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Sumário
Ano. 20 - setembro / 2013 - Nº 226
74
na Pernambuco, precisou de alguns ajustes para resolver o
64
problema de acústica. Outra novidade foi o Workbench 6.0
no monitor, para planejar toda a gama de RF na gravação.
NESTA EDIÇÃO
34
Vitrine
O Launchpad Mini é a novida-
de da Novation e o line array
Future 4.10 com sistema de 4
vias é a aposta da Machine.
Rápidas e Rasteiras
Adriano Cintra produz as
músicas do novo CD do Jota
Quest e Next-ProAudio ganha
distribuidor no Brasil.
38 Gustavo Victorino
50
56
O Som da cada PA
Vanderlei Loureiro e Mario Jorge
Andrade, que trabalham com
Ivan Lins e Elba Ramalho,
contam como buscam sua
própria sonoridade.
Descobrindo pérolas
Fundado há pouco mais de dez
anos, o selo Discobertas resgata
clássicos da música brasileira.
102
Financeiro
Rafael Pereira
adm@backstage.com.br
Coordenadora de redação
Danielli Marinho
Web FestValda redacao@backstage.com.br
Revisão
A segunda edição do novo formato do aberto de Heloisa Brum
música revela novos talentos da cena indepen- Revisão Técnica
José Anselmo (Paulista)
dente. O festival, relizado no palco do Circo Voa- Tradução
dor, no RJ, aposta na tecnologia para conquistar e Fernando Castro
Colunistas
divulgar a nova geração de músicos. Cezar Galhart, Cristiano Moura, Gustavo
Victorino, Jorge Pescara, Luciano Freitas, Luiz
Carlos Sá, Marcello Dalla, Ricardo Mendes e
Vera Medina
O mordomo é
sempre o culpado
I nstabilidade do dólar, alta na produção industrial, recuo na confian-
ça industrial, desaceleração da economia... Podemos citar vários ou-
tros fatores além dos apresentados pelo governo ou institutos de pes-
quisa para apontar como culpados pela frágil saúde da economia brasi-
leira. Percebe-se que nem mesmo os economistas mais experientes
conseguem se entender ao apontar um caminho correto.
Esse círculo vicioso de sempre se apontar um culpado, seja ele quem for,
de preferência, que esteja do lado mais frágil da corda, lembra uma his-
tória. Era uma vez, uma mulher que, depois de casada com um homem
mais velho, foi morar em uma ilha, não deserta, mas até bastante habi-
tada, por imposição de seu marido. Ele, dono de uma companhia de
pesca, costumava passar longas temporadas fora de casa.
A mulher se sentia muito sozinha nessas datas e procurava ir sempre
ao centro comercial da ilha para fazer compras e assim distrair a cabeça.
22
siga: twitter.com/BackstageBr
23
VITRINE ESPECIAL| www.backstage.com.br
BEHRINGER
www.proshows.com.br
O iNUKE NU12000DSP da Behringer
é um amplificador e também está dis-
ponível na versão DSP com conexão
USB para endereçamento. Para os téc-
nicos de som que exigem capacidade de
controle de alto nível, a série de ampli-
ficadores iNUKE DSP já vem pronta.
Os conversores integrados DSP de 24
bits/96 kHz garantem a integridade de
sinal com um alcance dinâmico amplo.
24
LEÁC’S
www.leacs.com.br
A It! 1500 Ativa é fabricada em plástico injetado
ABS de primeira linha, super resistente com tecno-
logia Leacs 100% nacional e garantia em todo Brasil.
Possui falante de 15” e driver TI, divisor de
frequência, alças laterais, base para encaixe de pedes-
tal com ajuste, pés de borracha para proteção, saída
para uma It-1500 passiva, sistema de FLY 4 pontos
sendo 2 superiores e 2 inferiores. Pode ser utilizada TSI
em diversas aplicações como frontal, monitor, fly e www.tsi.ind.br
tripé, está disponível nas cores branca e preta. A Tecnisystem traz para o mercado nacional a mar-
ca Compativel, que está há mais de 20 anos no mer-
cado internacional e agora chega ao Brasil com ex-
posição pela TSI na Expomusic 2013. Além de ven-
der inúmeros produtos para áudio de vídeo, agora
ela está com novos microfones sem fio, em várias
versões. Os modelos C-10V, C-15V e C-20V são os
últimos lançamentos da marca.
KAT
www.sonotec.com.br
A Sonotec traz para o mercado brasileiro mais uma grande no-
vidade, a Bateria Eletrônica KAT, que possui dois modelos ini-
ciais, KT1 e KT2. A KAT tem um visual diferenciado das bate-
rias eletrônicas normalmente encontradas no mercado, com
ótima sensibilidade, praticidade, agilidade, alta performance,
com vários timbres tendo um som real nítido e forte.
25
VITRINE ESPECIAL| www.backstage.com.br
GRETSCH
www.sonotec.com.br
A Sonotec traz mais uma novidade na Expomusic 2013: a
Gretsch New Renown Maple. Ela possui um novo estilo,
com novos acabamentos 100% Maple, bordas em 30 Graus
e aros Die Cast. A nova bateria preserva a classe de sua
26
KURZWEIL
www.equipo.com.br
A Equipo divulgou o Stage
Piano Kurzweil SP 5-8. Dentre
as muitas características do equipa- IBANEZ
mento podemos citar: Teclado com 88 www.equipo.com.br
teclas com ação gradual de martelo (GH), A Equipo divulgou a linha de gui-
sensível, velocity, ajustável (LK40GH), display tarras Iron Labels Series, da Iba-
2x20 caracteres, LCD, com ajuste de contraste nez. São três modelos: RGIR20E
no painel frontal, polifonia 64 vozes, com (6 cordas), RGIR27FE (7 cordas) e
alocação dinâmica, etc. RGIR28FE (8 cordas). Uma das ca-
racterísticas em comum nos três
modelos são a madeira do corpo:
Basswood, o Trastes de 24/JUMBO
e o Hardware Cosmo Black.
FOCUSRITE
www.proshows.com.br
A iTrack Studio vai lhe dar tudo que você precisa para gravar
músicas em seu iPad, Mac ou PC Windows. Ele possui o iTrack
Solo Focusrite: Interface de áudio 2-IN/2-OUT com um pré-
amplificador de microfone Focusrite, um microfone con-
densador de estúdio de alta qualidade, fones de ouvido e todos os
cabos que você precisa para monitoramento, além de uma
integração com Tape da Focusrite. Um aplicativo de gravação li-
vre para iPad e um conjunto de software de gravação e efeitos
para Mac e Windows acompanha o iTrack.
27
VITRINE ESPECIAL| www.backstage.com.br
STRINBERG
www.sonotec.com.br
A Strinberg leva ao mercado seu novo modelo CLG 86 Custon Series que será di-
vulgado na Expomusic deste ano. Ele possui um visual moderno com um timbre
singular que se destaca pelo capricho e qualidade em sua construção. As caracterís-
ticas do produto ainda incluem front shape em flamed maple, tarrachas cromadas,
chave com três posições e dois captadores umbucker.
NOVATION
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28
KLARK TEKNIK
www.proshows.com.br
A Klark Teknik acrescentou, na Expomusic, o novo DN200 Modo
Multi-box DI Stereo ao seu portfólio de produtos, dando continui-
dade ao sucesso da linha DN Series. A DN200 Dual-Channel DI
Box oferece conectividade e desempenho excepcional de áudio co- CORT
nhecido da marca, além de algumas novas funcionalidades. www.equipo.com.br
A Equipo divulgou a ARTISAN B4
20th da Cort. Dentre as muitas ca-
racterísticas do equipamento pode-
mos citar: Construção Bolt-On /
34", corpo Swamp Ash Body, braço
5pc African Wenge & Rosewood
Neck, escala African Wenge Finger-
board, trastes 24 / Large (2.7mm), es-
cala 34" (864mm) e tarrachas Hip-
shot Ultralight Tuners.
SOUNDCRAFT
www.harmandobrasil.com.br
AKG A console Si Expression é um mixer de som
www.harmandobrasil.com.br ao vivo com efeito Lexicon FX, processador
Os fones AKG receberam um reforço de peso: o DJ de sinal BSS, dbx e Studer, e controle remoto
Tiësto, considerado um dos maiores do mundo, agora ViSi para iPad. Considerada a console digital
assina sua própria linha de fones AKG. Tanto para a mais avançada em sua categoria e com o preço
utilização por profissionais em casas de shows e espe- mais atrativo, a Si Expression foi projetada
táculos como para o dia-a-dia, o K67 Tiësto cancela para ser utilizada em diversas aplicações de
ruídos externos e pode ser usado em mixagens ou so- mixagem, de concertos de bandas, até teatros
mente para escutar música. Já o K267 oferece o me- e templos, entre outras.
lhor em desempenho e estilo para profissionais.
29
YAMAHA
br.yamaha.com
A Yamaha lançou a DTX502, uma nova bateria
VITRINE ÁUDIO| www.backstage.com.br
MIDAS
www.proshows.com.br
A PRO1 é o primeiro stand-alone de console di-
MACHINE AMPLIFICADORES gital da Midas e estabelece novos padrões de
www.machineamplificadores.com.br
portabilidade e desempenho para uma console di-
O Line Array Future 4.10 PA foi desenvolvido com um
gital “compacta” de alta performance. A PRO1,
sistema de 4 vias: graves, médio-graves, médios e agu-
que possui um quadro novo de alumínio leve, é
dos. Além de excelente pressão sonora sem perda de
fácil de configurar e operar. Ela tem 100 entradas
qualidade, o equipamento possui design visual arrojado
x 102 saídas (capacidade máxima) ponto-a-pon-
e moderno, e facilidade de transporte e armazenamento,
to de roteamento em qualquer lugar dentro da
proporcionado pelo seu tamanho e posicionamento das
Rede, 48 canais de processamento de entradas si-
alças. Já a ferragem dianteira e traseira com localização
multâneas, 24 saídas analógicas (incluindo 2 saí-
estratégica e o ajuste de angulação baseados em números
das de monitor locais estéreos), além de 12
e cores, facilitam a montagem.
multicanais de efeitos.
NEXT PROAUDIO
www.amplificadoresnextpro.com.br
A Next Digital criou a sua divisão de áudio profissio-
nal: a Next Pro, prometendo ditar o futuro dos ampli-
ficadores touring-class com a sua recém-lançada Série
Pro-R. Composta inicialmente por 3 modelos, R1, R3
e R6 (1200W/3000W/6400W), esta família de ampli-
ficadores digitais possui modelos de 2U de rack com
apenas 23 cm de profundidade e pesando incríveis 5, 6
e 8 kg, respectivamente.
31
VITRINE ÁUDIO| www.backstage.com.br
M-AUDIO
www.maudiodobrasil.com.br
Os novos monitores de estúdio M3-
8 da M-Audio possuem três vias de
som, design que permite drivers de
alta frequência e alto-falantes que
oferecem melhor alinhamento para
32
SPL
www.splaltofalantes.com.br
A SPL Alto-falantes lançou o drive DH750 de titânio com imã de Bário com
diâmetro externo de 155 mm. Com Bobina de 74 mm, Potência de 150 W Pink
noise e 3,8 kg de peso, ele é especialmente indicado para sistemas de Line Array.
33
RÁPIDAS & RASTEIRAS | www.backstage.com.br
Newart, a Robe estará expondo de da empresa: o ROBIN Pointe, um e diz ser preciso mudar essa visão.
18 a 20 de setembro no Expo Center aparelho com nova tecnologia que
Norte em São Paulo, onde estarão poderá satisfazer as necessidades
em destaque produtos como o RO- como Beam, Spot, Wash e unidade
BIN MMX WashBeam, o ROBIN de efeitos com tamanho pequeno e
MMX Spot, os ROBIN 600 LED- peso leve. O estande da Robe estará
Wash, ROBIN 1200 LEDWash, RO- nas ruas 1/3/B/C.
39
DANIELLI MARINHO | REDACAO@BACKSTAGE.COM.BR
PLAY REC | www.backstage.com.br
JUST IN TIME
João Senise
João Senise é um
jovem cantor que
está lançando seu
primeiro CD em
grande estilo, com
grandes músicos
como Gilson Pe-
ranzzetta com suas
teclas e arranjos.
Seu repertório é
centrado em mú-
sicas americanas
do século passado, com quatro outras músicas brasi-
leiras. São 14 faixas, sendo a mais antiga All Of Me de
1931. Cheek to Cheek, Let’s call the whole thing off, That
old feeling, Come Fly with me e Cry me a river também
estão presentes. Ivan Lins junta sua voz à de João
Senise, fazendo uma breve participação no CD.
41
ESPAÇO GIGPLACE | www.backstage.com.br
Profissões do
‘backstage’
TERENCE FERREIRA
EMPREENDEDOR
redacao@backstage.com.br
Fotos: Arquivo pessoal / Divulgação
42
“
“
Corri atrás de informação e
participei da primeira turma do IAV Áudio e
Video, em 1994, e, em 2001, em São Paulo,
com Marcelo Claret
Mas como eu tinha muita vontade, No começo eu não conhecia ninguém
graças a Deus, conheci muitos com- do meio e só tinha contatos no IAV.
panheiros que estavam com o mesmo Tive a oportunidade de fazer um está-
objetivo. E mesmo sendo pouco co- gio na Tukasom, onde fiquei três me-
nhecido no mercado, resolvi conti- ses, em Diadema. Achava tudo fan-
nuar para adquirir prática e experiên- tástico: as mesas de áudio, uma maior
43
ESPAÇO GIGPLACE | www.backstage.com.br
“
especializadas: EAW, Clair Brothers, Tive a oportunidade de ir para o meu
Soundcraft etc. primeiro festival fora do país em feve-
Na época, o material do Tuka era sepa- reiro de 1995 no Chile, o Festival Viña
rado em 3 sistemas, A, B e C, e eu fiquei Del Mar.
Tive a na equipe C da empresa, e nem me im- Nesse festival comecei a aprender a fa-
portei, pois tudo era novidade. zer Patch. Foram montados 5 sistemas
oportunidade de ir Fiquei uns 3 meses na Tukasom, que era analógicos com 4 bandas latinas e uma
para o meu o tempo do meu contrato com eles. orquestra com mais de 60 músicos mon-
44
primeiro festival Mais ou menos nesse período, eu finali- tada em um fosso, e tudo era transmiti-
zei o curso de áudio que durou 6 meses. do ao vivo para mais de 90 países. Uma
fora do país em Comecei nesse período a trabalhar na grande responsabilidade para muito
fevereiro de 1995 no Gabisom que tinha na época uns 16 sis- pouco tempo de empresa, mas nessa
Chile, o Festival temas, e era tudo padrão para qualquer hora conheci o JR, ele parecia um robô,
sistema. Isso me deu um nó na cabeça, sabia tudo, ele era “o” cara.
