A grande viagem...
No dia 20 de setembro 1519, o navegador Fernão de
Magalhães, patrocinado pela monarquia espanhola, iniciou
uma das maiores aventuras do séc. XVI.
Tinha como objetivo chegar às ilhas Molucas pelo Ocidente,
provando que as ilhas das especiarias se situavam no
hemisfério castelhano do Tratado de Tordesilhas.
Os preparativos da viagem foram demorados e muito bem
planeados, com a ajuda dos melhores especialistas em ciência
náutica: cosmógrafos e cartógrafos.
A frota era formada por cinco embarcações (San Antonio,
Victoria, Concepción, Santiago e Trinidad) e transportava
mais de 260 pessoas de várias nacionalidades.
Durante a viagem, acontecem vários incidentes como
tempestades, calmarias, emboscadas, revoltas e conspirações.
Magalhães perdeu, nesta fase da viagem, duas naus:
Santiago, numa viagem de reconhecimento, e San Antonio,
por um motim.
Em novembro de 1521, o navegador conseguiu nalmente
passar um estreito “labiríntico” na região da Patagónia, no
sul da Argentina, que hoje leva o seu nome: estreito de
Magalhães. Entrou então em águas do “Mar do Sul”, que
batizou de “Pacíco”, por contraste com as diculdades por
que tinha passado.
Aí foram observadas as chamadas nuvens de Magalhães:
duas galáxias satélites anãs, visíveis apenas no Hemisfério
Sul. É documentado também o pinguim-de-magalhães
(Spheniscus magellanicus), conhecido como naufragado ou
pato-marinho.
Magalhães conduziu a armada através do imenso oceano
durante vários meses. Quando chega às Filipinas, onde se
iniciaram imediatamente as trocas comercias, é atraído, pelos
nativos, para uma emboscada e morre em combate na ilha de
Mactan.
Como restavam apenas 108 homens para três navios,
decidiram queimar Concepción , o navio que estava em pior
estado. As duas naves carregaram-se de cravo nas ilhas
Molucas para iniciar viagem em direção a Espanha.
Mas Trinidad acabou por ter que car para uma reparação e,
mais tarde, toda a sua tripulação foi presa pelos portugueses.
Victoria foi a única nau que completou a circum-navegação
do globo, chegando a Sevilha a 6 de setembro de 1522, sob o
comando de Juan Sebastián Elcano, com apenas 18 homens.
A viagem foi um feito extraordinário do ponto de vista
técnico e cientíco e, embora não tenha sido uma expedição
cientíca, foi responsável por v árias descobertas,
principalmente nas áreas da geograa, ao descobrir novas
terras e ilhas, e na biologia, na observação e registo da vasta
biodiversidade encontrada.