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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA

SETOR DE CIÊNCIAS JURÍDICAS

DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA DO DIREITO

EVELIN ROBERTA CORDEIRO DA ROCHA

JUSTIÇA E A TESE DO MARCO TEMPORAL: UMA ANALISE A PARTIR DE


STUART MILL

PONTA GROSSA

2021
EVELIN ROBERTA CORDEIRO DA ROCHA

JUSTIÇA E A TESE DO MARCO TEMPORAL: UMA ANALISE A PARTIR DE


STUART MILL

Atividade apresentada pela Acadêmica


Evelin Roberta Cordeiro da Rocha, RA
18051162, do quarto ano do curso de
Direito, frequentando o período matutino,
turma MB, para obtenção parcial de nota
na matéria de Filosofia do Direito.

Professora Andreia Izamara Tavares


Kerber.

PONTA GROSSA

2021
I - INTRODUÇÃO:

O chamado Marco temporal é uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF)


que defende que povos indígenas só podem reivindicar terras onde já estavam no dia
5 de outubro de 1988. Naquele dia, entrou em vigor a Constituição Brasileira. De um
lado, a bancada ruralista e instituições ligadas à agropecuária defendem o marco. Do
outro, povos indígenas temem perder direito a áreas em processo de demarcação. O
objetivo do trabalho esta em fazer uma analise da tese do Marco Temporal, a partir
dos pensamentos do filosofo e economista britânico John Stuart Mill, , nascido em
1806.
A pesquisa é de cunho qualitativo, com técnicas de pesquisa bibligrafica e
documental, que foram fundamentais para que os argumentos abaixo expostos
pudessem ser devidamente reunidos.

2 – O MARCO TEMPORAL:

Na visão dos indígenas, donos originários das terras, a tese do Marco Temporal
é totalmente o contrária de toda a constituição a luta, para eles, essa teses representa
um marco da morte, o genocídio dos povos indígenas, ainda ressaltando a grande
injustiça e violência que os povos foram submetidos desde o descobrimento. No ponto
de vista dos mesmos, o que está em jogo envolve mais que a área em questão. Com
intensa ligação com a natureza, o povo indígena confere à terra um valor subjetivo,
imaterial e ancestral vinculado a questões espirituais, culturais e ambientais.
De outro lado, estão os grandes proprietários de terras, que visam restringir os
direitos dessas populações ao estipular que só poderiam ser demarcados territórios
sob a sua posse no dia 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição.
Causando assim grandes prejuízos as comunidade, que perderiam grande parte de
seu território nas novas demarcações.

3 – O MARCO TEMPORAL A PARTIR DE STUART MILL

Stuart Mill, em suas obras e apontamentos, defende a liberdade na busca pelo


nosso próprio bem da forma que melhor nos apetece, desde que não interfira na
possibilidade de os outros fazerem o mesmo”. Defende a possibilidade da liberdade
acima de tudo.
Para ele, a única ocasião em que o poder estatal poderia ser exercido contra o
indivíduo seria para evitar o dano a outros indivíduos.
Na ocasião, analiasando a possibilidade da tese do marco temporal ser
aprovada, é possível enxergar o efeito danoso que esse ato teria, ao retirar as terras
dos nativos e com isso sua liberdade de usufruir como bem entenderem das mesmas,
juntamente com a retirada de sua cultura e originalidade a partir disso. Se, para Mill,
a única ocasião em que direitos podem ser retirados, seria para evitar dano a outros
indivíduos, então nesse caso em questão, segundo os pensamentos de Mill, a tese
não poderia ser aceita, pois retira a liberdade dos índios, e os causa grande dano,
tanto territorial como cultural.
Porém, por outro ponto de vista a definição de “dano”, entretanto, é complexa,
o caminho é muito mais tortuoso do que parece. Em uma de suas obras, Mill aceita a
ideia de “dano por omissão” – como por exemplo, deixar de pagar impostos causa um
dano à sociedade e, portanto, essa omissão pode ser punida pela força, causando de
mesma forma um dano. Esse princípio pode ser perigoso nessa ótica, pois pode ser
compreendido de maneira exagerada podendo até mesmo restringir e ferir a liberdade,
criando diversas obrigações sendo justificadas como ações para um “bem comum”.
E como tudo isso pode ser encaixado no Marco Territorial? Pois bem, o bem
comum, seria a divisão igualitária das terras, para que ambos tenham sua liberdade,
porém esse cabo de guerra não permite empate, ou se faz mais forte um lado da
corda, ou outro. Mas, segundo o próprio Stuart, a liberdade pode ter limitações,
colocando em xeque essa linha de pensamento.
Afinal, o que mais poderia ser considerada uma omissão que prejudica o bem
comum? Praticamente qualquer coisa, dependendo da argumentação. Além disso,
quem definiria o que é o bem comum? Se caracterizaria com a Igualdade das Terras?
O benefício dos Ruralistas ou a preservação da Cultura Indigena?
Stuart não acreitava na ideia de democracia absoluta. Para ele, a ideia de que
a maioria da população era soberana poderia gerar regimes capazes de cometer
tragédias irreparáveis.

4 – CONCLUSÃO
Ao fim, analisando os pensamentos de Mill, dentro do caso do Marco Territorial,
se chega a conclusão de que todo governo deve ter por base o respeito aos indivíduos
e deve ter sua capacidade de ação severamente limitada por princípios naturais e
filosóficos, inscritos, por exemplo, em uma constituição, não se deixando levar por
desejos de pessoas com mais poder ou influencia, mas sim visando defender acima
de tudo os direitos dos mais vulneráveis, e assim estabelecendo a liberdade e o bem
comum.
Somente com um governo com poder limitado – que respeite os indivíduos e a
liberdade de buscar-se a felicidade – a democracia seria possível. No caso em
questão, não se poderia retira-se os direitos dos nativos, levando em consideração
que também se estaria causando grande dano aos mesmos, dano esse muito maior
do que aquele que seria causado aos ruralistas caso a proposta não for aprovada.
Deixando clara a tese de liberdade e seguridade de direitos que Mill prega em
suas grandes obras.

5 – REFERENCIAS:

MORRIS, Clarence (org.). Os Grandes Filósofos do Direito. São Paulo: Martins


Fontes, 2002

SKOBLE, Aeon J. QUEM FOI JOHN STUART MILL: UM LIBERAL CLÁSSICO.


Ideias Radicais, 2020. Disponivel em: https://ideiasradicais.com.br/john-stuart-mill/

VEIGA, Edison. Entenda o marco temporal e saiba como ele atinge os povos
indígenas do Brasil. Brasil de Fato. 2021. Disponivel em:
https://www.brasildefato.com.br/2021/08/25/o-que-e-o-marco-temporal-e-como-ele-
atinge-os-indigenas-do-brasil

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