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Matrícula:1414849/3
Turma:30
Fortaleza–CE
Fevereiro, 2019
1 Pensando os ganhos surdos
Em 24 de abril de 2002 começou a vigorar a lei 10.436 que oficializa a Língua Brasileira
de Sinais – LIBRAS, a partir dessa lei, a LIBRAS é reconhecida como legal de comunicação e
expressão e isso foi de extrema importância para a comunidade surda. Mas nem sempre foi
assim.
O ser diferente nem sempre foi aceito e gerou muitas tensões durante a história, a
diferença não era respeitada, então para os surdos, as suas especificidades e necessidades eram
ignoradas para que os mesmo se adequassem ao mundo dos ouvintes, como é relatado no vídeos
do Rodrigo e da Vanessa, estes surdos, tiveram dificuldades ao serem forçados a se adequarem
aos mundo dos ouvintes, seus pais sem muito conhecimento, tiveram indicações de médicos
para que eles aprendessem a vocalizar. Os mesmos relatam a proibição da linguagem de sinais
e as dificuldades em não possuir uma identidade surda, afinal só conviviam com ouvintes.
A linguagem é de extrema importância para o ser humano, por meio dela é que a
construção de um sujeito, e a mesma tem caráter social, político e cultural, por meio dela é
possível entender as mais diversas maneiras de olhar o mundo, é por meio dela também que
você se expressa e se mostra ao mundo.
Por isso a negativa da Língua de Sinais para os surdos durante aquele tempo foi
extremamente prejudicial, impediu a inclusão do surdo com o mundo e com sua comunidade,
limitou a sua compreensão e sua forma de se expressar no mundo.
Com o passar do tempo esse cenário foi se modificando e os movimentos surdos foram
reivindicando direitos para sua comunidade, com isso começou a se falar em ganhos surdos,
que é entendido como formas surdas de ser no mundo que contribuem para questões cognitivas
e criativas e assim aumentam a diversidade cultural.
Um exemplo disso foi o caso de Rodrigo que ao necessitar de um estudo apropriado para
ele e vendo a carência que existia em Fortaleza referente ao ensino de surdos se mudou para o
Sul, onde já existia toda uma comunidade surda acadêmica, com pessoas da sua idade, onde foi
possível compartilhar experiencias e aprendizados.
Situação essa que não precisou ocorrer com seu irmão mais novo, porque com o tempo já
começou a ter interpretes em Fortaleza e o mesmo não precisou se mudar para poder vivenciar
essa forma de inclusão. Para Petitto (2000), o cérebro humano possui características como a
plasticidade e a flexibilidade que facilitam na aquisição de linguagem, em especial a aquisição
de Língua de sinais em crianças demonstram a habilidade humana de adquirir ganhos no
desenvolvimento das suas capacidades a partir de uma língua visual.
O encontro entre surdos promoveu a construção de uma linguagem visual própria que
possui diversas regionalidades, e gramática própria capaz de transmitir coisas extremamente
complexas e que trouxeram grandes ganhos para a capacidade cognitiva, como as vantagens
visuais que são observadas em crianças surdas que utilizam da língua de sinais e a maior
velocidade com que estas geram imagens mentais.
Outro ganho surdo que tem sido constatado é que os surdos possuem uma agilidade maior
comparado ao de pessoas ouvintes, também tem se observado habilidades mentais de rotação,
ou seja, ao passo em que ouvintes ao observarem o intérprete da Língua de Sinais tendem a
espelhar o movimento , o surdo já responderá na sua perspectiva, já realizando a rotação.
No Brasil, ocorreram diversos avanços nos ganhos surdos que se intensificaram com a
promulgação da lei 10.436/02 e a sua regulamentação com o decreto 5.626/05, que tiveram o
maior objetivo de da visibilidade e difusão da Libras, especialmente no que refere a educação.
Como relata Rodrigues (2011, p.30):