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NOVO ESTÚDIO
CODIMUC
Gravadora de Taubaté abre as portas de sua
LOGIC PRO X “nova casa”, projetada por Renato Cipriano
Analisando prós e contras da
atual versão do programa
AES
A N G E L ES
LOS de
Em buscaento e
conhecimdades
n ov i
Linkin Park em BH: novo show, novo iluminador e conceito baseado em vídeo
A
CEN
Adeus, 2014!
Consultoria de PA: Carlos Pedruzzi
42
Tudo sobre a engenharia da maior premiação
musical da TV brasileira
Rodrigo Sabatinelli
Renovação no ar
Codimuc apresenta seu 52 Criando o subwoofer H.Sette 2x18” SW6000nd (Parte 2)
Novas etapas do desenvolvimento do produto
novo estúdio, projetado por Homero Sette e Mauro Ludovico
Renato Cipriano, da WSDG
Rodrigo Sabatinelli 56 Mixagem
Otimizando sua Mixagem (Parte 7): Usando compressores
Fábio Henriques
60 Produção Fonográfica
O Mapa de Contorno Emocional: Auxiliando o produtor
14 Em Casa
Conexões Analógicas (Parte 3): Como soldar na valorização da mensagem musical
seus próprios cabos Fabrizio Di Sarno
Lucas Ramos
66 Desafiando a Lógica
Minhas observações sobre o Logic X – Ele chegou
22 Plug-ins
Explorando emulações Waves (Parte 2): Analógico, para ficar: mas como nem tudo é perfeito, destaco alguns
digital e “digital que emula analógico” prós e contras
Cristiano Moura André Paixão
32 Quem é Quem?
O diretor de palco – Responsável por tudo seções
e (quase) todos
Rodrigo Sabatinelli editorial 2 notícias de mercado 6
novos produtos 10 índice de anunciantes 95
78
show
Espetáculo interativo de música instrumental de Hamilton
de Holanda tem soluções práticas e criativas
74
por Rodrigo Sabatinelli
84
capa
media composer
Linkin Park em BH: Banda Criando uma montagem rápida: Técnicas e métodos
desembarca no Brasil com para um trabalho a jato
novo show, novo iluminador e por Cristiano Moura
visão artística bem própria
por Rodrigo Sabatinelli
90
iluminando
PRODUTOS ........................................... 70 História dos profissionais de iluminação cênica no Brasil:
EM FOCO .............................................. 72 Sexto capítulo – Aurélio de Simoni (Parte 1)
por Farlley Derze
4 | áudio música e tecnologia
áudio música e tecnologia | 5
nacionais de pró-áudio e showbusiness ainda
têm muito a evoluir
notícias de mercado
Divulgação
tiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados aprovou um projeto de
lei que regulamenta a profissão de DJ. Ficou estabelecido no texto que
o requisito para exercer a função é ter feito um curso técnico com carga
horária de 800 horas, sendo que o curso precisa ser um dos que são
oferecidos por instituições reconhecidas pelo Ministério da Educação.
Para fazer o curso, será necessário ter, pelo menos, 16 anos de idade,
além de o ensino médio completo ou em curso. As novas determinações
não vão valer para os profissionais que já estejam trabalhando de for-
ma contínua há pelo menos cinco anos nem para o DJ estrangeiro que
permanecer até 60 dias no Brasil.
Vale lembrar que, em novembro, a mundialmente reconhecida escola de formação de DJs Dubspot trouxe para entusiastas da
música eletrônica na América Latina um curso realizado em parceria com o Instituto de Artes e Técnicas em Comunicação (IA-
TEC). No treinamento, estavam previstos contato com as mais avançadas técnicas de produção e mixagem usando o software
Ableton Live. À frente do curso, Dan Freeman, baixista pós-graduado em Harvard e produtor musical. Fique atento à agenda
do IATEC e à de outras intituições para obter o conhecimento técnico e prático que agora todo DJ precisa ter para poder atuar.
mitirá que o usuário tenha acesso a clipes e álbuns completos no YouTube, sem
ser interrompido por anúncios. O serviço permite que as músicas sejam reprodu-
zidas em segundo plano e até em modo offline, algo que aplicativos alternativos
baseadas no YouTube já fazem, como é o caso do McTube, sucesso nos smar-
tphones.
Além das mudanças na aparência e na navegação, com fotos e detalhes dos produtos sendo apresentados de uma forma mais
atraiente, uma boa novidade para o lojista é que em qualquer página de produto que se entre, há a possibilidade de solici-
tar imediatamente o orçamento do item, o que
Reprodução
acaba por eliminar processos e colabora para
agilizar a negociação entre as partes.
Vale destacar que o portal ainda está em testes, mas para dar um confere em todas as novidades do novo site basta visitar
www.proshows.com.br.
Nos anos 1970, o sistema de som da Dolby foi usado em filmes como Star Wars. Em 2012, a companhia lançou uma nova
tecnologia chamada Dolby Atmos, e logo um ano depois os sistemas de som Atmos já estavam sendo usados em filmes como
"Star Trek Into Darkness". Trata-se, de acordo com a desenvolvedora, do primeiro sistema de som imersivo baseado em objetos.
Equipamentos para
um Home Studio
Conexões Analógicas (Parte 3): Como
soldar seus próprios cabos
Na edição passada da coluna passada nós termi- nos de home studios. A possibilidade de fabricar
namos de falar sobre os tipos de cabos e conec- e consertar os seus cabos pode economizar muito
tores analógicos, então nada mais natural do que tempo e dinheiro!
falar sobre como soldar os dois juntos e assim
poder fabricar os nosso próprios cabos. Isso é FERRAMENTAS NECESSÁRIAS
um luxo que geralmente só os grandes estúdios
têm, pois contratam um profissional para fazer - Ferro de solda com potência em torno de 30-
toda a ligação do estúdio e soldar todos os cabos. 40W (ferros mais fortes podem acabar queiman-
Mas como quem não tem cão caça com gato, e do os cabos, e ferros mais fracos demoram muito
aprender a soldar por conta própria pode ser uma para aquecer o material)
alternativa eficiente e barata para home studios. - Suporte para ferro de solda
Assim você pode ter os cabos com os comprimen- - Esponja grossa molhada (para limpar a ponta do
tos e conectores exatos pro seu home studio sem ferro de solda)
ter que gastar uma fortuna.
- Alicate para desencapar fios
- Solda estanho de boa qualidade (com bastante bri-
Saber soldar cabos e conexões é um conhecimento
lho, como se tivesse sido polida)
de grande utilidade para qualquer um que queira
- Chave de fenda (ou phillips)
trabalhar com áudio, especialmente para os do-
- “Terceira mão”
- Multímetro
- Cabo
- Conector
- Mesa ou superfície lisa à prova de fogo
DICAS
- Utilize sempre óculos de proteção para proteger Esse processo pode ser um pouco delicado e tam-
bém deve ser praticado em cabos velhos até que
você se sinta seguro para trabalhar com cabos
TERCEIRA MÃo
“de verdade”.
A “terceira mão” é um suporte que permite posicio-
nar e manter os cabos e conectores na posição ideal
para soldar, liberando o uso das suas mãos para ma-
nuseio do ferro e da solda. Consiste em uma base
pesada e braços metálicos com “pinças” e outras
ferramentas na ponta. Alguns modelos vêm equipa-
dos com lupas, luz, esponja, suporte para o ferro de
solda, e até exaustor para tirar a fumaça da solda!
PREPARAÇÃO
2) Usando uma chave de fenda (ou phillips, depen- É necessário medir a distância entre os contatos
dendo do conector), remova os parafusos do conector e a braçadeira do conector e desencapar somente
e abra-o de forma que os contatos fiquem expostos. a distância necessária do cabo. Também é
importante desencapar, nos condutores, somente
3) Utilizando o alicate, desencape o cabo, removen- a distância necessária para fixá-los nos contatos.
do primeiro somente a capa exterior e expondo os
condutores internos do cabo. É necessário medir a
distância entre os contatos e a braçadeira de fixação forma segura. Geralmente leva em torno de cinco
do cabo no conector e desencapar somente a distân- minutos para o ferro de solda aquecer por completo.
cia necessária do cabo. Isso garantirá uma melhor
fixação do cabo e minimizará ruídos de manuseio. 2) Estanhe o ferro de solda, os condutores do cabo, a
blindagem e os contatos do conector (veja box). Uti-
4) Separe os condutores, e se necessário enrole a lize a “terceira mão” para manter o cabo/conector na
blindagem em espiral para que a mesma fique com posição ideal, sem que você precise ficar segurando-o.
formato cilíndrico. Se houver algum tipo de mate-
rial de preenchimento (geralmente algum tipo de 3) Antes de soldar os condutores do cabo no conec-
fibra) entre os condutores, corte na altura da capa tor, passe a capa do conector e todo o revestimento
externa do cabo, para não atrapalhar o manuseio externo pelo cabo (na orientação correta). Não se
dos condutores. esqueça de fazer isso antes de soldar os condu-
tores, pois, senão, terá que remover as soldas e
5) Utilizando o alicate, desencape os condutores. É refazê-las novamente.
importante desencapar somente a distância neces-
sária (geralmente 3 a 5 mm) para fixar os conduto- 4) Aqueça o contato do conector e encoste a ponta
res nos contatos do conector. Enrole as pontas dos do condutor no mesmo contato aquecido. As soldas
condutores em espiral (como a blindagem). em torno do contato e do condutor devem se unir
quando aquecidas suficientemente, havendo fixação
SOLDAGEM e ligação entre os dois pontos. Se for necessário,
acrescente um pouco de solda, encostando somente
1) Ligue o ferro de solda, e coloque-o no suporte de no contato ou no condutor, nunca no ferro de solda.
