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ACÇÃO DA

RADIAÇÃO

M Filomena Botelho

Transformações radioactivas
Decaimento radioactivo

Becquerel películas fotográficas ficavam impressionadas quando expostas


Saint Victor a sais de urânio, mesmo protegidas por papel preto

impressão devia-se a radiação penetrante


Marie Curie com origem no urânio, polónio e rádio

Rutherford urânio emite 2 tipos de radiação: alfa (α) e beta (β)

Marie Curie descobre terceiro tipo de radiação: gama (γ)

1
Transformações radioactivas

São vários os tipos de decaimento radioactico, podendo a


transformação de um radionuclídeo, até ser atingido o estado
estável, envolver mais do que uma transformação ou processo de
decaimento

ESQUEMAS DE
DECAIMENTO

M Filomena Botelho

2
Esquemas de decaimento

Os processos de decaimento radioactivo, podem ser descritos


usando esquemas de decaimento, os quais representam de uma
maneira detalhada como um:
- radionuclídeo-pai se transforma num outro radionuclídeo-filho

Forma comum de apresentação

Radionuclídeo-pai

Radionuclídeo-filho
Z Diminui Permanece Aumenta

Quando Z diminui £ Emissão de uma partícula positiva

Quando Z permanece £ Emissão de radiação γ

Quando Z aumenta £ Emissão de uma partícula negativa

3
Também pode ser descrito usando as equações nucleares, que
têm como forma geral

A
Z X → A'
Z' Y+ ω +Q

Energia total libertada na


Radionuclídeo-pai transformação nuclear
número de massa A
número atómico Z
Tipo de radiação emitida
pode ser mais do que uma

Radionuclídeo-filho
número de massa A’
número atómico Z’

PROCESSOS DE
DECAIMENTO
(Transformações Radioactivas)

M Filomena Botelho

4
Tipos de processos radioactivos

A. Emissão α
B. Transformações isobáricas
1. Emissão β-
2. Emissão de positrões β+
3. Captura electrónica

C. Transformações isoméricas
1. Estados excitados
2. Estados metaestátveis
3. Conversão interna

Nenhum átomo pode emitir os três tipos de radiação.


Poderá ocorrer:
- emissão α
- emissão β
- emissão α + γ
- emissão β + γ

A emissão γ é sempre posterior a uma emissão cropuscular

O decaimento radioactivo foi inicialmente (1900) referido como


uma característica que alguns elementos tinham, de:
- perder as suas proprieades radioactivas
de uma maneira constante, mas que variava de elemento para
elemento

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Tipos de processos radioactivos

A. Emissão α
B. Transformações isobáricas
1. Emissão β--
2. Emissão de positrões β++
3. Captura electrónica

C. Transformações isoméricas
1. Estados excitados
2. Estados metaestátveis
3. Conversão interna

Núcleo de 4He
Emissão α +
+ ejectado do núcleo
+
+ +
+
+
+
+
A equação geral que representa
este decaimento é:

A A -4 Alguns núcleos pesados podem libertar


Z X→ Z-2 Y + 42 He + Q simultaneamente 2 protões e 2 neutrões,
isto é, 1 núcleo de hélio

partícula α = núcleo de hélio

238 4 234
92 U → 2He + Th
90
234
238 Th
92 U 4
90

2 He

A energia da partícula α relaciona-se


Partícula α com o átomo que a origina

6
Radiação α
Radiação cropuscular

£ Partículas – α
£ Carga positiva
£ Pouca deflexão quando sob acção de campos magnéticos
£ Depois de submetidas a descargas eléctricas, comportam-se
como hélio
£ Verificou-se serem:
£ núcleos de hélio (átomos de hélio sem electrões orbitais)
4
2 He
£ Fraco poder de penetração
• São em geral detidas por uma simples folha de papel
£ São emitidas com velocidade de cerca de
• 1/15 a 1/30 a velocidade da luz

Características das partículas α

• Massa muito pesada


• Geralmente muito energéticas
• No ar – atravessam alguns cm
• No tecido – atravessam fracção do mm
• Ocorre principalmente em nuclídeos com Z>82

Do decaimento α pode resultar um nuclídeo-filho:


- estado excitado
- estável

7
Do decaimento α pode resultar um nuclídeo-filho:
- estado excitado
- estável
A A -4
Z X→ Z-2 Y + 42 He + Q
estado excitado

