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1.

METODOLOGIA

1.1 Métodos e técnicas de pesquisa

Começamos a pesquisa de campo em sites, e logo nos deparamos com a falta de


informações plurais e mais detalhadas sobre a vida e a obra de Inezita Barroso. Não que
a internet não forneça dados sobre ela, muito pelo contrário; encontramos dezenas de
páginas que fazem referência à sua carreira, sempre com as mesmas abordagens, alguns
até com dados completamente desatualizados.
Nossa maior surpresa nesse período foi verificar que Inezita não possui um site
oficial, o que consideramos incomum, se forem levados em consideração seus anos de
carreira.
Passada a primeira etapa da pesquisa, chamada pelo grupo de reconhecimento do
tema, definimos o segundo passo da metodologia. A partir do levantamento feito na
internet, identificamos quais pontos deveriam ser aprofundados para melhor
compreendermos o que cerca a história de nossa perfilada. Da web, passamos à fase dos
livros.
Além da biblioteca da Universidade Anhembi Morumbi, o acervo de livros do Centro
Cultural de São Paulo nos abriu as portas para a pesquisa bibliográfica.
Encontramos obras fundamentais para cada tópico do trabalho e, posteriormente,
para a construção da Fundamentação Teórica. Esses autores foram chamados de fontes
primárias; os demais, de fontes complementares.
No primeiro grupo, encontram-se obras clássicas, que serviram de referência para
a grande maioria dos trabalhos acadêmicos que abordam a temática caipira. São eles: Os
Parceiros do Rio Bonito (Antonio Candido); Moda Inviolada – uma história da música
caipira (Walter de Souza); Cultura Brasileira – temas e situações (Alfredo Bosi); Acorde na
Aurora (Waldenyr Caldas); Música Caipira – da roça ao rodeio (Rosa Nepomuceno); O
Povo Brasileiro – a formação e o sentido do Brasil (Darcy Ribeiro).
As leituras nos permitiram tomar contato com alguns aspectos importantes da vida
de nossa perfilada. Quando se fala a respeito de Inezita Barroso, muitas questões vêm à
tona, como por exemplo, quem são, como se formaram, de que modo se organizam essas
sociedades caipiras e por que a música e o folclore estão tão ligados à história dessas
pessoas. Tais questões são esclarecidas pelos autores, o que nos permitiu não apenas
entender a relação de Inezita com essa sociedade, mas também ampliar nosso repertório
para elaborar as pautas.
Das fontes complementares, destacamos artigos, monografias, teses e home
pages a respeito do assunto. Compõem esse grupo o livro Urupês, do escritor paulista
Monteiro Lobato, além dos estudos do pesquisador alemão Theodor Adorno a respeito da
Indústria Cultural. Aqui nos foi possível compreender as diferenças entre a música caipira,
essa defendida por Inezita, e o que se chama atualmente de música sertaneja, além de
estudar como a Indústria Cultural alterou o cenário dessa música, modificando
sensivelmente sua forma e conteúdo, transformando-a em um produto que visa satisfazer
o grande público, devido a seu forte apelo comercial.
O levantamento bibliográfico se completa com obras teóricas que abordam
conceitos essenciais para a compreensão do trabalho, tais como o que é uma
reportagem, qual sua relação com o chamado Novo Jornalismo e como esses elementos
se articulam para a construção do perfil. Nossas referências principais nesse sentido
foram os livros Jornalismo Literário, de Felipe Pena; Perfis e como escrevê-los, de Sérgio
Vilas Boas, e Técnicas de reportagem – notas sobre a narrativa jornalística, de Muniz
Sodré.
Paralelamente à pesquisa bibliográfica, visitas semanais ao Teatro Franco
Zampari, onde são realizadas as gravações do programa Viola, minha viola, fizeram parte
de nossa rotina.
O primeiro encontro com Inezita Barroso aconteceu no dia 18 de abril, quando
comunicamos à apresentadora nossas intenções e o objetivo do trabalho. Antes disso,
foram diversas ligações telefônicas e contatos com a produção do programa, as primeiras
sem sucesso, na tentativa de marcar a primeira visita.
No Viola, além do contato direto com a apresentadora, foi possível perceber o
quanto ela é querida por seu público e como esse grupo de pessoas, em sua maioria com
idade superior a 50 anos, é fiel ao programa. Para exemplificar essa fidelidade,
conversamos com o Seu Santo Portela, de 78 anos, que acompanha as gravações na TV
Cultura desde sua primeira exibição, em março de 1980, sem jamais ter faltado uma
semana. São exatos 1.294 programas, como ele faz questão de lembrar.
O interessante de estar em um ambiente como o do Viola, ainda mais para nós que
somos jovens, foi poder olhar nos olhos dessas pessoas, não apenas do Seu Santo, mas
de tantos outros senhores e senhoras, os caipiras de fato, como canta a própria Inezita,
que fazem das tardes de quarta-feira um momento de confraternização entre todos, onde
o mais importante é celebrar a música caipira, personificada na pessoa de Inezita
Barroso.
Foi de grande valia para o grupo poder observar seus gestos, suas emoções, e
mais ainda, ter a certeza de que a música caipira, ou sertaneja de raiz, como preferirem,
continuará firme, amparada em um de seus portos mais seguros, o Viola, minha viola.
Inezita durante esses meses, assim como toda a produção, nos abriu as portas de
seu camarim sem nunca impor barreiras ou fazer objeções. Desde o início deixamos claro
que esse era um trabalho sério, em que observaríamos tudo o que cerca o programa; a
rotina da produção às quartas-feiras, as pessoas anônimas que contribuem para que a
atração vá ao ar, seguranças, câmeras, a equipe técnica do teatro.
Andamos por vários bairros da cidade durante as entrevistas, e, em cada visita,
uma situação em comum: a emoção de todos ao falar, segundo eles, do maior nome da
música sertaneja.
1.1.1 Fontes e apuração das entrevistas

