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Ano XXVI- dezembro/2015 nº291 - R$ 13,00 - www.musitec.com.

br

GARGOLÂNDIA
A qualidade dos grandes estúdios
na paz de uma fazenda

I X A G E M SEM
M RTE 8)
O S ( PA
SEGRED
ELECTRO 5 AMP L I T U D E
S
S E
Novo teclado Nord oferece VOLUME
split, layers e muito mais

HOME STUDIO EXPOMUSIC 2015


Como usar microfones de Cobertura completa da
ambiente na gravação de bateria 32ª edição do evento

Maratona da Alegria: Evento da FM O Dia ganha projeto grandioso


A
CEN
Z&

Expomusic 2015: Apesar da crise, mercado segue iluminado


áudio música e tecnologia | 1
LU
2 | áudio música e tecnologia
áudio música e tecnologia | 1
ISSN 1414-2821
EDITORIAL
Áudio Música & Tecnologia
Ano XXVI – Nº 291/dezembro de 2015
Fundador: Sólon do Valle

Direção geral: Lucinda Diniz -

Que venha 2016


lucinda@musitec.com.br
Edição jornalística: Marcio Teixeira
Consultoria de PA: Carlos Pedruzzi

COLABORARAM NESTA EDIÇÃO


Então chegamos ao fim de 2015. Ano conturbado politicamente, em
André Paixão, Cristiano Moura, Daniel
que a crise atingiu o mercado nacional como um todo, mas, bem sa-
Raizer, Enrico De Paoli, Fábio Henriques,
bemos, é em horas difíceis que surgem as melhores ideias. É em horas
Jobert Gaigher, José Carlos Pires Jr.,
assim que a iniciativa, a vontade de fazer acontecer, fala alto e ataca o
Lucas Ramos, Renato Muñoz e Rodrigo de
status quo. De fato, 2015 não foi um ano fácil de ser vivido, mas que
Castro Lopes.
tenha servido de aprendizado para todos nós e que possamos olhar
para frente acreditando em dias menos conturbados, em uma econo-
REDAÇÃO
mia reaquecida e em atitudes cada vez mais corajosas e altruistas.
Marcio Teixeira - marcio@musitec.com.br
Rodrigo Sabatinelli - rodrigo@musitec.com.br
Nesta edição da AM&T abrimos as portas da Gargolândia, um estú-
redacao@musitec.com.br
dio bem especial localizado no interior de São Paulo. Especial por
cartas@musitec.com.br
inserir qualidade em equipamentos e mão de obra num cenário bu-
cólico, dentro de uma linda fazenda, e, consequentemente, receber
DIREÇÃO DE ARTE E DIAGRAMAÇÃO
grandes nomes da música nacional. Reforçando ainda mais sua con-
Client By - clientby.com.br
dição de “estúdio especial”, ele tem parcerias com o Classic Master,
Frederico Adão e Caio César
de Carlinhos Freitas, e com o curso de Produção Fonográfica da
Faculdade de Tecnologia de Tatuí, a Fatec, que cede à Gargolândia a Assinaturas
já citada mão de obra qualificada. Karla Silva
assinatura@musitec.com.br
Nas nossas páginas de dezembro você também encontrará uma co-
bertura completa da 32ª Expomusic, que, apesar dos economicamente Distribuição: Eric Brito
difíceis dias de 2015, foi palco de lançamentos interessantes e mais
uma vez juntou fabricantes, lojistas e público em geral num só lugar, Publicidade
numa grande festa da indústria. E se em novembro apresentamos Mônica Moraes
uma análise sobre o Nord Stage 2 EX, agora chegou a vez do Electro monica@musitec.com.br
5, que permite acesso aos mesmos sons do 2 EX e tem a mesma
capacidade de memória, mas oferece os tão desejados layers e a tão Impressão: Gráfica Stamppa Ltda.
sonhada capacidade de split. Os nordeiros sorriem.
Áudio Música & Tecnologia
Microfones de ambiente são o tema da vez no Em Casa, assim como a é uma publicação mensal da Editora
presença do clássico synth Alchemy no Logic 10.2 é o assunto da vez Música & Tecnologia Ltda,
no Desafiando a Lógica. Esta edição também marca a estreia da colu- CGC 86936028/0001-50
na Fazendo Música no Estúdio, de Rodrigo de Castro Lopes, mais um Insc. mun. 01644696
premiado profissional do áudio a levar seus conhecimentos até você Insc. est. 84907529
por meio da nossa Áudio Música & Tecnologia. Periodicidade Mensal

No caderno Luz & Cena, destaque para as coberturas da Maratona da ASSINATURAS


FM O Dia, evento que reuniu grandes artistas populares no Sambó- Tel/Fax: (21) 2436-1825
dromo do Rio de Janeiro, e da Expomusic, com tudo o que de mais (21) 3435-0521
importante conferimos lá em termos de luzes, estruturas e mais. Banco Bradesco
Ag. 1804-0 - c/c: 23011-1
Boa leitura!
Website: www.musitec.com.br
Marcio Teixeira
Não é permitida a reprodução total ou
parcial das matérias publicadas nesta revista.