Vinã Del Mar. pois era tudo simplificado e todas as co- Ele me explicou tudo o que eu teria que
Nesse festival nexões já tinham multipinos, fora que fazer, ele era muito rápido e colei na
todo equipamento era acondicionado dele, virei tipo um aprendiz do grande
comecei a aprender
a fazer Patch.
Foram montados 5
sistemas analógicos
com 4 bandas
latinas
“
“
aprendi muito com ele. Sinto muito
orgulho de ter ralado e aprendido a
parte prática do áudio com grandes Marcelo Rosa foi umas das pessoas
profissionais. Hoje em dia os téc-
nicos só querem mexer em mesas
de som, mas acontece que se você
mais importantes no início da minha jornada
não tiver uma boa base vai chegar
uma hora que vai se perder, e é o
no áudio, do jeito dele, sempre sério e
que sempre acontece.
competente, me ensinou muito
Você teve uma ligação muito im-
portante com o Grande “JR” da
Gabisom. Conte um pouco sobre petente, me ensinou muito, pare- pois de um trabalho no Rio. Fi-
seu encontro e convivência com cia uma máquina trabalhando, ti- quei muito triste, pois lá se ia um
esse grande profissional que hoje nha o conhecimento, tinha atitu- amigo, irmão, companheiro das
cuida do áudio e intercede nas de. Agradeço muito a Deus por tê- roubadas, e esse momento me fez
45
ESPAÇO GIGPLACE | www.backstage.com.br
“Depois de 12 anos
de trabalho com
responsabilidade e
compromisso na
Gabisom, eu
Pop Rock com a PM1Ds
46
pensar que já estava na hora de fazer tinha uma bagagem e também resolvi
sempre busquei me alguma coisa diferente por mim, que muito problemas que já nem eram da
já tinha aprendido bastante e que já minha responsabilidade. Mesmo assim
adaptar e entender poderia arriscar alguma coisa por con- resolvia por já começar a ver uma opor-
as necessidades ta própria. tunidade no futuro.
nos festivais Recebia convites para trabalhar com al-
Depois da fase do estudo, você preci- gumas bandas e trabalhei nos principais
importantes, nos sou meter a mão na massa. Como foi a festivais de Belo Horizonte na direção
eventos sua entrada no mercado ainda em SP? técnica, como o Pop Rock e o Axê Bra-
corporativos e nas Primeiramente fiquei nas casas com sil, e também para várias agências de
equipamento fixo da Gabisom, que eventos, até conseguir me adaptar a essa
turnês. Foi então eram Olímpia, Palace, Via Funchal, nova função.
que resolvi abrir Credicard Hall, Espaço das Américas,
novos horizontes... Metropolitan Rio e Chevrolet Hall BH. O mercado do áudio tem mudado e
Depois, trabalhei em várias turnês oportunidades têm surgido para aque-
”
como Marina Lima, Djavan, Roberto les profissionais atentos às necessida-
Carlos, Rita Lee, Capital Inicial, Lulu des do mercado. Descreva como você
Santos, Caetano Veloso etc. viu nisso um nicho de mercado e sobre
Trabalhei nos maiores festivais do país seu novo negócio?
várias vezes, muitas gravações da Rede
Globo e MTV. Bom, foi muita coisa nes- Depois de 12 anos de trabalho com
sa época. Nos festivais internacionais responsabilidade e compromisso na
como Rock in Rio, Rádio 89 Rock, tra- Gabisom, eu sempre busquei me adap-
balhei em muitos, quase todos. tar e entender as necessidades nos fes-
O que motivou a sua volta pra casa e tivais importantes, nos eventos cor-
como foi a sua adaptação no mercado porativos e nas turnês. Foi então que
em Belo Horizonte? Mais uma vez resolvi abrir novos horizontes, já esta-
pessoas devem ter ajudado. Fale um va na hora de tentar alguma coisa di-
pouco sobre isso. ferente, de arriscar, pois tinha merca-
Na verdade, muitas pessoas me ajuda- do e eu já não estava contente de como
ram como sempre, mas dessa vez eu já eu estava sendo administrado.
47
ESPAÇO GIGPLACE | www.backstage.com.br
Falando como empreendedor: o sem dormir e valorizo cada novo manda uma constante reciclagem.
que levou você a atender a clientes trabalho que faço hoje em dia, pois Lembro-me que no Festival de
do mercado corporativo como lo- nada é por acaso e tudo na vida é Alegre eu tive contato com as pri-
cador e mesmo consultor técnico? feito de escolhas. meiras mesas digitais da Yamaha,
São poucas as agências de eventos as 02R e 03D e eu fui encarregado,
que pagam produtores técnicos O que ainda o incomoda no mer- junto com o Fernando Ricca, de
para seus eventos e nesse nicho cado do áudio hoje em dia? O que operar nessas consoles as 22 ban-
comecei a atender vários clientes precisa ser feito para que o mer- das do evento. O que foi um marco
como Fiat, Unimed, Samarco, Va- cado do entretenimento brasileiro na minha carreira, pois todas as
le, Itaú, Usiminas etc. melhore como um todo? bandas que tocavam no festival
É uma tranquilidade para a agência Uma das coisas que me incomodava ainda trabalhavam com as mesas
e para o cliente quando tem algu- muito era a falta de respeito com analógicas e nem sonhavam que o
mas pessoas especializadas para re- que as empresas do mercado trata- futuro estava nas mesas digitais.
solver qualquer tipo de imprevisto.
“
“
No seu mercado, qual o perfil do
cliente, o que ele precisa e quer do São poucas as agências de eventos
mercado? E, para atendê-lo, qual
seria o perfil do fornecedor para
este mercado?
que pagam produtores técnicos para seus
Não existe nenhum segredo, ape-
eventos e nesse nicho comecei a atender
48
O som
DE CADA PA
reportagem da série com
profissionais de áudio,
Vanderlei Loureiro e Mario
Jorge Andrade contam como
buscam sua própria PARTE 12
sonoridade enquanto
trabalham com feras da
MPB como Ivan Lins e Elba
O técnico Vanderlei Loureiro trabalha
há 15 anos com o cantor e composi-
tor Ivan Lins e também atua na sono-
vozes da maneira com que eles soam, sem
tentar colocar o som do jeito que eu gosto
ou que acho legal”, conta Vanderlei.
Ramalho, respectivamente. rização de show de artistas como Daniel A adaptação a diferentes gêneros musi-
Boaventura, Jorge Vercillo e banda Gua- cais não é problema para o técnico.
nabara. Ele diz que procura sempre valori- Como trabalha com artistas que têm ca-
Alexandre Coelho zar o estilo musical dos artistas com os racterísticas diferentes, Vanderlei tenta
redacao@backstage.com.br quais trabalha, e tenta ser fiel ao que foi ser fiel ao estilo sonoro de cada um, e
Fotos: Arquivo Pessoal / gravado no CD ou DVD, bem como ao procura equalizar, comprimir, usar efei-
Divulgação que foi feito e decidido nos ensaios. tos e mixar os instrumentos e vozes de
“Talvez minha marca pessoal seja não ter acordo com cada estilo.
o ‘meu som’, a ‘minha equalização’. Pro- “Uma coisa da qual não abro mão, no en-
curo sempre equalizar os instrumentos e tanto, é a distribuição dos instrumentos
no L e R do PA. Minhas mixagens
são sempre em estéreo, os teclados
estão sempre abertos. Bateria, per-
cussão, metais, vocais... Tudo tem
sempre uma posição no L e R. No
centro mesmo, só baixo, bumbo e a
voz do cantor”, revela.
Já o colega Mario Jorge Andrade é o
responsável pelo PA da cantora Elba
Ramalho desde 1996. Também traba-
lha com a cantora brasileira Ales-
sandra Maestrini e com a britânica
Jesuton, e é coordenador de som na
Cidade das Artes, no Rio. Em seu cur-
rículo constam ainda trabalhos como
técnico de PA de Alceu Valença e
Adriana Calcanhotto, e no monitor
de Caetano Veloso, Marina Lima e
Edson Cordeiro, entre outros.
Com décadas de experiência, Ma-
rio Jorge é dos que procuram fazer
um som que agrade ao maior nú-
mero de pessoas, começando por
ele próprio, e passando pelos que
PAzeiro Mario Jorge
mandam: o artista, o produtor, o
diretor musical etc. maioria das vezes, essa estratégia dá plesmente pedir que eles não to-
“É uma tarefa nada fácil, na verdade. certo”, garante. cassem”, recorda.
A psicologia é uma matéria muito Tão certo que Mario Jorge não se Alcançar um nível profissional
importante nesse aspecto, assim lembra de, algum dia, alguém ter que permita buscar uma identida-
como o conhecimento técnico e o pedido para ele mudar sua forma de de própria é algo que quem traba-
dom musical, naturalmente. Procu- atuação, muito em função de ele lha com áudio só consegue com
ro fazer uma mix em que possa se es- buscar sempre estar em sintonia tempo, dedicação e aprimoramen-
cutar tudo o que está sendo tocado e com o diretor musical do espetácu- to técnico. No caso de Vanderlei
cantado no palco, com um volume lo. No entanto, às vezes acontece de Loureiro, esse conhecimento veio
compatível com o estilo musical, solicitarem alguma pequena mu- com os trabalhos que ele realizou
com clareza e definição, sem agredir dança de conceito, ou para que um dentro dos estúdios, e que levou
aos ouvidos de ninguém”, aponta. instrumento prevaleça em relação a para a sonorização de shows.
Segundo Mario Jorge, adequar sua outro. Sem contar algum eventual “Eu sou técnico de gravação, sempre
forma de trabalhar às particulari- pedido pouco convencional. trabalhei e trabalho em estúdios,
dades de cada artista e gênero mu- “Certa vez, um maestro me pediu onde você aprende coisas que, geral-
sical passa por um ‘dever de casa’ para eu não amplificar determina- mente, não aprende na estrada, mui-
bem feito. Ele diz que sempre que é dos instrumentos de uma orques- tas vezes por falta de tempo ou de
convidado para um trabalho novo, tra, no interior de São Paulo, mas equipamento. Como, por exemplo,
procura saber tudo sobre o artista que os referidos músicos não per- usar o microfone certo na posição
em questão, ouvir as músicas, as- cebessem essa manobra. Pedi en- certa para cada instrumento, manei-
sistir a vídeos e entrevistas etc. tão para o patch man deixar os pe- ras de equalizar e comprimir cada ins-
“Já durante os ensaios e passagens destais, microfones e cabos nas trumento, qual o melhor equalizador
de som, eventualmente, experi- respectivas estantes, mas sem ligar (gráfico, paramétrico ou de progra-
mento coisas novas e mudo alguns no multicabo. Deu certo. Imagino ma), qual compressor (rápido ou len-
procedimentos padrão, em busca de que aqueles músicos não deviam to), o uso e a quantidade de efeitos, a
um som que me agrade e, se possí- tocar muito bem, mas, por algum maneira de colocar os instrumentos
vel, agrade também aos outros. Na motivo, o maestro não podia sim- dentro da mixagem etc.”, enumera.
51
REPORTAGEM| www.backstage.com.br
“
“
Gosto de usar equalizadores e prés
da Focusrite, Neve, API, Pultec, Sony,
Joemeek; compressores DBX, Urei, Joemeek,
Fairchild; reverbs e delays da TC Electronics
“Procuro usar bons equipamentos, brio da mixagem e dos timbres. Mas
mas, acima de tudo, procuro conhecer essas músicas são só para ter uma ideia
bem os equipamentos que utilizo. Nem de como estão as coisas, são para dar
sempre posso me dar ao luxo de escolher uma ajudazinha, não são a base do ali-
meus equipamentos preferidos, mas te- nhamento do sistema, pois são grava-
nho que fazer os que estão disponíveis das e mixadas em estúdios. Então, não
renderem ao máximo”, ensina. Em um há como comparar esse som com o
mundo ideal, Mario Jorge Andrade te- som que vem do palco. Também uso o
Smaart, para ter uma ideia visual apenas pelo alinhamento ‘artístico’. check, com músicas e trechos de mú-
da coisa”, completa. “Hoje em dia, com as facilidades sicas de estilos variados, com as quais
Entre as tais músicas que gosta de das mesas digitais, o tempo de pas- ele está familiarizado.
usar para comparar o equilíbrio da sagem de som diminuiu e mal te- “Em eventos regionais ou sazonais,
mixagem e os timbres, Vanderlei mos tempo de alinhar satisfatoria- como o Carnaval em Recife e o São
cita canções de Donald Fagen (The mente o sistema, pelo menos na João no Nordeste, em junho, procuro
Nightfly, Morph the Cat, Kamakiriad) maioria dos eventos em que traba- usar, nessa checagem rápida, músicas
e George Duke (Illusions) para che- lho. Acabo apenas usando um compatíveis com o local e a época,
car os graves; além de Chuck Loeb Pink Noise para checar se está pois às vezes alguns transeuntes ou
(Between 2 Worlds), orquestras, tri- tudo falando igual, depois escuto mesmo políticos podem se sentir
os, MPB e rock, dependendo do tipo alguns trechos de músicas conhe- ofendidos por se utilizar música ‘es-
de show que ele vai sonorizar. cidas e já parto para ouvir o mic de trangeira’ para conferir o PA. Nesses
Mario Jorge Andrade lembra que, voz principal, e fazer um linecheck e casos, uso, no Carnaval, o CD da Or-
atualmente, nas empresas sérias, o um soundcheck, sempre caminhan- questra Spok Frevo. E, no São João, o
sistema é pré-alinhado pelo gerente do para checar a cobertura, o front CD da Orquestra Forrobodó, que é
de sistemas, de preferência seguindo fill, os delays etc.”, ilustra. também um projeto do Maestro
as orientações do fabricante. O téc- Por coincidência, Mario Jorge tam- Spok, ambos excelentes”, sugere.
nico do artista apenas faz seu alinha- bém usa músicas de Donald Fagen Mario Jorge já usou o soundcheck
mento ‘artístico’. Apesar de ter um para comparar o PA antes e depois virtual, mas conta que, atualmen-
Smaart 7 e de ser operador de SIMII de alinhado. No caso, ele cita o CD te, usa uma versão simplificada que
certificado pela Meyer Sound, ele mais recente do artista, Sunken Con- ele apelidou de PMVS (Poor Man’s
conta que, atualmente, por falta de dos, como seu preferido. O técnico Virtual Soundcheck, ou o Sound-
tempo, faz pouco esse tipo de alinha- também leva sempre na bagagem um check Virtual do Homem Pobre),
mento ‘técnico’, ficando responsável iPod com uma playlist só para sound- que consiste em uma playlist espe-
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REPORTAGEM| www.backstage.com.br
cífica no iPod, com bumbo e caixa (um teja gostando do som, especialmente nos
no L e o outro no R), bumbo e baixo etc. in-ears, onde cada um só ouve o que quer.
