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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

ESCOLA POLITÉCNICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

AVALIAÇÃO DA DURABILIDADE DE CONCRETOS CONTENDO


AGREGADOS RECICLADOS DE RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO CIVIL (RCC)

Guilherme Augusto de Oliveira e Silva

Salvador
2017
i

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA


ESCOLA POLITÉCNICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

AVALIAÇÃO DA DURABILIDADE DE CONCRETOS CONTENDO


AGREGADOS RECICLADOS DE RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO CIVIL (RCC)

Guilherme Augusto de Oliveira e Silva

Dissertação apresentada ao PROGRAMA


DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA
CIVIL como requisito parcial à obtenção do
título de MESTRE EM ENGENHARIA CIVIL.

Orientador: Prof. Dr. Daniel Véras Ribeiro


Co-orientador: Prof. Dr. Cléber Marcos Ribeiro Dias
Agência Financiadora: FAPESB

Salvador
2017
ii
iii

DEDICATÓRIA

Dedico esta dissertação à minha família, fundamental em todos os


momentos.
iv
v

FORMAÇÃO DO CANDIDATO

Engenheiro Civil, formado pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB), 2015.

“Nem tudo que se enfrenta pode ser modificado, mas nada pode ser modificado até que
seja enfrentado.”

Albert Einstein
vi
vii

MEMBROS DA BANCA EXAMINADORA DA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO DE


GUILHERME AUGUSTO DE OLIVEIRA E SILVA .
APRESENTADA AO PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA
CIVIL, DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA, EM 24 DE MARÇO DE 2017.

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________
Prof.(a) Dr.(a) Daniel Véras Ribeiro
Orientador
PPEC – UFBA

_____________________________________
Prof.(a) Dr.(a) Cléber Marcos Ribeiro Dias
Co-Orientador
PPEC - UFBA

_____________________________________
Prof.(a) Dr.(a) Oswaldo Cascudo Matos
PPG-GECON – UFG

_____________________________________
Prof.(a) Dr.(a) Carlos Alberto C. de Souza
PPEC – UFBA

_____________________________________
Prof.(a) Dr.(a) Elaine Pinto Varela Alberte
UFBA
viii
ix

AGRADECIMENTOS

A Deus, pela presença em minha vida, iluminando o meu caminho;


Aos meus pais Naédina e Carlos, que me deram a vida e por toda
dedicação para que pudesse construir uma base sólida que me permitiu chegar
até aqui;
Ao meu irmão Danilo, pelo companheirismo, por toda convivência e por
todas as conversas enriquecedoras;
À minha namorada Allana, por todo amor, atenção, compreensão e
colaboração para que eu pudesse superar mais este desafio;
Ao Professor Daniel Véras Ribeiro, por toda estrutura disponibilizada, pela
confiança e orientação valorosa;
Ao Professor Cléber Marcos Ribeiro Dias, por toda orientação e
conhecimento compartilhado;
A Luciano, Raphael e Tiago, membros da “Coligação” e grandes amigos,
que fizeram parte de todo o mestrado e que foram muito importantes para
superar todas as etapas;
Ao grupo de pesquisa do Laboratório de Ensaios em Durabilidade dos
Materiais (LEDMa), por toda a convivência e todo aprendizado e crescimento
proporcionados;
A Nilson e à Elisama, pelo esforço, disposição e dedicação destinados para
a realização desta pesquisa;
À Professora Ana Gabriela Saraiva, pela atenção, incentivos e
aconselhamentos;
Aos Professores Oswaldo Cascudo, Ricardo Carvalho, Carlos Alberto de
Souza e Elaine Alberte, cuja participação agrega grande valor a este trabalho;
À Professora Miriam Machado, da Universidade Católica de Salvador, pela
realização de alguns ensaios específicos;
Ao técnico Paulo Sant’Anna, pelo incessante apoio e amizade;
A Tadeu Rios e Rafael Rios, da Mister Construção, pela doação do cimento
utilizado;
A Leandro Jatobá, da Pedreira Parafuso, pela doação das britas utilizadas;
x

Ao DCTM, MEAU e Escola Politécnica da UFBA, pela estrutura


disponibilizada;
A todos os professores que de alguma maneira contribuíram com
ensinamentos e sugestões durante o decorrer da pesquisa;
À Odebrecht Ambiental pelo apoio financeiro e de material para a
realização deste trabalho;
À FAPESB pelo apoio financeiro que permitiu a realização deste trabalho.
xi

RESUMO

Nas últimas duas décadas, a problemática da destinação dos resíduos de


construção civil (RCC) vem recebendo destacada atenção devido à expressiva
geração deste resíduo e à sua gestão ineficaz quanto à destinação final. Com
isso, os RCC vêm ganhando espaço e destaque dentre os resíduos com
possibilidades de aplicação em materiais cimentícios, de modo a reduzir os
impactos ambientais, apresentando uma destinação final adequada a esses
resíduos, que atualmente são depositados em aterros e bota-foras. O presente
trabalho propôs a utilização do agregado reciclado de RCC, proveniente da
Unidade de Valoração de Resíduos da Odebrecht Ambiental (UVR Grajaú), com
o objetivo de avaliar as características desse resíduo e a sua influência na
durabilidade do concreto. Para isso, foi realizada uma extensa caracterização
física e química dos resíduos, procedido da análise das propriedades mecânicas
e da durabilidade do concreto reciclado, por meio das técnicas de migração de
cloretos, carbonatação, resistividade elétrica e ciclagem térmica gelo-degelo.
Esse agregado reciclado foi empregado no concreto em substituição ao
agregado natural. Deste modo, o presente trabalho buscou contribuir para a
minimização de dois graves problemas da sociedade: a geração e a destinação
inadequada dos resíduos de construção civil e a degradação em estruturas de
concreto armado, além de colaborar com os estudos acerca da durabilidade de
concretos com a utilização de agregados reciclados. Os resultados indicam que
tanto os aumentos do teor de agregado reciclado, quanto da relação
água/cimento apresentam efeitos significativos sobre as propriedades dos
concretos, reduzindo a durabilidade das misturas. No entanto, para a ciclagem
gelo-degelo o emprego do agregado reciclado fez com que as misturas se
tornassem mais duráveis que o concreto de referência.

Palavras-chave: Agregado Reciclado; Durabilidade; Carbonatação; Íons Cloro;


Gelo-degelo.
xii
xiii

EVALUATION OF DURABILITY ON CONCRETE CONTAINING RECYCLED


AGGREGATES FROM CONSTRUCTION AND DEMOLITION WASTE (CDW)

ABSTRACT

In the last two decades, the issue of the disposal of construction and demolition
waste (CDW) has been receiving outstanding attention due to the significant
generation of this waste and its ineffective management of final disposal. As a
result, the CDW has been prominence among the residues with possibilities of
application in cementitious materials, in order to reduce the environmental
impacts, presenting a suitable final destination for these wastes, which are
currently deposited in landfills and “dump" areas. The present work proposed the
use of the recycled aggregate from the Waste Evaluation Unit of Odebrecht
Ambiental (UVR Grajaú), in order to evaluate the characteristics of this residue
and its influence on the durability of the concrete. Therefore, an extensive
physical and chemical characterization of the residues was carried out, through
the mechanical properties and durability of the recycled concrete, by techniques
of migration of chlorides, carbonation, electrical resistivity and freeze-thaw
cycles. This recycled aggregate was incorporated in concrete to replace the
natural aggregate. Therefore, the present work sought to contribute to the
minimization of two serious problems of society: the generation and inadequate
allocation of construction waste and degradation in reinforced concrete
structures, as well as collaborate to studies on the durability of concretes with the
use of recycled aggregates. The results indicate that both increases in recycled
aggregate content and water / cement ratio have significant effects on concrete
properties, reducing the durability of the mixtures. However, to the freeze-thaw
cycles the use of the recycled aggregate made the admixtures more durable than
control concrete.

Keywords: Recycled Aggregate; Durability; Carbonation; Chlorides; Freeze-


thaw.
xiv
xv

SUMÁRIO

BANCA EXAMINADORA ................................................................................. vii


AGRADECIMENTOS ........................................................................................ ix
RESUMO .......................................................................................................... xi
ABSTRACT...................................................................................................... xiii
SUMÁRIO ........................................................................................................ xv
ÍNDICE DE TABELAS ..................................................................................... xix
ÍNDICE DE FIGURAS ..................................................................................... xxi
SÍMBOLOS E ABREVIATURAS .................................................................... xxix
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 1
2. REVISÃO DE LITERATURA ....................................................................... 5
2.1. Resíduos de construção civil ................................................................ 5
2.2. Uso de agregado reciclado na construção civil ................................... 13
2.3. Concreto produzido com agregado reciclado de concreto................... 18
2.4. Durabilidade e vida útil das estruturas de concreto ............................. 25
2.5. Mecanismos de transporte no concreto .............................................. 28
2.5.1. Permeabilidade ............................................................................ 28
2.5.2. Absorção capilar ........................................................................... 29
2.5.3. Difusão ......................................................................................... 30
2.5.4. Migração iônica ............................................................................ 32
2.6. Corrosão das armaduras do concreto armado .................................... 34
2.6.1. Passivação da armadura no concreto .......................................... 37
2.6.2. Carbonatação ............................................................................... 39
2.6.3. Ação dos cloretos ......................................................................... 43
2.7. Ação dos ciclos de gelo-degelo........................................................... 48
2.8. Técnicas de avaliação da durabilidade do concreto ............................ 53
2.8.1. Profundidade de carbonatação ..................................................... 53
2.8.2. Ensaio de migração de cloretos.................................................... 55
2.8.3. Resistividade do concreto............................................................. 57
2.8.4. Ultrassom ..................................................................................... 60
3. MATERIAIS E MÉTODOS ......................................................................... 63
xvi

3.1. Materiais ............................................................................................ 63


3.1.1. Cimento Portland ......................................................................... 64
3.1.2. Areia ............................................................................................ 64
3.1.3. Brita ............................................................................................. 64
3.1.4. Agregado reciclado ...................................................................... 65
3.1.5. Aditivo .......................................................................................... 67
3.1.6. Água ............................................................................................ 67
3.2. Métodos ............................................................................................. 67
3.2.1. Caracterização dos materiais constituintes .................................. 67
3.2.1.1. Superfície Específica ............................................................. 67
3.2.1.2. Distribuição do tamanho de partículas ................................... 68
3.2.1.3. Composição química (FRX) .................................................. 69
3.2.1.4. Composição mineralógica e grau de amorfização (DRX) ...... 69
3.2.1.5. Massa específica e absorção de água .................................. 70
3.2.1.6. Massa unitária ....................................................................... 72
3.2.1.7. Índice de vazios..................................................................... 73
3.2.1.8. Índice de forma ..................................................................... 73
3.2.1.9. Materiais não minerais .......................................................... 74
3.2.1.10. Determinação do desgaste à abrasão Los Angeles .............. 74
3.2.1.11. Determinação do teor de material pulverulento .................... 75
3.2.1.12. Determinação do teor de impurezas orgânicas ..................... 76
3.2.1.13. Determinação do teor de argila em torrões e materiais friáveis
76
3.2.1.14. Determinação do teor de sais, cloretos e sulfatos solúveis ... 77
3.2.2. Dosagem do concreto e moldagem dos corpos de prova ............ 78
3.2.3. Caracterização física e mecânica do concreto endurecido .......... 81
3.2.3.1. Resistência mecânica ........................................................... 81
3.2.3.2. Densidade e porosidade aparentes ....................................... 82
3.2.3.3. Absorção de água por capilaridade ....................................... 83
3.2.4. Técnicas de avaliação e estudo da durabilidade do concreto ...... 84
3.2.4.1. Profundidade de carbonatação.............................................. 84
3.2.4.2. Ensaio de migração de cloretos ............................................ 86
xvii

a) Seleção dos corpos de prova e análise da concentração de cloretos


86
b) Execução do ensaio de migração de cloretos .................................. 87
3.2.4.3. Resistividade elétrica do concreto .......................................... 90
3.2.4.4. Avaliação da frente de cloretos por meio da aspersão de
indicador à base de nitrato de prata ....................................................... 92
3.2.4.5. Ciclagem gelo-degelo ............................................................ 94
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES .............................................................. 99
4.1. Caracterização dos materiais constituintes do concreto ...................... 99
4.1.1. Cimento Portland .......................................................................... 99
4.1.2. Areia ........................................................................................... 102
4.1.3. Brita ............................................................................................ 104
4.1.4. Agregados reciclados ................................................................. 105
4.2. Caracterização do concreto no estado endurecido ........................... 108
4.2.1. Porosidade e densidade aparentes ............................................ 108
4.2.2. Absorção de água por capilaridade ............................................ 110
4.2.3. Resistência mecânica ................................................................. 112
4.3. Avaliação da durabilidade do concreto contendo agregado reciclado em
substituição ao agregado natural ................................................................ 114
4.3.1. Avaliação da qualidade do concreto quanto à corrosibilidade do
concreto armado ..................................................................................... 114
4.3.1.1. Resistividade elétrica ........................................................... 114
4.3.1.2. Migração de cloretos ............................................................ 123
4.3.1.3. Avaliação da profundidade de penetração de cloretos por meio
da aspersão de indicador à base de nitrato de prata ............................ 134
4.3.2. Carbonatação ............................................................................. 139
4.3.3. Ciclagem gelo-degelo ................................................................. 146
5. CONCLUSÕES ....................................................................................... 157
6. SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS ....................................... 159
7. REFERÊNCIAS ....................................................................................... 161
ANEXO A. CARACTERIZAÇÃO DOS AGREGADOS RECICLADOS ............ 181
xviii
xix

ÍNDICE DE TABELAS
Pág.
Tabela 1. Classificação e formas de destinação dos resíduos da construção civil.
.......................................................................................................................... 6

Tabela 2. Composição gravimétrica, em porcentagem, do RCC gerado em


diversas cidades brasileiras. ............................................................................ 12

Tabela 3. Diferenças nas propriedades do concreto reciclado, comparadas ao


concreto com agregado natural, utilizando a mesma relação água/cimento e
100% de substituição de agregado. ................................................................. 23

Tabela 4. Normas utilizadas por alguns países europeus para a confecção de


concreto estrutural com a utilização de agregado reciclado. ............................ 24

Tabela 5. Fontes de íons cloro, em concretos. ................................................. 44

Tabela 6. Propriedades de alguns indicadores químicos de pH. ...................... 54

Tabela 7. Valores de resistividade elétrica do concreto e sua relação com o risco


de ocorrência da corrosão. .............................................................................. 60

Tabela 8. Relação entre velocidade de propagação e qualidade do concreto. . 62

Tabela 9. Produtos da planta de processamento de RCC. .............................. 67

Tabela 10. Consumo de materiais e característica das misturas de concreto


submetidas ao ciclo de congelamento e descongelamento.............................. 79

Tabela 11. Consumo de materiais e característica das misturas de concreto


utilizadas. ......................................................................................................... 81

Tabela 12. Critérios de falha para a avaliação da resistência ao congelamento


do concreto. ..................................................................................................... 97

Tabela 13. Propriedades físicas dos cimentos Portland utilizados. ................ 100

Tabela 14. Composição química, em óxidos, dos cimentos Portland CP II E-32 e


CP V ARI, determinada por meio de FRX e os limites estabelecidos pelas NBR
11578:1991 e NBR 5733:1991, respectivamente. .......................................... 101

Tabela 15. Propriedades físicas da areia. ...................................................... 103


xx

Tabela 16. Propriedades físicas das britas 9,5 mm e 19,0 mm utilizadas. ..... 105

Tabela 17. Propriedades físicas dos agregados reciclados utilizados. .......... 106

Tabela 18. Resultado da gravimetria para as frações dos agregados reciclados.


...................................................................................................................... 108

Tabela 19. Resistência relativa à compressão, aos 28 dias, dos concretos


avaliados para diferentes relações água/cimento. ......................................... 113

Tabela 20. Resistência à penetração do cloreto de vários tipos de concreto...


...................................................................................................................... 130

Tabela 21. Classificação das misturas analisadas, de acordo com os limites


estabelecidos por Nilsson, Ngo e Gjorv (1998 apud GJORV, 2015), quanto à
resistência dos concretos à penetração do cloreto, no regime não-estacionário.
...................................................................................................................... 131
xxi

ÍNDICE DE FIGURAS
Pág.
Figura 1. Esquema de classificação dos resíduos sólidos segundo a fonte
geradora. ........................................................................................................... 8

Figura 2. Hierarquia dos impactos provenientes dos resíduos de construção civil.


.......................................................................................................................... 9

Figura 3. Fluxo linear e cíclico dos recursos. ................................................... 11

Figura 4. Interface do agregado reciclado com a nova argamassa. ................. 15

Figura 5. Zonas de transição do agregado reciclado de concreto. ................... 16

Figura 6. Redução da resistência à compressão, associada à substituição do


agregado graúdo natural (AGN) pelo agregado graúdo reciclado de concreto
(AGRC), com presença de aditivo superplastificante (SP) e com adição ou não
da sílica ativa (SA). .......................................................................................... 19

Figura 7. Efeito da substituição do agregado natural pelo agregado reciclado de


concreto em relação à trabalhabilidade............................................................ 20

Figura 8. Representação esquemática do modelo de vida útil de estruturas de


concreto armado. ............................................................................................. 26

Figura 9. Modelo de vida útil. ........................................................................... 27

Figura 10. Modelo da corrosão de armaduras no concreto. ............................. 35

Figura 11. Tipos de corrosão e fatores que a provoca. .................................... 37

Figura 12. Diagrama de Pourbaix simplificado para o sistema ferro-água a


temperatura de 25ºC. ....................................................................................... 39

Figura 13. Representação esquemática da penetração de CO 2 por difusão e do


processo de carbonatação. .............................................................................. 41

Figura 14. Representação do avanço da frente de carbonatação e da destruição


da camada passivadora. .................................................................................. 42

Figura 15. Influência da umidade relativa no grau da carbonatação, supondo que


a umidade do concreto está em equilíbrio com a umidade ambiental. ............. 43
xxii

Figura 16. Efeito da concentração de cloreto de sódio sobre a taxa de corrosão.


........................................................................................................................ 45

Figura 17. Diagrama de Pourbaix simplificado para o sistema ferro-água com Cl-
(355 ppm). ....................................................................................................... 46

Figura 18. Formas de ocorrência de íons cloro na estrutura do concreto. ....... 46

Figura 19. (A) Variação de volume da água em função da temperatura; (B)


Retículo cristalino do gelo. .............................................................................. 49

Figura 20. Fluxo de água nos capilares da pasta de cimento. ......................... 50

Figura 21. (a) Micrografia eletrônica de varredura obtida em temperatura


criogênica de vazio de ar com cristais de gelo. (b) Idem após a sublimação do
gelo. ................................................................................................................ 51

Figura 22. Fator de durabilidade em função da taxa de substituição de agregado


graúdo natural (AGN) pelo agregado graúdo reciclado de concreto (AGRC). . 53

Figura 23. Representação esquemática do ensaio de migração de cloretos ... 56

Figura 24. Relação entre difusão de cloretos e resistividade elétrica. ............. 59

Figura 25. Esquema resumido das etapas do programa experimental. ........... 63

Figura 26. Esquema ilustrativo do sistema implantado. ................................... 65

Figura 27. Área de Implantação. ..................................................................... 66

Figura 28. Esquema de corte dos corpos de prova para o ensaio de


carbonatação. ................................................................................................. 85

Figura 29. Esquema do procedimento de estimativa das fases do concreto,


adaptada da norma ASTM E 562/99 (“Standard Test Methods for Determining
Volume Fraction by Sistematic Manual Point Count”), utilizada para a seleção de
amostras para a realização dos ensaios de difusão de cloretos. ..................... 87

Figura 30. Aparato utilizado no ensaio de migração de cloretos, utilizando


amostras com diâmetros iguais a 100 mm. ..................................................... 88

Figura 31. Determinação do time lag. .............................................................. 89


xxiii

Figura 32. Esquema de medição da resistividade do concreto utilizando-se o


conceito de Wenner dos quatro pontos. ........................................................... 91

Figura 33. Marcações realizadas nos corpos de prova para padronização das
medidas. .......................................................................................................... 92

Figura 34. Esquema de ensaio de aspersão de nitrato de prata realizado em


corpos de prova de concreto. ........................................................................... 93

Figura 35. Câmara climática. ........................................................................... 95

Figura 36. Execução de medição da propagação de ondas ultrassônicas. ...... 96

Figura 37. Distribuição do tamanho de partículas dos cimentos Portland


utilizados nesse estudo. ................................................................................... 99

Figura 38. Difratograma de raios X dos cimentos Portland utilizados. ............ 100

Figura 39. Distribuição granulométrica do agregado miúdo utilizado. ............ 103

Figura 40. Distribuição granulométrica das britas utilizadas. .......................... 104

Figura 41. Distribuição granulométrica dos agregados graúdos reciclados


utilizados. ....................................................................................................... 106

Figura 42. Separação gravimétrica das frações dos agregados graúdos


reciclados utilizados: (A) AR 4,8-10 mm e (B) AR 10-20 mm. ........................ 107

Figura 43. Densidade aparente, aos 28 dias, das misturas de referência e com
substituição do agregado natural pelo agregado reciclado............................. 109

Figura 44. Porosidade aparente, aos 28 dias, das misturas de referência e com
substituição do agregado natural pelo agregado reciclado............................. 110

Figura 45. Coeficiente de absorção capilar, aos 28 dias, das misturas de


referência e com substituição do agregado natural pelo agregado reciclado. 111

Figura 46. Resistência à compressão axial do concreto contendo agregado


reciclado em função do teor de substituição ao agregado graúdo e da relação
água/cimento, para diferentes idades dos corpos de prova. .......................... 112

Figura 47. Evolução da resistividade elétrica das misturas REF35, 35T50 e


35T100, em função da idade. ........................................................................ 115
xxiv

Figura 48. Evolução da resistividade elétrica das misturas REF45, 45T50 e


45T100, em função da idade. ........................................................................ 115

Figura 49. Evolução da resistividade elétrica das misturas REF55, 55T50 e


55T100, em função da idade. ........................................................................ 116

Figura 50. Correlação entre os resultados de resistividade elétrica e


absortividade dos concretos com relação água/cimento (A) 0,35, (B) 0,45 e (C)
0,55. .............................................................................................................. 118

Figura 51. Correlação entre os resultados de resistividade elétrica e porosidade


aparente dos concretos com relação água/cimento (A) 0,35, (B) 0,45 e (C) 0,55.
...................................................................................................................... 119

Figura 52. Correlação entre os resultados de resistividade elétrica e resistência


à compressão dos concretos com relação água/cimento (A) 0,35, (B) 0,45 e (C)
0,55. .............................................................................................................. 120

Figura 53. Correlação entre os resultados de resistividade elétrica e


absortividade dos concretos avaliados. ......................................................... 121

Figura 54. Correlação entre os resultados de resistividade elétrica e porosidade


aparente dos concretos avaliados. ................................................................ 122

Figura 55. Correlação entre os resultados de resistividade elétrica e resistência


à compressão axial dos concretos avaliados. ............................................... 122

Figura 56. Evolução da concentração de cloretos na solução presente na célula


anódica, em função do tempo, para ensaios de migração de cloretos, para as
misturas REF35, 35T50 e 35T100. ................................................................ 124

Figura 57. Evolução da concentração de cloreto na solução presente na célula


anódica, em função do tempo, para ensaios de migração de cloretos, para as
misturas REF45, 45T50 e 45T100. ................................................................ 124

Figura 58. Evolução da concentração de cloreto na solução presente na célula


anódica, em função do tempo, para ensaios de migração de cloretos, para as
misturas REF55, 55T50 e 55T100. ................................................................ 125
xxv

Figura 59. Valores de time lag (τ), estimados a partir de ensaios de migração de
cloretos, para os concretos contendo agregado reciclado em substituição ao
agregado natural. ........................................................................................... 126

Figura 60. Fluxo de íons cloro (JCl), estimado a partir de ensaios de migração de
cloretos, para as misturas estudadas. ............................................................ 127

Figura 61. Coeficientes de difusão nos estados estacionário e não estacionário,


calculados a partir de ensaios de migração de cloretos, para as misturas REF35,
35T50 e 35T100. ........................................................................................... 128

Figura 62. Coeficientes de difusão nos estados estacionário e não estacionário,


calculados a partir de ensaios de migração de cloretos, para as misturas REF45,
45T50 e 45T100. ........................................................................................... 129

Figura 63. Coeficientes de difusão nos estados estacionário e não estacionário,


calculados a partir de ensaios de migração de cloretos, para as misturas REF55,
55T50 e 55T100. ........................................................................................... 129

Figura 64. Relação entre o tempo de vida útil e a penetração de cloretos


(espessura em que a concentração de cloretos atinge 0,4%) para as misturas
REF35, 35T50 e 35T100................................................................................ 132

Figura 65. Relação entre o tempo de vida útil e a penetração de cloretos


(espessura em que a concentração de cloretos atinge 0,4%) para as misturas
REF45, 45T50 e 45T100................................................................................ 133

Figura 66. Relação entre o tempo de vida útil e a penetração de cloretos


(espessura em que a concentração de cloretos atinge 0,4%) para as misturas
REF55, 55T50 e 55T100................................................................................ 133

Figura 67. Relação entre o tempo de vida útil e o teor de substituição do agregado
reciclado (AGR) pelo agregado natural (AGN), para diversas relações
água/cimento. ................................................................................................ 134

Figura 68. Avaliação da profundidade de penetração de cloretos em amostras de


concreto REF35, 35T50 e 35T100, identificadas por aspersão de solução de
nitrato de prata 0,1M. ..................................................................................... 135
xxvi

Figura 69. Avaliação da profundidade de penetração de cloretos em amostras de


concreto REF45, 45T50 e 45T100, identificadas por aspersão de solução de
nitrato de prata 0,1M. .................................................................................... 135

Figura 70. Avaliação da profundidade de penetração de cloretos em amostras de


concreto REF55, 55T50 e 55T100, identificadas por aspersão de solução de
nitrato de prata 0,1M. .................................................................................... 136

Figura 71. Profundidades de penetração de cloretos nos diversos concretos


estudados, identificadas por aspersão de solução de nitrato de prata 0,1M. . 136

Figura 72. Correlação entre os resultados de resistividade elétrica e


profundidade de penetração de íons cloro, para as amostras com relação
água/cimento 0,35. ........................................................................................ 138

Figura 73. Correlação entre os resultados de resistividade elétrica e


profundidade de penetração de íons cloro, para as amostras com relação
água/cimento 0,45, ........................................................................................ 138

Figura 74. Correlação entre os resultados de resistividade elétrica e


profundidade de penetração de íons cloro, para as amostras com relação
água/cimento 0,55. ........................................................................................ 138

Figura 75. Correlação entre os resultados de resistividade elétrica e


profundidade de penetração de íons cloro nos concretos, independente da
relação água/cimento. ................................................................................... 139

Figura 76. Profundidade de carbonatação do concreto, identificadas por


aspersão de solução aquosa-alcóolica contendo 1% de fenolftaleína, após 9
semanas de exposição ao CO2 na câmara de carbonatação, das amostras de
concreto REF35, 35T50 e 35T100. ............................................................... 140

Figura 77. Profundidade de carbonatação do concreto, identificadas por


aspersão de solução aquosa-alcóolica contendo 1% de fenolftaleína, após 9
semanas de exposição ao CO2 na câmara de carbonatação, das amostras de
concreto REF45, 45T50 e 45T100. ............................................................... 141

Figura 78. Profundidade de carbonatação do concreto, identificadas por


aspersão de solução aquosa-alcóolica contendo 1% de fenolftaleína, após 9
xxvii

semanas de exposição ao CO2 na câmara de carbonatação, das amostras de


concreto REF55, 55T50 e 55T100. ................................................................ 141

Figura 79. Profundidade de carbonatação do concreto, identificadas por


aspersão de solução aquosa-alcóolica contendo 1% de fenolftaleína, após 15
semanas de exposição ao CO2 na câmara de carbonatação, das amostras de
concreto REF35, 35T50 e 35T100. ................................................................ 142

Figura 80. Profundidade de carbonatação do concreto, identificadas por


aspersão de solução aquosa-alcóolica contendo 1% de fenolftaleína, após 15
semanas de exposição ao CO2 na câmara de carbonatação, das amostras de
concreto REF45, 45T50 e 45T100. ................................................................ 142

Figura 81. Profundidade de carbonatação do concreto, identificadas por


aspersão de solução aquosa-alcóolica contendo 1% de fenolftaleína, após 15
semanas de exposição ao CO2 na câmara de carbonatação, das amostras de
concreto REF55, 55T50 e 55T100. ................................................................ 143

Figura 82. Profundidade de carbonatação das misturas após 9 e 15 semanas de


exposição à câmara de carbonatação, obtida por meio da aspersão de uma
solução aquo-alcóolica de fenolftaleína. ........................................................ 143

Figura 83. Correlação entre a porosidade aparente e a profundidade de


carbonatação após 9 semanas em câmara de carbonatação, para todas as
misturas avaliadas. ........................................................................................ 145

Figura 84. Correlação entre a porosidade aparente e a profundidade de


carbonatação após 15 semanas em câmara de carbonatação, para todas as
misturas avaliadas. ........................................................................................ 145

Figura 85. Densidade aparente dos corpos de prova submetidos aos ciclos de
congelamento e descongelamento ensaiados aos 28 dias de idade e após o
término da ciclagem, contendo agregado reciclado em substituição ao agregado
graúdo. .......................................................................................................... 147

Figura 86. Porosidade aparente dos corpos de prova submetidos aos ciclos de
congelamento e descongelamento ensaiados aos 28 dias de idade e após o
xxviii

término da ciclagem, contendo agregado reciclado em substituição ao agregado


graúdo. .......................................................................................................... 147

Figura 87. Coeficiente de absorção capilar de concretos submetidos aos ciclos


de congelamento e descongelamento ensaiados aos 28 dias de idade e após o
término da ciclagem, contendo agregado reciclado em substituição ao agregado
graúdo. .......................................................................................................... 148

Figura 88. Resistência à compressão axial do concretos submetidos aos ciclos


de congelamento e descongelamento contendo agregado reciclado em
substituição ao agregado graúdo, em função da idade dos corpos de prova. 149

Figura 89. Resistência à tração na flexão do concretos submetidos aos ciclos de


congelamento e descongelamento contendo agregado reciclado em substituição
ao agregado graúdo, em função da idade dos corpos de prova. ................... 150

Figura 90. Velocidade do pulso ultrassônico para as misturas. ..................... 152

Figura 91. Módulo de elasticidade dinâmico relativo para as misturas de


referência, AGR 15%, AGR 25% e AGR 50%, ao longo dos ciclos de gelo-degelo.
...................................................................................................................... 153

Figura 92. Fator de Durabilidade dos concretos submetidos a ciclos de


congelamento e descongelamento. ............................................................... 154

Figura 93. Aspecto visual dos corpos de prova de concreto (A) de referência e
contendo agregado reciclado nos teores de (B) 15%, (C) 25% e (D) 50%, após
ciclagem. ....................................................................................................... 156
xxix

SÍMBOLOS E ABREVIATURAS

ABRELPE Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e


Resíduos Especiais
ACI American Concrete Institute
AGN Agregado graúdo natural
AGR Agregado graúdo reciclado
AGRC Agregado graúdo reciclado de concreto
ARC Agregado reciclado de concreto
ASTM American Society for Testing and Materials Standards
BET Brunauer, Emmett e Teller - Ensaio para determinação de área
superficial específica
CEB Comitê Euro-international du Béton
CEMBUREAU European Cement Association
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
DIN Deutsche Institut für Normung
DRX Difração de Raios X
Ds Coeficiente de difusão no estado estacionário
Dns Coeficiente de difusão no estado não-estacionário
FRX Fluorescência de Raios X
H2O Água
MPa Megapascal
Ms Massa seca
Mu Massa úmida
Mi Massa imersa
NBR Norma Brasileira
NM Norma Mercosul
pH Potencial hidrogeniônico
PA Porosidade aparente
RCC Resíduo de construção civil
RCD Resíduos de construção e demolição.
W Watts
xxx

% Porcentagem
°C Grau Celsius
 Densidade do material
θ Ângulo de difração de raios X
λ Comprimento de onda
ρ Densidade do material
φ Coeficiente de absorção capilar (Kg/m2.min0,5)
τ Time lag
1

1. INTRODUÇÃO

O consumo de recursos naturais e de energia têm aumentado


proporcionalmente ao crescimento e desenvolvimento da população mundial.
Com isso, a questão ambiental tem sido discutida, atualmente, em várias áreas
do conhecimento. Diversos setores da sociedade têm tentado alterar sua forma
de produção, visando reduzir o impacto causado por suas atividades.
Inicialmente, os desastres e as catástrofes ambientais eram o foco das
discussões relativas ao meio ambiente. Nos dias atuais, entretanto, a
preocupação ambiental diz respeito, entre outras coisas, ao excessivo ou
ineficiente consumo de recursos naturais. Neste contexto, a reciclagem surge
como uma das estratégias de minimização dos impactos relacionados à geração
dos resíduos por oferecer três principais benefícios: (i) redução da demanda
sobre novos recursos, (ii) redução dos custos de transporte e produção de
energia e (iii) utilização de resíduos, que de outra forma estariam dispostos em
aterros apropriados (EDWARDS, 1999 apud TAM; TAM, 2006).
A extração de matérias-primas para diversas utilizações, além de deteriorar
a natureza, também está gerando, em certas áreas, desajustes ecológicos, como
se pode notar na maioria das regiões de extração mineral. A construção civil é
considerada um dos maiores agentes de degradação do ambiente, devido a
diversos fatores: grande volume de resíduo e elevado consumo de matérias-
primas e de energia para a produção e transporte do cimento e do concreto, por
exemplo. De acordo com Oikonomou (2005), na Comunidade Europeia, o setor
consome cerca de 40% de toda a energia gerada e origina aproximadamente
50% do total de resíduos produzidos.
De acordo com o Anuário Mineral Brasileiro do Departamento Nacional de
Produção Mineral - DNPM (2014), o consumo de areia e rochas britadas no Brasil
em 2013 foi de aproximadamente 377 milhões e 293 milhões de toneladas,
respectivamente. Além disso, foram exportadas, em 2013, 38.887 toneladas de
brita e cascalho, valoradas em US$ 1.275.935, que estiveram distribuídas, em
termos de quantidades, em 96,8% para a Bolívia, e o restante, entre Venezuela,
Peru e China.
2