AM&T não se responsabiliza pelas opiniões


de seus colaboradores e nem pelo conteúdo
2 | áudio música e tecnologia dos anúncios veiculados.
áudio música e tecnologia | 3
28 3º Fórum Profissão Entretenimento do IATEC

32
Evento realizado em parceria com o Sesc leva
informação e tecnologia a público carioca
Rodrigo Sabatinelli

Fazenda Tecnológica
Gargolândia firma parceria 38 Expomusic 2015
Resistência e renovação tecnológica na
com produtor e engenheiro de 32ª edição do evento
Rodrigo Sabatinelli
masterização renomados e aposta em
mão de obra universitária
Rodrigo Sabatinelli e José Carlos Pires Jr.
44 Desafiando a Lógica
Alquimia no Logic 10.2: Mais recente atualização
inclui o clássico sintetizador Alchemy
André Paixão
14 O novo Nord Electro 5
Com acesso aos mesmos sons e igual capacidade de
memória do NS2EX, modelo chega ao mercado trazendo 48 Pro Tools
Curso de Pro Tools: Aula 6 – Errou? Tente outra vez!
a tão aguardada capacidade de split e layers Daniel Raizer
Jobert Gaigher

18 Em Tempo Real 52 Mixagem


Mixagem sem segredos (Parte 8): Amplitudes e volumes
Bernardo Pacheco Fábio Henriques
Marcio Teixeira

20 Notícias do Front 58 Fazendo Música no Estúdio


O pensamento musical na mixagem: n o
va
Quem são os profissionais do nosso A ordem de abertura dos canais seç
ão
mercado de trabalho? (Parte 3) Rodrigo de Castro Lopes
Renato Muñoz

24 Em Casa seções
Dicas e técnicas de gravação em um home studio (Parte 9)
Técnicas de gravação de bateria: editorial 2 notícias de mercado 6
Parte F – Microfones de ambiente novos produtos 10 índice de anunciantes 79
Lucas Ramos lugar da verdade 80

66 72
evento
Expomusic 2015 – Apesar da crise,
mercado segue iluminado
por Rodrigo Sabatinelli
capa
Luz na Maratona – Evento de rádio
carioca ganha projeto grandioso
por Rodrigo Sabatinelli
76
media composer
PRODUTOS .................................. 62 Fundamentos da edição: Criando sua
primeira montagem
EM FOCO .................................... 64 por Cristiano Moura

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áudio música e tecnologia | 5
nacionais de pró-áudio e showbusiness ainda
têm muito a evoluir

notícias de mercado

SHURE INCORPORATED ANUNCIA NOVA PRESIDENTE


A Shure Incorporated anunciou no dia 11 de novembro que a presidência da com-

Divulgação
panhia será assumida por Christine Schyvinck a partir de 1º de julho de 2016.
Christine Schyvinck substituirá Sandy LaMantia, presidente e CEO que durante 20
anos contribuiu para o crescimento estratégico da companhia.

Christine Schyvinck entrou para a Shure em 1989 e liderou a divisão de Operações


antes de ser nomeada chefe de Marketing e Vendas Globais em 2006. Atualmente é
vice-presidente executiva de Operações, Marketing e Vendas Globais e COO. Em 1º de
janeiro de 2016, Schyvinck acumulará o cargo de presidente e atuará nessa função até
sua nomeação como presidente e CEO, a partir do dia 1º de julho de 2016.

“Para mim, é uma grande honra ser nomeada como sucessora do Sandy. Ano após ano,
ele e eu temos trabalhado em estreita colaboração para concretizar a visão de cresci-
mento da empresa, e estou confiante de que já construímos uma base sólida que nos
permitirá ir muito mais longe”, comentou Schyvinck. O CEO da Shure Incorporated,
Sandy LaMantia, afirmou que a transição de executivos faz parte da estratégia de longo
prazo da companhia. “Ter alguém com a competência, a experiência e a liderança natural
da Christine fez com que a minha decisão fosse muito mais fácil”, declarou LaMantia.

GUIA DE COMPRAS HARMAN EM NOVO APP


A Harman anunciou o lançamento do aplicativo Guia de Compras Harman, desenvolvido no Brasil e voltado ao segmento de áudio
profissional. O app, que pode ser utilizado em tablets com sistema operacional iOS e Android, apresenta produtos de aplicação profis-
sional da Harman, reunindo itens das marcas AKG (microfones e
headphones), Crown (amplificadores), dbx (processadores), Di-
Reprodução

gitech (pedais), JBL (caixas acústicas) e Soundcraft (consoles de


mixagem), e funciona como uma ferramenta de consulta e apoio
ao consumidor na aquisição de seus equipamentos.

O Guia de Compras Harman apresenta os produtos divididos


de acordo com sua aplicação, auxiliando o usuário a encon-
trar a solução ideal para sua necessidade. Somado a isso,
fornece informações sobre cada produto e links para manu-
ais, especificações e vídeos relacionados. De acordo com a
fabricante, o aplicativo irá beneficiar tanto os consumidores
quanto os varejistas, uma vez que permite ao usuário encon-
trar o produto mais adequado à sua necessidade e gera co-
municação direta com os pontos de venda oficiais da Harman.