Segundo o técnico, o ganho pode ser um Mas, seja no PA ou no monitor, Mario
pouco diferente, mas como é gravado di- Jorge considera fundamental o técnico
reto pré-tudo, dá para ter uma ideia de ter a sua maneira única de trabalhar, as-
como vai soar e já ajustar algumas coisas. sim como ter a sua própria sonoridade
“Já usei soundcheck virtual via Firewire, característica. “É muito importante,
com 32 canais, mas, infelizmente, nunca tanto identidade própria no som quan-
tive a chance de poder fazer o verdadeiro to na postura profissional e tudo que
soundcheck virtual, que é com Pro Tools envolve essa questão”, sentencia.
“
HD. Na maioria das vezes, quando estou Vanderlei Loureiro concorda. Para ele, a
ouvindo um trecho de música no PA, os busca por uma personalidade que o distin-
roadies já estão fazendo um linecheck e a ga dos demais profissionais da área extra-
banda já chega em seguida para passar o som, pola o segmento de áudio e vale para qual-
eliminando o soundcheck virtual. Mas tra- quer carreira. “Qualquer profissional, em
Isso é coisa de ta-se de uma ferramenta muito boa, especi- qualquer atividade, tem que buscar sem-
estúdio: não almente se você viaja com o mesmo equipa- pre a sua identidade. Muitos profissionais
mento em todos os shows”, elogia. bons podem fazer o mesmo trabalho, mas
importa quem seja Vanderlei Loureiro, por sua vez, admite sempre vai ter alguém que vai notar essa
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o músico ou roadie ser antigo e prefere a passagem de som identidade, vai perceber uma diferença,
que vai passar o com a banda. Ele conta que a equipe faz o mesmo que muito sutil, no trabalho de
linecheck com os roadies, mas a equa- dois profissionais”, acredita.
som, ele nunca vai lização, compressão e equilíbrio dos ins- Vanderlei lembra de uma situação em
tocar igual ao trumentos, prefere fazer com a banda to- que essa sutileza acabou saltando aos ou-
músico da banda. cando. “Isso é coisa de estúdio: não im- vidos de um músico. Ele conta que estava
porta quem seja o músico ou roadie que em um festival de jazz na Itália quando,
Para mim é tudo vai passar o som, ele nunca vai tocar depois do show, esse músico chegou até
diferente: a pegada, igual ao músico da banda. Para mim é ele para perguntar sobre o reverber que o
a maneira de tocar, tudo diferente: a pegada, a maneira de técnico tinha usado na voz do Ivan Lins,
tocar, o som é outro. Por isso eu gosto de que ele tinha gostado muito.
o som é outro. Por passar o som com a banda. Mas já fiz fes- “Ele também quis saber qual pré-delay eu
isso eu gosto de tivais nos quais só teve linecheck, en- tinha usado, o tempo de reverberação,
tão, as duas primeiras músicas foram a detalhes da equalização etc. Ficamos
passar o som com a
minha passagem de som”, recorda. conversando por um bom tempo. Foi a
banda. (Vanderlei) Profissional com larga experiência em única vez em que alguém me perguntou
PA, Vanderlei confessa que não traba- sobre detalhes que eu geralmente uso,
”
lha como técnico de monitor porque mas que nunca pensei que fosse ser nota-
não sabe fazer. “Acho monitor muito do por alguém. Isso eu posso considerar
mais complicado do que PA. Sempre uma característica pessoal, uma identi-
achei monitor super difícil. Só me arris- dade do meu trabalho”, define.
co no monitor quando faço shows do Mario Jorge Andrade tem outro ‘causo’ cu-
Ivan Lins solo, ou com mais um músico rioso, que ilustra bem o dia-a-dia de quem
(guitarra ou teclado). Aí, usando só um trabalha na estrada. “Uma vez, na ansieda-
in-ear para o Ivan e um spot para o mú- de pelo soundcheck virtual, eu coloquei só o
sico, eu corro o risco. Agora, com ban- canal de voz da cantora no PA, para regular
da... nem pensar”, rechaça. os efeitos etc. Uma mulher da faxina do lo-
Mario Jorge Andrade, ao contrário, já fez cal perguntou se seria um show de ‘flash-
e, eventualmente, ainda faz monitor. Ele back’ ou se a cantora cantaria mesmo. Na-
concorda que essa é uma função bem di- turalmente, ela queria dizer ‘playback’,
ferente, uma vez que o responsável pelo mas eu nunca mais ousei colocar só o ca-
áudio tem que fazer apenas o que o músi- nal de voz da cantora soando no PA, sem
co pede, mesmo que ele, técnico, não es- ela estar presente”, diverte-se.
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Quantos tesouros
ainda podem ser
Selo
descobertos na
música
brasileira? O
selo Discobertas
DISCOBERTAS
resgata clássicos
e aposta no
suporte físico
para vender
música.
Miguel Sá
redacao@backstage.com.br
O selo Discobertas foi fundado há
pouco mais de dez anos, no embalo
das pesquisas e resgates que Marcelo
çado em 2000 pela Universal, são alguns
dos exemplos. “Passei muitos anos
pesquisando os arquivos de todas as
Fotos: Divulgação Froes – jornalista, pesquisador musical grandes gravadoras - Sony, PolyGram,
e dono da empresa – já fazia para as BMG, RGE, Som Livre, Warner, Conti-
majors desde os anos 1990. As caixas de nental, EMI... Hoje diversas se fundiram
CD de Gilberto Gil, feitas com material e, pior, seus acervos estão todos arquiva-
da Universal em 1999, e da Warner em dos em empresas de armazenamento - o
2002, e o disco dos Mutantes Tech- que impossibilita o acesso para pesqui-
nicolor, gravado em Paris em 1970 e lan- sa. Assim, sem saber, fiz algo que nin-
guém tinha feito e que possivel- ria a pena. Um presidente de gra- sonoridade ao gosto de coleciona-
mente ninguém mais fará”, explica. vadora sugeriu que eu abrisse um dores nem de técnicos de som
No projeto dos Mutantes, Froes selo para continuar fazendo isso e, fundamentalistas - para quem não
teve o primeiro contato com Ri- depois de alguns anos de incerteza, pode haver modificação nenhu-
cardo Carvalheira, técnico de som acabei tomando fôlego e indo adi- ma no som da época. “Temos que
com mais de 40 anos de experiên- ante como solução única para con- fazer com que o fonograma vindo
cia em estúdios como o Vice-Versa, tinuar trabalhando. Não era uma de um disco de 78 rotações, por
em São Paulo, e na RCA, entre ou- ambição minha, muito menos um exemplo, fique confortável para
tras gravadoras. Carioca radicado sonho”, detalha Froes. ouvir em um equipamento mo-
em São Paulo, na época Ricardo
“
“
era sócio de Carlos Freitas na Cia
de Áudio. Desde 1993 a empresa já
fazia a digitalização e restauração
A diferença do trabalho naquela
do acervo das grandes gravadoras,
além de ser responsável por boa época para hoje é mais no conceito que no
parte das masterizações de grandes
lançamentos da última década do
século XX. Após a saída de Carlos
equipamento. Hoje faço em um notebook o
Freitas da sociedade, em fins dos
anos 1990, a empresa continuou que antes precisava de uma sala
em atividade até 2007. “A diferen-
ça do trabalho naquela época para
hoje é mais no conceito que no Aos poucos, o jornalista e pesqui- derno sem perder as característi-
equipamento. Hoje faço em um sador encontrou o seu nicho. “É cas”, comenta Ricardo.
notebook o que antes precisava de essencialmente o público maduro,
uma sala com 500 quilos de hard- mas existe uma geração de 20 e DO ANALÓGICO
ware. No começo de 2007, vi que poucos anos que curte muito o AOS SIMULADORES
não havia mais porque manter meio físico. O brasileiro gosta de Algumas vezes chega à mão de
uma estrutura como aquela”, con- colecionar e as nossas caixas têm Marcelo Froes e Ricardo Carva-
ta o empresário e técnico de som. como meta recompor discografias lheira material remasterizado. No
A partir de 2007, Ricardo e Froes ou ao menos parte delas. As vendas entanto, sempre que é possível, é
voltariam a trabalhar juntos mais são feitas para lojas de CDs e gran- usado o original. “Geralmente o
assiduamente. Por esta época, Ri- des cadeias de livrarias - que hoje material está guardado em boas
cardo já estava com sua nova em- são verdadeiras delicatessens de cul- condições, a questão é que nem
presa, a IAI Digital e, desde então, tura”, conta. Não há grandes exer- sempre isso ocorreu nas décadas an-
os dois trabalham em projetos cícios mercadológicos na hora de teriores e muitos tapes já chegaram
como as caixas dos Festivais da escolher os fonogramas a serem ao novo milênio deteriorados”, co-
Canção, os discos dos anos 1960 e restaurados. “Por conta da dificul- loca Froes. “Quando o material está
1970 de Pery Ribeiro, do organista dade atual, basicamente faço pro- muito ruim, acabamos trabalhando
Walter Wanderley e do cantor jetos que eu como colecionador a partir de material já relançado em
Miltinho, entre muitos outros. gostaria de encontrar para com- CD. Em vários casos chegou mate-
prar”, revela Marcelo. rial que eu já remasterizei antes”,
O CONCEITO Além de pensar todo o conceito do completa Ricardo.
O Discobertas surgiu como mais um produto, ele também participou da Não são poucas as vezes em que,
selo que iria agir nos vácuos das construção do conceito sonoro. devido às condições do material
grandes gravadoras. “Vinha traba- Quando as masters não vão direto original, é necessário reconstruir o
lhando com reedições desde os para Carvalheira, é Marcelo Froes fonograma a partir de fontes dife-
anos 90 e, no novo milênio, alguns o responsável por transcrições a rentes. “Aí usamos a introdução do
fatores fizeram as vendas baixarem partir dos meios analógicos origi- vinil e o resto da fita, por exemplo.
e as gravadoras começaram a redu- nais – vinis e fitas – para mídias Tem que se virar quando o original
zir seus projetos de reedição. So- digitais. A decisão foi por tomar está muito ruim”, diz Ricardo.
mente o que vendesse muito vale- um caminho que não restringisse a Muitas vezes, em nome do valor
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REPORTAGEM| www.backstage.com.br
“
“
Os equipamentos usados vão
desde as antigas máquinas de fita Studer
A80MK2, das quais Ricardo Carvalheira
possui dois exemplares
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Assinatura
Batutinha está envolvido com os
bastidores da música há 18 anos
DO FUNK
A mor de Chocolate, de Naldo, saiu
de lá. Os hits de Annita, MC femi-
nina que faz sucesso no funk atualmen-
DJ Batutinha, responsável pelo próximo DVD te, também pairam em meio às paredes
do local. Ela só pensa em beijar, de MC
de Naldo, e por muitos dos sucessos do estilo, Leozinho, foi o primeiro grande hit que
abre as portas de seu estúdio com veio dali. E Furdúncio, funk melody de
exclusividade para a Revista Backstage. Roberto Carlos, teve também sua pas-
sagem por lá. A Central do Funk, estú-
dio do DJ Batutinha - que fica no bairro
Ricardo Schott do Lins, Zona Norte do Rio - está, pou-
redacao@backstage.com.br co a pouco, se tornando a maior grife
Fotos: Divulgação do estilo musical.
Estúdio onde trabalha full time
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Central do Funk, estúdio no subúrbio do RJ, de onde sai os atuais sucessos de Naldo e Anitta
na qual cantava um funk e uma música fui ao estúdio dele. Ele me convidou
de Adriana Calcanhotto. para conhecer o local e falei: é isso que
Bem antes de ter sua Central do Funk eu quero da vida!”, lembra. “Não dava
montada na região do Grande Méier, para baixar tudo da internet. O que ha-
Batutinha começou da mesma maneira via eram manuais, a maioria em inglês.
Dei sorte por ter contato com gente
“
“
que tinha um pouco mais de experi-
Dei sorte por ter contato com ência e informação. Aprender a
mexer no Pro Tools foi fundamen-
tal para que eu faça meu trabalho
gente que tinha um pouco mais de hoje”, revela.
O equipamento de Batutinha foi
experiência e informação. Aprender a evoluindo e, atualmente, inclui um
mixer PreSonus 2442 Studio Live,
mexer no Pro Tools foi fundamental Pro Tools 10, Mac Pro 12 núcleos e
teclados como o Yamaha MX61,
Juno D, MicroKorg XL, Roland
Gaya Sh1 e Korg Triton. “Meu set
que tantos outros produtores do “bati- inclui também programação MPC2500 e
dão”. Gravava fitinhas caseiras e come- subwoofer Yamaha”, diz.
çava a dividir o trabalho de produtor Hoje as instalações da Central do Funk
com o de DJ, como até hoje faz. funcionam como agência. “Eu tenho um
“Na época, na verdade, eu ainda nem sócio, que é o DJ Tubarão. Mas ele cuida
queria ser produtor ou arranjador. Isso mais da parte de artistas, de agencia-
foi surgindo. Eu era fã do DJ Marlboro e mento. No estúdio, eu trabalho sozinho”.
O REI
Foi graças a um
de seus primei-
ros hits, Ela só
pensa em beijar,
do MC Leozinho,
que Batutinha e
Roberto Carlos se
aproximaram - o
Mc Leo
zinho e
Roberto
Carlos
Rei cantara a músi-
ca com Leozinho
em um especial seu de fim de ano. “O Roberto se interessa
muito pelo funk melody, que é uma vertente mais elabo-
rada. Ele curtiu a sonoridade da música e quis saber
quem a produziu. E chegou até mim”. À exceção do te-
clado de Tutuca Borba e da guitarra de Ringo Moraes,
tudo em Furdúncio, escrita por Roberto e Erasmo, foi
feito por Batutinha.