O uso dos agregados provenientes da reciclagem de resíduos de


construção civil (RCC) tem se tornado uma realidade em alguns países do
mundo, inclusive no Brasil. A maior aplicação deste tipo de agregado tem sido
em camadas de pavimentação, entretanto, seu uso na fabricação de concreto
tem aumentado. Um exemplo vem da Alemanha, onde já se demonstrou a
viabilidade do uso do concreto com agregado reciclado em funções estruturais,
já se tendo, inclusive, normas reguladoras para o uso do mesmo, tais como as
Normas DIN 4226-100 e DIN 1045-2 (WEIL et al., 2006; XIAO et al., 2006).
Diversos estudos mostram que a avaliação do desempenho de uma mistura
de concreto não está limitada à determinação das suas propriedades mecânicas,
uma vez que é da máxima importância a caracterização do material quanto à sua
durabilidade. A vida útil de uma estrutura de concreto armado e/ou o seu
desempenho ao longo do tempo estão intimamente ligados às interações com o
meio ambiente e às propriedades que definem a sua durabilidade (BASHEER et
al., 2001).
A viabilidade técnica de reinserção do material reciclado como agregado
em novas matrizes cimentícias é o objeto de várias pesquisas. Grande parte
delas tem como foco principal as questões relacionadas à resistência mecânica
destes novos compostos (BAZUCO, 1999; LEITE, 2001; BUTTLER, 2003;
CABRAL, 2007; LOVATO, 2007), confirmando que, se inserido até determinado
limite (aproximadamente 30%, em massa), em substituição ao agregado graúdo
natural, é possível usar este agregado graúdo reciclado para a confecção de
concretos para fins estruturais.
Além de observar a resistência à compressão e à tração, propriedades
básicas para a verificação do desempenho de concreto armado, também é de
suma importância a observação da durabilidade do novo produto, principalmente
quando se pretende adotar o resíduo para a confecção de um concreto
estrutural. O concreto confeccionado com RCC tende a apresentar uma
microestrutura mais porosa, pois, além do agregado de RCC ser, de maneira
geral, mais poroso do que um agregado natural, a interação que ocorre entre a
pasta e os agregados reciclados tende a gerar um concreto mais poroso
(CABRAL, 2007).
3

Dentre as várias causas de deterioração do concreto, a ação do CO 2 e a


penetração de íons cloro (cloretos) são os principais agentes que afetam a
integridade do aço no concreto armado. A ação destes agentes agressivos altera
química e fisicamente a microestrutura do concreto, tornando as armaduras
vulneráveis à corrosão, influenciando diretamente na durabilidade deste
material.
A grande maioria dos trabalhos restringe-se à avaliação das propriedades
mecânicas dos concretos produzidos com o RCC, considerando esta avaliação
suficiente para definir a viabilidade técnica desta aplicação. Com isso, ainda não
há o domínio acerca da durabilidade de concretos reciclados e, segundo Cabral
(2007), as peculiaridades, a variabilidade e a possível contaminação dos
agregados provenientes dos resíduos de construção civil (RCC) são fatores
limitantes à expansão da utilização de agregados reciclados em concretos
estruturais. Nesse sentido, o presente estudo visa apresentar as características
físicas e químicas do resíduo de construção civil estudado, além de determinar
as propriedades mecânicas e a durabilidade do concreto elaborado com o
agregado reciclado, frente à penetração de íons cloro e à carbonatação, além da
verificação da resistividade elétrica e do desempenho quando submetido à
ciclagem térmica gelo-degelo.
4
5

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. Resíduos de construção civil

O elevado volume de resíduos gerados nas cidades brasileiras,


provenientes da construção civil (RCC), que também podem ser denominados
resíduos de construção e demolição (RCD) quando estes são oriundos de novas
obras, reformas e demolições, vem crescendo. De acordo com Buttler (2003), é
inevitável a geração de resíduos em um processo de fabricação e, quando não
há um conhecimento da tecnologia apropriada para a reciclagem, certamente
serão depositados na natureza, resultando em inúmeros problemas ambientais.
Em algumas ocasiões, nem sempre o problema é a falta de tecnologia, mas, a
inexistência de uma fiscalização rigorosa que venha apontar diretamente os
responsáveis por ações contra a natureza.
A definição desse resíduo ainda é motivo de discordância, devido à
diversidade de atividades geradoras do RCC e da abrangência das frações
presentes em sua composição (ANGULO, 2000).
A Agência de Proteção Ambiental (APA) define RCC como o material de
resíduo produzido no processo de construção, renovação ou demolição de
estruturas (edifícios e estradas). Além disso, inclui os materiais gerados como
resultado de desastres naturais. Dentre os componentes dos resíduos de
construção civil estão materiais como concreto, asfalto, madeira, tijolo, metais,
gesso e telhas (EPA, 2012).
A Resolução nº 307 do CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente,
publicada em 17 de julho de 2002 no Diário Oficial da União (DOU), classifica os
resíduos de construção civil em quatro classes, a saber:
 Classe A: contém os RCC reutilizáveis ou recicláveis como os
agregados, tais como resíduos de argamassa e concreto;
 Classe B: contempla os RCC recicláveis para outras destinações como
plásticos, papel/papelão, metais, entre outros;
 Classe C: abrange os RCC sem tecnologia disponível para a
reciclagem e aproveitamento e;
6

 Classe D: onde se enquadram os RCC perigosos como tintas,


solventes, óleos, fibrocimentos com amianto, entre outros.
A Resolução nº 431 do CONAMA, publicada em 25 de maio de 2011 no
DOU, modifica o art. 3º da Resolução nº 307/2002, estabelecendo nova
classificação para o gesso. De acordo com esta nova Resolução, o resíduo de
gesso passa a pertencer à Classe B e não mais à Classe C. Portanto, os resíduos
Classe B são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como:
plásticos, papel, papelão, metais, vidros, madeiras e gesso; e os pertencentes à
Classe C são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou
aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem ou
recuperação.
Diante do exposto, os resíduos da construção e demolição deverão ser
destinados de acordo com sua classificação, conforme a Tabela 1.

Tabela 1. Classificação e formas de destinação dos resíduos da construção civil.

Classes Destinação
Deverão ser reutilizados ou reciclados na forma de agregados, ou
A encaminhados a áreas de aterro de resíduos da construção civil, sendo
dispostos de modo a permitir sua utilização ou reciclagem futura.
Deverão ser reutilizados, reciclados ou encaminhados à área de
B armazenamento temporário, sendo dispostos de modo a permitir sua
utilização ou reciclagem futura.
C Deverão ser armazenados, transportados e destinados em
conformidade com as normas técnicas específicas.
D Deverão ser armazenados, transportados, reutilizados e destinados em
conformidade com as normas técnicas específicas.
Fonte: CONAMA, 2002.

Em 2004, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) publicou


uma série de normas relativas aos resíduos da construção civil, são elas:
• NBR 15112:2004 – Resíduos da construção civil e resíduos volumosos –
Área de transbordo e triagem – Diretrizes para projeto, implantação e operação;
• NBR 15113:2004 – Resíduos sólidos da construção civil e resíduos inertes
– Aterros – Diretrizes para projeto, implantação e operação;
7

• NBR 15114:2004 – Resíduos sólidos da construção civil – Áreas de


reciclagem – Diretrizes para projeto, implantação e operação;
• NBR 15115:2004 – Agregados reciclados de resíduos sólidos da
construção civil – Execução de camadas de pavimentação – Procedimentos;
• NBR 15116:2004 – Agregados reciclados de resíduos sólidos da
construção civil – Utilização em pavimentação e preparo de concreto sem função
estrutural – Requisitos.
O conteúdo referente a estas normas vem ao encontro das diretrizes
propostas pela Resolução CONAMA 307/2002. De modo geral, estas normas
tratam de áreas de transbordo e triagem, áreas de reciclagem, aterros de
resíduos da construção civil e o uso como agregados reciclados na execução de
camadas de pavimentação e preparo de concreto sem função estrutural.
De acordo com a NBR 15116:2004 (“Agregados reciclados de resíduos
sólidos da construção civil – Utilização em pavimentação e preparo de concreto
sem função estrutural – Requisitos”), os resíduos da construção civil são
definidos como resíduos provenientes de construções, reformas, reparos e
demolições de obras de construção civil e os resultantes da preparação e da
escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto, solo,
rocha, madeira, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros,
plásticos, tubulações, fiação elétrica etc., comumente chamados de entulhos de
obras ou caliça.
No Brasil, o gerenciamento de resíduos da construção e demolição baseia-
se na Resolução CONAMA nº. 307/2002 e na Política Nacional de Resíduos
Sólidos (PNRS), Lei nº 12.305. Esta lei impõe que a partir de quatro anos após
sua publicação, portanto, a partir de 02 de agosto de 2014, só deveriam ser
dispostos nos aterros sanitários os rejeitos e não mais os resíduos passíveis de
reciclagem. No entanto, a maioria das cidades brasileiras não conseguiu atender
às exigências contidas na PNRS e, com isso, foi aprovado no Senado o projeto
que dá mais prazo para que os municípios, responsáveis pela gestão desse
serviço, se ajustem à Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Com a
medida, as prefeituras tinham até 2016 para elaborarem seus planos de resíduos
sólidos e até 2018 para implementarem seus aterros sanitários.
8

A PNRS considera como rejeitos os resíduos sólidos que não apresentam


outra possibilidade que não a disposição final ambientalmente adequada, após
encerradas todas as possibilidades de tratamento e recuperação por processos
tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis dos resíduos sólidos
(MOREIRA; CABRAL, 2011).
De forma simplificada, Cabral (2007) apresenta, na Figura 1, um esquema
de classificação dos resíduos sólidos.

Figura 1. Esquema de classificação dos resíduos sólidos segundo a fonte geradora.

Fonte: CABRAL, 2007.

Segundo Pinto (1999) e John (2000), tanto no Brasil como em outros


países, os RCC representam, em média, 50% da massa dos resíduos sólidos
urbanos. De acordo com Medeiros Jr. et al. (2010) e Delongui et al. (2010), a
construção civil, no Brasil, gera cerca de 265-630 kg/hab.ano de resíduo,
enquanto que as estimativas internacionais mostram uma variação de 130-3000
kg/hab.ano. Em 2014, os municípios brasileiros coletaram cerca de 122 mil
9

toneladas por dia de RCC, o que implica no aumento de 4,1%, em relação ao


ano de 2013. Este crescimento, também observado em anos anteriores, exige
atenção especial quanto ao destino final dado aos RCC, visto que a quantidade
total desses resíduos é ainda maior. Além disso, vale salientar que os
municípios, via de regra, coletam apenas os resíduos lançados nos logradouros
públicos (ABRELPE, 2014).
Para Peng et al. (1997 apud TAM; TAM, 2006), há uma hierarquia das
opções de disposição dos resíduos, que categoriza os impactos ambientais em
seis níveis, de acordo com o apresentado na Figura 2.

Figura 2. Hierarquia dos impactos provenientes dos resíduos de construção civil.

Fonte: adaptado de PENG et al., 1997 apud TAM; TAM, 2006.

De acordo com os estudos de Peng et al. (1997), apresentados por Leite


(2001), para avaliar o nível de impacto causado ao meio ambiente com a
disposição de resíduos de construção civil, dentro de um modelo hierárquico,
tem-se:
 A redução da geração de resíduos: mostra-se como a alternativa mais
eficaz para a diminuição do impacto ambiental, além de ser a melhor alternativa
do ponto de vista econômico;
10

 A reutilização dos resíduos: uma simples movimentação de materiais


de uma aplicação para outra, decisão utilizada com o mínimo de processamento
e energia;
 A reciclagem dos resíduos: a transformação destes em novos produtos;
 A compostagem dos resíduos: consiste basicamente na transformação
da parte orgânica em húmus para o tratamento do solo;
 A incineração dos resíduos: pode extrair energia dos materiais sem
gerar substâncias tóxicas, quando é cuidadosamente operacionalizada;
 O aterramento dos resíduos: quando não há mais o que se aproveitar
dos resíduos.
A partir desta análise, percebe-se que a redução, a reutilização e a
reciclagem (3 R’s) se apresentam como a base para a promoção do equilíbrio
ecológico, minimizando os impactos ambientais causados pelos resíduos.
Assim, esta avaliação é complementada pela Figura 3, que mostra o fluxo de um
material fictício de um sistema de resíduos circular, onde o produto em fim de
vida ou quaisquer resíduos de saída são tratados como recursos e utilizados
como insumos no processo de metabolismo (CURRAN; WILLIAMS, 2012;
MATETE; TROIS, 2008).
O reaproveitamento e a reciclagem são soluções ideais para estes grandes
volumes de resíduos da construção civil. Contudo, o destino final para os
resíduos de construção civil nem sempre é o mais adequado. Muitas vezes, os
RCC são dispostos de forma ilegal, tanto no Brasil como no exterior (PINTO,
1999; EPA, 1998; EC, 2011).
11

Figura 3. Fluxo linear e cíclico dos recursos.

Fonte: adaptado de SONG et al., 2015.

Para Angulo et al. (2003) e Fernandes (2004), a pré-seleção do resíduo de


construção civil é realizada nas usinas de reciclagem, gerando, assim, três
produtos diferentes:

 Agregado Reciclado de Concreto (ARC): chamado também de cinza ou


branco, é principalmente composto por materiais cimentícios, como concretos e
argamassas;
 Agregado Reciclado Vermelho (ARV): com predominância de materiais
cerâmicos, como tijolos, telhas e pisos cerâmicos;
 Agregado Reciclado Misto (ARM): quando possui menos de 90%, em
massa, de fragmentos à base de cimento Portland e rochas.

Muitos pesquisadores têm estudado a composição dos RCC em diferentes


cidades brasileiras e, também, em outros países, comprovando sua alta
variabilidade. A Tabela 2 apresenta os resultados encontrados em diversos
estudos para algumas cidades brasileiras. Em todas as cidades pesquisadas
verificou-se que os materiais cimentícios (concreto e argamassa) foram os que
apresentaram maior participação na composição dos RCC, chegando a
12

representar, nas cidades de Ribeirão Preto/SP e Salvador/BA, por exemplo, mais


de 50% do RCC gerado (CARNEIRO, 2005).

Tabela 2. Composição gravimétrica, em porcentagem, do RCC gerado em diversas


cidades brasileiras.

Origem / Percentual em massa (%)


Material
São Paulo Ribeirão Preto Salvador Florianópolis
SP¹ SP² BA³ SC4
Concreto e
33 59 53 37
Argamassa
Solo e Areia 32 - 22 15

Cerâmica 30 23 14 12

Rochas - 18 5 -

Outros 5 - 6 36

Fonte: CARNEIRO, 2005.


1
BRITO FILHO, 1999 apud JOHN, 2000;
2
ZORDAN, 1997;
3
CARNEIRO et al., 2000;
4
XAVIER et al., 2002 apud CARNEIRO, 2005.

Evangelista (2009) desenvolveu estudos de caso de experiências de


reciclagem em canteiros de obras da Região Metropolitana de Salvador (RMS),
utilizando equipamento móvel de britagem. A partir disso, foi verificado que, por
meio da sistematização do processo de reciclagem, há benefícios econômicos e
ambientais decorrentes da prática da reciclagem em canteiros de obras. No
aspecto ambiental, cerca de 80% do volume de RCC gerado foi utilizado como
agregado reciclado em substituição ao agregado natural. No aspecto econômico,
foi constatada a possibilidade de retorno financeiro decorrente da economia
realizada com a redução dos bota-fora e na aquisição de agregado natural.
A reciclagem do RCC pode ser empregada para diversos fins no setor da
construção civil, que é um dos setores que apresenta maior potencial para
absorver os resíduos sólidos e, dentre as várias possibilidades, tem-se: camadas
de base e sub-base para pavimentação, camadas drenantes, coberturas
13

primárias de vias, fabricação de argamassas de assentamento e revestimento,


fabricação de concretos e fabricação de pré-moldados como blocos, meios-fios,
dentre outros.

2.2. Uso de agregado reciclado na construção civil

Dentre as características dos agregados importantes para a tecnologia do


concreto estão a composição granulométrica, a absorção de água, a forma e
textura das partículas, a resistência à compressão e o módulo de elasticidade. O
conhecimento destas características dos agregados é fundamental para o
estudo de dosagem, uma vez que determinam as propriedades dos concretos
nos estados fresco e endurecido (MEHTA; MONTEIRO, 2014).
Os agregados reciclados (AR) de resíduos de construção civil, por sua vez,
são formados principalmente por compostos inertes e estão sendo cada vez mais
utilizados como um substituto para os agregados naturais. No entanto, eles
também contêm materiais perigosos, tais como metais e compostos químicos,
particularmente, os provenientes de tintas e vernizes, que podem contaminar o
ambiente circundante (POON et al., 2002; SANI et al., 2005). Com isso, para se
obter o agregado reciclado, deve haver, nas usinas de reciclagem, uma
separação manual, numa primeira etapa, dos resíduos Classe A, dentre os quais
podem-se citar os resíduos de concreto como os que apresentam maiores
potenciais de utilização. As principais fontes geradoras de resíduos de concreto
são as fábricas de pré-moldados, usinas de concreto pré-misturado, demolições
de construções e pavimentos rodoviários (BUTTLER, 2003).
A qualidade do agregado reciclado, por sua vez, está intimamente
relacionada a fatores externos e internos às usinas de reciclagem de RCC. Entre
os fatores internos têm-se desde a etapa de concepção do projeto das usinas de
valorização dos resíduos até a comercialização dos produtos finais, além do
beneficiamento do resíduo. Como fatores externos estão o armazenamento do
resíduo de construção civil nos canteiros de obra e a sua uniformidade (WRAP,
2005).
No Brasil, os agregados reciclados são utilizados, principalmente, em obras
de pavimentação, pelo fato de ainda existirem muitas dúvidas e questionamentos
14

a respeito do uso do agregado reciclado em concreto estrutural. O aspecto


principal é o fato do RCC possuir grande heterogeneidade, sendo indispensável
um estudo aprofundado de suas propriedades (TROIAN, 2010). Contudo, de
acordo com Vieira (2003), em alguns países onde a reciclagem de resíduos de
construção já está consolidada de fato, a utilização de agregados reciclados há
muito deixou de ocorrer apenas em obras de construção de rodovias. Nos países
europeus, precursores da reciclagem de resíduos de construção civil, o
agregado reciclado já está sendo utilizado no concreto armado, para casas
residenciais de médio padrão, portos marítimos e até em concretos de alta
resistência.
Estudos acerca da utilização de agregado reciclado de concreto (ARC) em
aplicações estruturais estão sendo realizados de modo a melhorar seu
desempenho. Isso significa reduzir os pontos fracos que limitam as aplicações
de agregado reciclado de concreto ou, de maneira simplificada, remover a pasta
de cimento aderida na superfície do agregado (JUAN; GUTIÉRREZ, 2009).
Segundo Poon et al. (2004), o agregado natural original (graúdo e miúdo)
representa entre 65% e 70% do volume do agregado reciclado, sendo o restante
ocupado pela argamassa ou pasta aderida. Esta pasta de cimento e/ou
argamassa endurecida/aderida que envolve as partículas de pedra natural
(agregado natural) é responsável pelo aumento da porosidade e do desgaste por
abrasão Los Angeles e pela diminuição da densidade do ARC, além de
influenciar as propriedades do concreto produzido com ARC nos estados fresco
e endurecido, como, por exemplo, na redução da resistência à compressão e à
tração devido ao aumento da porosidade do concreto e uma ligação interfacial
agregado-matriz fraca (ETXEBERRIA et al., 2007; MARTÍNEZ et al., 2013;
MATIAS et al., 2013; ANDREU; MIREN, 2014; GÓMEZ-SOBERÓN, 2002;
ANGULO et al., 2010; JUAN; GUTIÉRREZ, 2009; ZAHARIEVA et al., 2003; LEE;
CHOI, 2013). Aliado a isto, Lima e Leite (2012) acreditam que a capacidade de
absorção de água das partículas de argamassa e de cerâmica presentes nos
agregados reciclados também pode comprometer as propriedades finais das
argamassas e concretos.
15

De acordo com os estudos de Etxeberria et al. (2006) e Tam et al. (2005),


a natureza da interface é controlada pelas propriedades tanto do agregado
quanto da pasta de cimento. No concreto com agregado reciclado, existem duas
interfaces: a interface entre a argamassa aderida e o agregado original, e a nova
zona de transição interfacial entre a nova argamassa e o agregado reciclado.
Quando o agregado antigo não tem qualquer pasta e/ou argamassa antiga
aderida à sua superfície ou aos seus poros, a interface apresenta-se
praticamente igual à observada no agregado natural (agregado não reciclado).
A Figura 4 mostra a região interfacial entre a argamassa e o agregado
reciclado, que é composto por agregado e argamassa antiga.

Figura 4. Interface do agregado reciclado com a nova argamassa.

Fonte: adaptado de ETXEBERRIA et al., 2006.

Cabral (2007) ilustra de forma simplificada os dois tipos de interface entre


o agregado e a argamassa, como pode ser visto na Figura 5.
16

Figura 5. Zonas de transição do agregado reciclado de concreto.

Fonte: CABRAL, 2007.

De acordo com pesquisas desenvolvidas por Nagataki et al. (2000) apud


Cabral (2007), o processo de britagem e a dimensão do agregado reciclado tem
influência na quantidade de argamassa aderida à sua superfície. Com isso, esse
teor de argamassa pode ser reduzido à medida que passa pelos britadores,
sendo que, no trabalho desses autores, os agregados graúdos reciclados
provenientes de uma, duas e três britagens apresentaram uma redução gradual
dos teores de argamassa para 47,7%, 37,8% e 27,3%, respectivamente,
independentemente da resistência à compressão do concreto original.
Na última década, muitas pesquisas foram realizadas buscando viabilizar o
emprego de resíduos de construção civil, em substituição ao agregado natural,
em matrizes cimentícias. Para González-Fonteboa e Martínez-Abella (2008), o
emprego de agregados reciclados é um fator de grande relevância dentro do
pensamento da construção sustentável. Desse modo, muitos pesquisadores
avaliaram as propriedades mecânicas e de durabilidade dos concretos com a
utilização de agregado reciclado (LEITE, 2001; ETXEBERRIA et al., 2004;
GONÇALVES et al., 2004; JUAN; GUTIÉRREZ, 2004; BRITO et al., 2005;
SENTHAMARAI; MANOHARAN, 2005; CORREIA et al., 2006; ULSEN, 2006;
CABRAL et al., 2010; SENTHAMARAI et al., 2011; CORDEIRO, 2013;
GONZALEZ; ETXEBERRIA, 2014).
17

O concreto com a incorporação do agregado reciclado é, em geral, mais


poroso que o concreto convencional. Este fato está relacionado com a
característica microestrutural do material (TOPÇU; SENGEL, 2004; GÓMEZ-
SOBERÓN, 2002). Com isso, Olorunsogo e Padayachee (2002) inferem que a
durabilidade do concreto diminui à medida em que se aumenta a incorporação
do agregado reciclado de concreto (ARC) na matriz cimentícia. No entanto, esse
fator é atenuado de acordo com o tempo de cura a que estes concretos são
submetidos.
Estudos que abordam a questão da durabilidade em concretos com a
incorporação de ARC ainda não conseguiram elucidar o comportamento do novo
material, sendo a heterogeneidade dos agregados reciclados um dos maiores
empecilhos para os pesquisadores do tema.
O reaproveitamento de resíduos de construção civil, como agregado
reciclado, é modesto e ainda existem muitas dúvidas e questionamentos a
respeito de seu uso em concreto estrutural. Além disso, o Brasil ainda está mais
preocupado em resolver problemas emergenciais, como a falta de um
gerenciamento adequado destes resíduos que afetam os grandes centros
metropolitanos. No entanto, é essencial que se tenham estudos e soluções, para
que se possa utilizar os RCC em novas construções.
Segundo Cabral (2007), existem fatores limitantes para a expansão da
utilização dos agregados reciclados, tais como: a variabilidade dos seus
componentes e, consequentemente, das suas características e a possível
contaminação dos RCC por agentes agressivos, que podem vir a minorar o
desempenho mecânico e a durabilidade dos concretos confeccionados com os
reciclados. É necessário, portanto, estudar o comportamento dos concretos com
agregado reciclado submetidos a estes agentes de degradação como, por
exemplo, os íons cloro, que são considerados os mais problemáticos dentro do
processo da corrosão de armaduras, e o dióxido de carbono, o principal
responsável pela carbonatação do concreto (BERTOLINI et al., 2007; METHA;
MONTEIRO, 2014).
18

2.3. Concreto produzido com agregado reciclado de concreto

O concreto tem suas propriedades, como resistência, durabilidade,


retração e permeabilidade, influenciadas pelo número, tipo, tamanho e
distribuição dos poros presentes nos agregados, na pasta de cimento e na zona
de transição (BASHEER et al., 2001). Portanto, entender o comportamento do
concreto com agregado reciclado é premissa básica que norteia o uso deste
produto alternativo.
Normalmente, o agregado miúdo reciclado não é considerado para a
produção de concreto com agregado reciclado, devido à sua aplicação em
concreto estrutural geralmente não ser recomendada, uma vez que os
agregados miúdos contêm uma grande quantidade de argamassa aderida em
sua superfície, o que resulta em dificuldades de se obter a trabalhabilidade
necessária, além de um aumento considerável na deformação (causada pela
fluência e retração) e reduções drásticas do módulo de elasticidade e da
resistência à compressão (HANSEN, 1992 apud WAGIH et al. (2013);
GONZÁLEZ-FONTEBOA; MARTÍNEZ-ABELLA, 2007).
De acordo com estudos apresentados por Etxeberria et al. (2007), o
concreto produzido com 100% de agregado graúdo reciclado de concreto
(AGRC) pode apresentar uma resistência à compressão entre 20% a 25%
inferior à do concreto convencional, aos 28 dias, com a mesma relação
água/cimento (a/c igual a 0,50) e o mesmo consumo de cimento (325 kg de
cimento/m³ de concreto). No entanto, concretos com até 25% de substituição de
AGRC têm praticamente as mesmas características mecânicas que concretos
convencionais, aos 28 dias.
Estudos realizados por Etxeberria et al. (2007) são corroborados pelos
resultados apresentados por Wagih et al. (2013), que avaliaram as resistências
à compressão dos concretos com substituição de 0%, 25%, 50%, 75% e 100%
de agregado graúdo natural (AGN) pelo agregado graúdo reciclado de concreto
(AGRC) e com adição ou não da sílica ativa (Figura 6).
19

Figura 6. Redução da resistência à compressão, associada à substituição do agregado


graúdo natural (AGN) pelo agregado graúdo reciclado de concreto (AGRC), com
presença de aditivo superplastificante (SP) e com adição ou não da sílica ativa (SA).

Fonte: adaptado de WAGIH et al., 2013.

Além da sua resistência mecânica, o concreto contendo agregado reciclado


ou concreto reciclado tem sua trabalhabilidade muito influenciada pela
substituição do agregado natural. A Figura 7 mostra que o aumento do teor de
substituição do agregado natural por agregado graúdo reciclado de concreto
(AGRC) diminui a trabalhabilidade do concreto e, consequentemente, aumenta
a demanda de água para alcançar a consistência adequada. A substituição
integral dos agregados graúdos naturais (AGN) por AGRC demandou um
acréscimo de cerca de 10% da água de amassamento na mistura para alcançar
a mesma trabalhabilidade sem o uso de aditivo superplastificante. No entanto,
com a utilização desse aditivo, a relação água/aglomerante diminuiu em uma
média de 12% e 15% com ou sem sílica ativa, respectivamente (WAGIH et al.,
2013).
20

Figura 7. Efeito da substituição do agregado natural pelo agregado reciclado de concreto


em relação à trabalhabilidade.

Fonte: adaptado de WAGIH et al., 2013.

Os agregados reciclados de concreto exercem influência, também, na cura


dos concretos reciclados, que apresentam melhor desenvolvimento que
concretos convencionais, quando tem 100% dos agregados graúdos naturais
substituídos pelos AGRC. Kou et al. (2011) mantiveram corpos de prova de
concreto em cura úmida por 28 dias, 365 dias e cinco anos. Os resultados
mostram que, dos 28 dias para os cinco anos, concretos contendo 100% de
AGRC apresentaram um aumento na resistência à compressão e à tração
superior aos concretos convencionais, submetidos ao mesmo tempo de ensaio.
Os mesmos concretos reciclados apresentaram uma redução de 45% na
porosidade aos cinco anos, se comparados com os corpos de prova aos 28 dias,
e os autores atribuem este comportamento à hidratação do cimento antigo e à
interação entre a nova pasta de cimento e a argamassa do agregado.

Estudos que tratam da durabilidade de concreto com agregado reciclado


de concreto (ARC) têm sido realizados para melhor entender o efeito do uso de
diferentes ARC em suas propriedades. Nesse sentido, alguns estudos têm
mostrado que o concreto com agregado reciclado é significativamente mais
permeável do que o concreto com agregado natural (AN). De acordo com
21

Hansen (2004 apud LOTF et al., 2015), a velocidade dos diversos tipos de
deterioração do concreto depende da permeabilidade desse material,
influenciada pela absorção de água. A penetração de água no concreto é fator
determinante para que a maioria dos mecanismos de deterioração seja eficaz.
De acordo com Silva et al. (2015), o tamanho do agregado reciclado possui
um claro efeito sobre a carbonatação do concreto, de modo que existe maior
probabilidade dos concretos feitos com agregados miúdos reciclados de
concreto exibirem profundidades de carbonatação, bem superiores aos
produzidos com agregado graúdo reciclado de concreto. Isso pode ser
facilmente explicado pela maior porosidade do agregado miúdo reciclado de
concreto (AMRC), consequência da maior quantidade de argamassa aderida à
superfície dos grãos.
Os resultados obtidos por Werle (2010) reforçam a ideia de que a
porosidade do ARC utilizado é decisiva na carbonatação do novo concreto. No
referido trabalho, a autora analisou a carbonatação em concretos com diferentes
percentuais e resistências do concreto que gerou o AGRC. Ao analisar os
resultados, conclui que, quanto maior o teor de substituição, maior é a
profundidade carbonatada, comportamento também observado por Kou e Poon
(2012).
Estudos realizados por Silva et al. (2015) mostram que, com a crescente
substituição do agregado natural pelo reciclado, aumenta-se, também, a
profundidade de carbonatação no concreto. A utilização de 100% de agregado
graúdo reciclado de concreto pode gerar uma profundidade de carbonatação até
duas vezes maior que aquela formada em concretos com agregados naturais.
Da mesma forma, os estudos realizados por Katz (2003) reforçam esta ideia, à
medida que apontam que a profundidade de carbonatação em concretos com
agregados reciclados de concreto é de 1,3 a 2,5 vezes superior à dos concretos
de referência.
De acordo com dados da “Building Contractor Society of Japan” (1978),
citados por Lamond et al. (2002), para concretos feitos com agregados reciclados
de concreto que já sofreram carbonatação, a sua taxa passa a ser 65% maior
22

que a dos concretos feitos com agregados naturais, podendo, assim, ocasionar
um aumento na velocidade de corrosão das armaduras.
Por outro lado, no processo de deterioração das estruturas de concreto
armado, os agentes agressivos mais problemáticos são os cloretos, tanto no que
diz respeito ao período de iniciação quanto ao de propagação.
Os concretos produzidos com agregado reciclado contaminados por
cloretos podem gerar grandes problemas quando utilizados para a produção de
novos materiais. De acordo com os estudos de Quebaud (1996) apresentados
por Leite (2001), os agregados reciclados podem ser contaminados por cloretos
de duas maneiras:
 Através da penetração dos íons cloro nas estruturas, principalmente
em áreas marinhas, pontes ou pavimentos submetidos a sais de degelo; ou
 Através do uso de agregados retirados de zonas marinhas, ou de
aditivos aceleradores de pega, à base de cloretos, nas misturas do concreto.
Os trabalhos apresentados por Ryu (2002 apud CABRAL, 2007) e por Tu
et al. (2006) mostram que a profundidade de penetração de cloretos nos
concretos reciclados foi maior que a encontrada em concretos com agregados
naturais, especialmente para as relações água/cimento mais altas. Para Kou e
Poon (2012), a resistência à penetração de íons cloro é melhorada a partir da
incorporação de cinza volante ao concreto, de modo a reduzir a relação a/c e,
consequentemente, a porosidade do material.
Somna et al. (2012) mostraram que há uma redução na permeabilidade em
concretos contendo 100% de agregado graúdo reciclado de concreto, com
substituição parcial do cimento por cinza volante (CV) e cinzas do bagaço da
cana de açúcar (CBCA), em comparação à permeabilidade dos concretos de
referência. Da mesma maneira, a resistência à penetração de cloretos é
aumentada à medida que o teor de substituição de CV e CBCA cresce. No
entanto, para concretos submetidos a ataques de sulfato, percebeu-se que, com
maior substituição de cimento por cinzas, os mesmos sofreram maior
deterioração. De acordo com estes estudos, o teor ideal de substituição de
cimento por CV ou por CBCA para concretos com AGRC é de 20%. Deste modo,
os autores obtiveram alta resistência à compressão, baixa permeabilidade, alta
23

resistência a íons cloro e alta resistência ao ataque de sulfatos. A Tabela 3


resume as diferenças nas propriedades entre o concreto convencional e o
reciclado, de acordo com Marinkovi (2012 apud METHA; MONTEIRO, 2014).

