Centro de Apoio Operacional de Meio Ambiente, Urbanismo e Patrimônio Cultural do
Ministério Público do Maranhão - CAO-UMA
Ofício nº: 010/2010
Imperatriz, 02 de junho de 2010.
Excelentíssimo Senhor, WASHINGTON RIO BRANCO Secretário de Estado de Meio Ambiente e Recursos Naturais São Luís-MA.
Ref. Procedimento de Licenciamento Ambiental - Suzano
Senhor Secretário,
O Promotor de Justiça abaixo assinado, no uso de suas
atribuições legais, titular da 7ª Promotoria Cível de Imperatriz e integrante do Centro de Apoio Operacional de Meio Ambiente, Urbanismo e Patrimônio Cultural do Ministério Público do Maranhão – CAO-UMA, nos termos do art. 12º, do Regulamento das Audiências Públicas do Projeto Florestal da Suzano Papel e Celulose S.A., no Polo Porto Franco, realizadas nos dias 27 e 28 de maio de 2010, em Imperatriz e Porto Franco, respectivamente, e
CONSIDERANDO o art. 225 da Constituição Federal que
determina: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”;
CONSIDERANDO os compromissos do Estado brasileiro
de erradicação da pobreza e redução das desigualdades sociais e regionais, consolidados no art. 3º da Constituição de 1988, que trata dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, e tendo em vista os riscos iminentes de empobrecimento das comunidades rurais tradicionais, alvo de 7ª Promotoria Cível de Imperatriz Centro de Apoio Operacional de Meio Ambiente, Urbanismo e Patrimônio Cultural do Ministério Público do Maranhão - CAO-UMA
processos de fragmentação comunitária devido aos procedimentos de
deslocamentos involuntários;
CONSIDERANDO o art. 37, caput, da Constituição
Federal, que prescreve, entre os princípios da Administração Pública, o da eficiência;
CONSIDERANDO que o Projeto Florestal da Suzano Papel
e Celulose S.A. é um empreendimento de grande impacto ambiental, que afetará diretamente 21 municípios no Estado do Maranhão (João Lisboa, Imperatriz, Senador La Rocque, Grajaú, Buritirana, Davinópolis, Governador Edson Lobão, Sítio Novo, Ribamar Fiquene, Lageado Novo, Campestre do Maranhão, São João do Paraíso, Porto Franco, Formosa da Serra Negra, Estreito, São Pedro dos Crentes, Fortaleza dos Nogueiras, Feira Nova do Maranhão, Carolina, Nova Colinas, Riachão) e provocará, segundo dados oficiais, a aquisição e utilização de 60.000ha, com plantios de Eucaliptos, encontrando-se atualmente na fase da análise do EIA/RIMA;
CONSIDERANDO que o meio ambiente ecologicamente
equilibrado é direito fundamental do cidadão, sendo, inclusive, um dever do Estado;
CONSIDERANDO que a instalação do empreendimento
tem suscitado diversas dúvidas nas populações dos municípios afetados;
CONSIDERANDO que também são princípios
constitucionais a participação popular e a publicidade do processo de licenciamento, bem como a responsabilidade do empreendedor pelos danos causados, cuja fiscalização cabe à SEMA, auxiliado, em nome do princípio democrático, pelas populações locais, as quais, para tanto, devem ser subsidiadas com toda a informação necessária; e
CONSIDERANDO a necessidade imperiosa de
complementações dos estudos ambientais até então disponibilizados pelo empreendedor, com consequentes novas audiências públicas;
vem respeitosamente perante V. Exa. e ao empreendedor propor e, ao mesmo
tempo, recomendar, nos autos do Procedimento de Licenciamento Ambiental requerido pela pela Suzano, em trâmite na SEMA, o seguinte: 7ª Promotoria Cível de Imperatriz Centro de Apoio Operacional de Meio Ambiente, Urbanismo e Patrimônio Cultural do Ministério Público do Maranhão - CAO-UMA
1. A Lei nº 9.433/97 que institui a Política Nacional de Recursos Hídricos
determinou em seu art. 1º, que a Política Nacional de Recursos Hídricos baseia- se em alguns fundamentos, dentre eles o de que a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. De seu turno, o art. 3º da mesma lei asseverou que constituem diretrizes gerais de ação para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos: I - ….................. II - …................. III - a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental; IV - …............... V - a articulação da gestão de recursos hídricos com a do uso do solo; VI-..................... (grifo nosso) Nesse sentido, não conseguimos encontrar no EIA e nem no RIMA uma avaliação ou até a relação com os demais projetos de grandes empreendimentos implantados e a serem implantados na região tocantina, como a UHE-Estreito (em término de construção), UHE Serra Quebrada (no PAC, acima15 Km de Imperatriz), Ferrovia Norte-Sul, projeto de implantação da Hidrovia Tocantins/Araguaia, projeto da transposição de águas do Tocantins para o rio São Francisco, projeto do Gaseoduto Meio-Norte/Miranda do Norte-Imperatriz; Projeto Ferro-gusa, ou referência ao Plano Estratégico