“Foi um presente de Deus para mim. E se todos os artistas
vissem o quanto o Roberto é humilde, iriam repensar suas
atitudes. Ele sabe exatamente o que ele quer. Pediu que fi-
zesse exatamente o que eu já faço, mas pensando nele. E o
melhor é que, mesmo sendo um funk, você percebe que se
trata de uma música do Roberto Carlos”, conta.
NALDO EM DVD
O funkeiro Naldo se prepara para estrear seu novo nome
artístico, Naldo Benny, num DVD ao vivo, gravado em 3
de julho no Credicard Hall, em São Paulo. Batutinha, cla-
ro, está por trás do trabalho - no dia do bate-papo com a
Backstage, fez algumas vozes-guia com Naldo no estúdio.
“Independente de
se o DVD vai ser
gravado ao vivo
ou não, tudo o
que vai ser to-
cado no palco é
montado ante-
riormente em
estúdio para
ir para rádio
e CD. Dei-
xamos tudo
pronto e a
banda toca ao vi-
ldo
ha e Na vo. O disco tem metade de músi-
Batutin
cas novas e metade de sucessos”, explica. “Acho
que o Brasil sempre teve necessidade de ter um popstar
masculino e um feminino. As mensagens que o Naldo e a
Annita passam é o que a juventude quer ouvir, não é algo
imposto. O funk é um espelho que reflete o que a socieda-
de é. Ele é só um veículo”, acredita Batutinha.
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DIGITAL
Equipe da Visom Digital
ETUDOANALÓGICO
JUNTO E MISTURADO
Prestes a lançar o primeiro DVD em 3D do país, da banda O
Terço, o Visom Digital abre suas portas e mostra seus centros de
P ense em um estúdio onde fosse pos-
sível gravar vídeo, áudio, mixar,
masterizar etc. Esse é o caso do Visom
referência Analógico e Digital, além da sua sala de masterização Digital, um espaço que já nasceu com a
onde mescla o melhor desses dois universos. Recentemente, o filosofia e o conceito do multimídia, se-
gundo o presidente da Visom, Carlos de
estúdio adquiriu uma API 1608, reafirmando sua preocupação Andrade. Dotado de um centro digital,
em investir em excelência de equipamentos para grandes talentos. um centro analógico e uma sala de
Pedro Rocha masterização, o estúdio é o local preferi-
redacao@backstage.com.br do de gravação de grandes nomes da
Fotos: Ernani Matos / André Tavares / Alessandro Pires / Fabio Guimarães / Divulgação música brasileira, como Milton Nasci-
Pátio interno casa que abriga o estúdio Visom
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“ O retângulo, por
princípio, te traz
uma medida ideal
de acústica. Essa
Sala de mixagem comporta uma Euphonix
Foto: Tratamento: Diego Polly / Divulgação
sistema Surround
5.1, com três caixas
JBL na parte de
trás, dois subwoofers
de 18 polegadas. Rack de equipamentos com o Manley Vox Box Equipamentos de última geração em todas as salas
”
interligadas por um sistema de Catch
Sync, de rede. Pode-se mixar para cinema
desta sala”, avalia. “Eu posso gravar nesse
estúdio, por exemplo, uma orquestra com
o maestro dentro da cena. Aqui eu posso
Caixa PMC inglesa no Centro Digital
mixar um DVD, uma banda, uma orques-
da. Ele me perguntou: o que seria isso? E tra de cordas. Não existe estúdio que com-
respondi que seria um local em que faria porte. Para isso precisa ser bem equipado.
de tudo”, ressalta Carlos. O resultado foi Então, qualquer coisa que gravamos aqui
uma sala no formato retangular com um funciona bem”, afirma.
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no estúdio sem ter de pensar muita car isolados. O nosso não é o me-
coisa. “É preciso criar um ambiente lhor, é único. Fazemos por um ca-
para o artista altamente criativo, minho. Há estúdios fantásticos no
pois para ele não tem ‘não pode’. Brasil, mas as filosofias são dife-
Temos de estar prontos para aten- rentes”, compara Carlão.
der às demandas e pedidos”, frisa o
diretor do estúdio. ELÉTRICA
Entre as demandas estão mixagem Outra característica do Visom Di-
para cinema, que pode ser feita na gital foi o investimento no sistema
sala de gravação Célio Martins. de eletricidade do local. “Esse es-
“Pode-se mixar para cinema desta túdio já nasceu com a eletricidade
sala. É uma sala Dolby certificada. da pesada. No começo, eu não tinha
Talvez seja uma das melhores salas modelos de estúdio para me basear.
de gravação, o que contrasta com a Então comecei meu projeto na fi-
Rack de equipamentos para sala digital
questão acústica requisitada pela losofia, querendo criar um local.
Dolby, que requisita pouca rever- ma de voz sem precisar de tanta Quando pensamos na Visom, eu
beração, mas sem ser uma sala mui- proximidade do microfone. Já o quis dar ao Paulo Campos um local
to “morta”, avalia. som da sala onde está o piano é bri- de referência em que ele se orgu-
Então, além da sala principal, há lhante, aberto, intermediário en- lhasse de trazer o cliente dele. Para
ainda mais duas salas menores no tre a sala maior e na qual se gravam que ele tivesse o melhor equipa-
mesmo espaço com características o baixo e a guitarra. Pode-se tran- mento na mão, para que toda vez
acústicas diferentes, que oferecem quilamente tocar piano aqui den- que ele entrasse em uma concor-
sons diferenciados por meio de tro”, completa. rência, que ele tivesse a segurança
disposições de equipamentos e Ainda na sala Célio Martins, um de dizer que os produtos são os me-
técnicas de acústica. “Temos uma detalhe no chão em porcelanato dá lhores existentes no mercado”,
sala ‘morta’, com uma pequena sala uma reflexão do som. “Eu mato essa comenta Carlão.
onde se ‘seca’ todo o som. Nela reflexão com um tapete. Coloco 3 Ele conta que o cantor Lulu Santos
pode-se gravar uma bateria, uma tapetes e tampo essa cena central passou o Carnaval deste ano gra-
guitarra, uma gravação bem próxi- do porcelanato. Se eu precisar avi- vando na Visom Digital. E ficou
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Foto: Tratamento: Diego Polly / Divulgação
VISOM DIGITAL | CAPA | www.backstage.com.br
“
plugo meu amplificador e ele fala como mento também devido à eletricidade instá-
70
em Los Angeles. Eu não escuto, nos estú- vel. Seu sistema pode crashar¸ você vai ter
dios, “pancada” do som da guitarra, ele fa- down time. E nada pode afetar a criatividade
lar do jeito que faz como lá fora”, declarou do cliente e fazê-lo perder tempo. É impor-
O equipamento mais Lulu. Já Carlão justificou o fato explican- tante para nós termos uma eletricidade da
do que a eletricidade era a causadora da- pesada, e técnicos que entendam que
importante que há
quela “sensação”. qualquer coisa pode acontecer, menos o
em um estúdio é a “O equipamento mais importante que há artista ser incomodado no processo de
eletricidade, a em um estúdio é a eletricidade, a comida das criação”, defende o empresário.
comida das
ferramentas. Se a tua
comida tiver
problema, acabou.
Acontece isso com o
equipamento
também devido à
eletricidade instável. AC Organizer Equipamento Dolby
Seu sistema pode
Um estúdio que já nasceu grande
crashar, você vai ter
Criado em agosto de 1985, a Visom Digital dois centros de referência: um analógico e
down-time está na lista dos maiores estúdios do país. outro digital. Alguns trabalhos produzidos
Aliando tecnologia analógica e digital, a em- na Visom para gravadoras: álbuns de Maria
presa atua com masterização, gravação de Bethânia, Ney Matogrosso, Caetano Veloso,
áudio e vídeo, pós-produção, manutenção e Sandy & Junior, Chico Buarque, Xuxa, entre
venda de equipamentos. Suas salas foram outros. DVDs de filmes de grande bilheteria
projetadas pelo maior nome em acústica: e registros de apresentações de bandas
George Augspurger; e atualmente possui renomadas também estão no portfólio.
STUDER 827 no Centro Analógico Investimento em cabeamento e conectores é um dos diferenciais da Visom
Para isso, dos cabos de eletricidade respectivos crossovers. Assim, o vel balancear esse processo, tirar
aos conectores, como o Neutrik som não passa por quilômetros de todo o ripple que há na senoide de
Gold e o Vampire, as três salas do cabo, eliminando ruídos. 60 Hertz, ou seja, a “sujeira”. É nele
Visom Digital foram projetadas Outro destaque são as duas unida- que estão ligados os nobreaks se-
para que todo o processo da cadeia des de cabo de força, que pode cus- noidais online, que alimentam a
do audiovisual tivesse um mínimo tar mais caro até mesmo do que um parte de computação da mesa.
de interferências possível. Todos os par de caixas KRK. Tanto o cabo de
estúdios usam seus amplificadores eletricidade, quanto o cabo de RELÓGIO ATÔMICO
em uma sala técnica. Na sala maior, áudio e o balanceador de energia Esse equipamento é ligado ainda a
por exemplo, os amplificadores es- são brasileiros, da AC Organizer. um relógio atômico, fazendo com
tão embaixo das caixas, com os seus “Ninguém em estúdio conhecia e que todas as salas do estúdio rece-
nós começamos a usar. É algo feito bam clock por meio do sistema.
para audiófilo. Não é barato, mas “Ele tem um pulso, que faz com que
imprescindível. A mesa dessa sala a sequência binária seja constante,
fica ligada 24 horas por dia, sete dias sólida. Isso é baseado em uma preci-
por semana, logo ela precisa ter a são de cadeia. É um gerador de
“
“
Outro destaque são as duas
unidades de cabo de força, que pode
custar mais caro até mesmo do que um
par de caixas KRK
alimentação elétrica perfeita, para sincronismo. Ele tem 3 frequências
não ter defeitos”, exemplifica Car- diferentes e aqui se podem clockar
Sala de gravação: caixas atrás da tela reflexiva lão. Nessa sala de controle é possí- algo em 96, 148 e 44. E todos os
71
Foto: Tratamento: Diego Polly / Divulgação
VISOM DIGITAL | CAPA | www.backstage.com.br
Temos o conversor estúdios recebem o clock dele por meio do sala, estão combinados o que há de me-
de dois canais sistema. Esse sistema é todo MADI. Con- lhor do digital e analógico. “Usamos as
vertemos tudo para MADI e distribuí- duas tecnologias para trabalhar os tim-
LAVRY-GOLD. mos. Nós usamos o conversor do Lynx. bres e os tons que vêm das salas. Temos o
Temos um circuito Tudo baseado no princípio da qualidade”. conversor de dois canais LAVRY-GOLD.
analógico Temos um circuito analógico valvulado,
ESTUDIO DE MASTERIZAÇÃO um circuito analógico Solid State. A
valvulado, um Jorge Guimarães ideia é fornecer ao engenheiro todas as
circuito analógico A técnica de usar elementos de qualida- cores na palheta para que ele possa pintar
de para alimentar bem seu equipamento o quadro de som”, avisa Carlão.
Solid State.
72
UM TERÇO EM TRÊS
DIMENSÕES
A Visom Estúdio está dando os
últimos retoques em um projetor
inovador: O primeiro DVD 3D
do Brasil, cujo registro é da ban-
da de rock progressivo O Terço,
que surgiu no final da década de
1960. Carlão conta que sempre
foi fã da banda e foi sua a ideia
do projeto.
“Eu reencontrei o Sérgio Hinds
(baixista do grupo). Ele disse
que ninguém queria mais gra-
var com o grupo. Eu disse que
queria. Esse é o disco defini-
tivo deles. Tem todos os mai-
ores sucessos e é o primeiro
om
equipe de técnicos da Vis registro do tipo no país”, conta
s, ao centro, e
Paulo Campo Carlos, enquanto apresenta uma
do CD, para que o ouvinte ESTÚDIO DE PÓS-PRODUÇÃO das músicas do trabalho. “O DVD
não precise ficar aumentando ou Frank Acker foi filmado no Barney, um estúdio
abaixando o volume. Estamos Todos os estúdios são audiovisuais e de ensaio, porque lá tem o pé direi-
implantando um sistema que vai possuem um monitor próprio, além to mais alto que o do nosso estú-
fazer isso automaticamente. Loud- de todas as salas serem surround. Se- dio. Na Visom gravamos em 2D,
ness é a coisa mais discutida no gundo Carlos, isso permite testar os mas para 3D é preciso profundida-
mundo atualmente. Com o uso projetos de diversas formas, com de. O DVD Outra vez no estúdio,
de earphones e headphones é multiplicidade de alternativas, como do Ritchie, foi gravado aqui em um
muito importante atentar para os equipamentos das marcas Tannoy, dia. O do Terço estamos fazendo
isso”, complementa. Dynaudio, KRK, Yamaha, PMC, BIW. desde novembro do ano passado.
Ricardo, engenheiro de masteri- Na sala Frank Acker, foi desenha- Fazemos, refazemos para oferecer
zação da Visom Digital, comenta do um centro analógico que possui ao ouvinte uma experiência im-
que o objetivo do acerto do loud- uma nova aquisição do estúdio: par”, adianta Paulo Campos, ge-
ness é que o ouvinte não queira uma mesa API 1608. “A API dese- rente técnico da Visom.
mexer em nada enquanto o CD nhou um tipo de mesa com um
toca. “Você coloca o disco, regula o pré-amplificador, que se tornou Para saber online
volume e vai escutá-lo até o fim. referência no mercado. Se falarmos
Há nuance entre as músicas, mas é de vintage hoje em dia, temos dois
algo coeso. A diferença é fazer isso nomes: Neve e a API. A mesa API
no automático e um engenheiro 1608 é moderna, porém é comple-
especializado mexer. “A maste- tamente analógica. A novidade é
rização é dependente da ordem do que ela é totalmente modular, com
disco. Não se pode fazer cada faixa equipamentos que podem ser al-
de uma vez e depois colar, porque terados e agregados a qualquer mo-
não vai colar. É preciso uma fluên- mento. Ela mistura os sons e os tim-
cia”, analisa. bres, tudo no universo analógico”, http://visomdigital.wordpress.com/
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REPORTAGEM| www.backstage.com.br
74
Claudia Leitte
grava novo
DVD AO VIVO
Na noite de sábado do dia 3 de agosto de 2013 na Arena
Pernambuco, em São Lourenço da Mata, região metropolitana
O sistema usado na sonorização na
Arena Pernambuco para a gravação
do DVD Axé Music Claudia Leitte foi
do Recife, foi gravado o terceiro DVD de sua carreira solo, o um J15 FZ Áudio da empresa João Amé-
Axé Music. O show foi realizado num local fechado onde a rico Sonorização, configurado da seguinte
forma: 12 caixas de alta por lado; 08
acústica era um pouco complicada, e essa gravação foi durante outfills por lado; 16 subs montados no for-
o evento O Maior Show do Mundo, que contou ainda com as mato trapezoidal; 04 subs montados em
apresentações de Saulo Fernandes, Anitta e Wesley Safadão. um arco à frente do palco; front fill.