Tabela 3. Diferenças nas propriedades do concreto reciclado, comparadas ao concreto


com agregado natural, utilizando a mesma relação água/cimento e 100% de substituição
de agregado.

Propriedade Diferença
Resistência à compressão Redução em até 25%
Resistência à tração direta e na flexão Redução em até 10%
Módulo de elasticidade Redução em até 45%
Retração por secagem Aumento em até 70%
Fluência Aumento em até 50%
Absorção de água Aumento em até 50%
Profundidade de carbonatação Similar
Resistência ao congelamento e degelo Reduzida
Penetração de cloretos Igual ou ligeiramente aumentada
Abatimento Igual ou ligeiramente reduzido
Fonte: adaptada de Marinkovi (2012 apud MEHTA; MONTEIRO, 2014).

Muitos países, onde os agregados reciclados já estão inseridos no contexto


da construção civil, já demonstraram a viabilidade técnica do seu uso em
concreto com funções estruturais, inclusive já tendo normas reguladoras para
este uso.
A Tabela 4 apresenta um resumo das normas utilizadas em alguns países
europeus que utilizam o agregado reciclado em concreto estrutural.
24

Tabela 4. Normas utilizadas por alguns países europeus para a confecção de concreto
estrutural com a utilização de agregado reciclado.

Taxa de Densidade Classe de Percentagem de


Uso de
absorção seca em resistência substituição do
Norma Classificação Composição agregado miúdo
máxima estufa máxima agregado graúdo
reciclado
(%) (kg/m³) (MPa) reciclado

Agregados
tamanho > 4 mm
Tipo I reciclado de 20 ≥ 1500 C16/20
até 100%
alvenaria

RILEM TC Agregados de tamanho > 4 mm tamanho < 4 mm


Tipo II 10 ≥ 2000 C50/60
121 - DRG concreto até 100% não
(1994) recomendado

Mistura = 80%
Natura + 20% Sem limite tamanho > 4 mm
Tipo III - ≥ 2400
agregado (max. superior até 20%
Reciclado)

≥ 90%
ARB 1 agregados do 7 ≥ 2200 C40/50 25%
concreto
Portugal E Não
471 (2006) recomendado
≥ 70%
ARB 2 agregados do 7 ≥ 2200 C35/45 20%
concreto

Espanha
EHE Agregados do tamanho > 4 mm Não
RCA 7 ≥ 2100 ≤ 40
(2008) concreto até 20% recomendado
Annex 15

≥ 90% do
Tipo I WO ≤ 45
concreto e
Fragmentos de
agregados
concreto/ areia 10 ≥ 2000
naturais de
de concreto
Alemanha acordo com
britado
DIN 4226-1 De acordo WF ≤ 35
DIN 4226-
com DIN EM tamanho < 2 mm
100:
206-1 e DIN não
Agregados
1045-2 - recomendado
Reciclado ≥ 70% do
Tipo II C30/37
s
Fragmentos de
concreto e WO ≤ 35
agregados
construção/ 15 ≥ 2000
naturais de
areia artificial
acordo com
de construção
DIN 4226-1 WF ≤ 25

Obs.: WO - Concreto com cura normal que se mantém seco durante a utilização / WF - Concreto que durante o uso é frequentemente
molhado por longos períodos de tempo.

Fonte: MEHTA; MONTEIRO, 2014.


25

2.4. Durabilidade e vida útil das estruturas de concreto

As definições de durabilidade e vida útil, palavras muitas vezes utilizadas


como sinônimos, estão diretamente associadas, no entanto, apresentam
diferenças conceituais.
A vida útil usualmente é definida como o período de tempo durante o qual
as estruturas de concreto mantêm condições satisfatórias de uso, atendendo às
finalidades esperadas em projeto. Dessa forma, a FIP-CEB (“Comitê Euro-
international du Béton”) de 1989 considera a vida útil como o tempo que a
estrutura mantém um limite mínimo de comportamento em serviço, para o qual
foi projetada, sem elevados custos de manutenção e reparo. A NBR 6118:2014
(“Projeto de estruturas de concreto - Procedimento”) utiliza o conceito de vida útil
de projeto para definir o período de tempo durante o qual se mantêm as
características das estruturas de concreto, desde que atendidos os requisitos de
uso e manutenção prescritos pelo projetista e pelo construtor, bem como de
execução dos reparos necessários, decorrentes de danos acidentais.
Um modelo simplificado foi proposto por Tuutti (1982) e apresentado por
Santos (2006). De acordo com este modelo, a vida útil de uma estrutura de
concreto armado, sob o ponto de vista da corrosão das armaduras, é dividida em
dois períodos: o período de iniciação da corrosão e o período de propagação,
conforme apresentado na Figura 8.
A vida útil das armaduras é dividida em duas fases no modelo proposto por
Tuutti (1982): iniciação e propagação. O período de iniciação é definido como o
tempo em que os agentes agressivos levam para atravessar o cobrimento, atingir
a armadura e provocar a sua despassivação e o período de propagação é
definido como o tempo em que a deterioração evolui até chegar a uma condição
inaceitável.
Durante a fase de iniciação, os danos apresentados pela estrutura são
geralmente imperceptíveis. Na segunda fase, ocorre a formação de óxidos
devido à corrosão das armaduras e a consequente redução da seção das
armaduras e, em função do grau de corrosão, pode ocorrer o aparecimento de
fissuras, o que acelera ainda mais o processo de deterioração (SANTOS, 2006).
26

Figura 8. Representação esquemática do modelo de vida útil de estruturas de concreto


armado.

Fonte: TUUTTI, 1982 apud SANTOS, 2006.

Com base neste modelo, Helene (1993) elaborou diversos conceitos de


vida útil, como visto na Figura 9, que são:
 Vida útil de projeto: Período de tempo que vai até a despassivação da
armadura, normalmente denominado de período de iniciação. Nesta etapa, os
agentes agressivos, tais como cloretos, CO2 e sulfatos, ainda estão penetrando
através da rede de poros de cobrimento, sem causar danos efetivos à estrutura;
 Vida útil de serviço: Período de tempo em que os efeitos dos agentes
agressivos começam a se manifestar até o momento em que aparecem manchas
na superfície do concreto, ou ocorrem fissuras no concreto de cobrimento ou,
ainda, quando há o destacamento do concreto de cobrimento;
 Vida útil total: Corresponde ao período de tempo no qual há redução
significativa da seção resistente da armadura ou perda importante da aderência
armadura/concreto, podendo acarretar o colapso parcial ou total da estrutura;
 Vida útil residual: Corresponde ao período de tempo no qual a estrutura
será capaz de desempenhar suas funções após uma vistoria e/ou intervenção.
Envolve parte das vidas úteis de serviço e total.
27

Figura 9. Modelo de vida útil.

Fonte: HELENE, 1993.

Um material atinge o fim de sua vida útil quando suas propriedades, sob
determinadas condições de uso, tiverem se deteriorado de tal forma que a
continuação de sua utilização se torna insegura e antieconômica (MEHTA;
MONTEIRO, 2014).
No que diz respeito à durabilidade, a NBR 6118:2014 (“Projeto de
estruturas de concreto - Procedimento”) a define como a capacidade da estrutura
de resistir às influências ambientais previstas e definidas em conjunto pelo autor
do projeto estrutural, o responsável técnico da obra e o contratante, no início dos
trabalhos de elaboração do projeto. De forma análoga, para a ISO 13823:2008
(General principles on the design of structures for durability), durabilidade é a
capacidade de uma estrutura ou de seus componentes de satisfazer, com dada
manutenção planejada, os requisitos de desempenho do projeto, por um período
específico de tempo sob influência das ações ambientais, ou como resultado do
processo de envelhecimento natural.
Portanto, a durabilidade das estruturas de concreto está relacionada com
suas interações com o ambiente em que estão inseridas, além das
características dos materiais e/ou componentes e às condições de utilização
28

impostas durante sua vida útil. Com isso, destaca-se que a durabilidade não é
uma propriedade intrínseca dos materiais, mas, sim, uma função relacionada
com o desempenho dos mesmos sob determinadas condições ambientais
(POSSAN, 2010).
De acordo com Helene (1993), a durabilidade de estruturas de concreto
pode ser determinada por quatro fatores, denominada de regra dos 4C's:

 Composição ou traço do concreto;


 Compactação ou adensamento efetivo do concreto na estrutura;
 Cura efetiva do concreto na estrutura;
 Cobrimento ou espessura do concreto de cobrimento das armaduras.

Quando se trata da durabilidade de estruturas de concreto, a água exerce


um papel central, uma vez que ela, em conjunto com a agressividade do meio
ambiente no qual está inserido, desencadeia diversos processos físicos e
químicos através dos poros presentes na matriz cimentícia. De uma forma geral,
considera-se que, normalmente, estes efeitos ocorrem de forma sobreposta (e
não isoladamente), controlados pela permeabilidade do material e acelerados
em função do tipo e da concentração de íons presentes ou, ainda, pela
composição química do sólido (BASHEER et al., 2001).

2.5. Mecanismos de transporte no concreto

Os agentes agressivos penetram no concreto através da rede de poros, por


intermédio das chuvas ou umidade. Entre os mecanismos de transporte de
líquidos e gases no concreto, podem-se destacar como mais influentes no
fenômeno de corrosão: a permeabilidade, a absorção capilar, a difusão e a
migração iônica.

2.5.1. Permeabilidade

A permeabilidade é definida como o fluxo de um fluido devido a um


gradiente de pressão, sendo caracterizada pela facilidade com que um fluido
atravessa um sólido poroso sob uma diferença de pressão e é determinada pela
29

continuidade e tamanho dos poros na estrutura deste sólido (MEHTA;


MONTEIRO, 2014; SANTOS, 2006).
A permeabilidade da pasta de cimento depende da composição e do grau
de hidratação do cimento, teor de agregados e emprego de adições minerais,
além da relação água/cimento. A permeabilidade da pasta com um dia de idade
pode ser dez mil vezes superior à permeabilidade da mesma pasta com 7 dias e
cerca de um milhão de vezes maior que aos 28 dias (NEVILLE, 1982 apud
HELENE, 1993).
O coeficiente de permeabilidade é obtido aplicando-se a lei de Darcy para
um fluxo laminar, estacionário e não-turbulento através de um meio poroso,
como mostrado na Equação 1.

𝐾ℎ . 𝐴. 𝐻
𝑄𝑓 = Equação 1
𝐿
, em que Qf é a vazão do fluido (m3/s), Kh é a permeabilidade hidráulica
(m/s), A é a seção do meio poroso (m2), H é a altura da coluna d’água (m), e L é
o comprimento da amostra (m).

2.5.2. Absorção capilar

A absorção capilar é definida como o fluxo de um fluido devido a um


gradiente de umidade. Outra definição para este mecanismo é o transporte de
líquidos devido à tensão superficial atuante nos poros capilares do concreto.
A absorção capilar é uma propriedade medida quando o processo de
transporte atuante é o da penetração de água sob ação de uma pressão
atmosférica normal, porque a ocupação dos vazios ocorre sem o estímulo de um
gradiente de pressão aplicado (HELENE, 1993). No concreto, em princípio,
quanto menor o diâmetro dos capilares, maior a pressão capilar e,
consequentemente, maior e mais rápida a absorção. Este fenômeno é
comprovado pela equação de Young (Equação 2).

𝛾𝑠𝑙 = 𝛾𝑙𝑔 𝑐𝑜𝑠𝜃 − 𝛾𝑠𝑔 = 0 Equação 2


30

Em que, γsl, γlg, γsg, são os valores de tensão superficial do sólido-líquido,


líquido-gás e sólido-gás, respectivamente e θ, o ângulo de molhamento do
líquido em estudo.
Uma das formas de controle da absorção capilar é o uso de aditivo
incorporador de ar. Este permite a formação de pequenas bolhas de ar no interior
do concreto que têm a função de interromper a rede de poros, diminuindo, assim,
a capilaridade do conjunto.
A absortividade do material (S) pode ser obtida a partir de resultados
experimentais e da aplicação da equação 3.

𝑖 = 𝐴 + 𝑆. 𝑡 1/2 Equação 3

Em que S é a absortividade, A é o termo constante, i é o volume de água


acumulado por unidade de área e t é o tempo de ensaio.

2.5.3. Difusão

A difusão é o processo de transporte de substâncias de um meio para outro,


devido a uma diferença de potencial químico, muitas vezes de concentração. A
difusão é um processo espontâneo de transporte de massa por efeito de
gradientes de concentração, proporcionado por dois diferentes meios em contato
íntimo, através dos quais a substância se difunde para igualar as concentrações.
Este fenômeno ocorre tanto para substâncias presentes em meio líquido
como para aquelas em meio gasoso. Os dois principais agentes agressivos que
comprometem as armaduras do concreto, os cloretos e o CO2, têm a sua
penetração controlada por este fenômeno. Além disso, a penetração do oxigênio,
substância essencial para o progresso do processo catódico, também se dá por
difusão (SANTOS, 2006).
Em 1855, Adolf Eugen Fick desenvolveu um modelo matemático para a
difusão em materiais permeáveis, elaborando, a partir de suas pesquisas, duas
Leis de Transporte. A primeira Lei de Fick é utilizada para o cálculo do coeficiente
de difusão no estado estacionário (ou coeficiente de difusão efetivo) e está
representada pela Equação 4. Para o cálculo do coeficiente de difusão no estado
31

não-estacionário, também chamado de coeficiente de difusão aparente, recorre-


se à segunda Lei de Fick, definida de acordo com a Equação 5, que tem como
solução a Equação 6.

𝜕𝐶 Equação 4
𝑞𝑚 = −𝐷
𝜕𝑥

𝜕𝐶 𝜕2𝐶 Equação 5
= −𝐷 2
𝜕𝑡 𝜕𝑥

𝑥 Equação 6
𝐶 (𝑥, 𝑡) = 𝐶𝑠 (1 − 𝑒𝑟𝑓 )
2√𝐷. 𝑡

Em que qm representa o fluxo de massa, x é a profundidade onde se mede


a quantidade de massa que penetrou, C é a concentração, D é o coeficiente de
difusão, C(x,t) é a concentração da substância a uma distância x, em um tempo
t e Cs é a concentração superficial da substância em difusão.
Para Helene (1993), a descrição teórica do ingresso dos íons cloro devido
ao processo de difusão é feita basicamente pelas leis de Fick da difusão. No
entanto, a capacidade de fixação de cloretos dos produtos de hidratação, que
muda de acordo com variáveis como o tipo de cimento e a presença ou não de
adições minerais no concreto, dificulta o modelamento.
Desse modo, pode-se dizer que os coeficientes de difusão obtidos a partir
de ensaios no estado não-estacionário são, na realidade, influenciados pela
capacidade de fixação de cloretos, que varia de um concreto para outro. Com
isso, o uso do coeficiente de difusão de forma direta para a previsão de vida útil
é bastante dificultado, considerando que dificilmente a difusão irá ser o único
mecanismo ocorrendo em condições práticas, além da variação do teor de
umidade de equilíbrio (MEDEIROS, 2008).
Quando ocorre a difusão do CO2 no concreto, este gás se dissolve na
solução aquosa dos poros e reage com o hidróxido de cálcio também dissolvido
na fase aquosa do concreto. Estas reações de carbonatação são responsáveis
pela redução do pH do concreto e, consequentemente, a despassivação do aço,
favorecendo a ocorrência da corrosão das armaduras (SANTOS, 2006).
32

2.5.4. Migração iônica

A migração iônica é o mecanismo de transporte que ocorre quando existe


um potencial elétrico que possibilita o deslocamento dos íons presentes no
eletrólito para que se neutralize o efeito da diferença de potencial (SANTOS,
2006).
O primeiro pesquisador a propor um experimento baseado na migração de
íons foi Whiting, em 1981, com o objetivo principal de obter resultados relativos
à capacidade de barrar a entrada de cloretos em poucas horas. O ensaio é
recomendado atualmente pela ASTM C 1202/12 (“Standard Test Method for
Electrical Indication of Concrete's Ability to Resist Chloride Ion Penetration”),
sendo utilizado para produzir uma informação qualitativa sobre a difusão de
cloretos no concreto, evitando, assim, a necessidade de execução do ensaio de
difusão que é muito mais prolongado (GEIKER et al., 1995 apud MEDEIROS,
2008).
No entanto, segundo Andrade (1993), o ensaio de migração de íons, de
acordo com a ASTM C 1202/12, apresenta os seguintes erros:
 A variável medida é a corrente total e não a parte que corresponde
especificamente ao fluxo de cloretos;
 A integração da corrente ao longo do tempo não distingue, no início do
experimento, o que se refere ao fluxo de cloretos e o que se refere a reação de
fixação de cloretos;
 A alta diferença de potencial (60 V) induz ao aquecimento que acaba
mudando a velocidade do fluxo de íons.
Como as leis de Fick não são apropriadas para modelar o fenômeno da
migração, Andrade (1993) propôs a utilização da equação de Nernst-Planck que
é utilizada no mecanismo de transporte em eletrólitos (Equação 7).

𝜕𝐶𝑖 (𝑥) 𝑧𝑖 𝐹 𝜕𝐸(𝑥)


−𝐽𝑖 (𝑥 ) = 𝐷𝑖 + 𝐷𝑖 𝐶𝑖 + 𝐶𝑖 𝑉𝑖 (𝑥) Equação 7
𝜕𝑥 𝑅𝑇 𝜕(𝑥)

Onde, Ji é o fluxo da espécie iônica, Di é o coeficiente de difusão, Ci(x) é a


concentração da espécie iônica (i) em função da profundidade (x), zi é a valência
da espécie iônica, F é a constante de Faraday, R é a constante universal dos
33

gases, T é a temperatura, E(x) é o potencial elétrico aplicado em função da


profundidade e Vi(x) é a velocidade de convecção de i.
A lei geral que governa a transferência de massa em eletrólitos, que foi
estabelecida pela Equação 7, possui três termos que podem ser conceitualmente
escritos de acordo com a Equação 8:

Fluxo = difusão pura + migração elétrica + convecção Equação 8

A aplicação direta desta equação para o concreto é difícil, necessitando de


algumas simplificações. Andrade (1993) considerou em seus estudos a situação
onde não há convecção, isto é, não existem gradientes de pressão ou umidade
e que a parcela da difusão pura é desprezível em comparação ao efeito de
migração, o que é razoável para diferenças de potencial suficientemente altas
(10 a 15 V), mas, não altas suficientemente ao ponto de causar aquecimento.
Quando a corrente é alta o suficiente, a elevação da temperatura pode ser
considerável e este acréscimo de temperatura irá afetar a mobilidade dos íons.
Este efeito é conhecido como efeito Joule e deve ser minimizado em um
experimento envolvendo a migração de íons (MEDEIROS, 2008).
Desse modo, a equação de Nernst-Planck (Equação 7) pode ser
condensada como mostra a Equação 9:

𝑧𝑖 𝐹 𝜕𝐸(𝑥)
𝐽𝑖 (𝑥 ) = − 𝐷𝑖 𝐶𝑖 Equação 9
𝑅𝑇 𝜕(𝑥)

Para os estudos desenvolvidos por Ribeiro (2010), Santos (2006) e


Castellote et al. (2001), foram utilizados ensaios de migração para o cálculo do
coeficiente de difusão aparente ou não estacionário (Dapp) utilizando-se o
conceito de time lag em uma solução analítica que relaciona os resultados
obtidos em ensaio de difusão natural e em ensaios acelerados de migração.
O time lag (𝜏) caracteriza o período de tempo em que a difusão se mantém
no regime não estacionário e, no caso do transporte dos cloretos, é definido
como o tempo em que estes íons levam para estabelecer um fluxo constante
através do concreto, em ensaios de migração ou difusão (SANTOS, 2006).
34

2.6. Corrosão das armaduras do concreto armado

De maneira geral, a corrosão pode ser definida como a deterioração de um


material, geralmente metálico, por ação química ou eletroquímica do meio
ambiente, associada ou não a esforços mecânicos, resultando na perda de
massa do material (CASCUDO, 1997; GENTIL, 2007). A deterioração causada
pela interação físico-química entre o material e o seu meio operacional
representa alterações prejudiciais indesejáveis sofridas pelo material, que
podem ser o desgaste, variações químicas ou modificações estruturais,
tornando-o inadequado ao uso. Assim, a deterioração de materiais não
metálicos, como o concreto de cimento Portland, devida à ação química, também
é considerada corrosão.
O aço no interior dos concretos está envolto em uma proteção física e
também química contra os agentes externos, onde a espessura do cobrimento
representa a barreira física, que dificulta a entrada de agentes agressivos, e a
alcalinidade do eletrólito, a barreira química. Esse ambiente altamente alcalino
(pH da ordem de 12,6) proporcionado pelo concreto, decorrente da hidratação
dos silicatos de cálcio do cimento (C3S e C2S), liberando uma quantidade
expressiva (cerca de 25% da massa total dos compostos hidratados) de
hidróxido de cálcio (CH), favorece a formação eletroquímica de uma película
protetora de caráter passivo sobre o aço (HELENE, 1986 apud VAGHETTI,
2005).
Quando o concreto que envolve a armadura não é executado de forma
correta, a barreira existente pode não funcionar perfeitamente, permitindo a
penetração de agentes agressivos, como o dióxido de carbono (CO2) e os íons
cloro (Cl-), que são os principais responsáveis pela corrosão nas estruturas de
concreto armado.
De acordo com Gentil (2007), o mecanismo da corrosão nos metais pode
ocorrer basicamente de duas formas: a primeira está relacionada com a corrosão
de caráter puramente químico, chamada de oxidação; e a segunda forma de
corrosão é chamada de corrosão eletroquímica, que é o tipo de deterioração
comumente observada nas estruturas de concreto armado.
35

Além disso, segundo Gentil (2007), a corrosão eletroquímica da armadura


no concreto pode se manifestar da seguinte forma:
 Corrosão uniforme: corrosão em toda a extensão da armadura quando
esta fica exposta ao meio corrosivo;
 Corrosão puntiforme ou por pites: os desgastes são localizados sob a
forma de pequenas cavidades, também chamadas alvéolos;
 Corrosão intergranular: é processada entre os grãos dos cristais do
metal e quando as barras de aço sofrem, principalmente, tensões de tração,
podem fissurar ou fraturar, perdendo sua estabilidade;
 Corrosão transgranular: que se realiza intragrãos da rede cristalina,
podendo levar à fratura da estrutura, quando houver esforços mecânicos;
São extremamente graves as três últimas formas de corrosão quando
existe ação conjunta de solicitação mecânica e meio corrosivo (o que é bastante
provável), pois ocasionam a corrosão sob tensão fraturante, possivelmente a
mais grave (RIBEIRO, 2010).
O mecanismo de corrosão eletroquímica é baseado na existência de um
desequilíbrio elétrico entre metais diferentes ou entre distintas partes do mesmo
metal, configurando o que se chama de pilha de corrosão ou célula de corrosão,
conforme pode ser observado na Figura 10.

Figura 10. Modelo da corrosão de armaduras no concreto.

Fonte: ROSENBERG et al., 1989 apud CASCUDO, 2000.


36

Assim, a corrosão da armadura pode ser resumida da seguinte forma


(RIBEIRO, 2010):
Nas zonas anódicas, o ferro perde elétrons, ocasionando a dissolução do
metal (oxidação):

2𝐹𝑒 → 2𝐹𝑒 2+ + 4𝑒 − Equação 10

Nas zonas catódicas, em meios neutros e aerados, ocorre a redução:

2𝐻2 O + 𝑂2 + 4𝑒 − → 4𝑂𝐻 − Equação 11

Acarretando, assim, as seguintes reações de corrosão, com formação de


ferrugem (óxidos e hidróxidos de ferro):

2𝐹𝑒 + 2𝐻2 𝑂 + 𝑂2 → 2𝐹𝑒 2+ + 4𝑂𝐻 − Equação 12

2𝐹𝑒 2+ + 4𝑂𝐻 − → 2𝐹𝑒(𝑂𝐻)2 𝑜𝑢 2𝐹𝑒𝑂. 𝐻2 𝑂 Equação 13


1
2𝐹𝑒(𝑂𝐻)2 + 𝐻2 𝑂 + 𝑂2 → 2𝐹𝑒(𝑂𝐻)3 𝑜𝑢 2𝐹𝑒2 𝑂3 . 𝐻2 𝑂 Equação 14
2

Sendo o FeO.H2O (óxido ferroso hidratado), o Fe(OH)3 (hidróxido férrico) e


o Fe2O3.H2O (óxido férrico hidratado, goetita), compostos expansíveis e o
Fe(OH)2 (hidróxido ferroso) fracamente solúvel.
De forma geral, Cascudo (1997) definiu a corrosão da armadura quanto à
sua morfologia, sendo classificada em: generalizada, proporcionada pela
redução de pH do aço devido à carbonatação; localizada por pite, pela ação de
um dos principais agentes agressivos que desencadeiam a corrosão das
armaduras, os cloretos e; localizada sob tensão fraturante. Uma representação
esquemática de cada tipo de corrosão está apresentada na Figura 11, bem como
os principais fenômenos causadores de cada um deles.
37

Figura 11. Tipos de corrosão e fatores que a provoca.

Fonte: CASCUDO, 1997.

2.6.1. Passivação da armadura no concreto

O concreto confere à armadura uma proteção física, separando o aço do


contato direto com o meio externo (cobrimento da armadura) e uma proteção
química proporcionada pela alta alcalinidade do eletrólito, com pH em torno de
12,5 a 13,5, o qual promove a formação de uma película passivadora que
envolve o aço. Com relação ao aspecto químico, a partir das reações de
hidratação dos aluminatos e silicatos do cimento Portland, vários são os
compostos formados, desde os hidratos cristalinos como a etringita
(trissulfoaluminato de cálcio hidratado) até a família dos silicatos de cálcio
hidratados (C-S-H).
A película passivadora protetora do aço é gerada a partir de uma rápida e
extensa reação eletroquímica que resulta na formação de uma fina camada de
óxidos, transparente e aderente ao aço (POURBAIX, 1987 apud FIGUEIREDO;
MEIRA, 2013). Esta película protetora se forma logo após o início da hidratação
do cimento e é composta por óxido de ferro, apresentando variação de
composição que vai desde Fe3O4 (Magnetita) a γ-Fe2O3 (Maghemita). O filme
passivo é muito aderente e delgado, submicroscópico, sua espessura varia de
10-3 a 10-1 µm. O filme passivo pode ser destruído com a carbonatação da matriz
cimentícia ou pela ação deletéria de cloretos ou, ainda, pela ação simultânea de
38

ambos os fatores, deixando a armadura vulnerável ao fenômeno da corrosão


(HELENE, 1993; CASCUDO, 1997; NEVILLE, 1997).
Os íons alcalinos da solução do poro presentes na matriz de cimento, tem
pH da ordem de 12,6 (à temperatura ambiente) que proporciona uma passivação
ao aço, de acordo com o diagrama de Pourbaix, na região de equilíbrio de Fe2O3
ou Fe3O4, conforme a Equação 15 (RIBEIRO; CUNHA, 2014).

3𝐹𝑒 + 4𝐻2 𝑂 → 𝐹𝑒3 𝑂4 + 8𝐻 + + 8𝑒 − Equação 15

O diagrama de Pourbaix indica as regiões em que o metal se encontra na


zona de passivação ou despassivação, relacionando valores de potencial padrão
E (mV) e de pH, para temperatura de 25°C e pressão de 1 atm, como mostra a
Figura 12.
Segundo Helene e Cunha (2001), a faixa usual de potencial de corrosão do
ferro no concreto é da ordem de 100 mV a –400 mV, em relação ao eletrodo de
referência padrão de hidrogênio (EH), e Helene (1993) explica as três regiões
distintas do diagrama de Pourbaix da seguinte forma:
 Imunidade: corresponde à região onde o potencial de eletrodo é menor
que -600 mV em relação ao eletrodo padrão de hidrogênio. Esta é a região em
que é impossível ocorrer a corrosão;
 Passivação: corresponde à região do diagrama que representa as
condições em que é formada a película passivadora. As duas retas tracejadas
paralelas e oblíquas representam a região de estabilidade da água, sendo que
acima delas é o domínio do oxigênio e abaixo o do hidrogênio;
 Corrosão: corresponde à região do diagrama que representa as
situações onde pode ocorrer corrosão.
39

Figura 12. Diagrama de Pourbaix simplificado para o sistema ferro-água a temperatura


de 25ºC.

Fonte: CASCUDO, 1997.

2.6.2. Carbonatação

A carbonatação nada mais é do que um processo físico-químico no qual


gases ácidos, presentes no ambiente, tendem a neutralizar a fase líquida
intersticial do concreto, que está saturada de hidróxido de cálcio e de outros
compostos alcalinos hidratados. Os principais gases ácidos que podem levar à
redução do pH da solução existente nos poros do concreto são: o gás carbônico
(CO2), o dióxido de enxofre (SO2) e o gás sulfídrico (H2S). Esse processo recebe
o nome de carbonatação devido à maior incidência do CO2 nas reações de
neutralização (FIGUEIREDO, 2005).
A qualidade inadequada do concreto se apresenta como um dos fatores
principais para que o fenômeno da carbonatação seja facilitado. Pequenas
espessuras de recobrimento, elevada relação água/cimento, reduzidas
quantidades de cimento e ciclos de umedecimento e secagem são condições
que favorecem a velocidade de carbonatação (RIBEIRO; CUNHA, 2014).
40

Segundo Taylor (1997), o mecanismo do processo de carbonatação tem


como uma de suas etapas a dissolução do dióxido de carbono na solução do
poro da pasta de cimento, de acordo com a Equação 16.

𝐶𝑂2 + 2𝑂𝐻 − → 𝐶𝑂32− + 𝐻2 𝑂 Equação 16

De maneira simultânea, na solução do poro do cimento, são obtidos os íons


OH- e Ca2+, principalmente oriundos da dissolução do hidróxido de cálcio,
conforme se vê na Equação 17.

𝐶𝑎(𝑂𝐻)2 → 𝐶𝑎2+ + 2𝑂𝐻− Equação 17

Complementarmente, o CO32- reage com o Ca2+, por exemplo, formando o


carbonato de cálcio, segundo a Equação 18.

𝐶𝑎2+ + 𝐶𝑂32− → 𝐶𝑎𝐶𝑂3 Equação 18

É importante salientar que a ação do CO2, mesmo em baixa concentração,


sobre os constituintes do cimento hidratado, é complexa, pois, não se limita ao
hidróxido de cálcio, mas, ataca e degrada diversos produtos da hidratação do
cimento, segundo as Equações 19 a 21, sendo que, de acordo com Houst e
Wittmann (2002), os hidróxidos de sódio e potássio presentes na solução dos
poros reagem com o ácido carbônico para formar carbonatos de sódio (Na2CO3)
e potássio (K2CO3), que são solúveis e que se dissociam facilmente, liberando o
íon carbonato (CO32-) para, em seguida, reagirem com o Ca2+, formando
carbonato de cálcio (CaCO3) e disponibilizando novamente os hidróxidos de
sódio e potássio.

𝐶𝑎(𝑂𝐻)2 + 𝐶𝑂2 → 𝐶𝑎𝐶𝑂3 + 𝐻2 𝑂 Equação 19

2𝑁𝑎𝑂𝐻 + 𝐶𝑂2 → 𝑁𝑎2 𝐶𝑂3 + 𝐻2 𝑂 Equação 20

2𝐾𝑂𝐻 + 𝐶𝑂2 → 𝐾2 𝐶𝑂3 + 𝐻2 𝑂 Equação 21


41

Com o início da carbonatação, podem ser assumidas duas camadas


distintas que se formam no interior do concreto. Uma é a camada totalmente
carbonatada em que o CO2 penetrou e reagiu e; uma camada não-carbonatada,
onde o CO2 ainda não penetrou, sendo que o dióxido de carbono se difunde
através da camada carbonatada para a camada não-carbonatada (TALUKDAR;
BANTHIA; GRACE, 2012).
A representação do processo de carbonatação, devido à penetração do
CO2 no concreto pode ser observada na Figura 13.

Figura 13. Representação esquemática da penetração de CO 2 por difusão e do


processo de carbonatação.

Fonte: BAKKER, 1988 apud FREIRE, 2005.

Um dos fenômenos associados a carbonatação é a redução do pH da


solução dos poros do concreto de 12,6 a menos de 9,0, aproximadamente. Em
consequência disso, o filme de óxidos passivantes do aço pode ser destruído,
conforme ilustra a Figura 14, e pode ocorrer uma corrosão acelerada
(PAPADAKIS et al., 1992).
Um fator positivo da carbonatação é o fato de a água liberada na reação
ajudar na hidratação do cimento ainda não hidratado. Devido a isto, o concreto
tem um ganho de dureza e menor permeabilidade, em sua região superficial,
42

pois, a carbonatação inicia na superfície do concreto e se projeta para seu


interior. Isso mostra que a carbonatação do cimento hidratado pode ter efeitos
benéficos e não apenas deletérios. Um exemplo disto, é que a exposição a níveis
elevados de CO2 durante a fase de endurecimento das argamassas de cimento
misturado com a escória de alto-forno conduz a uma matriz mais forte e menos
permeável devido ao aumento da taxa de hidratação do silicato tricálcico
(LANGE; HILLS; POOLE, 1996).

