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Exposição do Texto:
Pupe tem como ponto principal de seu texto estabelecer uma crítica contundente à
dogmática normativista moderna que tem se baseado majoritariamente em proposições
lógicas e em valoração, sem, contudo, levar em consideração questões fáticas próprias a cada
caso. Para apresentar essa problemática ela parte da análise da questão da causalidade,
discutindo desde a teoria naturalista, até as mais modernas e aceitas teorias, como a teoria da
causa como “conditio sine qua non”.
Naturalismo:
Normativismo:
Essa predominância do elemento normativo leva a uma abstração exagerada que pode
levar a uma desconexão entre a norma e a realidade avaliada e assim trazer problemas lógicos.
Como exemplo Pupe traz a teoria da “conditio sine qua non”, segundo a qual, causa é a
condição sem a qual não haveria o resultado. Embora muito defendida e aplicada essa
proposição não explica de maneira fundamentada o que venha a ser uma causa, ela apenas
evidencia os efeitos de uma causa.
Essa falta da fundamentação do que venha a ser uma causa permite que se tenha
problemas lógicos a aplicação dessa teoria, problemas esses que se evidenciam nas causas
substitutas. Estas causas são aqueles em que, uma poderia substituir a outra, mas ambas, em
conjunto não se configuram como “conditio sine qua non” (vide exemplo página 142).
Este caminha foi partir ainda mais para um plano valorativo, de forma a se distanciar
do plano descritivo direcionando suas conclusões e argumentações para o plano da norma e da
valoração. Entretanto, ao assumir essa posição e se afastar ainda mais do plano descritivo o
normativismo abre espaço para uma ingerência e aplicação de arbítrios e juízos de valor
dentro da sua aplicação o que leva a esse círculo normativista.
O círculo normativista seria então a maior crítica ao normativismo elaborada por Pupe
no texto. Ela demonstra que ao se retirar por completo ao plano da valoração, criou-se todo
um conjunto de princípios e conceitos tidos como elementos a priori e que por isso não são
discutidos. Esses elementos seriam carregados de certa neutralidade e por isso são seriam
postos em discussão ou mesmo fundamentos em elementos normativos ou descritivos,
marcando assim o espaço para juízos de valor e arbitrariedade.
Conclusão:
O texto, embora bastante complexo, traz uma crítica contundente à teoria normativa,
mas acima de tudo, evidencia duas coisas importantes e que podem passar despercebidas. Em
primeiro lugar, tanto no normativismo quanto no naturalismo há escolhas e estas escolhas em
si não são problemáticas. O problema das escolhas se dá quando não são fundamentadas de
maneira profunda e com argumentos plausíveis e convincentes, já que dessa forma se afasta
essa argumentação do tipo de enunciado próprio da ciência jurídica. Assim, o convite feito
por Pupe me parece bastante atrativo que é inserir como importante elemento da discussão e
da fundamentação as premissas descritivas e assim sair um pouco do plano abstrato de
discussão da norma e adentrar também dentro da realidade fática de aplicação daquela norma,
ou seja, nas afastar, mas sim aproximar aquilo que é valorativo daquilo que é descritivo.