O nuclídeo-filho tem que emitir radiação γ,


para atingir um estado mais estável

Q (energia resultante da desintegração α)


corresponde à perda de massa e é igual a:
- energia cinética da partícula α Estável
- energia de recuo do núcleo emissor
- energia dos raios γ Q = energia cinética da partícula α
energia de recuo do núcleo

226
88 Ra
Exemplo: α1
α2
226 222
88 Ra → 86 Rn + 42 He γ
222
86 Rn

As partículas α emitidas por um dado radionuclídeo


- ou têm todas a mesma energia
- ou distribuem-se por um pequeno número de valores de energia
podendo ou não ser acompanhas de emissão γ

Se a energia total correspondente à desintegração for libertada


sob a forma de energia cinética de 1 partícula α:
£ não haverá libertação de radiação γ

Se só é emitida parte da energia sob a forma de energia


cinética da partícula α:
£ o nuclídeo resultante fica num estado energético superior ao
seu estado fundamental, sendo a energia de excitação
libertada sob a forma de radiação γ

8
Por vezes há possibilidade de ocorrerem vários estados de excitação
£ emissão de partículas α com várias energias, acompanhadas
de emissão γ, de tal modo que em todos os processos a
energia total é a mesma

212
5,728 MeV 83 Bi
α α α α α
5,709 MeV
5,729 MeV
5,873 MeV
0,492
MeV 6,161 MeV
0,472 6,201 MeV
MeV
0,328
MeV
γ γ γ γ 0,04
MeV 208
81 Tl

Tipos de processos radioactivos

A. Emissão α
B. Transformações isobáricas
1. Emissão β-
2. Emissão de positrões β+
3. Captura electrónica
C. Transformações isoméricas
1. Estados excitados
2. Estados metaestátveis
3. Conversão interna

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Transformações isobáricas

Processo de decaimento no qual os nuclídeos pai e filho são isóbaros


Membros de uma família nuclear com:
- mesmo número de massa A
- diferente número de protões (Z) e de neutrões (N)

Este tipo de transformações podem ocorrer de três maneiras:


1. emissão de β-
2. emissão de positrões – β+
3. captura electrónica

+
+
Emissão β− +
++ +
+
+
+

A reacção nuclear com emissão β-


tem a seguinte forma: -
antineutrino

A A 0
Z X→ Y+
Z +1 -1 e+ν+Q
partícula β− = electrão de origem nuclear

14 14
6 C→ 7 N + e- + ν¯ A partícula β− e o antineutrino
partilham energia

-
14
6 C 14
7 N e- espectro
espectro contínuo
contínuo de
de energia
energia

10
Radiação β
Radiação cropuscular

£ Partículas – β
£ Carga negativa
£ Grande deflexão quando sob acção de campos magnéticos
£ Quando actuadas por campos eléctricos, comportam-se como
£ electrões de grande velocidade (electrões energéticos
libertados por átomos radioactivos)
£ Electrões altamente energéticosemitidos pelo núcleo – com
velocidade próxima da velocidade da luz
£ Penetram alguns milímetros no alumínio

Características das partículas β−

• Electrões negativos
• Massa = 0,000548 u.m.a.
• Velocidade próxima da velocidade da luz
• No ar – penetram alguns cm
• No tecido – atravessam alguns mm

As emissões β− ocorrem nos:


- nuclídeos instáveis com relação N/Z grande
(excesso de neutrões)

11
Estes radionuclídeos atingem a estabilidade pela conversão
de 1 neutrão num protão com emissão de 1 partícula β− :
1
0 n → 11 p + 0
-1 e+ν+Q

Q – igual à soma da energia correspondente


ao espectro contínuo – o valor máximo é
igual à energia de ligação

A partícula β− e o antineutrino
partilham energia

espectro
espectro contínuo
contínuo de
de energia
energia
Desde 0 até um valor máximo (Emax)
A energia β− média é aproximadamente
igual a:
- 1/3 da energia máxima

Para explicar o espectro contínuo de energia, Pauli e Fermi,


postularam e existência de uma nova partícula, o:
- anti-neutrino ( ν )
cuja existência foi provada experimentalmente


part. Β−

Anti-neutrino - ν
• “partícula”
• Sem massa
• Sem carga E Emax E
• Anti-partícula da partícula β-
• Transporta o excesso de energia de cada processo de decaimento β-
• Possui quantidade de movimento e energia, quando emitido