Figura 14. Representação do avanço da frente de carbonatação e da destruição da


camada passivadora.

Fonte: TULA, 2000 apud CARMONA, 2005.

A velocidade com que a frente de carbonatação avança depende da


estrutura da rede de poros do material, bem como das suas condições de
umidade relativa, tempo, relação a/c, tipo de cimento, permeabilidade do
concreto e cura. O teor de umidade crítico para a ocorrência da carbonatação
está compreendido na faixa entre 40% e 80% da umidade relativa, conforme
mostra a Figura 15. Se os poros estiverem secos, o CO2 penetra no concreto, no
entanto, a carbonatação não ocorre, pois, falta água para que as reações se
processem. Se os poros estiverem saturados, a carbonatação fica comprometida
pela baixa velocidade de difusão do dióxido de carbono na água, que é cerca de
104 vezes menor do que através do ar (NEVILLE, 1997).
43

Figura 15. Influência da umidade relativa no grau da carbonatação, supondo que a


umidade do concreto está em equilíbrio com a umidade ambiental.

Fonte: VENUAT; ALEXANDRE, 1969 apud FIGUEIREDO; MEIRA, 2013.

2.6.3. Ação dos cloretos

A corrosão das armaduras pode ser provocada pela ação dos íons cloro,
que são considerados os agentes de degradação mais importantes para uma
estrutura de concreto armado, apresentando-se como a principal causa da
deterioração prematura (DUPRAT, 2007; MAHESWARAN; SANJAYAN, 2004;
MARTÍN-PÉREZ et al., 2010; VAL; STEWART, 2003).
É necessário conhecer as possíveis formas de contaminação dos concretos
por cloretos e o mecanismo de transporte destes íons através da rede de poros
do material. Existem quatro mecanismos de transporte de íons no concreto:
Absorção Capilar, Permeabilidade, Difusão e Migração Iônica, que podem atuar
simultaneamente ou sucessivamente ao longo do tempo, conforme as condições
de exposição às quais o concreto se encontra submetido (CALÇADA, 2004 apud
TROIAN, 2010; SIQUEIRA, 2008), conforme será discutido em detalhes no item
3.5.
44

A contaminação por íons cloro pode ser decorrente tanto do meio externo,
onde a contaminação se dá pela impregnação da superfície do concreto, quanto
da utilização de aditivos aceleradores de pega ou utilização de materiais
contaminados adicionados à massa de concreto, conforme Tabela 5.

Tabela 5. Fontes de íons cloro, em concretos.

Fontes externas Incorporados à massa de concreto

Maresia ou névoa de ambiente marinho Aditivos aceleradores de pega e


Água do mar
endurecimento
(zonas de respingo e variação da maré)
Sais de degelo
Água de amassamento contaminada
Processos industriais
Solos contaminados
Agregados contaminados
Lavagens com ácido muriático

Fonte: CASCUDO, 1997; HELENE, 1993.

De acordo com Helene (1999) apud Ribeiro (2010), os ânions Cl- podem
destruir a película passivadora presente na armadura, devido ao meio ser
alcalino, além de acelerar permanentemente a corrosão, sem consumir-se,
conforme as Equações 22 e 23.

𝐹𝑒 3+ + 3𝐶𝑙 − → 𝐹𝑒𝐶𝑙3 + 𝐻2 𝑂 Equação 22

𝐹𝑒𝐶𝑙3 + 3𝑂𝐻 − → 3𝐶𝑙 − + 𝐹𝑒(𝑂𝐻)3 Equação 23

Os cloretos participam dessas reações, no entanto, não são consumidos,


sendo liberados para novas reações. Com isso, a corrosão pode se desenvolver
mesmo com pequenas quantidades de cloretos. No caso de ferro em água
saturada de ar, em temperatura ambiente, observa-se que a taxa de corrosão
inicialmente cresce com a concentração de cloreto de sódio, atingindo um valor
máximo (3% de NaCl) e depois decresce até um teor de 26%, conforme Figura
16.
45

As regiões litorâneas (atmosfera marinha, ação direta de água do mar,


lençol freático), são áreas que merecem uma maior atenção, pois, a atmosfera
marinha contém cloretos presentes na água do mar, tanto oriundos do cloreto de
sódio (NaCl), quanto do cloreto de magnésio (MgCl2), sendo que, este último sal
absorve umidade atmosférica, deixando a superfície do metal sempre
umedecida e, consequentemente, sujeita à corrosão, devido à presença de
eletrólitos fortes (NaCl e MgCl2) e água (GENTIL, 2007).

Figura 16. Efeito da concentração de cloreto de sódio sobre a taxa de corrosão.

Fonte: GENTIL, 2007.

O diagrama de Pourbaix para o sistema ferro-água, cuja solução contenha


cloretos (Figura 17), evidencia a influência destes íons. Neste diagrama observa-
se um decréscimo substancial da zona de passividade, provocado pela ação dos
cloretos, em comparação ao diagrama do sistema ferro-água, enquanto que o
domínio de corrosão aumenta correspondentemente, inclusive, proporcionando
o aparecimento da zona de corrosão puntiforme ou por pites (CASCUDO, 1997).
De acordo com Cascudo (1997), os íons cloro podem ser encontrados no
concreto sob três formas: i) livres; ii) adsorvidos na superfície dos poros e; iii)
quimicamente ligados ao aluminato tricálcico (C3A), formando cloro-aluminato de
cálcio ou sal de Friedel (C3A.CaCl2.10H2O). Os cloretos livres são os que
efetivamente causam preocupação. A Figura 18 ilustra as três possibilidades de
ocorrência de Cl- na estrutura do concreto.
46

Figura 17. Diagrama de Pourbaix simplificado para o sistema ferro-água com Cl- (355
ppm).

Fonte: GENTIL, 1996 apud MOTA, 2016.

Figura 18. Formas de ocorrência de íons cloro na estrutura do concreto.

Fonte: CASCUDO, 1997.

A relação entre os cloretos e os aluminatos do concreto, com a formação


do cloroaluminato de cálcio (C3A.CaCl2.10H2O), proporciona a minimização do
processo corrosivo, à medida que este é um produto insolúvel, reduzindo, assim,
47

os teores de cloretos solúveis a valores não agressivos. Com isso, os cimentos


contendo teores elevados de aluminato tricálcio (C3A) são mais indicados para
resistirem aos cloretos (GENTIL, 2007). No entanto, de acordo com Cascudo
(1997), por maior que seja a capacidade de um dado concreto de ligar-se
quimicamente ou adsorver fisicamente cloretos, haverá sempre um estado de
equilíbrio entre as três formas de ocorrência desses íons, de modo que sempre
existirá a presença de certa quantidade de cloretos livres na solução dos poros.
Segundo o relatório ACI (American Concrete Institute) 222 apud Helene
(1993), há três teorias modernas para explicar os efeitos dos cloretos na
corrosão do aço: adsorção, filme óxido e complexo transitório.
 Teoria do filme óxido: esta teoria postula que os íons cloro penetram nos
defeitos do filme de óxido passivante muito mais facilmente que outros íons
agressivos, tais como os sulfatos SO42-. Também postula que os cloretos podem
dispersar-se coloidalmente nesse filme, permitindo o ataque ao aço.
 Teoria da adsorção: admite-se nesta teoria que os cloretos são
adsorvidos na superfície do aço, competindo com as hidroxilas e o oxigênio
dissolvido. O cloreto promove a hidratação dos íons metálicos, facilitando a sua
dissolução;
 Teoria do complexo transitório: os íons Cl- competem com os íons
hidroxila OH- para a produção de íons ferrosos, na reação de corrosão. Forma-
se, então, um complexo solúvel de cloreto de ferro. Este pode difundir-se a partir
das áreas anódicas, destruindo a camada protetora de Fe(OH) 2 e permitindo a
continuação do processo corrosivo. A certa distância do eletrodo, o complexo é
rompido, o hidróxido de ferro precipita e o íon cloreto fica livre para transportar
mais íons ferrosos da área anódica. Uma vez que a corrosão não é estancada,
mais íons de ferro continuam a migrar dentro do concreto, a partir do ponto de
corrosão, reagindo, também, com o oxigênio, para formar óxidos que ocupam
um volume quatro vezes maior, causando tensões internas e fissuras no
concreto.
48

2.7. Ação dos ciclos de gelo-degelo

A ação intermitente de temperaturas negativas e positivas nos países de


clima frio é uma das principais preocupações quando se trata de durabilidade
das estruturas de concreto, uma vez que o congelamento da água nos poros
desse material pode levar à sua deterioração, como consequência do aumento
de volume da água congelada. Por outro lado, ambientes destinados à
armazenagem sob temperaturas negativas, como câmaras frigoríficas, também
estão sujeitos a patologias (PRISZKULNIK, 2011).
O fenômeno do congelamento se inicia nos poros maiores e
gradativamente se estende aos poros menores e é influenciado, principalmente,
pelo tamanho dos poros, pela concentração de álcalis dissolvidos no gel dos
poros e pelo efeito da tensão superficial (MAILVAGANAM, 1991 apud
FERREIRA, 2000). É importante destacar que a manifestação da ação do gelo
ocorre, principalmente, nos poros capilares, uma vez que os vazios de
dimensões maiores, introduzidos intencionalmente com uso de aditivos
incorporadores de ar, não ficam saturados de água e, consequentemente, pelo
menos no início, não sofrem com a ação direta do congelamento (BERTOLINI,
2010 apud ALMEIDA; SALES, 2014).
Os líquidos sofrem dilatação e contração da mesma forma que os sólidos,
ou seja, de maneira uniforme. Entretanto, a água se comporta de uma maneira
diferente, pois, em uma temperatura entre 0ºC e 4ºC, ocorre um fenômeno
inverso ao natural e esperado (Figura 19A).
Para explicar essa particularidade da água, é necessário analisar sua
estrutura atômica. Ao se resfriar de 4ºC a 0ºC, as moléculas de água interagem
entre si de uma forma ordenada para formar as pontes de hidrogênio (Figura
19B), ou seja, cada uma delas pode se ligar somente a quatro outras moléculas
vizinhas, cujos centros, como resultado dessa união, formam um tetraedro e a
união destes, o retículo cristalino. Tal ordenação cria espaços vazios entre os
átomos, provocando, assim, um aumento do volume externo (CALLISTER;
RETHWISCH, 2014). Segundo Shang (2013), esta expansão pode atingir 9% de
seu volume inicial.
49

Figura 19. (A) Variação de volume da água em função da temperatura; (B) Retículo
cristalino do gelo.

Fonte: CALLISTER; RETHWISCH, 2014.

De acordo com Rojas et al. (2011), o dano induzido pela ação do


congelamento é iniciado pela nucleação, crescimento do cristal, e seguido pelas
interações das fissuras microscópicas. Estes processos, que geralmente
ocorrem dentro dos poros, são expressos pela expansão volumétrica durante o
resfriamento (WARDEH; PERRIN, 2008). As primeiras explicações da tensão
observada foram baseadas no desenvolvimento de uma pressão hidráulica
criada pela formação de gelo. Os efeitos nocivos foram atribuídos puramente à
pressão criada pelo aumento de 9% em volume à medida que a água congela.
Mais tarde, adicionou-se uma pressão osmótica à pressão hidráulica visto que,
na vizinhança do gelo formado, o grau de saturação da solução aquosa contida
nos poros aumenta, criando, assim, um gradiente de concentração. Mesmo que
o capilar esteja cheio de gelo e água, a água fluirá do gel menos concentrado ao
capilar mais concentrado, de modo a equalizar a concentração da solução no
poro. É este fluxo osmótico da água que gera pressão (ROJAS et al., 2011;
PRISZKULNIK, 2011; SHANG, 2013).
A extensão dos danos causados por ciclos repetidos de congelamento e
descongelamento varia desde o desprendimento da superfície até a
desintegração completa à medida que camadas de gelo são formadas, partindo
da superfície exposta do concreto e estendendo-se para dentro do material. No
entanto, os danos causados por ciclos de gelo-degelo podem ser reduzidos por
50

meio da incorporação de ar que, embora não seja um componente essencial em


uma mistura de concreto convencional, está sendo amplamente utilizado para
melhorar a durabilidade desse material (SHANG; SONG; OU, 2009).
A presença de bolhas de ar faz com que a água difunda do gel e dos
capilares para os vazios de ar. Ao invés de preencher os capilares e gerar
pressão, a água flui para os vazios de ar, onde há disponibilidade de espaço
amplo para acomodar a formação de gelo sem o desenvolvimento de pressão
na matriz da pasta de cimento capaz de provocar fissuras ou lascamento do
concreto (PRISZKULNIK, 2011; ZENG et al., 2014; BERTOLINI, 2010 apud
ALMEIDA; SALES, 2014; MEHTA; MONTEIRO, 2014). A Figura 20 ilustra o
caminho percorrido pela água em direção ao vazio de ar.

Figura 20. Fluxo de água nos capilares da pasta de cimento.

Fonte: FREITAS JR., s.d. apud PRISZKULNIK, 2011.

Estudos sobre a formação do gelo nos vazios do concreto, elaborados por


Corr et al. (2004), permitiram um avanço no entendimento da ação do
congelamento sobre o concreto, com base em observações sobre a
microestrutura de vazios de ar com a utilização de microscópio eletrônico de
varredura a baixas temperaturas. As Figuras 21a e 21b ilustram um vazio de ar
preenchido com pequenos cristais de gelo e o mesmo vazio após a sublimação
do gelo, respectivamente.
51

Figura 21. (a) Micrografia eletrônica de varredura obtida em temperatura criogênica de


vazio de ar com cristais de gelo. (b) Idem após a sublimação do gelo.

(a) (b)
Fonte: CORR et al., 2004.

Entretanto, somente o teor de ar pode não indicar a adequação quanto à


proteção ao congelamento. De acordo com Priszkulnik (2011), o volume, número
e distribuição de tamanhos, quando considerados conjuntamente, são o que
determinam a qualidade do sistema de vazios de ar. Complementarmente, a
estabilidade do sistema de vazios de ar pode ser afetada por diversos fatores,
como a dosagem do concreto, tempo de mistura, duração do transporte,
bombeamento, lançamento, adensamento e acabamento, bem como as
circunstâncias relacionadas com o meio ambiente.
As condições ambientais, em particular, o número de ciclos de gelo-degelo,
a velocidade de congelamento e a temperatura mínima atingida exercem forte
influência nos efeitos provocados pela ação do congelamento. Além disso, a
degradação da estrutura pode ser agravada devido à presença de sais de
degelo, como os cloretos de cálcio e de sódio, quando em contato com o
concreto. Esses sais, devido à sua higroscopicidade, tendem a reter mais água
e elevar o teor de umidade no concreto, aumentando os efeitos do congelamento
(BERTOLINI, 2010 apud ALMEIDA; SALES, 2014).
A resistência ao congelamento e descongelamento do concreto contendo
agregado reciclado é ainda questionável devido à grande diversidade na
qualidade e composição dos concretos reciclados (GOKCE et al., 2004).
52

Richardson et al. (2011) verificaram que a porosidade proporcionada ao


concreto pela utilização de agregados reciclados pode fornecer um maior
sistema intrínseco de vazios. Este fato pode levar a uma redução da resistência
à compressão do concreto, proporcionando, no entanto, uma maior durabilidade
aos ciclos gelo-degelo, devido à maior facilidade de dissipação de pressões
hidráulicas.
Os critérios clássicos para a avaliação da resistência ao gelo-degelo por
parte do concreto são a perda de resistência mecânica e de massa. No entanto,
estes parâmetros não são suficientes para fazer uma avaliação correta e
completa do comportamento do concreto quando sujeito a este tipo de ação,
caracterizando apenas o período final de degradação do mesmo. É necessário
realizar ensaios adicionais não destrutivos, de modo a perceber quando se inicia
o processo de degradação, nomeadamente o aparecimento de fendilhação
interna. Entre estes ensaios, uma das técnicas mais utilizadas é a avaliação da
velocidade do pulso ultrassônico (ZAHARIEVA et al., 2004; TANG;
PETERSSON, 2001 apud MOLERO et al., 2012; SETZER, 2001; AMORIM JR.;
SILVA; RIBEIRO, 2016).
Limbachiya et al. (2004) apud Ramos (2014) analisaram a resistência de
concretos reciclados aos ciclos gelo-degelo por meio do cálculo do fator de
durabilidade (Fd), definido na ASTM C 666/15 (“Standard Test Method for
Resistance of Concrete to Rapid Freezing and Thawing”).
Como pode-se observar na Figura 22, os fatores de durabilidade nunca
estiveram abaixo do valor de 95%, indicando uma boa resistência aos ciclos
gelo-degelo por parte dos concretos com agregados reciclados de concreto, uma
vez que a norma estabelece que os concretos são considerados duráveis se o
fator de durabilidade ao final dos ciclos for maior ou igual a 80%.
53

Figura 22. Fator de durabilidade em função da taxa de substituição de agregado graúdo


natural (AGN) pelo agregado graúdo reciclado de concreto (AGRC).

Fonte: adaptado de LIMBACHIYA et al., 2004 apud RAMOS, 2014.

2.8. Técnicas de avaliação da durabilidade do concreto

2.8.1. Profundidade de carbonatação

Para determinar a profundidade de carbonatação com maior precisão, é


necessário um estudo de seções microscópicas, com o auxílio de prismas de
Nicol. Deste modo, o carbonato de cálcio sofre dupla refração que produz uma
cor clara, podendo contrastar com a pasta de cimento endurecida, que aparece
escuro, como material opticamente isotrópico (HELENE, 1999 apud RIBEIRO,
2010). No entanto, por não ser uma técnica muito acessível, tradicionalmente se
utilizam outras técnicas para a determinação da profundidade de carbonatação.
A avaliação das áreas carbonatadas pode ser feita por meio de difração de
raios X, análise térmica diferencial, termografia e observação microscópica, mas,
o método mais comum é o uso de indicadores de pH a base de fenolftaleina ou
timolftaleina (FIGUEIREDO, 2005).
A fenolftaleína é o indicador mais tradicional para a determinação da
profundidade da carbonatação, através da pulverização de uma solução de
fenolftaleína, que apresenta uma coloração róseo-avermelhada com valores de
pH iguais ou superiores a, aproximadamente, 9 e incolor abaixo desse valor. A
54

timolftaleína apresenta coloração azulada para valores de pH superiores a 10,5


e incolor abaixo desse valor (GENTIL, 2007; CHANG; CHEN, 2006).
De acordo com Pauletti (2009), embora haja alguma diferença nos valores
medidos entre diferentes procedimentos, os mais utilizados são os indicadores
químicos de pH. Para medidas da carbonatação, o indicador deve apresentar
contraste colorido entre a forma ácida e a forma básica e é importante que essa
cor se destaque do tom cinza natural dos concretos (THIERY, 2005 apud
PAULETTI, 2009). A Tabela 6 apresenta as propriedades de alguns indicadores
químicos de pH.

Tabela 6. Propriedades de alguns indicadores químicos de pH.

Indicadores Cores Ponto de viragem Formulação

Amarelo
Vermelho de cresol 7,2 – 8,8
Vermelho
Incolor
Fenolftaleína 8,0 – 9,9
Rosa
Incolor 0,1g/100ml de
Timolftaleína 9,3 – 10,5
Azul etanol
Amarelo de Amarelo claro
10,0 – 12,1
alizarina Amarelo escuro
Vermelho
Alizarina 10,1 – 12,1
Púrpura
Azul 0,1g/100ml de
Azul de Nil 10,1 – 11,1
Vermelho água
Fonte: THIERY, 2005 apud PAULETTI, 2009.

De acordo com Ribeiro (2010), a determinação da profundidade de


carbonatação, por meio destas técnicas, deve ser cuidadosa e nunca sobre os
corpos de prova serrados, molhados ou alterados por deficiência de técnicas de
amostragem. Deve-se, então, quebrar uma porção local e imediatamente aplicar
o indicador.
Segundo Cascudo e Carasek (2011), análises mais precisas indicam existir
entre essas duas zonas uma região de transição, chamada pelos autores de
“zona parcialmente carbonatada” ou “camada semi-carbonatada, em que o pH
apresenta variação de valores entre a faixa de 12 ou superior (concreto não
carbonatado) e a faixa em torno de 9 ou um pouco menos (concreto
55

carbonatado). Chang e Chen (2006) compararam as profundidades de


carbonatação, determinadas a partir dos métodos de análise termo-gravimétrica
(TG), análise de difração de raios X (DRX) e espectroscopia de infravermelho
por transformada de Fourier (FTIR) e, concluíram que a profundidade
carbonatada no concreto é, em média, igual a duas vezes a profundidade medida
com o indicador de fenolftaleína. Lo e Lee (2002) verificaram, por meio da técnica
de espectroscopia por infravermelho, que a carbonatação dos concretos
avaliados apresentou-se cerca de 24% maior do que a obtida utilizando o
indicador de fenolftaleína.

2.8.2. Ensaio de migração de cloretos

A migração de cloretos é caracterizada pela presença de íons em um


campo elétrico devido a uma diferença de voltagem, que pode ser originada por
pilhas de corrosão eletroquímica ou de uma diferença de potencial gerada por
uma fonte externa (HELENE, 1993). Com isso, diversas pesquisas (ANDRADE,
1993; CASTELLOTE et al. 2001; TONG; GJØRV, 2001) vêm utilizando os
ensaios de migração para avaliar a resistência do concreto à penetração de íons
cloro.
Os ensaios de migração têm por objetivo avaliar a capacidade do concreto
em inibir o ataque por cloretos (MEDEIROS et al., 2012). Estes ensaios são
utilizados para avaliar a penetrabilibidade dos cloretos por meio da avaliação da
carga total passante, conforme a ASTM C 1202/12, e o coeficiente de difusão de
cloretos no estado estacionário, conforme a proposta de Andrade (1993). No
entanto, os ensaios podem apresentar variações no procedimento a ser adotado
e nos parâmetros a serem coletados, tendo em vista que os ensaios de migração
também podem ser utilizados para calcular o coeficiente de difusão no estado
não-estacionário (CASTELLOTE et al. 2001; TONG; GJØRV, 2001).
O ensaio de migração consiste em posicionar uma fina fatia do corpo de
prova entre duas células, uma contendo uma solução com íons cloro (célula
catódica) e a outra contendo uma solução livre destes íons (célula anódica). Com
isso, aplica-se uma diferença de potencial entre as duas células, de maneira a
forçar a passagem dos cloretos através da amostra de concreto da primeira para
56

a segunda célula. A Figura 23 mostra uma representação esquemática deste


ensaio, proposta por Lopes (1999).

Figura 23. Representação esquemática do ensaio de migração de cloretos

Fonte: LOPES, 1999.

De acordo com Geiker et al. (1995 apud MEDEIROS, 2008), a diferença de


potencial empregada para a aceleração da penetração de cloretos deve ser entre
12 e 15 V, pois, assim, a diferença de potencial não é alta o suficiente para
causar aquecimento do sistema, o que poderia afetar na mobilidade dos íons.
Este procedimento facilita a determinação dos coeficientes de difusão de
cloretos nos estados estacionário e não estacionário, à medida que alia a
velocidade de obtenção dos resultados com a possibilidade de obtenção de um
parâmetro quantitativo estritamente relacionado com o movimento dos cloretos.
Para a realização deste método, é necessário preencher a célula positiva,
célula anódica, com água destilada, de modo a evitar a corrosão induzida pela
deposição do cloro. Já na célula negativa, célula catódica, utiliza-se uma solução
composta por cloreto de sódio (NaCl) a uma concentração de 1 M.
Os corpos de prova devem ser colocados na interface das duas células,
fazendo com que a troca iônica entre estas ocorra somente através da área
exposta da superfície do corpo de prova. A tensão de 12 Volts deve ser aplicada
ao sistema por meio de eletrodos posicionados nas suas extremidades e que
devem estar conectados a fios de cobre provenientes de uma fonte de tensão
controlada.
57

2.8.3. Resistividade do concreto

A resistividade elétrica do concreto é uma propriedade que pode ser


definida como a resistência contra o fluxo de uma corrente elétrica. Fatores como
a relação água-cimento, tipo de cimento, adições pozolânicas e o grau de
hidratação afetam a resistividade elétrica do concreto. A resistividade pode ser
utilizada para fins distintos, tais como a possibilidade de inspeção das estruturas
de concreto (HORNBOSTEL et al., 2013; ANDRADE et al., 2013), além de ser
uma importante propriedade física de concreto de cimento Portland, por afetar
uma série de aplicações.
A resistividade elétrica é importante como uma medida da capacidade do
concreto para resistir à passagem de corrente elétrica. A resistividade elétrica
(ou o seu inverso, a condutividade) é fundamentalmente relacionada com a
permeabilidade de líquidos e difusividade de íons através de materiais porosos
como concreto. Portanto, a resistividade elétrica, também pode ser utilizada
como uma medida indireta da capacidade do concreto em evitar a penetração
de cloretos, o que pode provocar a corrosão da armadura (WHITING; NAGI,
2003).
O monitoramento de estruturas de concreto por meio da medida da
resistividade elétrica é bastante empregado, uma vez que é um método não
destrutivo e pode ser monitorada externamente, com a presença de eletrodos
embutidos ou simplesmente encostados à superfície do concreto. De acordo
com Sengul (2014), este método é de baixo custo e pode ser repetido diversas
vezes, portanto, alterações da resistividade do concreto podem ser
monitorizadas utilizando as mesmas amostras. A resistividade do concreto pode
ser medida dentro de poucos minutos uma vez que não são necessárias
preparações especiais de amostra.
A resistência elétrica (R), capacidade de um corpo se opor à passagem de
corrente elétrica, depende das dimensões e do tipo de material que constitui o
meio. Por outro lado, a resistividade elétrica (ρ), que também expressa uma
medida de impedimento ao fluxo de corrente elétrica, é obtida multiplicando-se
a resistência (R) por um fator de conversão chamado de constante de célula que,
58

depende das dimensões do corpo de prova utilizado (GIROTTO; SANTOS, 2002;


RIBEIRO, 2010).
O fluxo de íons na solução aquosa dos poros do concreto é controlado pela
resistividade elétrica que, por sua vez, é bastante sensível ao teor de umidade
de equilíbrio e à temperatura. Assim, o aumento da umidade e/ou da temperatura
resultam em diminuição da resistividade elétrica do concreto (HELENE, 1993).
De acordo com Monfore (1968) apud Santos (2006), a condução da
corrente elétrica através do concreto é de natureza essencialmente eletrolítica e
ocorre por meio dos íons presentes na água evaporável das pastas de cimento
(Ca2+, Na+, K+, OH- e SO42-). Algo semelhante foi citado por Shekarchi et al.
(2004) que afirmam que o fluxo da corrente elétrica no concreto se dá por meio
dos íons dissolvidos na água que preenche total ou parcialmente a rede de poros
interconectados da pasta. McCarter (1997) apud Santos (2006) afirmou que a
condutividade irá ocorrer através dos contínuos poros capilares preenchidos por
água e pelas microfissuras da matriz.
A corrente elétrica é transportada no sistema de poros do concreto, deste
modo, um aumento da resistividade é uma indicação de um sistema de poros
refinados. Como esperado, a resistividade elétrica é elevada com o aumento da
classe do concreto (YILDIRIM et al., 2011).
A relação obtida entre a difusividade dos cloretos e a resistividade elétrica,
de acordo com a norma ASTM C 1760/12 (“Standard test method for bulk
electrical conductivity of hardened concrete”), é mostrada na Figura 24, que
apresenta os resultados obtidos por Sengul (2014). Foram analisados concretos
com diferentes permeabilidades e a relação mostrada na Figura 24 baseia-se em
diferentes concretos com difusividades de cloreto entre 0,4 e 38×10-12 m2/s.
Como pode ser visto na Figura 24, houve uma correlação muito boa (R = 0,97)
entre resistividade elétrica e difusividade dos cloretos. O erro padrão para o
coeficiente de correlação foi de 0,016. Essa forte relação entre a resistividade
elétrica e a permeabilidade à penetração de íons cloro também foi observada por
Yildirim et al. (2011).
59

Figura 24. Relação entre difusão de cloretos e resistividade elétrica.

Fonte: adaptada de SENGUL, 2014.

Para todos os materiais porosos, a equação de Nernst-Einstein expressa a


relação entre a resistividade elétrica e a difusividade iônica, tal como mostrado
na Equação 24.

𝑅. 𝑇 𝑡𝑖
𝐷𝑖 = 2 2
. Equação 24
𝑍 . 𝐹 𝛾𝑖 . 𝑐𝑖 . 𝜌

Em que Di é a difusividade para o íon i, R é a constante dos gases, T a


temperatura absoluta, Z é a valência iônica, F é a constante de Faraday, 𝑡𝑖 é o
número de transferência do íon i, 𝛾𝑖 é o coeficiente de atividade do íon i, 𝑐𝑖 é a
concentração do íon i na água dos poros, 𝜌 é a resistividade elétrica.
Os valores de resistividade utilizados para indicar a probabilidade de
corrosão no concreto não estão totalmente consagrados e apresentam-se
distintos. No entanto, um balizamento para valores de referência da
resistividade, em relação à ocorrência da corrosão, é oferecido por órgãos
normalizadores internacionais, como a Norma CEB-192, da FIB (“Fédération
Internationale du Béton”) e o Boletim Europeu CE-COST 509 (“Corrosion and
protection of metals in contact with concrete”). A Tabela 7 mostra um comparativo
entre esses valores, que demonstram considerável discrepância.
60

Tabela 7. Valores de resistividade elétrica do concreto e sua relação com o risco de


ocorrência da corrosão.

Resistividade (kΩ.cm)
Risco de corrosão
CEB-192 COST 509
> 20 > 100 Desprezível
10 a 20 50 a 100 Baixo
--- 10 a 50 Moderado
5 a 10 < 10 Alto
<5 --- Muito Alto
Fonte: RIBEIRO, 2010.

Muitos são os fatores que influenciam a resistividade do concreto, tais


como: as características do concreto (relação a/c, tipo e quantidade de
agregados, consumo de cimento, presença de adições e aditivos químicos, além
do grau de hidratação), as características ambientais (temperatura e umidade
relativa) e a ação de agentes agressivos (penetração de cloretos e
carbonatação) (SANTOS, 2006).
Ribeiro (2010), cita quatro dos métodos mais utilizados para a medição da
resistividade elétrica do concreto, são eles: o método do disco (um eletrodo
externo, com presença da armadura), o método dos dois eletrodos, o método
dos quatro eletrodos (método de Wenner) e a NBR 9204:2005 (“Determinação
da Resistividade Elétrica Volumétrica do Concreto”). No entanto, a dificuldade
para a montagem da célula de ensaio com a utilização de mercúrio como
eletrodo é um grande empecilho para a utilização da NBR 9204:2005.

2.8.4. Ultrassom

A técnica de ultrassom pode ser utilizada como um dos métodos para


avaliação da qualidade do concreto e consiste na medição da velocidade com
que um pulso de onda ultrassônica, com frequências entre 20 e 300 KHz, se
propaga por meio do corpo de prova (RIBEIRO; CUNHA, 2014).
61

O método da medição da velocidade de propagação de ultrassons é,


provavelmente, entre os ensaios não destrutivos, aquele que tem mais
aplicações, por ser um ensaio fácil e rápido de executar. Essa técnica permite a
verificação de algumas das propriedades mecânicas do concreto, como o
módulo de elasticidade, além de auxiliar na identificação de vazios e fissuras no
material, uma vez que, de acordo com Skripkiūnas et al. (2013), quanto maior o
tempo para o pulso atravessar o corpo de prova, maior a quantidade de
microfissuras e/ou poros e, portanto, menor a sua rigidez, visto que as fissuras
acabam por desviar o caminho do pulso, diminuindo a velocidade deste.
Para uma avaliação quantitativa, é necessário um modelo teórico que
relaciona estes parâmetros do material com os parâmetros ultrassônicos. No
entanto, a modelagem da dispersão e propagação dos pulsos ultrassônicos no
concreto é intensa, devido às características estruturais e constitucionais
complexas deste material. Existem poucas investigações teóricas quando se
trata da modelagem da propagação de ondas ultrassônicas em concreto
(AGGELIS et al., 2005). Atualmente, os estudos de ultrassons sobre o concreto
têm sido puramente experimentais e, portanto, as avaliações baseadas nos
testes ultrassônicos têm sido muitas vezes qualitativas (DEL RIO et al., 2004).
Grullón et al. (2004 apud PEREIRA; MEDEIROS, 2012) avaliaram a
resistência mecânica do concreto por meio do ultrassom, utilizando diferentes
misturas de concreto e condições de umidade e obtiveram baixa sensibilidade
do ensaio para essa avaliação. Foi observado que, para resistência mecânica
dos corpos de prova variando entre 41 MPa e 64 MPa, a velocidade do pulso
ultrassônico variou entre 4425 m/s a 4721 m/s, sendo valores muito próximos,
suscetíveis a erros experimentais.
Embora não forneça informações diretas sobre o processo da corrosão, as
características de qualidade do concreto mensuradas por meio desta técnica
estão fortemente relacionadas ao fenômeno corrosivo (PEREIRA; MEDEIROS,
2012). Na Tabela 8, apresenta-se uma interpretação possível da qualidade do
concreto em função da velocidade de propagação da onda ultrassônica em seu
interior, de acordo com a norma inglesa BS EN 12504-4/2000 (“Testing concrete.
Determination of ultrasonic pulse velocity”), utilizada na aplicação dessa técnica.
62

Tabela 8. Relação entre velocidade de propagação e qualidade do concreto.

