular
Tiocianatos - 20 mg/100 mL Depressão das atividades metabólicas de todas as células,
com efeito mais pronunciado no cérebro e no coração
Comportamento psicótico
Alumínio (em - - Explosão
pó)
Ignição fácil
Infiltração e fibrose pulmonar
Bário - - Cólicas
Bradicardia
Hipertensão
Tremores
Paralisias
Dilatação da pupila
Convulsões crônicas
Bismuto - - Icterícia
Piúria
Cádmio - - Vômitos róseos
Tosse

Produtos Químicos e Biológicos 41


Chumbo 0,2 mg/m³ 0,5 g Inflamação da mucosa gastrintestinal
Degeneração tubular renal
Ação sobre o cérebro e o sistema nervoso periférico
Cólicas
Colapso
Bradicardia
Hipertensão
Ataxia
Tremores
Parestesias
Paralisias
Cefaleia
Porfirinúria
Amaurose
Perda de pelos
Palidez
Cromo - - Tosse
Convulsões crônicas
Manganês - - Tremores, alucinações e delírios
Paralisias
Mercúrio 0,1 mg/m³ 1g Depressão dos mecanismos enzimáticos celulares
Teratogenia
Atuação sobre o sistema nervoso central, provocando
tremores, convulsões
Tonturas, fala atrapalhada, convulsões fatais (por inalação)
Coma
Albuminúria, piúria e porfirinúria
Amaurose
Erupção e corrosão da pele
Parestesia
Potássio - - Altamente inflamável
Reação violenta com água, causando fogo e explosão
Queimaduras na pele
Sódio - - Extremamente cáustico para os tecidos
Reação violenta com água, provocando explosão e fogo
Inflamável
Arsênio - - Cólicas
Hipotensão
Tremores
Alucinação e delírio
Paralisia
Albuminúria, hematúria e oligúria
Amaurose
Icterícia e palidez
Perda de pelos
Parestesia

42 Técnicas Experimentais em Química: Normas e Procedimentos


Bromo 0,1 mg/L 1 mL Queimaduras na pele
Irritação nas membranas e mucosas dos olhos e no apare-
lho respiratório
Edema pulmonar
Cloro 1 mg/L - Irritação forte nas membranas dos olhos e no aparelho
respiratório
Tosse
Enxofre - - Irritação na pele e nas mucosas
Irritação nos pulmões (por inalação do pó)
Flúor - - Cólicas (ver fluoretos)
Fósforo - - Vômitos, luminescências
Icterícia, albuminúria
Iodo 0,1 mg/L 2g Precipitação de proteínas por ação direta nas células
Corrosão das mucosas e da pele
Dores abdominais, choque, morte por uremia (por ingestão)
Coma
Vômitos azulados (conteúdo amiláceo + iodo)
Selênio - - Paralisia
Hálito com odor particular
Fonte: Cetesb.

Amplie seus conhecimentos

Produtos químicos têm a capacidade de reagir quando expostos a outros produtos químicos ou a certas condições físicas.
As propriedades reativas de produtos químicos desempenham um papel vital na produção de muitos outros que utiliza-
mos diariamente. Quando as reações químicas não são devidamente controladas, podem gerar gases tóxicos, incêndios
e explosões. Os perigos da reatividade química são abordados em normas específicas, estabelecendo um programa de
gestão abrangente que integra tecnologias, procedimentos e práticas de gestão.

Vamos recapitular?

Neste capítulo, você aprendeu que armazenagem e manuseio de produtos químicos de forma ina-
dequada podem ser a principal causa de acidentes de laboratório. As duas regras básicas são: armazenar
a menor quantidade de cada produto químico; e separar produtos químicos incompatíveis.

Agora é com você!

1) (Ceeteps-SP) Numas das cenas de Cinema Paradiso, filme de Giuseppe Tornatore,


um incêndio na sala de projeção ocorre quando o filme enrosca, aquece e se inflama,
pois a película era constituída de material orgânico altamente inflamável. Esse tipo de
material cinematográfico não é mais comum nas projeções atuais; porém, outros mate-
riais inflamáveis e perigosos estão presentes em diversos produtos utilizados no nosso
dia a dia. Analise as recomendações de segurança indicadas para produtos perigosos:

Produtos Químicos e Biológicos 43


I. Estocar em locais bem ventilados.
II. Ao sentir seu cheiro característico, não riscar fósforos, nem acender a luz.
III. Mantê-los longe das fontes de calor e do alcance de crianças.
IV. Fazer o descarte na pia em água corrente.
As recomendações associadas aos produtos inflamáveis são as que afirmam em:
a) I e II apenas.
b) I e III apenas.
c) I, II e III apenas.
d) II, III e IV apenas.
e) I, II, III, IV.
2) A mistura ou o armazenamento inadequado de produtos químicos pode causar aci-
dentes graves. Não representa risco de explosão e(ou) produção de gases tóxicos a:
a) adição de compostos contendo cloro a uma solução de hipoclorito de cálcio.
b) adição de metanol a hidrocarbonetos.
c) adição de hipoclorito de sódio a uma solução de amônia.
d) adição de etanol a uma solução de hipoclorito de cálcio.
e) estocagem de aldeídos em locais quentes.
3) Assinale a opção correta a respeito da transferência e do descarte de produtos químicos.
a) Os produtos químicos perigosos que não sejam mais necessários e os recipien-
tes que forem esvaziados, mas que possam conter resíduos de produtos químicos
perigosos, deverão ser manipulados ou eliminados de maneira a suprimir, abso-
lutamente, os riscos para a segurança e a saúde, bem como para o meio ambiente.
b) Cabe ao MTE, nos termos da convenção 170 da OIT, relativa à segurança na
utilização dos produtos químicos no trabalho, estabelecer sistemas e critérios
específicos para transporte dos produtos químicos em função do tipo e do grau
de risco à saúde que ofereçam, bem como sobre descarte, com todas as informa-
ções necessárias à segurança da operação.
c) As propriedades perigosas das misturas formadas por dois ou mais produtos quími-
cos poderão ser determinadas avaliando-se os riscos que oferecem os produtos químicos
que as compõem. Os sistemas e critérios para transporte desses produtos consideram
as recomendações da OIT relativas ao transporte de mercadorias perigosas.
d) A expressão “utilização de produtos químicos no trabalho” implica atividade
de trabalho que poderia expor um trabalhador a produto químico cujo alcance
está apenas circunscrito às fases de produção, manuseio, armazenamento, trans-
porte, eliminação e tratamento dos resíduos.
e) A expressão “produtos químicos” designa os elementos e compostos quími-
cos e suas misturas, sejam eles naturais ou sintéticos; enquanto que a expressão

44 Técnicas Experimentais em Química: Normas e Procedimentos


“produtos químicos perigosos” abrange todo produto químico que tiver sido clas­
sificado como perigoso ou sobre o qual existam informações pertinentes, indicando
que ele implica risco.
4) Acerca dos materiais de laboratório e dos procedimentos de segurança para sua
manipulação, indique a alternativa verdadeira.
a) Os solventes orgânicos clorados e não clorados podem ser descartados no mes-
mo local, pois o tratamento desses resíduos segue o mesmo procedimento.
b) Os cilindros que contêm gases sob pressão devem ser presos por meio de corren-
tes ou cintas.
c) O descarte de substâncias químicas não tóxicas e com alta solubilidade pode ser
realizado em esgoto comum, sem limitação de volume.
d) O ácido acético pode ser armazenado juntamente com outros ácidos, tal como
o ácido nítrico, não sendo requeridos cuidados especiais para armazenamento
de ácidos.
e) Agentes oxidantes não devem ser armazenados em locais onde se encontrem agen-
tes redutores.
5) Para o descarte correto de resíduos químicos, alguns procedimentos devem ser rea-
lizados anteriormente. A prata, em seu estado oxidado (Ag+), não é encontrada na
natureza e, portanto, não deve ser descartada dessa forma. Reduzindo a prata para
seu estado metálico (Ag0), deve-se utilizar soluções de:
a) Formaldeído e hidróxido de sódio.
b) Ácido sulfúrico e ácido nítrico.
c) Sulfato de cobre e acetona.
d) Peróxido de hidrogênio e ácido sulfúrico.
e) Hidróxido de sódio e amônia.
6) Nas áreas de estocagem, estão sempre presentes os riscos de acidentes que podem
expor os produtos, colocá-los em contato e possibilitar a liberação de seus potenciais
de periculosidade. Assim, é importante a separação de substâncias que reagem, peri-
culosamente, entre si. Assinale a alternativa que apresenta a mistura INCOMPATÍ-
VEL de substâncias:
a) Acetona com hexano.
b) Éter etílico com óxido de cromo VI.
c) Hexano com etanol.
d) Amônia com hidróxido de sódio.
e) Anilina com acetona.
7) O laboratório de Química é um local de trabalho onde existe o risco de acidentes
devido à presença de substâncias tóxicas, infamáveis e explosivas. Portanto, deve

Produtos Químicos e Biológicos 45


ser equipado com extintores de incêndio, lava-olhos, chuveiro de segurança, saída
de emergência e uma farmácia de primeiros socorros. Desse modo, é imprescindível
que alunos, técnicos e professores conheçam e sigam as normas de segurança de um
laboratório químico.
Com relação ao tema abordado no texto acima, é correto afirmar que:
a) Todo material tóxico que exale vapor deve ser colocado fora da capela.
b) Os materiais inflamáveis devem ser colocados próximo ao bico de Bunsen aceso.
c) Após a realização do ensaio, deve-se lavar todo o material, pois, conhecendo a
natureza do resíduo, pode-se usar o processo adequado de limpeza.
d) O avental deve apresentar mangas curtas para permitir que a pessoa trabalhe mais
à vontade.
e) Todas as cetonas podem ser manipuladas sem o uso de luvas.
8) A armazenagem de substâncias químicas requer cuidado especial no laboratório. Se
feita de forma inadequada, pode comprometer a estabilidade do reagente e causar
danos à saúde do técnico que manipula essas substâncias. Com relação às práticas
adequadas de estocagem de produtos químicos, assinale a opção incorreta.
a) A estocagem de soluções que contêm peróxidos deve ser feita em recipientes de
poliestireno, com tampa esmerilhada e em baixa temperatura.
b) A estocagem de soluções alcalinas deve ser feita em recipientes de vidro e em
baixa temperatura para evitar-se a corrosão do recipiente.
c) A armazenagem de soluções ácidas deve ser feita em recipientes de vidro em
temperatura ambiente.
d) Gases comprimidos devem ser estocados fora do laboratório, sempre com vál-
vulas de redução de fluxo e longe de fontes de calor.
e) Ao se estocarem reagentes químicos, deve-se observar se existe incompatibili-
dade entre os produtos próximos, sistema de ventilação adequado e identifica-
ção correta.
9) Durante uma aula experimental sobre reações químicas de neutralização, um aluno
deixou cair ácido sulfúrico no braço de um colega. Nesse caso, o procedimento mais
adequado a ser realizado para proteger o aluno é:
a) Levar o aluno diretamente para um hospital e esperar que seja atendido por um
médico.
b) Jogar uma solução concentrada de hidróxido de sódio diretamente no local
atingido.
c) Lavar imediatamente o local atingido com bastante água corrente, depois lavar
com solução aquosa de bicarbonato de sódio. Em seguida, conduzir o aluno a
um posto médico.
d) Jogar hidróxido de sódio sólido no local e cobrir com um pedaço de pano.
e) Neste caso, apenas se isola o local com uma pomada antiácida.

46 Técnicas Experimentais em Química: Normas e Procedimentos


4
Equipamentos
e Vidrarias de
Laboratório

Para começar

Você aprenderá neste capítulo que o conhecimento das funções e do uso dos principais utensí-
lios e equipamentos de laboratório é essencial para sua segurança pessoal e para o emprego correto em
medições. Para o bom andamento dos trabalhos, serão apresentados os utensílios de uso mais comum
em laboratório, com uma descrição resumida das suas funções e utilidades.

4.1 Balança analítica


A maior parte dos processos químicos quantitativos depende, em algum estágio, da medida de
uma massa. Muitas análises químicas baseiam-se na determinação exata da massa de uma amostra,
de uma substância sólida produzida a partir dessa amostra (análise gravimétrica), ou ainda da deter-
minação do volume de uma solução-padrão, cuidadosamente preparada (contendo uma massa de
um soluto conhecida com exatidão) e que reage com a amostra (análise titrimétrica). O instrumento
usado para medir a massa é a balança analítica. A operação é chamada pesagem, e faz-se referência,
invariavelmente, à massa do objeto ou ao material que é pesado.
O peso de um objeto é a força de atração originada pela gravidade exercida sobre ele.

4.1.1 Outras balanças


Muitas operações de laboratório obrigam a pesagem de objetos ou materiais mais pesados do
que o limite superior de uma balança macroanalítica. Às vezes, é preciso pesar pequenas quantidades

47
de amostra, porém a precisão não é importante. Esse tipo de pesagem é conhecido como pesagem
aproximada. Muitas balanças eletrônicas são próprias para as pesagens aproximadas.

4.2 Aparelhagem em geral


»» Utensílios em vidro, plástico e cerâmica: o material mais utilizado em laboratórios quí-
micos é o vidro. O vidro comum é, basicamente, um silicato sintético de cálcio e de sódio
em estado não cristalino (estado vítreo), obtido por fusão de uma mistura de sílica (SiO2),
carbonato de sódio (Na2CO3) e calcário (CaCO3) em proporções variáveis. Já o vidro
usado no laboratório (borossilicato) contém alguns outros componentes (óxidos de boro e
de alumínio), que proporcionam mais resistência química, mecânica e térmica. Um vidro
de composição parecida é o chamado Pyrex, também de uso doméstico.
Alguns utensílios de laboratório podem ser feitos de materiais plásticos, como polietileno ou
polipropileno, os quais possuem as seguintes propriedades:
»» Elasticidade (não quebra).
»» Boa resistência química contra soluções aquosas de diversos agentes químicos, inclusive
ácido fluorídrico.
»» Sensibilidade a solventes orgânicos, tais como benzeno, tolueno etc., sofrendo dissolução
parcial.
»» Transparência limitada.
»» Sensibilidade térmica: começam a sofrer deformações acima de 120 oC; portanto, mate-
riais plásticos não devem ser aquecidos ou colocados na estufa de secagem acima de
110 oC.
»» A maioria dos materiais plásticos é combustível.
»» Materiais refratários: resistem a temperaturas elevadas (acima de 400 ºC). O material
re­fratário mais utilizado no laboratório químico é a porcelana (além de outros materiais
ce­râmicos). O material cerâmico é frágil.

Amplie seus conhecimentos

As propriedades mais apreciadas do vidro são as seguintes:

»» Transparência perfeita, o que facilita a observação através das paredes dos recipientes.

»» Boa resistência química, sendo apenas corroído por ácido fluorídrico e bases concentradas.

»» Resistência térmica razoável (até 300 ºC).

O vidro tem as seguintes limitações de utilidade:


»» Fragilidade (sensibilidade a impactos mecânicos).
»» Sensibilidade a choques térmicos.
»» Deformação, amolecimento ou derretimento a temperaturas mais elevadas (acima de 400 ºC).

48 Técnicas Experimentais em Química: Normas e Procedimentos


4.2.1 Vidraria
Usam-se, sempre, aparelhagens de vidro resistente para evitar contaminações durante a aná-
lise. Prefere-se, em geral, o vidro de borossilicato. O vidro resistente é muito pouco atacado por
todas as soluções, porém, normalmente, o ataque por soluções ácidas é menos sério do que pela água
pura ou soluções alcalinas. As tampas de vidro e vidros de relógio também devem ser feitos de vidro
resistente. Como regra geral, não aqueça aparelhagens de vidro com chama direta. Use uma tela
metálica entre a chama e o vidro.
»» Béquer: os béqueres mais satisfatórios para uso geral são os que têm um bico. O tamanho
do béquer deve ser escolhido em função do volume de líquido que ele deve conter. Os
tamanhos mais úteis vão de 250 mL a 600 mL.
»» Erlenmeyers (frascos cônicos): os erlenmeyers de 150 a 500 mL de capacidade são muito
usados nas titulações, na mistura de líquidos e no aquecimento de soluções.
»» Funis: os funis devem ter ângulo de 60º. A haste deve ter diâmetro interno de cerca de
4 mm e não mais de 15 cm de comprimento. Para o enchimento de buretas e transferên-
cias de sólidos para balões aferidos, é útil um funil de haste curta e colo largo.

4.2.1.1 Pipetas
Segundo as normas ISO 835/1 [1] e ISO 835/2 [2], existem hoje, no mercado de trabalho, pipe-
tas de tipos 1, 2 e 3, para o uso, em geral, dos laboratórios.
Essas pipetas podem ser graduadas ou volumétricas, possuir ou não um tempo especificado
para o descarte do líquido e ser de sopro ou não, dependendo da sua identificação e tipo.
As normas ISO 1769 [3] e ASTM E969-83 [4] também mencionam a codificação em faixas e
cores para cada tipo de pipeta, dependendo da sua faixa de escala e divisão. Isso quer dizer que cada
pipeta tem cor e quantidade de faixas específicas para o seu tipo.
A Tabela 4.1 nos mostra a codificação para pipetas volumétricas.

Tabela 4.1 - Tabela de codificação de pipetas volumétricas


Capacidade nominal (mL) Cores das faixas
1 1 azul
2 1 laranja
3 1 preta
4 2 vermelhas
5 1 branca
6 2 laranjas
7 2 verdes
8 1 azul
9 1 preta
10 1 vermelha
15 1 verde
20 1 amarela
25 1 azul

Equipamentos e Vidrarias de Laboratório 49


30 1 preta
40 1 branca
50 1 vermelha
75 1 verde
100 1 amarela
150 2 pretas
200 1 azul

A Tabela 4.2 nos mostra a codificação para pipetas graduadas.

Tabela 4.2 - Tabela de codificação para pipetas graduadas


Capacidade nominal (mL) Menor divisão (mL) Cores das faixas
1 0,01 1 amarela

0,05 2 verdes

0,1 1 vermelha
1,5 0,01 2 vermelhas
2 0,01 2 brancas

0,02 1 preta

0,05 2 laranjas

0,1 1 verde
3 0,01 2 azuis
5 0,05 1 vermelha

0,1 1 azul
10 0,1 1 laranja
15 0,1 2 verdes
20 0,1 2 amarelas
25 0,1 1 branca

0,2 1 verde
50 0,1 2 laranjas

0,2 1 preta
100 0,2 1 vermelha

»» Pipetas do tipo 1: nesse tipo de pipeta, não é descartado todo o líquido, pois possui uma
marcação limite máxima que deve ser respeitada em seu descarte. Não é considerada uma
pipeta de sopro e se divide em duas classes (A e B), de acordo com as normas [1], [2],
NBR 12617 [5] e DIN 12696 [6].
»» Pipetas do tipo 2 (graduadas): nesse tipo de pipeta, é descartado todo o líquido, pois sua
fabricação é feita para uso integral de toda a área de graduação, que deve ser respeitada
em seu descarte. Ao descartar todo o líquido, a sobra que fica na pipeta não deve ser con-
siderada, porque é construída somente para a queda livre do líquido. Embora seja igual a
uma pipeta de sopro em seu corpo físico e em sua graduação, não pode ser considerada
uma pipeta de sopro, pois não apresenta a devida identificação que a norma recomenda e
também se divide em duas classes (A e B), cujas diferenças estudaremos mais adiante.

50 Técnicas Experimentais em Química: Normas e Procedimentos


»» Pipetas do tipo 3 (graduadas): nesse tipo de pipeta, também é descartado todo o líquido, e
as considerações para o uso do tipo 2 e suas características são válidas para esse tipo tam-
bém. Segundo a norma [2], essa pipeta só se apresenta na classe B.
»» Pipetas do tipo 3 (tempo de 15 s): nesse tipo de pipeta, também é descartado todo o
líquido. Ao completar seu descarte total, deve-se esperar um tempo de 15 s com a pipeta na
posição vertical do recipiente. Logo depois, encostar, levemente, a ponta da pipeta numa
das paredes do recipiente para colher a última gota do líquido a ser descartado. Essa
pipeta não é considerada uma pipeta de sopro. Em seu corpo deve constar uma escrita,
indicando que é de tempo especificado de 15 s.
»» Pipetas de sopro: a leitura dessa pipeta é feita ajustando-se o menisco no ponto máximo
desejado, em toda a faixa da escala, até o seu descarte total. Sempre que se completar o
descarte do líquido da pipeta no ponto desejado, deve ser assoprada a última gota que
restar na ponta dela. Segundo as normas consultadas para construção deste trabalho, toda
pipeta de sopro deve ser marcada com um pequeno anel branco próximo da parte supe-
rior. E, de acordo com a norma [2], essa pipeta só se apresenta na classe B.
»» Pipetas de sopro tipo 3 (graduadas): nesse tipo de pipeta, também é descartado todo o líquido.
Diferenças entre as pipetas de sopro e as pipetas de sopro tipo 3 (graduadas):
»» A escala da pipeta de sopro começa do seu valor máximo, no alto do corpo dela, até o
zero (não indicado), enquanto a da pipeta de sopro do tipo 3 começa do zero, no alto do
corpo dela, até seu valor máximo (não indicado).
»» A pipeta de sopro do tipo 3 será assoprada somente em seu ponto máximo da escala,
enquanto a pipeta de sopro é assoprada em todos os pontos da sua faixa de escala.
»» Pipeta volumétrica (tempo de 15 s): nesse tipo de pipeta, também é descartado todo o
líquido. Pode ser volumétrica, com tempo especificado de 15 s, ou volumétrica de sopro,
conforme a Norma 835/3 [8]. O procedimento de sopro ou tempo especificado de 15 s
serve tanto para as pipetas graduadas como para as pipetas volumétricas.
»» Pipetas com dois traços: não é comum esse tipo de pipeta ser apresentado nas normas mais
usuais. Porém, é de conhecimento dos fabricantes e dos laboratórios que operam com ela
que esses dois traços gravados no alto do corpo da pipeta caracterizam uma pipeta de sopro.

4.3 Aparelhagens de porcelana


Usa-se porcelana nas operações em que líquidos quentes devem permanecer em contato com o
recipiente por períodos prolongados. A porcelana é mais resistente a soluções do que o vidro, parti-
cularmente a soluções alcalinas, dependendo da qualidade da superfície. Cápsulas rasas de porcelana
com bordas são usadas nas evaporações. Caçarolas de porcelana com fundo chato e cabo são mais
convenientes do que as cápsulas.
Os cadinhos de porcelana são muito usados na calcinação de precipitados e no aquecimento
de pequenas quantidades de sólidos em virtude de seu baixo custo e sua capacidade de suportar altas
temperaturas sem alteração apreciável.