MUSICAL EXPRESS: NOVO DISTRIBUIDOR SHURE


Mais uma notícia da Shure. Após apresentar a Tele-Ponto como cado de MI e um profundo conhecimento das necessida-
distribuidor para o setor de Pro Audio no último mês de se- des de nossos clientes”, afirma José Rivas, diretor geral
tembro, a Shure anuncia agora a Musical Express como novo da Shure América Latina. “Com a Tele-Ponto como nosso
parceiro para o mercado de instrumentos musicais no Brasil. distribuidor para o mercado de Pro Audio e a Musical Ex-
O comunicado faz parte de uma nova estratégia de negócios press como nosso novo parceiro de MI, vamos continuar
adotada pela companhia com o objetivo de facilitar o contato a exceder as expectativas de nossos clientes”, completou.
com distribuidores, revendedores e consumidores finais.
Com 19 anos de mercado, a Musical Express possui uma
“Estamos felizes por trabalhar com a Musical Express. A rede de distribuição que atende a mais de 2.500 lojas
empresa possui uma cobertura sem precedentes do mer- em todo o Brasil.
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NOTíCIAs DE MERCADO

COM APOIO DA AM&T, CONGRESSO


ABORDA NOVAS TECNOLOGIAS
Aconteceu nos dias 29 e 30 de setembro o Congresso de Rádio e Televisão da Rede Gazeta em Vitória/ES. O evento, uma
parceria do IATEC com a Rede Gazeta (afiliada da Globo no ES), Instituto Quorum e a ABD Capixaba, reuniu cerca de 300
pessoas, entre profissionais e estudantes da área, que buscavam qualificação profissional e se atualizaram sobre as novas
tecnologias do mercado de rádio e televisão.

Os participantes tiveram a oportunidade de fazer workshops e qualificação técnica com com profissionais da área, e tiveram
contato com equipamentos e softwares de última
geração. Além dos workshops, o evento contou
Divulgação

ainda com uma exposição de empresas, equipa-


mentos e serviços do setor. A revista Áudio Música
& Tecnologia esteve também presente ao evento.

Os palestrantes do evento foram Marina Ferraz


(ABPITV), que abordou importantes questões
sobre leis de incentivo e o mercado audiovisual,
Eduardo Andrade (Avid), Erick Soares (Sony), os
engenheiros João Pedro (Escritório do Rádio) e
Rui Miranda Monteiro, Marco Aurélio (Go2Web),
Marcus Paes (Star Iluminação), Diego Resende
(IATEC), Erick Soares (Sony), Jon Lopes (Shure),
Marcelo Ferraz (IATEC) e representantes AKG-Har-
man e do departamento de Recuros Humanos da
Rede Gazeta, que falaram sobre o programa de se-
leção de colaboradores e estagiários da emissora.

MOGAMI NAS PRATELEIRAS: EzAKI LEVA GRANDE


VARIEDADE DE CABOS DA MARCA AO MERCADO NACIONAL
A Mogami, fabricante japonesa de cabos de áudio profissional, é conhecida pela presença em renomados estúdios de gravação
e em tours de grandes artistas, mas, sobretudo, pelas características de seus cabos, como flexibilidade, precisão, baixo nível
de ruído e facilidade na instalação. Além disso, o comprometimento da marca com o meio ambiente a levou a buscar a má-
xima eficiência de energia em todos os processos fabris e administrativos, sendo a primeira fábrica a atender aos requisitos
RoHS para todos os seus produtos.

Dito isso, a Ezaki, distribuidor oficial da Mogami no Brasil, oferece,


atualmente, cerca de 40 tipos de cabos da Mogami, que podem ser
empregados nas mais variadas aplicações, como áudio digital, gui-
tarra, alto-falante, vídeo, patch cords e cabos para instalações. De
acordo com a empresa, ela também dispõe de cabos montados
tanto para pronta entrega quanto para desenvolvimento sob en-
comenda, com dimensões definidas pelos clientes.
Divulgação

Para saber mais, visite www.mogami.com.br e o site oficial da


Ezaki (www.ezaki.com.br). Lá são oferecidas uma série de infor-
mações técnicas, o que ajuda a consulta e seleção dos produtos.

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áudio música e tecnologia | 9
NOVOs PRODUTOS

ALLEN HEATH DLIVE: NOVO CONSOLE DE MIXAGEM AO VIVO


A Allen & Heath lançou recentemente o console dLive, apre- DM48 e DM64) e também há três diferentes superfícies de con-
sentado pela primeira vez no Brasil durante a Expomusic 2015. trole. Todos os MixRacks e controladoras são compatíveis e com
Essa nova geração de sistema de mixagem digital foi projetada arquivos de configuração comum.
com uma arquitetura muito flexível, um core de processamento
FPGA bastante poderoso, uma ampla gama de opções de ex-
As superfícies controladoras do dLive estão disponíveis em três
Divulgação

pansão, de controle e de rede,


tamanhos e modelos – S3000, S5000 e S7000 (foto) – e o layout
além da interface de usuário
pode ser completamente personalizado. O engenheiro de som
intuitiva com con-
tem à disposição 26 teclas de função programáveis. Há também
trole por ges-
controle de iluminação, com ótima luz durante o dia ou em con-
tos. O console
é composto pelo dições de baixa luminosidade, incluindo teclas retroiluminadas,

