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Percepção rítmica;
Fraseologia musical;
Linhas de baixo;
Linhas melódicas;
Cadência harmônica.
Frequências musicais
Tempo musical
Teoria do beatmatch
APOSTILA DJ PRAGATECNO
_____________
Um manual para DJ
Informações sobre equipamentos e técnicas de mixagem em música eletrônica
Apresentação
Esta apostila foi elaborada por Bruno Soares (aka Dj Arlequim ), membro do Grupo Undergroove de
Música Eletrônica (núcleo cearense parceiro do Pragatecno) e teve a colaboração do fundador e
idealizador da aliança Pragatecno, Cláudio Manoel Duarte (aka Dj Angelis Sanctus). A apostila contém
teoria e dicas básicas de técnicas utilizadas pelos Djs (disc jockeys). Ao utilizar/copiar esse texto, citar a
fonte e autoria: http://www.pragatecno.com.br.
1. O Disc Jockey
Muitas pessoas acham que ser Dj é fácil. E realmente é fácil! Mas como toda profissão é necessária uma
boa dose de paixão e afinidade para poder entender e encontrar toda essa facilidade.
Ser Dj não é apenas ficar trocando música numa festa. Ser Dj é muito mais do que isso. O Dj é o
responsável pelo clima de uma pista de dança. Ele deve ter um senso bem aguçado e uma capacidade de
entender o que a pista de dança quer: músicas mais rápidas, alegres, melancólicas, lentas, densas…
Enfim, tem que ter “feeling”. Alem disso, hoje o Dj é um dos maiores responsáveis por boa parte das
Músicas Dançantes (onde nesta apostila chamaremos de Dance Music). Isso mesmo, ele muitas vezes é
produtor musical. Esse lado de produtor é facilitado devido ao tal “feeling” e às noções de música que o
Dj precisa ter para poder executar seu trabalho mais simples: “Mixar músicas”.
Por estar muito em evidência, o Dj acaba tendo outra importância: formador de opinião. O Dj tem
também o poder e a obrigação de trazer novidades, experimentar e cativar o público, seja na rádio, no
Club ou num jornal… Dj é sinônimo de inovação.
Com tanta importância acabou se formando uma “Cultura do Dj” – que é o domínio de técnicas, o culto
ao dj como artista e, principalmente, a informação musical (o background cultural do dj, pois é a partir de
suas referências que ele vai pesquisar o que de melhor é produzido e trazer essas novidades para a pista:
um verdadeiro lançador de novidades!). Essa cultura teve início por volta de 1970, na época das
Discotecas (Disco), mas toda a técnica veio em meados de 1980 devido aos avanços tecnológicos que
facilitaram as experimentações e o aperfeiçoamento dessas. O primeiro e um dos maiores representantes
desse “culto” foi o movimento Hip Hop. Muitas das técnicas usadas pelos Djs hoje vieram desse
movimento. Exemplo: Scratches, Back to Back (mixagens, performances em geral).
2. O Disco de Vinil
Muitos ainda não entendem o por quê dos Djs usarem os antigos “bolachões”. Até parece loucura mesmo,
pois um disco de vinil (importado), que em sua maioria só possui uma música (Single ou 12”inc), é mais
caro do que um CD e ocupa mais espaço no case. Mas o que muitos não sabem é a qualidade que o disco
de vinil tem e a imensidão de técnicas que podem ser aplicadas com ele.
Um vinil preparado para o djing é normalmente gravado em mais ou menos 12/14 minutos (entrando uma
ou duas faixa por lado), para que os sulcos tenham qualidade e não fiquem tão juntos – um vinil com
muitas faixas facilitaria arranhões e pulos da agulha de um sulco a outro, já que os mesmos estariam mais
comprimidos.
Infelizmente o disco de vinil deixou de ser comercializado como antes, com o rápido crescimento do
mercado de vendas de CDs (Compact Disk). Mas ainda o disco de vinil é a melhor mídia para um som
mecânico (traz qualidade técnica de sons graves maior que qualquer outra mídia) e é um dos principais
apoios do mercado underground de música eletrônica, por 3 motivos: primeiro pelas possibilidades
técnicas de mixagem na geração de novos grooves a partir de dois (ou mais!) vinis misturados; segundo,
pela autonomia dos produtores musicais de selos undergrounds (experimentais) em trabalhar com um
mercado segmentado (o dos djs) onde a grande indústria não meta a mão; e terceiro porque a grande
indústria fonográfica (com a preocupação principal no lucro) não se interessa em interferir na produção de
vinil pois o mesmo, por ter um custo alto em relação ao benefício (leia-se lucro), não é produto de
consumo industrial, de massa: seu lucro seria pequeno.