de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica dos Rios Tocantins e Araguaia, ou até mesmo aos demais projetos florestais da Suzano dentro do próprio Estado do Maranhão. Há apenas na caracterização do empreendimento, no item 3.9, do EIA, sob a denominação de “INSERÇÃO DO EMPREENDIMENTO NOS PLANOS E PROGRAMAS GOVERNAMENTAIS” citações de programas governamentais no âmbito federal e estadual. Os artigos 5º e 6º, da Resolução CONAMA 01/86, determinam que nos estudos técnicos no âmbito do planejamento ambiental para empreendimentos de significativo impacto ambiental, como é o caso, constem inclusive a avaliação de alternativas tecnológicas e locacionais, além da cumulatividade, interferências com projetos co-localizados e sinergia de impactos. A nossa população precisa saber quais os projetos e empreendimentos previstos e em funcionamento na região, fins melhor análises dos impactos ambientais, sociais, econômicos e etc... Nesse sentido, as conclusões do EIA/RIMA são passíveis de questionamento judicial, sendo que o não atendimento às disposições dos artigos 5º e 6º, da 7ª Promotoria Cível de Imperatriz Centro de Apoio Operacional de Meio Ambiente, Urbanismo e Patrimônio Cultural do Ministério Público do Maranhão - CAO-UMA
resolução CONAMA 01/86, pode determinar a inexistência ou insuficiência do
EIA/RIMA, “um EIA que não contempla todos os pontos mínimos do seu conteúdo, previstos na regulamentação, é um estudo inexistente; e um EIA que não analisa de forma adequada e consistente esses mesmos pontos é um estudo insuficiente. E tanto num caso (inexistência do EIA) quanto no outro (insuficiência do EIA) o vício que essas irregularidades acarretam ao procedimento de licenciamento é de natureza substancial. Consequentemente, inexistente ou insuficiente o estudo de impacto, não pode a obra ou a atividade ser licenciada e se, por acaso, já tiver havido o licenciamento, este será inválido.”1 (5º Enunciado aprovado no X Congresso Brasileiro do Ministério Público de Meio Ambiente) Portanto, recomenda-se que, antes de eventual concessão de LP, haja uma complementação do EIA/RIMA para atendimento criterioso dessa exigência legal.
2. A Lei nº 9985/2000, que instituiu o SNUC, em seu art. 36 determinou
que nos casos de licenciamento ambiental de empreendimentos de significativo impacto ambiental, assim considerado pelo órgão ambiental competente, com fundamento em estudo de impacto ambiental e respectivo relatório - EIA/RIMA, o empreendedor é obrigado a apoiar a implantação e manutenção de unidade de conservação do Grupo de Proteção Integral (Estação Ecológica, Reserva Biológica, Parque Nacional, Monumento Natural e Refúgio de Vida Silvestre), na forma regulamentar. O § 2º do mencionado dispositivo declarou que ao órgão ambiental licenciador compete definir as unidades de conservação a serem beneficiadas, considerando as propostas apresentadas no EIA/RIMA e ouvido o empreendedor, podendo inclusive ser contemplada a criação de novas unidades de conservação. Já o § 3o asseverou que quando o empreendimento afetar unidade de conservação específica ou sua zona de amortecimento, o licenciamento a que se refere o caput deste artigo só poderá ser concedido mediante autorização do órgão responsável por sua administração, e a unidade afetada, mesmo que não pertencente ao Grupo de Proteção Integral, deverá ser uma das beneficiárias da compensação definida neste artigo. O art.31, do Decreto nº 4.340/2002, que regulamentou a Lei SNUC, com a redação dada pelo Decreto nº 6.848/2009, determinou que para os fins de fixação da compensação ambiental de que trata o art. 36 da Lei no 9.985, de 2000, o órgão ambiental licenciador estabelecerá o grau de impacto a partir de 7ª Promotoria Cível de Imperatriz Centro de Apoio Operacional de Meio Ambiente, Urbanismo e Patrimônio Cultural do Ministério Público do Maranhão - CAO-UMA
estudo prévio de impacto ambiental e respectivo relatório-EIA/RIMA, ocasião
em que considerará, exclusivamente, os impactos ambientais negativos sobre o meio ambiente. Foram identificadas nos estudos ambientais em análise 04 (quatro) Unidades de Conservação, como sendo, o Parque Nacional Chapada das Mesas – Carolina; (UC Proteção Integral); o Parque Estadual Mirador – Mirador; (fora da abrangência da área dos estudos ambientais); RESEX Mata Grande – João Lisboa (UC Uso Sustentável); e RESEX Ciriaco – Cidelândia (UC Uso Sustentável). Recomenda-se que, antes de eventual concessão de LP, haja uma complementação do EIA/RIMA para atendimento dessa exigência legal. Propomos a destinação dos recursos da compensação ambiental para o PARNA Chapada das Mesas, com a oitiva prévia do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade – ICMBio, assim como haja o contraditório na definição do valor da compensação ambiental.