Equipamentos e Vidrarias de Laboratório 51


4.3.1 Aparelhagens de sílica fundida
Existem, no comércio, dois tipos de aparelhagens feitas em sílica: as translúcidas e as transpa-
rentes. As aparelhagens translúcidas são muito mais baratas e podem substituir, sem maiores incon-
venientes, as aparelhagens transparentes. Os utensílios de sílica têm várias vantagens: são muito
resistentes a choques térmicos em razão de seu baixo coeficiente de expansão, não são atacados por
ácidos em temperaturas elevadas, exceto pelos ácidos fluorídrico e fosfórico, e são mais resistentes
do que a porcelana nas fusões com pirossulfatos.

4.4 Aparelhagens de plástico


Os plásticos são usados em vários itens comuns de laboratório, como aspiradores, béqueres,
funis de Büchner, frascos de todos os tipos, tubos de centrífuga, erlenmeyers, cadinhos filtrantes,
funis de filtração, provetas, vidros de relógio, espátulas, torneiras, tubos 75 de diversos diâmetros e
frascos de pesagem. Os aparelhos de plástico são, frequentemente, mais baratos do que os de vidro
e são, normalmente, mais resistentes. Todavia, apesar de serem inertes frente a muitos produtos quí-
micos, existem algumas limitações no uso de aparelhagens de plástico, sendo a principal a tempera-
tura máxima que podem suportar, geralmente não muito altas.

4.5 Aparelhagens de metal


De modo geral, os metais comuns são facilmente corroídos por diversos agentes químicos,
prin­cipalmente pelos ácidos. Portanto, deve-se evitar o contato dos objetos metálicos com ácidos e
outros agentes oxidantes ou corrosivos.
»» Platina: a platina é usada em cadinhos, cápsulas e eletrodos. Seu ponto de fusão é muito
elevado, porém o metal puro é mole demais para o uso geral. Por isso, é sempre usada em
ligas com pequenas quantidades de ródio, irídio ou ouro.
»» Aparelhagens de aço inoxidável revestido com platina: são usados para a evaporação de
soluções de produtos químicos corrosivos.
»» Aparelhagens de prata: os cadinhos e cápsulas de prata têm suas utilidades principais na
evaporação de soluções alcalinas e nas fusões com álcalis cáusticos.
»» Aparelhagens de níquel: os cadinhos e cápsulas de níquel são usados nas fusões com álca-
lis e com peróxido de sódio.
»» Aparelhagens de ferro: os cadinhos de ferro podem substituir os de níquel nas fusões com
peróxido de sódio. Eles não são tão duráveis, porém são muito mais baratos.
»» Aparelhagens de aço inoxidável: estão disponíveis, no comércio, béqueres, cadinhos, pra-
tos, funis e outros aparelhos de aço inoxidável para uso no laboratório. Eles não enfer­
rujam, são rígidos, fortes e muito resistentes a danos físicos.
»» Aparelhagens de aquecimento: são equipamentos utilizados para fornecer quantidade de
calor necessária para realizar uma reação química ou um processo de separação.
Combustores (bicos): os combustores de Bunsen comuns são ainda muito utilizados na
obtenção de temperaturas moderadamente elevadas. Os combustores têm dimensões dife-
rentes, incluindo o tamanho e o desenho dos controles de aeração.

52 Técnicas Experimentais em Química: Normas e Procedimentos


Placas aquecedoras: as placas aquecedoras elétricas têm várias formas e tamanhos. Os
controles variam da opção simples “baixo, médio, alto” até termostatos e monitores de
temperatura muito elaborados.
Estufas elétricas: as estufas mais convenientes são aquecidas eletricamente e têm controle
termostático. As estufas elétricas são usadas, principalmente, na secagem de precipitados e
sólidos em temperaturas relativamente baixas. Praticamente, superaram as estufas de vapor.
Estufas de micro-ondas: as estufas de micro-ondas são muito usadas na secagem e no aque-
cimento. São particularmente úteis na determinação do conteúdo de umidade de materiais,
porque a água é eliminada muito rapidamente quando exposta à radiação em micro-ondas.
O tempo de secagem de precipitados também é muito reduzido.
Fornos de mufla: todos os laboratórios bem equipados devem ter um forno de mufla elé-
trico que atinja, pelo menos, a temperatura máxima de 1.200 ºC.
Banhos de ar: quando vapores ácidos ou corrosivos podem ser liberados, não se deve usar
a estufa elétrica para secar sólidos e precipitados em temperaturas até 250 ºC. Pode-se
construir um banho de ar com um cilindro de metal com o fundo perfurado.
Aquecedores e lâmpadas de infravermelho: lâmpadas de infravermelho de alta potência,
com refletores que concentram o calor, são úteis na evaporação de soluções e na secagem
de quantidades relativamente grandes de sólidos.
Banhos de imersão: os aquecedores de imersão são aquecedores radiantes protegidos por
um revestimento de vidro. São úteis no aquecimento direto da maior parte dos ácidos e
outros líquidos.
Mantas de aquecimento: as mantas de aquecimento são, essencialmente, uma carcaça fle-
xível de fibras de vidro entrelaçadas que se ajusta ao frasco e um aquecedor elétrico que
opera com calor não radiante.

4.6 Dessecadores e câmaras secas


Trata-se de recipientes fechados, cuja função é proteger produtos químicos que são higroscópi-
cos ou que reagem com a água da umidade relativa do ar.
»» Dessecadores: são recipientes de vidro cobertos, destinados à estocagem de objetos em
atmosfera seca. Um agente de secagem, como cloreto de cálcio anidro, sílica gel, alumina
ativada ou sulfato de cálcio anidro, fica dentro do dessecador. Sílica gel, alumina e sulfato
de cálcio podem ser impregnados com um sal de cobalto que funciona como indicador. A
cor do agente de secagem muda de azul a rosa quando o dessecador se satura com água.
A regeneração é feita por aquecimento em um forno elétrico. É conveniente colocar esses
dessecantes em um prato no fundo do dessecador para permitir a remoção fácil para rege-
neração quando necessário.
»» Câmaras secas: são usadas na manipulação de materiais muito sensíveis à umidade atmos-
férica. São caixas de metal ou de plástico, com janelas de vidro ou plástico transparente na
parte superior e nas paredes laterais. Luvas de plástico ou borracha ligam-se ao equipa-
mento pela parte frontal.

Equipamentos e Vidrarias de Laboratório 53


4.7 Aparelhagens para agitação
Equipamento de laboratório utilizado para misturar produtos químicos e líquidos para fins
laboratoriais.
»» Bastões de agitação: são feitos de vidro de 3 a 5 mm de diâmetro, cortados em compri-
mentos adequados. Ambas as extremidades são arredondadas por aquecimento em um
bico de Bunsen ou um maçarico. O comprimento do bastão deve ser adequado ao tama-
nho e à forma do recipiente.
»» Bastões de fervura: pode-se evitar superaquecimento e projeção de gotas de líquidos em
ebulição e de líquidos dos quais se deseja remover um gás, usando o chamado bastão de
fervura, um pedaço de tubo de vidro fechado em uma das extremidades e selado, aproxi-
madamente, a 1 cm da extremidade aberta. Esta última é imersa no líquido.

4.8 Aparelhagens para filtração


A mais simples aparelhagem de filtração é o funil de filtração com papel de filtro. Nas determi-
nações quantitativas que envolvem coleta e pesagem de um precipitado, é conveniente usar um cadi-
nho de pesagem. Existem, para isso, vários tipos de cadinho filtrante. Para quantidades maiores de
material, normalmente, usa-se um funil de Büchner. Existem, também, funis especiais descartáveis,
de capacidade para até 30 mL, com placas filtrantes que podem ser removidas. São particularmente
úteis na filtração de pequenas quantidades de materiais radioativos e proteínas.

4.9 Materiais mais usados em laboratórios


Observe no Quadro 4.1, a seguir, a ilustração dos principais materiais utilizados em laboratórios.

Quadro 4.1 - Materiais mais usados em laboratórios

Tubo de ensaio: utilizado para efetuar reações Copo Becker: usado para aquecimento de
em pequena escala, como testes de reações. líquidos, reações de precipitação etc.

Erlenmayer: usado para precipitações e aque- Balão de fundo chato: usado para aquecimen-
cimento de líquidos. tos e armazenamento de líquidos.

Balão de fundo redondo: usado para aqueci- Balão de destilação: usado em destilações.
mento de líquidos e reações com desprendi- Possui saída lateral para a condensação de
mento de gases. valores.

Pipeta volumétrica: para medir volumes fixos Pipeta graduada ou cilíndrica: usada para
de líquidos. medir volumes variáveis de líquidos.

54 Técnicas Experimentais em Química: Normas e Procedimentos


Funil de vidro: usado em transferência de
Proveta ou cilindro graduado: usado para líquidos e em filtrações de laboratório. O funil
medidas aproximadas de volumes de líquidos. com colo longo e estrias é chamado de funil
analítico.

Frasco de reagente: usado para armazenar Bico de Bunsen: usado para aquecimentos em
soluções. laboratórios.

Tela de amianto: usada para distribuir,


Tripé de ferro: usado para sustentar a tela de
uniformemente, o calor em aquecimentos de
amianto.
laboratórios.

Cadinho de porcelana: usado para aquecimen- Triângulo de porcelana: usado para sustentar
tos a seco (calcinações) no bico de Bunsen ou cadinhos de porcelana em aquecimentos
Mufla. diretos no bico de Bunsen.

Pinça de madeira: usada para segurar tubos


Suporte para tubos de ensaio: sustenta tubos
de ensaio durante aquecimentos diretos no
de ensaio.
bico de Bunsen.

Funis de decantação: usados para separação Almofariz e Pistilo: usados para triturar e
de líquidos imiscíveis. pulverizar sólidos.

Cuba de vidro: usadas para banhos de gelo e Vidro de relógio: usado para cobrir Becker em
fins diversos. evaporações, pesagens e fins diversos.

Cápsula de porcelana: usada para evaporar Placa de Petri: usadas em microbiologia, para
líquidos em soluções. cultivo de bactérias.

Dessecador: usado para resfriar substâncias


Pesa-filtros: usado para a pesagem de sólidos.
na ausência de umidade.

Bureta: usada para medidas precisas de líqui-


Lima triangular: usada para cortes de vidros.
dos em análises volumétricas.

Equipamentos e Vidrarias de Laboratório 55


Frasco lavador: usado para lavagens, remoção Pisseta: usada para os mesmos fins do frasco
de precipitados e outros fins. lavador.

Balão volumétrico: usado para preparar e Picnômetro: usado para determinar densidade
diluir soluções. de líquidos.

Suporte universal: usado para a sustentação Anel para funil: uni-se ao suporte universal
de peças. para sustentar o funil na filtração.

Garra metálica ou Garra para condensador:


Mufla: usada para acoplar a bureta ao
usada para sustentar o condensador na
suporte.
destilação.

Kitassato e Funil de Büchner: usados em Trompa de vácuo: usada em conjunto com o


conjunto para filtrações a vácuo. kitassato e o funil de Büchner.

Termômetro: usado para medição de Vara de vidro: usado para montagens de apa-
temperaturas. relhos, interligações e outros fins.

Bastão de vidro ou bagueta: usado para


homogeneizar soluções, transporte de líquidos Furador de rolhas: usado para furar rolhas.
na filtração e outros fins.

Kipp: usado para a produção de gases, tais Tubo em “U”: usado, geralmente, em eletró-
como H2S, CO2 etc. lise.

56 Técnicas Experimentais em Química: Normas e Procedimentos


Pinça metálica Casteloy: usada para trans- Pinça de Mohr: usada para impedir ou dimi-
porte de cadinhos e outros fins. nuir fluxos gasosos.

Pinça de Hoffman: também usada para impe- Escovas de limpeza: usadas para a limpeza de
dir ou diminuir fluxos gasosos. tubos de ensaio e outros materiais.

Condensadores: usados para resfriar gases ou


vapores na destilação.

Fique de olho!

A bureta com escala graduada rigorosa e torneira de precisão é utilizada para titulação de soluções e, também, para trans-
ferir volumes variáveis. Destinada exclusivamente à medição de volumes de líquidos. Essa vidraria não deve ser aquecida
para não perder a calibração.

Nas análises volumétricas, em que se utilizam proveta, pipeta e bureta, a medição exata de determinado volume implica
for­mação do menisco, isto é, da curva formada na superfície do líquido.

Vamos recapitular?

Neste capítulo, você aprendeu que um laboratório exige instalações adequadas e materiais pró-
prios para que os estudantes desenvolvam as atividades. Em função das necessidades de análises, os quí-
micos desenvolveram uma grande quantidade de equipamentos e apetrechos que são utilizados no dia a
dia de um laboratório químico.
No laboratório de Química, a maioria do material utilizado tradicionalmente é feito de vidro. O
vidro é um sólido amorfo de composição variável à base de sílica, relativamente barato, fácil de moldar e
com elevada resistência química. A vidraria de laboratório subdivide-se em dois tipos: o calibrado (utili-
zado para medições precisas de volume, portanto em análises quantitativas); e o não calibrado, utilizado
em sínteses, separações e identificações qualitativas.

Agora é com você!

1) Quando dois ou mais líquidos formam uma mistura heterogênea, dizemos que são
líquidos imiscíveis. Na separação de líquidos imiscíveis, a forma mais adequada é
utilizar:
a) balão de destilação e condensador.
b) balão de fundo redondo e proveta.

Equipamentos e Vidrarias de Laboratório 57


c) funil de decantação e erlenmayer.
d) funil de Büchner e béquer.
2) O sal de cozinha é usado, muitas vezes, na conservação dos alimentos. Ele pode ser obti-
do nas salinas, sendo removido da água do mar por evaporação. Se o sal estiver contami-
nado com areia, a mistura será ____, e um dos métodos para purificá-la pode ser a ____
Indique a alternativa que preenche corretamente as lacunas.
a) heterogênea - filtração
b) heterogênea - dissolução fracionada
c) homogênea - filtração a vácuo
d) homogênea - decantação
e) heterogênea - destilação fracionada
3) O ciclo da água na natureza, relativo à formação de nuvens, seguida de precipitação da
água na forma de chuva, pode ser comparado, em termos das mudanças de estado físico
que ocorrem e do processo de purificação envolvido, à seguinte operação de laboratório.
a) sublimação.
b) filtração.
c) decantação.
d) dissolução.
e) destilação.
4) Um estudante recebeu de seu professor de laboratório a tarefa de separar os componen-
tes de uma mistura contendo areia, limalha de ferro, água e sal de cozinha. Os métodos
mais indicados para ele cumprir com eficiência essa tarefa são, respectivamente:
a) Sifonação, filtração e fusão fracionada.
b) Filtração, separação magnética e destilação.
c) Destilação fracionada, decantação e destilação.
d) Filtração, decantação e cristalização fracionada.
5) Uma forma moderna de proteger o meio ambiente é fazer uso dos processos de reci-
clagem. Uma tonelada de ferro produzida com sucata consome apenas um terço da
energia que é utilizada para gerar uma tonelada desse metal a partir do minério de
ferro. Nas grandes sucatas, um dos métodos indicados para separar os objetos con-
tendo ferro dos demais resíduos é a:
a) flotação.
b) decantação.
c) fusão fracionada.
d) separação magnética.
e) destilação fracionada.

58 Técnicas Experimentais em Química: Normas e Procedimentos


5
Técnicas Básicas
de Laboratório

Para começar

Neste capítulo, você aprenderá que no laboratório para separação de substâncias utilizamos vários
procedimentos analíticos. Dependendo do tipo de mistura e do tipo de separação, deve-se adotar a téc-
nica mais apropriada. A escolha do método apropriado depende do estado físico dos componentes da
mistura e algum conhecimento das propriedades dos constituintes dela.

5.1 Processos mecânicos de separação


Os processos mecânicos são utilizados para separar misturas homogêneas nos casos em que
não for necessária nenhuma transformação física (por exemplo, mudança de fase de agregação).
Muitos desses processos, apesar de parecerem rudimentares, encontram aplicações importan-
tes na colheita de alimentos como trigo e arroz, na construção civil, na mineração de ouro, na purifi-
cação de minérios de enxofre etc.
»» Catação: é um método rudimentar de separação de misturas baseado na diferença de
tamanho e de aspecto das partículas de uma mistura de sólidos granulados. Utiliza as
mãos ou uma pinça para separar os componentes dessa mistura. Por exemplo, mistura de
feijão e impurezas.
»» Peneiração ou tamisação: nesse método, uma mistura de sólidos granulados, cujo tama-
nho das partículas é sensivelmente diferente, é colocada sobre uma peneira e submetida a

59
agitação. O componente de grânulos menores atravessa a malha e é recolhido. O de grâ-
nulos maiores fica preso sobre a peneira. Por exemplo, mistura de areia e pedregulhos.
»» Levigação: usada para separar misturas do tipo sólido-sólido, quando um dos componentes
(em forma de pó) é facilmente arrastado por um líquido enquanto outro componente mais
denso não é. Emprega-se uma corrente de água ou de outro líquido adequado para arrastar
o componente menos denso (pulverizado). Por exemplo, ouro e areias auríficas (em pó).
»» Flotação: usada para separar misturas do tipo sólido-sólido, geralmente em minérios pul-
verizados da respectiva ganga (impurezas). Adiciona-se óleo à mistura. O óleo adere à
superfície das partículas do minério, tornando-o impermeável à água. Em seguida, a mis-
tura é lançada na água e submetida a uma forte corrente de ar. O ar provoca a formação
de uma espuma que reúne as partículas do minério, que, assim, separa-se da ganga. Por
exemplo, sulfetos (em pó) da areia (ganga).
»» Ventilação: é utilizada quando os sólidos granulados que formam a mistura possuem densi­
dades sensivelmente diferentes. Nesse caso, passa-se uma corrente de ar pela mistura. O sólido
menos denso é arrastado e separado do mais denso. Por exemplo, grãos de café e cascas.­
»» Dissolução fracionada: usada para separar misturas do tipo sólido-sólido. Baseia-se na
diferença de solubilidade dos sólidos em determinado líquido (o líquido dissolve apenas
um dos sólidos que compõem a mistura). A dissolução fracionada deve ser seguida de
uma filtração para separar os componentes que não se dissolveram e de uma destilação
simples para separar os componentes que foram dissolvidos. Por exemplo, sal e areia. A
adição de água suficiente dissolverá todo o sal, e a areia, que não se dissolve, ficará deposi-
tada no fundo do recipiente.
»» Sedimentação fracionada: utilizada para separar misturas do tipo sólido-sólido cujos
componentes apresentam uma acentuada diferença de densidade. Adiciona-se à mistura
de sólidos um líquido de densidade intermediária. O sólido mais denso se deposita no
fundo do recipiente e o sólido menos denso flutua na superfície do líquido. Por exemplo,
areia e serragem.
»» Separação magnética: separa misturas do tipo sólido-sólido nas quais um dos componen-
tes tem propriedades magnéticas e é atraído por um ímã. Esse componente magnético é
atraído e separado dos demais. O eletroímã é utilizado para separar metais em uma usina
de compostagem e reciclagem. O lixo passa sob o eletroímã, o material orgânico segue
para a compostagem e os metais são atraídos pelo eletroímã. Em seguida, os metais são
levados para longe da ação do campo magnético por outra esteira e caem em uma saída
do separador.
»» Filtração comum: é utilizada para separar misturas de um líquido com um sólido não
dissolvido, quando as partículas do sólido são relativamente grandes e, assim, existe uma
diferença acentuada entre o tamanho delas e o tamanho dos poros do papel de filtro. O
líquido atravessa o papel de filtro (pregueado ou dobrado) apoiado sobre um funil de
vidro. O sólido fica retido no funil e o líquido é recolhido em um erlenmeyer. Por exem-
plo, água e areia.
»» Filtração a vácuo: é utilizada para separar misturas de um líquido com um sólido não dis-
solvido, quando as partículas do sólido não são muito grandes e formam uma pasta “entu-

60 Técnicas Experimentais em Química: Normas e Procedimentos


pindo” os poros do papel de filtro, caso seja feita uma filtração comum. A filtração a vácuo
também pode ser utilizada, simplesmente, quando se deseja uma filtração mais rápida. O
kitassato é ligado a uma trompa de vácuo por onde circula água corrente. Como a pressão
do ar (pressão atmosférica) fora do kitassato passa a ser maior do que a pressão no inte-
rior desse recipiente, o ar atmosférico entra pelos poros do papel de filtro, arrastando o
líquido e tornando a filtração mais rápida. Por exemplo, água e carbonato de cálcio.
»» Centrifugação: é utilizada para separar misturas imiscíveis do tipo sólido-líquido quando
o sólido se encontra, finalmente, disperso no líquido (como nas dispersões coloidais).
Se uma mistura desse tipo é deixada em repouso, a ação da gravidade tende a separar
os componentes, embora esse processo, às vezes, seja extremamente lento. Para acelerar
a separação de sólidos dispersos em líquidos, utiliza-se uma centrífuga manual ou elé-
trica, que consta de uma série de suportes onde são colocados tubos de ensaio contendo a
mistura para ser submetida a uma rotação acelerada. A força centrífuga, obtida pela rota-
ção acelerada dos tubos de ensaio, empurra a parte sólida (ou de maior densidade) para
o fundo do tubo, enquanto a parte líquida (ou de menor densidade) fica límpida, sobre o
sólido depositado. Por exemplo, água e iodeto de chumbo II.

5.2 Processos físicos de separação


As vidrarias e os aparelhos de laboratório são utilizados em montagens diversas, destinadas à
separação das substâncias que constituem as misturas.
Para separar misturas homogêneas, são utilizados processos físicos que envolvem transforma-
ções físicas como mudança de fase de agregação.
Um dos principais métodos de purificação e separação de substâncias, se não o mais impor-
tante, é o da destilação, utilizado em larga escala tanto em laboratórios de análise quanto em grandes
indústrias químicas, o qual se baseia na diferença entre os pontos de ebulição dos diversos compo-
nentes de uma mistura ou solução. A destilação pode ser feita de diversas maneiras, conforme as
propriedades das substâncias que serão separadas.

5.2.1 Destilação simples


É utilizada para separar misturas homogêneas do tipo sólido-líquido, nas quais os compo-
nentes têm pontos de ebulição muito diferentes. A mistura é colocada no balão de destilação, que
é aquecido sobre tela de amianto na chama de um bico de Bunsen ou numa manta elétrica, caso
a mistura seja inflamável. Quando a temperatura atinge o ponto de ebulição do componente mais
volátil (de menor ponto de ebulição), o vapor desse componente segue para o tubo interno do con-
densador, que é mantido resfriado pela circulação contínua de água fria pelas paredes externas. Essa
água de resfriamento entra pela parte de baixo do condensador e sai pela parte de cima para um
melhor aproveitamento da água no resfriamento. Ao encontrar as paredes frias do condensador, o
vapor volta ao estado líquido e é recolhido em um erlenmeyer ou em um béquer posicionado na
saída do condensador. O processo permanece até que todo componente de menor ponto de ebulição
seja destilado e se separe da mistura. Os componentes de maior ponto de ebulição ficam retidos no
balão. Por exemplo, água e cloreto de sódio (pontos de ebulição sob pressão de 1 atm, respectiva-
mente, igual a 100 e 1.490 ºC).