Assim como existe a “Cultura do Dj”, existe também a “Cultura do Vinil”, sustentada e idealizada pelos
próprios Djs e apaixonados pelo nosso bom e velho LP (Long Player).
Curiosidades:
A música fica gravada dentro de “sulcos dentados” (pequenos riscos irregulares do vinil) que fazem, ao
entrar em contado com a agulha (e com o prato em movimento), vibrações e formam assim seu produto
final: a música. Com o tempo esses sulcos vão se desgastando e o disco vai perdendo a qualidade. O
tempo que leva esse desgaste muda de um disco para o outro, pois dependerá muito do tipo de vinil
utilizado e do cuidado que o dono tem. É recomendável lavar os discos com água, sabão neutro e um pano
macio. Jamais se deve utilizar produtos corrosivos. O disco de vinil pode ter dois tipos de rotação: 33rpm
ou 45rpm.
mapa de palco para dj
Neste item é bom levar em consideração que existe o Dj “Produtor Musical” (que faz músicas em seu
estúdio), e o Dj em si (que, generalizando, “toca” em festas). Para o Dj “Produtor Musical” existem N’s
instrumentos de trabalho como, por exemplo: sintetizadores, baterias eletrônicas, teclados, computadores,
softwares, filtros de efeitos, samplers, DAT…. Tudo isso para poder “compor” uma música e fazer todo o
tratamento necessário de timbres para a tal.
Já para o Dj que toca em festas os instrumentos são mais simples. Ele não precisa de tantos recursos, pois
a música já está pronta. É só tira-la do “case” (mala de discos) e executá-la usando sua técnica.
– Dois Toca-discos;
– Um Mixer (mesa de som mixadora especial para Djs);
– Um bom Fone de Ouvido;
– Boas Agulhas Captadoras
– Dois CDJs (para quem toca com cd)
Iremos utilizar o disco de vinil nos exemplos a seguir, pois esta é a mídia mais profissional pelo fato de
dar mais recursos performáticos. Para que o Dj trabalhe com mais qualidade é necessário um bom
equipamento, pois numa apresentação é fundamental a fidelidade (sonora) do aparelho utilizado.
3.1 – Toca-discos
– Pitch;
– Seletor de rotação;
– Contra-peso;
– Anti-skating;
– Tração magnética no motor do prato.
A pick up mais usada pelos Djs é o modelo Sl-1200 Mk2 da marca Technics. Este modelo revolucionou o
mercado de toca-discos e é líder há vinte anos. Desse tempo para cá houveram pouquíssimas
modificações devido à sua perfeição técnica para o uso em djing (o trabalho do dj). A Sl-1200 Mk2, ou
MK2, como é mais chamada, revolucionou o mercado, pois incorporou como tecnologia um sistema de
rotação do prato baseado em tração magnética, e não mais em correias, fazendo com que as velocidades
das rotações (33 e 45) ficassem precisas.
3.1.a – O Pitch
Como a base do trabalho do Dj é igualar as velocidades das músicas, é fundamental que um toca-discos
tenha um “pitch”. Pitch não é nada mais que um controlador progressivo de velocidades. Com ele você
pode manipular positivamente ou negativamente a velocidade das músicas em até 8% da velocidade
normal.
3.1.c – Contra-peso
O Contra-peso do toca-disco se localiza na parte inferior do braço da pick up para justamente contra
balancear o peso que a agulha faz sobre o vinil. Com ele você pode regular uma força vertical maior ou
menor sobre o disco. A função desse recurso é evitar que agulha pule com facilidade do disco.
3.1.d – Anti-skating
Este trabalha junto ao Contra-peso. Sua função e aplicar uma força horizontal no braço do toca- discos.