Lucas Ramos é tricolor de coração, engenheiro de áudio, produtor musical e professor do IATEC. Formado em Engenharia de Áudio
pela SAE (School of Audio Engineering), dispõe de certificações oficiais como Pro Tools Certified Operator, Apple Logic Certified
Trainer e Ableton Live Certified Trainer. E-mail: lucas@musitec.com.br
EXPLORAND O
EMULAÇÕES
2)
WAVES (P
A R T E
CLA-76
CONTROLES E CARACTERÍSTICAS
Compressão
ao Vivo
Divulgação
OLHANDO MAIS DE PERTO
Depois de um série de artigos falando sobre siste- gate, um reverb ou um equalizador paramétrico. O
mas de sonorização de uma maneira bem abrangen- grande problema é: será que todos sabem como uti-
te, pretendo agora pegar alguns pontos mais im- lizar estas ferramentas?
portantes e colocar sobre eles uma grande lente de
aumento, me aprofundando neles. Como já foi dito TRABALHANDO UM POUCO A
por mim, prefiro que técnicos mais capacitados se DINÂMICA DO SINAL DE ÁUDIO
aprofundem em cálculos e fórmulas que podem ser
aplicadas no dia a dia do nosso trabalho com áudio. A frase é bem bonita, e, para alguns, pode até ser
Eu, particularmente (sempre que posso), prefiro tra- difícil de entender. Mas se escrevermos de outro jei-
balhar os textos de forma mais específica e direta. to, pode ficar mais simples. Pense no entretítulo aci-
ma como “trabalhando com o volume do instrumen-
Sempre que posso, converso com os companheiros to”. Neste caso, que fique claro que atuaremos sem
de trabalho sobre dúvidas minhas em relação a no- utilizar o fader, e sim um compressor. O compressor
vas técnicas e aplicações de algumas ferramentas de é um processador dinâmico que age sobre o sinal de
áudio durante os shows ou em situações de estúdio. áudio do instrumento em questão ou sobre a sua di-
Como a nossa categoria ainda é bem desnivelada, nâmica. Dependendo dos ajustes, conseguimos “co-
posso notar ideias e pontos de vista bem interessan- locar” o sinal de áudio dentro de uma determinada
tes, e, por outro lado, dúvidas muito básicas. A minha dinâmica. Isto é fundamental se o instrumento em
maior preocupação quanto a isso é que, em muitos questão possui muita variação dinâmica.
casos, vejo dúvidas grosseiras ou erros básicos que
não deveriam existir, principalmente vindos de pesso- É correto, então, dizermos que normalmente utiliza-
as com muito tempo de serviço e posição de destaque mos um compressor quando trabalhamos com um
em empresas de sonorização ou em estúdios. sinal de áudio (um instrumento ou a saída de um
console) que apresenta uma variação dinâmica mui-
Um dos maiores problemas que vejo é a falta de to grande. Sempre teremos os nossos alvos básicos,
informação mais aprofundada sobre determinados como a voz, um baixo, um naipe de metais, uma via
assuntos. Todos sabem o que é um compressor, um de ear-phone etc. Nestes casos e em vários outros
o que procuramos com o compressor é fazer com O primeiro exemplo acontece quando quero propo-
que ele atue sobre aquele sinal de forma que ex- sitalmente mudar as características sonoras de um
cessos de volume ou de dinâmica sejam controlados instrumento. Ou seja, com a compressão eu consigo
automaticamente, sem que nós tenhamos que nos ter além de um grande controle dinâmico, mas um
preocupar com o nível de cada um destes faders. som mais “agressivo”, com mais “punch”, que pode
dar uma nova característica ao som original.
Podemos pensar no funcionamento de um compres-
sor da seguinte maneira: imagine o seu dedo colo- Também posso utilizar o compressor, de uma ma-
cado sobre o fader do canal da voz alguns milisse- neira mais suave, fazendo com que “tome conta”
gundos antes daquele sinal ficar muito alto e fora da de alguns canais para mim, não permitindo que eles
mixagem; a sua mão consegue baixar o seu volume excedam as suas posições dentro da mixagem. Nes-
e alguns milissegundos depois você coloca o fader te caso não estou modificando o som original, ape-
na posição de antes do pico. nas tendo um maior controle sobre ele.
O que você fez foi controlar a dinâmica do canal, bai- O grande problema para quem trabalha ao vivo e quer
xando o seu volume em um determinado momento utilizar um compressor, seja para a primeira ou para a
(que você sabia que o sinal iria ficar muito forte) e, segunda opções citadas, é a falta de padrão para acer-
em seguida, voltando à posição e ao nível original, tar os parâmetros do compressor. Como são várias mú-
é exatamente isso que os compressores fazem, po- sicas diferentes, normalmente com dinâmicas diferen-
tes, esta regulagem pode ficar prejudicada.
JÁ QUE FALAMOS EM
REGULAGEM, VAMOS A ELA
Músicos também podem usar compressores
diretamente nos seu instrumentos O compressor, junto com os equalizadores, já exis-
tem nos estúdios há bastante tempo. Basicamente,
COMEÇANDO COM CALMA eram estes equipamentos e algumas câmeras de
eco tudo o que podia ser encontrado em um estúdio
Se você realmente pretende utilizar um compressor, na década de 1960 (além, é claro, de um pequeno
comece da maneira mais básica: primeiro escolha console e de um gravador de dois ou quatro canais).
onde você irá usá-lo, se será para trabalhar com um
instrumento ou com a saída do console e depois ten- De lá para cá, muita coisa aconteceu e os compres-
te os compressores mais simples, que não precisam sores se desenvolveram bastante. Porém, alguns con-
de muitas configurações. Pegue um microfone e faça ceitos básicos de aplicação e funcionalidade continuam
testes com a sua própria voz. Cuidado ao testar com- os mesmos. Alguns controles foram retirados e outros
pressores com música, pois normalmente esta música foram acrescentados, porém os mais importantes con-
já passou pelo processo de tinuam presentes. São eles:
mixagem e masterização,
sendo que este último tem - Threshold: Determina
como uma de suas funções a partir de quando o com-
trabalhar na dinâmica da pressor começará a atuar.
mixagem. Nem sempre o - Ratio: Determina quan-
L/R terá uma variação de ta compressão será aplica-
dinâmica tão grande. da depois da ativação do
compressor.
Faça variações dinâmicas - Attack: Determina a ve-
com a sua voz, fale mais su- locidade com que a com-
ave, depois um pouco mais pressão irá atuar.
intenso e, por fim, gritando. - Release: Determina
Veja como o compressor a velocidade com que a
atua nestas três “formas” compressão deixará de
de sinal, ajuste os contro- atuar.
les do equipamento e sinta - Gain: Traz o volume do
o compressor trabalhando. sinal para o mesmo lugar
Esta é a melhor forma de de antes da compressão.
Não se assuste se você encontrar compressores Na próxima coluna falarei mais dos compressores
com menos ou mais controles do que estes: exis- originais e de como funcionavam. Depois, abordarei
te uma grande variedade de marcas e modelos os compressores analógicos que dominaram as dé-
com aplicações bem distintas, e o importante é cadas de 1980, 1990 e 2000, até chegarmos final-
dominar estas funções básicas para se começar mente aos compressores digitais e aos plug-ins, que
um trabalho da maneira correta e com grande provavelmente dominam 90% do mercado atual.
possibilidade de sucesso.
DE ONDE OS
COMPRESSORES VIERAM
E ONDE ELES FORAM
PARAR?
Renato Muñoz é formado em Comunicação Social e atua como instrutor do IATEC e técnico de gravação e PA.
Iniciou sua carreira em 1990 e desde 2003 trabalha com o Skank. E-mail: renatomunoz@musitec.com.br
O diretor
de palco
Responsável por tudo e (quase) todos
Depois de mergulhar no universo dos operadores O MANDA-CHUVA
de PA e monitor, que foram personagens dessa
coluna nas duas mais recentes edições de nossa Seja nos shows de um artista com o qual viaja em
revista, agora é hora de falar um pouco sobre um turnê ou em megafestivais nos quais geralmente se
cara que vemos como “o grande general” do show apresentam diversos artistas, o diretor de palco tem
business: o diretor de palco. a missão de organizar a logística e coordenar sua
equipe. Dos carregadores aos técnicos de instru-
Profissional que, segundo o próprio nome em inglês mentos, passando por assistentes e produtores.
sugere (“stage manager”), “manda no stage”. Ele
Divulgação
é, dentre outras coisas, o responsável direto pela
coordenação de logística de montagem e desmon-
tagem de equipamentos de som, luz e backline em
turnês de artistas ou festivais de música. Em outras
palavras, tudo o que acontece em cima de um palco
passa, indispensavelmente, por seu crivo.