Como o palco tinha 32 metros de largu-
redacao@backstage.com.br ra e boca de cena de 22 metros no total,
Fotos: Divulgação foi preciso montar mais uma linha de
subs entre os clusters para fazer a
cobertura. “Para que vocês te-
nham uma ideia, a distância entre
o PA principal e o outfill era de
mais ou menos 5 metros; então, ti-
vemos que montar mais uma linha
de subwofer entre os clusters, ten-
tando resolver a falta de pressão
sonora no centro, devido à largura
tanto do palco quanto da boca de
cena. Essa fileira de subs foi mon-
tada a uns dois metros à frente do
palco, pois, se não fosse dessa for-
ma existiria a ineficiência do siste-
ma com a falta de pressão sonora
no eixo central do PA e também
em algumas áreas do estádio. En-
tão, para fazermos uma melhor
cobertura, montamos desse modo,
sempre tentando buscar um resul-
tado satisfatório”, explica Roque
Fausto, técnico de monitor de
Claudia Leitte.
Além do tamanho do palco, a
equipe técnica tinha outro de-
safio: o problema com a acústica
e o tempo de reverberação no es- norizar para as arquibancadas e, do os pontos críticos”, completa o
tádio, que chegava perto de 1 mi- graças a Deus, deu tudo certo”, res- técnico. Como processadores, fo-
nuto. A solução foi usar quatro salta Roque. ram usados 2 Lake LM 26 e o Smart
torres de delay cobrindo a área da Ainda segundo Roque, o que “sal- 7.0 para alinhamento de todo o
Arena, com 6 caixas de Line em vou” em alguns pontos que ficari- sistema. “Esse software realmente
cada torre. “Estávamos dentro de am sem cobertura, foi também o faz a grande diferença”, avalia Ro-
um estádio de futebol onde a acústi- uso do front fill. “Como eu tinha a que Fausto.
ca e o tempo de reverberação chega-
“
“
vam pertíssimo de 1 minuto e, por
diversas vezes, notamos que se as
pessoas que ali estavam trabalhan- Estávamos dentro de um estádio de
do na montagem da estrutura, LED,
iluminação, grid, cenário, deixas-
sem cair algo no chão, até mesmo
futebol onde a acústica e o tempo de
uma chave de fenda no palco ou gri-
tassem, o ciclo da onda dentro do
reverberação chegavam pertíssimo de
estádio, rodava, rodava em torno de
quase 1 minuto. Ai você fica imagi- 1 minuto (Roque Fausto)
nando o que fazer para melhorar o
resultado num show onde o público
estimado era de cerca de 70 mil pes- boca de cena muito grande era de NOVIDADES
soas entre arquibancadas e gramado se esperar que em alguns lugares fi- Uma console Allen Heath iLive
e que ali mesmo iríamos gravar um casse sem cobertura mesmo. Usa- 112 (IDR 64), com 64 canais de
DVD, onde não se pode trabalhar mos, então, oito caixas para front input, 32 auxiliares, Sistema Axi-
com volume de PA alto. Na verdade fill em cima dos subwofers, laterais ent Shure, distribuidor de antena
essas torres foram usadas para so- e frontais direcionados e corrigin- AXT 630, Show Link Remote
75
REPORTAGEM| www.backstage.com.br
76
Estrutura
Line Array FZ
77
REPORTAGEM| www.backstage.com.br
“ O equipamento
conferiu um som
78
possante e quente,
com os dinâmicos Igor e Roque
bastante eficientes e afirma que, de posse do sistema comple- seus microfones que foram usados em al-
companheiros, sua to da Axient da SHURE e com o impor- guns convidados, a exemplo de Naldo e
tante suporte dos especialistas da mar- Wanessa Camargo também foi uma gran-
capacidade na ca, Yuri Costrov e Jon Lopes, pôde ver de novidade, a linha de cápsulas KSM9 se
reestruturação de perto toda a eficiência e qualidade fez presente também”, comentou.
muito boa, seu rack que tem esse sistema Axient: “todos os Na gravação do DVD Axé Music, Clau-
equipamentos wireless usados no DVD dia usou ainda microfones serie 5000
de efeitos etc. Usei Axé Music foram organizados pelo Work- da Senhheiser que mais uma vez foi
uma cena de um bench 6.0, e as diversas antenas e filtros estilizado com cristais, dando um to-
show normal mais modernos que existem hoje em dia que especial, e in-ear PSM1000. Outra
no mercado. Em um dos dispositivos consideração referente ao uso de novi-
para começar sem fio precisei usar 2 frequências reser- dades em equipamentos destacada por
as atividades vas e tão rápido o sistema disponibilizou Roque foi iLive 112, da Allen&Heath,
do DVD e resolveu o problema, a qualidade dos tanto no monitor quanto na U.M. “O
equipamento conferiu um som possante
”
e quente, com os dinâmicos bastante
Ficha Técnica eficientes e companheiros, sua capaci-
Técnico de PA:
dade na reestruturação muito boa, seu
Denilton Mercês rack de efeitos etc. Usei uma cena de um
Técnico de Monitor: show normal para começar as atividades
Roque Fausto do DVD, reestruturei, pude aumentar a
Técnico de Luz: quantidade dos inputs, dos outputs, de-
Lucas Piauilino vido à dimensão que se torna, que se al-
Hold:
cança numa gravação de DVD desse
Antonio Costa e Ricardo Almeida
Cenário:
porte, com artistas convidados, músi-
Leandro Jaqueira cos convidados e ainda comunicação
LED: geral de produção. Então não existiu
Wagnão – Edy - Danilo dificuldade”, enumera Roque, que há
Empresa de Áudio: cerca de três anos atua como técnico de
João Américo Sonorizações monitor de Claudia Leitte.
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TECNOLOGIA |ESTÚDIOS| www.backstage.com.br
AVID S3L
80
AVID S3L
O sistema Avid S3L representa um novo marco na ca-
tegoria de mixers digitais de pequeno e médio portes.
Formado por três diferentes módulos (S3 Control
Surface, E3 Engine e Stage 16 Remote I/O), o equipa-
mento permite aos profissionais do áudio desfrutar dos
recursos que consagram a premiada família de consoles
VENUE em um sistema compacto, flexível e versátil,
sem abrir mão da reconhecida qualidade sonora, por um
investimento financeiro bem mais amigável.
Sua superfície de controle (S3) oferece 16 faders moto-
rizados (100 mm) com medidores de sinal (10 segmen-
tos) e codificação por cores, 32 botões giratórios
(encoders), cada qual com um pequeno visor OLED de
alta resolução, e seletores de banco (6) que possibili-
tam rápido acesso às configurações de todos os seus ca-
nais de entradas (64) e saídas (32) de áudio. Outra
grande vantagem da S3 é a sua capacidade de operar
como superfície de controle em uma DAW (comuni-
cação por meio do protocolo Euphonix Control –
EuCon), permitindo grande ganho de tempo em qual-
quer processo de mixagem. Com pouco mais de seis
quilos e ótima portabilidade, o equipamento pode mi-
Avid Channel Strip
grar facilmente do estúdio para o palco e vice-versa.
áudio, mesmo os mais resistentes à mudança do ambi- Considerado o coração do sistema, o módulo E3 é o
ente analógico para o digital, passassem a ver esses responsável por hospedar o software VENUE (versão
equipamentos com outros olhos. Outra grande inova- 4), o mesmo utilizado no console SC-48 e no sistema
ção trazida por esses equipamentos foram os sistemas top de linha D-Show (ambos também da Avid), e plug-
de multicabos digitais, proporcionando menos inter- ins de efeitos, agora no formato AAX (suporte para 64
ferências, cobertura de maiores áreas e menores pre- bits), permitindo ter no palco as mesmas ferramentas de
ços quando comparados aos seus rivais analógicos. processamento virtual encontradas atualmente na
O que então esperar de um bom mixer digital na atuali- grande maioria dos estúdios.
81
TECNOLOGIA |ESTÚDIOS| www.backstage.com.br
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83
X
TECNOLOGIA| LOGIC | www.backstage.com.br
LOGIC PRO
VALEU A PENA ESPERAR?
Vera Medina é produtora, cantora,
compositora e professora de canto e
produção de áudio
A nova versão do
Logic Pro X foi
aguardada pelos
84
85
TECNOLOGIA| LOGIC | www.backstage.com.br
“
DAWs já utilizavam.
novo visual. Nas trol, um novo recurso que possibilita mos a Lista de Editores (List Editors),
visualizar um painel de controladores Note Pad (bloco de anotações por pro-
próximas
cujos parâmetros podem ser ajustados jeto ou track), o acesso à coleção agora
edições para variações no timbre em tempo real. mais vasta de Loops e o Browser.
começaremos a
Procure navegar bastante por essas
abordar as funções novas ou realocadas, de forma
novas funções e a se acostumar com o novo visual. Nas
formas de próximas edições começaremos a abor-
dar as novas funções e formas de traba-
trabalho lho detalhadamente. Então, valeu es-
detalhadamente perar ou não? Acredito que o Logic
chegou a um novo patamar de qualida-
”
de, os fluxos mais claros, e as funções
avançadas e específicas que sempre
6) Temos então o controle para acessar utilizamos continuam lá.
o Mixer na janela na parte inferior à
Track Area. Eu, particularmente, adorei Para saber online
o visual mais clean e prático do Mixer.
vera.medina@uol.com.br
www.veramedina.com.br
87
TECNOLOGIA| CUBASE | www.backstage.com.br
CUBASE7
PLUG-INS
De tempos em
tempos voltamos ao APLICADOS NO
CLIP DE ÁUDIO
conceito de
processamento
88
offline e sua
importância na
Marcello Dalla é
mixagem. Deve ser engenheiro, produtor
tomado como um musical e instrutor
procedimento
fundamental na
mixagem com o
gerenciamento do
processamento do
D entre muitas questões que envol-
vem o uso de plataformas digitais,
as principais têm sido a qualidade da
Nos últimos tempos temos presenciado
um grande crescimento dos home -
studios e estúdios de pequeno porte.
mixagem e da masterização. A sonori- Entre tecnologias mais acessíveis, com-
computador e
dade final é onde todas as etapas do tra- putadores mais poderosos, diversidade
consequente balho vão desembocar. E é aí que surgem de produtos e marcas, nunca foi tão ne-
qualidade sonora alegrias e tristezas, realizações e frustra- cessário o conhecimento técnico. O
ções de tudo o que foi feito em um proje- Cubase tem um arsenal de ótimos re-
final. É um dos to. Entre e-mails que chegam e dúvidas cursos para mixagem, mas a falta de co-
assuntos mais dos meus alunos, o assunto está sempre nhecimento detalhado destes recursos
solicitados pelos em voga. Temos abordado em nossos e de como podem ser aplicados é a porta
tutoriais ferramentas, funções e procedi- de um problema: muitas opções, sem
alunos de mixagem. mentos que contribuem para a finali- uma objetividade no uso.
Vamos a ele. zação de áudio no Cubase e de fato são os Uma boa analogia seria aquele camara-
tutoriais mais esperados. Funções de edi- da que chega para almoçar em um self-
ção, recursos adicionais de vídeo etc. service imenso, lotado de opções mara-
também fazem sucesso, mas parece haver vilhosas e faz aquele pratão com sushi,
uma necessidade imperiosa e quase que sashimi, arroz a grega, farofa, maionese,
unânime de trabalhar a mixagem com batata sauté, camarão no bafo, batata
mais objetividade em bons resultados. frita, uma fatia de picanha mal passada e
sobre uma folha de alface deita um pastelzinho de quei- dente da orquestra e processada com o reverb Reve-
jo. Muitas das situações de mixagem podem (e devem) rence. Reparem que nos inserts não há nenhum plug-
ser resolvidas com mais simplicidade e objetividade. Va- in, ou seja, ainda não introduzimos nenhum proces-
mos seguir nesta linha de raciocínio e explorar mais re- samento neste CANAL.
cursos para diminuir nosso prato e trabalhar a mixagem Suponha que seja interessante trabalhar a equalização
com mais transparência (e sabor). Mixagem transpa- desta Trompa para buscar um pouco mais de brilho no
rente, saborosa, de fácil digestão (audição)... Sem azia. timbre. Como o clip desejado já está selecionado va-
Plug-ins são muito bem vindos, mas quando necessá- mos até o menu Audio / Plug-ins / EQ e podemos esco-
rios. Uma boa forma de usá-los é avaliar inicialmente lher o GEQ 30, como mostrado na Figura 2.
os canais da sessão de trabalho que precisam recebê- No mundo analógico, equalizadores gráficos não são
los como inserts. Digo isso porque existem duas for- muito usados na timbragem de instrumentos solo, mas
mas de se aplicar plug-ins sobre um arquivo de áudio: o GEQ 30 é excelente para esta tarefa e o tenho usado
1) Como insert do canal > O plug-in atua no CA- em diversas situações. Na Figura 3 vemos a tela para
NAL e todo áudio que estiver neste canal será proces- aplicação do plug-in no Clip onde fizemos uma curva
sado em tempo real. Esta é a forma mais comum; 2) suave para acentuar uma sonoridade mais brilhante e
Processando o plug-in sobre o Clip > Também chama-
do de processamento offline. Neste caso aplica-se o
plug-in sobre o CLIP de áudio e o processamento gera
uma nova versão do arquivo que passa a fazer parte da
sessão. É esta forma que vou explicar em detalhes. Uma
ferramenta importante que tem escapado ao conhecimen-
to até mesmo dos mais familiarizados com o Cubase.
