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UNILA ­ Curso de
História
Projeto de Extensão Blog do primeiro Bacharelado em História com
ênfase em América Latina

segunda­feira, 31 de outubro de 2011 Informações dos Professores.

Prof. Alexandre C. Varella
Entre Maria e Marianne: A figura feminina como Prof. Hernán Venegas Marcelo
símbolo da República Brasileira. Prof. Paulo Renato da Silva
Profa. Rosangela de Jesus Silva
Nos textos anteriores sobre a formação do imaginário republicano no Brasil, observamos a
Prof. Pedro Afonso Cristovão dos
transformação de um homem em herói nacional e a importância dos símbolos Santos
nacionais.Analisaremos a tentativa dos republicanos em implantar a figura feminina no
imaginário popular brasileiro.
Laboratório.

"A aceitação do símbolo na França e sua rejeição no Brasil permitem, mediante a Laboratório ­ Em construção.
comparação por contraste, esclarecer aspectos das duas sociedades e das duas
repúblicas." (CARVALHO, José Murilo de. A Formação das Almas – O Imaginário da
República no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1990. p.14). Entrevistas

Entrevista Esteban Campos
A figura feminina já era utilizada na França desde a Revolução Francesa. Antes, a
Entrevista completa com Pedro
monarquia era representada pela figura masculina do Rei, porém com a proclamação da Telles da Silveira: A história na
República essa figura tinha que ser substituída por um novo símbolo, assim começou­se a era digital (em português)
adotar a imagem da mulher. Entrevista completa com Pedro
Telles da Silveira: La historia en
la era digital (texto en español)
Na Roma Antiga a figura feminina já era um símbolo de liberdade. Com o avanço da
Revolução Francesa, os franceses começaram a utilizar essa imagem, mas com algumas
mudanças como o barrete frígio, usados pelos libertos romanos, o feixe de armas, Tradutor
representando a unidade, o leme e os seios desnudos.
Selecione o idioma
Um exemplo do uso dessa alegoria aparece no quadro de Eugène Delacroix intitulado "A
Liberdade Guiando o Povo" (1830). No quadro vemos a liberdade ser representada por uma Powered by  Tradutor
figura feminina. O barrete frígio cobre sua cabeça. Na mão esquerda carrega um fuzil com
baioneta calada, já na mão direita leva a bandeira tricolor. Outros elementos destacados são Total de visualizações de página
os seios desnudos e o gesto de comando entre os mortos e feridos. 
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"A Liberdade Guiando o Povo", Eugène Delacroix (1830). Óleo sobre tela.
Museu do Louvre, Paris.

A importância desse quadro está no fato de juntar elementos idealizados com traços
verossimilhantes. Após a ‘Terceira República’ a figura da mulher se popularizou. Aparece
Marianne, nome popular na França, que se tornou a personificação da República. Como
reação, o governo incentivou o culto a Virgem Maria. Essa atitude fez com que se
desencadeasse uma batalha de cultos que ficou conhecida como Mariolatria X Marianolatria.

Os republicanos brasileiros de ideais franceses tinham uma grande riqueza de imagens e
símbolos para se inspirarem, entretanto estavam em desvantagem. Na França a Monarquia
era masculina, no Brasil, a herdeira do trono era mulher. Mas a desvantagem foi diminuída
pela tentativa de anulação da figura de Isabel, mostrando­a como um objeto nas mãos do
marido, o Conde D'eu, que por ser francês teve sua imagem vinculada à monarquia.

Segundo Augusto Comte, criador do positivismo, o símbolo perfeito para a humanidade seria
a virgem­mãe. Suas especificações eram uma mulher de trinta anos, sustentando um filho
nos braços. O rosto era de sua amada Clotilde de Vaux.

Clotilde de Vaux (1815 ­ 1846)
Fonte: http://www.augustecomte.org/contenu/biblioimg/31­image.jpg

No Brasil, durante a monarquia, os pintores eram patrocinados pelo governo e estudavam e
pintavam seus quadros na Europa. Eram altamente influenciados pelo padrão europeu.
Quando se representava a humanidade ou a República, quem aparecia era Clotilde,não
negras, ou mulatas, ou índias.

O que houve foi um contraste entre a República dos sonhos e a real, com isso a imagem
cívica da mulher perdeu sua importância e passou a ser debochada junto com a república,
através dos caricaturistas em seus periódicos. A mulher se transformou em prostituta.

"Monarquia – Não é por falar mal mas, com franqueza, eu esperava outra coisa.
 República – Eu também"
K. Lixto. Fon­Fon!, 13 de Novembro de 1913.
"Mlle. República, que hoje completa mais uma primavera", C. do Amaral. 
O Malho, 15 de Novembro de 1902.

"­ Acha­a com os seios muito desenvolvidos?...Que quer, Marechal! 
É a nudez crua da verdade. A República dá de mamar a tanta gente!..."
Vasco Lima. O Gato, 22 de Março de 1913.

"Símbolos,  alegorias,  mitos  só  criam  raízes  quando  há  terreno  social  e  cultural  no  qual  se
alimentarem. Na ausência de tal base, a tentativa de criá­los, de manipulá­los, de utilizá­los
como  elementos  de  legitimação,  cai  no  vazio,  quando  não  no  ridículo.  Parece­me  que  na
França  havia  tal  comunidade  de  imaginação.  No  Brasil,  não  havia.  "  (CARVALHO,  op.  cit.,
p.89).

Aqui no Brasil, a figura da mulher  também  foi  utilizada  como  um  elemento  anti­republicano.


Os  bispos  incentivaram  o  culto  à  figura  de  Maria.  Em  1904,  Nossa  Senhora  Aparecida  foi
declarada padroeira do Brasil.

A  figura  da  república­mulher  obteve  fracasso.  Faltou  uma  comunidade  de  sentido.  A  figura
feminina  foi  usada  como  prostituta,  em  muitos  casos,  ou  depreciativa  de  outra  forma.  Isso
se  deve  ao  fato  de  que  não  houve  na  sociedade  brasileira  uma  participação  feminina  nos
fatos políticos, portanto sua imagem cívica não tinha nenhum sentido entre a população.

Os  republicanos  falharam  na  tentativa  de  criar  um  imaginário  popular.  O  sucesso  da
implantação  de  alguns  símbolos  se  deve  ao  peso  da  tradição  ou  da  religião.  O  principal
motivo  que  justifica  o  fracasso  da  inserção  da  alegoria  feminina  foi  à  falta  de  envolvimento
da população na proclamação da República.

"A batalha pela alegoria feminina terminou em derrota republicana. Mais ainda, em derrota do
cívico perante o religioso." (CARVALHO, op. cit., p.94).

Paulo  A.  Pereira  Júnior  ­  Acadêmico  de  História  da  Universidade  Federal  da  Integração
Latino­Americana (UNILA).

Postado por UNILA ­ Bacharelado em História. às 11:13 

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Um comentário:

kojom.net 19 de fevereiro de 2015 03:56

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