Técnicas Básicas de Laboratório 61


A Figura 5.1 apresenta um aparelho para esse tipo de destilação.

Figura 5.1 - Aparelho para destilação simples.

5.2.2 Destilação por arraste de vapor


É utilizada para extrair de um sólido - normalmente com a ajuda do vapor de água - uma substân-
cia ou mistura de substâncias que tenham como característica a volatilidade (baixo ponto de ebulição) e a
sensibilidade ao calor, ou seja, que sofre decomposição se for submetida a um aquecimento direto.
O processo de destilação por arraste de vapor se resume da seguinte forma:
»» Coloca-se água em um balão de fundo redondo, que é aquecido em uma tela de amianto
sobre a chama de um bico de Bunsen. Esse balão (A) gerará o vapor.
»» Em outro balão de fundo redondo (B), coloca-se a mistura que será destilada. Esse balão
deve ser mantido inclinado para evitar que a solução contida em seu interior seja bor­
rifada para o tubo de saída.
»» O vapor gerado no balão (A) é levado para o balão (B) através de uma conexão que pode
ser improvisada com tubos de vidro em L e um pedaço de mangueira de látex.
»» O vapor aquecido “arrasta” a substância volátil da mistura contida no balão B e caminha
em direção ao condensador.
»» No condensador, a mistura de vapor de água com a substância destilada passa para a fase
líquida e é recolhida no erlenmeyer.
»» Como, quase sempre, as substâncias obtidas por esse processo são imiscíveis na água, são
separadas, posteriormente, por decantação.
»» Para interromper a destilação, deve-se primeiro remover a conexão de borracha entre o
balão A e o balão B, o que evitará que qualquer líquido do balão B passe para o balão A
(refluxo). Por exemplo, água e eugenol ou água e citral (essência de limão).

62 Técnicas Experimentais em Química: Normas e Procedimentos


Observe na Figura 5.2 um aparelho para esse tipo de destilação.
Exemplo: água e eugenol ou água e citral (essência de limão).

Figura 5.2 - Aparelho para destilação por arraste de vapor.

5.2.3 Destilação fracionada


É usada para separar misturas homogêneas não azeotrópicas do tipo líquido-líquido, nas quais
os componentes possuem pontos de ebulição relativamente próximos. Os líquidos entram em ebuli-
ção quase ao mesmo tempo, mas seus vapores são forçados a passar por um caminho difícil na coluna
de fracionamento ou entre bolinhas de porcelana, cacos de cerâmica ou de vidro. Desse modo, só a
substância de menor ponto de ebulição vence esses obstáculos e vai para o condensador; já a de maior
ponto de ebulição retorna ao balão. Por exemplo, os componentes da gasolina, como o n-hexano e o
n-octano (que entram em ebulição, respectivamente, a 69 e 126 ºC sob pressão de 1 atm).
A Figura 5.3 ilustra um aparelho para esse tipo de destilação.

5.3 Aquecimento sobre refluxo


É utilizado para efetuar transformações (reações químicas) lentas, que necessitam de aqueci-
mento para ocorrer e nas quais pelo menos um dos reagentes tem ponto de ebulição menor que a
temperatura em que ocorre a reação.
O vapor do reagente, ao passar pelo condensador, volta à forma liquida e é devolvido ao balão
para continuar reagindo. Em seguida, vaporiza novamente e passa pelo mesmo processo, dando ori-
gem a um refluxo contínuo.
Há reações que exigem um controle de temperatura. Nesse caso, é necessário adaptar um ter-
mômetro ao balão.
Observe a Figura 5.4, de um balão de destilação acoplado a um condensador.

Técnicas Básicas de Laboratório 63


Figura 5.3 - Aparelho para destilação fracionada.

Figura 5.4 - Aquecimento sob refluxo.

5.4 Titulação
É um método utilizado para determinar a concentração de soluções por meio da reação química
com uma solução de concentração conhecida. A solução de concentração desconhecida é colocada no

64 Técnicas Experimentais em Química: Normas e Procedimentos


erlenmeyer e seu volume é medido cuidadosamente. A solu-
ção de concentração conhecida que reagirá, quimicamente,
com a solução do erlenmeyer é colocada na bureta graduada.
Adiciona-se à solução do erlenmeyer um indicador,
substância capaz de produzir um sinal físico (mudança de
cor, formação de precipitado), quando a solução do erlen-
meyer tiver reagido completamente com a solução da bureta.
Abre-se a torneira da bureta e deixa-se a solução gote-
jar sobre o erlenmeyer, que deve estar sob constante agita-
ção. Quando o sinal físico é percebido (ponto de viragem),
fecha-se, imediatamente, a torneira da bureta. Anota-se,
então, o volume da solução da bureta que foi gasto e cal-
cula-se a concentração da solução do erlenmeyer.
Observe, na Figura 5.5, que é necessário controlar a
torneira da bureta ao mesmo tempo em que se mantém o
erlenmeyer, em constante agitação.

5.5 Extração
A separação de substâncias, por extração seletiva, de
um solvente para um segundo, imiscível com o primeiro,
é outro método que segue as linhas matemáticas gerais.
Em contraste com a cromatografia líquido-líquido, as
duas fases líquidas apresentam-se em forma maciça, e não
como camadas ad­sorvidas. Dois líquidos puros são, com
frequência, utilizados especialmente para a distribuição de
com­postos covalentes, como solutos, de modo que a solu- Figura 5.5 - Conjunto
bilidade é apreciável em ambos os solventes.­ de bureta e erlenmayer.

Em outros casos, a presença de solutos adicionais em uma ou ambas as fases melhorará muito
a separação que se pode obter. A substância adicionada, geralmente, exerce seu efeito por meio de
equilíbrios competitivos. O pH de uma fase aquosa terá uma influência marcante na solubilidade
aparente de uma substância ácida ou básica. Daí a importância das soluções tamponadas. A for-
mação de complexos metálicos com solubilidade apreciável em líquidos não polares é igualmente
importante. O complexogênio pode constituir o solvente não aquoso, como no caso do líquido puro
acetilacetona, que extrairá alguns metais de transição da água em níveis adequados de pH, para for-
mar os acetilacetonatos complexos. O complexogênio pode ser um sólido, portanto usado com mais
vantagem em solução. Uma solução de ditizona em CHCl3 e CCl4 extrairá vários metais de transição
de água, onde o solvente não aquoso sozinho seria ineficiente. Para análises quantitativas, usam-se
extrações simples, repetidas tantas vezes quantas necessárias, para isolar a substância desejada da
amostra impura ou para remover constituintes interferentes. Assim, extrai-se, quantitativamente, o
urânio como trinitrato de tetrapropilamônio a partir de uma mistura complexa dos produtos de fis-
são. Pode-se extrair o cloreto férrico de uma solução ácida, mas vários outros cloretos também pas-
sarão para o éter. Entretanto, isso serve como um meio conveniente para remover a maior parte do
ferro de uma liga na preparação para a análise do alumínio.

Técnicas Básicas de Laboratório 65


Fique de olho!

O petróleo é hoje responsável por grande parte da energia que supre meios de transporte e indústrias. É matéria-prima
da indústria petroquímica. Como é possível um único material ter tão amplo aproveitamento? A resposta está na própria
composição, uma mistura de muitas substâncias diferentes, em sua grande maioria hidrocarbonetos. Para essa separa-
ção, o petróleo bruto é aquecido em torres de fracionamento, onde é destilado e são recolhidas as frações separadas em
diferentes intervalos de temperatura.

Vamos recapitular?

Neste capítulo você aprendeu que um processo de separação é qualquer transferência de massa.
As separações são realizadas nas diferentes propriedades químicas ou físicas, tais como tamanho, forma,
massa, densidade ou afinidade química entre os componentes de uma mistura. A escolha do método
apropriado depende desses fatores.

Agora é com você!

1) Em nosso planeta, a maior parte da água encontra-se nos oceanos (água salgada) e é
imprópria para o consumo. Um processo para tornar a água do mar potável seria: “Pro-
mover a ___ por ___ ou osmose reversa e, em seguida, retificá-la, ___ sais ___ adequadas.”
Assinale a alternativa que permite preencher, na sequência, as lacunas de forma correta.
a) purificação - destilação - removendo - em proporções.
b) dessalinização - destilação - adicionando - em proporções.
c) dessalinização - destilação - removendo - por técnicas.
d) desinfecção - cloração - adicionando - em proporções.
e) clarificação - decantação - adicionando - em proporções.
2) O vinho, bebida alcoólica conhecida em todo o mundo, é uma mistura homogênea.
Para separar seus componentes, pode-se usar a:
a) filtração c) decantação

b) destilação d) centrifugação
3) No tratamento da água distribuída à população pela Sabesp, adiciona-se sulfato de
alumínio à água represada, com a qual este produto reage em meio alcalino forman-
do flóculos que vão se precipitando. Explique como os flóculos limpam a água de
impurezas e que processos de separação estão envolvidos.
4) Para se obter gasolina a partir do resíduo da destilação de petróleo deve-se empregar
um processo que permita a formação de moléculas maiores ou menores do que as
que constituem o resíduo? Que nome tem um processo desse tipo?
5) Pesquisar como é feita a separação do betume dos xistos betuminosos.

66 Técnicas Experimentais em Química: Normas e Procedimentos


6
Calibração
de Vidrarias

Para começar

Neste capítulo, você aprenderá que, a fim de evitar erros sistemáticos, as vidrarias devem ser devi-
damente calibradas. A qualidade das medidas obtidas a partir dessas vidrarias depende muito do cui-
dado na calibração e na utilização de cada vidraria.

6.1 Limpeza de aparelhagem de vidro


Toda vidraria deve estar completamente limpa e livre de gordura, caso contrário os resultados
obtidos não serão confiáveis. Um teste simples da limpeza de uma aparelhagem de vidro consiste em
enchê-lo com água destilada e esvaziar imediatamente.
A água restante da aparelhagem deve formar uma película contínua. Se a água se agrupar em
gotículas, a aparelhagem está suja e deve ser limpa cuidadosamente. Existem métodos para a limpeza
de vidraria e muitos detergentes são adequados. O Teepol é um detergente relativamente brando e
barato, que pode ser usado na limpeza da vidraria.
Um método frequentemente usado é encher a aparelhagem, cuidadosamente, com uma mis-
tura de limpeza contendo ácido crômico, uma solução quase saturada de dicromato de sódio ou de
dicromato de potássio em ácido sulfúrico concentrado. Deixe em repouso por várias horas. Remova
a mistura e lave a aparelhagem, cuidadosamente, com água destilada ou deionizada. Deixe escor-
rer até que seque. Dicromato de potássio não é muito solúvel em ácido sulfúrico concentrado. Já o
dicromato de sódio é muito mais solúvel e de menor custo. Isso justifica a preferência pelo dicromato
de sódio na preparação da solução de limpeza.

67
Outro agente desengordurante eficaz, de ação mais rápida do que a mistura de limpeza, é a
potassa alcoólica. Dissolva 100 g de hidróxido de potássio em 50 mL de água. Deixe esfriar e com-
plete até um litro com álcool metílico comercial. Essa mistura deve ser manipulada com cuidado.

6.2 Calibração de aparelhagem graduada


As aparelhagens graduadas de classe A são satisfatórias para a maior parte do trabalho analí-
tico. Quando se deseja mais exatidão, é aconselhável calibrar todas as aparelhagens que não têm cer-
tificado de calibração recente. O processo de calibração envolve a determinação do peso da água que
certa aparelhagem contém.
Para a calibração, a aparelhagem deve ser cuidadosamente limpa e estar em temperatura
am­biente. Os frascos devem estar devidamente secos.

6.2.1 Balões aferidos


Deixe o balão limpo e seco. Pese-o. Anote o resultado. Coloque em posição um funil cuja haste
ultrapasse a marca do frasco. Adicione, lentamente, água deionizada ou destilada (termicamente
equilibrada) até chegar à marca. Remova o funil, tendo o cuidado de não encostar a haste nas pare-
des do balão e não molhar o colo do frasco acima da marca. Adicione mais água, com o auxílio de
um tubo conta-gotas até que coincida com a marca. Recoloque a tampa do balão e pese-o nova-
mente. Anote a temperatura da água. O volume de água que encher o balão até a marca de gradua-
ção pode ser calculado com a ajuda da Tabela 6.1.

6.2.2 Pipetas
Pese, previamente, o frasco onde irá recolher o líquido contido na pipeta para a calibração.
Encha a pipeta até um nível acima da marca com água destilada termicamente equilibrada. Deixe
escorrer o líquido até que o menisco fique, exatamente, na marca. Remova a gota que adere à ponta,
encostando-a na superfície da água contida em um béquer e retirando-o sem sacudir a pipeta.
Transfira o conteúdo da pipeta para um frasco seco, limpo e pesado (ou para um frasco de pesa-
gem), mantendo a ponta da pipeta em contato com o frasco (será necessário inclinar, ligeiramente,
a pipeta ou o frasco). Mantenha a posição da pipeta por 15 s após cessar o fluxo. Remova o frasco
receptor após esse tempo. Esse procedimento garante que não ficou líquido aderido à parte externa
da ponta da pipeta e que a gota que fica nessa ponta tem sempre o mesmo tamanho. Para determinar
o instante em que o fluxo cessa, observe o movimento da superfície da água logo abaixo da ponta
da pipeta. O escoamento se completa quando o menisco fica ligeiramente acima da extremidade
da ponta. Conte o tempo de 15 s para a drenagem a partir desse momento. Tampe o frasco recep-
tor, pese e anote o valor da temperatura da água. Faça, pelo menos, duas determinações. Calcule o
volume da pipeta com a ajuda da Tabela 6.1, de conversão de massa em volume, infra.

6.2.3 Buretas
Se for necessário calibrar uma bureta, é essencial certificar-se de que não existem vazamentos
e que o tempo de escoamento é satisfatório, antes de começar a calibração. Se a bureta passar por
esses dois testes, pode-se começar a calibração. Encha-a com água destilada equilibrada, termica-

68 Técnicas Experimentais em Química: Normas e Procedimentos


mente, com a balança. A temperatura ideal é a temperatura
registrada na bureta. Pese um frasco limpo e seco com cerca
de 100 mL de capacidade. Ajuste o líquido da bureta no zero O laboratório é um lugar para trabalho sério.
Prepare-se para realizar cada experiência
e remova a gota que adere à ponta. Coloque o frasco sob a
com a leitura prévia da instrução correspon-
bureta, abra a torneira, completamente, e deixe a água cair dente em uma norma de procedimento ou
dentro do frasco. Quando o menisco se aproximar da marca similar. Siga as instruções rigorosamente e
desejada, reduza o fluxo para que a liberação seja gota a gota. respeite as precauções recomendadas.
Ajuste o menisco na marca desejada. Não espere o tempo de
drenagem. Remova a gota que adere à ponta, tocando o colo
do frasco e a ponta. Tampe o frasco e pese novamente. Repita o procedimento para cada marca de
graduação a ser testada. Para uma bureta de 50 mL isso é feito, geralmente, a cada 5 mL. Anote a
temperatura da água e calcule, com o auxílio da tabela, o volume liberado a cada experimento a par-
tir do peso da água coletada.
É conveniente construir uma curva de calibração (peso X volume) partindo dos resultados
obtidos.
A conversão de massa em volume está demonstrada na Tabela 6.1.

Tabela 6.1 - Conversão de massa em volume utilizando a massa específica da água


Tabela Volume de 1 g de água em diferentes temperaturas

Temperatura (°C) Volume (mL) Temperatura (°C) Volume (mL)

10 1,0013 22 1,0033

12 1,0015 24 1,0037

14 1,0017 26 1,0044

16 1,0021 28 1,0047

18 1,0023 30 1,0053

20 1,0027
Fonte: Harris - Química analítica quantitativa.

Fique de olho!

Segurança exige que se pense antes no que vai se fazer. Nunca faça nada que pareça perigoso. Saiba como utilizar os
equipamentos de segurança, tais como óculos de proteção, capela, avental, luvas, chuveiro de emergência, lavador de
olhos e extintor de incêndio. Os produtos químicos devem ser estocados e utilizados de maneira a minimizar o contato
dos sólidos, dos líquidos e dos vapores com as pessoas. Procedimentos de descarte que sejam ambientalmente aceitáveis
deverão ser estabelecidos antes de utilizar qualquer produto químico. A vidraria volumétrica deve ser calibrada pesando-
-se a água contida ou transferida pelo instrumento. Em trabalhos mais cuidadosos, a concentração das soluções e os
volumes dos recipientes deverão ser corrigidos para as variações de temperatura.

Amplie seus conhecimentos

Numa análise que exige precisão, nunca é seguro assumir que o volume contido em qualquer instrumento volumétrico é
exatamente a quantidade indicada pela marca de calibração. Em vez disso, a recalibração é, normalmente, realizada pela
pesagem da água contida no instrumento volumétrico. Essa massa é convertida para o volume, utilizando a Tabela 6.1-
conversão de massa em volume.

Calibração de Vidrarias 69
Vamos recapitular?

Neste capítulo, você aprendeu a finalidade de evitar erros sistemáticos nas medições de volumes.
Calibramos um balão volumétrico, uma pipeta e uma bureta. Esses instrumentos são, extensivamente,
utilizados em análises gravimétricas e titulométricas e, para reduzir os erros aleatórios inerentes à utili-
zação de tais instrumentos, o seu uso deve ser completamente compreendido.

Agora é com você!

Calibrando uma bureta de 50 mL.


Procedimento mostra como calibrar uma bureta de 50 mL.
1) Encha a bureta com água destilada até o traço.
2) Ajuste o menisco em 0,00 mL.
3) Drene 10 mL de água para um frasco e determine a massa da água fornecida.
4) Repita o procedimento para 20, 30, 40, 50 mL.
5) Repita todo o procedimento uma segunda vez.
6) Utilize a Tabela 6.1 - Conversão de massa em volume, supra.
7) Repita todo o procedimento para os valores maiores que 0,04 mL.

70 Técnicas Experimentais em Química: Normas e Procedimentos


7
Elaboração de
Relatórios Técnicos

Para começar

Neste capítulo, você vai aprender que um relatório técnico transmite informações técnicas de
forma clara e de fácil acesso. Este texto explica o formato comumente aceito e orientações sobre como
proceder para elaborar e refinar um relatório.

7.1 Relatórios
A palavra “relatório” tem, entre outras, a seguinte definição: “Narração ou descrição verbal ou
escrita, ordenada e, mais ou menos minuciosa, daquilo que se viu, ouviu ou observou”, segundo o
Dicionário Aurélio. Por exemplo, relatório de uma testemunha ou de um médico, relatório de um
serviço prestado, de um acidente, de uma análise química, física ou biológica, laudo técnico etc.
Os relatórios técnicos podem diferir em alguns aspectos, de acordo com sua finalidade. Podem
existir relatórios diários de análise, relatórios de conformidade ou não, de desenvolvimento de novos
produtos ou fornecedores, laudos técnicos sobre resultados de análises, relatórios de pesquisas como
monografias ou teses, entre outros.
De uma forma geral, podemos enumerar alguns procedimentos importantes para a elaboração
de qualquer tipo de relatório:
»» Anote os dados obtidos em qualquer ensaio ou pesquisa prática num caderno apropriado
(preferencialmente, com folhas quadriculadas, a fim de facilitar possíveis rascunhos gráfi-
cos). Não apague nada e coloque sempre seu nome, data e título do ensaio realizado.

71
»» Faça suas anotações bem limpas e com clareza. Organize tabelas sempre que conveniente.
Se possível, prepare a tabela antes de iniciar o ensaio.
»» Anote tudo o que foi feito, inclusive erros ocorridos e resultados inesperados (essas infor-
mações poderão ser úteis), além das condições de execução do ensaio, tais como tempera-
tura ambiente, pressão, umidade, condições adversas etc.
»» Anote, organizadamente, possíveis cálculos realizados de maneira que possam ser perfei-
tamente compreensíveis no momento de elaborar o relatório.

7.2 Roteiro
O relatório deverá conter, de uma maneira geral:
»» Título do experimento.
»» Introdução: aqui, deve-se escrever um texto que tenha os fundamentos teóricos principais.
»» Materiais; procedimentos; cálculos, questões, tabelas, desenhos, esquemas, ilustrações,
riscos, precauções, segurança, bibliografia.
Antes de iniciar o seu relatório, responda às seguintes questões:

a) Qual conceito científico é abordado nesse experimento? Identifique o conceito científico


(teoria e lei) principal e escreva sobre ele a partir de suas anotações.

b) Quais são os objetivos para esse experimento? Escreva um texto que responda a duas perguntas:
1. O que está fazendo? Medindo algo? Analisando algo? Testando algo?
2. Por que está fazendo? O que quer saber ou ver?
c) Qual o propósito geral desse experimento? O que você fará no experimento? O que,
supostamente, você aprende executando o experimento?

d) Qual é a sua hipótese para o experimento de laboratório? Identifique as variáveis, resulta-


dos, gráficos.

e) Qual o raciocínio utilizado para chegar a sua hipótese? Explique, utilizando a estratégia e
o conceito científico, qual o caminho percorrido para você obter sua hipótese.

É claro que um relatório pode conter mais informações, dependendo do tipo de experimento
e de sua finalidade. Podem ser incluídos, por exemplo, cálculos efetuados, tabelas de comparação de
resultados, gráficos analíticos, custos comparativos, toxicidade de produtos utilizados etc.
Um relatório para apresentação de teses deve ser muito mais completo, indicando campos de
pesquisas, formulação de problemas, estudos exploratórios, coleta, análise e interpretação de dados etc.

72 Técnicas Experimentais em Química: Normas e Procedimentos


8
Planejamento de
Experimentos

Para começar

Neste capítulo, você aprenderá que, no planejamento de experimentos, muitos fatores afetam os
resultados obtidos. É uma técnica muito utilizada, na indústria, a combinação de testes estatísticos com
redução de custos.

8.1 Conceitos básicos


Na indústria, em especial no desenvolvimento de produtos, muitas vezes é necessário obter
informações sobre produtos e processos. Nesse momento, o trabalho das pessoas envolvidas com o
problema assemelha-se ao de pesquisadores ou cientistas que precisam projetar experimentos, cole-
tar dados e analisá-los. Experimentos são empregados para resolver problemas de fabricação, deci-
dir entre diferentes processos de manufatura, entender a influência de determinados fatores, relatar
condições de um produto específico etc. Além disso, essa tarefa se torna cada vez mais importante
à medida em que se intensifica a base tecnológica dos produtos e as exigências governamentais e de
clientes, aumentando a necessidade de emprego de experimentos durante todas as etapas do ciclo
de vida do produto.
O planejamento de experimentos (em inglês, Design of Experiments, DOE) é uma técnica utili­
zada para se planejar experimentos, ou seja, para definir quais dados, em que quantidade e em que
condições devem ser coletados durante determinado experimento, buscando, basicamente, satisfazer
dois grandes objetivos: a maior precisão estatística possível na resposta; e o menor custo. É, portanto,

73
uma técnica de extrema importância para a indústria, pois seu emprego permite resultados mais confiá-
veis, economizando tempo e dinheiro, parâmetros fundamentais em tempos de concorrência acirrada.
No entanto, deve ficar claro que essa ferramenta não substitui o conhecimento técnico do
especialista sobre o assunto, nem se trata de uma “receita de bolo” de como realizar um planeja-
mento. O domínio do problema é de fundamental importância.