As visitas à TV Cultura nos permitiram entrar em contato com diversos artistas


sertanejos, bem como com amigos e familiares de Inezita Barroso, como o cantor Pena
Branca, o jornalista Assis Ângelo e o produtor musical João Carlos Botezelli, entre outros.
O mês de julho foi todo reservado aos primeiros contatos com essas pessoas, via
telefone e por e-mail, quando definimos a pauta e o enfoque das entrevistas.
A apuração propriamente dita começou na primeira semana de agosto,
estendendo-se até o último dia de setembro. Nesse período obtivemos êxito com grande
parte dos contatos, já que muitas das fontes se mostraram receptivas, principalmente
depois de saberem que iriam colaborar com um trabalho sobre a vida de Inezita Barroso.
Ao todo foram realizadas 23 entrevistas. A grande maioria ocorreu pessoalmente,
ou no próprio Viola, minha viola, ou na casa do entrevistado (como no encontro com Pena
Branca e Léo). Os contatos telefônicos foram com o violeiro mineiro, Roberto Correa, e
com o ex-presidente da escola de samba paulistana Pérola Negra, Francisco Carlos
Barbosa.
As entrevistas com os alunos do Centro Universitário Capital, assim como com os
folcloristas Gerusa Pires Ferreira e Haroldo Barbosa, foram feitas por e-mail.
Tentamos entrar em contato diversas vezes por e-mail e telefone com o músico
Paulo Vanzolini, que compôs a música Ronda, gravada pela primeira vez por Inezita
Barroso, na década de 1960, mas não obtivemos sucesso.
1.1.2 Lista dos entrevistados

Irmãs Galvão – tradicional dupla sertaneja paulistana formada pelas irmãs Mary e
Marilene Zuil. Além de amigas pessoais de Inezita Barroso, as Irmãs Galvão estiveram
presentes na gravação do primeiro Viola, minha viola, em março de 1980.

Assis Ângelo – jornalista, escritor e radialista. Assis freqüentava o Restaurante


Parreirinha semanalmente com a artista.

Carine Tebar – Ex-aluna de Inezita Barroso, no curso de Turismo do Centro


Universitário Capital.

Elaine Maria Riguengo – Ex-aluna de Turismo do Centro Universitário Capital.

Fernanda Alves Miyashiro – Ex-aluna de Inezita Barroso, no curso de Turismo do


Centro Universitário Capital.

Francisco Carlos Barbosa (Carlinhos) – Ex-presidente da escola de samba Pérola


Negra, do bairro da Vila Madalena. Carlinhos era vice -presidente da agremiação no ano
de 1998, quando Inezita Barroso foi homenageada.

Gerusa Pires Ferreira – Professora de Folclore e Cultura Brasileira da Pontifícia


Universidade Católica (PUC/ SP).

Gualberto Luiz Nunes Gouvêa – Coordenador do Curso de Turismo do Centro


Universitário Capital.

Haroldo Costa – Folclorista, produtor, escritor e ator de teatro.