EXTRA: ADMINISTRAR O
EGO DO ARTISTA
AES
2014
LOS ANGELES A viagem de um músico ao país das maravilhas
(ou “Por que não dá pra ver pelo YouTube?”)
se eu apresentasse tudo já pronto e corrigido, como
colosso tecnológico numa sessão de Pro Tools recheada de plug ins. Os
serviços de reserva de hotel oferecidos pela AES fun-
Saudades de você, leitor, e a necessidade de res-
cionaram perfeitamente e estou downloadeando o
ponder a essa pergunta tão sensível feita pela mi-
aplicativo do congresso no meu celular. Infelizmen-
nha querida esposa (a pergunta do subtítulo, ali em
cima), que ao saber dessa minha nova aventura não te, na velocidade fornecida pelo meu contrato com a
pôde conter sua curiosidade e uma certa insatisfação, operadora de Telular que atende a tantos brasileiros
já que uma viagem dessas exclui, de saída, qualquer incautos como eu. A coisa parece que vai longe.
possibilidade de ser um passatempo de casal.
Amanhã cedo, munido de um e-mail com um códi-
Da escrivaninha do hotel escrevo em tempo real o go de barras enviado pela AES, vou ao centro de
que vou vivendo, e acho que, assim, o leitor poderá convenções imprimir minha credencial e entrar na
dividir comigo algumas expectativas, opiniões e re- festa, para nossa alegria, leitor. Agora, um pouco
latos de maneira mais atraente do que aconteceria de trash TV e um soninho, que ninguém é de ferro
do Steely Dan, Nine Inch Nails e até Lady Gaga. De tarde, uma palestra maravilhosa com produtores
como Don Was (agora presidente da Capitol Recor-
Melhor ainda é que no final dos anos 1960, início dos ds!) e Michael Brauer comandada por Ed Cherney so-
anos 1970, o guru Maharishi (aquele que os Bea- bre canções que fizeram “a agulha saltar para a fren-
tles inventaram e depois não conseguiram se livrar) te”, e foi impressionante constatar a genuína emoção
comprou uma parte, onde realizava semanalmente desses caras ao falar de seus trabalhos. Para eles, o
“sessões de meditação”. Considerando a época e o que conta é uma boa canção, um intérprete de voz
local, o meu leitor já entendeu do que se tratava e única e uma gravação onde se use toda a técnica
algumas marcas desse psicodelismo ficaram, como possível para eternizar o sentimento que sai da cabe-
a cabine de vocal e uma sala enorme com um piano ça do compositor para chegar até o ouvinte. Ninguém
onde, segundo o gerente, gravam-se cordas com um discutiu equipamento aqui, e não é porque não se
“som maravilhoso”. Não senti o cheiro de incenso, lembrem do que usaram... Foi muito revelador.
mas acredito que com o monte de equipamentos
analógicos de alto nível e uma acústica bem traba- Ao final, voltei para o salão de exposições, mas
lhada, o som deve rolar bonito mesmo. achei que seria melhor refletir sobre tudo que ti-
nha vivido hoje pela larga avenida até o hotel e me
Já ia me esquecendo de dizer que antes de partir para preparar para o último dia dessa AES 2014. Afinal,
essa excursão tive o prazer de assistir a um pedaço de quando estarei novamente frente a frente com nin-
palestra do lendário projetista de estúdios John Storyk guém mais, ninguém menos que o pioneiro Wendy
com o sugestivo nome “Os erros mais comuns na Carlos e Geoff Emerick, o engenheiro que gravou
montagem de home studios”. Na terceira vez que lem- quase todos os discos dos Beatles?
brei de meu estúdio a partir de alguma característica
destacada por ele como “algo a ser evitado”, fiquei so- DiA 3: Moogs, Mics, MesAs,
nhando com a possibilidade de algum dia poder fazer PRÉ-AMPs e MAis
as coisas de maneira certa em meu estúdio. Torcendo
para que ainda seja nessa encarnação, fiquei admiran- Ao acordar para fazer meu roteiro diário, vejo com
Producers Panel: palestra sobre Moog Sub 37: evolução do Little Phatty,
Discos de Ouro no Village Recording: canções que fizeram “a agulha mas com muitas ideias interessantes,
excursão ao complexo de gravação saltar para a frente” inclusive com arpegiador gateado
tristeza no site da AES rida de sempre, a SSL, cujo modelo XL Desk me deixou
que a palestra de Wen- de olho comprido e cabeça virada, afinal, sonhar é de
dy Carlos foi cancelada. graça e Botafogo seria um lugar ótimo para essa ingle-
Para quem não sabe, ela sinha conhecer e fazer a vida (no bom sentido, claro!).
Mesa Neve Custom Made
começou a vida como Microfones e headphones também espalhados por toda
Walter Carlos gravando parte em vários preços, formatos e gostos. Veja nas
"Switched On Bach" a fotos as muitas opções e tecnologias que não pude ten-
bordo de um Moog Modular, que foi o disco mais bem tar, mas que sempre poderão ser conferidas na internet
sucedido de música eletrônica de que se tem notícia com os tradicionais Shure, Audio-Technica, Neumann
até hoje, se operou, mudou de sexo e compôs várias e Sennheiser (cujo headphone HD 800 é sonho para
trilhas sonoras, entre as quais a da Laranja Mecânica uma próxima vida pelo som e pelo preço) brigando por
de Stanley Kubrick. Como alternativa, assisti a uma espaço e preferência do comprador com marcas mais
palestra sobre a obra de Oskar Sala, pioneiro da músi- novas como MXL, DPA, Lucas Engineering, Ronin e Ca-
ca eletrônica com seu Trautonium, que foi usado tanto thedral Guitars – sem dúvida um estranho nome para
por Hitchcock em seu filme “Os pássaros” quanto em fabricante de microfones, mas que estava com o estan-
diversos comerciais do broadcasting europeu dos anos de bastante concorrido.
1950 e 60. Os sons são únicos!
Saio desse mundo de tentações insanas triste por-
Nova incursão ao salão de exposições e o Moog Sub que perdi a maior parte da palestra de Geoff Eme-
37 sorri para mim, que não consigo largá-lo, apesar rick, de quem recomendo fortemente o livro “Here,
do frisson em volta do modular, com hordas de bocós There and Everywhere” para quem quer saber da
posando para selfies pretendendo ser Keith Emerson... realidade das gravações dos Beatles pela mão de
O Sub 37 é evoluçãodo Little Phatty, mas com muitas quem apertava o rec e muito mais. Sobra um tem-
ideias interessantes, inclusive com arpegiador gateado pinho e confiro a palestra de Andrew Schepps, en-
e um teclado que, como todos da nova geração do genheiro que dentro da série proposta nessa AES
Moog, são muito diferentes do meu Mini Moog, que fi- chamada “Raw Tracks”, abriu sessões de PT do Red
cou fazendo tratamento dentário (limpeza e ajuste dos Hot Chili Peppers e concluiu com um comentário re-
contatos do teclado) em New York, com Sam Masuko, velador: “os arranjos, apesar de soarem muito sim-
da Three Wave Music. Ausências sentidas de teclados ples, são detalhadíssimos, e talvez por isso o público
Korg, Roland e Yamaha, mas em compensação, nun- queira sempre ouvi-los mais e mais vezes”.
ca vi tantos tipos de microfones, pré-amps, compres-
sores, limiters e processadores externos juntos num E quase que profeticamente respondendo à inda-
mesmo salão. Vale uma surfada na internet. Não há gação de minha digníssima esposa que motivou
como cobrir tanta fartura nesse artigo! todo esse artigo, passo pela palestra de Jim Tan-
nenbaum e Peter Kurland, dois septuagenários
O mesmo aconteceu com mesas: gravação, shows ao ainda em franca atividade na gravação de som
vivo, broadcasting e home studios. Todos os suspeitos direto para filmes em Hollywood e na TV america-
habituais para vários gostos e bolsos: Rupert Neve, Tri-
na que sacramentavam: “não há nada que esteja
dent, API, Tascam, ProSonus, Yamaha e a minha prefe-
nos livros que substitua a experiência pessoal na
Fernando Moura é flamenguista, músico, compositor, arranjador e produtor musical, além de ex-fumante.
Visite www.myspace.com/fernandomoura.