MixRack, onde fica o codificadores RGB coloridos e uma tira de luz LED integrado.
Core, e pela superfície de
controle. Existem três opções http://dlive.allen-heath.com
de tamanho do MixRack (DM32, www.audiosystems.com.br

PRO TOOLS 12.3 CHEGA COM MELHORIAS


A Avid tornou público, durante a 139ª edição da AES,

Divulgação
em Nova York, o lançamento do Pro Tools 12.3, que
chega ao mercado com melhorias no fluxo de traballho
e edição mais poderosa. Agora os clipes adotam uma
aparência translúcida sempre que são movidos ou so-
brepostos, oferecendo maior clareza visual do contex-
to. Isso permite alinhar as formas de onda de um novo
clipe de áudio aos sinais visuais das formas de onda
de um clipe existente com maior precisão e facilidade.

Entre as novidades também estão as melhorias do fade. O


usuário agora pode agilizar as tarefas repetitivas e ganhar
tempo para dedicar aos aspectos criativos da sua mixa-
gem. É possível criar configurações predefinidas de fade in, fade out, crossfade e fades em lote, bem como chamá-las diretamente
do teclado ou da superfície de controle e controlar as configurações do fade independentemente ao trabalhar com fades em lote.

www.avid.com
www.quanta.com.br

LD SYSTEMS LANÇA ARRAY PORTÁTIL CURV 500


O Curv 500, da empresa alemã LD Systems, é o pri- opções de montagem. Um mixer de quatro canais vem
meiro array realmente portátil dotado da tecnologia integrado ao Curv 500 e contém uma gama de efei-
WaveAhead, lançada pela companhia. Com caixas tos digitais. O sistema vem com três conjuntos para
construídas em alumínio, alta definição de áudio, a instalação móvel e fixa. Leve (caixas pesam 1,7 kg
pressão e excelente balanço, o equipamento oferece e o subwoofer 16,5 kg) e com dimensões bastante re-
cobertura vertical e horizontal expansível, sendo com- duzidas (caixas com 122 x 122 x 122 mm e subwoofers
Divulgação

pletamente escalonável. Oferece potência de 460W com 325 x 383 x 491 mm), o sistema tem uma ampla
RMS (subwoofer: 300 W; array satellites: 2 x 160 W) e dispersão de som. Disponível nas cores preta e branca.
resposta de frequência de 47 – 20.000 Hz
www.ld-systems.com
O adatador plug-and-play SmartLink oferece várias www.alltechpro.com.br

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NOVOs PRODUTOS

AKG LANÇA KIT DRUM SET SESSION I


O AKG Drum Set Session I é um kit de microfones com alto de guitarra e baixo, e instrumentos de sopro.
desempenho que oferece uma interessante combinação entre
performance e versatilidade. Com sete microfones e acessó- O kit é composto por sete microfones, quatro clamps e dois stand
rios embalados em uma maleta de alumínio para transpor- adapters, sendo cinco microfones dinâmicos e dois gerais para
te, o kit fornece todos os uma variedade de aplicações, podendo ser utilizado tanto para
elementos necessários aplicações de palco, estúdios de gravação ou até mesmo em casa.
para capturar o som de
Divulgação

um set de bateria Os microfones que integram o kit são quatro P4, que é um mic ins-
completo. Ele trumental dinâmico de alta performance para tom, surdo, caixa, hit-
também -hat ou pratos; dois P17, mic instrumental de alta performance para
pode ser pratos e hit-hat e que é tecnicamente idêntico ao P170, não sendo
usado para comercializado como peça única; e um P2, mic dinâmico de alta
microfo- performance para graves (bumbos e amplificação de tons graves).
nação de
percussão, www.akg.com
amplificadores www.harmandobrasil.com.br

BUGERA EXPANDE LINHA DE CABEÇOTES


A Bugera traz ao Brasil os seus novos cabeçotes para guitarra: o T5 Infinium e o T50 Infinium (foto). Os modelos Infinium são famosos
por unirem seu som característico com a tecnologia Infinium Tube Life Multiplier, que aumenta a vida útil das válvulas em até 20 vezes.

O T5 Infinium é um cabeçote Classe A, construído à mão e com 5 watts de potência impul-


sionados por uma válvula 12AX7 e uma EL84. Já o T50 Infinium, também construído
à mão, é um cabeçote A/AB com 2 canais e com 50 watts de potência impulsionados
por quatro válvulas 12AX7 e duas EL34. Os modelos ainda possuem uma saída de
alto-falante emulado-DI, efeito Reverb e um interruptor Phat, que funciona como um
booster, atuando tanto no som limpo quanto no som saturado. O modelo T50 já vêm

Divulgação
com um pedal incluso para acionar os canais Clean, Lead e Reverb.

www.music-group.com/brand/bugera/home
www.proshows.com.br

SISTEMA DE MONITORAÇÃO POWER CLICK MX 4X1 SM


Com lançamento agendado para este mês de dezembro, o MX 4X1 SM é um sistema profissional de audição por headphone para
quem deseja monitorar até quatro sons diferentes com opção estereofônica. Ele é composto por um mixer de alta qualidade com
quatro canais, projetado para acoplamento no amplificador estéreo Power Click
especial para headphones.
Divulgação