8.2 Escolha da unidade experimental


Em um grande número de situações práticas, a unidade experimental é determinada pela pró-
pria natureza do material experimental. Por exemplo, em experimentos com animais, em geral, a
unidade experimental é um animal. Em outras situações, a escolha da unidade não é assim tão evi-
dente, exigindo do pesquisador algum estudo no sentido de escolher a mais adequada. Por exemplo,
em experimentos com plantas, pode ser, às vezes, uma planta, um conjunto de plantas ou uma área.
As unidades experimentais devem ser as mais homogêneas possíveis no sentido de minimizar o erro
experimental.

8.3 Escolha das variáveis a serem medidas


As medidas realizadas nas unidades experimentais constituem os valores da variável depen-
dente que, em geral, é predeterminada pelo pesquisador, isto é, ele sabe qual a variável que deseja
medir. O que constitui problema, às vezes, é a maneira como a variável é medida, pois disso depende
a precisão das observações. Assim, por exemplo, se os valores de uma variável são obtidos direta-
mente por meio de um instrumento de medida (réguas, paquímetro, termômetro etc.), a precisão
de nossas observações vai aumentar ao utilizarmos como observação a média de três medidas da
mesma unidade experimental. Qualquer outra variável que possa influir nos valores da variável
dependente deve ser mantida constante.
Suponhamos, por exemplo, que o tempo necessário para executar um experimento seja de
20 dias e que a temperatura ambiente tenha influência sobre a variável dependente. Nesse caso, a
temperatura ambiente deve ser mantida constante durante a execução do experimento. Se, por pro-
blemas experimentais, for impossível manter a temperatura ambiente constante, deve-se, além da
variável dependente, medir a temperatura ambiente correspondente a cada unidade experimental.
Variáveis desse tipo são consideradas, no estudo, como covariáveis e sua informação é utilizada para
reduzir o erro experimental.

8.4 Como selecionar o método


Um dos problemas do analista é selecionar uma dentre as várias possibilidades de análise de
determinada amostra. Para escolher melhor, ele deve conhecer os detalhes práticos das diversas téc-
nicas e seus princípios teóricos. Deve estar familiarizado também com as condições nas quais cada
mé­todo é confiável, conhecer as possíveis interferências que podem atrapalhar e saber resolver quais-
quer problemas que, eventualmente, ocorram. O analista deve se preocupar com a acurácia e a pre-
cisão, o tempo de análise e o custo. Os métodos acurados para certa determinação podem ser mui­tos

74 Técnicas Experimentais em Química: Normas e Procedimentos


lentos ou exigir reagentes muito caros. Levando-se em conta a economia, pode ser necessário es­colher
um método que, embora menos exato, dê resultados de acurácia suficiente em tempo razoável.
Os fatores importantes que se devem levar em conta, ao selecionar um método apropriado de
análise, incluem:
a) A natureza da informação procurada.
b) A quantidade de amostra disponível e a percentagem do constituinte a ser determinado.
c) A utilização dos resultados da análise.

8.5 Interferências e procedimentos


para evitar interferências
Seja qual for o método escolhido para determinada análise, deve ser um método específico,
isto é, capaz de medir com acurácia a quantidade da substância em interesse, sejam quais forem as
outras substâncias presentes. Na prática, poucos procedimentos analíticos atingem esse ideal, mas
muitos deles são seletivos, isto é, podem ser usados para determinar um grupo limitado de íons ou
moléculas na presença de muitos outros íons ou moléculas. Melhor seletividade pode ser obtida exe-
cutando-se a análise sob condições cuidadosamente controladas. Isso é particularmente verdadeiro
no caso de separações cromatográficas. Frequentemente, a presença de outras substâncias torna mais
difícil efetuar a medida desejada diretamente. A ocorrência de interferentes significa que outros pro-
cedimentos devem ser executados para remover o interferente ou evitar que ele atrapalhe o processo
analítico. Procedimentos envolvendo íons são usados para substâncias inorgânicas. Extração com
solventes e processos cromatográficos são melhores para substâncias orgânicas. Os procedimentos
para resolver o problema da interferência podem ser divididos em seis categorias:
»» Precipitação seletiva: reagentes apropriados podem ser utilizados para converter os íons
que interferem em precipitados que podem ser retirados por filtração. Para se conseguir
separações eficientes, o controle cuidadoso do pH é, frequentemente, necessário. Lem-
bre-se de que precipitados tendem a absorver substâncias das soluções e que, por isso,
é necessário garantir que a menor quantidade possível da substância a analisar se perca
dessa maneira.
»» Mascaramento: adiciona-se um complexante. Se os complexos resultantes forem suficien-
temente estáveis, eles não reagiram com substâncias adicionadas posteriormente. Isso se
aplica muito bem a processos titrimétricos ou gravimétricos.
»» Oxidação/redução seletiva: a amostra é tratada com um oxidante ou redutor que reagirá
com alguns dos íons presentes. A mudança do estado de oxidação facilita, com frequên-
cia, o processo de separação. Assim, por exemplo, para precipitar ferro como hidróxido,
a solução é sempre tratada com um oxidante para que o hidróxido férrico precipite. Isso
ocorre a um pH menor que o necessário para a precipitação do hidróxido ferroso, que
poderia se contaminar com os hidróxidos de muitos outros metais bivalentes.
»» Extração com solventes: quando íons metálicos são quelatados com reagentes orgânicos­ade­
quados, os complexos resultantes são solúveis em solventes orgânicos e podem ser ex­traídos
de soluções aquosas. Muitos complexos de associação iônicos que têm íons vo­lumosos com

Planejamento de Experimentos 75
caráter orgânico pronunciado (Por exemplo, o íon tetrafenilarsônico - (C6H5)4AS+) são
solúveis em solventes orgânicos e podem ser usados para extração de so­luções aquosas. A
extração com solvente, juntamente com ácidos e bases apropriados, tam­bém pode ser usada
para separar compostos orgânicos uns dos outros antes da quantificação.
»» Troca de íons: resinas de troca iônica insolúveis contêm ânions ou cátions que podem ser
trocados com íons das soluções com que estão em contato. Podem ser usadas para remo-
ver impurezas de soluções ou para enriquecer soluções nas espécies de interesse. O uso da
troca iônica no aumento da concentração de íons em solução antes da quantificação com
métodos pouco sensíveis é, particularmente, importante.
»» Cromatografia: o termo cromatografia inclui muitas técnicas de separação em que pro-
dutos químicos percorrem colunas ou superfícies impelidas por líquidos ou gases, sendo
separadas em função de suas características moleculares. Os processos cromatográficos
podem, hoje, ser aplicados a, praticamente, qualquer material orgânico ou inorgânico.
Uma exceção é a dos polímeros muito insolúveis. Os processos cromatográficos têm
muita importância na obtenção de dados quantitativos em análises. Aplicações típicas
incluem análises de drogas para fins forenses e análise de alimentos.

8.6 Tratamento de dados


Quando o melhor método de análise para lidar com os interferentes for definido, pode-se pas-
sar à análise em duplicata ou, de preferência, em triplicata. Todos os resultados analíticos devem
ser, cuidadosamente, registrados em um caderno próprio para preservá-los. Muitos instrumentos
modernos são operados por computador ou ligados a computadores, de modo que os resultados
não somente podem ser apresentados em uma tela, mas também registrados como gráficos ou tabe-
las que servem como registro detalhado. Outros cálculos podem ser necessários para apresentar os
resultados na forma adequada. Muitos instrumentos são capazes de tratar os dados brutos e rela-
cioná-los com cartas de calibração, limites de ação e análises estatísticas.
Como todas as medidas físicas, os resultados obtidos estão sujeitos a alguma incerteza e é
necessário estabelecer a grandeza dessa incerteza para apresentar resultados que tenham algum
significado. É necessário, portanto, estimar a precisão dos resultados, isto é, até que ponto podem
ser reproduzidos. Isso é comumente expresso em termos de diferença numérica entre determinado
valor experimental e a média de todos os resultados experimentais. A amplitude ou o espalhamento
em um conjunto de resultados é a diferença numérica entre o maior e o menor valor e também uma
indicação da precisão das medidas. Entretanto, as medidas mais importantes da precisão são o des-
vio-padrão e a variância.
A diferença entre o valor analítico mais provável e o valor verdadeiro da amostra é chamado
de erro sistemático da análise e indica a acurácia da análise.

Amplie seus conhecimentos

Quando trabalhamos com tratamentos de dados, as melhores soluções são a pesquisa bibliográfica e a pesquisa na internet
quanto aos conteúdos desejados. Muitos disponibilizam material para estudo da estatística. Entre eles, temos:

http://www.cultura.ufpa.br/dicas/ms/exc-uti.htm

http://www.statsoftinc.com/textbook/stathome.html.

76 Técnicas Experimentais em Química: Normas e Procedimentos


8.7 Estatística - Introdução à quimiometria
Todas as medidas contêm erros aleatórios. Os químicos empregam cálculos estatísticos para
aprimorar seus julgamentos relacionados à qualidade de medidas experimentais.

8.7.1 Limitações dos métodos analíticos


A função do analista é obter resultados os mais próximos possíveis dos valores verdadeiros por
meio da utilização correta dos métodos analíticos. O nível de confiança que os analistas podem ter
nos resultados de seu trabalho é, relativamente, pequeno se não conhecerem a acurácia e a precisão
do método que usaram e se não tiverem consciência das fontes de erros que podem afetar os resulta-
dos. A análise quantitativa não se limita à coleta da amostra, à execução de uma única determinação
e à admissão de que o resultado obtido está correto. Ela exige também o conhecimento da química
envolvida e das possíveis interferências de outros íons, elementos e compostos, bem como da distri-
buição estatística dos resultados numéricos obtidos.

8.7.2 Tipos de erros


Alguns erros de laboratório são mais óbvios do que outros, mas existe um erro associado a todas
as medidas. Não é possível medir o valor “real” do que quer que seja. O melhor que se pode fazer numa
análise química é aplicar, cuidadosamente, a técnica que a experiência indica como mais confiável.
»» Erros sistemáticos (determinados): são erros que podem ser evitados ou cujas magnitudes
podem ser determinadas. Os mais importantes são os erros operacionais, os erros relacio-
nados aos equipamentos ou aos reagentes e os erros inerentes ao método empregado.
»» Erros operacionais: são causados por fatores de responsabilidade do analista que não
estão relacionados ao método ou ao procedimento que ele usou. A maior parte deles é de
ordem física e acontece quando a técnica analítica não é seguida com rigor. Podemos dar
como exemplo a secagem incompleta das amostras antes da pesagem, as perdas mecâni-
cas de material por fervura descontrolada ou por derramamento durante a dissolução das
amostras, a aplicação incorreta da técnica de transferência de soluções e a pouca reprodu-
tibilidade da técnica de extração por solvente. O tratamento das amostras antes da medida
é, normalmente, a maior fonte de erro das análises químicas. São também erros opera-
cionais os relativos à incapacidade do analista em fazer certas observações de forma acu-
rada. Assim, por exemplo, algumas pessoas não são capazes de perceber mudanças rápi-
das de cor em titulações visuais, o que pode levar a pequenas diferenças na determinação
do ponto final da titulação. Outra decisão que depende da capacidade de cada indivíduo é
a estimativa de um valor entre duas divisões da escala de uma bureta ou de outro instru-
mento de medição.
»» Erros instrumentais e de reagentes: devem-se a defeitos de construção das balanças, ao
uso de pesos, vidrarias e outros instrumentos sem calibração. Devem-se, também, ao ata-
que de reagentes sobre o vidro, a porcelana etc., que dão origem a substâncias estranhas
ao meio reacional original e ao uso de reagentes impuros.
»» Erros de método: estes são os mais sérios porque são, normalmente, difíceis de detec-
tar. São exemplos desse tipo os erros de medidores de pH padronizados erroneamente, o

Planejamento de Experimentos 77
ruído de fundo na espectroscopia de absorção atômica e a resposta ruim dos detectores de
cromatografia e de espectroscopia. Os erros na análise clássica incluem a solubilização de
precipitados e a decomposição ou volatilização por ignição de precipitados na gravime-
tria. Podem ocorrer erros na titulometria se houver diferenças entre o ponto final da titu-
lação observado e o ponto de equivalência estequiométrica da reação. Um dos erros mais
frequentes diz respeito aos “efeitos de matriz”, isto é, quando a composição da amostra
a ser analisada e a das soluções-padrão usadas para fazer a curva de calibração são dife-
rentes. É particularmente importante, na análise de traços, usar solventes de alto grau de
pureza e, principalmente, livres de traços do analito cuja concentração será determinada.
»» Erros aleatórios (indeterminados): manifestam-se, na forma de pequenas variações, nas
medidas de uma amostra feitas em sucessão pelo mesmo analista, com todas as precau-
ções necessárias e em condições de análise, praticamente, idênticas. São produzidos por
fatores sobre os quais o analista não tem controle e, em geral, não podem ser evitados.

8.7.3 Como reduzir os erros sistemáticos


A análise e o tratamento dos erros sistemáticos afetam a exatidão dos resultados analíticos.
O nível de confiança que os analistas podem ter nos resultados de seu trabalho é, relativamente,
pequeno se eles não conhecerem a exatidão do método que usaram e se não tiverem consciência das
fontes de erros e procedimentos para minimizá-los.
»» Calibração de instrumentos: calibre todos os instrumentos (balões, buretas, pipetas, entre
outros) e aplique as correções necessárias. Mesmo quando os erros não podem ser elimi-
nados, é possível corrigir seu efeito. Assim, por exemplo, pode-se determinar a quanti-
dade de uma dada impureza presente em um precipitado e subtraí-la deste. Para reprodu-
zir os erros sistemáticos, calibre, frequentemente, a aparelhagem.
»» Determinação do branco de uma amostra: consiste na execução de uma análise nas mes-
mas condições experimentais usadas na análise da amostra, porém na ausência do consti-
tuinte de interesse. O objetivo é verificar o efeito de impurezas eventualmente introduzi-
das por reagentes e aparelhos de laboratório ou determinar o excesso de solução-padrão
necessário para alcançar, nas mesmas condições, o ponto final da titulação de uma amos-
tra desconhecida. Correções de branco muito grandes são indesejáveis, porque o valor
exato fica mais incerto e a precisão da análise diminui.
»» Análise de controle: consiste na análise de uma substância-padrão nas mesmas condições
experimentais usadas na análise da amostra. A quantidade da substância-padrão utilizada
deve conter um peso do analito igual ao da amostra desconhecida. O peso exato do ana-
lito pode ser determinado a partir da relação:
Resultado encontrado:
Para o padrão = Peso da substância no padrão
Resultado encontrado X para a amostra

Onde X é o peso do analito na amostra desconhecida.

78 Técnicas Experimentais em Química: Normas e Procedimentos


Observe que é possível adquirir, no comércio, amostras-padrão analisadas por analistas expe-
rientes, dentre elas padrões primários (oxalato de sódio, hidrogenoftalato de potássio, óxido de arsê-
nio III e ácido benzoico) e minérios, materiais cerâmicos, ferros, aços, ligas ferrosas ou não.
»» Uso de método de análise independentes: em alguns casos, a acurácia de um resultado
pode ser estabelecida pela análise das amostras por outro método completamente dife-
rente do utilizado. Assim, as concentrações de cálcio e magnésio na determinação da
dureza da água por absorção atômica podem ser comparadas com os resultados obtidos
por titulação com EDTA.
»» Determinações paralelas: servem como controle do resultado obtido em uma única deter-
minação e indicam somente a precisão da análise. Os valores obtidos para os analitos pre-
sentes em quantidades não muito pequenas não devem diferir mais do que três partes por
mil. Se as variações forem maiores, as análises devem ser repetidas até se obter concor-
dância satisfatória. Análises em duplicata, ou no máximo em triplicata, são, em geral, sufi-
cientes. A concordância mostra apenas que os erros acidentais ou as variações de erros
sistemáticos nas análises em paralelo são iguais ou aproximadamente iguais.
»» Adição de padrão: adiciona-se à amostra uma quantidade conhecida do constituinte a
ser determinado. Analisa-se, a seguir, a amostra para determinar a quantidade total do
constituinte. A diferença entre os resultados obtidos para as amostras, com e sem o cons-
tituinte adicionado, deve ser igual à quantidade do constituinte adicionado. Se a recu-
peração for satisfatória, a confiança do analista na acurácia do procedimento analítico
utilizado aumenta. O método é, normalmente, aplicado a procedimentos físico-químicos,
como a polarografia e a espectrofotometria. Outra forma de aplicar-se esse método é fazer
uma série de adições-padrão e determinar, graficamente, a concentração do analito por
extrapolação.

Amplie seus conhecimentos

A palavra “erro” tem dois significados ligeiramente diferentes: a) erro refere-se à diferença entre um valor medido e o
valor “verdadeiro” ou conhecido; b) erro, geralmente, denota a incerteza associada a uma medida ou experimento.

Pesquise mais sobre o assunto nas literaturas indicadas a seguir.

Artigo

COLEMAN, D. E.; MONTEGOMERY, D. C. A systematic approach to planning for a designed industrial experiment.
Technometrics, v. 5, n. 1, 1993.

Livros

BOX, G. E. P.; HUNTER, W. G.; HUNTER, J. S. Statistics for experimenters. New York: John Wiley, 1978. (Disponível na
biblioteca IP)

WERKEMA, M. C. C.; AGUIAR, S. Planejamento e análise de experimentos: como identificar as principais variáveis
influentes em um processo. Belo Horizonte: UFMG, 1996. (Disponível na biblioteca da EESC - USP).

WERKEMA, M. C. C.; AGUIAR, S. Otimização estatística de processo: como determinar a condição de operação de um
processo que leva ao alcance de uma meta de melhoria. Belo Horizonte: Fundação Cristiano Ottoni, 1996. (Disponível na
biblioteca da EESC - USP).

Planejamento de Experimentos 79
Vamos recapitular?

Neste capítulo, você aprendeu que um experimento bem planejado e bem executado permite
determinar, simultaneamente, os efeitos de muitos fatores que podem afetar os resultados de quaisquer
experiências.

80 Técnicas Experimentais em Química: Normas e Procedimentos


9
Instalação e Leiaute
de Laboratórios

Para começar

Neste capítulo, você aprenderá que nos laboratórios o centro das atenções não é o professor, mas
o experimento. Por isso, as mesas, cadeiras e bancadas são combinadas com o trabalho a ser realizado,
podendo ser em grupo ou individual. Dessa maneira, trabalha-se com uma proposta didática diferente,
em que a interação professor-aluno e entre os próprios alunos é estimulada.

Um laboratório exige instalações adequadas e materiais próprios para que os usuários desenvol-
vam as atividades a contento. Devemos observar vários aspectos para que esse ambiente possa funcionar
de modo seguro.

9.1 Conceitos básicos


Leiaute, do inglês layout, corresponde ao arranjo dos diversos postos de trabalho nos espaços
existentes na organização. Envolve, além da preocupação de melhor adaptar as pessoas ao ambiente
de trabalho, segundo a natureza da atividade desempenhada, também a arrumação dos móveis,
máquinas, equipamentos e matérias-primas.

9.2 Objetivos de um projeto de leiaute


O principal objetivo no projeto do laboratório é proporcionar um ambiente seguro para o pes-
soal realizar seu trabalho, o que envolve:

81
»» Permitir uma avaliação de todos os riscos de saúde e segurança e antecipar as medidas de
proteção que possam ser adicionadas ao projeto.
»» Otimizar as condições de trabalho do pessoal nas diversas unidades organizacionais.
»» Racionalizar os fluxos de fabricação ou de tramitação de processo.
»» Racionalizar a disposição física dos postos de trabalho, aproveitando todo espaço útil disponível.
»» Minimizar a movimentação de pessoas, produtos, materiais e documentos da ambiência
organizacional.

9.3 Aspectos de um bom arranjo físico


Um ambiente deve proporcionar segurança para os usuários realizarem suas experiências:
»» Segurança inerente: passagens devem ser claramente marcadas e mantidas livres.
»» Extensão do fluxo: minimizar as distâncias percorridas pelos recursos transformados.
»» Clareza de fluxo: todo o fluxo de materiais e clientes deve ser sinalizado de forma clara e
evidente.
»» Conforto da mão de obra: deve ser alocada para locais distantes de partes barulhentas ou
desagradáveis da operação, provendo um ambiente ventilado e iluminado.
»» Coordenação gerencial: supervisão e coordenação devem ser facilitadas pela localização
da mão de obra e dispositivos de comunicação.
»» Acesso: todas as máquinas, equipamentos e instalações devem permitir adequada limpeza
e manutenção.
»» Uso do espaço: deve permitir o uso adequado do espaço disponível da operação.
»» Flexibilidade de longo prazo: deve permitir mudanças periódicas à medida que as neces­
sidades da operação mudam. Considerando-se que os laboratórios são a parte mais
importante de qualquer indústria, estabelecimento de ensino ou de pesquisa, seja ele
químico, físico, microbiológico, entre outros, deve-se estar alerta sob o ponto de vista da
segurança e medicina do trabalho.
O leiaute de um laboratório químico precisa estar de acordo com o tipo de trabalho a ser reali-
zado. Para isso, o projeto deve conciliar funcionalidade e segurança.

9.3.1 Espaço físico


Em condições ideais, o laboratório deve ter boa iluminação, adequada aeração e área interna
dividida em dois ambientes: um para as análises; e outro para preparação/depósito de equipamentos
e reagentes químicos. A área do laboratório deve ser compatível com o tipo de trabalho e a quanti-
dade de analistas que o ocupam.

9.3.2 Janelas
A claridade e o arejamento do ambiente de trabalho são fundamentais. As janelas devem ter
tamanho suficiente para entrada de luz natural e possuir sistema de arejamento suficiente. Para auxi-

82 Técnicas Experimentais em Química: Normas e Procedimentos


liar a circulação do ar, no laboratório, bem como para exaurir gases/vapores produzidos nas reações,
é preciso que haja, pelo menos, dois exaustores em locais estrategicamente estudados. Não devem
ser colocadas cortinas confeccionadas com material de fácil combustão. Para melhor aproveitamento
das paredes, é preciso que as janelas estejam localizadas a uma altura superior a 1,5 m do piso.

9.3.3 Portas
O laboratório deve ter no mínimo duas portas, ambas de fácil abertura para o lado de fora, com
uma pequena janela de vidro transparente na parte superior delas. As fechaduras devem estar em per-
feito estado de funcionamento. Para evitar tropeções, o piso junto às portas não deve ter desnível.

9.3.4 Paredes
Em princípio, as paredes devem ter cor clara, revestidas com material de fácil limpeza, como
azulejo, numa altura mínima de 2 m.