Renovação
José Caetano
A
gravadora Codimuc está de “casa nova”, ou me- metros de pé direito, é usada para a captação de
lhor, de estúdio novo. Construído em um comple- vozes e instrumentos como pianos e baterias, den-
xo residencial na cidade de Taubaté, na região do tre outros, e o iso, de 5,9 m2, e o lock, de 7,2 m2,
Vale do Paraíba, São Paulo, o espaço conta com nada são destinados às gravações de instrumentos me-
menos que cinco salas: duas técnicas, uma sala de gra- nores, como violões e percussões, além de vocais.
vação, um iso booth e um sound lock, além de uma
sala de máquinas que abriga a caixa elétrica central do Projetadas pelo engenheiro Renato Cipriano, repre-
estúdio e as fontes mais ruidosas de equipamentos. sentante nacional da Walters-Storyk Design Group
(WSDG), empresa norte-americana especializada
A técnica principal, que tem 30,6 m2 e, por isso, em desenvolvimento de projetos acústicos, elas vêm
atende às recomendações da Dolby, é destinada a recebendo, desde o início do ano, quando o estúdio
gravações, mixagens e masterizações, enquanto foi inaugurado, nomes como os de Padre Fabio de
que a outra, de nove m2, reserva-se a gravações Melo, Marcelo Duarte, Maikon Máximo, Iahweh, Eloy
e edições. A sala de gravação, de 37 m2 e seis Casagrande e Canal da Graça, entre muitos outros.
A convite de Tiago Mattos, diretor, engenheiro de área estritamente silenciosa, foram utilizados
áudio, mestrando em Acústica e responsável pela blocos de concreto de 15 e 20 centímetros – pre-
coordenação de toda a obra do Codimuc, a AM&T enchidos com concreto usinado –, além de gesso
adentrou este espaço, desenvolvido com sucesso acartonado, várias camadas de dry wall e lãs de
para gravações de grande porte, e em um bate- absorção, como lã de rocha e lã de vidro de 75
-papo com nossa equipe, ele e Renato Cipriano mm de espessura e densidade de 20 kg/m3.
contaram detalhes sobre a construção e finaliza-
ção das obras do estúdio. Para o acabamento, foram usadas madeiras com
diversas espessuras, montadas de formas dife-
ACÚSTICA E ACABAMENTO renciadas, funcionando como difusores, ressona-
COM MATERIAIS APURADOS dores ou, simplesmente, refletores, além de piso
laminado e tecidos que, na verdade, atuam ape-
Para o isolamento máximo dos ambientes, ain- nas como revestimento de tratamentos acústicos
da que o Codimuc tenha sido construído em uma de absorção de frequências médias e altas.
José Caetano
José Caetano
De grandes proporções, as salas do Codimuc As paredes do estúdio foram feitas com
foram projetadas por Renato Cipriano, da WSDG blocos de concreto preenchidos com concreto
usinado, dentre outros materiais
As portas do estúdio, que pesam cerca de 250 kg, INSTALAÇÕES TAMBÉM SE DESTACAM
foram feitas em madeira, areia e vidros laminados
de 12 e 17 mm, que favorecem a comunicação visu- As instalações elétrica e de condicionamento de ar
al entre os ambientes, enquanto que nas estruturas do Codimuc ficaram a cargo, respectivamente, do
dos bass traps e painéis acústicos foram utilizadas engenheiro Franklim Garrido e da equipe da En-
chapas de compensado, e madeira maciça para difu- conar, que realizou o trabalho em parceria com a
sores, aquários, batentes das portas e janelas. própria WSDG. Segundo Tiago, a pedido do próprio
Franklim, todo o cabeamento destinado ao aterra-
Esses difusores, chamados de coaxiais 3D, foram mento das salas foi feito com cabos de 4 mm e as
projetados pelo próprio Tiago e proporcionam um conexões feitas com conectores Seal Tube.
espalhamento na horizontal, na vertical e em fun-
ção do tempo, devido à profundidade do material. Ainda de acordo com o gerente, o sistema de ar
Sintonizados entre as frequências de 150 Hz e do estúdio, feito por tubos construídos com lã de
9000 Hz, eles dividem a atenção com outros pai- vidro relativamente compactada e fita de alumínio,
néis, como, por exemplo, os QRD, além, claro, foi tão bem feito que, dentro de suas salas, é prati-
dos absorvedores e dos próprios bass traps. camente impossível dizer se o ar condicionado está
José Caetano
José Caetano
José Caetano
de um espaço no qual engenheiros de áudio, pro-
dutores e artistas pudessem expressar da melhor
forma sua arte.
Louise Palma
Prêmio
2014
Multishow
Tudo sobre a engenharia da maior premiação musical da TV brasileira
No dia 28 de outubro, o HSBC Arena, no Rio de Ja-
DOBRADINHA NO FRONT:
neiro, foi palco da 21ª edição do Prêmio Multishow
de Música Brasileira, que neste ano contou com
LINE D.A.S. E CONSOLES DIGICO
participações de nomes como Daniela Mercury, É o
O sistema de sonorização utilizado no evento foi
Tchan, Pitty, Luan Santana, Buchecha, Ivete Sanga-
um Aero 50, da D.A.S., composto por três colunas
lo, Anitta, Bruno & Marrone e Zezé Di Camargo &
de sete elementos cada – sendo o tradicional L/R e
Luciano, entre muitos outros nomes.
um cluster central –, e complementado por quatro
elementos Aero 28, também da D.A.S., no front, e
Responsável pela locação de equipamentos, sono-
quatro caixas J-Sub, da d&b audiotechnik, nos subs.
rização e mixagem do áudio para a TV, a equipe
do Epah! Estúdios – empresa paulistana presente
Louise Palma
Louise Palma
Na sequência, o engenheiro de PA do prêmio, Marcio Schnaidman, e a SD9, mesa usada por Carlos “Babaloo”
A instalação do terceiro grupo de elementos no line, da Sennheiser, enquanto que as percussões foram
algo bastante comum em mega-espetáculos ao ar captadas pelos MD421, da Sennheiser, e pelos
livre, se deu em função da grande extensão da boca SM57, da Shure, e instrumentos como baixo e te-
de cena do palco, montado especialmente para a clados seguiram plugados em direct boxes Radial
festa. De acordo com Marcio Schnaidman, opera- Engineering.
dor de PA e proprietário do Epah!, “se [o sistema]
contasse somente com o L/R, ‘aberto’ do jeito que Já a plateia, que lotou o HSBC Arena, recebeu
estava, praticamente não haveria som no centro os Sennheiser ME66, que foram, de acordo com
da plateia”. Por isso a necessidade de se fazer tal Marcelo Freitas, distribuídos em 16 pontos no in-
‘acréscimo’”, disse ele, que utilizou uma SD10, da
terior da casa, “sendo três em cada lado do front
DiGiCo, para fazer as mixagens.
e três em cada lateral das arquibancadas, sempre
direcionados para a house, instalada a cerca de
Mas o engenheiro não esteve sozinho na house mix. A
30 metros do palco”, explicou.
seu lado, operando uma SD9, também da DiGiCo, que
serviu como mesa master, Carlos “Babaloo” Calvão ali-
mentou o PA e o front e recebeu a mix de banda feita
NO MONITOR,
por Marcio, além dos microfones dos apresentadores MIX PARA TODOS
e os sinais de áudio de vídeo e áudio do Super Júri.
Diante de sua DiGiCo SD7, Renato Carneiro, en-
SENNHEISER, SHURE E genheiro de mixagem de monitor de todas as
DPA NA CAPTAÇÃO atrações do evento, disse que o trabalho foi fei-
to de maneira simples e objetiva, semelhante ao
Se na house houve hegemonia das DiGiCo, que ele e a equipe do Epah! vêm fazendo no pro-
no palco a captação foi feita por um verda-
deiro mix de marcas como Sennheiser, Shure
Tais Malheiros
Louise Palma
Louise Palma
Ao chão, monitores Norton usados no palco da premiação
TRÁFEGO DO PALCO
Louise Palma
À UNIDADE MÓVEL
Na superequipada unidade móvel U.M.A 3, do
Epah!, o gerente técnico da empresa, Marcelo
Freitas, pilotou uma SD7B, da DiGiCo, e assegu-
rou um som limpo para o espectador que acom-
panhava de casa a transmissão do prêmio.
O texto anterior, publicado na AM&T 277, terminou com o didos os parâmetros dos falantes, e não só ao ar livre, como
começo do projeto em si. E o passo inicial foi o da escolha também instalados no protótipo da caixa, com o duto selado
dos falantes: B&C 18SW100, com ímã de neodímio, e B&C provisoriamente. Este procedimento objetiva corrigir os va-
18TBW100, com ferrite. Também apresentamos um box lores de Fs, Qts, Qes e Qms que podem sofrer alteração em
com todas as especificações de cada um. função da variação da massa móvel do falante no interior da
caixa em virtude da modificação da massa de ar acoplada ao
Para se conseguir maior precisão nas simulações, foram me- cone, ocasionada pelo acoplamento com as paredes.
Figura 3 – Resposta preliminar, simulada, do Sub parte mais prática da construção dos protótipos. Inicial-
SW6000nd com falante B&C 18SW100. Vermelho mente, apenas uma das câmaras.