Emax = Eβ − + Eν

12

part. β

Anti-neutrino - ν
• “partícula”
• Sem massa
• Sem carga
• Anti-partícula da partícula β- E Emax E
• Transporta o excesso de energia de cada processo de decaimento β-
• Possui quantidade de movimento e energia, quando emitido

Emax = Eβ − + Eν

A soma das energias da


- partícula β-
- anti-neutrino ν
dão um valor constante, qualquer que seja a energia da partícula β−
(quando a partícula β− for igual a zero, o anti-neutrino terá a energia máxima E
igual a Emax)

Exemplo

A transformação do fósforo (32P) em enxofre (32S)

32 32 0
15 P= 16 S+ -1 e + 00 ν 32
1,71 MeV 15 P
β−

22
0 16 S

Entre o nuclídeo do P e do S existe uma diferença de energia de:


£ 1,71 MeV

Esta energia corresponde à:


- energia cinética máxima (Emax)
da partícula β−

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Tipos de processos radioactivos

A. Emissão α
B. Transformações isobáricas
1. Emissão β--
2. Emissão de positrões β+
3. Captura electrónica

C. Transformações isoméricas
1. Estados excitados
2. Estados metaestátveis
3. Conversão interna

Decaimento por
+
+
+
++ +
emissão de positões β+ +
+
+

+
neutrino
Ocorre em nuclídeos instáveis que tenham uma:
- relação N/Z muito baixa
por uma de duas maneiras:
- excesso de protões (Z)
- deficiência de neutrões (N)

A reacção nuclear com emissão β+ tem a


seguinte forma:

A A 0
Z X→ Y+
Z −1 +1 e+ν+Q
positrão

14
Características das partículas β+

• Electrões positivos
• Outras características são semelhantes às β-
– Massa = 0,000548 u.m.a.
– Velocidade próxima da velocidade da luz
– No ar – penetram alguns cm
– No tecido – atravessam alguns mm

As emissões β+ ocorrem nos:


- nuclídeos instáveis com relação N/Z pequena
(excesso de protrões)
- atingem a estabilidade, pela conversão de um protão num
neutrão com emissão de uma partícula β+
1
1 p → 01 n + 0
+1 e+ν+Q

1
1 p → 01 n + 0
+1 e+ν+Q

15
1
1 p → 01 n + 0
+1 e+ν+Q

Esta reacção parece impossível, pois a:


- massa do positrão, e a
do neutrão
é maior do que a massa do protão

A sua ocorrência sugere que os outros nucleões


devem fornecer a energia necessária

+
+
+
++ +
+
+
+

+
neutrino
Também neste tipo de decaimento

A partícula β+ e o neutrino 15 15
partilham energia 8 O→ 7 N + e+ + ν

espectro
espectro contínuo
contínuo de
de energia
energia -
15
8 O 15
7 N e+

O excesso de energia entre a energia esperada


(Emax) e a observada em cada processo de
decaimento isolado, é transportado pelo neutrino

antipartícula do positrão

16

part. β+

Nas partículas β+, devido ao facto da:


- interacção coulombiana por parte do
núcleo ser repulsiva, ao dar-se a
emissão, o valor do pico de energia é
mais próximo da Emax
E Emax E

Após serem emitidos, os a massa das duas partículas se converte


positrões perdem progressivamente em energia, libertando-se:
a sua energia cinética, entrando em – 2 fótões de igual energia – 511 keV
colisão com um electrão do meio, e – em sentidos opostos
sofrendo uma: – formando entre si um ângulo de 180º
reacção de aniquilação

Positrão Electrão

15 15 0
8 O → 7 N + +1 β + 00 ν

Nesta reacção, entre o nuclídeo-pai e o nuclídeo-filho existe uma


diferença de energia de pelo menos:
- 1,022 MeV

A energia em excesso entre os 2 estados de energia é dividia


entre o:
- positrão
- neutrino

17
Também neste processo de decaimento, o nuclídeo-filho pode
ficar num estado excitado, emitindo radiação γ para atingir o
estado de repouso

exemplo

15 15 0
8 O → 7 N + +1 e + 00 ν
15
2,722 MeV 8 O
1,7200

β+
γ
15
0
7 N

Este tipo de
Emissores β puros desintegração é
relativamente raro

Nos emissores β puros, toda energia resultante da perda de massa


durante a desintegração é transferida para
- partícula β
- neutrino ν / antineutrino ν
sob a forma de energia cinética, atingindo o nuclídeo-filho o estado
fundamental após a emissão da partícula β
(Não há emissão de radiação γ)

