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Cálculo de Reatores A

Profª Mônica Bagnara


Capítulo 5
Conteúdo
Cap. 6 do Fogler
5. Reações Múltiplas

5.1 Seletividade
5.2 Rendimento
5.3 Maximização do produto desejado em reações paralelas
5.3.1 Um reagente
5.3.2 Dois reagentes
5.3.3 Seleção do reator e condições de operação
5.4 Maximização do produto desejado em reações em série
5.5 Tabela estequiométrica para reações múltiplas
5.6 Representação gráfica
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5. Reações múltiplas
Reações químicas raramente ocorrem sozinhas e formam apenas
o produto desejado. Denominamos sistemas com reações múltiplas
aqueles onde são necessárias mais de uma equação cinética para
expressar a taxa.

a) Reações paralelas

b) Reações em série

c) Reações múltiplas

d) Reações independentes
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5.1 Seletividade
No caso de reações múltiplas, o que se objetiva é a maximização
de formação do produto desejado. Devido à restrições físico-químicas, o
produto indesejado sempre é produzido e a reação é sucedida por um
processo de separação.

Aspectos relevantes:
- Escolha do reator
- Lucro

O parâmetro que mede a tendência da reação em formar o produto


desejado é a seletividade, S:

𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎𝑐𝑎𝑜 𝑑𝑜 𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑜 𝑑𝑒𝑠𝑒𝑗𝑎𝑑𝑜


𝑆=
𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎𝑐𝑎𝑜 𝑑𝑜 𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑜 𝑖𝑛𝑑𝑒𝑠𝑒𝑗𝑎𝑑𝑜

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5.1 Seletividade
Seletividade instantânea:

𝑟3
𝑆=
𝑟4

Outra maneira de expressar a seletividade é em termos da seletividade


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global, 𝑆:

7898 :;<8= >? @8í>8 >; B=;>C7; >?@?D8>; GH


𝑆5 = =
7898 :;<8= >? @8í>8 >; B=;>C7; EF>?@?D8>; GI

J
Para sistemas batelada: 𝑆5 = H
JI

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5.2 Rendimento
O rendimento (Y), em determinado momento, pode ser definido como a
razão da taxa do produto pela taxa do reagente limitante:

𝑟3
𝑌=
−𝑟M

O rendimento global é expresso por:

𝐹3 𝑚𝑜𝑙𝑠 𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎𝑑𝑜𝑠 𝑑𝑜 𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑜 𝑑𝑒𝑠𝑒𝑗𝑎𝑑𝑜


𝑌N =
𝐹MP − 𝐹M 𝑚𝑜𝑙𝑠 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑖𝑑𝑜𝑠 𝑑𝑜 𝑟𝑒𝑎𝑔𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑙𝑖𝑚𝑖𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒

Para batelada:
𝑁3
𝑌N =
𝑁MP − 𝑁M

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5.3 Maximização do produto desejado
em reações paralelas
5.3.1 Para um reagente

Considere a reação abaixo onde U representa o produto indesejado e D o


produto desejado.

UH Y
𝐴 𝐷 𝑟3 = 𝑘3 𝐶M Z

UI Y
𝐴 𝑈 𝑟4 = 𝑘4 𝐶M \

A taxa para o reagente A é:


−𝑟M = 𝑟3 + 𝑟4
Y Y
−𝑟M = 𝑘3 𝐶M Z + 𝑘4 𝐶M \

𝑟3 𝑘3 YZ^Y\
𝑆= = 𝐶
𝑟4 𝑘4 M
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5.3 Maximização do produto desejado
em reações paralelas
5.3.1 Para um reagente

a) Caso 1: 𝛼` > 𝛼b

Considerando a = 𝛼` - 𝛼b , a será positivo

𝑘3 8
𝑆= 𝐶 Maior CA possível!!
𝑘4 M

- Fase gasosa: altas pressões e ausência de inertes;


- Fase líquida: diminuir inertes (solvente);
- Reator indicado: batelada ou PFR pois a concentração de A começa
alta e decai progressivamente. No CSTR a concentração encontra-se
sempre no menor valor (condição de saída).

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5.3 Maximização do produto desejado
em reações paralelas
5.3.1 Para um reagente

b) Caso 2: 𝛼` < 𝛼b

Considerando b = 𝛼b - 𝛼` , b será positivo

Y
𝑘3 𝐶M Z 𝑘3 𝑘3 Menor CA possível!!
𝑆= Y = Y ^YZ =
𝑘4 𝐶M \ 𝑘4 𝐶M \ 𝑘4 𝐶Md

- Diluir a alimentação (inertes);


- Reator indicado: CSTR com reciclo;

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5.3 Maximização do produto desejado
em reações paralelas
5.3.1 Para um reagente

Efeito da temperatura à taxa específica, k

𝑘3 𝐴 3 𝐸3 − 𝐸4 A fator de frequência
𝑆= = 𝑒𝑥𝑝 −
𝑘4 𝐴 4 𝑅𝑇 E energia de ativação

c) Caso 3: 𝐸3 > 𝐸4

Neste caso, a velocidade específica de D, e consequentemente a taxa,


aumenta mais rapidamente com o aumento da temperatura.
- Operar o reator na maior temperatura possível

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5.3 Maximização do produto desejado
em reações paralelas
5.3.1 Para um reagente

d) Caso 4: 𝐸3 < 𝐸4

A reação deve ser conduzida na menor temperatura que não inviabilize a


reação desejada.