– caixa de 170 litros, sintonizada em 40 Hz; verde
– caixa de 148 litros, sintonizada em 37 Hz. Montagem
O parâmetro K, adimensional, é o fator de proporcionali- A caixa, cortada em máquina CNC, com toda a precisão
dade que retrata o fenômeno. inerente a essa tecnologia, usa e abusa dos entalhes e
encaixes para garantir exatidão na montagem e conferir
RESPOSTAS SIMULADAS a rigidez estrutural, indispensável para evitar vibrações
nas baixas freqüências em que a caixa vai trabalhar.
Na figura 3 temos as respostas de frequência simula- Além disso, foi utilizado compensado naval de 20 mm.
das, obtidas com os parâmetros de catálogo, para dois
volumes e sintonias diferentes, que foram usadas como Na fixação dos falantes foram utilizados parafusos com
avaliação das possibilidades que se descortinavam: cabeça cilíndrica, com sextavado interno, pois com os
parafusos comuns os furos de fixação nos falantes não
1. Vermelho: Vb = 170 L e Fb = 40 Hz
permitiam à entrada da chave de boca o suficiente para
2. Verde: Vb = 148 L e Fb = 37 Hz
assegurar um aperto final adequado, capaz de garantir
a ausência de vazamentos e vibrações.
CONSTRUÇÃO DO PROTÓTIPO
Além disso, buchas de zamac, com rosca soberba externa
Uma vez esclarecidos os princípios teóricos que nortearam
e interna com o mesmo fio do parafuso, foram embutidas
o projeto, escolhidos os falantes e feitas algumas simula-
na madeira, para permitir a retirada e a recolocação do fa-
ções que mostraram resultados possíveis, foi iniciada a
lante com comodidade e segurança, o que foi feito
inúmeras vezes na fase do desenvolvimento.
Ajustes no duto
Figuras 4a + 4b + 4c + 4d – Detalhes da
montagem e do corte em CNC do protótipo
Projeto de produto
Área do duto
O sub SW6000nd está equipado com dois transdutores Obtivemos resultados adequados com o Machine
B&C de 1500 watts AES, e, portanto, vai trabalhar de for- SD14.0, 14.000 watts totais, em 2 ohms. Dos importa-
ma ideal, supondo um programa com fator de crista alto, dos, um candidato é o Powersoft K20, de 18.000 watts.
quando for alimentado por amplificador capaz de fornecer Uma das suas opções de sensibilidade, igual a 2,62 V,
6000 watts (ou até mais, desde que sejam utilizados pro- oferece um ganho de 35 dB.
cessadores com limiters adequadamente ajustados). De-
vido à alta potência dos falantes, pode ser difícil encontrar Em nosso próximo encontro, mais detalhes sobre a cria-
tais amplificadores no mercado. ção do subwoofer H.Sette 2x18” SW6000nd. Até lá!
Homero Sette é gerente de desenvolvimento e aplicações da 4VIAS Pro Audio (homero.sette@4VIAS.com.br). Mauro Ludovico é gerente de plane-
jamento da companhia (4VIAS@4VIAS.com.br).
OTIMIZANDO
SUA MIXAGEM
(PARTE 7)
Usando compressores
Por que comprimir? Essa é a boa notícia: assim como nin- ferências do estilo com que se está trabalhando para uma
guém é obrigado a equalizar, também não existe obrigação avaliação do papel dos compressores. Sem dúvida, a ideia
em comprimir. Mas se não há, por que usar compressores? antiga de que se devia ser comedido com a compressão para
O maior vilão das mixagens é o fenômeno psicoacústico do mantê-la inaudível já não pode ser considerada “moderna”.
mascaramento. Quando existe uma região de frequência
intensa em um instrumento, outros instrumentos que têm VISÕES MICRO E MACRO
menos volume nesta região são completamente ignorados
por nossos ouvidos (já tratamos detalhadamente disso an- Podemos encarar o fato de comprimir em duas vertentes.
teriormente). Assim, quanto menores as variações de volu- Primeiro, a visão “micro” – ora, imaginemos que estamos
me de um determinado instrumento, mais fácil será achar com ataque demais em um instrumento percussivo e que-
um volume médio para ele em uma mixagem de forma que remos diminuí-lo. Se usarmos um compressor bem rápido,
ele não seja mascarado por outros. ataque mínimo e release mínimo, será possível. Estamos
neste ponto apenas preocupados com a sonoridade do ins-
Isso é particularmente importante para a voz, que normal- trumento em si. Já a visão “macro” avalia a mixagem como
mente precisa ficar perfeitamente audível o tempo todo. Ao um todo e o papel deste instrumento frente aos outros. Um
diminuir a variação de volume, o compressor permitirá que caso clássico da visão macro é o compressor de stereo bus
se ache um ponto médio para a voz em uma mix com mais da SSL, disponível também em plug-ins, como o da Waves.
facilidade. É claro que ao longo da música poderão ser pre- O número de hits-número-um que passaram por um com-
cisos ajustes neste volume médio, pra que não fique nem pressor destes é enorme, e sua sonoridade certamente já
alto nem baixo demais, mas o compressor tornará estes se incorporou à nossa cultura de “som de hit”.
ajustes muito mais fáceis.
Neste ponto, vale um pequeno parêntese: uma coisa é
Além desta necessidade técnica, existem também os aspec- muitos hits terem passado pelo stereo compressor da SSL,
tos estilísticos envolvidos (afinal, arte é assim mesmo). Se a outra, muito diferente, é a pessoa pensar que é preciso
estamos trabalhando com música pop/rock, por exemplo, passar por ele para se ter um hit. Resumindo, portanto,
não se espera muitas variações de volume ao longo da mú- analisando objetivamente, compressores diminuem a di-
sica, e os compressores irão nos ajudar muito a manter os ferença entre o maior e o menor volume de um canal,
volumes mais constantes, sem o uso excessivo de automa- facilitando sua colocação em uma mixagem. Ao mesmo
ções de volume. Aliás, existe uma tendência geral atualmen- tempo, subjetivamente falando, os compressores deixam
te em se trabalhar com tracks bem comprimidos, a ponto o som com uma característica interessante em termos de
desta compressão ser audível mesmo. Vale a pena ouvir re- estilo, e familiar ao ouvinte.
WikiImages
Com a evolução da mixagem e, principalmente, masteriza-
ção em ambiente digital, o uso de limites se propagou rápi-
da e ubiquamente no áudio. Levando-se em conta que, em
digital, quanto maior o volume, maior a qualidade, o limiter
se mostrou uma ótima ferramenta, pois segura os picos de
curta duração e permite subir o nível geral de uma mix ou
de um instrumento. Seu uso exagerado, porém, pode levar
a diminuição exagerada da dinâmica, e muitos consideram
que foi a ferramenta que impulsionou a “guerra de volu- Behringer T 1952: compressores valvulados, como
mes” tão mal vista hoje em dia. este, e suas simulações são notoriamente lentos
Quando se soma o sinal original com um cuja interface nos é que nos leva a fazer realmente uma pes-
pesadamente comprimido, nos momentos mais amistosa” quisa em nosso conjunto de equipamentos/
mais altos haverá pouca soma, por causa plug-ins disponíveis, e, dessa forma, estabe-
da compressão atuando, e nos momentos mais lecer um banco de cartas na manga.
baixos a porção comprimida irá se somar muito ao
som direto, pois não sofreu compressão. Em resumo, en- Um fator que não se pode menosprezar e que considero
quanto um compressor diminui o que é alto (como já vi- fundamental, embora eu nunca o tenha visto abordado
mos), a compressão paralela aumenta o que é baixo. em publicação nenhuma, é a facilidade de operação. Exis-
te uma tendência, principalmente no caso de plug-ins,
Ora, esse tipo de ferramenta era valiosa quando o sinal pre- que nos leva a escolher (como “soando melhor”) aquele
cisava ser mandado pra fita o mais pronto possível. Hoje, equipamento cuja interface nos é mais amistosa. O fator
com a gravação em computador, isso ficou totalmente dis- a se considerar nesta abordagem não é necessariamente
pensável, e um ótimo substituto para a compressão parale- o tipo de som resultante (já que ele será similar em mui-
la é o change gain. A gente vai lá e simplesmente dá ganho tos casos), mas a facilidade, comodidade e rapidez de se
nos trechos mais baixos do áudio file. Pronto, dispensado chegar até ele com esta ou aquela ferramenta.
o melhoraiser. Para quem gosta, porém, da distorção intro-
duzida com uma compressão paralela pesada, aí são outros Em nosso próximo encontro conheceremos vários mode-
quinhentos, pois o resultado agrada pela distorção e não los de compressores e suas emulações, dos clássicos e
necessariamente pela compressão. consagrados aos modernos.