14 11
6 C 6 C
β− β+
0,155 MeV 0,96 MeV

14 11
7 N 5 B

Carbono-14 £ Azoto-14 Carbono-11 £ Boro-11

18
... Mas geralmente:

• Partícula β
• Neutrino ν
transportam uma energia total Emax:
£ inferior à energia disponível
ficando o núcleo resultante com energia de excitação, a qual é
libertada sob a forma de um
- fótão γ
- vários fótões em cascata

Do mesmo modo que na desintegração α, a:


£ radiação γ emitida consequente à desintegração β
tem energias características para cada tipo de desintegração nuclear

£ o processo de emissão β
pode, em algumas transformações radioactivas, dar-se segundo
vários esquemas

Para cada esquema pode ocorrer com maior ou


menor probabilidade, diferindo nas:
£ Emax
£ energias γ ... Contudo, cada esquema tem:
- energia total igual
(energia cinética da partícula β + energia
do fótão γ)

131
0,250 MeV 53 I
β β 0,335 MeV
β β

0,6,08 MeV
0,6722
0,809 MeV MeV
0,657
MeV
0,248 γ γ
MeV γ γ
0,163
0,364
MeV
γ MeV
γ
131
54 Xe

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Tipos de processos radioactivos

A. Emissão α
B. Transformações isobáricas
1. Emissão β--
2. Emissão de positrões β++
3. Captura electrónica
C. Transformações isoméricas
1. Estados excitados
2. Estados metaestátveis
3. Conversão interna

Decaimento por
captura electrónica

Ocorre em nuclídeos instáveis que tenham uma:


- relação N/Z muito baixa

Raio-X

Transformação de um Raio-X
protão num neutrão

20
Raio-X

Raio-X

Características da captura electrónica


• Processo de decaimento nuclear
• O núcleo captura um dos electrões orbitais
• O electrão capturado pertence a maior parte das vezes à
camada K (90%) £ Captura K
– (≈10% camada L, ≈1% camada M)

Raio-X

Características da captura Raio-X


electrónica
• Processo de decaimento nuclear
• O núcleo captura um dos electrões orbitais
• O electrão capturado pertence a maior parte das vezes à camada K
(90%) £ Captura K
– (≈10% camada L, ≈1% camada M)

A equação nuclear geral da captura electrónica é:

A 0 A
Z X+ −1 e→ Z-1Y+ν+Q

21
Raio-X

Raio-X

A equação nuclear geral da captura electrónica é:

A 0 A
Z X+ −1 e→ Y+ν+Q
Z-1
A captura electrónica e a emissão de
positrões são processos de decaimento
que competem, em certos radionuclídos

O nuclídeo resultante produzido por captura de


electrão é igual ao que resulta do decaimento
por emissão de positrões

Raio-X

Raio-X

A captura electrónica pode ser


pensada como o inverso do decaimento β

ocorre a união de um electrão com um 1


protão para formar um neutrão, com 0 n → 11 p + 0
−1 β
exceso de energia que é transportada
por um neutrino +
+
+
++ +
1 0
1 p+ −1 e → 01 n + ν + Q +
+
+

-
antineutrino

22
O processo de captação electrónica pode fazer com que o núcleo
fique num estado excitado, sendo o excesso de energia libertado
sob a forma de:
- fótão γ

Quando o núcleo captura um electrão orbital da camada K (L ou M)


o átomo fica num estado excitado porque se origina
• um espaço vago numa das camadas electrónicas mais
próximas do núcleo (K, L ou M)

Este espaço vazio vai ser preenchido por um:


• electrão proveniente de uma camada electrónica mais externa,
do que resulta:
£ emissão de raios-X característicos ou
£ emissão de electrões auger

Característicos do
núcleo resultante

O electrão orbital mais periférico que vai preencher o estado vazio


criado pela captura electrónica por parte do núcleo, vai por sua vez
deixar novo espaço vazio, o qual poderá ser preechido de modo
análogo ao 1º:
£ o rearranjo das camadas electrónicas pode originar a
emissão de vários fótões, em cascata

Raio-X

Raio-X

A detecção de raios-X característicos é o


primeiro mecanismo para detectar o processo
de decaimento por captura electrónica

23
As radiações electromagnéticas
-X

possuem características idênticas

... Mas:
- os raios-X → têm origem em transições electrónicas orbitais
- a radiação γ → têm origem nuclear