9.3.5 Pisos
O piso deve ser construído com material antiderrapante, resistente à corrosão por agentes quí-
micos e de fácil limpeza. Dentro desse padrão, o piso pode ser de cerâmica, pedra, placa de plástico
ou de borracha ou ainda de madeira tratada. Não deve haver desníveis, que poderiam provocar que-
das ou outros acidentes.

9.3.6 Bancadas
As bancadas podem ser de dois tipos:
a) Centrais: destinadas às análises, onde podem ser instaladas duas pias, uma em cada extre-
midade do balcão, pontos de energia elétrica (110 e 220 V), água e gás.
b) Laterais: encostadas na parede para colocar instrumentos de precisão, balanças, peagâme-
tros, estufa etc. Também devem conter pontos de energia e água.
Com relação aos materiais utilizados para as bancadas, os mais comuns são constituídos de
madeira, alvenaria ou aço inoxidável, sendo este último preferido por apresentar vantagens, como
durabilidade, segurança, facilidade de limpeza e resistência ao fogo. Além disso, é anticorrosivo. Porém,
tanto a bancada de madeira como a de alvenaria podem proporcionar vantagem sobre o de aço inoxi-
dável, pois podem proteger vidrarias contra choques, desde que o tampo esteja revestido de laminado
(fórmica). Assim, para evitar a quebra de vidraria pelo choque, independentemente do tipo de ban-
cada, uma das alternativas é forrar o tampo com tapete de borracha resistente à ação de ácidos e álcalis.
A escolha do material está diretamente relacionada ao tipo de trabalho a ser desenvolvido.
A disposição das bancadas deve ser feita de tal forma que a luz incida nelas lateralmente, não
provocando ofuscamento à vista, ou sombra.
A área de circulação entre as bancadas deve ser suficientemente grande para permitir tráfego
ou abandono de área no caso de acidentes.

Instalação e Leiaute de Laboratórios 83


9.3.7 Pias e sifões
Para que os materiais usados em pias e sifões tenham mais durabilidade, recomenda-se utilizar
aqueles confeccionados em aço inoxidável ou em PVC. Esses materiais são resistentes, em especial, à
corrosão por ácidos e álcalis.

9.3.8 Armários
Para escolha de armários, deve-se levar em conta a natureza química das substâncias que serão
armazenadas. As substâncias tóxicas ou explosivas devem ser guardadas num armário, de preferên-
cia, feito de aço inoxidável, com chave, e esta deverá estar em poder do responsável pelo laboratório.
Como regra geral, o armário deve ter prateleiras ajustáveis e portas com vidro transparente
para facilitar a localização de substâncias químicas.
Para o armazenamento de reagentes químicos sólidos em frascos de vidro, a escolha deve
re­cair em armários que apresentem prateleiras, para que o risco de quebra dos reagentes seja o
mí­nimo possível.
Para líquidos voláteis, ácidos e alcalinos, os armários precisam ser construídos com materiais
resistentes à corrosão e ao fogo.
A porta do armário, além de uma relação de substâncias constituintes, apresentará rótulos com
símbolos que indicam riscos e painéis de segurança.
É recomendado que os armários com substâncias fiquem em sala de preparação.

9.3.9 Área quente


Nela devem estar posicionadas estufas, mufla, capela. EPIs e extintor de incêndio adequado
devem estar posicionados próximos a essa área, de maneira que se possa ter acesso fácil a eles em
caso de acidente.

9.3.10 Área de armazenagem


Deve ser dada ênfase, na construção em separado do almoxarifado, ao armazenamento de
substâncias químicas, para que estas não sejam conservadas nos laboratórios, evitando o congestio-
namento das bancadas e possíveis acidentes.
As substâncias são separadas por espécies químicas e também de acordo com a segurança:
»» Um armário para substâncias sólidas e líquidas não inflamáveis, mas corrosivas.
»» Um armário para armazenagem de solventes, com construção resistente ao fogo.
»» Um armário para venenos, como cianetos ou compostos de arsênio, que deve ser mantido
fechado à chave.
Os seguintes pontos de organização devem ser observados nos espaços de estocagem:

84 Técnicas Experimentais em Química: Normas e Procedimentos


a) Listagem: uma listagem deve ser mantida para todos os produtos químicos em estoque. O
sistema deverá indicar a taxa de consumo, o período de estocagem e reposição. Os produ-
tos químicos devem ser mantidos em estoque mínimo.
b) Riscos reativos: os produtos químicos que reagem entre si não podem ser estocados em
lugar fechado e próximos.
c) Rótulos: todos os frascos devem ser corretamente etiquetados, com advertência e com a
data de vencimento.
d) Recipientes para líquidos: grandes recipientes para líquidos devem ser sempre mantidos
ao nível do solo.
e) Bandeja para vazamentos: pode ser usada para conter vazamentos de todos os reagentes.
Devem ser feitas de um material apropriado, de acordo com os reagentes que, porventura,
possam vazar.
f) Prateleiras: devem ser sempre mantidas em condições seguras e sem defeitos, construídas
com material apropriado.

9.4 Produtos incompatíveis normalmente


são armazenados separadamente
Define-se como “incompatibilidade entre produtos químicos” a condição na qual determina-
dos produtos se tornam perigosos quando manipulados ou armazenados próximos a outros, com os
quais podem reagir, criando situações perigosas.
Os agentes oxidantes são considerados os mais perigosos nesse sentido, pois, durante uma rea-
ção química, liberam oxigênio, um dos elementos necessários à formação do fogo.
Algumas vezes, esse suprimento de oxigênio pode ser muito elevado, com forte desprendi-
mento de calor, o que pode provocar uma explosão (por exemplo, quando um agente oxidante está
guardado próximo a um produto combustível e, por uma razão qualquer, entram em contato).
O Quadro 9.1 apresenta informações sobre a incompatibilidade para armazenagem de produ-
tos químicos.

Quadro 9.1 - Produtos químicos incompatíveis para fins de armazenagem


Reagente Incompatível com

Ácido acético Ácidos crômico, perclórico e nítrico, peróxidos permanganatos, etilenoglicol.

Acetileno Cloro, bromo, flúor, cobre, prata e mercúrio.

Ácido sulfúrico Cloratos, percloratos, permanganato de potássio e sais de lítio, sódio etc.

Ácido nítrico Ácidos cianídrico, acético e crômico, anilinas, óxidos de cromo VI, sulfeto de hidrogênio, líquidos e gases inflamáveis.

Ácido perclórico Anidrido acético, alcoóis, bismuto e suas ligas, papel, madeira.

Alquil alumínio Água.

Amônia anidra Mercúrio, cloro, hipoclorito de cálcio, iodo, bromo, ácido fluorídrico.

Anilina Ácido nítrico, peróxido de hidrogênio.

Instalação e Leiaute de Laboratórios 85


Bromo e cloro Benzeno, hidróxido de amônio, benzina de petróleo, hidrogênio, acetileno, etano, propano, butadienos, metálicos.

Carvão ativo Dicromatos, permanganatos, ácidos nítrico e sulfúrico, hipoclorito de cálcio.

Cianetos Ácidos.

Cobre metálico Acetileno, peróxido de hidrogênio.

Cloratos e percloratos Sais de amônio, ácidos, metais em pó, matérias orgânicas particuladas, combustíveis.

Fósforo Enxofre, compostos oxigenados, cloratos, percloratos, nitratos, permanganatos.

Hidrocarbonetos Ácido crômico, flúor, cloro, bromo, peróxidos.

Iodo Acetileno, hidróxido de amônio, hidrogênio.

Líquidos inflamáveis Ácido nítrico, nitrato de amônio, óxido de cromo VI, peróxidos, flúor, cloro, bromo, hidrogênio.

Mercúrio Acetileno, ácido fulmínico, amônia.

Metais alcalinos Água, halogenetos de alcanos, halogênios, tetracloreto de carbono, anidrido carbônico.

Nitrato de amônio Ácidos metálicos, líquidos inflamáveis, cloretos, enxofre, compostos orgânicos em pó.

Óxido de cromo VI Ácido acético, glicerina, benzina de petróleo, líquidos inflamáveis, naflateno.

Prata metálica Acetileno, ácidos tartárico e oxálico, compostos de amônio.

Alcoóis, anilina, cobre, cromo, ferro, líquidos inflamáveis, sais metálicos, compostos orgânicos em pó,
Peróxido de hidrogênio
nitrometano, metais em pó.

Peróxido de sódio Ácido acético, anidrido acético, benzaldeído, etanol, metanol, etilenoglicol, acetatos de metila e etila, furfural.

Permanganato de potássio Glicerina, etilenoglicol, ácido sulfúrico, benzaldeído.


Fonte: Cetesb.

9.5 Equipamentos de proteção coletiva


São denominados EPCs os equipamentos de uso no laboratório que, quando bem especifica-
dos para as finalidades a que se destinam, permitem executar operações em ótimas condições de
salubridade para o operador e as demais pessoas no laboratório. Esses equipamentos permitem tam-
bém eliminar ou reduzir o uso de alguns equipamentos de proteção individual (EPIs).

9.6 Exaustão
As capelas são o melhor exemplo desses equipamentos. Há diversos tipos de capelas de labora-
tório, dependendo do trabalho a que se destinam.

9.6.1 Capelas de uso geral


É um dos equipamentos imprescindíveis em todo laboratório onde se manuseiam produtos
químicos ou produtos particulados. Devem obedecer a critérios de construção, levando-se em conta
o tipo de trabalho e a quantidade de operadores que as utilizarão.
Suas principais características são:
»» Construção robusta, com revestimento interno resistente aos produtos com os quais se vai
operar.

86 Técnicas Experimentais em Química: Normas e Procedimentos


»» Sistema de exaustão com potência suficiente para promover a exaustão dos gases leves,
que, rapidamente, ocupam as camadas superiores, e dos gases pesados, como gases de
enxofre e alguns solventes, que tendem a permanecer nas partes baixas da capela. O ruído
não deve exceder a, aproximadamente, 70 decibéis.
»» Sistema de iluminação adequado para uma perfeita utilização (sugere-se, no mínimo, de
300 a 400 luxes).
»» Dimensões adequadas e todos os recursos necessários (gases, energia, água, esgoto etc.),
com comandos na parte externa.
»» Equipamentos elétricos e interruptores à prova de explosão, quando o trabalho for com
produtos inflamáveis ou explosivos.
A exaustão da capela é um dos itens mais importantes a ser verificado, periodicamente, pela
medida da velocidade facial, feita por meio de um anemômetro e expressa em metros por segundo
(m/s). Segundo normas sugeridas pela American Conference of Governamental and Industrial
Hyginists (ACGIH), a velocidade do ar deve ser de 0,5 m/s com a janela da capela totalmente aberta.
Pode-se fazer um teste qualitativo para visualizar a trajetória dos gases, em exaustão, aproximando-
-se dois pequenos béqueres contendo hidróxido de amônio concentrado e ácido clorídrico concen-
trado. Observa-se a formação de névoa branca.

9.6.2 Capelas do tipo walk-in


São capelas especiais sem bancada tradicional. Sua base de trabalho é rebaixada até quase o
nível do piso. É possível ao operador entrar nessas capelas, tomando os devidos cuidados com gases
residuais, para efetuar montagem de aparelhagem de grandes dimensões, em alturas impossíveis de
se atingir em capelas normais.

9.6.3 Capelas de ácido perclórico


São capelas especialmente projetadas para o trabalho envolvendo ácido perclórico, que forma
produtos explosivos ao entrar em contato com produtos orgânicos, tais como madeira, plásticos etc.
Essas capelas devem ser revestidas de aço inoxidável (internamente) e dotadas de um sistema hidráu-
lico em que os gases exauridos passem por uma cortina de água, promovendo a dissolução e remo-
vendo vapores de ácido perclórico, evitando, assim, o contato com os dutos (em geral, PVC) e se dis-
persando na atmosfera. As paredes da capela devem ser lavadas internamente após cada dia de uso.

9.6.4 Capelas de fluxo laminar


São capelas especiais, destinadas a trabalhos com produtos biológicos em condições absoluta-
mente estéreis e trabalhos com ausência de partículas em suspensão no ar. Há dois tipos de capela de
fluxo laminar:
»» De fluxo horizontal: destinadas a trabalhos com produtos estéreis não patogênicos (não
contaminados), onde a trajetória do fluxo de ar não permite ao ar ambiente entrar em
contato com as amostras, pois o operador recebe o fluxo já filtrado, vindo de dentro da
capela e impulsionando na direção vertical.

Instalação e Leiaute de Laboratórios 87


»» De fluxo vertical: destinadas a trabalhos com amostras ou produtos patogênicos, sendo
necessárias condições de absoluta segurança para o operador. Nesse sistema, o ar já fil-
trado (filtro absoluto), livre de partículas ou micro-organismos de até 0,2 micra de diâme-
tro, atinge a amostra na direção vertical, sendo aspirado para dentro da capela e, depois,
passando por nova filtração, antes de sair para o ambiente. Dessa forma, a cortina frontal
de ar cria uma barreira que isola o interior da área externa.

9.6.5 Capelas especiais


Manuseadas com luvas (glove box) para substâncias cancerígenas, ou muito tóxicas.

9.7 Chuveiros e lava-olhos de emergência


São equipamentos imprescindíveis a todos os laboratórios. Devem ser instalados em locais
estratégicos para permitir fácil e rápido acesso a partir de qualquer ponto do laboratório.
Os chuveiros de emergência têm um desenho especial e sua principal característica é fornecer
uma ducha de água com grande ângulo de abertura para atingir, totalmente, o operador que sofreu
um acidente com espirros de líquido corrosivo ou inflamável. Deve ter uma alça de acionamento ao
alcance dos operadores de menor estatura. Deve-se fazer teste de funcionamento com frequência.
Sugere-se testar uma vez por semana para garantir o perfeito funcionamento.
Os lava-olhos, da mesma forma, devem possuir um dispositivo de fácil acionamento e ser
suficientemente grandes, considerando-se que o operador deverá estar com a visão parcial ou total-
mente impedida. As duchas de água devem ser dotadas de filtros para partículas sólidas, que pode-
rão vir no jato de água.

9.8 Manta corta-fogo


As mantas corta-fogo são empregadas em casos de incêndios que se estendem para as roupas
do operador. A extinção do fogo se dá por abafamento. Da mesma forma que os outros EPCs, devem
permanecer em local de fácil acesso e todos devem ser treinados para a sua correta utilização. As
mantas devem ser fabricadas com tecidos não combustíveis.

9.9 Medidas de combate a incêndio


Extintores adequados devem estar posicionados em locais apropriados, bem sinalizados, e ser
frequentemente vistoriados.

9.10 Manutenção periódica


»» Capela.
»» Instalações elétricas e hidráulicas (durante a manutenção, se houver necessidade de uso
de maçarico, verificar a presença de produtos inflamáveis).

88 Técnicas Experimentais em Química: Normas e Procedimentos


9.11 Treinamento periódico
»» Manuseio.
»» Atendimento de primeiros socorros.
»» Uso adequado de EPI - ênfase para EPI de fuga.
»» Brigada de incêndio - algumas pessoas treinadas para saber o que fazer em caso de incêndio.

9.12 Almoxarifado
»» Boas condições de uso.
»» Equipamento de segurança para casos de acidentes.

9.13 Sinalização apropriada das áreas de maior risco


»» Não fumar.
»» Proibida a entrada.
»» Vapores tóxicos.

9.14 Alguns rótulos de riscos e painéis de segurança


O objetivo da sinalização de segurança é o de facilitar a identificação dos produtos químicos
perigosos nas atividades de transporte e, com isso, propiciar mais eficácia e agilidade em situações de
acidentes. A Figura 9.1 apresenta os principais símbolos de segurança utilizados.

GÁS GÁS
EXPLOSIVO
INFLAMÁVEL TÓXICO

LÍQUIDO GÁS
INFLAMÁVEL OXIDANTE TÓXICO

Figura 9.1 - Símbolos de segurança.

Instalação e Leiaute de Laboratórios 89


Vamos recapitular?

Neste capítulo, você aprendeu que o objetivo principal no projeto de laboratório é fornecer um
ambiente seguro, acessível para o pessoal de laboratório realizar seu trabalho. Um objetivo secundário é
permitir a flexibilidade para o uso de pesquisa segura. Laboratórios no ensino técnico de Química exi-
gem projetos específicos. Portanto, saúde, segurança e riscos devem ser antecipados e cuidadosamente
avaliados para que as medidas de proteção possam ser adicionadas ao projeto sempre que possível.

Agora é com você!

Elabore um projeto de leiaute para um laboratório químico.

90 Técnicas Experimentais em Química: Normas e Procedimentos


Manutenção e
10
Organização de
Laboratórios
Químicos e
Biológicos

Para começar

Neste capítulo, você aprenderá como organizar um laboratório, seguindo recomendações de práti­cas­
prudentes dentro dele. Práticas prudentes tratam da segurança geral de laboratórios e muitos tipos de ris-
cos químicos, organizadas de uma forma conveniente e rápida durante a operação de um laboratório.

10.1 Conceitos básicos


As infecções associadas ao trabalho com microrganismos, em laboratórios, têm ocorrido desde
os primórdios da Microbiologia. Muitas vezes, tais infecções podem resultar na morte do indivíduo.
Ao contrário dos acidentes envolvendo substâncias químicas e fogo, onde a causa e o efeito são pron-
tamente identificados, é muito difícil, na maioria das vezes, determinar-se que certa moléstia infec-
ciosa foi contraída no laboratório.
Materiais que podem causar infecções ou que são tóxicos são sempre potencialmente perigo-
sos. Tais materiais devem ser tratados com o devido respeito e com muito cuidado.

10.2 Aquisição e armazenamento de reagentes químicos


A organização e a manipulação correta dos reagentes químicos consistem em um dos aspectos
importantes que devem ser considerados para obtenção de resultados experimentais confiáveis. O
conhecimento básico sobre as propriedades das substâncias químicas torna-se um referencial extre-

91
mamente importante para o seu uso e armazenamento de forma adequada e segura. De modo geral,
podemos citar alguns procedimentos adequados:
»» A aquisição de reagentes químicos deve ser em pequenas quantidades, suficientes para
usar durante seis meses ou, no máximo, 1 ano. Não fazer estoque.
»» Todos os frascos com reagentes químicos devem possuir rótulo, identificando: nome do
regente, propriedades físicas e químicas, procedência, pureza, data de validade. Os rótu-
los, por ação de produtos químicos corrosivos, costumam sofrer deterioração. Para sua
conservação, recomenda-se passar um pouco de parafina derretida sobre eles ou recobri-
-los com fita adesiva transparente resistente.
»» Quando abertos os frascos, não se deve esquecer de colocar a data. Os reagentes abertos
não devem ser estocados por mais de seis meses.
»» Todo e qualquer material sem rótulo ou com identificação ilegível ou fora de validade
deve ser descartado adequadamente e nunca jogado em terrenos baldios, rios, lixeiras ou
pias, tampouco ser enterrado.
»» As substâncias devem ser separadas de acordo com a semelhança de propriedades químicas e
é apropriado fazer uma lista na qual constem todos os reagentes disponíveis no laboratório.
»» As soluções prontas não devem ser guardadas por um longo período. Algumas podem
alterar-se com a temperatura ambiente ou são fotossensíveis.
»» Para armazenar produtos corrosivos, como ácidos, as prateleiras dos armários devem ser
resistentes à corrosão. Pode-se utilizar uma bandeja de plástico para deter possíveis vaza-
mentos de líquidos corrosivos.
»» Evite colocar líquidos tóxicos, corrosivos ou explosivos em prateleiras altas, ou seja, em
altura que ultrapasse um metro. Deve-se também tomar cuidado com prateleiras de con-
creto, pois elas podem provocar a quebra do frasco de vidro pelo choque.
»» As substâncias tóxicas, explosivas, instáveis deverão ser guardadas em armário separado,
numa sala fora da área de trabalho, como a sala de preparação. Os ácidos e álcalis preci-
sam estar armazenados em lugar fresco, longe de umidade, especialmente o hidróxido de
sódio, que é deliquescente.

10.3 Descarte de materiais


Todo laboratório de reagentes e amostras deve ser considerado um perigo em potencial para a
saúde. A questão é reconhecer os riscos, sabendo dos perigos dos materiais a serem utilizados. Deve-
-se ter conhecimento dos riscos mais comuns dos produtos químicos para um descarte seguro.
Para qualquer descarte, inclusive o de lixo seletivo, existem as seguintes alternativas:
a) Acionar instituições especializadas, como Cetesb.
b) Fazer doações às universidades ou instituições de ensino/pesquisa.
c) Armazená-lo em recinto especialmente construído em área isolada até que possa ser destinado.
d) Tratando-se de pequenas quantidades de reagentes químicos reconhecidamente pouco
tóxicos, com pH neutralizado, podem ser feitos descartes em pia com bastante água para
se obter a máxima diluição.

92 Técnicas Experimentais em Química: Normas e Procedimentos


10.4 Resíduos
A princípio, deve-se procurar reduzir, ao máximo, a geração de lixo, requisitando apenas o
número necessário de amostras a ser utilizado, e, sempre que possível, adotar métodos que utilizem
o mínimo de amostras. Os métodos de análises instrumentais mais modernos avançam nesta direção,
utilizando instrumentos cada vez mais sensíveis e requerendo quantidades mínimas de amostras.
Todos os resíduos de um trabalho, em laboratórios, devem sofrer uma separação antes de
serem descartados. Para isso, deve-se manter um recipiente para cada tipo de material. Por exemplo:
»» Papel e sólidos inertes.
»» Papel contaminado quimicamente e alguns reagentes sólidos.
»» Vidro quebrado.
»» Solventes halogenados.
»» Outros solventes.
»» Material biológico.
Após a separação desses resíduos, alguns procedimentos devem ser observados para o seu descarte.

10.5 Procedimentos e cuidados a serem adotados


para rejeito de substâncias tóxicas
»» Rejeitos inflamáveis devem ser colocados em recipientes à prova de fogo.
»» Solventes e rejeitos inflamáveis não devem ser estocados em bancadas, armários, pratelei-
ras ou sob as pias.
»» Recipientes vazios de substâncias químicas devem sofrer lavagem antes de serem descar-
tados ou estocados.
»» Ao proceder ao corte de tambores vazios de solventes orgânicos utilizando maçarico ou
qualquer outro instrumento, providenciar a lavagem interna com água, a fim de facilitar a
expulsão dos gases que, porventura, estejam confinados no interior do tambor.
»» Substâncias químicas não tóxicas podem ser despejadas na pia, se antes forem devida-
mente diluídas. A torneira deverá permanecer aberta por um longo tempo, de maneira a
favorecer o processo de diluição.
»» Soluções ácidas e alcalinas devem ser bastante diluídas e neutralizadas antes de serem des-
pejadas no esgoto.
»» Os solventes orgânicos podem ser estocados em recipientes próprios e em locais seguros e
devidamente sinalizados, a fim de serem reaproveitados. Caso a recuperação seja impos­
sível, devem ser enviados a alguma empresa, que fará a destruição deles.
»» Os recipientes coletores devem ser fechados de forma estanque. Identificados claramente
de acordo com seus conteúdos, o que implica colocar símbolos de periculosidade.
»» Esses recipientes devem ser de material estável e, em alguns casos, resistentes a ponto de
não sofrerem rachaduras. Quando são transportados, os recipientes devem ter materiais
absorventes ao seu redor.