1) Parta de um attack e release médios ou de preferência Embora muito básico, você vai verificar que este procedimento
em uma posição “auto”; se aplica à maioria dos casos. Ele, obviamente, é um mero pon-
2) Escolha uma ratio inicial. Para voz, entre 1.5 e 3:1; para to de partida, e as experimentações são bem-vindas, desde que
instrumentos, de 2 a 4:1; não se deixe para tentar todas elas durante o horário do cliente.
3) Deixe o threshold no máximo; Nestas horas, o “dever de casa” faz uma enorme diferença.
Fábio Henriques é engenheiro eletrônico e de gravação e autor dos Guias de Mixagem 1, 2 e 3, lançados pela editora Música & Tecnologia. É responsável
pelos produtos da gravadora Canção Nova, onde atua como engenheiro de gravação e mixagem e produtor musical. Visite www.facebook.com/GuiaDeMi-
xagem, um espaço para comentários e discussões a respeito de mixagens, áudio e música. Comente este artigo em www.facebook.com/GuiaDeMixagem.
O MAPA DE
CONTORNO EMOCIONAL
Auxiliando o produtor na valorização
da mensagem musical
O Mapa de Contorno Emocional (que chamaremos de MCE) NATUREZA SUBJETIVA DO EIXO VERTICAL
é um recurso utilizado por produtores, arranjadores e enge-
nheiros de mixagem para valorizar a forma musical de uma A subjetividade deste tipo de representação (principalmen-
canção. Este tipo de mapa costuma atribuir um valor emo- te em relação ao seu eixo vertical) torna-se um obstáculo
cional, mesmo que arbitrário, para cada parte de uma can- ao seu completo entendimento por parte dos estudantes
ção, de modo a tornar claro qual ou quais partes da música de mixagem. A obscuridade deste tema é amplificada de-
devem ser valorizadas na mixagem ou no arranjo musical. vido à falta de uma estrutura consagrada historicamente
para a sua construção, ficando a cargo de cada produtor/
Como podemos ver no mapa 1, o MCE costuma atribuir um engenheiro gerar as suas próprias regras de acordo com o
valor emocional no eixo vertical, que pode ser de 1 a 10, de seu entendimento da música a ser representada.
0 a 100 ou qualquer outra escala de valores especificada. O
eixo horizontal é dividido de acordo com a forma musical, Evidentemente, os critérios sobre qual parte de uma
de modo a estabelecer um valor emocional para cada parte determinada canção é mais emocionante dependem da
da canção, podendo também ser dividido pelo número do preferência pessoal e do repertório de cada ouvinte, de
compasso ou tempo (geralmente dividido em segundos). modo que cabe ao profissional que vai confeccionar o
mapa praticar uma espécie de “futurologia”, tentando
Geralmente quem realiza este mapa é o produtor, ainda na adivinhar qual trecho da música causará mais impacto
fase de pré-produção, passando a utilizá-lo como um guia no público, e que é, portanto, a parte que deve ser mais
para dirigir o trabalho do arranjador e do engenheiro de mi- valorizada no arranjo ou na mixagem. É claro que este
xagem nos casos em que não é o próprio produtor quem faz tipo de adivinhação pode naufragar completamente, e,
o arranjo e a mixagem (em produções de baixo orçamento, posteriormente, o público pode considerar uma parte to-
estes versáteis profissionais chegam a acumular também talmente inesperada da música como a mais emocionan-
outras funções, como dono do estúdio e fazedor de café). te, contrariando a previsão do MCE.
Mapa 2
áudio música e tecnologia | 61
PRODUÇÃO FONOGRÁFICA
Fabrizio Di Sarno é professor da Fatec-Tatuí e CEUNSP, compositor, produtor e tecladista em bandas como Angra, Shaaman, Edu Ardanuy, Karma e
Paul di Anno etc. Já criou trilhas sonoras para marcas como Natura, Odebrecht, Ambev, Governo Federal, Playboy etc. E-mail: fabrizio3@uol.com.br.
MINHAS obSERVAÇõES
SobRE o logIC x
INTERFACE
A interface do Logic X é mais bonita e moderna do que
prática. O cinza escuro dominante atrapalha a leitura de
menus e pode piorar dependendo da sua monitoração de
vídeo e qualidade de visão. Mas não se trata do fim do
mundo, pois você pode customizá-la ou mesmo instalar
templates pré-customizados, como os que encontrei em
http://logicxinterfaces.wordpress.com. Não me parece ser
um processo simples, portanto, caso resolva modificar sua
GUI (General User Interface). Para tal, siga atentamente os
passos descritos nesse site.
PLUG-INS 32 BITS
Caso seus plug-ins 32 bits externos (de outros fabrican- Nada substitui um verdadeiro
tes) ainda não tenham sido atualizados para 64 bits, essa baterista, mas o Drummer chega perto
transição pode ser um problema, pois não existe a pos-
sibilidade de abrir em 32 bits mode. Nesse caso, a única
solução seria renderizar os respectivos canais no Logic FLEX PITCH
Pro 9 e importá-los no Logic X. Mas trata-se de uma única
exceção nesse aspecto, pois todos plug-ins do Logic estão Você não precisa mais gastar 249 dólares para ter em
presentes na versão atual, portanto, nesse caso, não há mãos uma ferramenta de afinação como o Celemony Me-
dor de cabeça. lodyne. A partir dessa versão você pode afinar e alterar o
pitch de suas pistas monofônicas – além de outras possi-
DRUMMER bilidades criativas – como numa janela de Piano Roll. Bem
que poderiam aproveitar e acresecentar uma ferramenta
Grande sacada dos desenvolvedores, o Drummer é uma de conversão de Áudio para MIDI, como a Ableton fez na
inspiradora máquina de arranjos percussivos que soam mais recente versão do Live.
ORGANIZAÇÃO
Ficou mais tranquilo organizar seus tracks, com maior fa-
cilidade de seleção e deslocamento de canais de forma si-
multânea. Em projetos com muitos canais, o Logic oferece
a ferramenta “Hide” que, como o nome já diz, permite que
você esconda os que não estão sendo utilizados, mas que
podem vir a ser (em algum momento da sua mixagem, por
exemplo). A cereja do bolo são os Track Stracks, recurso que O Logic Remote transforma seu iPad num
permite agrupar canais que serão processados simultanea- verdadeiro controlador de plataforma, com
mente (Summing Stacks) ou apenas para fins de organiza- funções bem diferentes
ção e melhor visualização do seu projeto (Folder Stacks).
CONCLUSÃO
Como você pôde conferir nessa coluna, minhas observa-
ções são muito mais favoráveis do que contrárias à versão
mais recente do Logic Pro. Assim, se você procura novas
formas de produzir música e fugir do convencional – que
muitas vezes é entediante –, vale a pena sair da zona de
conforto e explorar os novos recursos dessa plataforma.
Os Tracks Stacks vão deixar sua vista menos Com valor fixado em 199 dólares, o Logic X é, na minha
cansada, seu projeto mais organizado e seu cerébro opinião, o que há de melhor em termos de custo-benefício
vai focar no que realmente importa: a música do mercado.
André Paixão é produtor de trilhas sonoras para cinema, teatro, TV e publicidade. O Super Studio (www.superstudio.com.br) é sua segunda casa, onde
passa grande parte de seu tempo compondo, editando e mixando. Fez parte de bandas como Autoramas, Matanza e Acabou La Tequila e atualmente
dedica-se a projetos autorais, como a banda Lafayette e os Tremendões, além de assinar direção musical e canções da peça infanto-juvenil “O Mé-
dico Que Tinha Letra Bonita”. Apaixonou-se pelo Logic em 2010 e nunca mais o largou. Contato: andre@suprasonica.com.br
MEDIA COMPOSER
Técnicas e métodos para
uma montagem a jato
MÚSICA, LUZ E
INTERATIVIDADE ILUMINANDO
Espetáculo instrumental de Aurélio de Simoni conta
Hamilton de Holanda tem sua história no universo da
soluções práticas e criativas iluminação cênica
áudio música e tecnologia | 69
produtos
CONSOLE QUARTZ É O MAIS NOVO
INTEGRANTE DA LINHA AVOLITES TITAN
Lançado mundialmente e com chegada ao Brasil prevista para breve, a nova Quartz é a mais recente adição da Avolites à
família Titan. Trata-se de um console bem completo, compacto (42,5 cm de largura), cujo design foi desenvolvido tendo-
-se em mente o espaço ocupado e a facilidade de utilização e transporte. De acordo com a fabricante, o console fornece
uma iluminação sofisticada e repleta de recursos, sendo “o companheiro ideal para todos os seus projetos de iluminação,
turnês e espetáculos mais complexos”. Possui processamento on-board e painel bem divido para facilitar a utilização.
Possui tela de 12.1” de alta definição; botões que ficam iluminados em ambientes com luz baixa, quatro DMX XLR
- cinco conectores físicos; 16 universos DMX a partir do console (8.912 canais); é
compatível com Titan Net (até 64 universos), conta com porta de rede Gigabit para
Divulgação
Titan Net, Artnet e streaming ACN; entrada MIDI, dez faders de reprodução, três
encoders ópticos de alta qualidade; 20 botões programáveis; monitor embutido
touch screen 12.1” com controle de brilho e saída de headphone. É compatível com
Titan remoto, suporta multibanda Sound-a-Light e pode ser expandido com Titan
Mobile Wing através da porta USB dedicada. Pesa oito quilos.