Exemplos:

125
0,177 MeV 53 I
CE

0,055 MeV
51
γ
24 Cr (Crómio)
125
0 MeV 52 Te (Telúrio) CE
CE
10%
90%
0,320 MeV
γ
51
0 MeV 23 V (Vanádio)

Outro exemplo:

22
4,117 MeV 11 Na
10% CE
β+ 90%
22
10 [Ne]∗
γ
1,275 MeV 22
0 MeV 10 Ne (Neon)

22
11 Na + -01 e (K) → 22
10 Ne + ν + γ

A radiação γ é mantida na equação porque o nuclídeo resultante


fica em estado excitado, voltando ao estado fundamental após
emissão de radiação γ

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Tipos de processos radioactivos

A. Emissão α
B. Transformações isobáricas
1. Emissão β--
2. Emissão de positrões β++
3. Captura electrónica

C. Transformações isoméricas
1. Estados excitados
2. Estados metaestátveis
3. Estados de conversão interna

Radiação γ

£ Radiação electromagnética – Raios-X, ultra-violeta, luz visível


£ Comprimento de onda menor do que os raios-X, ultra-violeta e luz
visível
£ Mais energéticos do que os raios-X, ultra-violeta e luz visível
£ Têm a velocidade da luz
£ Altamente penetrante – podem penetrar vários cm no Pb
c
λ= E=hf
f λ = comprimento de onda (Hz)
f = frequência d emissão
hc c = velocidade da luz
E=
λ h = constante de Planck = 6,625 x 10-34 J.s

£ A radiação γ aparece muitas vezes após a emissão α ou β


(resulta da libertação de um possível excesso de energia do
núcleo após desintegração £ a emissão de radiação gama
sugere ser um mecanismo pelo qual um núcelo regressa do seu
estado excitado para o estado de repouso)

25
Transformações isoméricas

Processo de decaimento no qual os nuclídeos pai e filho são isómeros


ou seja:
- mesmo número de massa A
- mesmo número de protões (Z)
mas com níveis energétios diferentes

Este tipo de transformações podem ocorrer de três maneiras:


1. estados excitados
2. estados metaestáveis
3. estados de conversão interna

Tipos de processos radioactivos

A. Emissão α
B. Transformações isobáricas
1. Emissão β--
2. Emissão de positrões β++
3. Captura electrónica

C. Transformações isoméricas
1. Estados excitados
2. Estados metaestátveis
3. Estados de conversão interna

26
Estados excitados

Por vezes, o nuclídeo resultante fica num:


- estado excitado
ou seja, tem um estado energético superior ao compatível com o
seu número de:
- protões
- neutrões

Estes nuclídeos passam ao seu estado energético normal,


libertando energia sob a forma de:
- radiação γ

Muitas vezes, a passagem pelo estado excitado é praticamente


instantânea, com tempo de duração muito curto:
- entre 10-9 e 10-13 s

A reacção nuclear de um estado excitado:

A
Z X→ [ Y ]∗ + ω + Q
A'
Z' → A'
Z'Y + ω +γ+ Q

Como os estados excitados têm duração muito


curta, não se obtém a porção média da equação

27
Exemplo:

Decaimento do 60Co para o 60Ni:

60 60
27 Co → 28 Ni + β − + ν + γ 1 + γ 2
O 60Co decai para um:
- estado excitado do 60Ni, por decaimento β

60
3,99 MeV 27 Co (Cobalto)

β−

2,5 MeV
γ1
[
60
28 Ni ]∗

O Ni passa imediatamente
1,33 MeV do estado excitado para o
γ2 estado fundamental através
60
0 MeV 28 Ni (Niquel) da emissão de:
• 2 raios γ

A emissão γ consecutiva a este processo de decaimento, pode ser:


- muito simples £ raios γ de uma só energia
- muito complicada £ raios γ de diversas energias

Exemplo:
- O 206Bi tem 74 emissões γ diferentes no seu processo de
decaimento

- em cascata (um após o outro) - em paralelo (lado a lado)


131
53 I
60
Co β β
27
β− β
β
[60
28 Ni ]∗

γ1
γ γ
γ γ
γ2
60
28 Ni γ
γ 131
54 Xe

28
Tipos de processos radioactivos

A. Emissão α
B. Transformações isobáricas
1. Emissão β--
2. Emissão de positrões β++
3. Captura electrónica

C. Transformações isoméricas
1. Estados excitados
2. Estados metaestátveis
3. Estados de conversão interna

Estados metastáveis

Quando o estado excitado do núcleo, existe durante tempo


suficiente, de tal modo que é possível medi-lo (>10-12 seg)
chama-se:
- estado isomérico ou estado metastável