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Exemplo 6.2 Fogler
O reagente A de decompõe, em fase gasosa, formando o produto
desejado B, e os produtos indesejáveis X e Y, conforme as equações
abaixo:

UZ 𝑚𝑜𝑙
𝐴→𝑋 − 𝑟`M = 𝑟j = 𝑘` = 0,0001
𝑑𝑚n 𝑠

U\
𝐴→𝐵 − 𝑟bM = 𝑟p = 𝑘b 𝐶M = (0,0015𝑠 ^` )𝐶M

n
Ut 𝑑𝑚
𝐴→𝑌 − 𝑟nM = 𝑟u = 𝑘n 𝐶Mb = 0,008 𝐶Mb
𝑚𝑜𝑙. 𝑠

As velocidades específicas são fornecidas para a temperatura de 300 K, e


as energias de ativação para as reações são 𝐸` =10000 kcal/mol, 𝐸b = 15000
kcal/mol e 𝐸n = 20000 kcal/mol. Como e em quais condições a reação
deve ser conduzida para maximizar a seletividade de B para CA0 = 0,4 M
e v0 = 2,0 dm3/s?
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5.3 Maximização do produto desejado
em reações paralelas
5.3.2 Para dois reagentes

UZ Y x
𝐴 + 𝐵→𝐷 𝑟3 = 𝑘` 𝐶M Z 𝐶p Z

U\ Y x
𝐴 + 𝐵→𝑈 𝑟4 = 𝑘b 𝐶M \ 𝐶p \

Y ^Y x ^x\
𝑟3 𝑘` 𝐶M Z \ 𝐶p Z
𝑆= =
𝑟4 𝑘b

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5.3 Maximização do produto desejado
em reações paralelas
5.3.2 Para dois reagentes

a) Caso 1: 𝛼` > 𝛼b e 𝛽` > 𝛽b

Sendo a = 𝛼` − 𝛼b > 0 e b = 𝛽` − 𝛽b > 0

Logo:
𝑟3 𝑘` 𝐶M8 𝐶pd
𝑆= =
𝑟4 𝑘b

- Manter CA e CB altos, ou pressão elevada para fase gasosa;


- Reator batelada ou PFR.

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5.3 Maximização do produto desejado
em reações paralelas
5.3.2 Para dois reagentes

b) Caso 2: 𝛼` > 𝛼b e 𝛽` < 𝛽b

Sendo a = 𝛼` − 𝛼b > 0 e b = 𝛽` − 𝛽b < 0

Logo:
𝑘` 𝐶M8
𝑆=
𝑘b

- Aumentar CA e diminuir CB
- Reatores:

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PFR com alimentação lateral

CSTR com alimentação continuada

Semi-batelada

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5.3 Maximização do produto desejado
em reações paralelas
5.3.2 Para dois reagentes

c) Caso 3: 𝛼` < 𝛼b e 𝛽` < 𝛽b

Sendo a = 𝛼` − 𝛼b < 0 e b = 𝛽` − 𝛽b < 0

Logo:
𝑘`
𝑆=
𝑘b 𝐶M8 𝐶pd

- As concentrações de A e B devem ser mantidas baixas;


- Usar CSTR com reciclo.

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5.3 Maximização do produto desejado
em reações paralelas
5.3.2 Para dois reagentes

d) Caso 4: 𝛼` < 𝛼b e 𝛽` > 𝛽b

Sendo a = 𝛼` − 𝛼b < 0 e b = 𝛽` − 𝛽b > 0

Logo:
𝑘` 𝐶pd
𝑆=
𝑘b 𝐶M8

- A concentração de B deve ser mantida alta, enquanto a de A deve ser


baixa;
- Os sistemas são os mesmos do caso 2, mas com as alimentações
invertidas.
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5.3 Maximização do produto
desejado em reações paralelas

5.3.3 Seleção do reator e condições


de operação

- Seletividade;
- Rendimento;
- Controle de temperatura;
- Segurança;
- Custos.

• Resfriamento ou aquecimento da
corrente de reciclo;
• Remoção do produto para
deslocar o equilíbrio: reatores de
membrana.

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5.4 Maximização do produto desejado
em reações em série
Considere a reação:

UZ U\
𝐴→𝐵→𝐶

• 𝑘b > 𝑘` difícil maximizar B;


• 𝑘` > 𝑘b evitar consumo de B após sua formação.

