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“A teoria da soberania teria servido para dar a forma a um direito que seria, a
partir daquele momento, cada vez mais investido pelos mecanismos da normalização:
uma vez que as coerções disciplinares deviam ao mesmo tempo exercer-se como
mecanismos de dominação e ser escondidas como exercício efetivo de poder, era preciso
que fosse apresentada no aparelho jurídico e reativada, concluída, pelos Códigos judiciários,
a teoria da soberania.” (pág. 245). A soberania e a disciplina como os elementos de
poder em nossas sociedades. Logo o direito organizado em torno da soberania
(legalidade) está viciado para combater a normalização, por isso a necessidade de um
direito novo.
Foucault não busca criar uma teoria do direito, pelo contrário este objeto
aparece apenas com “imagens” ou “atitudes” em seu discurso.
Esse direito novo poderia ser considerado em duas posturas. Uma postura
ativa e uma negativa. A postura negativa seria a desconfiança com relação a todo o
sistema – que estaria contaminado pela normalização, através da estrutura formal.
Com relação a postura positiva, esta se daria no sentido das práticas
relacionadas ao direito nas quais se realiza algum tipo de resistência ou de oposição à
normalização.
DESCONFIANÇA DA FORMA
Domínio da ética: “Por domínio da ‘ética’ deve-se entender também o domínio de uma
problematização geral, realizada pelo autor, do tema da constituição da
subjetividade a partir das técnicas e das práticas pelas quais o indivíduo institui uma
relação consigo mesmo.” (pág, 269) Relação consigo mesmo – sujeito moral, por isso
as expressões práticas de si, técnicas de si e cuidado de si.
Livro uso dos prazeres: “Dirá que ‘a reflexão sobre o comportamento sexual
como campo moral não constitui entre eles (gregos) uma maneira de interiorizar, de
justificar ou de fundamentar em princípios certas interdições gerais impostas a
todos; foi sobretudo uma maneia de elaborar, para a menor parte da população,
constituída de adultos livres do sexo masculino, uma estética da existência, uma arte
refletida (porque consciente) da liberdade percebida como um jogo de poder”.
“Bem se vê que quando o autor fala em ‘ética’ não se refere aos sistemas de
regras e aos códigos de conduta, tampouco se refere aos comportamentos dos
indivíduos diante dos códigos, mas pensa no conjunto das práticas que o indivíduo
estabelece consigo mesmo, a partir das quais se dá sua subjetivação, ou seja, a partir
das quais o individuo se constitui como um sujeito moral, em função de uma adesão
livre a um estilo que quer dar à sua própria existência.” (pág. 276-277). A ética
implicada com o domínio das relações com o “outro” e com o poder.
“A ética, em Foucault, é bem o domínio de um exercício da liberdade, o
domínio de um exercício da autonomia na relação com o ‘outro’ e com o mundo, o
domínio de uma ‘crítica permanente visando assegurar o exercício contínuo da
liberdade’.” A atitude crítica como um chamado de ‘ético’.