Velocidade longitudinal da onda


Qualidade do concreto
(km/s)
v < 2,0 Muito fraca

2,0 < v < 3,0 Fraca

3,0 < v < 3,5 Média

3,5 < v < 4,0 Boa

4,0 < v < 4,5 Muito boa

v > 4,5 Excelente


Fonte: BS EN 12504-4, 2000.
63

3. MATERIAIS E MÉTODOS

Para a realização das atividades que foram desenvolvidas neste estudo, foi
feita uma extensa revisão de literatura acerca dos métodos que foram utilizados
para caracterizar o RCC. A partir dessa caracterização, foi selecionada a fração
correspondente ao agregado graúdo reciclado que substituiu o agregado miúdo
natural. Com isso, foram analisadas as propriedades dos concretos com a
utilização desse resíduo, através da realização de ensaios de avaliação das
propriedades físico-mecânicas e de durabilidade dos concretos com a utilização
desse agregado reciclado.
Na Figura 25, é apresentado o esquema resumido do programa
experimental que foi executado.

Figura 25. Esquema resumido das etapas do programa experimental.

Fonte: O AUTOR.

3.1. Materiais

Os materiais utilizados neste trabalho foram: cimento Portland CP V-ARI e


CP II E-32, areia quartzosa natural, brita, agregado reciclado, água potável, água
deionizada e destilada, além de aditivo plastificante.
64

3.1.1. Cimento Portland

Neste trabalho, foi utilizado o cimento Portland CP V-ARI, da marca


Nacional, comercialmente disponível na Região Metropolitana de Salvador,
Bahia. Este tipo de cimento foi escolhido por possuir um menor teor de adições
minerais, fato este que pode influenciar nos resultados dos ensaios, além de
conferir uma alta resistência inicial nas primeiras idades. Para os ensaios de
caracterização e de avaliação da durabilidade dos concretos submetidos à
ciclagem gelo-degelo, foi utilizado cimento Portland CP II E-32, da marca Montes
Claros. Este tipo de cimento é um dos mais indicados quando se trata de
ambientes que estão constantemente submetidos a rigorosos processos de
sanitização industrial, como é o caso dos locais utilizados para armazenamento
de gêneros alimentícios. De acordo com Lima (2008), a adição de escória no
cimento vai diminuir o teor de clínquer do sistema, fazendo com que haja menos
hidróxido de cálcio (portlandita), componente de maior solubilidade na matriz de
cimento e, portanto, maior fragilidade em relação aos produtos utilizados na
sanitização desses locais.

3.1.2. Areia

A areia utilizada neste estudo é natural, proveniente de jazida localizada no


município de Camaçari/BA, comercializada na região metropolitana de Salvador.

3.1.3. Brita

Foi utilizada brita de origem granítica, com dimensão máxima característica


de 19,0 mm. Para os ensaios de caracterização e de avaliação da durabilidade
dos concretos submetidos à ciclagem gelo-degelo, foi utilizada brita com
dimensão máxima característica de 9,5 mm. Esses materiais são amplamente
disponíveis na cidade de Salvador.
65

3.1.4. Agregado reciclado

Os agregados reciclados empregados neste trabalho são provenientes da


Unidade de Valorização de Resíduos no Centro de Tratamento de Resíduos
Grajaú, administrada pela Odebrecht Ambiental, São Paulo, gerados a partir da
britagem dos resíduos de construção civil.
O principal objetivo da UVR Grajaú é captar o RCC a partir dos contratos
de destinação firmados com a prefeitura municipal de São Paulo e empresas
privadas de construção civil, produzir o agregado reciclado em suas distintas
granulometrias e atender a uma parcela do mercado da construção civil.
Ao se receber o material, na UVR Grajaú, é realizada uma pré-triagem, com
a finalidade de remover materiais de dimensões próximas, ou superiores ao
limite de alimentação da moega. Nesta etapa, são removidos,
predominantemente, madeiras e materiais de grandes dimensões, sendo
posteriormente acondicionados em caçambas Roll-on/Roll-off. As Figuras 26 e
27 apresentam, respectivamente, um esquema do sistema implantado e a vista
parcial do equipamento na área da UVR Grajaú.

Figura 26. Esquema ilustrativo do sistema implantado.

Fonte: UVR GRAJAÚ, 2014.


66

Figura 27. Área de Implantação.

Fonte: UVR GRAJAÚ, 2014.

Após a pré-triagem, o material é vertido em uma tremonha primária.


Inicialmente, o RCC é distribuído em uma peneira vibratória, onde, por diferença
granulométrica, é dividido em duas correntes, sendo uma com tamanho maior
que 10 mm e outra menor que 10 mm, denominada escalpe, contendo
predominantemente solo em sua composição. Os materiais com tamanho maior
que 10 mm são depositados diretamente no triturador primário para seu
processamento, seguido por um novo peneiramento, com o objetivo de obter o
RCC com dimensões menores que 40 mm. Aquele material que ficar retido neste
processo de peneiramento passa por um novo processo de britagem e
peneiramento.
Por fim, o material com tamanho o inferior a 40 mm, ao cair na terceira
peneira, é separado em três correntes de dimensões entre 0 e 10 mm, 10 e 20
mm e 20 e 40 mm. Os produtos e subprodutos gerados são apresentados na
Tabela 9.
67

Tabela 9. Produtos da planta de processamento de RCC.

Produtos Mercado Atual Uso Potencial


Finos (Ø < 0,05 mm) Indústria Cimenteira Coprocessamento
Ø 0 – 10 mm (escalpe)
Ø 0 – 10 mm Artefatos cimentícios e
Construção Civil
Ø 10 – 20 mm pavimentação

Ø 20 – 40 mm
Fonte: O AUTOR.

3.1.5. Aditivo

Foi utilizado um aditivo plastificante Cemix 2000, à base de naftaleno


sulfonado, fornecido pela Vedacit, para garantir o abatimento estipulado para as
misturas.

3.1.6. Água

A água de amassamento utilizada é proveniente da rede pública de


abastecimento da cidade de Salvador, fornecida pela Empresa Baiana de Águas
e Saneamento S.A. (Embasa). No entanto, para os ensaios de migração de
cloretos, foi utilizada água destilada e deionizada.

3.2. Métodos

3.2.1. Caracterização dos materiais constituintes

Para alcançar os objetivos propostos neste estudo, foi necessária,


inicialmente, uma extensa caracterização física, química e mineralógica dos
materiais constituintes.

3.2.1.1. Superfície Específica

A superfície específica é um indicativo da finura e da reatividade de um


material. Quanto maior a área específica de um material, mais finas são as
68

partículas que o constituem e, no caso de um material reativo, maior será a sua


reatividade.
Por apresentar maior área superficial, os agregados constituídos de
partículas muito finas exigem maior quantidade de aglomerante e água nas
misturas, para molhamento.
Os valores para a superfície específica do cimento Portland também podem
ser obtidos de acordo com a norma NM 76:1998 (“Cimento Portland –
Determinação da finura pelo método de permeabilidade ao ar - Método de
Blaine”). Neste caso, a superfície especifica é medida pela comparação com uma
amostra de cimento de referência através do método de permeabilidade ao ar,
conhecido como método de Blaine. (RIBEIRO, 2010).
Para este trabalho, foi utilizado o método Blaine para verificar a superfície
específica dos cimentos e, para tal, utilizou-se um porosimetro Blaine automático
do fabricante Acmel Labo, modelo BSA1.

3.2.1.2. Distribuição do tamanho de partículas

A técnica utilizada para a determinação da granulometria dos cimentos


baseia-se na sedimentação de partículas numa determinada suspensão,
associada à absorção de luz.
Para esta determinação foi utilizado um sedígrafo a laser (analisador de
distribuição do tamanho de partículas) modelo Mastersizer 2000 da Malvern, cujo
princípio de funcionamento é a captação da fração de luz que atravessa a
amostra em suspensão.
O uso deste princípio ótico possibilita o registro da porcentagem de massa
acumulada em função do diâmetro equivalente das partículas, que tendem a se
depositar mais rapidamente, quanto maior seu diâmetro.
As distribuições granulométricas dos agregados estudados nesta pesquisa
foram determinadas utilizando-se o procedimento da Norma NBR NM 248:2003
(“Agregados – Determinação da composição granulométrica”) e a classificação
de cada agregado foi feita de acordo com a NBR 7211:2009 (“Agregados para
concretos – Especificação”).
69

A distribuição granulométrica é a proporção relativa das massas dos


diferentes tamanhos dos grãos que constituem o material. Esta propriedade
apresenta importante influência na qualidade dos concretos, inclusive sobre a
resistência mecânica deste tipo de material.
A partir da determinação da distribuição do tamanho de partículas, foram
também verificados o módulo de finura e a dimensão máxima característica dos
agregados.
O módulo de finura pode ser determinado através da soma das
porcentagens retidas acumuladas em massa, nas peneiras da série normal,
dividida por 100. A dimensão máxima característica corresponde à abertura
nominal, em milímetros, da malha da peneira da série normal ou intermediária,
que retém uma proporção igual ou imediatamente inferior a 5% da massa da
amostra.

3.2.1.3. Composição química (FRX)

Para determinação da composição química dos cimentos foi utilizada a


técnica de espectroscopia por fluorescência de raios X, FRX, por meio de um
aparelho Shimadzu modelo XRF 1800 localizado no Instituto de Química da
Universidade Federal da Bahia.
Essa técnica se baseia no princípio de que, quando fótons de raios X
emitidos contra uma amostra tem energia suficientemente alta, cria vacâncias
nas camadas eletrônicas dos seus átomos constituintes.
A criação destas vacâncias gera a emissão de outra radiação, que é
característica para cada elemento presente. Essa técnica mensura o
comprimento de onda e a energia dos fótons de raios X característicos da
amostra.

3.2.1.4. Composição mineralógica e grau de amorfização (DRX)

Para a identificação da composição mineralógica do cimento Portland,


utilizou-se a técnica de difração de raios X (DRX). Para tal, foi utilizado um
difratômetro D2 Phaser Bruker, com tubo de alvo de cobre (radiação K-alfa com
70

comprimento de onda de 1,5706 Å) de 30 kV e 10 mA, sem sistema de filtragem


com monocromador secundário. Os espectros de difração foram obtidos na faixa
de 2θ de 10° a 80°, varredura em modo contínuo a 0,04°/s. As fases presentes
nas amostras foram posteriormente identificadas com o auxílio do programa
computacional DIFFRAC plus-EVA, com base de dados centrada no sistema
COD (Crystallography Open Database).
A técnica baseia-se na incidência de um feixe monocromático de raios X
com comprimento de onda, λ, na amostra, que deve ser pulverizada (partículas
de 0,002 mm a 0,005 mm de diâmetro). Quando o feixe atinge o átomo, os
elétrons ao seu redor começam a oscilar na mesma frequência do feixe
incidente, havendo interferência construtiva e destrutiva entre as ondas
difratadas. As interferências construtivas produzem reflexões em certas direções
definidas pela lei de Bragg (Equação 25) (RIBEIRO, 2010).

𝑛𝜆 = 2𝑑. 𝑠𝑒𝑛𝜃 Equação 25

Em que n é a ordem de difração, λ é o comprimento de onda característico


do feixe, d é a distância interplanar dos planos cristalográficos e θ, o ângulo de
incidência. São obtidas, assim, informações relativas às distâncias entre os
planos cristalográficos e a intensidade de reflexão. Os picos de difração,
verificados para cada ângulo (2θ), são característicos, de modo que, a partir do
padrão de difração, é possível identificar as diversas fases de uma amostra de
um material.

3.2.1.5. Massa específica e absorção de água

A massa específica é a relação da massa dos grãos e o volume dos


mesmos, incluindo os poros impermeáveis, porém, sem se considerar os poros
permeáveis. As massas específicas dos cimentos empregados foram
determinadas por picnometria a gás hélio, utilizando o aparelho AccuPyc 1330
V2.01, da Micrometrics.
Os valores de absorção e massa específica do agregado miúdo foram
obtidos através das NBR NM 30:2001 (“Agregado miúdo – Determinação da
71

absorção de água”) e NBR NM 52:2009 (“Agregado miúdo – Determinação da


massa específica e massa específica aparente”), respectivamente.
Para os agregados graúdos, os resultados foram obtidos segundo a NBR
NM 53:2009 (“Agregado graúdo – Determinação de massa específica, massa
específica aparente e absorção de água”). Conforme descrito na referida norma,
as amostras são pesadas secas, saturadas com água e saturadas submersas e,
a partir de tais medidas, calculam-se as massas específica e específica aparente
e a absorção de água.
Similarmente, a absorção de água dos agregados miúdos foi obtida por
relações entre as massas seca (m) e saturada (ms), a diferença consiste
basicamente no modo de secagem do agregado. Determinam-se o índice de
absorção (A%), em percentagem, e as massas específicas dos agregados secos
(d1) e na condição saturado superfície seca (d2), utilizando as Equações 26 a 32.

 Absorção

𝑚𝑠 − 𝑚 Equação 26
𝐴% = × 100
𝑚

Agregado miúdo

 Massa específica do agregado seco


𝑚 Equação 27
𝑑1 =
𝑉 − 𝑉𝑎

 Massa específica do agregado saturado superfície seca


𝑚𝑠 Equação 28
𝑑2 =
𝑉 − 𝑉𝑎

 Massa específica
𝑚 Equação 29
𝑑3 = 𝑚 −𝑚
(𝑉 − 𝑉𝑎 ) − 𝑠
𝜌𝑎
72

Agregado graúdo

 Massa específica do agregado seco


𝑚 Equação 30
𝑑=
𝑚 − 𝑚𝑎

 Massa específica do agregado na condição saturado superfície seca


𝑚𝑠 Equação 31
𝑑𝑠 =
𝑚𝑠 − 𝑚𝑎

 Massa específica aparente


𝑚 Equação 32
𝑑𝑎 =
𝑚𝑠 − 𝑚𝑎

Em que: A= absorção de água, em porcentagem; m= massa da amostra


seca em estufa (g); ma= massa em água da amostra (g); ms= massa ao ar da
amostra na condição saturado e de superfície seca (g); d= massa específica do
agregado seco (g/cm³); ds= massa específica do agregado na condição saturado
superfície seca (g/cm³); da= massa específica aparente do agregado seco
(g/cm³); V= volume do frasco (cm³); Va= volume de água adicionada ao frasco
(cm³) e; ρa= massa específica da água (g/cm³).

3.2.1.6. Massa unitária

A massa unitária, por sua vez, é a relação entre a massa do material e o


seu volume, incluindo os poros permeáveis e vazios entre os grãos. Este
parâmetro é muito útil na conversão de massa para volume e vice-versa, em
canteiros de obra, onde a medição dos agregados é feita em volume. Além disso,
alguns métodos de dosagem de concretos exigem o conhecimento da massa
unitária do agregado graúdo no estado compactado.
A massa unitária do agregado graúdo nos estados solto e compactado
pode ser determinada de forma simples, preenchendo um recipiente de volume
conhecido com o agregado e determinando a sua massa. A diferença entre elas
73

se resume ao estado em que o agregado está alocado no recipiente, se em


estado solto ou compactado. É importante atentar-se para a garantia de não
deformação do recipiente. Tal procedimento foi realizado conforme a NBR NM
45:2006 (“Agregados – Determinação da massa unitária e do volume de vazios”).

3.2.1.7. Índice de vazios

Ainda segundo a NBR NM 45:2006 (“Agregados – Determinação da massa


unitária e do volume de vazios”), com os valores de massa específica e massa
unitária do agregado, foi possível determinar o índice de vazios nos agregados,
em percentagem, utilizando a Equação 33.

100. [(𝑑1 𝜌𝑊 ) − 𝜌𝑎𝑝 ]


𝐸𝑣 = Equação 33
𝑑1 𝜌𝑊

Em que Ev= índice de volume de vazios nos agregados, em porcentagem;


d1= massa específica relativa do agregado seco; ρw= massa específica da água,
em kg/m³ e; ρap= massa unitária média do agregado no estado solto, em kg/m³.

3.2.1.8. Índice de forma

Outro fator importante para a caracterização dos agregados reciclados de


RCC é o estudo das formas dos grãos, que irá influenciar diversas propriedades
como o empacotamento das partículas, a trabalhabilidade das misturas, a área
superficial e sua consequente influência na demanda de água e nas
características da zona de transição pasta/agregado. Agregados com índice de
forma próximos a um são mais desejáveis, pois proporcionam melhor
trabalhabilidade, devido à melhor mobilidade das partículas e menor área
superficial, uma vez que a esfera é o sólido geométrico que tem a menor relação
área superficial/volume.
Os agregados graúdos foram, então, caracterizados quanto à forma das
partículas, segundo a NBR 7809:2006 (“Agregado graúdo – Determinação do
índice de forma pelo método do paquímetro – Método de ensaio”), em que, a
74

partir de medidas de espessura e comprimento, é calculado o índice de forma do


agregado como a média ponderada das relações comprimento/espessura de
cada faixa granulométrica constituinte do agregado.

3.2.1.9. Materiais não minerais

Dentre os materiais constituintes do RCC, é importante identificar aqueles


que não são minerais, pois influenciarão o produto final, constituindo um ponto
fraco no compósito formado. Para a determinação do teor de materiais não
minerais nos agregados, foi utilizado o método proposto na NBR 15116:2004
(“Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil”), em seus
anexos A e B, para os agregados graúdos e miúdos, respectivamente.
A determinação do teor de materiais não minerais presente no agregado foi
feita a partir da separação manual dos fragmentos em quatro grupos, de acordo
com sua composição, observada visualmente. Os materiais pertencentes ao
grupo 4 são os materiais considerados não minerais e o teor de materiais não
minerais é a percentagem de massa desse grupo, em relação à massa total da
amostra.
Para os agregados miúdos, foi necessário imergir o agregado em um
líquido denso (solução de cloreto de zinco) e retirar os materiais flutuantes. Após
secagem e pesagem dos materiais que flutuam em tal líquido, o teor de materiais
não minerais é determinado como a percentagem de massa dos mesmos em
relação à massa inicial da amostra.

3.2.1.10. Determinação do desgaste à abrasão Los Angeles

O ensaio de desgaste à Abrasão Los Angeles é realizado de acordo com a


NBR NM 51:2001 (“Agregado graúdo – Ensaio de abrasão Los Angeles). Tal
método consiste em submeter uma determinada fração granulométrica dos
agregados graúdos a um dado número de revoluções, dentro de um tambor,
girando a uma frequência de 30 a 33 rpm, juntamente com um conjunto de
esferas de aço padronizadas. O desgaste é convencionalmente expresso pela
porcentagem, em massa, do material que passa, após o ensaio, pela peneira
com abertura de malha de 1,7 mm.
75

O desgaste por abrasão Los Angeles do agregado foi calculado a partir de


uma relação entre a massa total seca da amostra colocada no tambor e a massa
da amostra seca que ficou retida na peneira 1,7 mm, após lavagem nesta
peneira. A Equação 34 foi empregada na determinação do desgaste à Abrasão
Los Angeles.

𝑚 − 𝑚1
𝑃= Equação 34
𝑚

Em que P = perda por abrasão, em porcentagem; m = massa total da


amostra seca, colocada no tambor; m1 = massa da amostra retida na peneira
com malha de abertura igual a 1,7 mm, após lavagem na mesma peneira e
secagem em estufa.
O parâmetro P relaciona-se à resistência do agregado ao desgaste por
abrasão. O ensaio é usado, com muita frequência, para avaliar a aplicabilidade
do agregado em pavimentos, indicando como o agregado se comportará durante
o manuseio e a execução da camada de revestimento, ou sobre a ação do
tráfego. Dessa forma, os agregados utilizados neste tipo de aplicação devem
apresentar resistência à abrasão adequada.

3.2.1.11. Determinação do teor de material pulverulento

O ensaio para determinação do teor de materiais pulverulentos nos


agregados seguiu os critérios da Norma NBR NM 46:2003 (“Agregados –
Determinação do material fino que passa através da peneira 75 µm, por
lavagem”). O teor de materiais pulverulentos foi calculado pela Equação 35.

𝑀𝑖 − 𝑀𝑓
%𝑚𝑎𝑡. 𝑝𝑢𝑙𝑣. = 𝑥100 Equação 35
𝑀𝑖

Em que Mi = massa seca inicial da amostra (g); Mf = Massa seca final da


amostra após lavagem na peneira com abertura de malha de 75 m (g).
Materiais pulverulentos são partículas menores que 75 µm que estão
presentes nos agregados e, devido à sua elevada superfície específica, alteram
76

a consistência, afetando negativamente a resistência dos produtos à base de


cimento Portland, exigindo, por exemplo, maior consumo de cimento e água em
concretos.
De acordo com a NBR 7211:2009 (“Agregados para concretos –
Especificação”), o teor de material pulverulento do agregado miúdo deve ser: i)
menor ou igual a 3%, para utilização em concreto submetido a desgaste
superficial ou; ii) menor ou igual a 5%, para os demais concretos. Para o
agregado graúdo, o teor de materiais pulverulentos deve ser menor ou igual a
1%.

3.2.1.12. Determinação do teor de impurezas orgânicas

Para avaliar a quantidade de matéria orgânica nas amostras de agregado,


foi utilizado o ensaio qualitativo colorimétrico conforme a NBR NM 49:2001
(“Agregado miúdo – Determinação de impurezas orgânicas”), que avalia a
quantidade de matéria orgânica comparando a cor da solução obtida com a da
solução padrão, observando-se se a cor da solução proveniente da amostra
analisada é mais escura, mais clara ou igual à da solução padrão. Caso o
resultado comparativo com a solução padrão seja mais escuro (maior
concentração de impurezas orgânicas) ou da mesma cor, pode-se complementá-
lo com a análise da resistência à compressão do concreto ou da argamassa,
conforme a NBR 7211:2009 (“Agregados para concretos – Especificação”).
De modo geral, as impurezas orgânicas são nocivas aos concretos e
argamassas, modificando a cinética das reações químicas de hidratação do
cimento e podendo causar perda de resistência mecânica.

3.2.1.13. Determinação do teor de argila em torrões e materiais friáveis

A argila pode estar presente no agregado miúdo recobrindo sua superfície


e prejudicando a aderência entre o agregado e a pasta de cimento. Outras
substâncias prejudiciais são o silte e o pó fino, que podem revestir o agregado
de forma semelhante à argila, ou podem estar presentes sob a forma de
partículas soltas.
77

Estas substâncias, em quantidades excessivas, aumentam a necessidade


de água, devido a sua elevada superfície específica, alterando, assim, a
trabalhabilidade das misturas cimentícias e podendo, ainda, alterar a resistência
da mistura. Além de prejudicar a aderência entre a pasta de cimento e o
agregado, os torrões de argila, na presença de umidade, podem expandir,
provocando patologias, principalmente em argamassas de revestimento. Os
materiais friáveis, como a mica, são desagregados facilmente, ocasionando
perda de aderência e resistência. Por serem extremamente prejudiciais, estas
substâncias são limitadas em 3% em relação à massa do material utilizado para
a produção de concretos convencionais.
O ensaio de determinação do teor de argila em torrões e materiais friáveis
nas diferentes amostras avaliadas foi realizado de acordo com a NBR 7218:2010
(“Agregados – Determinação do teor de argila em torrões e materiais friáveis”),
sendo calculado o teor de argila em torrões e materiais friáveis de cada intervalo
granulométrico, expresso em porcentagem.

3.2.1.14. Determinação do teor de sais, cloretos e sulfatos solúveis

A ação dos cloretos e sulfatos é apontada como uma das principais causas
de corrosão das armaduras e deterioração do concreto armado. Além disso, os
sulfatos podem acelerar e, em certos casos, retardar a pega do cimento Portland
dando origem à expansão no concreto pela formação da etringita
(trissulfoalumitato de cálcio hidratado). Para a execução do concreto, não é
permitido um teor elevado de cloretos e sulfatos nos agregados e, com este
intuito, a NBR 9917:2009 (“Agregados para concreto – determinação de sais,
cloretos e sulfatos solúveis”) especifica um método para determinar estes
parâmetros.
Para a determinação dos sais solúveis, utiliza-se uma solução obtida com
os agregados e água, conforme prescrito na norma. Deste modo, é retirada uma
quantidade dessa mistura filtrada que é colocada em cápsulas de porcelanas
para execução de processo de fervura banho-maria até a evaporação total.
78

Com finalidade de obter os valores de cloretos solúveis (Cl-), por titulação


potenciométrica, é necessária a elaboração de algumas soluções, conforme
prescreve a norma:
1. Solução de cloreto de sódio 0,05 mol/L;
2. Solução de nitrato de prata – esta solução exige a padronização para
saber a real quantidade de nitrato de prata na solução.
Por fim, para a verificação do teor de sulfatos solúveis (SO42-), foram
utilizadas as soluções de vermelho de metila 0,2%, ácido clorídrico (HCl) 1:1 e
cloreto de bário (BaCl2) a 10%. Como prescrito na norma, foi feita uma solução
com os agregados a qual é aquecida e deixada em repouso por 24h; o
precipitado é filtrado e colocado em uma mufla a 900ºC por cerca de uma hora.
O que sobra nos cadinhos de porcelana é pesado sendo este valor identificado
como sendo de sulfato de bário.

3.2.2. Dosagem do concreto e moldagem dos corpos de prova

A dosagem dos concretos que foram empregados neste estudo foi


estabelecida segundo o método ACI, por meio da curva de Abrams.
Para os concretos submetidos à ciclagem gelo-degelo foi utilizada uma
dosagem específica, diferente das demais misturas avaliadas neste estudo.
Segundo o código ACI 318-83 (“Building Code Requirements for Structural
Concrete”), a relação água/cimento máxima, para concretos que sofrerão
ciclagem gelo-degelo deve ser de 0,45. Com isso, o traço foi calculado e ajustado
para que a mistura se adequasse melhor às características geométricas dos
moldes a serem utilizados. Deste modo, o traço final (em massa) para o concreto
foi 1,00 : 1,16 : 1,67 : 0,43 (cimento, areia, brita, água) com valor de abatimento
pré-fixado de (100 ± 20) mm. Esta dosagem foi inspirada nos trabalhos de
Amorim Júnior, Silva e Ribeiro (2016) e, a partir dessa mistura, foi substituído o
agregado graúdo natural (AGN) pelo agregado graúdo reciclado (AGR) nos
teores de 0% (referência), 15%, 25% e 50%, em volume.
O agregado graúdo reciclado utilizado para os concretos submetidos aos
ciclos de congelamento e descongelamento é correspondente à faixa
granulométrica do resíduo passante pela peneira com 10 mm de abertura. Deste
79

modo, com intuito de se trabalhar apenas com a porção graúda, foi realizado um
peneiramento para retirada da fração miúda pertencente a este intervalo
granulométrico. Assim, para avaliação da ciclagem gelo-degelo no concreto,
foram utilizados AGR pertencentes à faixa granulométrica retida na peneira com
4,8 mm e passante pela peneira com 10 mm de abertura, com dimensão máxima
característica de 9,5 mm.
Para a moldagem dos corpos de prova foi realizada uma substituição
volumétrica do agregado natural pelo agregado reciclado. Este procedimento
tem como objetivo evitar uma distorção entre os volumes do concreto
convencional e o reciclado. A Equação 36 mostra o cálculo para substituição
volumétrica, onde MAR é a massa do agregado reciclado, MAN a massa do
agregado natural, ρAR a massa específica do agregado reciclado e ρAN a massa
específica do agregado natural.

𝑀𝐴𝑁 . 𝜌𝐴𝑅
𝑀𝐴𝑅 = Equação 36
𝜌𝐴𝑁

O consumo de materiais por metro cúbico (m3) de concreto, bem como as


relações água/cimento das misturas podem ser visualizadas na Tabela 10.

Tabela 10. Consumo de materiais e característica das misturas de concreto submetidas


ao ciclo de congelamento e descongelamento.

Consumo dos Materiais (kg/m³)


Relação Teor de
Nomenclatura Agregado
a/c RCC Cimento Areia Brita
reciclado
Referência 0,43 0% 563 653,1 940,2 -

AGR 15% 0,43 15% 563 653,1 799,2 122,4

AGR 25% 0,43 25% 563 653,1 705,2 203,9

AGR 50% 0,43 50% 563 653,1 470,1 407,9


Fonte: O AUTOR.
80

Para a avaliação da penetração de cloretos, profundidade de carbonatação


e resistividade elétrica dos concretos, foi elaborada uma dosagem intermediária
(relação água/cimento de 0,45) com um valor de abatimento pré-fixado, neste
caso de (100 ± 20) mm. Em seguida foram determinados mais dois traços, um
mais rico e outro mais pobre em consumo de cimento, através da Lei de Lyse,
para relações água/cimento de 0,35 e 0,55, respectivamente. Então, foram
moldados corpos de prova cilíndricos, com diâmetro de 10 cm e altura de 20 cm,
para a determinação das propriedades físicas e mecânicas e da durabilidade dos
concretos.
Ao final da pesquisa, foram avaliados, para cada relação água/cimento,
dois diferentes teores de substituição (50% e 100%), em volume, de agregado
graúdo natural (AGN) pelo agregado graúdo reciclado (AGR), além dos corpos
de prova de referência, com 0% de substituição do AGN pelo AGR.
Para esta pesquisa, o AGR com dimensão máxima característica de 19,0
mm, correspondente à faixa granulométrica do resíduo pertencente ao intervalo
de 10 mm a 20 mm de abertura da peneira, foi utilizado na produção do concreto.
Esse agregado reciclado foi usado sem manipulações em sua granulometria,
pois o intuito era utilizá-lo no estado em que ele era produzido, com o mínimo de
beneficiamento possível.
Neste trabalho, foram elaboradas, no total, nove dosagens e o consumo de
material por metro cúbico (m3), bem como as características das misturas estão
apresentados na Tabela 11.
81

Tabela 11. Consumo de materiais e característica das misturas de concreto utilizadas.

Consumo dos Materiais (kg/m³)


Relação Teor de
Nomenclatura Agregado
a/c RCC Cimento Areia Brita
reciclado
REF 0,35 0,35 0% 608 614 998 -

35T50 0,35 50% 608 614 499 460

35T100 0,35 100% 608 614 - 920

REF 0,45 0,45 0% 471 744 988 -

45T50 0,45 50% 471 744 494 456

45T100 0,45 100% 471 744 - 912

REF 0,55 0,55 0% 381 785 1.029 -

55T50 0,55 50% 381 785 515 475

55T100 0,55 100% 381 785 - 950


Fonte: O AUTOR.

Quanto à metodologia de dosagem, devido à elevada taxa de absorção do


agregado reciclado, foi adotada uma pré-molhagem dos mesmos, minutos antes
da execução das concretagens, para que o agregado reciclado não absorvesse
muito da água da dosagem e, com isso, as misturas se tornassem pouco
trabalháveis. No entanto, deve-se garantir que não seja adicionada água em
excesso na mistura, pois, acarretaria no aumento da relação água/cimento e,
consequentemente, em uma diminuição na resistência mecânica do concreto.
Assim, foi adotada uma compensação de água por 10 minutos com 50%, em
massa, da absorção do agregado reciclado (VIEIRA, 2003).

3.2.3. Caracterização física e mecânica do concreto endurecido

3.2.3.1. Resistência mecânica

Os ensaios de resistência à compressão axial seguem as recomendações


da NBR 5739:2007 (“Concreto - Ensaio de compressão de corpos de prova
cilíndricos”), para corpos de prova com 100 mm de diâmetro e 200 mm de altura.
82

Os ensaios de compressão axial foram realizados nas idades de 3, 7 e 28


dias, utilizando-se 5 corpos de prova por idade. O limite de resistência à
compressão foi calculado utilizando-se a Equação 37.

𝑃
𝑅𝑐 = Equação 37
𝐴

Onde Rc é a resistência limite à compressão; P é carga máxima suportada


pelo corpo de prova; e A representa área da sua seção transversal.
Para os concretos submetidos aos ciclos de congelamento e
descongelamento, foram avaliadas as resistências à compressão axial e à tração
na flexão, de acordo com a NBR 13279:2005 (“Argamassa para assentamento e
revestimento de paredes e tetos - Determinação da resistência à tração na flexão
e à compressão”). Para isso, foram moldados corpos de prova prismáticos (4 cm
x 4 cm x 16 cm). Os ensaios para verificação da resistência mecânica dessas
misturas foram realizados nas idades de 3, 7 e 28 dias, além de 59 e 90 dias,
correspondentes aos 150 e 300 ciclos de congelamento e descongelamento,
respectivamente. Para a verificação da resistência à compressão axial foram
utilizados 4 corpos de prova, e para avaliação da resistência à tração na flexão
foram empregados 3 corpos de prova por idade.
A resistência à tração na flexão (Rt) é dada conforme a Equação 38.

𝑃. 𝐿
𝑅𝑡 = Equação 38
𝐵. 𝐷 2

Onde P = carga máxima aplicada, em N; L= distância entre os apoios de


suporte, em mm; B = largura do corpo-de-prova na seção de ruptura, em mm; D
= altura do corpo-de-prova, na seção de ruptura, em mm.

3.2.3.2. Densidade e porosidade aparentes

Os ensaios para a determinação da densidade e porosidade aparentes


fundamentam-se no princípio de Arquimedes.
83

Inicialmente, mede-se a massa seca (ms) dos corpos de prova, que em


seguida são imersos em água e deixados em repouso por um período de 24
horas para que haja a saturação dos mesmos. Após este período, são medidas
a massa imersa (mi) e massa úmida (mu).
A porosidade aparente (PA) e a densidade aparente (DA) podem ser
calculadas com o auxílio das Equações 39 e 40, em que ρL é a densidade do
líquido utilizado no ensaio (ρ água = 1,0 g/cm³).