João Bosco Teixeira Batista (Joãozinho) – arranjador e instrumentista. Acompanha


Inezita Barroso no programa Viola, minha viola, como um dos integrantes do Regional do
Tico Tico, grupo de músicos que toca com ela.
João Carlos Botezelli (Pelão) – Mais um dos tantos amigos de Inezita Barroso,
Pelão é um dos mais conceituados produtores musicais do Brasil, tendo produzido
diversos discos da carreira de Inezita.

Léo (Walter Paulino da Costa) – Os irmãos Liu e Léo formam uma das mais antigas
duplas da música sertaneja de raiz, permanecendo fiéis ao estilo desde meados da
década de 1950. A dupla também esteve no primeiro Viola, minha viola.

Marcos Aranha de Lima – Irmão de Inezita Barroso.

Maysa Pizuto – Estagiária do Viola, minha viola.

Muibo Cury – Jornalista, compositor sertanejo e dublador, Muibo Cury foi indicado
por Inezita Barroso, em 1999, para apresentar o programa de rádio Raízes do Brasil, pela
Rádio Cultura AM.

Nanci Rodrigues Gomes Corrêa – Coordenadora dos cursos de Letras e Pedagogia


do Centro Universitário Capital.

Paula Macedo de Leme – Neta.

Pedro Ferreira dos Santos (Pedrão) – Produtor musical do Viola, minha viola. É ele
o responsável por definir os convidados que irão fazer parte do programa.

Pena Branca – Pena Branca e Xavantinho formaram uma das duplas caipiras mais
importantes de toda a Música Popular Brasileira, principalmente por unirem a chamada
MPB ao estilo caipira, ao gravarem composições como Cio da Terra, de Chico Buarque e
Milton Nascimento, e O canto do povo de um lugar, de Caetano Veloso. Foram eles que
apelidaram Inezita Barroso de madrinha da música caipira. A dupla se desfez em 1999,
com a morte de Xavantinho.

Rivaldo Corulli – Diretor geral do Viola, minha Viola. Rivaldo, além de dirigir Inezita
no palco, é um dos grandes amigos da cantora.
Santo Portela – Seu Santo é o “fã número 1” do Viola, minha Viola. Acompanha o
programa semanalmente, sem jamais ter faltado a uma única gravação.

Vinicius Rosa – Estagiário do programa Viola, minha viola.

Maria José dos Santos (Zezé) – Camareira de Inezita Barroso. A responsável por
tudo o que a apresentadora veste no programa. Zezé é uma espécie de “braço direito”
dela.
1.1.3 Pautas Básicas

Irmãs Galvão: A entrevista com as Irmãs Galvão focou a amizade da dupla com Inezita
Barroso. Também discutimos a evolução do programa Viola, minha viola ao longo desses
27 anos. O que mudou na atração, desde o primeiro programa em 1980, em que elas
estiveram presentes, até agora.

Assis Ângelo: Assis falou bastante sobre o significado de Inezita Barroso para o gênero
caipira, de seu trabalho voltado as pesquisas do folclore brasileiro, e das vezes em que
encontrou com a cantora no Restaurante Parreirinha.

Carine Tebar/ Elaine Maria Riguendo/ Fernanda Alves Miyashiro: As alunas de Inezita
Barroso no Centro Universitário Capital disseram como é a professora Inezita em sala de
aula, ressaltando o aprendizado que tiveram com ela.

Francisco Carlos Barbosa: Carlinhos relembrou a homenagem prestada pela escola de


samba Pérola Negra, da qual era vice-presidente, em 1998, com o enredo, Inezita
Barroso, uma trajetória de sucesso. Relembrou como a comunidade da escola recebeu a
notícia do enredo na época. Falou também da relevância de Inezita Barroso para a cultura
paulistana.

Jerusa Pires Ferreira: A professora Jerusa Pires Ferreira falou sobre o trabalho de
pesquisas folclóricas realizado por Inezita Barroso e a importância desse trabalho para a
cultura brasileira.

Haroldo Costa: O folclorista seguiu a mesma linha adotada pela professora Jerusa Pires
Ferreira, falou das pesquisas desenvolvidas por Inezita. Haroldo relembrou como
conheceu a cantora e sugeriu que ela fosse tema do carnaval carioca.

Inezita Barroso: Conversamos com a cantora por duas vezes, em seu camarim, depois da
gravação do Viola, minha viola. A primeira entrevista, focamos em seus tempos de
criança, como nasceu a paixão pela viola e pela música caipira.
O segundo bate-papo foi dedicado às histórias vividas com seus amigos em diversos
ambientes. No Restaurante Parreirinha, na universidade. Também discutimos seu
trabalho de pesquisa voltado ao folclore, e sua relação de amizade com o ex - presidente
JK.