89
TECNOLOGIA| CUBASE | www.backstage.com.br
processamento. Abrindo agora o menu Audio / inserts de canal que permitem a audição e ajuste em
Offline Process History novamente podemos observar tempo real para seguirmos buscando o equilíbrio di-
a sequência de plug-ins aplicados sobre o arquivo, nâmico e de frequências com os outros canais, como
como mostra a Figura 10. Cada clip conterá sua histó- reza o procedimento padrão numa mix. Os plug-ins
ria completa de processamento... cada um no seu qua- em insert de canal demandam processamento, mas
drado... para que vocês não esqueçam mais. são a forma mais coerente de procedermos nossas
É claro que se nosso arquivo de áudio será ajustado mixagens com os parâmetros disponíveis o tempo
constantemente ao longo da mixagem (por exemplo: todo, sendo passíveis de ajustes e automações em
uma voz solo numa canção) não é um bom negócio função do contexto sonoro do projeto. Então, nossos
ficar aplicando processamentos offline e modifican- canais estruturais que serão constantemente ajusta-
do o tempo todo. Neste caso o melhor é usar os dos na mixagem, permanecem com os plug-ins em
91
TECNOLOGIA| CUBASE | www.backstage.com.br
DIRETO DA CAIXA
PLUG-INS
Já se foi o tempo
em que se fazia
necessário obter
DO PRO TOOLS
94
dezenas de plug-
Cristiano Moura é produtor, en-
ins de terceiros genheiro de som e ministra cur-
para realizar uma sos na ProClass-RJ
mixagem de
qualidade.
Atualmente, tanto
no Pro Tools
quanto nos
E QUALIZADORES
O Pro Tools está equipado com a sé-
rie EQ III 7-Band (fig. 1), que como o
justamente o inverso: equalizar da ma-
neira mais transparente possível, o que é
ideal numa equalização corretiva.
concorrentes, nome já diz, é a terceira versão do plug-
temos uma gama in de equalização mais tradicional do
Pro Tools. Sua estrutura e sonoridade são
de plug-ins que pensadas para fornecer ajustes precisos
vem junto com o de ganho/atenuação na frequência esco-
software, e muitos lhida sem alterar nem colorir outras ban-
das de frequências. Por conta disso, não é
usuários tendem a aconselhado quando o usuário está em
subestimá-los. busca de alterar o timbre de forma criati-
Neste artigo, va, tentando adicionar uma sonoridade fig. 2 - AIR Kill EQ
não-inclusa na gravação. Sua função é
vamos entender Já o AIR Kill EQ (fig. 2) foi projetado para
um pouco mais trabalhar de forma criativa, com controle
fácil de graves, médios e agudos. Pode ser
sobre o que temos
usado para cortar facilmente certa banda
incorporado à de frequência, algo muito comum em
ferramenta. música eletrônica. Apesar de isso ser
possível de ser feito com qualquer equa-
lizador, na parte inferior temos o contro-
le das frequências de corte e um botão
chamado “sweep”, que ajusta as duas de
forma sincronizada. Também existem
fig. 1 - EQ III 7-Band botões de liga/desliga para cada filtro.
PROCESSADORES
DE DINÂMICA
O Pro Tools também tem dois com-
pressores com propósitos distintos. O
Dyn III Compressor/Limiter (fig. 3) é
um compressor que pode ser configu-
rado com “attack” muito rápido, e foi
fig. 6 - System 5
95
PRO TOOLS| www.backstage.com.br
to/decremento do seu
ganho. Ao mesmo tem-
po, funciona muito bem
para cortar frequências
indesejadas, pois quando
regulado para cortes, in-
fluencia muito pouco no
96
CONCLUSÃO
Neste artigo, vimos apenas sobre os três
principais processadores de uma mixa-
gem: equalizador, compressor e rever-
fig. 8 - Visao geral do Channel Strip
beração. Porém, o Pro Tools fornece
REVERBERAÇÃO bons recursos para modulação, delay,
O D-Verb (fig. 9) é um processador que distorção e muito mais que merecem ser
também nasceu junto com o Pro Tools e até explorados antes de gastar energia, tem-
O D-Verb é um hoje tem características únicas. É um exce- po, dinheiro e HD instalando pacotes
processador que também lente reverb quando o propósito é usar a de plug-ins de terceiros.
reverberação para ajudar a moldar e dar ca-
nasceu junto com o Pro racterísticas ao timbre de um elemento. Para saber online
Tools e até hoje tem Lembre-se que nem sempre soar “natural”
características únicas. É significa soar “melhor”. Apesar de ter con-
figurações de room, hall, church entre ou-
um excelente reverb tros, existem outros reverbs capazes de si-
quando o propósito é usar mular com mais naturalidade estes ambi-
a reverberação para entes. O AIR Reverb (fig. 10) é um deles.
Além de possuir controles mais avançados
ajudar a moldar e dar de primeiras reflexões, que estão interliga-
características ao timbre dos diretamente ao tamanho e caracterís-
de um elemento tica da sala, seus controles “ambience”,
“density” e “spread” respondem melhor do cmoura@proclass.com.br
que os controles similares no D-verb. http://cristianomoura.com
97
DJ COM ABLETON
ABLETON LIVE| www.backstage.com.br
L I V E
PARTE 01
Lika Meinberg é produtor, orquestrador, arranjador, compositor,
sound designer, pianista/tecladista. Estudou direção de
Orquestra, música para cinema e sound design na Berklee
College of Music em Boston.
99
ABLETON LIVE| www.backstage.com.br
Selete A e B
100
ABERTO DE MÚSICA
REVELA
os Talentos
Nov
Ser alternativo e conseguir um espaço bacana para tocar. Na
atual cena musical isso parece utopia. No entanto, se depender
E mbora não estar na crista da onda
esteja bem longe do sinônimo de fal-
ta de qualidade no trabalho, bandas que
do aberto de música Web FestValda, realizado no Rio de compõem esse cenário, fora do main-
Janeiro, evento dedicado a novas bandas, ou até àquelas não stream e longe do show business, dificil-
mente conseguem conquistar seu espaço
tão novas assim, esse espaço existirá. Esse foi o caso, ou a sorte, ao sol e firmar raízes dentro de um uni-
das 24 finalistas que subiram ao palco do templo do rock, nos verso mais selecionado, ou até mesmo
dias 18, 19 e 20 de junho, na Lapa carioca. subir em palcos consagrados. Foi pensan-
do em abrir esse espaço, a fim de que esses
redacao@backstage.com.br grupos pudessem ter oportunidade de se
Fotos: Ernani Matos / Divulgação mostrar ao mundo, que o departamento
de marketing da Valda decidiu tra-
zer de volta em 2012 o aberto de
música Web FestValda, que hoje
está em sua 18ª edição.
O formato mudou um pouco de
quando o evento surgiu, há duas
décadas, e as inscrições e etapas
pré-seletivas agora são realizadas
pela internet, enquanto as etapas
finais, no palco do Circo Voador.
Esse ano foram 1107 bandas ins-
critas, de todo o País, e o festival,
transmitido ao vivo pela web,
teve um alcance de mais de 1 mi-
lhão de acessos durante as três
concorridas noites.
Segundo a organização do evento,
por ser um aberto de música con-
templando todos os gêneros, o
evento se torna mais democrático,
além de oferecer uma infraestru-
tura de primeira no som, na ilumi-
nação e no backline. “Normal-
mente, as bandas em um festival
têm que se virar, porque o festival
dá um palco e quem puder aparecer,
aparece. No nosso caso, não. Rico
ou pobre, com ou sem dinheiro,
pode vir para se apresentar. Então
a gente faz para que todo mundo
possa aparecer”, explica Fertè,
idealizador do festival.
“Tecnicamente, o que posso dizer é
que temos uma equipe muito bem
preparada para transmissão pela
103
REPORTAGEM| www.backstage.com.br
Toda a gravação
feita em Pro Tools
HD era mixada ao
vivo em uma mesa
Allen Heath iLive
de 64 canais e
posteriormente
enviada para a
web
Mesa Allen Heath iLive usada na Unidade Móvel e Pro Tools para a gravação ao vivo
106
107
REPORTAGEM| www.backstage.com.br
“
ira,
ão Caip
horá rio, Facç , banda
No sen
tido unita
Maria B a de
o lugar, rmônic
segund elação, e Fila iro lugar
108
rev terc e
ada,
Pasárg
”
enorme”, comemorou José Baroneo. O
grupo formado há menos de um ano por
José Baroneo, no contrabaixo; Marcio
Fulber, no washboard, trompete PET e
voz; Fausto Martins, no violão e voz; e
Ronaldo Pereira, no saxofone e voz, mis-
tura pop com jazz influenciado pelas Di-
Interior da Unidade Móvel (U.M.) usada no festival xielands de Nova Orleans.
109
REPORTAGEM| www.backstage.com.br
O cantor Alexandre
Pires se reuniu
novamente com os
demais integrantes
do grupo de pagode
Só Pra Contrariar
para gravar o DVD
de comemoração de
25 anos da banda.
O local escolhido
foi a cidade de
Porto Alegre, no
Rio Grande do Sul.
110
redacao@backstage.com.br
Fotos: Divulgação
BANDA SPC
Comemoram 25 anos com DVD
A gravação do novo DVD da banda Só Pra Contrariar com a
participação especial do cantor Alexandre Pires reuniu em
Porto Alegre-RS no final de semana de 9 e 10 de agosto a forma-
ção original de grande sucesso em comemoração aos 25 anos da
banda. Para fazer o som do PA e monitor, a equipe técnica do
grupo optou pelos consoles MIDAS, uma Pro6 na housemix e
duas Pro2 e uma Pro1 no monitor.
O desenho e configuração de todo o sistema de mixagem ficou
a cargo do técnico de P.A da banda, Ivan Cunha, mais conhe-
cido como “Batata”, que contou ainda com o suporte técnico
dos profissionais de áudio da Proshows. Para a mixagem do
PA foi utilizado uma Pro6 com stage box DL351 configura-
do para trabalhar com 80 canais, usando saídas Matrix, e
Midas Pro6 House Mix
E MIDAS
go do técnico responsável conheci-
do como “Chorão” que utilizou duas
MIDAS Pro2 da banda e uma Pro1,
fornecida pela Proshows. A configu-
ração dos consoles de monitor foi
feita com cada uma das Pro2 rece-
bendo os 48 sinais via stage box
mix enviada para o PA L/R, um PA Só Pra Contrariar e no monitor DL251, interligando as duas con-
L/R de voz adicional, um Outfill L/ uma Venue D-Show Profile”, com- soles à Pro1, via AES50 (protocolo
R e duas torres de delay.
“
“
Segundo Ivan Cunha, a opção pe-
las consoles Midas foi devido à ex-
celente qualidade sonora dos equi-
pamentos e por causa dos recursos
A configuração dos consoles de
que a linha Pro Series oferece em
relação às configurações. Atual-
monitor foi feita com cada uma das Pro2
mente a banda viaja com três con-
soles MIDAS Pro2, sendo que, na recebendo os 48 sinais via stage box DL251,
gravação do DVD, Ivan Cunha op-
tou por utilizar a MIDAS Pro6 da
empresa Impacto Vento Norte,
interligando as duas consoles à Pro1
que disponibilizou os equipamen-
tos para o evento. “Na estrada, plementa Ivan, que está há um ano de envio de sinais via cabo de rede
além da MIDAS, também uso uma e dois meses com as mesas MIDAS. utilizado pela Midas Klark Tek-
Digidesign mix rack no PA para o A mixagem de monitor ficou a car- nik). A terceira console MIDAS
111
REPORTAGEM| www.backstage.com.br
112
Show 25 anos SPC - MIDAS PRO2 Pro1 foi utilizada para realizar a mixagem foram feitas por meio dos Spliters da
e PRO1 no monitor
dos auxiliares. O técnico de monitor Klark Teknik DN1248 Plus. Lucas, ar-
Chorão salientou as vantagens do novo ranjador e produtor musical da banda Só
software Generetion II da MIDAS, onde Pra Contrariar, destacou que a grande
estão disponíveis as novas máquinas vantagem dos consoles MIDAS é devido
como: DN60 RTA Spectrum Analyzer e o à possibilidade de se trabalhar com uma
simulador de distorção de fita magnética latência muito baixa, o que segundo ele
Tape Saturation. “favorece muito os músicos, pois todos
A distribuição dos sinais para a unidade utilizam no palco sistemas in-ear”. Lucas
de gravação e os consoles de mixagem também elogiou muito a qualidade dos
prés da linha Pro Séries da MIDAS. As
configurações dos consoles foram reali-
zadas utilizando o software offline Pro
Series para Mac da MIDAS, e depois as
cenas foram descarregadas nos consoles,
já prontas para a realização do show.
A Proshows estava presente também no
palco através de sua linha de painéis de
LED (PROLED), que foram utilizados
para transmissão das imagens em tempo
real para o público, mixers da Behringer,
que foram usados pela banda para mi-
xagem individual dos músicos, e microfo-
nes Audio Technica para vocal e instru-
mentos. “Na bateria, por exemplo, usa-
mos o modelo 2500, de cápsula dupla
para o bumbo, e modelo ATM 350 para
So Pra Contrariar com Alexandre Pires, em participação especial tons e caixas”, completa Ivan Cunha.
113
VITRINE ILUMINAÇÃO| www.backstage.com.br CADERNO ILUMINAÇÃO
SGM
www.hotmachine.ind.br
O SGM LS-4.6, de construção dinamarquesa, é um painel
de vídeo de alta resolução capaz de exibir imagem detalhada WALDMAN
a partir de uma fonte de vídeo digital de alta resolução. Os www.equipo.com.br
chips de LED são ultra brilhantes “black faced” 3 em 1 A Waldman lançou os Refletores OF 14RGBW.
SMD, o que os torna adequados para aplicações onde o pa- Dentre as muitas características do produto, des-
inel de vídeo é necessário para ser “discreto” quando não há taque para a fonte de alimentação de 90 - 240V
exibição de conteúdo de vídeo. A tela de LED tem uma re- AC 50/60Hz; Consumo de Energia de 90W; 9
lação de alto contraste de 7000:1 e uma taxa de atualização Canais DMX; Quantidade de LED: 14 RGB de
de 2,000 Hz tornando-o perfeito para aplicações em televi- 8W MCS (alto brilho); Ângulo do feixe de 25º;
são, teatro, exposições, produção de show e concertos. Efeitos e Função dimmer, estrobo e seleção indivi-
114
GOBOS
www.gobos.com.br
O novo refletor elipsoidal ALBA 18/36, produzi-
do pela fabricante LDR, é a escolha dos profissio-
nais que desejam diminuir o calor e o consumo de MARTIN
energia. Consequentemente, o preço também é www.harmandobrasil.com.br
menor. O ALBA possui lâmpada de 200 W LED, A Harman agora possui uma nova aquisição: a Martin
com durabilidade de 50.000 horas e rendimento de Professional, empresa referência global em iluminação. As
luminosidade superior às tradicionais lâmpadas soluções em iluminação Martin Professional passam agora a
halógenas. Além de ter zoom óptico, o equipa- integrar os produtos Harman, com destaque para a linha
mento possui controle DMX integrado, dispen- Rush, composta pelo Rush MH1 Profile, Rush MH2 Wash,
sando o uso de racks dimmer. O ALBA 18/36 está Rush MH3 Beam, Rush Pin 1 CW, Rush Par 1 RGBW e Rush
disponível em duas temperaturas de cor: branco Strobe 1 5X5. A linha é formada por equipamentos com pre-
quente (3.200 K) e branco frio (5.600 K). Uma ços acessíveis, para aplicação em clubes, bares, bandas e Dj’s,
ampla gama de acessórios complementa o produto. além de ambientes de lazer. Na foto, RUSH STROBE 1.