𝑚𝑢 − 𝑚𝑠
𝑃𝐴 = 100. (%) Equação 39
𝑚𝑢 − 𝑚𝑖

𝑚𝑠
𝐷𝐴 = 𝜌𝐿 . Equação 40
𝑚𝑢− 𝑚𝑖

As medidas de densidade e porosidade aparentes foram realizadas em


corpos de prova com 10 cm de diâmetro e 20 cm de altura e em corpos de prova
prismáticos (4 cm x 4 cm x 16 cm), no caso dos concretos submetidos aos ciclos
de congelamento e descongelamento, todos sendo iniciados aos 28 dias de
idade e utilizando-se de 3 corpos de prova por mistura.

3.2.3.3. Absorção de água por capilaridade

A absorção de água por ascensão capilar foi determinada utilizando-se as


prescrições da NBR 9779:2012 (“Argamassa e concreto endurecidos –
Determinação da absorção de água por capilaridade”).
Para a realização do ensaio foram utilizados 3 corpos de prova aos 28 dias
de idade, em cura imersa que, posteriormente, foram colocados em estufa por
um período de aproximadamente 24h, a uma temperatura de (105 ± 5)°C, até
que se verifique constância de massa. Ao sair da estufa, as amostras são
resfriadas em dessecador, à temperatura de (23 ± 2)°C, e suas respectivas
massas secas (ms) são determinadas. A seguir, foram colocadas sobre suportes
dentro de um recipiente com o nível de água constante e igual a (5 ± 1) mm em
84

relação à sua face submersa, evitando a molhagem de outras superfícies do


corpo de prova.
Durante o ensaio, determina-se a massa saturada (msat) dos corpos de
prova com intervalos de tempo normalizados pela NBR 9779:2012 (“Argamassa
e concreto endurecido - Determinação da absorção da água por capilaridade”).
Assim, a absorção de água por capilaridade (C) pode ser calculada com o auxílio
da Equação 41, em que (S) representa a área da seção transversal do corpo de
prova, expresso em cm². A absorção (C) é expressa em g/cm².

𝑚𝑠𝑎𝑡 − 𝑚𝑠
𝐶= Equação 41
𝑆

Essa avaliação é especialmente importante, pois indica o grau de


dificuldade encontrado por um fluido para acessar os vazios capilares existentes
no corpo em análise, configurando-se num importante mecanismo de transporte
de substâncias potencialmente nocivas às estruturas, do ponto de vista da
durabilidade.

3.2.4. Técnicas de avaliação e estudo da durabilidade do concreto

No presente trabalho foram realizados os ensaios de migração de cloretos,


medida da profundidade de carbonatação, resistividade elétrica do concreto,
além da ciclagem térmica, avaliada por meio da velocidade do pulso ultrassônico,
para verificar a qualidade do concreto quanto à sua durabilidade.

3.2.4.1. Profundidade de carbonatação

Os ensaios acelerados de carbonatação proporcionam a obtenção de


resultados em um curto período de tempo. No presente estudo, o ensaio é
baseado nos procedimentos estabelecidos pela ISO 1920-12:2015 (“Testing of
concrete – Part 12: Determination of the carbonation resistance of concrete –
Accelerated carbonation method”) e em uma metodologia aplicada por Barin
(2008) e Tasca (2012), e apresentada por Campos (2015).
85

Foram moldados corpos de prova cilíndricos com 100 mm x 200 mm


(diâmetro x altura), que permaneceram em cura úmida até os 27 dias, quando
foram cortados para a extração de uma fatia com altura de 60 mm, totalizando
duas fatias por mistura. As extremidades dos corpos de prova foram
desprezadas, utilizando-se o disco central por cilindro, para tentar alcançar a
maior uniformidade de mistura nas amostras, conforme mostra a Figura 28.
Após o corte, os discos foram mantidos por 14 dias em laboratório com
umidade relativa do ar de (75 ± 5)% e temperatura ambiente de (22 ± 2)ºC, para
redistribuição da umidade e para permitir a desobstrução dos poros preenchidos
com água durante a cura, completando, assim, a idade de 42 dias das amostras.
Em seguida, os discos foram selados na sua face lateral com parafina, para
garantir a penetração do CO2 somente nas faces planas superior e inferior dos
discos, permitindo a medição da profundidade carbonatada ao final do ensaio.

Figura 28. Esquema de corte dos corpos de prova para o ensaio de carbonatação.

Fonte: adaptada de CAMPOS, 2015.

Após o processo de preparação das amostras, elas foram colocadas em


câmara de carbonatação da marca Quimis, sob temperatura de (27 ± 2)ºC,
concentração de CO2 de (3,0 ± 0,5)% e umidade relativa de (65 ± 5)%, onde
permaneceram até o final do ensaio, de acordo com a ISO 1920-12:2015. As
medidas foram feitas ao final de 9 e 15 semanas de exposição.
86

O procedimento de aspersão da solução aquoalcóolica, contendo 1 g de


fenolftaleína dissolvida em 100 ml de uma solução composta de 70 ml de etanol
e 30 ml de água deionizada foi realizado após o período de exposição ao CO2,
quando o corpo de prova foi retirado da câmara e rompido à tração por
compressão diametral, dividindo os discos em duas metades.
A seguir, foi removido com pincel qualquer excesso de material
pulverulento sobre as superfícies e aspergido o indicador à base de fenolftaleína.
Após dez minutos da aspersão da solução, foram feitas fotografias com câmera
digital e, com o auxílio do programa computacional de desenho técnico
AutoCAD, foi medida a profundidade de carbonatação devida à reação concreto-
solução.
O indicador de fenolftaleína possui pH de viragem em torno de 9, permitindo
identificar visualmente as regiões com diferentes níveis de pH existente num
exemplar parcialmente carbonatado. Em áreas carbonatadas o pH é reduzido
para um valor em torno de 9, mantendo a área aspergida incolor e nas áreas não
carbonatadas o pH permanece elevado, em torno de 13, gerando uma área com
coloração vermelho-carmim após a aspersão do indicador. Vale ressaltar que
este é um método de medição indireta, ou seja, a superfície que apresenta a cor
vermelho carmim não indica necessariamente ausência de carbonatação, mas
um pH superior a 9. Apesar disso, segundo Pauletti (2009), não existe problema
algum em se fazer uso desses indicadores quando os ensaios de carbonatação
são realizados de forma comparativa.

3.2.4.2. Ensaio de migração de cloretos

a) Seleção dos corpos de prova e análise da concentração de cloretos

Para a seleção das amostras, Ribeiro (2010) propõe a adaptação da ASTM


E 562/99 (“Standard Test Methods for Determining Volume Fraction by
Sistematic Manual Point Count”), devido à grande heterogeneidade ocasionada
pela distribuição do agregado graúdo na pasta de cimento. Deste modo, existe
a possibilidade de que a porcentagem de uma fase de interesse seja estimada,
sobrepondo uma grade sobre a amostra e contando os nós da rede que
87

estiverem sobre a fase em estudo, sendo que os nós que sobrepuserem a zona
de transição têm valor de 0,5 ponto e os que sobrepuserem a fase em análise
(agregado graúdo) têm valor de 1 ponto. Posteriormente, divide-se este valor
obtido pelo total de nós, estimando a porcentagem da fase. Um esquema deste
procedimento é apresentado na Figura 29.

Figura 29. Esquema do procedimento de estimativa das fases do concreto, adaptada da


norma ASTM E 562/99 (“Standard Test Methods for Determining Volume Fraction by
Sistematic Manual Point Count”), utilizada para a seleção de amostras para a realização
dos ensaios de difusão de cloretos.

Fonte: RIBEIRO, 2010.

b) Execução do ensaio de migração de cloretos

Para o ensaio de migração de cloretos foi utilizado um aparato sugerido por


Andrade (1993) e desenvolvido por Ribeiro (2010), baseando-se na Norma
ASTM C 1202/12 (“Standard Test Method for Electrical Indication of Concrete's
Ability to Resist Chloride Ion Penetration”).
Os 4 (quatro) corpos de prova ensaiados para cada mistura possuem
diâmetro de 100 mm e espessura de 40 mm. Na Figura 30 é possível ver o
aparato para realização dos ensaios de migração de cloretos utilizado neste
trabalho.
88

O ensaio tem início quando os corpos de prova atingem a idade de 28 dias,


com a aplicação de uma voltagem de 12 Volts no sistema, por meio de eletrodos
posicionados nas extremidades do aparato, que estão conectados a fios de
cobre provenientes de uma fonte de tensão controlada.

Figura 30. Aparato utilizado no ensaio de migração de cloretos, utilizando amostras com
diâmetros iguais a 100 mm.

Fonte: O AUTOR.

As amostras ensaiadas foram inicialmente saturadas por meio da imersão


em água, como feito por Ribeiro (2010) e Santos (2006) durante 24 horas, como
alternativa à indicação da norma ASTM C 1202/12 (“Standard Test Method for
Electrical Indication of Concrete's Ability to Resist Chloride Ion Penetration”), que
estabelece que as amostras devem estar saturadas a vácuo para realização do
ensaio, de forma a garantir que ocorra apenas o fenômeno de difusão/migração.
No início, a quantidade de íons cloro passantes pela célula anódica (com
água destilada) é insignificante e não obedece a um fluxo constante, devido,
principalmente, às reações destes íons com os aluminatos presentes no cimento,
sendo caracterizada como fase não estacionária. Este tempo corresponde ao
chamado “time lag” e define o tempo necessário para que os íons cloro
atravessem a amostra, saturando-a (CASTELLOTE et al., 2001; RIBEIRO,
2010). Após o esgotamento da reserva de aluminatos, o fluxo iônico passa a ser
constante, o que corresponde ao período estacionário. Assim, o time lag (𝜏)
89

caracteriza o período de tempo em que a difusão se mantém no regime não


estacionário e, no caso do transporte dos cloretos, é definido como o tempo em
que estes íons levam para estabelecer um fluxo constante através do concreto,
em ensaios de migração ou difusão (CASTELLOTE et al., 2001; RIBEIRO, 2010).
O time lag é obtido por meio da interseção entre o prolongamento da reta que
caracteriza o regime estacionário e o eixo do tempo, de acordo com a Figura 31.

Figura 31. Determinação do time lag.

Fonte: CASTELLOTE et al., 2001.

A partir dos ensaios de migração, pode-se calcular o coeficiente de difusão


no estado estacionário (ou coeficiente de difusão efetivo), através da equação
de Nerst-Plank, modificada (Equação 42).

𝐽𝐶𝑙 𝑅𝑇𝑙
𝐷𝑠 = Equação 42
𝑧𝐹𝐶𝐶𝑙 𝛾∆𝜃

Em que Ds é o coeficiente de difusão no estado estacionário (cm²/s); J Cl é


o fluxo de íons (mol/(s.cm²)), R é a constante universal dos gases (1,9872
cal/(mol.K)), T é a temperatura (K), l é a espessura do corpo de prova (cm), z é
90

a valência dos íons (para cloretos, igual a 1), F é a constante de Faraday (23063
cal/(volt.eq)), CCl é a concentração de cloretos na célula catódica (mol/cm3), γ é
o coeficiente de atividade da solução da célula catódica (0,657 para o Cl-), ΔФ é
a média da tensão que é aplicada ao corpo de prova durante o estado
estacionário (V).
O coeficiente de difusão no estado não-estacionário (Dns) pode ser
calculado a partir de ensaios de migração, por meio da Equação 43, proposta
por Castellote et al. (2001).

2𝑙 2 𝑣 Equação 43
𝐷𝑛𝑠 = 2
[𝑣. 𝑐𝑜𝑡ℎ − 2]
𝜏𝑣 2

Em que:
ze
v , k é a constante de Boltzmann (1,38x10-23 J/K), e é a carga do
kT
elétron (1,6x10-19 C), ΔФ é a média da tensão efetivamente aplicada ao corpo de
prova durante o estado não-estacionário (V).

3.2.4.3. Resistividade elétrica do concreto

A resistividade elétrica do concreto foi medida a partir dos corpos de prova


cilíndricos (10 cm x 20 cm) em condição saturada. Esta técnica é baseada no
método de quatro pontos de Wenner e está sendo verificada por meio do
aparelho Resipod, da fabricante Proceq. Este equipamento opera com uma
corrente alternada de 40 Hz a 38 V e é capaz de medir amplitudes de
resistividade entre 1 kΩ.cm até, aproximadamente, 1000 kΩ.cm.
As quatro sondas são colocadas em contato direto com a superfície do
concreto, recém retirado da cura. O equipamento imprime uma corrente
alternada máxima de 200 µA entre as duas sondas externas e,
consequentemente, uma diferença de potencial é captada pelas sondas internas.
De acordo com os estudos de Millard (1991), apresentados por Santos (2006),
um afastamento de 50 mm é suficiente para obtenção de medidas de
resistividade relativamente precisas em quase todo tipo de estrutura de concreto
armado. Essa ideia é reforçada por Kessler et al. (2008), pois, para materiais
91

heterogêneos, como o concreto, o espaçamento entre sondas de 50 mm é


usualmente adequado. A Figura 32 ilustra o esquema de medição.

Figura 32. Esquema de medição da resistividade do concreto utilizando-se o conceito


de Wenner dos quatro pontos.

Fonte: PROCEQ, 2016.

O equipamento utilizado neste trabalho executa o cálculo da resistividade


pelo método de Wenner de forma automática, oferecendo como resultado a
medida direta da resistividade. Além disso, esse método possui uma vantagem
relacionada ao fato de que a medida do potencial é registrada entre os dois
eletrodos internos, o que minimiza a forte influência da presença de agregado
graúdo localizado próximo às sondas.
Para cada mistura de concreto, foram moldados três corpos de prova com
10 cm de diâmetro por 20 cm de altura, permanecendo em cura até serem
ensaiados nas idades de 3, 7, 28, 63, 91 e 180 dias. Os concretos devem ter sua
superfície livre de óleo e outros contaminantes, e as pontas das sondas devem
ser molhadas constantemente para garantir o contato elétrico entre o
equipamento e o concreto.
92

Após os 180 dias de cura, os corpos de prova foram submetidos ao


envelhecimento por ciclos, que consiste em semiciclos de imersão em solução
com 3% de cloreto de sódio (NaCl) com duração de 2 dias e posteriores
semiciclos de secagem em estufa ventilada a 50 ºC com duração de 5 dias. A
concentração de 3% de NaCl foi adotada por ser uma concentração próxima à
apresentada pela água do mar. As medidas de resistividade elétrica do concreto
continuaram a ser realizadas após os semiciclos úmidos, num total de sete ciclos
de molhagem e secagem, como avaliado por Mota (2016).
Conforme procedimento proposto pela AASHTO TP 95-14 (“Surface
Resistivity Indication of Concrete’s Ability to Resist Chloride Ion Penetration”),
foram feitas marcas no topo dos corpos de prova, referentes às posições
relativas entre 0°, 90°, 180° e 270°. Foi marcado, também, o ponto médio da sua
altura, para que o eixo entre os eletrodos internos pudesse ser alinhado nesta
posição, conforme mostrado na Figura 33.

Figura 33. Marcações realizadas nos corpos de prova para padronização das medidas.

Fonte: AASHTO TP 95-14.

3.2.4.4. Avaliação da frente de cloretos por meio da aspersão de indicador à base


de nitrato de prata

A avaliação da frente de cloretos por meio de um método colorimétrico por


aspersão de nitrato de prata (AgNO3) consiste em uma técnica qualitativa para
93

identificar a presença de cloretos livres em materiais com base cimentícia


(FRANÇA, 2011; MOTA, 2011).
Neste estudo, ao final dos ciclos de envelhecimento (molhagem e
secagem) em solução contendo cloretos, os concretos utilizados para medidas
de resistividade elétrica foram rompidos por compressão diametral, de acordo
com a ABNT NBR 7222:2010 (“Concreto e argamassa – Determinação da
resistência à tração por compressão diametral de corpos de prova cilíndricos”).
Nas faces fraturadas dos corpos de prova, foi feita aspersão de solução de
nitrato de prata (0,1 M), como mostrado na Figura 34.

Figura 34. Esquema de ensaio de aspersão de nitrato de prata realizado em corpos de


prova de concreto.

Fonte: MOTA, 2011.

O nitrato de prata (AgNO3) reage, preferencialmente, com os cloretos livres


presentes no concreto, formando duas regiões bem definidas: uma
esbranquiçada com precipitação do cloreto de prata (AgCl), indicando a
presença de cloretos; e outra com coloração mais escura, de tom amarronzado,
correspondendo à região livre de cloretos, o que permite mensurar a
profundidade da frente de cloretos no concreto (FIGUEIREDO et al., 2014;
FRANÇA, 2011).
Para avaliação das medidas de profundidade de íons cloro no concreto foi
utilizado o programa computacional de desenho técnico AutoCAD. Por meio da
relação das dimensões da fotografia com a medida real, foi possível marcar uma
94

distância de 40 mm do topo e da base do corpo de prova cilíndrico rompido,


desprezando, assim, a influência das extremidades, de modo que, ao final,
fossem tomadas sete medidas de cada lado das paredes laterais de cada face
fraturada dos corpos de prova.

3.2.4.5. Ciclagem gelo-degelo

O procedimento para a realização de ensaios visando à verificação da


durabilidade de concretos submetidos a ciclos de gelo-degelo foi estabelecido
pela ASTM C 666/15 (“Standard Test Method for Resistance of Concrete to Rapid
Freezing and Thawing”).
A temperatura alvo mínima recomendada pela norma é de -17,8ºC e a
máxima de +4,4ºC. O tempo de cada ciclo foi determinado de acordo com o
Procedimento A (“Rápido congelamento e descongelamento em água”) da
ASTM C 666/15, que corresponde a aproximadamente 5 horas por ciclo, em um
total de 300 ciclos. Esse procedimento é, geralmente, considerado como sendo
o mais agressivo.
O ensaio é iniciado após 28 dias de cura dos corpos de prova, quando
foram colocados na câmara climática contendo água potável, com espessura da
lâmina d’água que cobre as amostras entre 1 mm e 3 mm.
Para a realização da ciclagem gelo-degelo foi utilizado a câmara de teste
climática modelo Type 3423/16 da Feutron Klimasimulation GmbH, como mostra
a Figura 35. Esse equipamento possui uma faixa de operação de temperatura
de -40ºC a +100ºC e de umidade de 10% a 95%.
95

Figura 35. Câmara climática.

Fonte: O AUTOR.

A avaliação da qualidade do concreto foi realizada por meio da análise do


módulo de elasticidade dinâmico relativo, empregando a técnica de verificação
da velocidade do pulso ultrassônico (ultrassom). Para isso, foram moldados três
corpos de prova prismáticos (40 mm x 40 mm x 160 mm) de cada mistura e as
medidas foram feitas com um equipamento Pundit Lab, da marca Proceq, que
possui transdutores de 54 KHz, cujo princípio de funcionamento é a emissão de
ondas ultrassônicas.
Esse ensaio foi iniciado aos 28 dias de cura dos corpos de prova e foram
tomadas medidas periodicamente, aproximadamente a cada 20 ciclos de
congelamento e descongelamento, de acordo com a NBR 15630:2008
(“Determinação do módulo de elasticidade dinâmico através da propagação de
onda ultrassônica”). Com base no procedimento estabelecido pela RILEM TC
176-IDC (“Internal damage of concrete due to frost action”), determinou-se o
módulo de elasticidade dinâmico relativo, através da análise do tempo de
propagação do pulso ultrassônico, medida esta que pode ser utilizada para
avaliar a rigidez do concreto.
O cálculo do módulo de elasticidade dinâmico relativo está expresso por
meio das Equações 44 e 45.
96

ti
 Equação 44
t0

1
Edr  100. Equação 45
2

Em que  é a relação entre o tempo de transmissão após i ciclos e o tempo


inicial; ti, tempo de transmissão medido após i ciclos de gelo–degelo, em µs; t0 é
o tempo de transmissão inicial, em µs e Edr, o módulo de elasticidade dinâmico
relativo, em %.
O equipamento utilizado neste estudo (Pundit Lab, da Proceq) é constituído
de uma unidade central (A), que possui um gerador de pulsos elétricos, um
amplificador e um dispositivo eletrônico para medição do tempo que leva até o
pico (amplitude máxima) do pulso ultrassônico atravessar o corpo de prova, do
transdutor emissor (B) ao receptor (C), conforme mostrado na Figura 36.

Figura 36. Execução de medição da propagação de ondas ultrassônicas.

Fonte: PROCEQ, 2014.

Com base nos resultados de módulo de elasticidade dinâmico relativo, foi


calculado o fator de durabilidade (Fd), proposto pela ASTM C 666/15, que é um
dos parâmetros para avaliação do desempenho dos concretos submetidos a
ciclagem gelo-degelo. De acordo com essa norma, os concretos são
considerados duráveis se o fator de durabilidade ao final dos ciclos for maior ou
igual a 80%, sendo que é recomendado que se faça variações de congelamento
97

e descongelamento por até 300 ciclos, ou até que o respectivo módulo de


elasticidade dinâmico atinja 60% do módulo inicial, o que ocorrer primeiro.
O fator de durabilidade (Fd) é calculado a partir do módulo dinâmico de
elasticidade dos corpos de prova como segue na Equação 46.

𝐸𝑑𝑟 . 𝑁
𝐹𝑑 = Equação 46
𝑀

Em que Fd é o fator de durabilidade para o corpo de prova ensaiado a


gelo/degelo, Edr é o módulo de elasticidade dinâmico relativo para N ciclos de
gelo e degelo, N é o número de ciclos de gelo/degelo para o qual o corpo-de-
prova apresentou o menor módulo de elasticidade dinâmico relativo, M é o
número total de ciclos de gelo/degelo propostos para a realização do ensaio
completo. Neste estudo, M é equivalente a 300 ciclos.
De acordo com Setzer (2001 apud MOLERO et al., 2012), os critérios de
falha para avaliar os danos estão apresentados na Tabela 12.

Tabela 12. Critérios de falha para a avaliação da resistência ao congelamento do


concreto.

Aceitável Resistência ao Não resistente


Resistente ao
Critérios resistência ao congelamento ao congela-
congelamento
congelamento não comprovada mento

Fator de
durabilidade ≥ 80% ≥ 60% < 60% ≤ 40%
(Fd)

Fonte: SETZER, 2001 apud MOLERO et al., 2012.


98
99

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1. Caracterização dos materiais constituintes do concreto

4.1.1. Cimento Portland

No presente estudo foram utilizados dois tipos de cimento. Para os


concretos avaliados quanto à penetração de cloretos, profundidade de
carbonatação e resistividade elétrica foi utilizado o cimento Portland CP V – ARI
(Cimento Portland de Alta Resistência Inicial). Para os concretos submetidos aos
ciclos de congelamento e descongelamento foi empregado o cimento Portland
CP II E-32 (Cimento Portland Composto com Escória).
A distribuição do tamanho de partículas e as características físicas dos
cimentos utilizados estão apresentadas na Figura 37 e na Tabela 13,
respectivamente. Como é esperado, o CP V ARI empregado neste trabalho, é
constituído de grãos menores que o CP II E-32, conforme observado nos valores
obtidos para o diâmetro médio das partículas e ratificado pelo valor da superfície
específica, verificado para os cimentos utilizados.

Figura 37. Distribuição do tamanho de partículas dos cimentos Portland utilizados nesse
estudo.

Fonte: O AUTOR.
100

Tabela 13. Propriedades físicas dos cimentos Portland utilizados.

Grandeza CP V - ARI CP II E-32

Diâmetro médio das partículas (D50) 0,009 mm 0,017 mm

Massa específica 3,13 g/cm³ 3,13 g/cm³

Superfície específica (Blaine) 4255 cm²/g 3761 cm²/g

Fonte: O AUTOR.

As fases cristalinas dos cimentos, identificadas por difração de raios X


(DRX), são observadas na Figura 38.

Figura 38. Difratograma de raios X dos cimentos Portland utilizados.

Fonte: O AUTOR.
101

As principais fases cristalinas identificadas foram os silicatos tricálcico


(3CaO.SiO2) e dicálcico (2CaO.SiO2), o aluminato tricálcico (3CaO.Al2O3), o
ferroaluminato tetracálcico (4CaO.Al2O3.Fe2O3), a calcita (CaCO3) e a gipsita
(CaSO4.2H2O). Já no difratograma do CP II E-32 não foram identificadas
espécies mineralógicas típicas da escória ou presença de halo de amorfismo
entre 5º e 30º, característico das escórias (CINCOTTO, 2011).
Na Tabela 14 são apresentadas a composição química dos cimentos,
determinada por fluorescência de raios X (FRX), bem como os limites
estabelecidos para os cimentos pela NBR 11578:1991 (Cimento Portland
composto) e NBR 5733:1991 (Cimento Portland de alta resistência inicial).

Tabela 14. Composição química, em óxidos, dos cimentos Portland CP II E-32 e CP V


ARI, determinada por meio de FRX e os limites estabelecidos pelas NBR 11578:1991 e
NBR 5733:1991, respectivamente.

CP II E-32 CP V ARI
Óxido
Limites Limites
Teor (%) Teor (%)
(NBR 11578:1991) (NBR 5733:1991)
CaO 61,76 - 62,32 -
CO2 n.d. ≤ 5,0 n.d. ≤ 3,0
SiO2 12,97 - 14,28 -
Fe2O3 4,62 - 2,23 -
SO3 3,79 ≤ 4,0 2,98 ≤ 3,5
MgO 4,98 ≤ 6,5 3,91 ≤ 6,5
Al2O3 7,39 - 9,54 -
K2O 3,87 - 3,03 -
TiO2 0,26 - 0,02 -
Na2O n.d. - n.d. -
SrO 0,00 - 0,00 -
MnO 0,23 - n.d. -
P2O5 0,09 - 1,67 -
Outros 0,04 - 0,02 -
Perda ao fogo 3,96 ≤ 6,5 3,17 ≤ 6,5
n.d. = não detectado
Fonte: O AUTOR.
102

A partir da análise da Tabela 14, foi possível observar que a composição


química dos cimentos está de acordo com o esperado para seus principais
componentes, como o óxido de cálcio (CaO), a sílica (SiO2), o óxido de ferro
(Fe2O3), o óxido de magnésio (MgO), a alumina (Al2O3), os álcalis (Na2O e K2O)
e o anidrido sulfúrico (SO3). Outros óxidos se apresentam como impurezas, em
menores quantidades (PERUZZI, 2002).
É importante destacar, também, a presença de aluminatos no cimento CP
II E-32 (7,39%) e principalmente no cimento CP V ARI (9,54%). Após a
clinquerização, esses aluminatos formam os compostos C4AF (ferro aluminato
tetracálcico) e C3A (aluminato tricálcico). Como verificado por Shi et al. (2012), o
alto teor de aluminatos está diretamente relacionado à capacidade do concreto
de fixar cloretos, devido à formação dos cloroaluminatos na microestrutura do
concreto, em especial o sal de Friedel (C3A.CaCl2.10H2O). Por outro lado, torna
a pasta mais susceptível ao ataque por sulfatos.

4.1.2. Areia

A curva granulométrica obtida a partir da distribuição do tamanho de


partículas e a caracterização física da areia utilizada no presente estudo são
apresentadas na
Figura 39 e na Tabela 15, respectivamente.
A areia utilizada é comumente encontrada na Região Metropolitana de
Salvador, possui elevada finura, encontrando-se abaixo do limite inferior de
utilização, conforme a NBR 7211:2009 (“Agregados para concretos -
Especificação”).
103

Figura 39. Distribuição granulométrica do agregado miúdo utilizado.

Fonte: O AUTOR.

Tabela 15. Propriedades físicas da areia.

Grandeza Resultado

Dimensão máxima característica 1,18 mm

Módulo de finura 1,32

Diâmetro médio das partículas (D50) 0,42 mm

Massa específica 2,68 g/cm³

Massa unitária 1460 kg/m³

Material pulverulento 2,20%


104

4.1.3. Brita

Neste trabalho foram utilizados dois tipos de brita. Para avaliação da


penetração de cloretos, profundidade de carbonatação e resistividade elétrica foi
utilizado concreto contendo brita com dimensão máxima característica de 19,0
mm. No entanto, a brita com dimensão máxima característica de 9,5 mm foi
escolhida para avaliação da durabilidade dos concretos submetidos à ciclagem
gelo-degelo com o intuito de tornar possível a moldagem de corpos de prova com
dimensões de 40 x 40 x 160 mm³, havendo uma distribuição homogênea entre
a pasta e o agregado nestes corpos de prova.
A distribuição granulométrica e a caracterização física das britas
empregadas neste estudo são apresentadas na Figura 40 e na Tabela 16,
respectivamente.

Figura 40. Distribuição granulométrica das britas utilizadas.

100

80
Massa retida acumulada (%)

60

40
Zona granulométrica Brita 9,5 mm
4,75/12,5 Brita 19,0 mm
20
Zona granulométrica
9,5/25
0
1 10 100
Abertura da peneira (mm)

Fonte: O AUTOR.
105

De acordo com os resultados dos ensaios de composição granulométrica,


os agregados graúdos são classificados na faixa granulométrica compreendida
entre 4,75 mm e 12,5 mm (brita 9,5 mm) e 9,5 mm e 25 mm (brita 19,0 mm),
definida dentro dos padrões definidos pela NBR 7211:2009.
Inicialmente, o teor de material pulverulento nas britas excedia o limite
fornecido pela NBR 7211:2009; assim, esses agregados foram previamente
lavados para a retirada de impurezas e finos e, posteriormente, colocados para
secar ao ar e em seguida caracterizados. Os resultados da caracterização física
das britas são apresentados na Tabela 16.

Tabela 16. Propriedades físicas das britas 9,5 mm e 19,0 mm utilizadas.

Grandeza Brita 9,5 mm Brita 19,0 mm

Dimensão máxima característica 9,5 mm 19,0 mm

Módulo de finura 5,72 6,98

Diâmetro médio das partículas (D50) 6,7 mm 15,6 mm

Massa específica 2,87 g/cm³ 2,73 g/cm³

Massa unitária 1400 kg/m³ 1470 kg/m³

Material pulverulento 0,41%* 0,38%*

*resultado obtido após lavagem do material.


Fonte: O AUTOR.

4.1.4. Agregados reciclados

Para a escolha das frações granulométricas dos agregados reciclados


utilizados neste estudo em substituição ao agregado graúdo natural nas misturas
de concreto, foi realizada uma extensa caracterização de todas as faixas
granulométricas produzidas pela UVR Grajaú. Os resultados obtidos podem ser
visualizados no Anexo A. A distribuição granulométrica e os resultados de
caracterização física dos agregados reciclados empregados neste trabalho estão
apresentados na Figura 41 e na Tabela 17, respectivamente.
106

Figura 41. Distribuição granulométrica dos agregados graúdos reciclados utilizados.

100

80 Agregado Reciclado
Massa retida acumulada (%)

4,8-10 mm
Agregado Reciclado
60 10-20 mm

40
Zona
granulométrica
4,75/12,5
20
Zona
granulométrica
9,5/25
0
1 10 100
Abertura da peneira (mm)
Fonte: O AUTOR.

Tabela 17. Propriedades físicas dos agregados reciclados utilizados.


Agregado Agregado
Grandeza reciclado reciclado
(4,8-10 mm) (10-20 mm)
Dimensão máxima característica 9,5 mm 19,0 mm

Módulo de finura 5,96 6,94

Diâmetro médio das partículas (D50) 6,5 mm 14,8 mm

Massa específica 2,49 g/cm³ 2,52 g/cm³

Absorção de água 6,50% 4,48%

Massa unitária 1380 kg/m³ 1270 kg/m³

Material pulverulento 1,41% 2,02%


Fonte: O AUTOR.
107

As distribuições granulométricas apresentadas tanto para o agregado


graúdo natural, quanto para o agregado graúdo reciclado, mostram-se bastante
semelhantes.
A caracterização física dos agregados reciclados empregados neste estudo
apresenta valores próximos aos obtidos para os agregados graúdos naturais.
Considera-se que o sistema de beneficiamento dos resíduos e a sua composição
podem ter influenciado de forma direta sobre os resultados obtidos.
A Figura 42 mostra as frações obtidas na separação gravimétrica dos
agregados reciclados correspondentes as frações AR 4,8-10 mm e AR 10-20
mm, enquanto a Tabela 18 apresenta a composição gravimétrica destes
agregados, após a pesagem. Pode-se verificar que as amostras ensaiadas são
majoritariamente constituídas de concreto e rocha.

Figura 42. Separação gravimétrica das frações dos agregados graúdos reciclados
utilizados: (A) AR 4,8-10 mm e (B) AR 10-20 mm.

(A) (B)
Fonte: O AUTOR.
108

Tabela 18. Resultado da gravimetria para as frações dos agregados reciclados.

Agregado reciclado Agregado reciclado


Material
(4,8–10 mm) (10–20 mm)
Concreto 27,62% 35,82%

Rocha 54,29% 48,78%

Argamassa 16,19% 11,81%

Cerâmica 0,95% 2,21%

Betume 0,95% 1,00%

Gesso - 0,10%

Vidro - 0,25%

Madeira - 0,03%

Fonte: O AUTOR.

Os agregados reciclados AR 4,8-10 mm e AR 10-20 mm apresentaram


98,10% e 96,41%, respectivamente, de fragmentos que possuem pasta de
cimento endurecido em mais de 50% do volume e de fragmentos constituídos
por rochas em mais de 50% do volume. Com isso, de acordo com a NBR
15116:2004 (“Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil”),
estes agregados podem ser considerados agregados reciclados de concreto
(ARC), por possuírem mais de 90% de material cimentício e rocha.