3. No EIA consta que a região do projeto possui várias Terras Indígenas em
diferentes estágios de demarcação pelo Governo Federal, homologadas e até mesmo outras em revisão/ampliação de limites. Tais áreas são de 02 grupos culturais de povos indígenas TIMBIRAS e GUAJAJARAS. Os estudos ambientais reconheceram possíveis impactação em povos indígenas, ao ponto de afirmarem que os eventuais impactos sobre populações e sobre a base ambiental necessária para sua reprodução física e cultural deverão ser mitigados e compensados na medida em que forem identificados, com identificação posterior. Nesse sentido, foram criados os programas específicos de valorização da cultura indígena e apoio à conservação ambiental das terras indígenas e de entendimento de seus direitos culturais. Fácil concluir, portanto, da necessidade de ESTUDOS ETNOECOLÓGICOS, além dos PROGRAMAS PROPOSTOS. Recomenda-se que, antes de eventual concessão de LP, haja a participação no procedimento de licenciamento ambiental da Fundação Nacional do Índio – FUNAI, para avaliar a possibilidade de degradação ou sua extensão e as medidas mitigatórias dos impactos.
4. No Programa de Preservação do Patrimônio Arqueológico consta que o
objetivo geral é a obtenção de informações científicas à respeito dos processos 7ª Promotoria Cível de Imperatriz Centro de Apoio Operacional de Meio Ambiente, Urbanismo e Patrimônio Cultural do Ministério Público do Maranhão - CAO-UMA
envolvendo os grupos pré-históricos, ocorridos na região a ser afetada pelo
empreendimento, especificamente os de localizar a variedade de sítios pré- históricos; caracterizar os grupos pré-históricos que habitaram a região; compreender os sistemas de assentamento dos grupos pré-históricos que habitaram a região; comparar o conhecimento adquirido sobre a região com o conhecimento existentes nas regiões norte, nordeste, centro-oeste. Como Justificativa, assim consta no EIA, Vol II/II. 8.41:
“Os bens arqueológicos são considerados bens da União,
conforme Art. XX da Constituição Federal do Brasil, e protegidos por lei específica (Lei 3.924/61), que obriga seu estudo antes de qualquer interferência que possa vir a danificá- los. Nas áreas em estudo não foi identificado nenhum bem arqueológico em risco, apenas um ponto com ocorrência arqueológica, onde foi localizado uma lamina de machado, que pode estar relacionada a uma área de passagem de grupos pré- colonias e indígenas. No entanto, o potencial arqueológico delineado no EIA permite inferir a existência de sítios arqueológicos nas fazendas, o que torna fundamental o levantamento arqueológico dessa área e o resgate dos sítios arqueológicos eventualmente localizados”. Recomenda-se na forma da Portaria do IPHAN nº 230/02 que, antes de eventual concessão de LP, haja a participação no procedimento de licenciamento ambiental do IPHAN e Secretaria de Estado da Cultura (Centro de Pesquisa e História Natural de Arqueologia do Maranhão).