115
ILUMINAÇÃO| www.backstage.com.br CADERNO ILUMINAÇÃO
INSTRUMENTOS
(E CONHECIMENTOS) PARA A
Nas conversas
anteriores, a
iluminação cênica
ILUMINAÇÃO
CÊNICA
era abordada como
um processo, que se
116
iniciava com um
projeto, cuja
viabilidade
necessitava da
análise de três
Cezar Galhart é técnico em eletrônica, produtor de even-
aspectos – técnicos tos, baixista e professor dos Cursos de Eventos, Design
financeiros e de Interiores e Design Gráfico do Unicuritiba. Pesquisa-
dor em Iluminação Cênica, atualmente cursa Pós-Gra-
operacionais. E
duação em Iluminação e Design de Interiores no IPOG.
mesmo para
demandas
pontuais, um
mínimo de estudos
N essas pesquisas é que se inserem os
principais personagens de todo proje-
to: os instrumentos de iluminação cênica.
que será necessário para o ligamento e fi-
xação -, como também o formato do bul-
bo e do filamento, e outras relacionadas
e pesquisas se fazia Os denominados instrumentos de ilu- ao resultado esperado, como temperatu-
necessário (mesmo minação cênica são aparelhos que ope- ras de cor, intensidades luminosas e tipos
ram em corrente alternada para a pro- de luz. Os dois tipos principais de lâmpa-
com a inexistência dução de luz, e são formados por basica- das usadas para iluminação cênica atual-
de um projeto) para mente quatro recursos, que os comple- mente são incandescentes e lâmpadas de
a melhor tomada tam: lâmpadas, lentes, refletores e cai- tungstênio-halogênio. Ambos os tipos
xas refletoras (canhões ou carcaças). As de lâmpadas são produzidos numa varie-
de decisões. características dos instrumentos de ilu- dade de potências e produzem uma gama
minação cênica são determinadas pela de temperaturas de cor.
combinação desses componentes, e Em geral, as lâmpadas são desenvolvi-
produzem resultados distintos. das especificamente para determinados
Todos esses instrumentos produzem fei- instrumentos de iluminação, tais como
xes de luz, utilizando lâmpadas como as HPL (do inglês, High Performance
fontes luminosas. A diferenciação das Lamp) – lâmpadas de halogênio de alto
lâmpadas é percebida pelas característi- desempenho – para os refletores Source
cas desses dispositivos: construtivas – Four – e as lâmpadas do tipo PAR. Na
tais como a base, para o tipo de soquete maioria das situações, o desenho de uma
lâmpada será único para um instru-
117
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Mas não é somente a disposição da lâmpa- fletor espelhado para direcionar o máxi-
da no soquete e a produção de luz que ga- mo de luz possível em direção à lente.
rantem um resultado adequado. Três diferentes tipos de refletores são os
“
Pode-se afirmar que as lentes têm a fina- mais frequentemente utilizados em ins-
lidade de controlar o feixe de luz produzi- trumentos de iluminação cênica para
do pela lâmpada no interior da carcaça shows e apresentações musicais dos mais
(caixa refletora). Nos instrumentos de variados tipos de produção (observação:
iluminação cênica esses recursos, produ- nesta conversa, serão tratados os três
Instrumentos de zidos com vidro (borossilicato) ou plás- principais, na minha percepção e pelas
iluminação cênica tico, são posicionados para o melhor demandas que tenho identificado e rece-
aproveitamento das propriedades da re- bido): PAR, Elipsoidal e Moving Heads.
são projetados de fração do feixe luminoso que incide nas Incomparavelmente sendo o mais utili-
modo que a lentes, ou seja, a mudança de direção da zado, o Refletor Parabólico Alumi-
lâmpada esteja luz que passa por esses elementos. Nesse nizado – ou simplesmente PAR (do in-
sentido, são três os tipos básicos de su- glês Parabolic Alumized Reflector), é
normalmente perfície das lentes: convexas (com as ex- um instrumento no qual a lâmpada, o
contida dentro de tremidades mais estreitas e as faces cur- refletor e a lente são combinados em
vadas para fora – para a concentração de uma única unidade, instalada de manei-
um refletor
um feixe luminoso), côncavas (com as ra estática. O tamanho e a dispersão do
118
espelhado para extremidades mais espessas e as faces feixe luminoso – em formato elíptico –
direcionar o curvadas em aproximação) e as plano- são produzidos por tipos de lâmpadas com
convexas (uma face plana e a outra cur- vários ângulos de espelhamento e diâme-
máximo de luz
vada para fora – sendo esta a configura- tros diferentes do espelho parabólico
possível em direção ção mais usada em iluminação cênica). (lâmpadas halógenas dos tipos PAR 20,
à lente Lâmpadas, refletores e lentes combina- PAR 36, PAR 38, PAR 56, PAR 64). Para
dos em diferentes canhões resultam nos a lâmpada do tipo PAR 64, são três os fo-
”
principais instrumentos de iluminação cos disponíveis: foco 1 (comercializada
cênica. Eles são geralmente classifica- com vidro liso e transparente - para aber-
dos por tipo, potência, e o grau de pro- tura pequena); foco 2 (em vidro pontilha-
pagação do feixe que produzem. do – para abertura média; foco 5 (com vi-
Instrumentos de iluminação cênica são dro entrelaçado – para ampla abertura).
projetados de modo que a lâmpada esteja Como resultado, um feixe intenso e defi-
normalmente contida dentro de um re- nido, mas com uma suavização das bordas
Figura 2: The Queen Extravaganza – Utilização de aproximadamente 40 PAR 64 com lentes MFL
119
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“
que tem sido comumente utilizado nas es- des dos projetos de iluminação – no
truturas de Sidelighting c ou Side Ligh- que se refere à identificação do concei-
ting – (iluminação proveniente das late- to e de quais elementos serão valoriza-
rais), Backlighting (contra-luzes, ou “lu- dos nos palcos e cenários diversos.
zes de fundo”) e Frontlighting (luzes de Para todos os efeitos e resultados, co-
Algumas versões do frente). Da mesma forma, com as caracte- nhecimento e familiaridade com os ins-
Elipsoidal usam rísticas acima (uso de lâmpadas haló- trumentos de iluminação cênica se tor-
genas), possui na parte frontal da carcaça nam dois pré-requisitos elementares,
uma única lente, um suporte para a fixação do filtro. em todas e quaisquer situações. Inclusi-
sendo a principal O Refletor Spotlight Elipsoidal, tam- ve, a correta nomenclatura (ou seja,
finalidade, de bém conhecido como ERS (do inglês como os instrumentos e dispositivos
Ellipsoidal Reflector Spotlight) – ou são denominados) permite um mais
qualquer forma, a simplesmente Elipsoidal –, combina o adequado alinhamento das informa-
obtenção de um espelho refletor elipsoidal e um sistema ções e um mais promissor diálogo para a
feixe luminoso com de lentes convexas-convexas (duplas). compra ou locação dos elementos que
Algumas versões do Elipsoidal usam serão utilizados, para produções de
focalização pontual uma única lente, sendo a principal fina- quaisquer origens (locais, nacionais e
(luz direcional) e lidade, de qualquer forma, a obtenção de internacionais). Afinal, no fim, tudo
controle da luz um feixe luminoso com focalização pon- para o melhor resultado, com o mais
tual (luz direcional) e controle da luz promissor desempenho, e a minimi-
(ângulo de abertura (ângulo de abertura – por meio de uma zação de problemas ou dificuldades.
– por meio íris mecânica -, foco e recorte), de forma Uma excelente oportunidade para este
de uma íris a obter um resultado mais intenso (ou contato mais direto será na Lighting
duro). Para a projeção de imagens, possui Week Brasil - Feira Internacional de Ilu-
mecânica - um porta-gobos (filtros vazados com minação Profissional, de 18 a 20 de se-
imagens a serem projetadas, confeccio- tembro, no Expo Center Norte (São
”
nados com metal ou vidro), para a inser- Paulo – SP). Imperdível!
ção dos discos, de maneira unitária ou Abraços e até a próxima conversa!!!
mesmo para gobos rotativos.
Os estudos dos refletores automatiza- Para saber mais
redacao@backstage.com.br
dos requerem uma conversa à parte (e
121
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A 4ª edição da
Lighting Week
Brasil traz as
últimas tendências
do mercado
mundial
redacao@backstage.com.br
Fotos: Divulgação
122
ILUMINAÇÃO,
e sustentabilidade
A 4ª edição da Lighting Week Brasil
– Feira Internacional de Ilumina-
ção Profissional e o maior evento brasi-
ção é da Associação Brasileira de Ilumi-
nação Profissional (ABRIP).
Com entrada gratuita e restrita aos pro-
leiro na área de iluminação –, será reali- fissionais do setor de iluminação profis-
zada entre os dias 18 e 20 de setembro, sional, a mostra apresenta o que há de
no Expo Center Norte, no bairro Vila mais atual nesse mercado. É por meio da
Guilherme, em São Paulo. A organiza- Lighting Week Brasil que muitas das
Inovações sustentáveis e econômicas são as
apostas da edição 2013
TECNOLOGIA
ção”, analisa Esteban.
Pelo cálculo da organização, a ilu-
minação profissional deve movi-
mentar R$ 140 milhões em 2013.
A Lighting Week participa desse
processo, movimentando parte
deste valor, cerca de 40%.
inovações tecnológicas produzidas ros, estudiosos e outros tantos pro- SOLUÇÕES ECOLÓGICAS
e mostradas em eventos internacio- fissionais marcam presença em bus- QUE ALIVIAM O BOLSO
nais chegam ao cenário brasileiro. ca das últimas novidades de equipa- As novidades da área prometem
Na edição de 2013, mais de 40 mar- mentos, ferramentas e técnicas. agradar ao público. O organizador
cas vão expor seus lançamentos, en- A Lighting Week Brasil surgiu da da feira adianta que inovações sus-
tre elas empresas de sucesso como necessidade desse mercado ter um tentáveis e econômicas são as apos-
Cotech, GDB, iLED, Kupo, Luci de segmento próprio e exclusivo de tas dessa edição. “Refletores ecoló-
La Ribalta, Sunlite, Lumidesk e negócios. “A iluminação espetacu- gicos mais potentes, com mais re-
Stick. Lighting designers, cenógra- lar tem particularidades e seu pú- cursos técnicos. Serão apresentados
fos, produtores, técnicos, engenhei- blico é muito específico. As em- também equipamentos tradicio-
123
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http://www.lwbr.com.br/
125
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Um fim de
semana de sol
levou cerca de 6
mil fãs de música
por dia para o
primeiro de dois
grandes eventos
de fim de semana,
ao vivo, no
Observatório
Jodrell Bank, em
Lower
Withington, no
Reino Unido. A
empresa dbn foi a
fornecedora de
126
equipamentos de
iluminação
arquitetural além
do painel de LED
TELESCÓPIO
para as duas
noites de
apresentações, que
contaram com as
bandas Australian
Pink Floyd e
New Order,
fechando cada
ganha cores por
uma das noites.
redacao@backstage.com.br
O palco era um Serious Stage Orbit de
16 metros de largura, com três baias
de profundidade, onde a dbn instalou
LED de 4,5 metros de altura feito da mais
nova superfície Eastar de 12,5 mm
Os mapas de iluminação foram pro-
Fotos: Divulgação três trusses de iluminação – frente, jetados com base nas necessidades das
meio e parte traseira – todos encaixados duas bandas que fechariam as noites e de
na curvatura do teto para aproveitar o seus lighting designers, James Scott,
máximo da altura. Um quarto truss foi substituindo o LD regular Phil White,
utilizado para ficar pendente nos oito para o Australian Pink Floyd, e o lendá-
metros de largura com um painel de rio Andy Liddle para a luz do New Order.
NO REINO UNIDO
duas noites genérico no palco. O painel de
LED foi camuflado dentro de um
círculo que permitisse que o teor
Nick Buckley, gerente de projetos da Pink Floyd, composto de 16 Alpha do vídeo da banda pudesse ser tra-
dbn, contou que para esse evento, os Spot HPE 300s, que foram coloca- balhado no meio desse círculo.
moving lights usados foram exclusi- dos em volta de um trussing circu- Os incríveis 76 metros do Lovell
vamente da Clay Paky: 14 Alpha lar de cinco metros de diâmetro, Telescop – o terceiro maior telescó-
Spot QWO 800s, 12 Alpha Beam posicionado acima do palco. pio no mundo – foram iluminados
700s, Alpha Beam 700s e 18 Shar- Outros equipamentos de ilumina- por 12 Studio Due 2.5 K City Color
pies, todos pendurados no ar. No en- ção incluíam Atomic strobes, dois floods e dois Space Flowers. Ele
tanto, a dbn também forneceu um 4-lite blinders e ARRI 2Ks, que fo- também foi projetado por Pod Blu-
pacote especial para a Australian ram usados para um efeito wash man do Pod Bluman Associates.
127
LEITURA DINÂMICA|ILUMINAÇÃO| www.backstage.com.br CADERNO ILUMINAÇÃO
“ Para comandar a
iluminação, a dbn
forneceu uma
Avolites Pearl
Foram usados 12 Studio Due 2.5k e dois Space Flowers
128
Expert como a
mesa de controle da
house, que ficou sob
os cuidados de
Edwin Croft. Já
Andy Liddle levou
sua própria Avo
Tiger Touch, assim
como James Scott,
sua própria
grandMA
”
Projeções ficaram a cargo de Pod Bluman
Para comandar a iluminação, a dbn forneceu uma Avolites Pearl Expert como a mesa
de controle da house, que ficou sob os cuidados de Edwin Croft. Já Andy Liddle le-
vou sua própria Avo Tiger Touch, assim como James Scott, sua própria grandMA.
Para a empreitada, o time da dbn de Ed Marriot, Ed Woodbrige, Phil Sheard, Paul
Crompton, James Mather e Edwin Croft, chegou no dia anterior ao show, portanto
o tempo foi bastante apertado para deixar tudo em ordem. O PA foi fornecido pela
Audile e os lasers para o New Order pela ER Productions.