4.2. Caracterização do concreto no estado endurecido

4.2.1. Porosidade e densidade aparentes

Os resultados obtidos para a densidade e porosidade aparentes dos


concretos moldados são apresentados nas Figuras 43 e 44.
109

Figura 43. Densidade aparente, aos 28 dias, das misturas de referência e com
substituição do agregado natural pelo agregado reciclado.

2,35
Densidade aparente (g/cm³)

2,30

2,25

2,20

2,15

2,10

2,05

2,00
REF35 35T50 35T100 REF45 45T50 45T100 REF55 55T50 55T100
Mistura
Fonte: O AUTOR.

Observa-se que, quanto maior a relação água/cimento, maior a porosidade


do concreto, conforme esperado. Com a substituição da brita pelo agregado
reciclado houve um aumento da porosidade aparente desses concretos e,
consequentemente, decréscimo da densidade aparente quando comparado aos
valores obtidos na referência. Isto é explicado pelo fato de que quase 50% do
agregado reciclado utilizado nesse estudo é composto por concreto e
argamassa. De acordo com Etxeberria et al. (2006), quando o agregado
reciclado é composto de basicamente pasta/argamassa antiga aderida em sua
superfície, sua porosidade é muito elevada, devido à presença de uma zona de
transição neste agregado reciclado. Deste modo, à medida que se aumenta o
teor de substituição do agregado natural pelo agregado reciclado, a porosidade
dos concretos produzidos tende a aumentar, uma vez que se aumenta
gradativamente o teor de pasta no concreto, aumentando-se o volume de poros,
visto que a argamassa é, normalmente, mais porosa que o agregado natural.
110

Figura 44. Porosidade aparente, aos 28 dias, das misturas de referência e com
substituição do agregado natural pelo agregado reciclado.
20,0
Porosidade aparente (g/cm³)

18,0

16,0

14,0

12,0

10,0

8,0
REF35 35T50 35T100 REF45 45T50 45T100 REF55 55T50 55T100
Mistura
Fonte: O AUTOR.

4.2.2. Absorção de água por capilaridade

Entre os transportes de massa no concreto, a absorção de água por


capilaridade é um dos mecanismos mais comuns e um dos principais
responsáveis pela penetração de agentes agressivos no interior do concreto,
uma vez que é um fenômeno espontâneo e está associado aos poros capilares,
que geralmente são interligados e, portanto, favorecem o transporte das
substâncias agressivas (MARTYS; FERRARIS, 1997).
A Figura 45 apresenta os valores obtidos para os concretos contendo
agregado reciclado, submetidos ao ensaio de absorção de água por
capilaridade, durante 72 horas.
111

Figura 45. Coeficiente de absorção capilar, aos 28 dias, das misturas de referência e
com substituição do agregado natural pelo agregado reciclado.

0,20
Coef. de absorção capilar

0,16
(kg/m².min0,5)

0,12

0,08

0,04

0,00
REF35 35T50 35T100 REF45 45T50 45T100 REF55 55T50 55T100

Mistura
Fonte: O AUTOR.

Observa-se que a absortividade do concreto aumenta em função do


aumento da relação água/cimento e da substituição da brita pelo agregado
reciclado (AR), quando comparado aos valores obtidos nos corpos de prova de
referência. Analisando o fator “teor de agregado reciclado”, a quantidade de água
absorvida aumenta devido, provavelmente, a um aumento na densidade e
comprimento dos capilares dentro da matriz do concreto, resultante da
porosidade da argamassa aderida aos agregados naturais originais (GOMES;
BRITO, 2009), além da presença de uma dupla camada de transição.
Os resultados obtidos neste trabalho são corroborados pelos estudos
apresentados por Bravo et al. (2015), que chegaram a conclusão de que o valor
do coeficiente de absorção de água por capilaridade aumenta à medida que a
relação de substituição de agregado natural pelo agregado reciclado cresce. Isto
é essencialmente devido à maior porosidade das misturas com agregado
reciclado.
112

4.2.3. Resistência mecânica

Os resultados de resistência à compressão nas idades de 3, 7 e 28 dias


são apresentadas na Figura 46.

Figura 46. Resistência à compressão axial do concreto contendo agregado reciclado em


função do teor de substituição ao agregado graúdo e da relação água/cimento, para
diferentes idades dos corpos de prova.

60,0
Resistência à compressão axial

55,0 3 dias
7 dias
50,0
28 dias
45,0
(MPa)

40,0

35,0

30,0

25,0

20,0
REF35 35T50 35T100 REF45 45T50 45T100 REF55 55T50 55T100
Mistura
Fonte: O AUTOR.

Quanto maior a relação água/cimento, maior a porosidade total do concreto


e, consequentemente, menos resistente será este material. Além disso, o
aumento da relação água/cimento também está associado à maior probabilidade
da formação de um filme de água sobre a superfície dos agregados e, com a
formação desse filme, mais fraca será a zona de transição (OTSUKI; MIYAZATO;
YODSUDJAI, 2003 apud CABRAL, 2007).
O efeito isolado do fator “agregado reciclado de concreto” em relação ao
comportamento da resistência mecânica do concreto é apresentado na Tabela
19.
113

Tabela 19. Resistência relativa à compressão, aos 28 dias, dos concretos avaliados
para diferentes relações água/cimento.

Teor de Relação água/cimento


substituição 0,35 0,45 0,55
0% 1,00 1,00 1,00
50% 0,89 0,93 0,97
100% 0,84 0,89 0,96
Fonte: O AUTOR.

A resistência à compressão das misturas diminuiu com o aumento do teor


de agregados reciclados. Observa-se que para todas as misturas, a substituição
do agregado graúdo natural pelo agregado reciclado exerceu efeito negativo,
diminuindo a resistência do concreto. Em contrapartida, González-Fonteboa e
Martínez-Abella (2008) e Fedumenti (2013) relataram que, com a mesma
trabalhabilidade, é possível produzir concreto contendo até 50% de agregados
reciclados com quase a mesma resistência à compressão que um concreto
contendo agregado natural.
Gómez-Soberón (2002), Topçu e Sengel (2004) e Tu et al. (2006)
verificaram que a resistência à compressão de concretos produzidos com
agregados reciclados geralmente é inferior à de concretos contendo agregados
naturais, para um mesmo consumo de cimento. Segundo dados extraídos dos
referidos trabalhos, essas reduções podem atingir até a ordem de 45% da
resistência dos concretos de referência. De acordo com Kou e Poon (2012) e
Leite (2001), isto pode ser atribuído à presença da argamassa aderida aos
agregados reciclados, criando zonas de fragilidade e reduzindo a resistência
mecânica destes materiais. Além disso, normalmente, o grão do agregado
reciclado é mais frágil em relação ao restante do sistema, fazendo com que a
falha possa ocorrer no agregado; assim, quanto maior o seu teor na mistura, a
resistência mecânica tende a ser menor.
Outro aspecto a ser observado é a redução da influência do agregado
reciclado nos valores de resistência à compressão axial com o aumento da
relação água/cimento dos concretos. Nos estudos desenvolvidos por Leite
(2001), foi possível observar que na medida em que se aumenta a relação
114

água/cimento da mistura, tem-se o aumento da porosidade da matriz e da zona


de transição do concreto convencional. Em função disso, a densidade e
resistência do agregado graúdo natural têm a sua influência muito reduzida,
diferente do que ocorre com o agregado reciclado, que passa a ter os valores
destas propriedades semelhantes aos da matriz do concreto, deixando de ser
assim o elo frágil do sistema.

4.3. Avaliação da durabilidade do concreto contendo agregado reciclado


em substituição ao agregado natural

4.3.1. Avaliação da qualidade do concreto quanto à corrosibilidade do concreto


armado

4.3.1.1. Resistividade elétrica

A resistividade elétrica do concreto pode ser utilizada como um índice para


avaliar a durabilidade das estruturas, uma vez que um concreto mais resistivo
também tem maior dificuldade de mobilidade iônica, fator fundamental para a
ocorrência da corrosão. Por outro lado, maior concentração de cloretos na
solução intersticial e nos poros do concreto terá, como consequência, um
aumento de sua condutividade.
Neste estudo foram avaliados três corpos de prova para cada mistura. Os
concretos permaneceram em câmara úmida até os 180 dias (linha vertical escura
nas Figuras 47, 48 e 49), quando se iniciou o ensaio de envelhecimento
acelerado por ciclos, que consistiu em imersão dos corpos de prova em solução
contendo 3% de NaCl por 2 dias, e secagem em estufa (a 50°C) por 5 dias.
As Figuras 47, 48 e 49 apresentam o perfil de evolução da resistividade
elétrica das misturas dos concretos de referência e dos concretos contendo
agregado graúdo reciclado. De acordo com os critérios da COST 509, aos 28
dias de idade, os concretos com relação água/cimento 0,55 apresentaram alto
risco de corrosão (< 10 kΩ.cm), sendo os demais situados na faixa com risco
moderado de corrosão (10 a 50 kΩ.cm). Aos 180 dias de idade, apenas a mistura
55T100 se encontrava na região de alto risco de corrosão.
115

Figura 47. Evolução da resistividade elétrica das misturas REF35, 35T50 e 35T100, em
função da idade.

Fonte: O AUTOR.

Figura 48. Evolução da resistividade elétrica das misturas REF45, 45T50 e 45T100, em
função da idade.

Fonte: O AUTOR.
116

Figura 49. Evolução da resistividade elétrica das misturas REF55, 55T50 e 55T100, em
função da idade.

Fonte: O AUTOR.

A resistividade elétrica aumentou com o passar do tempo, para todas as


amostras, durante o período de cura úmida, devido à maior hidratação da pasta
do concreto (RIBEIRO, 2010).
A mistura de referência com relação água/cimento igual a 0,35 mostrou-se
72,0% e 154,8% mais resistiva que as misturas de referência com relação
água/cimento iguais a 0,45 e 0,55, respectivamente, aos 180 dias. Destaca-se,
também, que quanto maior o teor de substituição do agregado graúdo natural
(AGN) pelo agregado graúdo reciclado (AGR), maior é a condutividade elétrica
do concreto, consequentemente, menor é a sua resistividade elétrica. As
amostras 35T50, 35T100, 45T50, 45T100, 55T50 e 55T100 apresentaram, aos
180 dias, valores correspondentes a 75,8%, 65,7%, 80,8%, 69,4%, 92,3% e
78,5% da resistividade elétrica das respectivas amostras de referência.
De modo geral, a utilização do agregado reciclado aumentou a
condutividade elétrica das amostras, o que pode ser atribuído ao aumento da
porosidade dos concretos contendo agregado reciclado, o que facilita a entrada
de cloretos, com a presença de maior quantidade de solução eletrolítica nos seus
117

poros e, consequentemente, maior a condutividade iônica (HIGUERA et al.,


2013), uma vez que a resistividade elétrica do concreto é uma medida da
resistência ôhmica contra o fluxo de corrente e está relacionada às
características microestruturais da matriz de cimento, tais como porosidade total,
distribuição do tamanho de poros e conectividade dos poros, além da
condutividade da solução aquosa presente no seu interior (WHITING; NAGI,
2003; SANTOS, 2006; MCCARTER; STARRS; CHRISP, 2000).
Após início do envelhecimento por ciclos foi possível observar a redução
nos valores de resistividade elétrica. De acordo com Saleem et al. (1996) e
Ramezanianpour et al. (2011), isso ocorre devido à presença de sais fortes,
como o NaCl, que reduzem significativamente a medida da resistividade elétrica
do concreto, pela sua forte condutividade iônica.
A partir do 203° dia, para a maioria das amostras, observa-se uma
tendência à estabilização nos valores de resistividade elétrica. Isso pode indicar
que houve um equilíbrio entre a concentração salina da solução contida nos
poros do concreto e a solução contaminante utilizada neste ensaio, contendo 3%
de NaCl, em massa.
A partir da análise dos resultados obtidos, foram realizadas algumas
correlações, para um mesmo valor de relação água/cimento, entre a
resistividade elétrica e algumas das propriedades físicas e mecânicas do
concreto, conforme observado nas Figuras 50, 51 e 52, com o intuito de analisar
a influência do agregado reciclado na microestrutura do concreto, aos 28 dias.
Ressalta-se que cada um dos três pontos de cada uma destas correlações
corresponde ao valor médio das propriedades para cada uma das composições
(0%, 50% e 100% de substituição do agregado natural pelo reciclado).
118

Figura 50. Correlação entre os resultados de resistividade elétrica e absortividade dos


concretos com relação água/cimento (A) 0,35, (B) 0,45 e (C) 0,55.
0,16
Coef. de absorção capilar

y = -0,018x + 0,4484
0,14 R² = 0,9992
(kg/m².min0,5)

0,12

0,10

0,08

0,06

0,04
15,0 16,0 17,0 18,0 19,0 20,0 21,0 22,0 23,0
Resistividade elétrica (KΩ.cm)
(A)
0,18
Coef. de absorção capilar

y = -0,0166x + 0,3376
0,16 R² = 0,9725
(kg/m².min0,5)

0,14

0,12

0,10

0,08
10,0 11,0 12,0 13,0 14,0 15,0
Resistividade elétrica (KΩ.cm)
(B)
0,18
Coef. de absorção capilar

0,16
(kg/m².min0,5)

y = -0,0548x + 0,6521
R² = 0,9467
0,14

0,12

0,10
8,0 8,5 9,0 9,5 10,0 10,5 11,0
Resistividade elétrica (KΩ.cm)
(C)
Fonte: O AUTOR.
119

Figura 51. Correlação entre os resultados de resistividade elétrica e porosidade


aparente dos concretos com relação água/cimento (A) 0,35, (B) 0,45 e (C) 0,55.
14,0
Porosidade aparente (%)
y = -0,233x + 16,635
R² = 0,9597
13,0

12,0

11,0

10,0
15,0 16,0 17,0 18,0 19,0 20,0 21,0 22,0 23,0
Resistividade elétrica (KΩ.cm)
(A)
16,0
Porosidade aparente (%)

15,0

14,0
y = -0,7578x + 24,234
R² = 0,8345
13,0

12,0
10,0 11,0 12,0 13,0 14,0 15,0
Resistividade elétrica (KΩ.cm)
(B)
20,0
Porosidade aparente (%)

y = -5,3608x + 66,725
R² = 0,9864
18,0

16,0

14,0

12,0
8,0 8,5 9,0 9,5 10,0 10,5 11,0
Resistividade elétrica (KΩ.cm)
(C)
Fonte: O AUTOR.
120

Figura 52. Correlação entre os resultados de resistividade elétrica e resistência à


compressão dos concretos com relação água/cimento (A) 0,35, (B) 0,45 e (C) 0,55.
60,0
Resistência à compressão

56,0
y = 1,8402x + 14,646
R² = 0,9985
axial (MPa)

52,0

48,0

44,0

40,0
15,0 16,0 17,0 18,0 19,0 20,0 21,0 22,0 23,0
Resistividade elétrica (KΩ.cm)
(A)
48,0
Resistência à compressão

y = 1,5777x + 22,805
46,0
R² = 0,9847
axial (MPa)

44,0

42,0

40,0

38,0

36,0
10,0 11,0 12,0 13,0 14,0 15,0
Resistividade elétrica (KΩ.cm)
(B)
42,0
Resistência à compressão

y = 2,1119x + 18,533
40,0 R² = 0,9137
axial (MPa)

38,0

36,0

34,0

32,0
8,0 8,5 9,0 9,5 10,0 10,5 11,0
Resistividade elétrica (KΩ.cm)
(C)
Fonte: O AUTOR.
121

As correlações apresentadas, apesar de não serem conclusivas, haja vista


existirem apenas três pontos em cada correlação, tiveram como objetivo mostrar
uma tendência geral na relação entre as variáveis.
Com os resultados obtidos, observa-se uma boa correlação entre a
resistividade elétrica e o coeficiente de absorção capilar, a porosidade aparente
e a resistência à compressão axial, para as misturas com a mesma relação
água/cimento e contendo agregado reciclado. Nota-se que a resistividade
elétrica apresentou uma relação inversamente proporcional com a absortividade
e a porosidade aparente, e diretamente proporcional a resistência à compressão
axial.
As Figuras 53, 54 e 55 mostram, respectivamente, a correlação obtida entre
a resistividade elétrica e o coeficiente de absorção capilar, a porosidade aparente
e a resistência à compressão axial para os concretos avaliados,
independentemente da relação água/cimento.

Figura 53. Correlação entre os resultados de resistividade elétrica e absortividade dos


concretos avaliados.
0,18
Coef. de absorção capilar

0,16 y = -0,0044x + 0,1837


R² = 0,4349
(kg/m².min0,5)

0,14
0,12
0,10
0,08
0,06
0,04
5,0 10,0 15,0 20,0 25,0
Resistividade elétrica (KΩ.cm)
Fonte: O AUTOR.
122

Figura 54. Correlação entre os resultados de resistividade elétrica e porosidade


aparente dos concretos avaliados.
20,0
Porosidade aparente (%)

18,0 y = -0,4186x + 20,06


R² = 0,741
16,0

14,0

12,0

10,0
5,0 10,0 15,0 20,0 25,0
Resistividade elétrica (KΩ.cm)
Fonte: O AUTOR.

Figura 55. Correlação entre os resultados de resistividade elétrica e resistência à


compressão axial dos concretos avaliados.
60,0
Resistência à compressão

55,0
y = 1,2143x + 26,984
50,0 R² = 0,9711
axial (MPa)

45,0

40,0

35,0

30,0
5,0 10,0 15,0 20,0 25,0
Resistividade elétrica (KΩ.cm)
Fonte: O AUTOR.

A partir dos resultados obtidos, considerando todos os pontos,


independentemente da relação água/cimento, observa-se que a resistividade
elétrica dos concretos apresentou uma fraca correlação com o coeficiente de
absorção capilar. Apesar do baixo coeficiente de correlação observado (R² igual
a 43,5%), é possível verificar uma tendência à diminuição do coeficiente de
absorção capilar à medida que a resistividade elétrica das misturas aumenta. Por
outro lado, verificou-se uma forte correlação entre a porosidade aparente e a
123

resistividade elétrica (R² igual a 74,1%) e uma correlação muito forte (R² igual a
97,1%) entre a resistência à compressão axial e a resistividade elétrica para os
concretos estudados. Nota-se que a resistividade elétrica apresentou uma
relação inversamente proporcional com a absortividade e a porosidade aparente,
e diretamente proporcional à resistência à compressão axial.
Esses resultados indicam que com a incorporação do agregado reciclado
nas misturas, houve um incremento da porosidade e uma redução da resistência
mecânica dos concretos, independentemente da relação água/cimento, e quanto
maior o teor de substituição do agregado natural pelo reciclado, maior a
condutividade elétrica nas misturas, consequentemente, menor a resistividade
elétrica.

4.3.1.2. Migração de cloretos

Com o intuito de ratificar os resultados obtidos no ensaio de resistividade


elétrica, buscando um maior aprofundamento no entendimento do efeito dos
agregados reciclados na facilidade de entrada dos agentes de degradação no
concreto foi realizado o ensaio de migração de cloretos.
A evolução da degradação do concreto exposto à água do mar é um
fenômeno amplamente estudado pela comunidade científica. O principal
problema relacionado diz respeito à corrosão do aço em estruturas de concreto
armado pela ação dos cloretos (GOMES; BRITO, 2009).
No presente trabalho, foi avaliado o desempenho de concretos contendo
agregado reciclado quanto à penetração de cloretos por meio da migração
iônica. As Figuras 56, 57 e 58 apresentam a evolução da concentração de
cloretos na célula anódica durante estes ensaios, em que Δ representa o início
do estado estacionário e ○ o final do estado estacionário. A concentração de íons
cloro (Cl-) aumenta com o tempo, devido à tensão elétrica aplicada, forçando
estes íons a migrarem em direção ao pólo positivo do sistema.
124

Figura 56. Evolução da concentração de cloretos na solução presente na célula anódica,


em função do tempo, para ensaios de migração de cloretos, para as misturas REF35,
35T50 e 35T100.

0,14
REF35
0,12 35T50
Concentração de Cl- (M)

35T100
0,10

0,08

0,06

0,04

0,02

0,00
0 300 600 900 1200 1500 1800
Tempo (h)
Fonte: O AUTOR.

Figura 57. Evolução da concentração de cloreto na solução presente na célula anódica,


em função do tempo, para ensaios de migração de cloretos, para as misturas REF45,
45T50 e 45T100.

0,14
REF45
0,12 45T50
Concentração de Cl- (M)

45T100
0,10

0,08

0,06

0,04

0,02

0,00
0 300 600 900 1200 1500 1800
Tempo (h)
Fonte: O AUTOR.
125

Figura 58. Evolução da concentração de cloreto na solução presente na célula anódica,


em função do tempo, para ensaios de migração de cloretos, para as misturas REF55,
55T50 e 55T100.
0,14
REF55
0,12 55T50
Concentração de Cl- (M)

55T100
0,10

0,08

0,06

0,04

0,02

0,00
0 300 600 900 1200 1500 1800
Tempo (h)
Fonte: O AUTOR.

Para avaliar os concretos produzidos neste estudo, o tempo de duração de


cada ensaio variou entre um mês e dois meses e meio, e a partir da análise dos
resultados obtidos, verifica-se, como esperado, uma redução na resistência à
penetração de íons cloro à medida que se aumenta a relação água/cimento. Para
Ngala et al. (1995), a relação água/aglomerante é o parâmetro principal que
influencia a penetração de cloretos no concreto, devido ao refinamento da
porosidade capilar que se obtém com baixas relações água/aglomerante. Nestes
concretos, os cloretos são obrigados a se difundir por caminhos mais tortuosos
e desconectos, o que dificulta seu ingresso para o interior do concreto.
Por outro lado, com a substituição do agregado graúdo natural (AGN) pelo
agregado graúdo reciclado (AGR), o tempo para iniciação do período
estacionário de difusão foi reduzido, indicando que o concreto contendo
agregado reciclado possui uma estrutura de poros mais aberta, em comparação
com o concreto de referência (KOU; POON; AGRELA, 2011). De acordo com
Evangelista e Brito (2004 apud GOMES; BRITO, 2009), a penetração dos íons é
fortemente dependente da porosidade do concreto.
126

Esse resultado é corroborado pelos estudos de Kou, Poon e Chan (2004),


que analisaram a influência do agregado graúdo reciclado na matriz de cimento,
com relação água/aglomerante de 0,45, em teores de substituição de 20%, 50%
e 100%, e constataram que a resistência do concreto contra a penetração de
íons cloro diminuiu à medida que o teor de agregado reciclado aumentou.
A partir da análise dos resultados, observa-se que o time lag, tempo em
que os íons cloro levam para estabelecer um fluxo constante através do
concreto, diminui conforme aumenta o teor de substituição do AGN pelo AGR. A
Figura 59 apresenta a variação do time lag, para as misturas estudadas.

Figura 59. Valores de time lag (τ), estimados a partir de ensaios de migração de cloretos,
para os concretos contendo agregado reciclado em substituição ao agregado natural.

1000

800
Time lag, τ (hora)

600

400

200

0
REF35 35T50 35T100 REF45 45T50 45T100 REF55 55T50 55T100

Mistura
Fonte: O AUTOR.

As amostras 35T50, 45T50 e 55T50 apresentaram uma diminuição do time


lag em 20,8%, 14,9% e 25,9%, respectivamente, em relação aos concretos de
referência. De forma semelhante as misturas 35T100, 45T100 e 55T100 tiveram
uma redução do time lag de 25,1%, 42,6% e 55,2%, respectivamente, quando
comparadas as amostras de referência.
127

A presença da antiga zona de transição, associada à porosidade da


argamassa aderida na superfície do agregado reciclado, pode fazer com que a
passagem dos íons cloro seja facilitada, na medida em que essas zonas
possuem grande importância nos estudos de durabilidade, pois é através delas
que ocorre a penetração preferencial dos cloretos (OTSUKI; MIYAZATO;
YODSUDJAI, 2003; SHI et al., 2012; RIBEIRO, 2010).
Após o time lag, o sistema inicia o regime estacionário, que corresponde
ao aumento do fluxo de íons cloro através da amostra a uma taxa constante até
a estabilidade da concentração dos cloretos (CASTELLOTE; ANDRADE;
ALONSO, 2001). De acordo com Ribeiro (2010), esse fluxo de íons cloro (JCl)
representa a velocidade na qual os íons são conduzidos através do concreto, em
regime estacionário. A Figura 60 apresenta os valores de fluxo de íons, que
representa a taxa de difusão de cloretos, no regime estacionário, em função do
teor de substituição do agregado graúdo natural pelo agregado graúdo reciclado.

Figura 60. Fluxo de íons cloro (JCl), estimado a partir de ensaios de migração de cloretos,
para as misturas estudadas.

9,0
Fluxo de íons, J (x10-10 mol/s.cm2)

8,0

7,0

6,0

5,0

4,0

3,0

2,0

1,0

0,0
REF35 35T50 35T100 REF45 45T50 45T100 REF55 55T50 55T100

Mistura

Fonte: O AUTOR.
128

Os dados mostram uma clara influência da relação água/cimento nas


propriedades do concreto frente à penetração de cloretos, uma vez que ela
influenciará a porosidade, a forma, e a distribuição dos tamanhos de poros do
material (FIGUEIREDO, 2011). Deste modo, conforme esperado, houve um
crescimento no fluxo de íons ao passo que se aumentou a relação água/cimento.
É possível observar, também, um crescimento no fluxo de íons à medida
que se aumenta o teor de substituição do AGN pelo AGR no concreto, o que
indica menor eficiência do material quanto à resistência à penetração de íons
cloro.
De forma complementar, nas Figuras 61, 62 e 63 são apresentados os
valores dos coeficientes de difusão nos estados estacionário e não estacionário,
obtidos para os concretos.

Figura 61. Coeficientes de difusão nos estados estacionário e não estacionário,


calculados a partir de ensaios de migração de cloretos, para as misturas REF35, 35T50
e 35T100.

14,0
Coeficientes de Difusão

12,0
10,0
(10-8 cm2/s)

8,0
6,0
4,0
2,0
0,0
REF35 35T50 35T100
Mistura
Estado estacionário, Ds Estado não-estacionário, Dns
Fonte: O AUTOR.
129

Figura 62. Coeficientes de difusão nos estados estacionário e não estacionário,


calculados a partir de ensaios de migração de cloretos, para as misturas REF45, 45T50
e 45T100.

14,0
Coeficientes de Difusão

12,0
10,0
(10-8 cm2/s)

8,0
6,0
4,0
2,0
0,0
REF45 45T50 45T100
Mistura
Estado estacionário, Ds Estado não-estacionário, Dns
Fonte: O AUTOR.

Figura 63. Coeficientes de difusão nos estados estacionário e não estacionário,


calculados a partir de ensaios de migração de cloretos, para as misturas REF55, 55T50
e 55T100.

14,0
Coeficientes de Difusão

12,0
10,0
(10-8 cm2/s)

8,0
6,0
4,0
2,0
0,0
REF55 55T50 55T100
Mistura
Estado estacionário, Ds Estado não-estacionário, Dns
Fonte: O AUTOR.
130

Os resultados dos coeficientes de difusão nos estados estacionário e não


estacionário estão relacionados com os parâmetros já analisados anteriormente,
como o fluxo de íons e o time lag.
De acordo com Silva et al. (2015), é possível que o processo de britagem
ao qual é submetido o agregado graúdo reciclado cause microfissuras internas,
gerando uma microestrutura mais porosa. Xiao et al. (2012) concluíram que a
largura dessas fissuras na antiga argamassa aderida na superfície do agregado
é correlacionável com o coeficiente de difusão de cloretos, isto é, a difusividade
aumentou à medida que a abertura da fissura aumentou.
A Tabela 20, proposta por Nilsson, Ngo e Gjorv (1998 apud GJORV, 2015),
apresenta uma classificação da resistência do concreto à penetração de íons
cloro em função do coeficiente de difusão no regime não estacionário.

Tabela 20. Resistência à penetração do cloreto de vários tipos de concreto.

Difusividade do cloreto, Dns(×10-8 cm²/s) Resistência à penetração do cloreto


> 15 Baixa
10 - 15 Moderada
5 - 10 Alta
2,5 - 5 Muito alta
< 2,5 Extremamente alta
Fonte: NILSSON; NGO; GJORV, 1998 apud GJORV, 2015.

A Tabela 21 resume a classificação das misturas analisadas, de acordo


com os limites estabelecidos por Nilsson, Ngo e Gjorv (1998 apud GJORV,
2015), quanto a resistência à penetração do cloreto dos concretos.
131

Tabela 21. Classificação das misturas analisadas, de acordo com os limites


estabelecidos por Nilsson, Ngo e Gjorv (1998 apud GJORV, 2015), quanto à resistência
dos concretos à penetração do cloreto, no regime não-estacionário.

Difusividade média do Resistência à


Mistura
cloreto (10-8 cm²/s) penetração do cloreto
REF35 2,18 Extremamente alta
35T50 2,55 Muito alta
35T100 3,01 Muito alta
REF45 3,93 Muito alta
45T50 4,97 Muito alta
45T100 7,02 Alta
REF55 6,58 Alta
55T50 8,01 Alta
55T100 13,21 Moderada
Fonte: O AUTOR.

Para se aproximar de valores que representam de maneira mais sensível à


prática da construção civil, quanto à utilização do agregado graúdo reciclado ao
concreto, tentou-se relacionar os resultados de penetração de cloretos obtidos
com o tempo de vida útil deste material. Para esse fim, foi utilizada a segunda
Lei da Difusão de Fick (Equações 47 e 48), de acordo com o proposto por
Medeiros e Helene (2009) e empregado por Ribeiro, Labrincha e Morelli (2012).

𝑃𝐶 = 2(𝑧)√𝐷𝑠 . 𝑡 Equação 47

𝐶𝑐𝑙 − 𝐶𝑜
𝑒𝑟𝑓(𝑧) = 1 −
𝐶𝑠 − 𝐶𝑜 Equação 48

Sendo que PC (penetração de cloretos) é a profundidade em que a


concentração de cloretos atinge o limite em que ocorre a despassivação da
armadura (cm); Ds é o coeficiente de difusão no estado estacionário (cm²/ano); t
é o tempo de vida útil (anos); erf(z) é função Gaussiana de erros; Ccl é a
concentração de cloretos em função da profundidade e do tempo, em relação à
132

massa de cimento (%); Cs é a concentração de cloretos na superfície (%) e Co é


a concentração inicial de cloretos (neste caso, 0%).
Tendo como base os trabalhos de Medeiros e Helene (2009) e Ribeiro,
Labrincha e Morelli (2012), foram fixados alguns parâmetros: Cs = 1,8% e
Ccl = Cdep = 0,4% em massa de cimento, sendo Cdep a concentração limite de
cloretos para despassivar o aço.
No presente estudo, definiu-se como vida útil, o tempo necessário para que
o cloreto alcance a armadura em uma quantidade suficientemente nociva para
iniciar o processo de corrosão, em estruturas com um cobrimento de concreto
igual a 4 cm (valor mínimo exigido pelas normas, para ambientes agressivos,
com presença de cloretos). Os resultados obtidos são apresentados nas Figuras
64, 65 e 66. Estes valores são melhor visualizados na Figura 67.

Figura 64. Relação entre o tempo de vida útil e a penetração de cloretos (espessura em
que a concentração de cloretos atinge 0,4%) para as misturas REF35, 35T50 e 35T100.

Fonte: O AUTOR.
133

Figura 65. Relação entre o tempo de vida útil e a penetração de cloretos (espessura em
que a concentração de cloretos atinge 0,4%) para as misturas REF45, 45T50 e 45T100.

Fonte: O AUTOR.

Figura 66. Relação entre o tempo de vida útil e a penetração de cloretos (espessura em
que a concentração de cloretos atinge 0,4%) para as misturas REF55, 55T50 e 55T100.

Fonte: O AUTOR.
134

Figura 67. Relação entre o tempo de vida útil e o teor de substituição do agregado
reciclado (AGR) pelo agregado natural (AGN), para diversas relações água/cimento.

60

50
Vida Útil (Anos)

40

30

20

10

0
REF35 35T50 35T100 REF45 45T50 45T100 REF55 55T50 55T100

Mistura
Fonte: O AUTOR.

As amostras REF35, REF45 e REF55 apresentaram uma vida útil de 57


anos, 36 anos e 16 anos, na devida ordem, enquanto que a incorporação do
agregado reciclado reduziu a vida útil dos concretos avaliados, chegando a
valores de 34 anos, 16 anos e 9 anos, para as misturas 35T100, 45T100 e
55T100, respectivamente.

4.3.1.3. Avaliação da profundidade de penetração de cloretos por meio da


aspersão de indicador à base de nitrato de prata

O ensaio de aspersão da solução de nitrato de prata é meramente


qualitativo e possibilita, de imediato, uma noção da profundidade de penetração
da frente de cloretos na estrutura porosa do concreto, sendo a avaliação dos
corpos de prova realizada visualmente. Para isso, foi pulverizada uma solução
de nitrato de prata (0,1 M) sobre a superfície de corte de cada fatia analisada e,
após reação, forma-se um precipitado branco/incolor resultante da formação de
cloreto de prata na superfície e, nas regiões que não foram contaminadas por
cloretos, visualiza-se um tom castanho amarronzado, conforme pode-se
observar nas Figuras 68, 69 e 70.
135

Figura 68. Avaliação da profundidade de penetração de cloretos em amostras de


concreto REF35, 35T50 e 35T100, identificadas por aspersão de solução de nitrato de
prata 0,1M.