Cada um dos quatro canais possui input e output (Direct Out), controles de
volume, graves, agudos e pan. O Direct Out de cada canal transfere o áudio
para outro equipamento sem interferência dos controles do MX 4X1 SM, que
possui opção para conectores de headphones P2 ou P10 estéreo com controle
de volume master. O produto acompanha fonte de alimentação e um prático
suporte para fixação em pedestal de microfone (SPP), que permite acomodar o
MX 4X1 SM e o headphone. Para mais informações, confira o manual completo
do MX 4X1 SM no site da fabricante.

www.powerclick.com.br

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áudio música e tecnologia | 13
Produto | Jobert Gaigher

O novo Nord
Electro 5
Com acesso aos mesmos sons e igual capacidade de memória do NS2EX, modelo
chega ao mercado trazendo a tão aguardada capacidade de split e layers

Nord Electro 5 em sua versão HP, com 73 teclas: novo


produto é compacto, leve, e possui grande painel de LED

S
e no mês passado falamos sobre o Nord Stage 2 e camadas de sons (layers). Há anos que os nordeiros
EX, chegou agora a vez do novo Nord Electro 5, reclamavam este recurso. Até a versão 4, essa era a
a última evolução da linha Electro e o modelo da grande reclamação. Todos adoravam saber que o Electro
mesma que ganhou maiores modificações. A Clavia lan- acessava a mesma biblioteca de sons do Nord Stage 2,
çou o primeiro Nord Electro há quase 15 anos, e, des- mas se frustavam ao saber que não seria possível dividir
de então, esses compactos vermelhos de som incrível, o teclado com dois sons ou montar um piano/cordas.
sobretudo de piamos acústicos e eletroacústicos, órgãos Agora o usuário do Electro pode fazer camadas ou dividir
e sintetizadores vintage, têm conquistado cada vez mais o teclado em regiões diferentes para até dois tipos de
espaço nos palcos ao redor do mundo. sons, como baixo/piano, por exemplo.

Não é sempre que um teclado torna-se icônico o suficiente O knob part-mix oferece um ajuste de volume em tempo
para manter seu nome original e ainda ser relevante em real entre as partes superior e inferior, sem necessidade
sua quinta geração. Cada Electro foi ganhando uma nova de acesso a menu. Se o split estiver desligado e os dois
característica, mas sempre mantendo o que funcionava nas módulos de som estiverem ativados (ex.: módulo1: pia-
no, módulo 2: synth/cordas), o modo layer entra em ação
versões anteriores. Começou com órgão e piano apenas, e
e o knob part-mix ajusta o balanço de volume das partes.
na versão 3 ganhou a seção de synth/sample. Com o Electro
Ainda permanece, no entanto, uma limitação em relação
4 vieram os drawbars físicos. O Nord Electro 5 é a última
ao Stage 2. As combinações e splits só são possíveis com
evolução da linha, e algumas características podem torná-lo
módulos diferentes, como piano-synth/sample, piano-
ainda muito mais atraente do que seus antecessores.
-órgão ou órgão-synth/sample. Não é possível misturar
dois pianos ou dois órgãos ou dois synths/samples. Essa
SPLIT E LAYERS, OU DIVISÃO DE continua sendo uma exclusividade do Stage 2.
TECLADO E CAMADAS DE SONS
Há botões de acesso direto para ligar ou desligar a ação
A grande mudança em relação aos modelos antigos é dos pedais de sustain e controle nas partes superior e
que agora o Electro permite divisão de teclado (split) inferior. Isso é muito útil, por exemplo, para atribuir um