João Bosco Teixeira Batista: Joãozinho, como é conhecido, abordou a importância de


Inezita Barroso para todos no meio caipira, como referência. Falou da experiência de
trabalhar com a artista, de como se conheceram, como surgiu a oportunidade de estarem
juntos no Viola, minha viola, e da importância que Inezita Barroso tem na carreira musical
dele.

João Carlos Botezelli (Pelão): O produtor musical Pelão falou sobre Inezita no
Restaurante Parreirinha, a amizade entre ambos fora dos palcos, e relembrou alguns
momentos que passaram juntos em estúdio, na gravação do CD Caipira de Fato, ao lado
do violeiro Roberto Corrêa.

Walter Paulino da Costa (Léo): O cantor caipira falou do orgulho de estar presente na
gravação do primeiro programa Viola, minha viola, em 1980 e da importância de Inezita
Barroso, como madrinha da música caipira.

Marcos Aranha de Lima: O irmão contou histórias de quando ambos eram pequenos, das
brincadeiras que mais gostavam e das peripécias de infância.

Maysa Pizuto: Uma das estagiárias do programa Viola, minha viola, Maysa falou sobre a
importância, para ela, de estar em contato com uma pessoa tão importante como Inezita
Barroso. O fato de estar em contato com uma pessoa que tanto conhece sobre a cultura
caipira. Ainda falou dos momentos ao lado de Inezita, especificamente durante as
gravações do programa.

Muibo Cury: O radialista e amigo pessoal de Inezita Barroso, Muibo Cury foi perguntado
sobre essa amizade de anos. Muibo falou sobre o Parreirinha, sobre a convivência com
Inezita no rádio.

Paula Macedo Leme: A neta de Inezita Barroso falou da relação dela com a família, sua
paixão pelos bisnetos, e a verdadeira correria, segundo Fernanda, que é a vida da avô,
que nunca para em casa, está sempre trabalhando e viajando.
Pedro Ferreira dos Santos (Pedrão): O produtor do Viola, minha viola relembrou sua
entrada na TV Cultura, em 1990, a passagem por vários outros programas da casa, como
Vestibulando, até chegar ao Viola, Contou um pouco da rotina da produção nos dias em
que não há gravação, como são feitos os contatos com os artistas, e a rotina de trabalho
da equipe de produção e estagiários.

Pena Branca: O cantor Pena Branca falou de sua gratidão por Inezita Barroso, por ela ter
“descoberto” a dupla, na década de 70, sendo sua grande incentivadora. Lembrou do
irmão Xavantinho e das várias vezes que a dupla esteve no palco do programa Viola,
minha viola.

Rivaldo Corulli: Rivaldo lembrou de Inezita Barroso como amiga e como profissional.
Falou da trajetória de ambos na televisão. Relembrou sua passagem pela Rede Globo, na
década de 1980, de sua chegada na Cultura, de como é seu trabalho na direção do
programa, seu contato com os artistas. O diretor do Viola deu seu parecer sobre o fato de
uma televisão privada, como a Cultura, abrir espaço para a música caipira, e das
diferenças existentes, para ele, entre a música caipira e a sertaneja comercial.

Santo Portela: Seu Santo, como é conhecido o fã mais antigo do Viola, minha viola,
relembrou os momentos vividos no programa, durante os 27 anos. As mudanças
ocorridas no cenário. A ida de Inezita Barroso como apresentadora, já no terceiro
programa. Sua amizade com Inezita e com toda a produção do programa.

Vinicius Rosa: Outro estagiário do Viola, Vinicius falou de sua experiência de estagiar em
um programa de música caipira, já que ele é DJ de música eletrônica, do relacionamento
com Inezita Barroso e com toda a platéia do programa.

Maria José dos Santos (Zezé): A camareira de Inezita Barroso falou sobre a vaidade da
cantora, a escolha de seu vestuário e os momentos vividos ao lado da cantora.
2.1.3 Cronograma de Atividades

CRONOGRAMA
Período Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov
Avaliação e escolha do tema
Entrega da introdução
Entrega da metodologia
Pesquisa de material
Fundamentação Teórica
Estrutura do produto
Pré-projeto/ Versão final
Pré-banca
Entrevistas/ Apuração
Redação
Revisão

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