5. Na fase de LP trabalha-se com prognósticos e com previsões e potenciais
impactos; na fase de LI fala-se de ações concretas, tanto que aquela atesta a viabilidade ambiental e nesta a possibilidade de efetiva compensação, mitigação ou neutralização daqueles potenciais impactos. O estabelecimento de condicionantes que postergam a realização de estudos de impacto ambiental, produz o efeito de sobreposição de duas fases que são sucessivas e bastante distintas no processo de licenciamento ambiental: a fase de levantamento de impactos (diagnostico e prognóstico) e a fase de desenvolvimento do Projeto Básico Ambiental, com graves prejuízos para esta. Por esta razão é ilícita a concessão de licença prévia com condicionantes que postergam estudos de diagnóstico ambiental, devendo-se buscar a declaração de sua nulidade e a responsabilização civil, por ato de improbidade administrativa e criminal dos agentes públicos que a concederam, a teor do Acórdão nº 1869/2006, Plenário, 7ª Promotoria Cível de Imperatriz Centro de Apoio Operacional de Meio Ambiente, Urbanismo e Patrimônio Cultural do Ministério Público do Maranhão - CAO-UMA
do TCU; (4º Enunciado aprovado no X Congresso Brasileiro do Ministério Público de
Meio Ambiente) Recomenda-se que, antes de eventual concessão de LP, seja exigido as complementações necessárias e, caso sejam necessárias, que haja criteriosa análise de eventuais condicionantes.
6. Tendo em vista a possibilidade de envio à SEMA de possíveis
questionamentos de cidadãos sobre os estudos ambientais discutidos nas audiências públicas, além das recomendações deste subscritor, recomenda-se que, antes da emissão da LP, haja respostas a todos os questionamentos escritos apresentados no prazo previsto e acertado com o MP, preferencialmente em Audiência Pública.
7. Não conseguimos detectar nos estudos ambientais nenhum programa
sobre as formas de aquisições das terras particulares, bem como quanto a relocações e assentamentos dos atingidos pelo empreendimento. O empreendedor não pode se contentar somente com a compra da propriedade particular, sem oferecer programas, projetos ou alternativas sociais. Recomenda-se que, antes de eventual concessão de LP, haja a complementação dos estudos para inclusão de programas específicos de AQUISIÇÕES DE TERRAS e ALTERNATIVAS DE RELOCAÇÕES E ASSENTAMENTOS AOS ATINGIDOS.
8. No Programa de Apoio ao Uso Sustentado e Aproveitamento Econômico
dos Recursos Nativos (Extrativismo Vegetal), que seja identificado número e perfil das famílias que dependem dessa atividade; a classificação pela origem da matéria-prima, extrativismo ou fruticultura, contemplando: quantificação e perfil sócio-econômico dos produtores; vinculo com produtores/fornecedores da Fruta Sã, por exemplo; números de dependentes e empregos indiretos; locais onde são praticados e volumes extraídos; mercados consumidores na região e mercados concorrentes; e viabilidade de incremento das atividades.
9. Considerando o reconhecimento de impactos negativos no meio físico na
área dos 21 municípios atingidos, inclusive sendo identificado potencial dano ao ecoturismo e outros atrativos naturais turísticos, atrativos inclusive reconhecidos no Plano Maior de Turismo pelo Estado do Maranhão e Governo 7ª Promotoria Cível de Imperatriz Centro de Apoio Operacional de Meio Ambiente, Urbanismo e Patrimônio Cultural do Ministério Público do Maranhão - CAO-UMA
Federal como o Polo Turístico Chapada das Mesas, além de desestruturação de
famílias dependentes do turismo, precisamente nos municípios de Porto Franco, Estreito, Carolina e Riachão, que seja incluído um programa específico contendo, dentre outros, um plano de marketing de turismo para os municípios com potenciais turísticos; planos de desenvolvimento turísticos para os municípios; criação de banco de oportunidades de investimento em negócios voltados para o turismo; implementação e execução de campanha de conscientização para o turismo receptivo; cursos regulares de capacitação profissional para o turismo; e postos fixos de orientação ao turista.