Manutenção e Organização de Laboratórios Químicos e Biológicos 93


10.5.1 Descarte de gases ou vapores do laboratório
Trabalhando-se corretamente, os gases, os vapores e as névoas devem ser gerados dentro de
capelas ou sob coifas de captação. Captados pelo sistema, os gases e vapores são conduzidos pelos
dutos até a atmosfera externa do laboratório.
Dentro dos limites que a legislação permite, lançam-se os gases na atmosfera, porém empresas
e instituições mais preocupadas com o ambiente instalam lavadores para gases ácidos ou alcalinos,
ou filtro de leito de absorção para reter vapores orgânicos.

10.5.2 Descarte de líquidos


Considerando-se os laboratórios químicos, clínicos e microbiológicos, em geral, pode haver os
líquidos a seguir.

10.5.2.1 Líquidos aquosos sem metais pesados e sem fluoretos


São soluções geradas em análises titulométricas ácido/base, de precipitação, determinações de
metais alcalinoterrosos com EDTA etc. Acerte o pH entre 5 e 9, dilua-o e descarte-o no esgoto.

10.5.2.2 Líquidos que contêm fluoretos


Precipite com cálcio e filtre. O sólido deve ser acumulado e, posteriormente, enviado para
aterro sanitário ou para empresa especializada e credenciada a tratar de resíduos. O filtrado vai para
o esgoto.

10.5.2.3 Líquidos que contêm metais pesados


Requerem tratamento especial pela alta toxidez e rigidez da legislação vigente. A princípio,
deve-se removê-los da solução, precipitando com acerto de pH conveniente, ou fazendo coprecipita-
ção com Fe (OH)3, ou adsorção em carvão ativo.

Amplie seus conhecimentos

Mercúrio, presente nos termômetros utilizados, praticamente, em todos os laboratórios, merece comentário à parte.
Ocor­re que, com grande facilidade, pode-se quebrar o bulbo dos termômetros, gerando vapores de mercúrio no interior de
uma estufa ou até mesmo no ambiente do laboratório. Portanto, recomenda-se ter indicadores elétricos de temperaturas
em equipamentos do tipo fornos, estufas e incubadoras.

Em caso de derramamento de mercúrio, deve-se providenciar ventilação exaustiva da sala, usar EPIs (máscara adequada,
óculos de proteção e luvas), remover o mercúrio fazendo amálgama com limalha ou fio de cobre, colocá-lo em um frasco
com água para evitar evaporação e encaminhá-lo para empresas que o reciclam.

Dependendo do valor comercial da borra de metais pesados, poderá destinar-se a:

a) Reciclagem no laboratório.

b) Venda para reciclagem.

c) Aterro sanitário.

94 Técnicas Experimentais em Química: Normas e Procedimentos


10.5.2.4 Líquidos biológicos
As soluções de laboratórios de análises clínicas ou microbiológicas, quando patogênicas,
devem passar por autoclavagem ou esterilização com solução de hipoclorito em concentração ade-
quada e, em seguida, destinadas ao esgoto.

10.5.2.5 Solventes
Os laboratórios que trabalham com solventes orgânicos, tais como ésteres, álcoois, aldeídos e
hidrocarbonetos leves, devem armazenar esses líquidos em recipientes apropriados com dispositivo do
tipo corta-fogo, e podem ser destinados à reciclagem em empresas que executam esse tipo de trabalho.

10.5.3 Resíduos sólidos no laboratório


São provenientes de vidrarias quebradas, frascos de reagentes/amostras, restos de análises, des-
carte de material biológico e perfurocortantes.
Agulhas, seringas, bisturis, lâminas etc., utilizados com materiais biológicos, devem ser descar-
tados em recipiente especial.
Os materiais biológicos, como restos de animais, tumores, sangue, gases, algodão e outros,
devem ser descartados em sacos de lixo branco.
Sólidos perigosos, de acordo com NBR/ABNT, são os que apresentam inflamabilidade, cor­
rosividade, toxicidade, patogenicidade ou reatividade.
Os resíduos sólidos, desde que não explosivos, inflamáveis ou patogênicos, podem ser destina-
dos a aterros sanitários; e os demais, à incineração. É importante frisar que, de acordo com a Legisla-
ção, devem ser embalados e transportados com cuidados especiais e dentro das normas preestabele-
cidas, com eventual autorização legal.

10.6 Noções sobre infecção e contaminação


Em primeiro lugar, devemos diferenciar infecção e contaminação:
»» Contaminação: contato direto ou indireto com material patogênico.
»» Infecção: condição em que um micro-organismo tenha invadido o homem e nele se ins-
talado, causando a doença. As portas de entrada para os micro-organismos podem ser
a pele, mucosas, vias aéreas; podem também ser introduzidos, diretamente, na corrente
sanguínea. Como não é possível saber, antecipadamente, se a amostra recebida, no labo-
ratório, contém ou não organismos patogênicos, todo material recebido deve ser tratado
como potencialmente perigoso.

Fique de olho!
O que deve ser sempre lembrado é que: “A segurança depende de cada um”.
É importante que você se habitue a trabalhar com segurança, fazendo com que ela faça parte integrante de seu trabalho.
Toda tarefa a ser executada deve ser cuidadosamente programada, pois nenhum trabalho é tão importante e urgente que
não mereça ser planejado e efetuado com segurança.
É responsabilidade de cada um zelar pela própria segurança e das pessoas com quem trabalha.

Manutenção e Organização de Laboratórios Químicos e Biológicos 95


10.7 Agentes químicos
Os agentes químicos podem ser assim classificados:
»» Cáusticos: ácidos ou alcalinos são substâncias que produzem queimaduras e irritações da
pele, em consequência da ação ácida ou alcalina dos produtos manuseados.
»» Tóxicos: substâncias que produzem, no organismo, reações gerais características, podendo
ou não ser absorvidos pela pele íntegra.
»» Alergênicos: substâncias que, em contato com a pele, podem desencadear reações alérgi-
cas locais ou gerais.
»» Solventes orgânicos: substâncias que, por sua ação, possam solubilizar compostos orgâni-
cos como gorduras, sebo etc., destruindo a proteção natural da pele e podendo dar origem
a dermatoses.
»» Petróleo e derivados: produzem irritações cutâneas.
»» Agentes radioativos ionizantes: produzem radiodermites e alterações orgânicas graves.
A falta de conhecimento leva à não conscientização dos riscos a que se está exposto, na ati-
vidade profissional, facilitando, assim, a contaminação e a infecção. Outro fator perigoso é o não
conhecimento de como a contaminação se dissemina, levando o profissional da saúde a transportar
a contaminação laboratorial para o meio externo, pondo em risco a coletividade.
Antes de iniciar qualquer rotina, verifique tudo o que vai ser realizado e o material necessário,
fazendo, portanto, uma análise do procedimento funcional a ser tomado. Isso facilita a rotina, evita
o trânsito cruzado e desnecessário e também o manuseio excessivo do material a ser trabalhado. O
preparo da bancada é fundamental.
Alguns fatores contribuem para o bom e seguro andamento do laboratório, tais como:
»» A elaboração de um fluxograma de atividades para análises rotineiras.
»» Boa supervisão do laboratório.
»» Boa distribuição do espaço físico, evitando aglomerações.
»» Treinamento e conscientização do pessoal.
»» Uso correto dos EPIs.
»» Vacinação do pessoal (em alguns casos).

Amplie seus conhecimentos

Grande parte dos produtos químicos são considerados tóxicos. Para uma avaliação adequada do risco envolvido na mani-
pulação de um produto químico, devem ser conhecidas as relações entre toxicidade, frequência de manipulação e con-
centração durante a exposição.

As substâncias tóxicas podem entrar no corpo por inalação, ingestão, absorção através da pele ou pela combinação
desses caminhos. Alguns compostos químicos se decompõem e geram material tóxico quando submetidos ao calor, à
umidade ou à presença de outros produtos químicos. As informações concernentes à toxidez ou risco potencial de toxidez
podem ser obtidas do fornecedor do produto, da literatura. Tais informações são importantes para que se determine o tipo
de EPI apropriado contra a exposição e o tratamento médico adequado a ser adotado no caso de exposição.

A quantidade de produtos tóxicos estocada deve ser mantida no mínimo necessário. Grandes quantidades de material
tóxico devem ser estocadas, se possível, fora dos prédios onde circulem pessoas.

96 Técnicas Experimentais em Química: Normas e Procedimentos


10.8 Produtos químicos
O número da ONU que identifica substâncias perigosas como explosivos, líquidos inflamáveis
e substâncias tóxicas, no âmbito do transporte internacional, possui quatro dígitos que identificam
essas substâncias, de acordo com a seguinte codificação (Figura 10.1 e Tabela 10.1):
Número de risco: informações sobre substâncias químicas perigosas para atendimento emergencial.

Risco Principal Riscos Subsidiários

X323

Produtos Químicos

Número ONU: número que identifica o produto, designado pela


Internacional Maritime Dangerous Goods Code, publicada Número de Risco
pela Intergovernmental Maritime Consultative Organization (IMCO), 1102
Londres, 1972. Na Portaria n. 204 do Ministério dos Transportes,
de 20 de maio de 1997, foi adotada a mesma classificação.

Número ONU

A letra X deve ser colocada quando for expressamente proibido o uso de água no produto.

Figura 10.1 - Número de risco e número ONU.

Tabela 10.1 - Significado dos algarismos


Significado do 1º algarismo Significado do 2º ou 3º algarismo

N. Significado N. Significado

0 0 Ausência de risco

1 1 Explosivo

2 Gás 2 Emana gás

3 Líquido inflamável 3 Inflamável

4 Sólido inflamável 4

5 Substância oxidante ou peróxido orgânico 5 Oxidante

6 Substância tóxica 6 Tóxico

7 Substância radioativa 7 Radioativo

8 Substância corrosiva 8 Corrosivo

Perigo de reação violenta resultante da decomposição


9 9
espontânea ou de polimerização
Fonte: Ministério dos Transportes

Amplie seus conhecimentos

»» Número de risco: os números que indicam o tipo e a intensidade do risco são formados por dois ou três algarismos.
A importância do risco é registrada da esquerda para a direita. Os algarismos que compõem os números de risco
têm o significado demonstrado na Tabela 10.2:

Manutenção e Organização de Laboratórios Químicos e Biológicos 97


Tabela 10.2 - Significado dos algarismos do número de risco
N. de risco Significado

1 Emissão de gás em razão da pressão ou da reação química

2 Inflamabilidade de líquidos (vapores) e gases, ou líquido sujeito a autoaquecimento

3 Inflamabilidade de sólidos, ou sólidos sujeitos a autoaquecimento

4 Efeito oxidante (favorece incêndio)

5 Toxicidade

6 Radioatividade

7 Corrosividade

8 Risco de violenta reação espontânea

Obs. 1: A letra X antes dos algarismos significa que o produto reage perigosamente com água.
Obs. 2: A repetição de um número indica, em geral, aumento da intensidade daquele risco específico.
Obs. 3: Quando o risco associado a um produto puder ser adequadamente indicado por um único número, este será seguido por 0 (zero).
Obs. 4: As combinações de números a seguir tem significado especial: 22, 323, 333, 362, X362, 382, X382, 423, 44, 462, 482, 539,
e 90 (ver relação na Figura 10.1).

20 Gás inerte

22 Gás refrigerado

223 Gás inflamável refrigerado

225 Gás oxidante (favorece incêndios), refrigerado

23 Gás inflamável

236 Gás inflamável, tóxico

239 Gás inflamável, sujeito a violenta reação espontânea

25 Gás oxidante (favorece incêndios)

26 Gás tóxico

265 Gás tóxico, oxidante (favorece incêndios)

266 Gás muito tóxico

268 Gás tóxico, corrosivo

286 Gás corrosivo, tóxico

30 Líquido inflamável (PF entre 23 ºC e 60,5 ºC), ou líquido sujeito a autoaquecimento

323 Líquido inflamável, que reage com água, desprendendo gases inflamáveis

X323 Líquido inflamável, que reage perigosamente com água, desprendendo gases inflamáveis (*)

33 Líquido muito inflamável (PF < 23 ºC)

333 Líquido pirofórico

X333 Líquido pirofórico, que reage perigosamente com água (*)

336 Líquido muito inflamável, tóxico

338 Líquido muito inflamável, corrosivo

X338 Líquido muito inflamável, corrosivo, que reage perigosamente com água (*)

339 Líquido muito inflamável, sujeito a violenta reação espontânea

98 Técnicas Experimentais em Química: Normas e Procedimentos


36 Líquido sujeito a autoaquecimento, tóxico

362 Líquido inflamável, tóxico, que reage com água, desprendendo gases Inflamáveis

X362 Líquido inflamável, tóxico, que reage perigosamente com água, desprendendo gases inflamáveis (*)

38 Líquido sujeito a autoaquecimento, corrosivo

382 Líquido inflamável, corrosivo, que reage com água, desprendendo gases Inflamáveis

X382 Líquido inflamável, corrosivo, que reage perigosamente com água, desprendendo gases inflamáveis(*)

39 Líquido inflamável, sujeito a violenta reação espontânea

40 Sólido inflamável ou sólido sujeito a autoaquecimento

423 Sólido que reage com água, desprendendo gases inflamáveis

X423 Sólido inflamável, que reage perigosamente com água, desprendendo gases Inflamáveis

44 Sólido inflamável, que a uma temperatura elevada se encontra em estado Fundido

446 Sólido inflamável, tóxico, que a uma temperatura elevada se encontra em estado Fundido

46 Sólido inflamável ou sólido sujeito a autoaquecimento, tóxico

(*) Não usar água, exceto com a aprovação de um especialista.


Fonte: Ministério dos Transportes.

»» Classe/Subclasse: a classificação adotada para os produtos considerados perigosos, feita


com base no tipo de risco que apresentam e conforme recomendações para o Transporte
de Produtos Perigosos, da Organização das Nações Unidas (ONU), sétima edição revisada,
1991, compõe-se das classes demonstradas na Tabela 10.3:
Tabela 10.3 - Classes e subclasses dos produtos perigosos
CLASSE 1 EXPLOSIVOS

Classe 2

Subclasse 2.1

Subclasse 2.2

Subclasse 2.3

Gases Inflamáveis

Gases não inflamáveis, não tóxicos

Gases tóxicos

CLASSE 3 LÍQUIDOS INFLAMÁVEIS

CLASSE 4 SÓLIDOS INFLAMÁVEIS

Subclasse 4.1

Subclasse 4.2

Subclasse 4.3

Sólidos inflamáveis

Substâncias sujeitas à combustão espontânea;

Substâncias que, em contato com a água, emitem gases inflamáveis

Manutenção e Organização de Laboratórios Químicos e Biológicos 99


CLASSE 5 EFEITO OXIDANTES

Subclasse 5.1

Subclasse 5.2

Substâncias oxidantes

Peróxidos orgânicos

CLASSE 6 TOXICIDADE

Subclasse 6.1

Subclasse 6.2

Substâncias tóxicas (venenosas)

Substâncias infectantes

CLASSE 7 - MATERIAIS RADIOATIVOS

CLASSE 8 - CORROSIVOS

CLASSE 9 - SUBSTÂNCIAS PERIGOSAS DIVERSAS


Fonte: ONU, 1991.

10.9 Noções de toxicologia


Pode-se definir toxicologia como a ciência que estuda os venenos em relação a suas proprieda-
des, modo de ação e análise. Podemos dizer que a toxicologia define os limites de segurança para os
agentes químicos.
Entende-se por venenos ou agentes tóxicos toda substância que, introduzida em um orga-
nismo e por ele absorvida, perturbe o bem-estar físico, mental e social.
Deve-se lembrar de que a presença de produtos ou agentes, no local de trabalho, não quer
dizer que, obrigatoriamente, exista perigo para a saúde.
O risco representado pelas substâncias químicas depende dos seguintes fatores:
»» Concentração: quanto maior for a concentração do produto, mais rapidamente os seus
efeitos nocivos se manifestarão no organismo.
»» Índice respiratório: representa a quantidade de ar inalado pelo trabalhador durante a jornada.
»» Sensibilidade individual: é o nível de resistência de cada um, variando de pessoa para pessoa.
»» Toxidade: é o potencial tóxico da substância no organismo.
»» Tempo de exposição: é o tempo que o organismo fica exposto ao contaminante.

10.10 Classificação de substâncias tóxicas


Podem-se classificar as substâncias tóxicas em cinco grandes grupos, de acordo com a sua atua-
ção no organismo.
a) Produtos químicos com efeito de concentração: são os produtos cujo efeito dependem do
grau de concentração e do tempo de exposição. Por exemplo, solventes orgânicos, como

100 Técnicas Experimentais em Química: Normas e Procedimentos


éter, clorofórmio etc. Em geral, o tempo de exposição, nessa classe, é maior que em outras
antes do agente tóxico produzir seus efeitos no organismo.
b) Produtos químicos de efeito acumulativo: são os produtos que, quando absorvidos pelo
organismo, são excretados lentamente ou parcialmente, ficando armazenada a parte não
excretada. A ação tóxica tem lugar somente depois de uma quantidade relativa do tóxico
estar acumulado. Por exemplo, inseticidas organoclorados, como o DDT.
c) Produtos químicos com efeito de concentração/tempo (venenos “CT”): esses venenos
diferem daqueles do Item a no fato de que seu efeito (E) é, extremamente, dependente da
concentração © e do tempo de exposição (T), ou seja, E = C x T. Pequenas doses desses
venenos têm ação rápida no organismo. Por exemplo, fosfina.
d) Produtos químicos com efeito de concentração/tempo restrito: para esse tipo de veneno,
os limites para a concentração e o tempo de exposição são extremamente pequenos. Por
exemplo, cianeto de hidrogênio.
e) Produtos químicos com efeito carcinogênico: são produtos cujos efeitos no organismo são
irreversíveis. Em geral, esses produtos produzem sarcomas (câncer). Por exemplo, benze-
no, betanaftilamina.

10.11 Vias de penetração dos agentes químicos


Independentemente da forma como o produto químico entra no organismo humano, uma vez
que se encontra no corpo, é distribuído pela corrente sanguínea.
a) Via cutânea: os ácidos, álcalis e solventes, ao atingirem a pele, podem ser absorvidos ou
provocar lesões, como caroços ou chagas (acne química), também comprometendo as
mucosas dos olhos, da boca e do nariz.
b) Via digestiva: a contaminação ocorre pela ingestão acidental ou não de substâncias noci-
vas. Hábitos inadequados, como comer ou beber na área de trabalho, fumar, umedecer os
lábios com a língua, usar as mãos para beber água, e a falta de higiene contribuem para a
ingestão de substâncias nocivas. Há casos de ingestão acidental ou proposital de ácidos,
álcalis, solventes. Conforme o produto ingerido, podem ocorrer queimaduras em todo o
sistema digestório.
c) Via respiratória: as substâncias penetram pelo nariz e pela boca, afetando a gargan-
ta e chegando aos pulmões. Através da circulação sanguínea, podem seguir para outros
órgãos, onde manifestarão seus efeitos tóxicos.

10.12 Toxicidade de produtos químicos


A toxicidade é o grau em que uma substância pode danificar um tecido vivo.

10.12.1 Ácidos
São os materiais corrosivos líquidos ou sólidos que causam destruição da pele humana no local
de contato, dentro de determinado período de tempo.

Manutenção e Organização de Laboratórios Químicos e Biológicos 101


Características, toxicidades e perigos ao manusear:
»» Ação corrosiva sobre a pele, as mucosas, os olhos, os tecidos dos tratos respiratórios e digestivos.
»» Intensidade depende da natureza do ácido, da concentração e do tempo de contato.
»» Muito perigoso o contato com os olhos.
»» Reatividade com metais, produtos alcalinos, como cimento, cal etc.

10.12.2 Bases
Podem causar irritação severa ou queimaduras nos olhos, na pele, no trato gastrointestinal e
no sistema respiratório. Risco de graves lesões oculares.

10.12.2.1 Hidróxido de sódio e potássio


»» Inalação provoca danos ao trato respiratório, até mesmo pneumonite grave.
»» Corrosivo a todos os tecidos, chegando a ser fatal.
»» Nos olhos, causa opacidade de córnea, edema pronunciado, ulcerações e cegueira.

10.12.2.2 Hidróxido de amônio


»» Inalação produz irritações das vias respiratórias e vias gastrintestinais.
»» Exposição intensa produz broncopneumonia e morte.
»» Produz irritação e queimadura em contato com a pele.
»» Nos olhos, produz opacidade de córnea e cristalino.
»» Ingestão de uma colher de chá de amônio pode ocasionar a morte.

10.12.3 Solventes
A exposição pode causar irritação do nariz, da garganta, dos pulmões e do trato respiratório.
Outros efeitos podem incluir dores de cabeça, tonturas, perda de equilíbrio e coordenação, coma e
insuficiência respiratória.

10.12.3.1 Álcool metílico


»» Ação direta no nervo óptico.
»» Exposição crônica, especialmente oral, pode causar cegueira.
»» Diminuição da respiração e dores abdominais, podendo ocorrer parada cardíaca ou respiratória.

10.12.3.2 Benzeno
»» Inalação: ação narcótica levando até à morte.
»» Lesões na medula óssea, órgão produtor do sangue.
»» Anemia (glóbulos vermelhos), leucopenia (plaquetas ou trombócitos).
»» Anemia plasmática, leucemia e outros tipos de câncer.
»» Por contato, bolhas, dermatites secas com rachaduras.

102 Técnicas Experimentais em Química: Normas e Procedimentos


10.12.3.3 Tolueno
»» Intoxicação crônica. Ação narcótica maior que o benzeno. Ocasiona enxaqueca, debili-
dade generalizada, falta de coordenação e memória, náuseas, falta de apetite, lesões no
sistema nervoso central (SNC) e no sistema nervoso periférico (SNP).
»» Disfunção menstrual na mulher.
»» Danos no canal auditivo e alteração no sistema formador do sangue.

10.12.4 Metais pesados


A toxicidade do metal é o efeito tóxico de certos metais em determinadas formas e doses.
Alguns metais são tóxicos quando formam compostos venenosos solúveis em água e, às vezes, imi-
tam a ação de um elemento essencial no corpo humano, interferindo com o processo metabólico e
causando doenças.

10.12.4.1 Mercúrio
Produto químico utilizado na fabricação de termômetros e barômetros, na extração de ouro
e também por dentistas. O envenenamento por mercúrio produz sabor metálico. Esse produto quí-
mico provoca o inchaço nas glândulas salivares, podendo ocasionar queda dos dentes e úlceras na
boca e nas gengivas. Trata-se de um produto de poder acumulativo, alojando-se nos rins, no fígado,
no baço e no esqueleto (ossos). Os sintomas provocados pelo mercúrio são náuseas, vômitos, diar-
reia, dores abdominais, tremores, convulsão, espasmos musculares, transtorno da conduta, nervo-
sismo, irritabilidade, ansiedade e depressão.