Fonte: O AUTOR.

Figura 69. Avaliação da profundidade de penetração de cloretos em amostras de


concreto REF45, 45T50 e 45T100, identificadas por aspersão de solução de nitrato de
prata 0,1M.

Fonte: O AUTOR.
136

Figura 70. Avaliação da profundidade de penetração de cloretos em amostras de


concreto REF55, 55T50 e 55T100, identificadas por aspersão de solução de nitrato de
prata 0,1M.

Fonte: O AUTOR.

A Figura 71 apresenta valores, em média, das profundidades de


penetração de cloretos obtidas por meio da técnica de aspersão de solução de
nitrato de prata.

Figura 71. Profundidades de penetração de cloretos nos diversos concretos estudados,


identificadas por aspersão de solução de nitrato de prata 0,1M.

30,0
Penetração de cloretos (mm)

25,0

20,0

15,0

10,0

5,0

0,0
REF35 35T50 35T100 REF45 45T50 45T100 REF55 55T50 55T100
Mistura
Fonte: O AUTOR.
137

Na Figura 71 pode-se observar que, com o aumento do teor de substituição


do AGN pelo AGR o concreto fica mais susceptível à entrada de cloretos,
independentemente da relação água/cimento. De acordo com Thomas et al.
(2013), a resistência do concreto aos íons cloro depende, em grande parte, da
porosidade e interconectividade do sistema de poros e, em menor grau, da
capacidade de ligação química do cimento.
As amostras 35T50, 45T50 e 55T50 apresentaram um aumento da
profundidade de penetração de íons cloro em 40,6%, 9,3% e 4,7%,
respectivamente, em relação aos concretos de referência. De forma semelhante,
as misturas 35T100, 45T100 e 55T100 tiveram um crescimento da profundidade
de penetração dos cloretos de 47,9%, 26,8% e 29,8%, respectivamente, quando
comparadas as amostras de referência. O aumento da profundidade e,
consequentemente, a diminuição da resistência à penetração de íons cloro das
misturas estão relacionados com a porosidade do agregado reciclado, devido à
argamassa aderida em sua superfície, além da presença da zona de transição
entre a argamassa antiga e o agregado antigo, o que faz com que o concreto
contendo AGR seja mais permeável que um concreto contendo AGN, para uma
mesma relação água/cimento. (SHAIKH, 2016; CORINALDESI; MORICONI;
TITTARELLI, 2002 apud CORINALDESI; MORICONI, 2009; OTSUKI;
MIYAZATO; YODSUDJAI, 2003; POON; SHUI; LAM, 2004).
A partir dessa análise, foi proposta uma possível correlação entre a
profundidade de penetração de cloretos e a resistividade elétrica, conforme visto
nas Figuras 72, 73 e 74, onde é possível se observar que a profundidade de
penetração dos cloretos é inversamente proporcional à resistividade elétrica do
concreto e, a partir da análise dos coeficientes de determinação (R²) obtidos, é
possível verificar que todas as relações água/cimento estudadas demostraram
uma relação muito forte entre os parâmetros analisados.
138

Figura 72. Correlação entre os resultados de resistividade elétrica e profundidade de


penetração de íons cloro, para as amostras com relação água/cimento 0,35.
18,0
Penetração de cloretos

16,0
y = -1,1217x + 34,539
R² = 0,9868
(mm)

14,0

12,0

10,0

8,0
15,0 17,0 19,0 21,0 23,0
Resistividade elétrica (KΩ.cm)
Fonte: O AUTOR.

Figura 73. Correlação entre os resultados de resistividade elétrica e profundidade de


penetração de íons cloro, para as amostras com relação água/cimento 0,45,
21,0
Penetração de cloretos

19,0 y = -1,207x + 31,214


R² = 0,9596
(mm)

17,0

15,0

13,0

11,0
10,0 11,0 12,0 13,0 14,0 15,0
Resistividade elétrica (KΩ.cm)
Fonte: O AUTOR.

Figura 74. Correlação entre os resultados de resistividade elétrica e profundidade de


penetração de íons cloro, para as amostras com relação água/cimento 0,55.
28,0
Penetração de cloretos

y = -7,8891x + 96,927
26,0
R² = 0,9497
24,0
(mm)

22,0
20,0
18,0
16,0
8,0 8,5 9,0 9,5 10,0 10,5 11,0
Resistividade elétrica (KΩ.cm)
Fonte: O AUTOR.
139

A Figura 75 mostra a correlação obtida entre a resistividade elétrica e a


profundidade de penetração de cloretos para os concretos contendo agregado
reciclado, independentemente da relação água/cimento.

Figura 75. Correlação entre os resultados de resistividade elétrica e profundidade de


penetração de íons cloro nos concretos, independente da relação água/cimento.

30,0
Penetração de cloretos (mm)

y = -1,0463x + 31,32
25,0 R² = 0,8034

20,0

15,0

10,0

5,0
5,0 10,0 15,0 20,0 25,0
Resistividade elétrica (KΩ.cm)
Fonte: O AUTOR.

Este resultado é um indicativo de que pode existir uma correlação válida


para amostras contendo agregado reciclado. Assim, quanto maior a resistividade
elétrica do concreto, menor a penetração de íons cloro e, consequentemente,
menor a probabilidade de ocorrer corrosão. De acordo com os estudos obtidos
por Polder (2009 apud RAMEZANIANPOUR et al., 2011), existe uma relação
linear entre a resistividade elétrica e a probabilidade de corrosão no concreto.

4.3.2. Carbonatação

Com o objetivo de verificar a influência do agregado reciclado na


durabilidade dos concretos, um dos parâmetros mais importantes a ser analisado
é a carbonatação. Para isso, neste estudo, foram utilizados dois corpos de prova
para cada idade avaliada, 9 (nove) e 15 (quinze) semanas, de exposição ao CO2.
Os corpos de prova foram rompidos na tração por compressão diametral e na
sua superfície de fratura foi borrifada uma solução aquosa-alcóolica, contendo 1
140

g de fenolftaleína dissolvida em 100 ml de uma solução composta de 70 ml de


etanol e 30 ml de água deionizada, que, quando em contato com a amostra,
apresenta coloração róseo-avermelhada para valores de pH iguais ou superiores
a, aproximadamente, 9 e incolor abaixo desse valor. Assim, a região carbonatada
apresenta-se incolor.
Nas Figuras 76 à 81, pode-se observar a profundidade de carbonatação
para os diferentes teores de substituição do agregado graúdo natural (AGN) pelo
agregado graúdo reciclado (AGR) após 9 e 15 semanas de exposição ao CO2
na câmara de carbonatação.

Figura 76. Profundidade de carbonatação do concreto, identificadas por aspersão de


solução aquosa-alcóolica contendo 1% de fenolftaleína, após 9 semanas de exposição
ao CO2 na câmara de carbonatação, das amostras de concreto REF35, 35T50 e
35T100.

Fonte: O AUTOR.
141

Figura 77. Profundidade de carbonatação do concreto, identificadas por aspersão de


solução aquosa-alcóolica contendo 1% de fenolftaleína, após 9 semanas de exposição
ao CO2 na câmara de carbonatação, das amostras de concreto REF45, 45T50 e
45T100.

Fonte: O AUTOR.

Figura 78. Profundidade de carbonatação do concreto, identificadas por aspersão de


solução aquosa-alcóolica contendo 1% de fenolftaleína, após 9 semanas de exposição
ao CO2 na câmara de carbonatação, das amostras de concreto REF55, 55T50 e
55T100.

Fonte: O AUTOR.
142

Figura 79. Profundidade de carbonatação do concreto, identificadas por aspersão de


solução aquosa-alcóolica contendo 1% de fenolftaleína, após 15 semanas de exposição
ao CO2 na câmara de carbonatação, das amostras de concreto REF35, 35T50 e
35T100.

Fonte: O AUTOR.

Figura 80. Profundidade de carbonatação do concreto, identificadas por aspersão de


solução aquosa-alcóolica contendo 1% de fenolftaleína, após 15 semanas de exposição
ao CO2 na câmara de carbonatação, das amostras de concreto REF45, 45T50 e
45T100.

Fonte: O AUTOR.
143

Figura 81. Profundidade de carbonatação do concreto, identificadas por aspersão de


solução aquosa-alcóolica contendo 1% de fenolftaleína, após 15 semanas de exposição
ao CO2 na câmara de carbonatação, das amostras de concreto REF55, 55T50 e
55T100.

Fonte: O AUTOR.

A Figuras 82 apresenta valores, em média e seus respectivos desvios-


padrão, das profundidades de carbonatação obtidas por meio da aspersão de
uma solução aquosa-alcóolica de fenolftaleína nas idades de 9 e 15 semanas.

Figura 82. Profundidade de carbonatação das misturas após 9 e 15 semanas de


exposição à câmara de carbonatação, obtida por meio da aspersão de uma solução
aquo-alcóolica de fenolftaleína.

14,0
Profundidade de carbonatação

9 Semanas
12,0
15 Semanas
10,0

8,0
(mm)

6,0

4,0

2,0

0,0
REF35 35T50 35T100 REF45 45T50 45T100 REF55 55T50 55T100

Mistura
Fonte: O AUTOR.
144

As amostras REF35, 35T50, 35T100 e REF45 apresentaram desempenho


semelhante, não sendo possível identificar indícios de carbonatação após 9
(nove) semanas de exposição à câmara de carbonatação. No entanto, para as
misturas 45T50, 45T100, REF55, 55T50 e 55T100, foram obtidas profundidades
de carbonatação médias de 2,12 mm, 3,97 mm, 2,70 mm, 4,43 mm e 7,19 mm,
respectivamente. Observa-se que há uma tendência de aumento da
profundidade de carbonatação à medida que se aumenta a relação água/cimento
e o teor de substituição do AGN pelo AGRC.
Wu e Song (2006 apud LI, 2008) avaliaram a resistência à carbonatação
do concreto contendo AGRC, por meio de testes realizados em condições de
carbonatação acelerada. Eles verificaram que quanto maior foi o teor de
incorporação do agregado graúdo reciclado, maior foi a profundidade de
carbonatação. Os autores concluíram ainda, que para um teor de substituição de
60% de AGN pelo AGRC a profundidade de carbonatação foi 62% maior do que
em um concreto de referência. A alta porosidade do agregado reciclado e a zona
de interface entre a antiga argamassa aderida em sua superfície e o antigo
agregado são os grandes responsáveis por este fenômeno, fazendo com que o
concreto fique mais permeável (OTSUKI; MIYAZATO; YODSUDJAI, 2003; WU;
SONG, 2006 apud LI, 2008).
A taxa e a extensão do processo de carbonatação dependem dos valores
relativos de permeabilidade da nova argamassa e das propriedades do agregado
reciclado utilizado (THOMAS et al., 2013). Werle, Kazmierczak e Kulakowski
(2011) verificaram que concretos contendo AGRC de resistência inferior ao novo
concreto apresentam maior velocidade de carbonatação, acarretando em um
maior coeficiente de difusão, além de uma maior dispersão de resultados.
A partir dos valores obtidos para a profundidade de carbonatação, foi
proposta uma correlação entre a porosidade aparente e a profundidade de
carbonatação após nove e quinze semanas, para todas as misturas estudadas,
como pode ser visto nas Figuras 83 e 84.
145

Figura 83. Correlação entre a porosidade aparente e a profundidade de carbonatação


após 9 semanas em câmara de carbonatação, para todas as misturas avaliadas.

20,0
y = 0,8167x + 12,509
R² = 0,9292
Porosidade aparente (%)

18,0

16,0

14,0

12,0

10,0
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0
Profundidade de carbonatação (mm)

Fonte: O AUTOR.

Figura 84. Correlação entre a porosidade aparente e a profundidade de carbonatação


após 15 semanas em câmara de carbonatação, para todas as misturas avaliadas.

20,0

y = 0,5569x + 12,384
Porosidade aparente (%)

18,0 R² = 0,9239

16,0

14,0

12,0

10,0
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0
Profundidade de carbonatação (mm)
Fonte: O AUTOR.
146

Os coeficientes de determinação iguais a 92,9% e 92,4%, respectivamente,


para as idades de 9 e 15 semanas, demonstram relação muito forte entre os
parâmetros analisados, indicando que, quanto maior for a porosidade aparente
do concreto, maior será a profundidade de carbonatação, conforme verificado
nos estudos de Kou e Poon (2012), Wu e Song (2006 apud LI, 2008) e Amorim,
Brito e Evangelista (2012).

4.3.3. Ciclagem gelo-degelo

O procedimento para a realização de ensaios para a verificação da


durabilidade de concretos submetidos a ciclos de gelo-degelo foi estabelecido
pela ASTM C 666/15 (“Standard Test Method for Resistance of Concrete to Rapid
Freezing and Thawing”).
A temperatura alvo mínima recomendada pela Norma, é de -17,8 ºC e a
máxima de +4,4ºC, em ciclos de aproximadamente 5 horas, em um total de 300
ciclos.
Os corpos de prova tiveram sua densidade e porosidade avaliadas antes e
após a ciclagem, conforme resultados apresentados nas Figuras 85 e 86.
Quando se trata de concretos submetidos aos ciclos de congelamento e
descongelamento, pode-se observar que a maior porosidade presente do
agregado reciclado pode vir a ser uma alternativa à incorporação de ar; porém,
isso ocorre até certo limite, pois estudos recentes mostram que uma
incorporação de ar em teores elevados (10%) vem a ser prejudicial à
durabilidade do concreto submetido à ciclagem gelo-degelo (AMORIM JÚNIOR;
RIBEIRO, 2015).
147

Figura 85. Densidade aparente dos corpos de prova submetidos aos ciclos de
congelamento e descongelamento ensaiados aos 28 dias de idade e após o término da
ciclagem, contendo agregado reciclado em substituição ao agregado graúdo.
2,35

2,30
Densidade Aparente (g/cm³)

2,25

2,20

2,15

2,10

2,05

2,00
Referência AGR 15% AGR 25% AGR 50%
Mistura
Fonte: O AUTOR.

Figura 86. Porosidade aparente dos corpos de prova submetidos aos ciclos de
congelamento e descongelamento ensaiados aos 28 dias de idade e após o término da
ciclagem, contendo agregado reciclado em substituição ao agregado graúdo.
20,00

18,00
Porosidade Aparente (%)

16,00

14,00

12,00

10,00

8,00
Referência AGR 15% AGR 25% AGR 50%
Mistura
Fonte: O AUTOR.
148

Além disso, nota-se que, após a ciclagem térmica, os lotes que


apresentaram perda de desempenho mecânico sofreram aumento da
porosidade e consequente diminuição de sua densidade, reforçando a suposição
de nucleação de possíveis trincas internas de fadiga, originadas durante a
ciclagem térmica.
Os corpos de prova da mistura AGR 15% não apresentaram grande
variação em seus valores de porosidade e densidade antes e após a ciclagem
térmica.
A Figura 87 apresenta os valores de coeficientes de absorção capilar
obtidos para os concretos contendo agregado reciclado, submetidos ciclos de
gelo-degelo, durante 72 horas.

Figura 87. Coeficiente de absorção capilar de concretos submetidos aos ciclos de


congelamento e descongelamento ensaiados aos 28 dias de idade e após o término da
ciclagem, contendo agregado reciclado em substituição ao agregado graúdo.
0,25

0,20
Coef. de Absorção Capilar
(kg/m².min0,5)

0,15

0,10

0,05

0,00
Referência AGR 15% AGR 25% AGR 50%
Mistura
Fonte: O AUTOR.

Os danos causados pelos ciclos de gelo-degelo na microestrutura do


concreto de referência podem ter levado à interrupção e/ou aumento do diâmetro
dos capilares e à formação de microfissuras, diminuindo, assim, a absortividade
desses concretos. No entanto, as demais misturas, principalmente os traços
AGR 25% e AGR 50% não seguiram o mesmo comportamento da dosagem de
149

referência, apresentando um aumento no coeficiente de absorção capilar. Este


comportamento pode ser explicado pelo fato dos danos causados não terem sido
tão significativos para levar à diminuição dos poros capilares e/ou consequente
do maior poder de absorção associado ao agregado reciclado, devido a sua
porosidade (POLAT et al., 2010).
Os corpos de prova contendo 15% de agregado reciclado apresentaram
comportamento semelhante à mistura de referência, mantendo,
aproximadamente, o mesmo valor de absortividade.
As Figuras 88 e 89 apresentam os resultados de resistência à compressão
ao longo das idades de 3, 7, 28, 59 e 90 dias.

Figura 88. Resistência à compressão axial do concretos submetidos aos ciclos de


congelamento e descongelamento contendo agregado reciclado em substituição ao
agregado graúdo, em função da idade dos corpos de prova.

Fonte: O AUTOR.
150

Figura 89. Resistência à tração na flexão do concretos submetidos aos ciclos de


congelamento e descongelamento contendo agregado reciclado em substituição ao
agregado graúdo, em função da idade dos corpos de prova.

Fonte: O AUTOR.

É possível observar que os valores de resistência à compressão axial das


amostras verificados até os 59 dias, que corresponde aos 150 ciclos de
congelamento e descongelamento, tiveram um acréscimo devido à maior
hidratação da pasta de cimento e ao fato de as microfissuras geradas no
concreto, até os 150 ciclos, não reduzirem significativamente a resistência à
compressão axial do concreto, em comparação aos valores verificados aos 28
dias.
Os valores obtidos para resistência à tração na flexão decresceram para os
concretos de referência e com substituição do agregado natural pelo agregado
reciclado nos teores de 25% e 50%. Isso se deve ao fato dos ciclos causarem
microfissuras internas, que causam danos principalmente na resistência à tração
do concreto (VIEIRA, 2011). Entretanto, após 300 ciclos tanto os valores de
resistência à compressão axial, quanto à tração na flexão foram reduzidos para
essas misturas, uma vez que os danos à microestrutura foram maiores devido
ao efeito de fadiga e ao aumento do número e do tamanho das microfissuras
após os 300 ciclos de congelamento e descongelamento, conforme
151

comportamento também observado por Shang, Song e Ou (2009). Com isso, a


área efetiva das amostras de concreto torna-se menor, fazendo com que sua
resistência mecânica seja reduzida.
Os corpos de prova contendo agregado reciclado em teor de 15% não
apresentaram perda de desempenho, mostrando-se mais resistentes aos danos
mecânicos causados pelas pressões originárias da expansão da água ao
congelar no interior do concreto. Este resultado é semelhante ao encontrado por
Polat et al. (2010), que observaram ganho de resistência mecânica em concretos
submetidos a ciclos frios com substituição de agregado natural por agregado
poroso em teor de 10%.
Segundo Da Rosa (2002), a fadiga ocorre pela presença de tensões que
variam com o tempo e que provocam deformações plásticas cíclicas localizadas
nos pontos mais críticos. Estas deformações levam a uma deterioração do
material que dá origem a uma trinca de fadiga que, com o prosseguimento do
carregamento variável, vai crescendo, até atingir um tamanho suficiente para
provocar a ruptura e destacamentos. O processo de nucleação da trinca de
fadiga depende das tensões cisalhantes cíclicas, enquanto que para a
propagação são importantes as tensões de tração, que fazem com que as
pequenas trincas que foram nucleadas venham a crescer e levem à ruptura final
(DA ROSA, 2002), o que explica o fato de, após 150 ciclos, apenas a resistência
à tração na flexão sofrer declínio significativo.
O uso da técnica de ultrassom possibilita estimar a condição do concreto
quanto à sua densidade, porosidade e deformabilidade, através da avaliação da
velocidade de propagação do pulso de onda ultrassônica. Assim, quanto maior
a velocidade observada, mais compacta é a microestrutura do material.
Os valores da velocidade do pulso ultrassônico (VPU) antes e depois da
ciclagem de gelo-degelo podem ser visualizados na Figura 90.
152

Figura 90. Velocidade do pulso ultrassônico para as misturas.

5,0
Anterior a ciclagem Pós ciclagem
Velocidade do pulso de onda

4,8
ultrassônica (km/s)

4,6

4,4

4,2

4,0
Referência AGR 15% AGR 25% AGR 50%
Mistura

Fonte: O AUTOR.

A partir da avaliação dos resultados obtidos para o início da ciclagem (aos


28 dias de cura), verificou-se que, como esperado, as velocidades de
propagação da onda ultrassônica diminuíram com o aumento da substituição do
agregado graúdo natural (AGN) pelo agregado graúdo reciclado (AGR). A
argamassa aderida na sua superfície e a presença da antiga zona de transição
no AGR podem ter impactado na diminuição da VPU no concreto (GONZALEZ;
ETXEBERRIA, 2014; KWAN et al., 2012). No entanto, todos os valores da VPU
excederam 4,5 km/s. Deste modo, os concretos avaliados foram classificados
como sendo de excelente qualidade, de acordo com os valores de VPU
propostos pela norma inglesa BS EN12504-4/2000 (“Testing concrete.
Determination of ultrasonic pulse velocity”), conforme mostrado na Tabela 8.
Após o fim dos 300 ciclos de congelamento e descongelamento, houve
redução dos valores da velocidade do pulso ultrassônico. O concreto AGR50%
foi caracterizado como sendo de muito boa qualidade, uma vez que a média do
valor da velocidade do pulso ultrassônico obtido para essa amostra foi de 4,48
km/s. Para todas as misturas de referência, AGR15% e AGR25%, a VPU
153

verificada após a ciclagem foi de 4,70 km/s, 4,80 km/s e 4,62 km/s,
respectivamente, permanecendo na faixa estabelecida pela BS EN12504-4/2000
de concretos de excelente qualidade.
De acordo com Gao, Lo e Tam (2002), quando o concreto é submetido a
repetidos ciclos de congelamento e descongelamento são geradas novas
microfissuras, principalmente na faixa de 0,1-10 μm de tamanho. A formação
destas microfendas é resultado das tensões térmicas desenvolvidas dentro da
microestrutura do concreto, dificultando a propagação do pulso de onda
ultrassônica.
A velocidade de um pulso ultrassônico através de um material é uma função
do módulo de elasticidade dinâmico e da densidade do material. A Figura 91
mostra a evolução do módulo de elasticidade dinâmico relativo ao longo da
ciclagem térmica de congelamento e descongelamento para as composições de
referência e para os concretos contendo agregado reciclado (AGR 15%, AGR
25% e AGR 50%).

Figura 91. Módulo de elasticidade dinâmico relativo para as misturas de referência, AGR
15%, AGR 25% e AGR 50%, ao longo dos ciclos de gelo-degelo.

Fonte: O AUTOR.
154

Pode-se observar que a mistura de referência apresenta perda de


desempenho logo no início dos ciclos, seguindo um decréscimo quase constante
do módulo de elasticidade dinâmico relativo, corroborando os resultados
anteriores para a verificação da resistência mecânica, que demonstraram uma
perda mais acentuada das propriedades dos concretos de referência. Quanto às
misturas contendo agregado reciclado, nos primeiros ciclos não houve um
comportamento bem definido. No entanto, a partir dos 150 ciclos, os corpos de
prova começaram a perder sua rigidez gradativamente.
A mistura AGR 15% também apresentou uma menor diminuição do módulo
de elasticidade dinâmico relativo, quando comparado com as demais amostras.
De acordo com esse parâmetro, esse concreto pode ser considerado mais
durável aos ciclos frios, em relação aos demais concretos. A Figura 92 apresenta
os valores do fator de durabilidade obtido para cada mistura.

Figura 92. Fator de Durabilidade dos concretos submetidos a ciclos de congelamento e


descongelamento.

Fonte: O AUTOR.
155

Como pode ser verificado, os corpos de prova contendo agregado reciclado


apresentaram melhor desempenho quanto aos ciclos de congelamento e
descongelamento, do que o concreto de referência. De acordo com Li, Wang e
Zhao (2017), o agregado graúdo reciclado, devido à sua alta permeabilidade,
tem maior facilidade em dissipar a pressão hidráulica gerada pelo gelo do que o
agregado graúdo natural.
Segundo a ASTM C 666/15 (“Standard Test Method for Resistance of
Concrete to Rapid Freezing and Thawing”), todos os concretos apresentaram
fatores de durabilidade superior a 80%, ao final dos ciclos, indicando um
comportamento satisfatório quanto à resistência aos ciclos de congelamento e
descongelamento.
O fator de durabilidade verificado pelas amostras AGR 15%, AGR 25% e
AGR 50% foi 8,28%, 4,56% e 3,81%, respectivamente, acima do valor obtido
para as misturas de referência. Deste modo, a substituição do agregado graúdo
natural pelo agregado graúdo reciclado, em teores de 15%, 25% e 50%,
apresentaram-se mais duráveis quanto à ciclagem gelo-degelo, mostrando-se
como uma alternativa para a incorporação de ar como verificado por Polat et al.
(2010), Pospíchal et al. (2010) e Richardson et al. (2011).
No tocante ao aspecto visual, tanto as misturas de referência, quanto as
amostras contendo AGRC nos teores de 25% e 50%, apresentaram pequenos
destacamentos, o que não foi constatado nos corpos de prova AGR 15%,
conforme observado na Figura 93.
156

Figura 93. Aspecto visual dos corpos de prova de concreto (A) de referência e contendo
agregado reciclado nos teores de (B) 15%, (C) 25% e (D) 50%, após ciclagem.

Fonte: O AUTOR.
157

5. CONCLUSÕES

Com base nos resultados obtidos pode-se concluir que:

 Os concretos produzidos com agregado reciclado apresentaram uma


menor resistência à compressão e densidade aparente, ao passo que
promoveram uma maior absortividade e porosidade aparente, quando
comparados com os concretos de referência;

 A incorporação do agregado reciclado na matriz cimentícia,


apresentou-se prejudicial quanto às propriedades físicas e mecânicas do
concreto;

 A substituição do agregado graúdo natural (AGN) pelo agregado


graúdo reciclado (AGR) promoveu o aumento da porosidade do concreto,
ocasionando maior penetração de íons cloro, aumento da profundidade de
carbonatação e diminuição da resistividade elétrica;

 O agregado reciclado promoveu uma diminuição no valor do time lag


das amostras ensaiadas e aumentou o fluxo de íons cloro e dos coeficientes de
difusão nos estados estacionário e não estacionário, quando comparados ao
concreto de referência, diminuindo a vida útil deste material quando exposto em
ambientes marinhos;

 A presença do agregado reciclado fez com que se aumentasse a


profundidade de penetração de cloretos no concreto, o que poderá trazer como
consequência, em uma condição real de uso, a redução do tempo para a
iniciação da corrosão;

 Nos ciclos de congelamento e descongelamento, a substituição de 15%


do agregado graúdo natural pelo agregado graúdo reciclado se mostrou eficaz
quanto ao suporte de tensões de expansão da água, apresentando maior fator
de durabilidade e não sofrendo perda de rigidez ou desgaste físico substanciais;

 O agregado reciclado promoveu uma melhoria na durabilidade de


concretos submetidos à ciclos de gelo-degelo, apresentando fator de
durabilidade superior ao obtido pela mistura de referência ao final da ciclagem.
158
159

6. SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS

 Estudar o efeito do agregado reciclado em outros teores de substituição


pelo agregado natural;

 Exposição dos concretos contendo agregado reciclado ao ambiente


natural, para acompanhamento da carbonatação natural e determinação do
coeficiente de difusão de CO2, para analogia aos resultados obtidos em condição
acelerada de carbonatação;

 Analisar a influência do agregado reciclado na corrosibilidade do


concreto armado, analisada por meio do potencial de corrosão;

 Estudar a inserção de material pozolânico como um recurso para


emprego teores altos de agregado reciclado, sem ocasionar perdas significativas
nas propriedades do concreto no estado endurecido;

 Avaliar a influência da variabilidade dos agregados reciclados, obtidos


em diversas regiões brasileiras, na durabilidade dos concretos;

 Verificar a influência da dimensão do agregado reciclado na


durabilidade dos concretos.
160
161

7. REFERÊNCIAS

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181

ANEXO A. CARACTERIZAÇÃO DOS AGREGADOS RECICLADOS

Os agregados reciclados de concreto diferem dos agregados naturais,


principalmente porque eles são compostos basicamente de dois materiais
diferentes: agregado natural e argamassa de cimento aderida à superfície, que
é responsável por uma maior porosidade, desgaste por abrasão Los Angeles e
menor aderência dos agregados reciclados (JUAN; GUTIÉRREZ, 2009). Os
agregados reciclados também são altamente heterogêneos e porosos, além de
conter, muitas vezes, um elevado teor de impurezas. Com isso, é importante
realizar uma boa caracterização para conhecer o material em estudo.
Para a definição do agregado reciclado empregado nesta pesquisa, foram
caracterizadas três faixas granulométricas do material produzido pela UVR
Grajaú, conforme mostrado na Tabela A1. Para isso, foram realizadas
amostragens do agregado reciclado nos meses de abril, julho e outubro de 2015.

Tabela A1. Faixas granulométricas dos agregados reciclados.

Diâmetro
Sigla
Mínimo (mm) Máximo (mm)
AR 0-10 mm - <10
AR 10-20 mm ≥10 <20
AR 20-40 mm ≥20 <40

Fonte: O AUTOR.

As distribuições granulométricas dos agregados reciclados estão


apresentadas nas Figura A1, A2 e A3 e suas características físicas estão
detalhadas nas Tabela A2, A3 e A4.
182

Figura A1. Distribuição granulométrica do agregado AR 0-10 mm.

Fonte: O AUTOR.

Tabela A2. Caracterização física do agregado AR 0-10 mm.

Resultado
Grandeza
Lote 1 Lote 2 Lote 3
Dimensão máxima característica
9,5 9,5 9,5
(mm)
Módulo de finura 3,78 3,97 3,47
Diâmetro médio das partículas
1,55 2,15 1,20
(D50, mm)
Massa específica (kg/dm³) 2,44 2,40 2,43

Absorção de água (%) 6,45 9,64 12,40

Massa unitária solta (kg/dm³) 1,48 1,40 1,38

Material pulverulento (%) 7,40 4,41 7,35

Impureza orgânica Não* Sim** Sim**


Teor de argila e materiais friáveis
5,25 ± 1,39 1,52 ± 0,18 8,00 ± 1,03
médio (%)
Materiais não-minerais (%) 1,27 4,73 5,34

* Apresentou uma coloração mais clara que a amostra padrão.


** Apresentou uma coloração mais escura que a amostra padrão.
Fonte: O AUTOR.
183

Figura A2. Distribuição granulométrica do agregado AR 10-20 mm.

Fonte: O AUTOR.

Tabela A3. Caracterização física do agregado AR 10-20 mm.

Resultado
Grandeza
Lote 1 Lote 2 Lote 3
Dimensão máxima
19,0 19,0 19,0
característica (mm)
Módulo de finura 6,92 6,93 6,94
Diâmetro médio das partículas
14,50 14,53 14,48
(D50, mm)
Massa específica (kg/dm³) 2,60 2,54 2,30

Absorção de água (%) 4,54 5,65 6,39

Massa unitária solta (kg/dm³) 1,33 1,27 1,28

Material pulverulento (%) 2,57% 1,30% 1,94%

Índice de forma médio 1,91 2,05 1,97


Desgaste por abrasão Los
33,96 36,6 34,4
Angeles (%)
Teor de argila e materiais
1,67 1,91 2,40
friáveis médio (%)
Fonte: O AUTOR.
184

Figura A3. Distribuição granulométrica do agregado AR 20-40 mm.

Fonte: O AUTOR.

Tabela A4. Caracterização física do agregado AR 20-40 mm.

Resultado
Grandeza
Lote 1 Lote 2 Lote 3
Dimensão máxima
37,5 37,5 37,5
característica (mm)
Módulo de finura 7,82 7,68 7,80
Diâmetro médio das partículas
25,00 22,00 24,50
(D50, mm)
Massa específica (kg/dm³) 2,58 2,55 2,51

Absorção de água (%) 4,75 4,75 4,98

Massa unitária solta (kg/dm³) 1,26 1,29 1,25

Material pulverulento (%) 1,85 2,71 3,42

Índice de forma médio 1,95 2,07 1,96


Desgaste por abrasão Los
36,95 35,8 39,4
Angeles (%)
Teor de argila e materiais
1,97 0,74 2,17
friáveis médio (%)
Fonte: O AUTOR.
185

Após a análise da caracterização preliminar dos agregados reciclados, foi


selecionado o AR pertencente a faixa granulométrica de 10 a 20 mm de diâmetro,
para ser utilizado como substituição ao agregado graúdo natural, com o intuito
de avaliar os parâmetros de durabilidade do concreto. O material selecionado
possui dimensão máxima característica de 19,0 mm e se enquadra dentro da
faixa granulométrica correspondente a zona 9,5/25. Os valores dos resultados
da caracterização dos três lotes do AR 10-20 mm foram bastante próximos, não
houve discrepâncias.
Por outro lado, o AR 0-10 mm possui materiais graúdos e miúdos em sua
composição, havendo a predominância de material na fração miúda (passante
pela peneira com abertura de malha de 4,75 mm) com cerca de 70%, em massa,
além de apresentar valores elevados de absorção e de material pulverulento e
em dois dos três lotes avaliados ter sido identificada a presença de impurezas
orgânicas, o que pode influenciar nas reações químicas de hidratação do
cimento de forma deletéria (NEVILLE, 1997).
O AR 20-40 mm apresenta dimensão máxima característica de 37,5 mm e
uma distribuição granulométrica que se adequa parcialmente à zona 19/31,5, de
acordo com a Norma NBR 7211:2009. No entanto, após a análise de suas
propriedades verificou-se que este material não seria adequado para elaboração
de concretos estruturais sendo, possivelmente, melhor utilizados em
pavimentação, que não é o objetivo do presente estudo.

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