10. Para dar suporte técnico à população atingida dos 21 municípios, em
todas as etapas – fase projetiva, de implantação e de consolidação, a exemplo: período da avaliação, negociação, aquisição, reassentamento e imissão na posse dos imóveis rurais, que haja o estabelecimento de Convênios ou Termo de Cooperação com as Secretarias de Estado do Maranhão de Agricultura, de Desenvolvimento Social, de Reforma Agrária, de Infra-Estrutura, de Turismo, de Meio Ambiente, com a Casa da Agricultura, Casa Civil do Governo do Estado do Maranhão, com a Assembleia Legislativa do Maranhão, ITERMA, FAMEM, FAEMA, e Superintendências Regional do INCRA e do IBAMA no Maranhão, inclusive com instalação de escritórios ou ponto de apoio em uma da cidades atingidas, preferencialmente em Imperatriz;
11. Que seja providenciado pelo empreendedor nos estudos de impactos
ambientais, antes de eventual recebimento de LP, a previsão de meios materiais, técnicos e humanos, para a formação e constituição de uma Comissão de Atingidos, Fórum Permanente ou Comitês locais de Co-gestão, com ampla participação popular, inclusive de representações do Poder Público e da sociedade civil organizada, para participar ativamente junto com o empreendedor dos Programas de Controle, Compensação Ambiental e Monitoramento, além de outros trabalhos pertinentes;
12. Considerando a real possibilidade de aquisições de terras de pequenos e
médios proprietários, na grande maioria desprovidos de conhecimentos legais, inclusive muitos sem titulação de suas terras, que haja a previsão nos estudos ambientais da instalação e funcionamento de uma Banca de Regularização Fundiária, para identificação, regularização fundiária, avaliação, deliberação, 7ª Promotoria Cível de Imperatriz Centro de Apoio Operacional de Meio Ambiente, Urbanismo e Patrimônio Cultural do Ministério Público do Maranhão - CAO-UMA
instrução, negociação etc, com Advogados do empreendedor, dos municípios,
representantes das Câmaras Municipais, Sindicatos, Associações, representantes da sociedade civil organizada e de representação do Estado do Maranhão;
13. Os estudos ambientais apresentados dão conta de que a Suzano Papel e
Celulose adquiriu por compra, em 13 de julho de 2009, os ativos florestais da empresa Ferro Gusa Carajás-CVRD. Dentre as obrigações legais, sociais e ambientais da Ferro Gusa Carajás condicionadas à Licença de Operação concedida existem vários programas e projetos implantados, como por exemplo o Programa de Agricultura Social-PAS, do Programa de Melhoria da Qualidade de Vida-PMQV, com as participações de várias associações de maradores. Nos autos do Inquérito Civil nº 004/2006, em tramitação na Promotoria Especializada na Defesa do Meio Ambiente de Imperatriz, que apura a paralisação dos projetos de responsabilidade socioambiental da empresa FERRO GURA CARAJÁS, para as devidas responsabilidades cíveis e até criminais, de fato constam provas de que houve o contrato de compra e venda de várias propriedades, mas com omissões sobre a responsabilidade de continuidade dos projetos socioambientais, além da falta de anuência do órgão ambiental licenciador (SEMA) sobre o negócio civil. O Gerente de Reflorestamento da VALE informou que em razão da venda dos ativos florestais deixaria de desenvolver os projetos iniciados, mas que os mesmos deveriam receber continuidade da Suzano. O mais grave é que a própria SEMA, em resposta a questionamento do Ministério Público, declarou no ofício nº 705/09/GS/SEMA que o negócio não desobriga a empresa de atender e/ou continuar atendendo os procedimentos e critérios utilizados no Licenciamento Ambiental anterior. Solicita-se do empreendedor e da SEMA que, antes de eventual liberação da LP, esclareçam sobre a responsabilidade de continuidade dos projetos anteriores de responsabilidade da então Ferro Gusa. Ainda e independentemente da responsabilidade sugerimos que todos os programas e projetos sociais da Ferro Gusa sejam incorporados ao atual Procedimento de Licenciamento Ambiental da Suzano, diante da impossibilidade de separação.
14. Tendo em vista que o IBAMA é o órgão executivo federal responsável
pela execução da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) e desenvolve diversas atividades para a preservação e conservação do patrimônio natural, 7ª Promotoria Cível de Imperatriz Centro de Apoio Operacional de Meio Ambiente, Urbanismo e Patrimônio Cultural do Ministério Público do Maranhão - CAO-UMA
exercendo o controle e a fiscalização sobre o uso dos recursos naturais (água,
flora, fauna, solo, etc.), ou seja, exerce a gestão ambiental no âmbito nacional ou regional, inclusive na área objeto dos estudos de licenciamento ambiental pela SEMA, visando assegurar à sociedade a qualidade do meio ambiente, a preservação e o uso sustentável dos recursos ambientais, atuando em cooperação com os demais entes do SISNAMA, recomenda-se que, antes de eventual concessão de LP, o IBAMA seja oficiado para se manifestar nos autos do Procedimento de Licenciamento Ambiental.
15. Dada à complexidade do caso, magnitude do projeto florestal em 21
municípios do Estado do Maranhão e das inúmeras dúvidas surgidas durante as duas audiências públicas realizadas, recomenda-se que, antes de eventual concessão de LP e após as complementações sugeridas neste expediente, sejam designadas novas audiências públicas, desta feita em Imperatriz, Porto Franco, Grajaú e Carolina, fins possibilitar maior participação popular, com prévia disponibilidade a todos do EIA e do RIMA.
Colocando-nos à disposição, aguardamos respostas e
informamos que será dada ampla publicidade de todos os termos do presente expediente.