Ele só funcionará bem se o Contra-peso estiver bem regulado. O grande benefício desse recurso é que ele
pode evitar que um disco arranhado fique preso e repetindo continuamente (em loop). Nesses casos é só
regular o Anti-skating para que ele aplique uma força para o lado oposto ao que o arranhão está
impulsionando.
O CD com pitch, popularmente chamado CDJ (nome que se deu origem pelo sucesso que foi o aparelho
da Pioneer CDJ 500 no final dos anos 90), é todo aparelho de CD desenhado especialmente para que o DJ
execute as técnicas de mixagem. Como sugere o nome, sua principal função é o pitch, potenciômetro que
controla a velocidade da música. Mas existem outras peculiaridades do CD com pitch. Atualmente no
mercado existem diversas tecnologias aplicadas a esses aparelhos. Alguns funcionam com sistema de
buffer e sampler, ou seja, a música que é tocada na verdade não vem diretamente do CD e sim de uma
parte dela que foi armazenada (para ser reproduzida). Dessa forma, esses tipos de aparelhos podem
executar funções avançadas como fazer scratch. Em conseqüência disso, seu valor é infinitamente maior
que os tradicionais que usam somente a reprodução do disco a partir do leitor.
Um dos equipamentos mais usados, atualmente, é o CDJ Pioneer (a versão mais básica e robusta é o
100S).
– PLAY – Quando você pressiona o botão PLAY o CD com pitch inicia a música instantaneamente
(chegando até menos que 0,01 segundos de atraso entre o apertar e o disparar, tornando o atraso
imperceptível) permitindo que você ajuste ritmos com precisão absoluta.
– PAUSE – Parar a música (congelar). Para identificar um ponto de largada da música (bumbo) o pause
deverá estar acionado. Volte ou avance manualmente no Jog a música, para identificar o bumbo e aperte o
Cue para informar que você quer que a música seja largada a partir daquele ponto, quando você apertar o
play, ao iniciar a mixagem
– CUE – Pressione o botão Cue enquanto o aparelho estiver em reprodução para voltar ao ponto de cue e
reiniciar a reprodução a partir deste ponto. Além disto, você pode retornar ao ponto inicial da música a
qualquer momento através desta função. A função do Cue e fazer com que a música volte ao ponto
marcado.
– JOG – Este disco de grande formato e resposta rápida executa buscas frame a frame e facilita a seleção
precisa de pontos, proporcionando ainda um modo de utilização similar ao dos toca-discos de vinil. Nem
todos os modelos possuem esse disco, mas pote ter a mesma função só que em botões.
– MASTER TEMPO – O controle Master Tempo mantém a tonalidade da música mesmo que o tempo
seja alterado. Você pode variar as batidas sem alterar os tons dos vocais ou instrumentos.
3.3 – O Mixer
O mixer é uma mesa de som adaptada para Djs. A função do mixer é basicamente misturar os sons, mas
dependendo da marca e do modelo você poderá encontrar outros recursos como efeitos (de “eco”,
“flanger”, “deelay”, entre outros). No mixer existem:
– Os Canais de Entrada, que são as entradas receptoras de áudio onde se conecta os aparelhos;
– O(s) Canal(is) de Saída, que é(são) onde sai(em) o sinal de áudio que vai para o amplificador;
– O Crossfader, que é uma chave especial que muda rapidamente ou áudio de um aparelho para o outro;
– Saída de Headphone, onde se conecta o fone de ouvido;
– Chaves Seletoras de Canal, onde você escolhe qual canal você quer escutar no fone de ouvidos;
– Equalizador Individual – este é um novo recurso que está vindo nos novos mixers. Com ele você pode
equalizar as freqüências graves, médias e agudas individualmente por cada canal.
4. A Música
A dance music será nossa principal base de trabalho. Isso porque, diferente dos outros sons mais acústicos
(tocados sem uma seqüência eletrônica), ela nos traz um ritmo bem marcado, ou seja, sua velocidade não
varia, pois toda ela é seqüenciada por computadores.
Antes de entender esse módulo é necessário que você esteja ciente que precisa de alguns pré-requisitos,
nem um pouco difíceis: É necessário você ter coordenação motora para identificar um ritmo de uma
determinada música. Quer uma dica? Para identificar o ritmo de uma música basta você
dançar.Isso mesmo! Você dança no ritmo da música, certo?!