14 | áudio música e tecnologia


som de pad na parte inferior com pedal de sustain habi- órgão de tubos. Todos os motores de órgão são total-
litado para servir como bloco harmônico e a parte supe- mente sensíveis aos nove drawbars e com full-polifonia.
rior sem sustentar para servir como solo. Eu, particularmente, passei horas brincando de “O Abo-
minável Dr. Phibes” só com esse novo motor de Pipe.
Os pontos de divisão são ajustáveis através de LEDs
mostrados imediatamente acima do C3, F3, C4, F4, C5 O NOVO PAINEL DO ELECTRO
e F5, tal como no Stage 2. Alguns podem não gostar
dos pontos fixos de split da Nord, mas esses LEDs que No meio dos controles agora fica a área de seleção do
mostram claramente onde está o ponto de divisão são programa principal e das partes superior e inferior, com
extremamente úteis durante a performance ao vivo, es- um knob de balanço de volume. A grande novidade fica
pecialmente em palcos escuros. por conta do enorme display de LED, que vai facilitar
muito a vida dos nordeiros que o utilizam para tocar ao
Diferentemente do que acontece com camadas, o modo vivo. Muito útil, a tela é grande o suficiente e mostra o
de divisão (split) possibilita também selecionar a mes- estado atual do programa em uso, quais partes do ins-
ma fonte de som para ambas as partes, superior e infe- trumento estão tocando, as configurações de mudança
rior. Mas, note bem: apenas a mesma fonte de som, e de drawbars e assim por diante.
não sons diferentes da mesma seção. Você pode ainda
ajustar a oitava e determinar a forma que cada lado Além disso, quando qualquer botão é ajustado, o display
interage com os pedais de controle. mostrará momentaneamente a alteração da configuração.
É também na parte central, juntamente com o novo painel,
O motor de órgãos (que, como nos Electros anteriores, que a Nord introduz um novo e inteligente recurso de setlist.
usa modelagem de som e não amostragem, resultando em O setlist pode salvar “programas-canções” com até quatro
uma fidelidade incrível do som livre da limitação de poli- sons diferentes em cada, com acesso direto por quatro bo-
fonia) permite splits com ajustes separados de drawbars tões distintos, tipo “MúsicaX: A, B, Chorus e Bridge”.
para a parte superior e inferior, e ambas as partes podem
ser acessadas através de um controlador MIDI externo. E a Nord pensou, inclusive, nas tão comuns mudanças
Como o NE5 tem um limite multitimbral de duas vozes, de última hora no repertório. Como tudo no Nord, esses
alguns organistas podem reclamar e lamentar a falta da “programas-canções” podem ser reordenados facilmen-
parte do pedal separado que se encontra em qualquer te- te, bastando acionar a tecla shift quando o setlist estiver
clado Hammond. Mas você sempre pode usar a parte in- ligado e mudar o programa de posição utilizando o sele-
ferior para conectar uma pedaleira MIDI, com a ajuda de tor de timbres principal. É o mesmo que clicar, segurar e
um novo motor de som de órgão chamado B3 + Bass, que, arrastar. O modo sample/synth também ganhou contro-
no modo dividido com órgão em ambas as partes, a parte les adicionais em tempo real. Agora é possível alterar a
inferior toca apenas os drawbars de 16’ e 8’ dos pedais, dinâmica, o ataque e o sustain (decay/release) de cada
enquanto a parte superior toca todos os drawbars. som utilizando botões e knobs exclusivos.

Além de três motores de Hammond (um novinho em fo- Nem a seção de efeitos escapou de mudanças no novo
lha, um meia vida e um totalmente velho e acabado B3), NE5. No geral, o set continua o mesmo, com um EQ
o NE5 traz modelos de órgãos transistorizados, como de três bandas, dois tipos de tremolos, dois tipos de
Vox e Farfisa, o novo B3 + Bass e um novo e lindíssimo stereo-pan, wah-wah, ring modulations, dois phasers,

Seção de efeitos do NE5: delay ping-pong, reverb remodelado, compressor e


simulador de amp entre os destaques. Ao lado, destaque para os drawbars. áudio música e tecnologia | 15
Produto

bém usa o mesmo mecanismo de modelagem clo-


newheel e simulação Leslie do Nord C2D.

CONCLUSÕES
Se o Nord Stage 2 EX apenas ficou mais robusto
e compacto e ganhou mais memória, o Electro 5
pode ser agora chamado de “Stagezinho” ou “Pe-
queno Stage”. Acessando os mesmos sons e com
igual capacidade de memória do NS2EX e com
a capacidade de split e layer que os usuários
de Nord esperaram tão avidamente nos últimos
anos, esse modelo tem tudo pra ser um sucesso
de mercado. Além disso, por ser mais compacto
e leve, possuir um grande painel de LED e um in-
teligente recurso de setlist, o Electro 5 se coloca,
inclusive, como um forte concorrente do próprio
Nord Stage 2 EX.
No meio dos controles agora fica a área de seleção do
programa principal e das partes superior e inferior, A Nord mantém a tradição e a cada evolução de um
com um knob de balanço de volume. A grande modelo procura conservar tudo o que funcionava e
novidade fica por conta do display de LED. apenas implementar novos e importantes recursos.
Eles também fornecem continuamente novos timbres
flanger e dois chorus. O NE5 também tem delay ping- em suas bibliotecas online de pianos e amostras, dis-
-pong, como no NS2, e reverb remodelado, bem como poníveis gratuitamente para os usuários Nord. •
um compressor e um simulador de
amp que traz a mesma simulação
de Leslie 122 presente no aclama-
do modelo Nord C2D. Foi adiciona-
do também um novo tipo de efeito
“Vibe” na seção de moduladores. E
tudo isso pode ser facilmente en-
dereçado e controlado através de
um pedal de controle.