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via DMX; efeito Strobo (0 ~ 25 fps); CTO com variação de 3.200 K a 1.0000 K; movimento
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um corpo de 12,9 kg. Vem com case para transporte de duas peças.
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oferece diversos efeitos de strobo utilizando controle mecânico ou eletrônico ou em combinação.
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áudio música e tecnologia | 71
em fo c o
Divulgação
ticipou, de 19 a 21 de novembro passados, da International
Broadcast Equipment Exhibition – Inter BEE 2014, realizada
em Chiba City, no Japão. Destinada a profissionais de bro-
adcasting, áudio, vídeo, iluminação e negócios de mídia, o
evento comemorou o seu 50º aniversário no dia 20 de no-
vembro com a programação especial do Inter BEE Experien-
ce, um dos seus vários eventos paralelos.
Conhecida como uma das maiores mostras globais de bro- A Inter BEE vista do alto: SET contou com um
estande na feira e foi responsável por uma sessão
adcast e mídia, ao lado da NABShow, na América do Norte,
de seu congresso, que abordou os desafios atuais
IBC, na Europa, e BIRTV, na China, a Inter BEE reuniu mais
dos radiodifusores sul-americanos
de 900 empresas e mais de 30 mil participantes de 35 países
e regiões nos seus 47 mil m² de área. O SET Expo, evento temas desenvolvidos pelo presidente. Os planos para o swi-
anual da SET, é o único latino-americano que se encontra tch off, o grande debate sobre a realocação do espectro e
entre os parceiros globais da Inter BEE. A entidade brasileira
suas consequências também fizeram parte da apresentação.
contou com um estande na feira e foi responsável por uma
sessão de seu congresso, a Invited Session 6, sobre os de-
Promovida pela Japan Electronics and Information Techno-
safios atuais dos radiodifusores sul-americanos. Intitulada
logy Industries e a Association Japan Electronics Show As-
“South American Broadcaster – What are the current chal-
lenges?”, a sessão foi coordenada por Olímpio José Franco, sociation, a Inter BEE conta com o patrocínio da NHK, dos
presidente da SET. A situação atual do ISDB-T e da trans- ministérios das Comunicações e da Economia do Japão, The
missão da TV digital na América do Sul, bem como a sua Japan Commercial Broadcast Association (JBA) e da Asso-
penetração em cada um de seus países, estiveram entre os ciation of Radio Industries and Businesses.
Linkin Park
em BH
Eduardo Magalhães
Banda desembarca no Brasil com
novo show, novo iluminador e
visão artística bem própria
N
o dia 18 de outubro, o Linkin Park, uma banda e que agora tem viajado como iluminador, está se
das maiores bandas do mundo do rock saindo muito bem. Fez o show tranquilo, e por ter tudo sin-
contemporâneo, desembarcou na Expla- cado, ou seja, à sua mão, seguiu o roteiro de cena estabele-
nada do Mineirão, em Belo Horizonte, Minas Gerais, para cido por Oli [Metcalfe, lighting designer que assina a criação
apresentar seu novo show, Carnivores, na mais recente da luz da turnê]”, disse Erich. “Para atendê-lo da melhor
edição do Circuito Banco do Brasil, evento iluminado pela maneira possível, criei um rider que partiu de seu projeto
paulista LPL. original, composto por trusses que formam uns dentes. Ti-
nham uma coisa meio carnívora mesmo”, completou.
Lighting designer do festival – que neste ano contou ain-
da com as presenças de nomes de impacto como Titãs, RIDER MONTADO
Nação Zumbi e Panic! At The Disco –, Erich Bertti desen- BASICAMENTE COM
volveu um mapa amplo, segundo ele, muito bem explo- ROBE E DTS
rado por William Anglin, novo iluminador do Linkin Park.
Nos trusses laterais foram instalados quatro moving
“Ele [William], que foi por muito tempo suporte técnico da lights Robe ColorWash 2500. Esses aparelhos, que ti-
Eduardo Magalhães
Aparelhos DTS e Robe estiveram entre os equipamentos
disponibilizados pela LPL para as apresentações do Linkin Park
veram funções de pan e tilt desabilitadas, mas promo- largura por 6 m de altura, se estendia a outros quatro
veram efeitos de estrobo e mudança de cor, fizeram painéis menores, sendo quatro de 2,50 m de altura
o papel dos canhões seguidores e foram destinados a por 1,44 m e dois de 1,92 m de altura por 72 cm de
seguir os integrantes da banda. largura, usados como no entorno dos praticáveis de
DJ e teclados. Nele foram exibidos conteúdos diver-
No teto do palco, nos trusses centrais, que formavam um sos, como os pré-produzidos por diretores de arte e
enorme V, foram dispostos, por lado, três moving lights vídeo-artistas contratados pela banda, além das ima-
DTS XR3000 Spot, três Robe ColorSpot 2500 e cinco gens registradas ao vivo.
Robe ColorWash 2500, além de dois Martin Atomic 3000,
enquanto que nos trusses laterais, que eram espécies de Esses conteúdos, que eram totalmente sincados no time
avanços desse V central, estiveram, também por lado, code, continham elementos curiosos, como, por exem-
três Robe ColorSpot e três DTS XR3000, além de dois plo, um pulmão enorme que respirava no beat da músi-
Martin Atomic 3000 e nove Robe LEDWash 600, sendo ca, além de imagens de animais selvagens, carnívoros,
cinco deles usados para fazer a luz de plateia. imagens abstratas e imagens de mapeamento do DJ,
que era exibido em formato gigante na tela. Mas o que
Por trás deles, em outros trusses, foram dispostos, no chamou a atenção mesmo foram as imagens de GoPro,
primeiro, mais quatro DTS XR3000, sendo dois a cada que, captadas ao vivo, mostravam detalhes dos músicos,
lado, e, no segundo, mais dez Robe ColorSpot e 11 Mar- principalmente do vocalista Chester Bennington.
tin Atomic 3000. No terceiro, outros dez DTS Spot 3000
e, ao chão, complementando o teto, mais oito Robe Co- “Havia um cara, com uma daquelas varas de GoPro,
lorSpot e quatro Atomic 3000. que, daquele corredor à beira do palco, seguia o vo-
calista de um lado para o outro. Ele se movimentava
PROJEÇÃO RICA bastante e o fato de acompanhá-lo dava uma tensão
EM DETALHES às imagens, que eram projetadas ao vivo nos painéis
via central de vídeo, gerenciada pela equipe da ban-
Ao fundo, o grande painel de LED, que media 16 m de da”, conta Erich. •
Divulgação
Divulgação
Usados como arremate dos praticáveis, placas de Ao fundo, no painel de LED, a direção de arte dá o
LED também receberam imagens pré-produzidas tom de Carnivores, nova turnê do Linkin Park
Capa
L&C: Desde quando você trabalha com o Linkin L&C: O Linkin Park viaja o mundo em turnês que
Park? passam por centenas de cidades. Na sua opinião,
o suporte oferecido no Brasil por empresas como
William Anglin: Estou há quatro turnês prestando su- a LPL são tão bons quanto os oferecidos, por
porte técnico para a banda. Durante este período, vi exemplo, na Europa?
belos trabalhos de lighting design feitos para o grupo
por nomes que vão de AJ Penn até, mais recentemen- William: Me faltam palavras para elogiar o trabalho da
te, Oli Metcalfe. Hoje minha função mudou para a de LPL, mas, resumidamente, a empresa cumpriu com o
operador e diretor de luz, e estou gostando bastante. combinado e disponibilizou exatamente o equipamento
e estou muito feliz com essa oportunidade. Temos uma que pedimos. Além disso, conseguiu montar, paralela-
nova equipe de design se juntando a nós e estou an- mente, dois shows nossos, que foram realizados segui-
sioso para trabalhar com eles. damente, um dia após o outro. Não tive muito tempo
para passar as luzes do segundo show, mas graças ao
L&C: Fale sobre a uso integrado de luz e vídeos Erich [Bertti], que se responsabilizou por tudo, essa
pré-produzidos, algo que sempre vemos nos falta de tempo não se transformou em um problema.
show da banda.
L&C: Você destacou o comprometimento da em-
William: A visão artística da banda normalmente co- presa com relação à cessão de equipamentos.
meça com o conteúdo em vídeo. Meu objetivo é, no Então pergunto: qual é a sua preferência em re-
show, é complementar isso, fazendo com que o vídeo lação às mesas de luz?
dialogue adequadamente com a iluminação. Cabe a
mim saber o momento certo para que vídeos, luz ou William: Estou adorando trabalhar com a grandMA II
banda tenham destaque. Full Size. Ela realmente faz tudo o que promete e não
conheço outra mesa mais indicada para quem trabalha
L&C: Os equipamentos à base de LED estão pre- com time code, ou seja, com o show sincado. Também
sentes em muitos dos projetos de luz de grandes estou impressionado com o software 3D desenvolvido
artistas, inclusive no projeto do Linkin Park. Qual pela empresa, que, entre outras funções, permite ao
é a sua opinião a respeito deles? usuário trabalhar com o VectorWorks sem custos extras.