A taxa de reação para B (produto desejado) é:

x
𝑟p = 𝑘` 𝐶MY − 𝑘b 𝐶p

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5.4 Maximização do produto desejado
em reações em série
• Caso 1:
Se a primeira reação é lenta e a segunda é rápida, então a espécie B é
consumida muito mais rapidamente do que é formada, ou seja, é
impossível maximizar B.

• Caso 2:
Se a primeira reação é rápida e a segunda é lenta, então B pode ser
acumulado no reator, havendo um ponto de máxima concentração, sendo
este indicado pelo tempo transcorrido:

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Exemplo 6.4 Fogler

A oxidação de etanol para formar acetaldeído é conduzida em um reator


catalítico. Infelizmente, também há formação de gás carbônico. A reação é
conduzida com excesso triplo de oxigênio e concentrações diluídas de
etanol. Determine a concentração de acetaldeído como função do tempo
espacial, considerando que não há variação no volume.

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5.5 Tabela estequiométrica para reações
múltiplas
Para a descrição da cinética de reações múltiplas também é necessária a
montagem da tabela estequiométrica. Considere o conjunto de equações:

UZ
𝑎𝐴 + 𝑏𝐵 → 𝑐𝐶 + 𝑑𝐷

U\
𝑔𝐴 + 𝑓𝐶 → eE

Dividindo a equação pelo coeficiente do reagente limitante (ou pelo


coeficiente para o qual a conversão foi determinada, tem-se:

𝑏 UZ 𝑐 𝑑
𝐴+ 𝐵→ 𝐶 + 𝐷
𝑎 𝑎 𝑎

𝑓 U\ 𝑒
𝐴+ 𝐶→ E
𝑔 𝑔
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5.5 Tabela estequiométrica para reações
múltiplas
𝑁M (𝑐𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 𝑒𝑚 1)
𝑋` =
𝑁MP

𝑁M (𝑐𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 𝑒𝑚 2)
𝑋b =
𝑁MP

Conversão global:

𝑁M (𝑐𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑖𝑑𝑜 𝑛𝑎𝑠 𝑑𝑢𝑎𝑠 𝑟𝑒𝑎çõ𝑒𝑠)


𝑋7;78< =
𝑁MP

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5.5 Tabela estequiométrica para reações
múltiplas
Desta forma, o número de mols remanescentes para cada espécie é:

𝑁M = 𝑁MP − 𝑁MP 𝑋` − 𝑁MP 𝑋b = 𝑁MP 1 − 𝑋` − 𝑋b

𝑏 𝑏
𝑁p = 𝑁pP − 𝑁MP 𝑋` = 𝑁MP 𝜃p − 𝑋`
𝑎 𝑎

𝑐 𝑓 𝑐 𝑓
𝑁• = 𝑁•P + 𝑁MP 𝑋` − 𝑁MP 𝑋b = 𝑁MP 𝜃‚ + 𝑋` − 𝑋b
𝑎 𝑔 𝑎 𝑔

𝑑 𝑑
𝑁3 = 𝑁3P + 𝑁MP 𝑋` = 𝑁MP 𝜃3 + 𝑋`
𝑎 𝑎

𝑒 𝑒
𝑁ƒ = 𝑁ƒP + 𝑁MP 𝑋b = 𝑁MP 𝜃ƒ + 𝑋b
𝑔 𝑔

𝑁„ = 𝑁„P
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5.5 Tabela estequiométrica para reações
múltiplas
O número total de mols é:

𝑁… = 𝑁…P − 𝛿` 𝑁MP 𝑋` + −𝑁MP 𝑋b

𝑁…P = 𝑁MP + 𝑁pP + 𝑁•P + 𝑁3P + 𝑁ƒP

𝑁…
= 1 + 𝜀` 𝑋` + 𝜀b 𝑋b
𝑁…P

As relações entre as velocidades de reação para as espécies são:

−𝑟M −𝑟p 𝑟• 𝑟3
= = =
𝑎 𝑏 𝑐 𝑑

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Exemplo 6.5 Fogler

Considere as seguintes reações:


4𝑁𝐻n + 6NO → 5𝑁b + 6𝐻b 𝑂 `,•
−𝑟JŽ = 𝑘JŽ 𝐶J•t 𝐶JŽ
2𝑁𝑂 → 𝑁b + 𝑂b b
𝑟J\ = 𝑘J\ 𝐶JŽ
𝑁b + 2𝑂b → 2𝑁𝑂b −𝑟Ž\ = 𝑘Ž\ 𝐶J\ 𝐶Žb\

Escreva a lei da taxa para cada espécie em cada reação, e então escreva a
taxa global de formação de NO, O2 e N2.

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5.6 Representação gráfica

∆𝑁p − 2,2 − 3,0


− = = 0,8
𝑁MP 1

Figura 8.13 edição


brasileira Levenspiel

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