SONS
O NE5 acessa os mesmos timbres e
possui a mesma capacidade de me-
mória do NS2EX: 1GB para pianos
da biblioteca online de pianos da
Nord, bem como 256 MB de sons
para a biblioteca online de amos-
tras da Nord. Assim como o NS2EX,
a seção de órgão do Electro 5 tam- Produto pôde ser conferido de perto na Expomusic 2015

Jobert Gaigher é músico, compositor, educador musical, produtor cultural, blogueiro e consultor de marketing para os mercados de áudio
e música. É especialista da linha Nord no Brasil desde 2008, e entre 2001 e 2003 foi gerente técnico da Quanta Service. Em 2008, idealizou e
passou a coordenar o sistema multimídia para aulas de educação musical e-SOM para a Quanta Educacional. Site: www.jobert.info

16 | áudio música e tecnologia


EM TEMPO REAL | Marcio Teixeira

bERNARDO
PAChECO

Wes Sacramento
O
técnico Bernardo de Andrea Pacheco, pro- área de estúdio já passei por muitas empresas ao lon-
fissionalmente conhecido como Bernardo go dos anos, mas como fixo mesmo trabalhei pela já
Pacheco, mas também chamado aqui e ali citada Timbre, a Effects, o estúdio de música do Mega
de Berna, quando não só de Pacheco, pode olhar São Paulo, a Ludwig Van!, o estúdio El Rocha e a Ca-
para trás e constatar que viveu boa parte de sua sablanca Sound”, lista o técnico, que atua como free-
vida completamente mergulhado em som, e que lancer desde o meio de 2007. Desde 2010 ele possui
hoje vive não só nisso, mas disso. Bernardo come- um estúdio simples, em sua casa, chamado Fábrica de
çou sua carreira no áudio como estagiário na Tim- Sonhos, onde grava e mixa seus trabalhos.
bre, uma produtora de som de São Paulo.
Vale reforçar aqui que Pacheco gravou e/ou mixou
“Como técnico de PA, considero que o começo foi alguns belos discos da cena underground nacional,
ter ido assistir a um show do Hurtmold [nota do edi- dentre os quais podem ser citar Conta, de M. Takara,
tor: Hurtmold é uma já clássica banda de São Paulo Calavera, do Guizado, Homem Inimigo do Homem,
que, se você ainda não conhece, precisa conhecer] dos Ratos de Porão, Songs From the Night Shift, do
num festival de hardcore e ter sido chamado na hora Fish Magic, e Tudo Que Eu Sempre Sonhei, dos Pullo-
mesmo pra dar uma mão no som”, recorda. “Foi o vers, além de diversos trabalhos do Test, D.E.R., de
que puxou minha primeira sequência de trabalhos sua banda, Elma (Bernardo toca guitarra), e de sua
na área. Eu originalmente não queria realmente tra- antiga banda, Are You God?, entre outras.
balhar com som ao vivo, mas acabei caindo de para-
quedas e ficando”, acrescenta o técnico, que, apesar Voltando ao live, outra boa lista de artistas alternati-
de ter tido essa primeira experiência em shows em vos já teve o som de seus shows controlado por Ber-
2006, já vinha trabalhando em estúdio desde 1996. nardo Pacheco. “Depois de começar trabalhando com
o Hurtmold, logo na sequência emendei Holger, Lurdez
Pacheco conta que nunca trabalhou com empresas de da Luz, Guizado, Forgotten Boys, Elo da Corrente, Ga-
som ao vivo, tendo sempre sido chamado diretamente rotas Suecas e Mamelo Sound System, entre outros
pelos artistas ou pelos produtores dos mesmos. “Na da cena independente.” Já entre artistas internacionais

18 | áudio música e tecnologia


em passagem pelo Brasil para os quais Bernardo já fez “Mas enxergar um show do ponto de vista de quem
PA, destaque para Sebadoh, Anthony Braxton Quartet, está tocando certamente me ajudou muito a começar
The Eternals (“fiz três turnês deles”), Mac DeMarco, a atuar como técnico de PA. Acho que é uma das coi-
Roscoe Mitchell, J Mascis, Matana Roberts, Dub Trio e sas que faz com que eu seja requisitado o suficiente
Joan of Arc, entre muitos outros. pra viver disso. Já como músico não sei se há muita
vantagem em ser técnico. Me vejo muitas vezes na
“Atualmente, trabalho mais frequentemente com Bi- função dupla de tocar e passar meu próprio som, ain-
xiga 70, Boogarins, Apanhador Só e Far From Alaska, da tendo que escutar de vez em quando a frase infeliz
e esporadicamente com Test, Thiago Pethit, Maglore, ‘mas você veio pra tocar ou pra operar?’.”
Inky e Jair Naves, entre outros”, destaca Bernardo,
que com o Apanhador Só atua há cinco ano. “Faço o Quando perguntado sobre o que é necessário para
PA dos demais há menos tempo”, pontua. ser um bom profissional do som, ele destaca algu-
mas coisas. “É preciso tentar entender o ponto de
E ser um integrante de uma banda trabalhando com vista do músico, procurar se antecipar aos proble-
PA pode beneficiar uma ou outra função? Antes de res- mas e não fazer corpo mole. Você sempre deve estar
ponder, Pacheco destaca que mesmo antes de trabalhar mais preocupado com a hora de chegar do que com
com PA já precisava se virar nos shows das suas bandas a hora de ir pra casa. Isso tudo, somado a nunca
“para tirar um som decente nas condições mais adver- usar um som de bumbo estilo o do Pantera pra ban-
sas, o que chamam por aí de ‘tirar leite de pedra’, que da nenhuma, garantiram meus primeiros anos no ao
ainda é muito útil até hoje”, e acrescenta que, na sua vivo, mesmo com pouca experiência”, afirma. Sobre
opinião, muitas vezes é mais fácil tirar um som legal em planos para o futuro, Bernardo foi objetivo. “Nunca
lugar pequeno e com poucos recursos do que em uma fiz planos pra minha vida e ainda não adquiri o bom
casa de grande porte “com acústica esquisita e cente- senso de começar”, disse ele, misturando uma pos-
nas de milhares de reais em equipamento”. sível autocrítica e um fundamental bom humor. •