Pe l o
Br as il
Divulgação
Divulgação
softwares como o After Effects,
indicado para composições, o
iMovie e o Adobe Premiere, sendo
o último um dos mais utilizados
em montagens de cinema e pu-
blicidade.
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No momento em
que cenicamente o
espetáculo segue para
o Sul, surgem as cores
verde, roxo e azul, “que
simboliza as chuvas”
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Hamilton, as luzes e,
ao fundo, delicadas
sombras de animais
Em uma vara de luz de pino estão 12 PAR LED e pela diversificada musicalidade do bandolinista.
dois elipsoidais ETC 26º, que criam, respectiva- Quando ele fala e passeia pelo universo cultural
mente, ambientações e focos, enquanto que na do sertão nordestino e do cerrado, por exemplo, o
vara de contraluz são dispostos quatro aparelhos iluminador utiliza tons quentes, e, no momento em
Robe ColorSpot 1200 e quatro fresneis 2kW tem-
que cenicamente segue rumo ao Sul do país, opta
perados em tom lavanda escuro. De acordo com
pelo verde, pelo roxo e pelo azul, “que simboliza as
Pedott, iluminador do espetáculo, “esses fresneis
chuvas”, diz Pedott.
servem para promover efeitos de cor, gobo e mo-
vimentos que saem do palco e chegam à plateia,
além de luzes contrastadas”. O fim do show, no entanto, é o momento em que
o iluminador mistura todas essas cores e outras
CRIANDO UMA
MONTAGEM
RÁPIDA
Técnicas e métodos
para um trabalho a jato
Tempo. O item mais valioso no mundo atual. Hoje seja, se você resolver fazer um trim, ajustar cor,
em dia, tempo vale mais do que dinheiro em vá- colocar um efeito ou qualquer outra coisa, o con-
rios momentos. Organizar a vida pessoal com a vida ceito perde seu sentido.
profissional tem sido cada vez mais difícil, principal-
mente pelo fato de que a vida profissional acabou
PRIMEIRO PASSO:
entrando na nossa casa. Ter um escritório (no nosso
caso, uma ilha de edição em casa) é tão convenien- DISPONIBILIZAR A MÍDIA
te, mas, ao mesmo tempo, tão invasivo.
A primeira coisa a fazer é ver o material que te-
Bem, não adianta reclamar porque nada vai mu- mos. Para acessar nosso material sem perder
dar, então o que nos resta fazer é aprender a li- tempo com conversões, nada de usar a função
dar com a situação e aprender a aproveitar nosso “Import”. Utilizamos o protocolo AMA (Avid Media
tempo ao máximo. Uma clara recomendação de Access). Esta função está no menu file > AMA
qualquer palestrante que fale sobre administra- link, e permite que seu material seja disponibi-
ção do tempo (e isso vale para todas as áreas) lizado imediatamente independente do formato,
é que você não tente fazer tudo de uma vez até CODEC ou arquivo.
ficar perfeito. É mais rápido e eficiente produzir o
“material bruto” e colocar as ideias para fora, mas Porém, muitas câmeras não têm seu plug-in AMA
depois num segundo momento voltar e limpando, instalado como padrão no Media Composer, por-
corrigindo, refinando este material. tanto, dependendo da sua mídia, será necessário
instalar um plug-in AMA. Eles se encontram no
Neste artigo vamos mostrar um passo-a-passo de site www.avid.com/AMA. Basta fazer o download
como aproveitar ao máximo do seu tempo para e instalar. É gratuito.
uma primeira montagem. É importante entender
que a premissa deve ser “avançar ao máximo no Repare que clips linkados via AMA têm um ícone de
menor tempo possível” sem se perder com pe- uma corrente, enquanto clips importados ou conso-
quenos ajustes. Isso é uma segunda etapa. Ou lidados/transcodificados não têm (fig. 1).
Talvez a ordem que você selecionou no bin não te- Abraços e até a próxima.
nha ficado satisfatória. A me-
lhor forma de se alterar a or-
dem dos clips que já estão na
timeline é utilizando a ferra-
menta de segmento “Extract/
Splice-in” (fig. 6). Ela permite
que clips sejam rearranjados
sem que nada seja perdido na
timeline.
Cristiano Moura é produtor musical e instrutor certificado da Avid. Atualmente leciona cursos oficiais em Pro
Tools e treinamentos em mixagem na ProClass-RJ.
aureliodesimoni.blogspot.com.br
Aurélio de Simoni
94 | áudio música e tecnologia Até o mês que vem, com mais um caderno Luz & Cena!
ÍNDICE DE ANUNCIANTES
Gigplace 57 www.gigplace.com.br
Como a política
atrapalha o áudio
Nunca fui muito de me meter a falar de política. Mas, nos últimos tempos, o assunto se tornou mais frequente
do que falar de futebol em Copa do Mundo. Se tornou um dever. Já estou numa idade em que posso começar
frases que começam com “na minha época...”. Pois bem, na minha época, comprar uma revista de áudio e
música importada custava tão caro, que meu pai me dava uma de presente, e eu passava o ano inteiro pra
baixo e pra cima com ela, não apenas lendo as matérias, mas sonhando com os equipamentos ali anunciados.
Sim, sonhando. Pois se comprar a revista já era caríssimo, comprar os equipamentos era perto do impossível.
E o que isso tem a ver com política? Sim, o Brasil era então um país fechado. Era proibido importar qualquer
coisa. Com o tempo, os mercados foram se abrindo e começou a tornar-se possível o acesso à tecnologia de
outros países. Mas, claro, tudo isso com preços altíssimos e a logística de compra complicadíssima, pois não
existiam lojas em que era fácil se chegar de carro e voltar pra casa com lindos equipamentos novos. E não
só isso: a tecnologia era diferente, e mesmo quem tinha o privilégio de ter alguns equipamentos em casa,
como um venerado porta-estúdio, não conseguiria jamais chegar perto dos resultados dos equipamentos
profissionais de um estúdio grande.
Pois bem, com a estabilização da moeda no Plano Real, o país cresceu e se tornou um mercado interessante
para muitas empresas internacionais que se instalaram no Brasil, e,com isso, muitas lojas de equipamentos
passaram a existir. E também as revistas, e a internet, e as redes sociais e todo o grande sucesso do áudio
e música no Brasil em consequência de um país com economia estabilizada e aquecida. Não somente os
equipamentos existiam no Brasil, mas também o acesso à informação, os vídeos no YouTube e os cursos e
treinamentos. Porém, tenho duas notícias: uma ruim e uma boa... Qual vocês querem primeiro?
A ruim é que não anda tão fácil comprar equipamentos. O dólar sobe, os equipamentos se tornam mais
caros. O mercado menos aquecido, circula menos dinheiro, as pessoas têm menos acesso. Ok, chega de
coisa ruim. Sendo um otimista nato, eu sempre prefiro focar nas coisas positivas do que nas ruins. Sendo
assim, a boa notícia é que ninguém mais precisa de milhares de dólares pra produzir um hit. E por que
não? Porque simplesmente com um computador e uma interface de áudio (ou placa de som) você hoje
tem uma gama de ferramentas muito maior do que qualquer grande estúdio que já tenha existido. Nossa!
É mesmo? Trabalhando in the box (somente dentro do computador)? Sim. Claro que esse tópico sozinho
já renderia um novo artigo (e pode ainda render!). É legal ter equalizadores clássicos e compressores
valvulados? Sim! Mas eu garanto que não é isso que vai fazer sua música ser um hit. Quando você puder,
invista sim no que quiser, mas, no momento, foque na música. Mixe pra ela. Lembre-se de que mesmo
com a política não ajudando tanto no momento, a tecnologia está ao seu lado. Empresas que só fabrica-
vam mesas multimilionárias hoje produzem pequenos (e ótimos) equipamentos pra home studios.
Outras empresas extremamente populares e “barateiras” compraram marcas fortíssimas e suas tecnolo-
gias. E várias destas empresas clássicas estão também representadas em forma de plug-ins. Com a vasta
evolução da tecnologia e dos métodos de fabricação, os equipamentos que antes custavam caríssimo hoje
são acessíveis.
Na Formula 1 investe-se milhões de dólares para se ganhar mais alguns milisegundos nas voltas. Se vocês
não comprarem equipamentos milionários, não se preocupem: vocês ainda darão voltas muito rápidas!
Enrico De Paoli é engenheiro de música. Trabalha com equipamentos clássicos e também com sistemas virtuais
dentro de seu computador, onde quer que esteja. Conheça sua discografia e métodos de treinamentos visitando
www.EnricoDePaoli.com.