Imaginem que a batida nº1 é o Bumbo (o primeiro Tum) e a batida nº2 seja a nossa Caixa (o segundo
Tum). O Prato fica entre um bumbo e uma caixa, ele seria o nosso contra tempo.
4.1.b – Bpm (Batida Por Minuto)
É importante saber o bpm, pois, é preciso saber qual das músicas que você está trabalhando é a mais lenta
ou mais rápida para que você execute a mixagem.
Para contar o bpm de uma música basta contar o números de bumbos e caixas que contém a música no
período de 1 (um) minuto.
4.1.c – Compasso
Toda música precisa de uma marcação para se saber quando vai entrar ou sair um vocal, uma melodia, um
instrumento, uma batida ou uma virada. O compasso é o que irá marcar essas mudanças com o intuito da
música ser mais “organizada”. Claro que nem todos os músicos ou produtores seguem essa regra mas a
grande parte das músicas são bem marcadas.
O Compasso é o período de 16 ou 32 batidas (Bumbos e Caixas) que marca uma mudança, entrada, ou
saída de algum elemento na música. Para entender bem o Compasso devemos primeiro saber contá-lo.
Para contar o compasso é preciso primeiro identificar o ritmo da música. Depois de identificado, conte a
partir da primeira batida (primeiro Bumbo ou cabeça do Compasso) da música até que haja uma mudança.
Se essa mudança ocorrer quando você terminar de contar 16, é porque aquele compasso “é de 16” e se
mudar quando você terminar de contar 32 é porque aquele compasso “é de 32”. Esse compasso se repetirá
por toda a música.
É muito importante identificar qual é o compasso pois na hora da mixagem, quando as velocidades das
músicas estiverem iguais, você soltará a batida 1 de uma música junto com a batida 1 da outra música.
Dessa forma as música irão mudar igualmente nas viradas dos compassos.
4.1.d – Desenho
O desenho é um pouco parecido com o compasso. O processo de contagem é o mesmo mais o número de
batidas é diferente: são de 4 e 8 batidas. Se você contar as batidas da música de 4 em 4 ou de 8 e 8 você
perceberá que determinadas seqüências de instrumentos se repetem nesse ciclo.
Obs: A contagem do Desenho e do Compasso deve ter início sempre no primeiro Bumbo da música (na
cabeça do Compasso).
5. A Técnica
Dentre as principais técnicas usadas pelos djs existem: Mixagem, Colagem, Back to Back, Scratch e Back
Spin. A cada dia que passa, novas técnicas vão sendo criadas e aperfeiçoadas. Tudo isso graças ao
advento de novas tecnologias em mixers, mesas de efeitos, agulhas, e claro, da criatividade dos djs.
A técnica básica mais usada, e a que nos interessa neste manual, é a mixagem.
5.1 – Mixagem
O princípio da mixagem é juntar duas músicas de velocidades iguais (bpm) com bumbo em cima de
bumbo e caixa em cima de caixa.
Repare que o Bumbo 1 está em cima do Bumbo 1 da outra música. Dessa forma quando o compasso da
primeira música “virar” o da outra também virará.
Atenção:
Deve-se evitar misturar melodias e vocais, isso na maioria das vezes quebra a harmonia das músicas.
Lembre-se sempre: “ a boa mixagem é aquela discreta e harmônica”.
5.6 – Scratch
A mais característica performance feita por djs. Sons tirados do vai-e-vem dos discos e cuts do
croosfader. O scratch evoluiu bastante. Hoje, são feitos com mais velocidade e podem contar com
recursos de Hi-cut nos croosfaders mais atuais. Existem sctrachs feitos a partir de samples e scratchs
feitos com sons contínuos e mais trabalhados pelo croosfader.
5.8 – Efeitos
Existem mixers (como o Pionner DJM 600) e geradores (como o Pioneer EFX 500) que desenvolvem
efeitos diversos: Eco, Deelay, Pitch, Filter, Flanger e Sampler. Os filtros e efeitos podem ser usados de
várias formas, por isso é fundamental o conhecimento desses para a aplicação mais adequada. Mas
lembre-se, efeito demais pode ser desagradável.