10.12.4.2 Chumbo
É usado na fabricação de baterias, tubulações, metal de imprensa, munições, pesticidas e inse-
ticidas. Alguns de seus compostos são carcinogênicos importantes. Penetra no organismo por ina-
lação e ingestão e provoca lesões renais e hepáticas. Os principais sintomas são demência, fadiga,
cólicas intestinais, cefaleia, visão dupla, transtorno da conduta, anemia, degeneração dos rins e do
fígado e depressão do SNC. Seus compostos orgânicos provocam lesões cerebrais graves, alterações
mentais, ansiedade, delírio e morte.

10.12.4.3 Cianetos
Devem ser mantidos em locais ventilados, frescos, isentos de umidade e longe de calor. Os sais
de cianeto são absorvidos pela pele. O contato repetido pode provocar erupções e vesiculações que
se infectam facilmente, sendo ponto de partida para outras infecções.

10.13 Controle de reagentes, vidrarias


e manutenção de equipamentos
Para o bom funcionamento de qualquer laboratório, é importante o controle sobre o estoque
de reagentes e vidrarias, bem como a manutenção dos equipamentos.

Manutenção e Organização de Laboratórios Químicos e Biológicos 103


O controle de reagentes e vidrarias pode ser feito da forma mais apropriada ao laboratório e
ao analista, desde que seja mantido o controle de entrada, com indicação de dados da compra para
produtos controlados (fornecedor, nota fiscal) e, a partir daí, acompanha-se toda e qualquer saída ou
entrada de reagentes e vidrarias.
Adotando-se esse procedimento, evita-se problemas como falta de reagentes ou vidrarias
indispensáveis a uma determinada análise. Vale lembrar que alguns reagentes ou vidrarias mais
específicos podem exigir um período de compra mais longo.
Quanto à manutenção dos equipamentos, existem três tipos:
a) Manutenção preventiva: conjunto de procedimentos
que visam manter o equipamento em per­feito fun-
cionamento e calibração, executando rotinas que Trabalhar com segurança com produtos
previnam paradas imprevistas. químicos perigosos requer o uso ade-
quado de equipamentos de laborató-
b) Manutenção preditiva: é um aperfeiçoamento da rio. Manutenção e inspeção regular de
manutenção preventiva, baseado no real conheci- equipamentos de laboratório são partes
mento do equipamento. Em outras palavras, con- essenciais dessa atividade.
siste em um conjunto de procedimentos que visa
determinar o momento ótimo para execução da
manutenção preventiva, em lugar das intervenções sistemáticas.
c) Manutenção corretiva: quando, seja por falta de manutenção preventiva ou por algum impre-
visto, determinado equipamento tem que ser levado à manutenção sem prévia programação.

Vamos recapitular?

Neste capítulo, você aprendeu que há quatro princípios fundamentais a todas as práticas aqui dis-
cutidas, as quais devem ser observadas antes de iniciar o trabalho como parte da cultura de segurança
dentro do laboratório:
1. Planeje com antecedência o experimento.
2. Evite que produtos químicos entrem em contato com a pele.
3. Não subestime os perigos ou riscos.
4. Esteja preparado para acidentes.

104 Técnicas Experimentais em Química: Normas e Procedimentos


11
Normalização

Para começar

Neste capítulo, você aprenderá que normalização é o processo de estabelecer e aplicar normas
a fim de abordar, ordenadamente, uma atividade específica para o benefício e com a participação de
todos os interessados, bem como de promover a otimização da economia, levando em consideração as
condições funcionais e as exigências de segurança.

11.1 Importância
A competitividade, cada vez mais acirrada, somada às exigências crescentes dos mercados glo-
balizados e das necessidades da sociedade, requer a adoção de novos métodos de gerenciamento da
produção e da gestão tecnológica nas empresas que dependem da capacidade de incorporação de
novas tecnologias de produtos e de processos, especialmente na atividade produtiva. Esse contexto
cria a necessidade do uso da normalização pelas empresas, de forma a representar, efetivamente, um
instrumento de administração e de gerenciamento da produção nos processos industriais.
A normalização é a base para a garantia de qualidade. Consiste em organizar a cooperação efe-
tiva entre as diferentes áreas da economia nacional de modo a:
»» proteger a saúde e a segurança humana;
»» buscar constantemente melhores índices de produtividade;
»» conservar as fontes de recursos naturais;
»» minimizar o desperdício;

105
»» ajudar na transferência de tecnologia;
»» facilitar o comércio nacional e internacional.

11.2 Objetivos da normalização


Segundo o SEBRAE, normas técnicas referem-se, em geral, à classificação, especificação, mé­todo
de ensaio, procedimento, padronização, simbologia e terminologia, proporcionando uma sé­rie de van-
tagens, que vão desde a eliminação de barreiras comerciais à segurança dos usuários.
Relacionamos a seguir mais informações sobre o tema:
»» Facilitar a comunicação: estabelecer as características ou os resultados esperados para
um produto, processo ou serviço, usando, para isso, a tecnologia de maneira objetiva,
demonstrável e verificável. Implica estabelecer uma linguagem comum entre quem for-
nece e quem compra. Basta lembrar que, quando compramos um filme fotográfico, pedi-
mos, por exemplo, um filme de 35 mm e 100 ISO (antigamente ASA) e não precisamos
descrever, detalhadamente, o filme de que necessitamos. Como os filmes fotográficos são
normalizados, as suas características estão perfeitamente detalhadas na norma respectiva,
bastando-nos fazer referência à norma para que o nosso fornecedor saiba exatamente o
que queremos.
»» Simplificação: implica redução de variedades de produtos e de procedimentos, além de
impedir o aumento crescente de variedades. Novamente, o exemplo dos filmes fotográ-
ficos é ilustrativo. Não nos ocorre pedir um filme de 127 ISO ou 439 ISO, pois sabemos
que a sensibilidade dos filmes está padronizada em 100, 120, 400 etc. Dessa maneira, é
muito mais simples para os revendedores administrarem os seus estoques, para as empre-
sas fabricantes planejarem a sua produção, para os fabricantes de câmeras desenharem os
seus produtos e para nós, consumidores, escolhermos o que queremos usar.
»» Proteção ao consumidor: o estabelecimento dos requisitos mínimos esperados para um
produto, processo ou serviço assegura que a sua colocação, no mercado, leva em conta
as expectativas dos consumidores e que estes terão à disposição produtos, processos ou
serviços com o desempenho que a sociedade estabeleceu como o mínimo legítimo neces-
sário, o qual pode ser verificado de forma independente.
»» Segurança: o processo de normalização é, certamente, um dos momentos mais adequados
para se estabelecer os requisitos destinados a assegurar a proteção da vida humana, da
saúde e do meio ambiente.
»» Economia: a redução do custo de produtos e serviços por meio da sistematização, racio-
nalização e ordenação dos processos e das atividades produtivas leva à consequente eco-
nomia para clientes e fornecedores. A normalização é uma atividade tecnológica com
finalidades econômicas.
»» Eliminação das barreiras comerciais: com a adoção de normas internacionais e a harmo-
nização delas, evita-se a diversidade de normas e regulamentos, muitas vezes conflitantes,
elaborados para produtos e serviços pelos diferentes países, eliminando-se os obstáculos
ao comércio.

106 Técnicas Experimentais em Química: Normas e Procedimentos


11.3 Impactos da normalização
Um objetivo importante da normalização é ajudar a criar uma infraestrutura forte para servir
de base para o crescimento induzido pela inovação.
Impactos sobre a economia: as empresas que fazem uso da normalização desfrutam de uma
vantagem inicial sobre os concorrentes: a redução dos riscos que enfrentam, tanto tecnológicos
como de mercado. A normalização é uma atividade com finalidades econômicas:
»» melhor qualidade, quantidade e regularidade de produção;
»» equilíbrio entre a oferta e a procura;
»» aumento da competitividade no mercado nacional;
»» redução de litígios;
»» crescimento da produtividade nacional.
Impactos sobre a produção: a normalização reduz os custos e aumenta a qualidade. As normas
ajudam a desenvolver o mercado para produtos e serviços com base nas mais recentes tecnologias,
gerando:
»» eliminação de desperdícios;
»» padronização da documentação técnica;
»» redução de custos;
»» aumento da produtividade;
»» base clara para a concorrência, evitando, assim, a concorrência desleal.
Impactos sobre o consumo: a redução do custo de produtos e serviços, por meio da normali-
zação dos processos e das atividades produtivas, leva à consequente economia para fornecedores e
clientes, o que envolve:
»» acesso a dados técnicos padronizados;
»» redução de preços;
»» padronização de pedidos;
»» possibilidade de comparação objetiva entre produtos, processos ou serviços;
»» redução de prazos de entrega;
»» garantia da qualidade, regularidade, segurança e integridade.

11.4 Benefícios da normalização


As normas são ferramentas que as empresas utilizam para apoiar a inovação e aumentar a
produtividade.
Benefícios qualitativos: são aqueles que, mesmo sendo observados, não podem ser medidos,
ou são de difícil medição:

Normalização 107
»» utilização adequada de recursos;
»» disciplina da produção;
»» uniformidade do trabalho;
»» registro do conhecimento tecnológico;
»» melhora do nível de capacitação do pessoal;
»» controle dos produtos e processos;
»» segurança do pessoal e dos equipamentos;
»» racionalização do uso do tempo.
Benefícios quantitativos: são os que podem ser medidos:
»» redução do consumo e do desperdício;
»» especificação e uniformização de matérias-primas;
»» padronização de componentes e equipamentos;
»» redução de variedades de produtos;
»» procedimentos para cálculos e projetos;
»» aumento da produtividade;
»» melhoria da qualidade de produtos e serviços;
»» forma de comunicação entre pessoas e empresas.

11.5 Princípios da normalização


A normalização está apoiada em princípios, os quais são fundamentais para que todos os seus
objetivos sejam atendidos e ela seja eficaz na sua aplicação e reconhecida por todos. Esses princípios
norteiam a normalização no mundo todo. São eles:
»» Voluntariedade: participar do processo de normalização não é obrigatório, mas, sim, uma
decisão voluntária dos interessados. A vontade das partes envolvidas é fundamental para
que o processo de normalização se estabeleça e aconteça e deve ser aberto à participação
dos interessados. Por outro lado, o uso de uma norma também não é obrigatório e deve
ser o resultado de uma decisão racional em que se perceba mais vantagens no seu uso do
que em não usá-la.
»» Representatividade: é preciso que haja participação dos produtores, consumidores e de
outras partes interessadas (universidades, laboratórios, institutos de pesquisa, governo),
de modo que a opinião de todos seja considerada no estabelecimento da norma e que ela
reflita, de fato, o entendimento comum.
»» Paridade: não basta a representatividade, é preciso que as classes (produtor, consumidor
e neutro) estejam equilibradas, evitando-se, assim, a imposição de uma delas sobre as
demais por conta do número maior de representantes. Deve existir um processo para a
elaboração das normas de modo a assegurar o equilíbrio das diferentes opiniões.

108 Técnicas Experimentais em Química: Normas e Procedimentos


»» Consenso: processo pelo qual um texto é submetido a apreciação, comentários e aprova-
ção de uma comunidade, técnica ou não, a fim de que se obtenha um texto o mais pró-
ximo possível da realidade de aplicação. Tem o objetivo de atender aos interesses e às
necessidades da comunidade. Não é uma votação, mas um compromisso de interesse
mútuo, não devendo, portanto, ser confundido com unanimidade.
»» Atualização: a normalização deve acompanhar a evolução tecnológica de maneira que as
novas técnicas que vão sendo adotadas sejam incorporadas, evitando-se que se iniba a
inovação tecnológica.

11.6 Uso das normas


Normalmente, é o cliente quem estabelece qual a norma técnica que deverá ser seguida para o
fornecimento do bem ou serviço que pretende adquirir. Isso pode ser feito explicitamente, quando
o cliente define a norma aplicável ou, simplesmente, quando ele espera que as normas, em vigor no
mercado, sejam seguidas.
Muitas vezes, além de pretender que o produto siga determinada norma, o cliente também
deseja que a conformidade a essa norma seja demonstrada, mediante procedimentos de avaliação da
conformidade.
Por vezes, os procedimentos de avaliação da conformidade, em particular a certificação, são
obrigatórios legalmente para determinados mercados (certificação compulsória). Outras vezes,
embora não haja a obrigatoriedade legal, as práticas correntes, nesse mercado, tornam indispensá-
veis a utilização de determinados procedimentos de avaliação da conformidade (tipicamente a certi-
ficação) como forma de demonstração de diferencial de qualidade.
O ordenamento jurídico da maioria dos mercados geralmente considera que as normas em
vigor, nesse mercado, devam ser seguidas, a menos que o cliente, explicitamente, estabeleça outra
norma. Assim, quando uma empresa pretende introduzir os seus produtos (ou serviços) em deter-
minado mercado, deve procurar conhecer as normas que lá se aplicam e adequar o produto a elas.

11.7 Voluntariedade das normas


Tipicamente, as normas são de uso voluntário, isto é, não são obrigatórias por lei, e pode-se
fornecer um produto ou serviço que não siga a norma aplicável no mercado determinado. Contudo,
em diversos países, há obrigatoriedade de segui-las, pelo menos em algumas áreas (para o caso brasi-
leiro, é o Código de Defesa do Consumidor).
Por outro lado, fornecer um produto que não siga a norma aplicável no mercado-alvo implica
esforços adicionais para introduzi-lo nesse mercado, que incluem a necessidade de demonstrar, de
forma convincente, que o produto atende às necessidades do cliente e de assegurar que questões
como intercâmbio, idade de componentes e insumos não representarão um impedimento ou dificul-
dade adicional. Do ponto de vista legal, em muitos mercados, quando não se segue a norma aplicá-
vel, o fornecedor tem responsabilidades adicionais sobre o uso do produto.

Normalização 109
11.8 Normalização no Brasil
A estrutura do sistema brasileiro de normalização tem os seguintes órgãos:
»» Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (CONMETRO):
órgão normativo do Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Indus-
trial (SINMETRO), ao qual compete formular, ordenar e supervisionar a Política Nacional
de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial. É um conselho de nível ministerial,
presidido pelo Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, integrado
por diversos ministérios e três representantes da sociedade: Confederação Nacional da
Indústria (CNI), Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC) e Associação Bra-
sileira de Normas Técnicas (ABNT).
»» Comitê Nacional de Normalização (CNN): órgão assessor do CONMETRO, com com-
posição paritária entre órgãos de governo e privados, tem por objetivo planejar e avaliar a
atividade de normalização técnica no Brasil.
»» Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO):
órgão executivo do SINMETRO, com a atribuição de exercer a Secretaria Executiva do
CONMETRO e do CNN, e foro de compatibilização dos interesses governamentais. Com
relação à normalização, exerce, ainda, o papel de articulador, no setor governamental,
para a emissão de Regulamentos Técnicos.
»» Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT): entidade privada, sem fins lucrativos,
é reconhecida pelo Estado brasileiro como o Fórum Nacional de Normalização, o que sig-
nifica que as normas elaboradas por ela - as NBR - são, formalmente, reconhecidas como
as Normas Brasileiras. À ABNT cabe, como principal atribuição, coordenar, orientar e
supervisionar o processo de elaboração de Normas Brasileiras. Trata-se de uma associa-
ção tecnológica, privada e sem fins lucrativos, da qual podem ser associadas pessoas ou
empresas interessadas em participar do processo de normalização brasileiro. Foi criada
em 1940 e tem os seguintes objetivos estatutários:
gestão do processo de elaboração de normas técnicas;
adoção e difusão de normas;
incentivo ao movimento de normalização do País;
representação do Brasil junto às entidades internacionais e regionais de normalização
voluntária;
intercâmbio com as organizações similares;
emissão de pareceres concernentes à normalização;
certificação da conformidade a normas de produtos, processos, serviços ou sistemas de
gestão.
A ABNT é membro fundador da International Organization for Standardization (ISO), da
Comissão Panamericana de Normas Técnicas (COPANT) e da Associação Mercosul de Normaliza-
ção (AMN), membro da Comissão Eletrotécnica Internacional (IEC), que é o organismo internacio-
nal de normalização para a área eletroeletrônica, e representante do Brasil nesses organismos.

110 Técnicas Experimentais em Química: Normas e Procedimentos


Os Comitês Brasileiros da Qualidade (ABNT/CB) têm um escopo formalmente estabelecido,
que identifica, com clareza, o âmbito da sua atuação. A sua organização consiste, basicamente, numa
plenária dos membros do comitê (os associados da ABNT nele inscritos), numa Secretaria Técnica e
em Comissões de Estudo, que são os órgãos responsáveis pelo desenvolvimento dos textos das nor-
mas. Geralmente, os CB têm estabelecidos subcomitês, responsáveis pela coordenação técnica dos
trabalhos em escopos específicos no âmbito do escopo maior do comitê. Quando é de base setorial,
a Secretaria Técnica é assegurada por uma entidade setorial empresarial ou técnica. Quando se trata
de comitê temático, isto é, responsável por um tema de larga abrangência (como a qualidade ou a
gestão ambiental), a Secretaria Técnica é assegurada por uma cotização entre empresas.

11.8.1 O processo de elaboração das normas brasileiras (NBR)


Os textos das normas são desenvolvidos em Comissões de Estudos (ABNT/CE), no âmbito dos
ABNT/CB, do Organismo de Normalização Setorial (ONS), ou, quando se justifica e o assunto é res-
trito, em CE Especiais Temporárias (ABNT/CEET), independentes. A participação nas comissões de
estudo é aberta a qualquer interessado, independentemente de ser associado da ABNT: produtor,
consumidor, neutro (universidades, institutos de pesquisas etc.).
O processo de desenvolvimento de uma norma inicia-se com a identificação da demanda,
que pode ser levantada por qualquer interessado. O proponente deverá apresentar a justificativa da
necessidade da norma, bem como relacionar as partes interessadas e afetadas por ela, além da repre-
sentatividade da solicitação.
É analisada, então, essa solicitação e decidida a sua inclusão num Plano de Normalização Seto-
rial (PNS) com a consequente atribuição a uma ABNT/CE da responsabilidade de desenvolver o texto.
Quando existe um ABNT/CB ou ONS com responsabilidade pelo tema, cabe-lhe a análise da solicita-
ção e a decisão da inclusão no PNS. Quando não existe, a consulta é processada pela administração da
ABNT até a constituição de um ABNT/CB específico, ou a sua atribuição a uma ABNT/CEET.
Incluído novo item de trabalho num PNS, o ABNT/CB convida os interessados a participa-
rem da ABNT/CE. Para garantir uma representatividade balanceada entre os diferentes segmentos
da sociedade, as Comissões de Estudo devem ser compostas por representantes voluntários dos pro-
dutores, consumidores, governo, órgãos de defesa do consumidor, entidades de classe, entidades téc-
nicas e científicas, entre outros.
A ABNT/CE, então, procede à discussão do texto. Quando os membros da ABNT/CE atingem
o consenso em relação ao texto, este é encaminhado, como Projeto de Norma Brasileira, à consulta
pública. O edital com a relação dos projetos que se encontram em consulta pública é divulgado no
Boletim da ABNT, no Diário Oficial da União (DOU) e, ainda, na página da ABNT, na Internet.
Qualquer pessoa ou entidade pode enviar comentários e sugestões ao Projeto de Norma ou
pode recomendar que ele não seja aprovado, caso em que deverá apresentar a devida justificativa téc-
nica para tal. Todos os comentários devem, necessariamente, ser considerados, cabendo à ABNT/CE
acatar ou não as sugestões ou manifestações de rejeição, com a respectiva justificativa técnica.
Há pouco tempo, as normas elaboradas, aprovadas e registradas na ABNT recebiam o seguinte
registro:
CB - para Normas de classificação
EB - para Normas de especificação

Normalização 111
MB - para Normas de método de ensaio
NB - para Normas de procedimento
PB - para Normas de padronização
SB - para Normas de simbologia
Essas normas, ao serem registradas no INMETRO, recebiam a sigla NBR. Por exemplo,
a norma que padroniza as dimensões de parafusos com cabeça cilíndrica e sextavado interno era
re­gistrada na ABNT como PB-165 e, no INMETRO, era registrada como NBR 10112.

11.8.2 Atual modelo de normalização


O atual modelo de normalização foi implantado a partir de 1992, com o intuito de descentrali-
zar e agilizar a elaboração de normas técnicas. Nesse ano, foram criados o CNN e o ONS.
Criado a partir de acordo firmado entre a ABNT e o CONMETRO, e com a colaboração de
vá­rias entidades voltadas para a disseminação de normas técnicas, o CNN busca estruturar todo o
sistema de normalização.
Define a ABNT como Foro Nacional de Normalização, entidade privada, sem fins lucrativos,
à qual compete coordenar, orientar e supervisionar o processo de elaboração de normas brasileiras,
bem como elaborar, editar e registrar as referidas normas (NBR).
Cada ONS tem como objetivo agilizar a produção de normas específicas de seus setores. Para
que os ONS passem a elaborar normas de âmbito nacional, devem ser credenciados e supervisiona-
dos pela própria ABNT.
O atual modelo define, por meio de diretrizes e instruções das associações internacionais de
normalização (ISO e IEC), que as normas brasileiras devem ser feitas, de preferência, utilizando-se
a forma e o conteúdo das normas internacionais, acrescentando-lhes, quando preciso, as particulari-
dades do mercado nacional.
Com isso, será muito comum que as normas brasileiras sejam registradas como NBR ISO, com
numeração sequencial da ISO, por exemplo, NBR ISO 8402. A ABNT, no atual modelo, manteve sua
estrutura interna em relação aos CB e aos tipos de normas elaboradas (classificação, especificação,
método de ensaio, padronização, procedimento, simbologia e terminologia).
Os comitês da ABNT são os seguintes:
CB 01 - Mineração e metalurgia
CB 02 - Construção civil
CB 03 - Eletricidade
CB 04 - Máquinas e equipamentos mecânicos
CB 05 - Automóveis, caminhões, tratores, veículos similares e autopeças
CB 06 - Equipamento e material ferroviário

112 Técnicas Experimentais em Química: Normas e Procedimentos


CB 07 - Construção naval
CB 08 - Aeronáutica e transporte aéreo
CB 09 - Combustíveis (exclusive nucleares)
CB 10 - Química, petroquímica e farmácia
CB 11 - Matérias-primas e produtos vegetais e animais
CB 12 - Agricultura, pecuária e implementos
CB 13 - Alimentos e bebidas
CB 14 - Finanças, bancos, seguros, comércio, administração e documentação
CB 15 - Hotelaria, mobiliário, decorações e similares
CB 16 - Transporte e tráfego
CB 17 - Têxteis
CB 18 - Cimento, concreto e agregados
CB 19 - Refratários
CB 20 - Energia nuclear
CB 21 - Computadores e processamento de dados
CB 22 - Isolação térmica
CB 23 - Embalagem e acondicionamento
CB 24 - Segurança contra incêndio
CB 25 - Qualidade

Amplie seus conhecimentos

O uso das Normas Brasileiras é obrigatório?