O estado excitado e o estado fundamental do núcleo filho são:


• isómeros
pois têm o:
- mesmo A
- mesmo Z
- só diferindo nos estados de energia

29
A reacção nuclear geral deste processo de decaimento por estado
metastável:

A A'm
Z X→ Z' Y+ω+Q

A'm A'
Z' Y→ Z' Y+γ

m → acrescenta-se um m ao número de massa do


núcleo com estado excitado, indicando um estado
metastável ocm tempo de duração mensurável

Os estados metastáveis quando transitam para o estado fundamental,


emitem:
- radiação γ

Exemplo:

Decaimento do 137Cs para o 137Ba através do estado 137mBa :

137 137m
55 Cs → 56 Ba + β − + ν

137m 137
56 Ba → 56 Ba + γ

137
1,176 MeV 55 Cs (Césio)
β−1

137m
0,662 MeV β−2
56 Ba £ T½ = 2,5 min
γ
137
0 MeV
56 Ba

30
Exemplo:
113m
49 In
γ
T½ = 106 min 0,390 keV
(Índio)
113
49 In

99
42 Mo (Molibdénio)
β−
99m
43 Tc
98,6 % 2 keV
6h 142 keV

140 keV 1,4 %


99
43 Tc (Tecnécio)

β−
99
2 x 105 anos 44 Ru (Ruténio)

Tipos de processos radioactivos

A. Emissão α
B. Transformações isobáricas
1. Emissão β--
2. Emissão de positrões β++
3. Captura electrónica

C. Transformações isoméricas
1. Estados excitados
2. Estados metaestátveis
3. Estados de conversão interna

31
Conversão interna

Muitos nuclídeos quando passam de um estado excitado para o


estado fundamental, emitem:
- radiação γ

O processo de decaimento por conversão interna, ocorre primeiramente


nos:
• estados metastáveis
é um processo nuclear, no qual as modificações do estado de energia, se
fazem por:
- transferência de energia do núcleo para electrões orbitais
das camadas mais internas, os quais são posteriormente
ejectadas para o exterior do átomo

Este processo pode ser considerado como se a


radiação γ que parte do núcleo fosse absorvida
internamente por um electrão

O electrão de conversão deixa o átomo com uma:


- energia cinética
igual à energia da radiação γ menos a energia de ligação do electrão
à sua camada

Ec = (Ei − Ef ) − El

Este processo deixa o átomo num estado excitado porque se cria um lugar
vago, e o átomo perda energia através da saída do electrão da camada
mais externa, para ocupar o lugar vago

Este processo é acompanhado da emissão de:


- Rx característico
- electrão auger

32
A possibilidade de ocorrência de um decaimento
- por conversão interna ou
- por emissão γ
é uma questão de probabilidade, havendo necessidade de se
definir uma característica:
£ o coeficiente de conversão interna

coeficiente de conversão interna - a

É definido para todos os radionuclíde que decaiam por 2 processos,


e é igual à:
→ relação entre os electrões de conversão emitidos e os
raios-γ também emitidos

Geralmente é definido para cada camada com a maior probabilidade

e−
Para a camada K £ ak =
γ

Exemplo:

Podemos agora melhorar o esquema de decaimento do


- 137mBa £ 137Ba
porque aqui a conversão interna compete com a emissão γ

137
1,176 MeV 55 Cs (Césio)
β−1

137m
0,662 MeV β−2
56 Ba £ T½ = 2,5 min
γ e-
137
0 MeV
56 Ba

33
O espectro electromagnético

Comprimento de onda da radiação em Angstrom


8 6 4 2 -2 -4 -6
10 10 10 10 1 10 10 10

Rádio Infravermelho V Ultra-Violeta Raios-X Raios Cósmicos


i
s
í
v
e
l Raios gama

-10 -8 -6 -4 -2 2 4
10 10 10 10 10 1 10 10

Energia do fótão em milhões de eV (MeV)

Rutherford
£ alguns átomos radioactivos se desintegravam, dando
origem a outros

£ observou que um núcleo de urânio, quando emitia uma:


- partícula α
dava origem a um núcleo de tório

238
92U → 234
90 Th + 24 He

34
238U → 234Th (emissão-α)