129
REPORTAGEM| INSTRUMENTOS | www.backstage.com.br
Crafter
SAT Híbrida
VERSATILIDADE E ECONOMIA
Ao longo dos anos o conceito de praticidade Desenvolvido para quem quer versati-
lidade com desempenho, a linha SAT
parece cada vez mais habitar o imaginário dos da Crafter impressiona antes mesmo
instrumentistas. A busca por alternativas de de ser ligada.
timbres e de variedades sonoras sempre esbarrou O corpo do instrumento é bem traba-
lhado e sem falhas de pintura ou no ver-
na dificuldade logística e muitas vezes niz, aliás, uma das características da
econômica dos músicos que precisam de recursos marca que sempre teve no cuidado com
130
adicionais para uma boa apresentação. Os o acabamento dos produtos um dos seus
pontos fortes.
grandes palcos cada vez mais são reservados a O braço é em mogno e, a exemplo do
um número pequeno de artistas e, assim sendo, o corpo, tem line border branco - o que
conceito de compactação com qualidade virou concede um ar ainda mais classudo ao
instrumento. A escala em rosewood in-
regra para a grande maioria dos músicos que diano com marcações discretas tem uma
habitam os bares e pubs mundo a fora. charmosa divisão de oitavas que dá, ao
instrumento, um toque estiloso.
Gustavo Victorino As tarraxas são convencionais, mas preci-
redacao@backstage.com.br sas de forma a não comprometer o desem-
Fotos: Divulgação penho geral e nem a precisão da afinação.
E na hora de ligar a coisa fica ainda melhor.
Estudar e obter
conhecimento técnico
para fazer um melhor
som possível para
louvar a Deus. Cada
134
IGREJAS
de sonorização das
igrejas vêm procurando
aperfeiçoar os sistemas
de sonorização e a
acústica dos templos.
No primeiro semestre do
ano, foi realizada mais
uma edição do projeto
SE PREPARAM PARA USO DE
NOVAS TECNOLOGIAS
Comunicai!, em Campos,
norte fluminense,
reunindo profissionais
interessados em áudio e
multimídia.
aovivo.mus.br), em função da necessidade de levar in- Castro, voltada para as lideranças das igrejas, com o
formação confiável aos técnicos das diversas igrejas objetivo de sensibilizá-las para a importância da utili-
pelo Brasil. As igrejas de Campos foram as primeiras a zação de ferramentas tecnológicas durante a realização
se disponibilizarem para receber o evento. dos serviços religiosos.
O encontro contou com a participação de 130 inscritos, o De acordo com o pastor Heron Friasça, responsável pela
maior público alcançado até agora no evento, segundo os igreja anfitriã, o conhecimento compartilhado nesta
organizadores. Os participantes eram oriundos de diver- oficina fez com que as lideranças olhassem a questão
sas cidades do Brasil, como Itaperuna (RJ), Silva Jardim técnica de uma forma diferente. Segundo ele, é preciso
(RJ), São Gonçalo (RJ), Macaé (RJ), Rio de Janeiro (RJ), entender que apenas boa vontade não basta, nem da par-
São Paulo (SP), Vitória (ES), Vila Velha (ES), Serra (ES), te dos líderes, nem dos técnicos, mas é necessário haver
Cachoeiro de Itapemirim uma sinergia entre lide-
(ES), entre outras. rança e técnica de forma
Os participantes se divi- que a condição ideal para
diram, na parte da ma- a realização dos cultos
nhã, para assistir duas seja atingida.
palestras: uma com Aldo Pastor Heron afirmou
Soares, da ARS Áudio e ainda que é muito difícil
Acústica, intitulada Mi- empreender um aspecto
xagem ao Vivo em Igrejas; e profissional a estes seto-
outra com Daniel Carlos res dentro das igrejas cris-
Ferreira, da Canal Inte- tãs, mas que considera o
rativo, Transmissão do Cul- Comunicai! Campos o mar-
to ao Vivo pela Internet. co inicial para a formação
Dentre as palestras ofere- de uma nova geração de
cidas na parte da manhã, o técnicos, que atuará nes-
Comunicai! Campos pro- tas áreas do culto.
porcionou também a rea- Na parte da tarde, os par-
lização de uma oficina, ticipantes se dividiram
ministrada por Daniel di Aldo Soares ministra oficina de equalização durante a manhã novamente para assistir
135
SOM NAS IGREJAS | www.backstage.com.br
“ O tema Mixagem,
por exemplo, é de
grande importância
para a compreensão
136
como um arranjo
principais demandas dos técnicos de
musical adequado igrejas. O tema Mixagem, por exemplo, é
de grande importância para a compreen-
”
são e percepção correta da música tocada
nos templos. Durante a exposição, Aldo
Soares demonstrou que a correta tim-
bragem dos instrumentos, bem como um
arranjo musical adequado, é de suma im-
portância para o sucesso da mixagem.
Temas como Equalização e Utilização de
Participantes durante a Oficina de Compressores
Compressores também são sempre de-
a três oficinas: Compressores, com Da- mandados nos eventos de capacitação
niel di Castro; Equalizadores, com Aldo em áudio pelo Brasil. Daniel di Castro,
Soares; e sobre o software de projeção em sua palestra, mostrou como a utiliza-
multimídia Easyworship, com Gladicélio Jr. ção equivocada de um compressor pode
Segundo a coordenação do encontro, destruir todo o trabalho de uma banda,
no que diz respeito ao áudio, os temas reduzindo drasticamente a faixa dinâmi-
foram escolhidos de acordo com as ca. Já no que diz respeito à multimídia, os
Leo Souza, um dos organizadores do Comunicai! Campos
137
BOAS NOVAS | www.backstage.com.br
NANI AZEVEDO
LANÇA NOVO CD
Nani Azevedo lançou o no-
A Glória é do Senhor
O novo clipe de Regis Danese já está dis-
vo CD A última palavra no
ponível no canal oficial do cantor no
dia 10 de agosto pela Cen-
tral Gospel Music. No mes- Youtube. A Glória é do Senhor foi gravado
mo mês, durante encontro em Belo Horizonte, onde o cantor mora.
com a equipe da gravado- O coral, ao fundo, foi um dos destaques
ra, o cantor conheceu as do clipe, que contou com a direção de
estratégias de lançamento Dayane Andrade e roteiro de Alomara
e viu em primeira mão o Andrade, profissionais da MK Music. A
resultado do clipe Meu
Glória é do Senhor é também o título do
barquinho, um dos quatro
que foram gravados para segundo CD de Regis, lançado na FIC
o novo repertório. Este é o 2013 e que já estreou nas rádios do Brasil.
sexto CD dele pela Cen-
tral Gospel Music. Pastor Lucas é o novo contratado pela MK Music
O Pastor Lucas esteve na sede da gravado-
ra MK Music para a assinatura de seu con-
138
139
Lançamentos
BOAS NOVAS | www.backstage.com.br
redacao@backstage.com.br
Projeto Bote Fé
Cidade da Fé
Vai ter Virada
O terceiro álbum do Proje-
Kainón
to Bote Fé, lançamento da
Vai ter Virada, o terceiro CD gravadora Codimusic, traz
pela Central Gospel Music, letras e melodias de diver-
já está disponível na loja sos compositores de todo o
virtual da Central Gospel. Brasil. A produção musical
O álbum, que possui 11 e os arranjos são de Ale-
canções, é uma produção xandre Pivato, o Boyna,
de Wagner Carvalho e foi Carlos Henrique e Nei Lacerda. Foram inscritas mais
produzido com inúmeros de 500 músicas e selecionadas 13 faixas. Grandes no-
recursos musicais. O quarteto Kainón mescla forró, mes da música católica como The Flanders, Anjos de
frevo, reggae, axé, sertanejo e funk. Resgate, Dominus e Cosme estão juntos com novos
intérpretes. O CD Cidade da Fé já está disponível nas
140
Na Real 2
Clamor e Oração
Os Arrebatados
Top 10
Lili, Dedé e Malta Júnior,
com seu programa para jo- A MK Music reuniu algu-
vens na rádio 93 FM, conse- mas das grandes canções da
guiram uma das quatro mai- gravadora que falam sobre
ores audiências no Rio de orações e lançou o CD TOP
Janeiro. O sucesso foi tanto 10 Clamor e Oração. O CD
que eles deram o nome a conta com a participação
uma coletânea de remixes dos maiores cantores da
lançada pela MK Music e lançaram em outubro de gravadora: Fernanda Brum,
2010 o primeiro álbum do grupo. Agora, eles lançam o Aline Barros, Regis Danese, Anderson Freire, Léa
novo Na Real 2. Mendonça, Bruna Karla, Marina de Oliveira, PG e
Com uma linguagem clara e humorística, o trio fala Cristina Mel. O álbum traz uma novidade da gravado-
sobre diversos temas do mundo jovem ao som de funk, ra: um encarte digital, com letras e fotos disponíveis
samba, forró, balada, dance e pop. O programa dos Ar- virtualmente para download.
rebatados é transmitido ao vivo, aos sábados, das 15 às
18h na rádio 93 FM RJ.
141
OFERTAS IMPERDÍVEIS - BONS NEGÓCIOS
O “Terra”
144
“
“
publicidade, coisa que por si só me
Apesar da vontade de estar por perto horrorizava. Apesar da vontade de
estar por perto de Rogério, meu ídolo
musical desde sempre, eu não conse-
de Rogério, meu ídolo musical desde sempre, guia me imaginar longe do Rio. Mas
aceitei democraticamente o mando
eu não conseguia me imaginar longe do Rio. da maioria e estava quase conseguin-
do me convencer de que a mudança
“descoberta” desse outro Brasil e a exposição à rica tra- nas estradas. As cores são duras, a impressão, precária,
dição cultural do povo do rio marcaram profundamen- afinal estamos em 73, lembra? Prestando atenção,
te meus rumos de vida e música. Essa era uma viagem você verá que aparecemos a meio-corpo abaixo do
que deveríamos ter feito a três, mas – não me lembro outdoor. Aí, você abre a capa dupla e surgem fotos que
por que – Zé acabou não indo, e isso nos desgarrou ain- nos revelam em nossa vida carioca, ora no apê de
da mais: chegamos cheios de sertões e cerrados diante Guarabyra em Ipanema (para os curiosos detalhistas,
de um Rodrix já pau-
licéia pura...
“
“
Mal entramos no estú-
dio e já tínhamos graves
divergências com o re-
Mal entramos no estúdio e já tínhamos
pertório. A diversidade
de caminhos era gritan- graves divergências com o repertório. A
te. Resolvemos parcial-
mente a coisa combi-
nando que todas as mú-
diversidade de caminhos era gritante. Resolvemos
sicas seriam assinadas
pelo trio, numa tréplica parcialmente a coisa...
a Lennon-McCartney e
Roberto-Erasmo. Se da-
va certo com eles, porque não com a gente?? Mas toca- era na Barão entre a Teixeira e a Farme), ora no tugúrio
mos em frente e a coisa começou a ficar divertida... do Zé no então novinho condomínio do Tambá... Nós
Conseguimos viajar pelo menos na metade da maio- na janela, Gut jogando sinuca, eu afinando, Magrão
nese que viajáramos no primeiro disco, usando e abu- pensando a bordo do baixo, Morenão fumando na ba-
sando da liberdade plena que a Odeon e nosso produ- teria forrada de colchas pra não aporrinhar os vizi-
tor – de novo Mariozinho Rocha – nos davam. Para a nhos, os três na escada pro segundo andar, a linda esca-
capa reconvocamos nossos amigos Waltercio Caldas Jr. daria anos 40 de mármore salpicado de pedriscos cap-
no design e Miguel Rio Branco nas fotos, que fizeram tada pelo olho implacável do Miguel que faz de tudo
uma verdadeira obra gráfica de capa dupla, fora o espantos e surpresas. De repente você descobre que
encarte genial. Não sem razão eles são hoje figuras de existe um encarte, uma coisa louca bolada pelo
ponta em suas especialidades. No estúdio, nossos fiéis Waltercio, aquele caminhão de mudança içado aos
escudeiros e companheiros de estrada, Sérgio Magrão ares por uma nuvem, deixando descuidadamente cair
no baixo e Luiz Moreno na bateria. Zé fez lindos arran- três violões que certamente vão se estatelar ao chão...
jos de cordas e metais. Com esse simples quinteto fize- E aí você chega finalmente na contracapa e dá de cara
mos o disco inteiro, adicionando em apenas uma faixa com nós três, cada um com seu figurino bem particular,
o solo de harmônica de Cezinha de Mercês. Foram dois largado o Guarabyra, despojado eu, mais ripemente arru-
rápidos e frenéticos meses de estúdio. mado o Zé, éramos assim isso mesmo, estamos ali, calças
Mesmo com preciosidades pontuais, o Terra está longe boca-de-sino sem cintos, pés no mato que cresce atrás
de ser um dos meus trabalhos preferidos. Certo, ele daquele outdoor que não me lembro mais onde era.
tem Mestre Jonas, O Pó da Estrada, Blue Riviera e Brilho Menos de seis meses depois dessa foto não éramos mais
das Pedras, músicas emblemáticas em nossa carreira. nós, embora parecêssemos ser ainda. Fomos cada um
Tem uma capa poderosamente criativa e um encarte pro seu lado, gravando discos solo e amargando uma
que eu gostaria de estampar num cobertor para dormir separação que não sabíamos de onde viera, visto que
com ele todas as noites da minha vida. Mas é também estava tudo dando tão certo. Acabou que eu e Guara-
um símbolo de separação, de esgarçamento do sonho byra seguimos juntos e Zé fez sua carreira solo. Vinte e
de três rapazes, um tubo escuro e fundo que nos atirou seis anos depois disso nos reencontramos e comemos
no rumo da vida real, do “show business”, do jingle, das doze anos de estrada em trio até a inesperada partida
coisas que julgávamos distantes, mas que acabaram por de Zé Rodrix, que não pôde se dar ao luxo de uma des-
revelar-se perigosamente próximas. pedida, tão de repente que foi. E agora, estou eu aqui,
Você tem ele aí ao seu lado? Não? Que pena! É bonito escrevendo isso e escutando o Terra e pensando até
de ver. Na capa, um outdoor com um violão que tem hoje se ele é bom ou ruim. Sei lá. Problema seu!
em seu braço as cordas sustentadas por postes, como Mas aqui entre nós, eu gosto.
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