As Normas Brasileiras são desenvolvidas e utilizadas voluntariamente. Tornam-se obrigatórias somente quando explicita-
das em um instrumento do Poder Público (lei, decreto, portaria etc.) ou quando citadas em contratos. Entretanto, mesmo
não sendo obrigatórias, são sistematicamente adotadas em questões judiciais, por conta do Inciso VIII do Art. 39 do
Código de Defesa do Consumidor.

Como são elaboradas as Normas Brasileiras?

O trabalho de desenvolvimento da Norma Brasileira começa quando sua necessidade é identificada. Uma Comissão de
Estudos com representantes das partes interessadas (produtor, consumidor e neutro) elabora o projeto de norma, que,
após discussão e aprovação por consenso, é submetido à analise da sociedade pelo processo de Consulta Pública. As
sugestões ou objeções técnicas apresentadas, nesse período, são analisadas e consideradas pela Comissão de Estudos
antes do projeto de norma ser considerado aprovado para publicação como Norma Brasileira pela ABNT.

Qual o tempo para desenvolvimento de uma Norma Brasileira?

Em média, é de 24 meses. Depende de alguns fatores, tais como: urgência da necessidade, complexidade do assunto, disponi-
bilidade dos componentes da Comissão de Estudo, responsável pela elaboração e apuração da consulta pública do projeto.

Normalização 113
Amplie seus conhecimentos

O que é ISO?

É a federação mundial dos organismos de normalização. Conta com 148 países-membros. Foi fundada em 1947. O Brasil é
um dos membros fundadores. A ABNT é representante oficial da ISO no Brasil. Em sua história, a ISO já publicou normas
internacionais e documentos normativos.

A certificação é obrigatória?

A certificação pode ser voluntária ou obrigatória. Certificação obrigatória (compulsória) é aquela regulamentada por lei ou
portaria de um órgão regulamentador, como o INMETRO. A compulsoriedade dá prioridade às questões de saúde, segu-
rança e meio ambiente, assim como aos produtos listados nas regulamentações, que apenas podem ser comercializados
com a certificação. A certificação voluntária é aquela que não possui qualquer regulamentação de órgão oficial. Podemos
destacar as certificações de sistemas de gestão da qualidade (ABNT NBR ISO 9000 = gestão ambiental; ABNT NBR ISO
14000) e de diversos produtos.

Vamos recapitular?

Neste capítulo, você aprendeu que normas são documentos, publicações que estabelecem especi-
ficações e procedimentos destinados a garantir a confiabilidade dos materiais, produtos, métodos e/ou
serviços que as pessoas utilizam todos os dias. São importantes, formam as bases fundamentais para o
desenvolvimento de produtos consistentes que possam ser compreendidos e adotados. Isso simplifica
o desenvolvimento de produto e acelera a sua chegada ao mercado.

Agora é com você!

Escreva um procedimento para emitir resultados analíticos segundo a ABNT - NBR


111-58.

114 Técnicas Experimentais em Química: Normas e Procedimentos


12
Normas Técnicas

Para começar

Neste capítulo, você aprenderá que uma norma técnica é um “documento estabelecido por con-
senso e aprovado por um organismo reconhecido, que fornece, para uso comum e repetitivo, regras,
diretrizes ou características para atividades ou seus resultados, visando à obtenção de um grau ótimo de
ordenação em um dado contexto”. Essa é a definição internacional de norma.

Deve-se realçar, aqui, o aspecto de ser estabelecida por consenso entre os interessados, o que pres-
supõe compromisso de interesse mútuo, e aprovada por um organismo reconhecido, que deve atuar
seguindo os princípios da normalização e é o responsável pelo processo e por assegurar o consenso.

12.1 Conceitos básicos


As normas técnicas são aplicáveis a produtos, serviços, processos, sistemas de gestão, pessoal,
enfim, nos mais diversos campos. Podem estabelecer requisitos de qualidade, de desempenho, de
segurança (seja no fornecimento de algo, no seu uso ou mesmo na sua destinação final), mas tam-
bém podem estabelecer procedimentos, padronizar formas, dimensões, tipos, usos, estabelecer clas-
sificações ou terminologias e glossários, estabelecer a maneira de medir ou determinar característi-
cas, como os métodos de ensaio.
Frequentemente, uma norma referencia outras normas que são necessárias para a sua aplica-
ção. As normas podem ser necessárias também para o cumprimento de Regulamentos Técnicos ou
para a certificação compulsória.

115
O cumprimento é voluntário e as normas devem ser baseadas em resultados consolidados
da ciência, da tecnologia e de experiências acumuladas, visando à otimização de benefícios para as
empresas e para a comunidade.
A função básica das normas é, pois, estabelecer “o que fazer” e “como fazê-lo”.
As normas técnicas são aplicadas em todos os setores industriais e seus segmentos:
»» de produtos acabados de largo consumo.
»» nos setores de serviços e na agricultura.
O uso de normas oferece a devida segurança, tanto para o fabricante quanto para o consumi-
dor, bem como a melhoria do funcionamento do mercado por meio de linguagem precisa e comum,
com o objetivo de melhorar a comunicação entre cliente e fornecedor.
O que se está exigindo, pela adoção voluntária de uma norma, por um fornecedor, são prescri-
ções de:
»» simbologia;
»» terminologia;
»» métodos de ensaio;
»» procedimentos;
»» tamanhos;
»» cor;
»» padronização;
»» embalagens;
»» entre outros.
O Sistema Brasileiro prevê a elaboração de normas técnicas em dois foros distintos, coordena-
dos pela ABNT:
»» Comitês especializados: órgãos responsáveis pela coordenação e planejamento das ativi-
dades de normalização em uma área ou setor específico. Dentro do seu campo de atuação,
é responsável, ainda, pela integração da ABNT no sistema de normalização internacional.
»» Organismos de Normalização Setorial (ONS): organismo público, privado ou misto, sem fins
lucrativos, que tem atividade reconhecida no campo da normalização em um dado domínio
setorial. É credenciado pela ABNT, segundo critérios aprovados pelo CONMETRO.

12.2 Tipos de normas


As normas elaboradas pela ABNT classificam-se em sete tipos:
»» procedimento;
»» especificação;
»» padronização;
»» terminologia;

116 Técnicas Experimentais em Química: Normas e Procedimentos


»» simbologia;
»» classificação;
»» método de ensaio.
Conheça, agora, as características mais importantes de cada tipo de norma editada pela ABNT.

12.2.1 Procedimento
As normas de procedimento orientam a maneira correta de:
»» empregar materiais e produtos;
»» executar cálculos e projetos;
»» instalar máquinas e equipamentos;
»» realizar o controle dos produtos.
A NBR 6875, por exemplo, fixa as condições exigíveis e os procedimentos de inspeção para fios
de cobre de secção retangular. Outro exemplo é o da norma NBR 8567, que fixa as condições para a
execução de cálculos e dimensionamento do feixe de molas, utilizados nas suspensões de veículos
rodoviários.

12.2.2 Especificação
As normas relativas à especificação fixam padrões mínimos de qualidade para os produtos.
A norma NBR 10105, por exemplo, indica as condições ou especificações exigidas para a fabri-
cação de fresas de topo, com haste cilíndrica para rasgos. De acordo com essa norma, veja o que sig-
nifica a especificação A 25 K AR:
»» A: diz que se trata de uma fresa do grupo A, ou seja, uma fresa de haste cilíndrica lisa,
para rasgos.
»» 25: indica que esse tipo de fresa deve possuir 25 mm de diâmetro na parte cortante.
»» K: informa que é uma fresa para uso geral.
»» AR: especifica que a fresa é fabricada com material do tipo aço rápido.
A norma NBR 7000 constitui outro exemplo de norma de especificação. Essa norma especifica
as propriedades mecânicas dos produtos de alumínios e suas ligas, feitos por extrusão.

12.2.3 Padronização
As normas de padronização fixam formas, dimensões Extrusão é a passagem forçada de um
e tipos de produtos, como porcas, parafusos, rebites, pinos metal ou de um plástico por um orifício,
e engrenagens, que são utilizados, com muita frequência, na para se conseguir uma forma alongada
construção de máquinas, equipamentos e dispositivos mecâ- ou filamentosa.
nicos. Com a padronização, evita-se a fabricação de produ-
tos com variedades desnecessárias tanto de formas quanto de
dimensões.

Normas Técnicas 117


A norma NBR 6415 padroniza as aberturas de chaves e suas respectivas tolerâncias de fabrica-
ção para chaves de boca fixa e de encaixe, utilizadas para aperto e desaperto de porcas e parafusos.
Já a NBR 10112, outro exemplo desse tipo de norma, tem por finalidade padronizar as dimensões de
parafusos com cabeça cilíndrica e sextavado interno.

12.2.4 Terminologia
As normas sobre terminologia definem, com precisão, os termos técnicos aplicados a mate-
riais, máquinas, peças e outros artigos.
A norma NBR 6176, por exemplo, define os termos empregados para identificação das par-
tes das brocas helicoidais. Já a norma NBR 6215 define a terminologia empregada para os produtos
siderúrgicos; consultando essa norma, encontramos definições para produtos como chapa, bloco, fio,
placa, aço, ferro fundido e outros.

12.2.5 Simbologia
As normas de simbologia estabelecem convenções gráficas para conceitos, grandezas, sistemas
ou parte de sistemas etc., com a finalidade de representar esquemas de montagem, circuitos, compo-
nentes de circuitos, fluxogramas.
A norma NBR 6646, por exemplo, estabelece os símbolos que devem ser aplicados na identi-
ficação dos perfis do aço; o significado de cada símbolo encontra-se na própria norma. E a norma
NBR 5266 é muito importante, pois define os símbolos gráficos de pilhas, acumuladores e baterias
utilizados na representação de diagramas de circuitos elétricos em desenhos técnicos.
Os códigos facilitam a comunicação entre fabricantes e consumidores. Sem códigos normali-
zados, cada fabricante deveria escrever extensos manuais para informar as características dos equi-
pamentos, projetos, desenhos, diagramas, circuitos, esquemas etc.

12.2.6 Classificação
As normas de classificação têm, por finalidade, ordenar, distribuir ou subdividir conceitos ou
objetos, bem como critérios a serem adotados.
A norma NBR 8643, por exemplo, classifica os produtos siderúrgicos de aço. Segundo os crité-
rios fixados, os produtos siderúrgicos do aço classificam-se da seguinte maneira:
»» Quanto ao estágio de fabricação:
a) brutos;
b) semiacabados;
c) acabados.
»» Quanto aos processos de fabricação:
a) lingotado;
b) moldado;
c) deformado plasticamente.

118 Técnicas Experimentais em Química: Normas e Procedimentos


»» Quanto aos produtos acabados:
a) planos;
Lingotado refere-se ao aço que sofreu o
b) não planos. processo de formação de pequenos blo-
cos de metal solidificado depois da fusão.
É importante lembrar que esses exemplos representam
apenas um pequeno trecho da norma NBR 8643.
A norma NBR-8968 é outro exemplo. Ela classifica os
tipos de tratamento de superfícies para proteção e acabamento dos produtos de alumínio. Alguns
tipos de tratamento indicados por essa norma são:
»» anodização fosca;
»» anodização brilhante; Anodização é o tratamento superficial do
alumínio contra a corrosão.
»» anodização colorida por corantes.

12.2.7 Método de ensaio


As normas relacionadas a métodos de ensaios determinam a maneira de se verificar a quali-
dade das matérias-primas e dos produtos manufaturados. A verificação é feita por meio de ensaios.
A norma descreve como eles devem ser realizados para a obtenção de resultados confiáveis.
A norma NBR 8374 determina as condições para realização dos ensaios que avaliam a eficiên­
cia e a qualidade dos medidores de energia. Já a norma NBR 6394 indica o método a ser seguido,
os instrumentos que devem ser usados e as condições exigidas para verificação do grau de dureza
dos materiais metálicos. E a norma NBR 6156, por sua vez, determina o método de verificação a ser
empregado para avaliar a precisão das máquinas destinadas aos ensaios de tração e compressão.
Portanto, pode-se concluir que:
»» Os produtos fabricados são submetidos a ensaios para verificar se as suas propriedades
estão de acordo com as especificações desejadas.
»» As máquinas que realizam os ensaios também são testadas para se obter dados corretos
durante os testes.
»» As normas orientam a fabricação dos produtos e os ensaios a que são submetidos para
garantir as condições de obtenção de qualidade e eficiência.
»» Periodicamente, as normas devem ser examinadas. Em geral, esse exame deve ocorrer a
cada cinco anos. Porém, às vezes, o avanço tecnológico exige que certas normas sejam
revistas em prazos menores. Quando necessário, devem ser revisadas, isto é, modificadas.

12.3 Utilização de normas de outros países


Frequentemente, indústrias brasileiras e multinacionais adotam as normas norte-americanas
ASTM (para teste de materiais), SAE (para automóveis) e AISI (para aço e ferro) para especificação,
classificação e ensaios de materiais.
Quanto à fabricação de máquinas e componentes mecânicos, são bastante difundidas, no
Brasil, as normas DIN da Alemanha.

Normas Técnicas 119


A ABNT, além de elaborar normas, adota algumas internacionais. Exemplo disso são as nor-
mas da série ISO 9000, que são muito importantes, pois estabelecem diretrizes e procedimentos para
que as empresas possam garantir a qualidade total de seus produtos e serviços, obtendo, assim, con-
dições de competir no exigente mercado internacional.

12.4 Níveis de normas


A atividade de normalização tem lugar em diversos níveis, de modo a servir a um propósito
específico. Assim, a classificação das normas, quanto ao nível, refere-se mais ao nível de sua utiliza-
ção do que de sua elaboração, embora quase sempre ambos coincidam.
As normas podem ser elaboradas em quatro níveis distintos, conforme sua abrangência, como
mostra a Figura 12.1:

Exemplos

Internacional ISO - IEC

Regional Mercosul - Copant

ABNT - DIN - ANSI


Nacional AFNOR - JIS

Normas de
Empresa Empresas

Figura 12.1 - Níveis de normas.

12.4.1 Normalização empresarial


Normas elaboradas por uma empresa ou grupo de empresas com a finalidade de orientar as
compras, as vendas e outras operações. Exemplos: Normas da Petrobras ou procedimentos de gestão
da qualidade.

12.4.2 Normalização nacional


Normas nacionais são normas técnicas estabelecidas por um Organismo Nacional de Normali-
zação para aplicação num dado país. Normalmente, existe um organismo nacional de normalização
por país, entretanto há casos em que existem diversos organismos nacionais de normalização num
mesmo país, que, então, atuam em setores específicos (como é o caso, frequentemente, da área elé-
trica e eletrônica).

120 Técnicas Experimentais em Química: Normas e Procedimentos


Quando ocorre em um dado país e a ele se restringem sua aceitação e aplicação, as normas
devem ser editadas por uma organização nacional de normas reconhecida como autoridade para
torná-las públicas, procurando satisfazer necessidades e interesses do governo, indústrias, consumi-
dores e comunidade científica. Por exemplo:
»» Brasil: a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que edita as Normas Brasilei-
ras (NBR).
»» Alemanha: o Deutsch Institut für Normung (DIN), que edita as Deutsch Norm (DN), ou
seja, as normas alemãs.

12.4.3 Normalização regional


Quando participam organismos de diversos países de uma dada região geográfica, econômica
ou política do mundo. Por exemplo:
»» Normas do Mercado Comum do Sul (Mercosul).
»» Normas da Comunidade Europeia (CE).

12.4.4 Normalização internacional


Nesse caso, todos os países, por intermédio de seus organismos, participam, livremente, da ela-
boração das normas. Por exemplo:
»» International Organization for Standardization (ISO).
»» International Electrotechnical Comission (IEC).

Fique de olho!

Podemos não estar cientes delas, mas utilizamos as normas todos os dias, em todos os aspectos da nossa vida cotidiana,
em alimentação, saúde, transporte, construções.

12.5 Normas ISO Série 9000/94 e 2000


O número de empresas com certificação ISO 9000, no mundo, aumentou muito na última
década nos países desenvolvidos e em desenvolvimento. O Padrão ISO 9000 é uma forma de organi-
zação para gerenciar a satisfação dos clientes e demonstrar a melhoria contínua. É uma norma inter-
nacional de gestão da qualidade, seguido em 170 países.
Aborda vários aspectos da gestão da qualidade e contém alguns dos padrões mais conhecidos
da ISO. Os padrões fornecem orientações e ferramentas para as empresas e organizações que querem
garantir que seus produtos e serviços sempre atendam às necessidades do cliente e que a qualidade
seja, constantemente, melhorada.

Amplie seus conhecimentos

As normas de centenas de anos eram os pesos e as medidas. Sabe-se, também, que a estrada de ferro de bitola-padrão
é derivada das ranhuras produzidas pelas rodas de carros e carroças romanas. Esse espaçamento entre rodas, chamado
bitola, proporciona um conforto a mais para os passageiros se as rodas forem equipadas para tais ranhuras.

Normas Técnicas 121


Vamos recapitular?

Você aprendeu que as normas técnicas referem-se, em geral, à classificação, especificação, método
de ensaio, procedimento, padronização, simbologia e terminologia, proporcionando uma série de vanta-
gens, que vão desde a eliminação de barreiras comerciais à segurança do usuário.

Agora é com você!

Faça uma pesquisa sobre as normas para a apresentação de um projeto de pesquisa.

122 Técnicas Experimentais em Química: Normas e Procedimentos


13
Legislação

Para começar

Neste capítulo, você aprenderá que regulamentos técnicos são essenciais para disciplinar a entrada
de produtos no mercado, especialmente aqueles que podem colocar em risco a segurança dos consumi-
dores ou que prejudicam o meio ambiente.

13.1 Conceitos básicos


Um regulamento técnico é um documento, adotado por uma autoridade com poder legal para
tan­to, o qual contém regras de caráter obrigatório, estabelecendo requisitos técnicos, seja diretamente,
seja pela referência a normas técnicas ou pela incorporação do seu conteúdo, no todo ou em parte.
Enquanto o uso de uma norma técnica é voluntário, o regulamento técnico é obrigatório, isto
é, seu não cumprimento constitui uma ilegalidade, com a correspondente punição. É por isso que
representam potenciais barreiras técnicas ao comércio.
Em geral, tais regulamentos visam assegurar aspectos relativos à saúde, à segurança, ao meio
ambiente, ou à proteção do consumidor e da concorrência justa. De uma forma geral, os governos vêm
cada vez mais restringindo as suas atividades regulatórias aos campos mencionados, o que está consa-
grado no Acordo de Barreiras Técnicas ao Comércio da Organização Mundial do Comércio (TBT/OMC).

123
Por vezes, um regulamento técnico, além de estabelecer as regras e requisitos técnicos para um
produto, processo ou serviço, também pode estabelecer procedimentos para a avaliação da confor-
midade ao regulamento, inclusive a certificação compulsória.
Podem ser adotados pelos diversos órgãos nos níveis federal, estadual ou municipal, de acordo
com as suas competências específicas, estabelecidas legalmente. Por razões de tradição, nem sem-
pre são chamados de regulamentos técnicos, como é o caso das normas regulamentadoras (NR) do
Ministério do Trabalho.
Todos os Estados emitem esses regulamentos. Assim, quando se pretender exportar um pro-
duto para determinado mercado, é imprescindível conhecer se o produto ou serviço a ser exportado
está sujeito a um regulamento técnico naquele país em particular.
Tais regulamentos têm um grande potencial de se constituírem em barreiras técnicas ao
co­mércio. O TBT/OMC estabelece uma série de princípios, com o objetivo de eliminar entraves des-
necessários ao comércio, em particular as barreiras técnicas, que são aquelas relacionadas com nor-
mas, regulamentos técnicos e procedimentos de avaliação da conformidade que podem dificultar o
acesso de produtos aos mercados.
Um dos pontos essenciais do Acordo é o entendimento de que as normas internacionais (que
são aquelas elaboradas pelos organismos internacionais de normalização) constituem a referência
para o comércio internacional. Estipula que, sempre que possível, os governos devem adotar regu-
lamentos técnicos baseados nas normas internacionais. Considera ainda que os regulamentos que
seguem normas internacionais não se constituem em barreiras técnicas.
Sempre que um governo decidir adotar um regulamento técnico que não siga uma norma
internacional, deve notificar, formalmente, os demais membros da OMC, com antecedência mínima
de 60 dias, apresentando uma justificativa. Os demais membros podem solicitar esclarecimentos e
apresentar comentários e sugestões ao regulamento proposto.

13.2 Atos legais (relacionados ao INMETRO)


»» Leis: instituem o SINMETRO.
»» Decretos: aprovam a estrutura regimental do INMETRO e dão outras providências.
»» Medidas provisórias: alteram dispositivos da Lei nº 9.649, de 27 de maio de 1998, que dispõe
sobre a organização da Presidência da República e dos Ministérios e dá outras providências.
»» Portarias administrativas: aprovam o anexo do regimento interno do INMETRO.
»» Instruções normativas: assegurar maior autonomia de gestão administrativa, operacional
e de recursos humanos às autarquias e fundações integrantes da Administração Pública
Federal, qualificada como agente executiva, como forma de ampliar a eficiência na utiliza-
ção dos recursos públicos.

124 Técnicas Experimentais em Química: Normas e Procedimentos


13.3 Registro de acidentes e incidentes
Os registros de acidentes e incidentes devem ser feitos em cadernos de registros existentes em
cada laboratório, no caderno de registro das secretarias, por meio de comunicação aos supervisores
dos laboratórios, por ofícios pessoais aos responsáveis ou comissões do SSTA ou diretamente à Che-
fia do Departamento.
Os cadernos de registro possuem instruções detalhadas de uso.
Cabe ao SSTA-DQ manter atualizadas estatísticas sobre acidentes e incidentes.

Amplie seus conhecimentos

Os regulamentos técnicos devem, na medida do possível, basearem-se em padrões internacionais, de modo que, em prin-
cípio, o mesmo produto poderá ter acesso a vários mercados.

Vamos recapitular?

A elaboração de regulamentos técnicos é uma tarefa complexa, multidisciplinar. O principal foco


da regulamentação técnica é definitivamente sobre a segurança, e não sobre a qualidade de produtos.

Legislação 125
Agora é com você!

Pesquisar como é feito um regulamento técnico que inclua códigos de conduta dentro
de um laboratório químico.

126 Técnicas Experimentais em Química: Normas e Procedimentos


Bibliografia

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Protection Association (NFPA) ratings as designated in NFPA Standard 704. Disponível em:
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VOGEL, A. I. Química analítica qualitativa. São Paulo: Mestre Jou, 1981.

128 Técnicas Experimentais em Química: Normas e Procedimentos

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