234Th → 234Pa e 234U (emissão-β)

234U → 230Th → 226Ra → 222Rn →


218Po → 214Pb (várias emissões-α)

214Pb → 214Bi → 214Po (emissão-β)

214Po → 210Pb (emissão-α)

210Pb → 210Bi → 210Po (emissão-β)

210Po → 206Pb (emissão-α)

Quando ocorre um processo de decaimento por emissão de uma


partícula α (decaimento α) ocorre:
- transmutação de um elemento noutro

35
→ também pode ocorrer por decaimento β
(decaimento por emissão de uma partícula β)

Não podem ocorrer transmutações por:


• decaimento por emissão de radiação γ
• nem por meio de reacções químicas

O decaimento radioactivo é um:


£ processo nuclear, espontâneo e ao acaso, através do qual,
um núcleo-pai instável se transforma noutro núcleo-filho
mais estável, através de emissão de :
- partículas e/ou
- raios gama

As emissões radioativas, são igualmente acompanhadas de:


- libertação de energia

O processo do decaimento radioactivo, não é afectado por


alterações da: (decaimento α) ocorre:
- temperatura
- pressão
- combinações químicas

Radionuclídeo → átomo radioactivo instável

36
Factores que determinam a estabilidade nulcear

Os principais factores que determinam a estabilidade nuclear, são:


£ relação N/Z favorável - próximo da linha de estabilidade
£ emparelhamento de nucleões
£ grande energia de ligação por nucleão

Quanto maior a variação destes factores, mais instável tende a


ser o nuclídeo

DECAIMENTO
RADIOACTIVO

M Filomena Botelho

37
A compreensão dos processos de desintegração radioactiva, com
emissão de radiação e/ou de partículas, objectiva-se melhor no
gráfico neutrões-protões

Zona de estabilidade
Possíveis combinações
entre o número de
protões e de neutrões
que originam
núcleos estáveis

Diferentes tipos de situações estão na base da instabilidade

Nuclídeo X’’
Nuclídeos com excesso
Nuclídeo X de protões e neutrões
Nuclídeos com
excesso de neutrões

Nuclídeo X’
Nuclídeos com
excesso de protões

38
Nuclídeos instáveis por excesso de neutrões

Para que este nuclídeo atinja a zona de estabilidade vai


ter que sofrer transformações

Um dos neutrões em excesso, pode


transformar-se em:
• um protão
• com emissão de uma partícula β-
X

1
0 n → 11 p + 0
−1 β

Como será o nuclídeo resultante?

Nuclídeos instáveis por


excesso de neutrões

O nuclídeo resultante (Y) terá:


£ mesmo número de massa 1
0 n → 11p + 0
−1 β
£ aumento do número atómico de 1 unidade
o número de protões
aumentará de 1 unidade
A A 0
Z X→ Z +1 Y+ −1 β
O nuclídeo X transforma-se no nuclídeo Y,
mais próximo dos núcleos estáveis

N
Em esquema:
X
β−

Y
Z Z+1 Z

39
Nuclídeos instáveis por
excesso de neutrões

A A 0
Z X→ Z +1Y+ −1 β

Se o nuclídeo Y após desintegração, ficar com


excesso de energia, esta energia que constitui
energia de excitação, é libertada na forma de
-1
- vários fótões

Em alguns nuclídeos, é necessário verificar-se mais do que


um decaimento β, para que se atinja a zona da estabilidade

Nuclídeos instáveis por excesso de protões

Um dos protões em excesso, pode


transformar-se em:
• um neutrão
• com emissão de uma partícula β+
(positrão)

1
1 p → 01 n + 01 β X’

Como será o nuclídeo resultante?

40
Nuclídeos instáveis por
excesso de protões

O nuclídeo resultante (Y’) terá:


£ mesmo número de massa 1
1 p → 01 n + 01β
£ diminuição do número atómico de 1 unidade
o número de protões
diminuirá de 1 unidade
A A
Z X' → Y' + 01 β
Z −1

O nuclídeo X’ transforma-se no nuclídeo Y’,


mais próximo dos núcleos estáveis

N
Em esquema:
X’
β+

Y’
Z-1 Z Z

Nuclídeos instáveis por


excesso de protões

Os positrões não são estáveis como


os electrões
A A
Z X' → Y' + 01 β
Z −1
• tempo médio de vida curto
(≈ 10-10 seg)

0.51 MeV
aniquilação

Após emissão, a sua velocidade é reduzida –


por acções electrostáticas (no meio de
percorrem) sofrendo um:
– – – – β+
– – 0.51 MeV
£ processo de aniquilação – – – –
por se combinarem com um electrão
– – –++
negativo do meio
++
+++ – – –
++
+
–– – –
– –
– – –– β

41
Aniquilação dos positrões

Os positrões ao serem desacelerados, se encontrarem um electrão


orbital dos átomos do meio, formam com ele um sistema
• positrónio
que rapidamente se transforma em:
£ 2 fótões, de igual energia, e que são emitidos em
direcções opostas (0,511 MeV)

0
β+
γ 1
γ
0,511 MeV 0,511 MeV A energia correspondente à massa do
0 −
−1 e electrão é, pela equação de Einstein:

E = m c2
= 9,108 x 10-28 (3 x 1010)2 1 MeV
1,6 x 10-6

E = 0,511 MeV

Nuclídeos instáveis por excesso


de neutrões e protões

X’’

Um excesso de neutrões e de protões


origina a emissão de uma:
• partícula α

Como será o nuclídeo resultante?

42
Nuclídeos instáveis por
excesso de neutrões e protões

O nuclídeo resultante (Y’’) terá:


£ número de massa reduzido de 4 unidades
£ número atómico reduzido de 1 unidades

A A -4
Z X' ' → Z −2Y'' + 42 α
O nuclídeo X’’ transforma-se no nuclídeo Y’’,
mais próximo dos núcleos estáveis

N
Em esquema:
X’’
α

Y’’
Z-2 Z Z

Decaimento do 238U

Nuclídeos instáveis por


excesso de neutrões e protões

A A -4
Z X' ' → Z −2Y'' + 42 α

Nuclídeos com Z > 82 são instáveis

Encontrando-se na natureza:
• porque alguns dos seus isótopos se
desintegram muito lentamente
• porque pertencem a famílias
radioactivas cujo primeiro membro tem
uma vida muito longa (108 ou 1010 anos)

43
Recordando ...

Energia de ligação por nucleão:


£ menor nos nuclídeos mais pesados £ atinge ±7,5 keV
£ valor máximo para A = 56 £ E = 8,8 keV

Quando um nuclídeo pesado, emite uma partícula α, tranforma-


se noutro mais leve, donde resulta que o nuclídeo filho possui:
- maior energia de ligação

Como:
4
1 partícula α conrresponde a un núcleo de hélio 2 He

Vamos fazer contas ...

A energia de ligação do
núcleo de hélio ≈ 28 MeV

A energia de ligação por


nucleão do hélio ≈ 7 MeV

Ou seja: Para que ocorra uma emissão α a:


£ massa do radionuclídeo-pai X’’
tem que ser superior à soma das massas
£ da partícula α
£ do nuclídeo-filho Y’’

44
exemplo:

210 206
84 Po → 82 Pb + 42 He

Voltemos às contas ...

210
Po = 210,0495 u.m.a.
206 0,00702 u.m.a.
Pb = 206,0386 u.m.a.
4
210,04248
He = 4,00388 u.m.a.

Ou seja:

• A diferença de massa é de: ± 0,007 u.m.a.


• A que correspondem £ 6,5 MeV
Libertação
de energia

Porque há libertação
de energia ?

45
exemplo:

210 206
84 Po → 82 Pb + 42 He

Voltemos às contas ...

210
Po = 210,0495 u.m.a.
206
Pb = 206,0386 u.m.a. 0,00702 u.m.a.
4 210,04248
He = 4,00388 u.m.a.

Porque
£ a soma das energias de ligação da
• partícula α
• núcleo resultante
£ é menor do que a
• energia de ligação do núcleo emissor

Reacções que ocorrem com


libertação de energia

Reacções exergónicas

Reacções que necessitam


defornecimento de energia

Reacções endergónicas

46
Reacções que ocorrem com
libertação de energia

Reacções exergónicas
Reacções que necessitam de
fornecimento de energia

Reacções endergónicas
Não podem ocorrer
espontaneamente

Exemplo:
- emissão de um núcleo de deutério (21H ) por parte de núcleos pesados, pois
a energia de ligação do núcleo 21H é muito pequena (± 2 MeV)

- a soma da massa do núcleo de 21H com a do núcleo resultante é maior do


que a massa do núcleo emissor

47

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