bATE-bOLA
Console: Ao vivo, Yamaha CL5, pela flexibilidade e Melhor companheiro de estrada: Travesseirinho
simplicidade que economizam o item mais precioso de pescoço da Nap
numa passagem de som, que é o tempo
Melhor sistema de som: Qualquer um que já este-
Microfone: Electro-Voice RE20 e Sennheiser MD 441 ja falando de forma correta desde o início do horário
marcado pra chegada da equipe técnica da banda
Equipamento: O que está em perfeito estado de
funcionamento SPL alto ou baixo? Por que? Alto é o que funciona
pra maioria das bandas com as quais trabalho, mas
Periféricos: Ao vivo, na cada vez mais rara vez em já houve exceções
que encontro uma mesa analógica, qualquer equa-
lizador gráfico analógico 31 bandas de boa qualida- Melhor posicionamento da house mix: Central,
de, e compressores versáteis em quantidade em local de referência idêntico ao do público

Última grande novidade do mercado: A maior, Técnico inspiração: No estúdio, Steve Albini
mas no mau sentido, é a ideia de que um tablet é um
substituto satisfatório pra uma superfície física com Sonho na profissão: Sempre trabalhar com uma
faders, knobs e botões de verdade boa produção, que me permita me concentrar em
tirar um som
Melhor casa de shows do Brasil: Do ponto de vis-
ta da acústica, o Palace deixa saudades. Do ponto de Dica para iniciantes: Entenda a diferença entre ser
vista da equipe e dinâmica de trabalho, o Cine Joia. um profissional e ser um funcionário

áudio música e tecnologia | 19


Notícias do Front | Renato Muñoz

Quem são os

(Parte 3)
profissionais do nosso
mercado de trabalho?
gostariam que houvesse uma
Soundtech

regulamentação da nossa pro-


fissão, assim como um órgão
que pudesse estabelecer as
normas para a nossa função).
Será que isso realmente vale a
pena, já que com os músicos
parece que não funcionou?

Eu continuo achando estes


dois pontos extremamente
necessários para o futuro da
nossa profissão: conhecimen-
to teórico, assim como um
órgão que estabeleça normas
e padrões para exercermos a
nossa profissão. Acho que os
erros cometidos na atuação
junto aos músicos devem ser
observados e corrigidos. Tal-
vez assim possamos seguir
por um caminho correto.

Continuando a última parte

N
o artigo passado falei sobre outros profissionais do texto sobre os profissionais que encontramos no nosso
que estão presentes no nosso mercado de traba- mercado de trabalho, desta vez falarei sobre os profissio-
lho – iluminadores, cenógrafos, roadies, músicos, nais de áudio tanto das empresas de sonorização quanto
artistas. Falei sobre como eles normalmente se compor- os que trabalham diretamente com as bandas. Veremos
tam e como funcionam as relações entre estas pessoas no que as funções são bem parecidas, porém muitas e muitas
ambiente de trabalho. Vimos que, em alguns momentos, vezes as diferenças entre estes profissionais são enormes.
as coisas podem não ser tão cordiais quanto deveriam.
OS TÉCNICOS DA EMPRESA
Vimos também o exemplo dos músicos que, além de terem DE SONORIZAÇÃO
uma forma de ensino já estabelecida há muito tempo, além
de um órgão regulador da sua profissão, hoje em dia vão con- Estes profissionais são aqueles que trabalham no dia a dia
tra tudo isso com liminares revogando a necessidade da pro- da empresa, normalmente passam a semana no galpão tra-
fissionalização para exercer esta função, promovendo o total balhando diretamente com o equipamento, seja na sua ma-
esvaziamento do tal órgão, indo, assim, no caminho contrário nutenção ou na preparação para um próximo evento. Este
àquele que muitos profissionais do áudio tentam seguir. trabalho direto com o equipamento é muito importante, pois
assim é possível entender melhor o seu funcionamento.
Este é um ponto importante, que não podemos deixar
passar. Deve haver uma reflexão da nossa parte (dos que O ideal é que o este funcionário tenha acesso a todos

20 | áudio música e tecnologia


estes equipamentos, desde os microfones até as caixas Um problema que acontece com estes técnicos é que em
de som, passando pelos consoles e processadores do sis- muitos casos eles são obrigados a trabalhar para a banda
tema. Dependendo da organização da empresa, sempre (sem um pagamento extra). Estes profissionais trabalham
sobrará um tempo para que estes funcionários mexam para a empresa de sonorização, e não para as bandas, e
nestes equipamentos. Esta é a melhor maneira que eles a produção técnica do evento deve deixar isto bem claro.
podem ter para se familiarizar. Desta forma, os técnicos da empresa não são explorados
e os técnicos das bandas não perdem seus empregos.
Todas as empresas possuem uma hierarquia entre os
técnicos. Geralmente, os mais antigos na empresa já Os montadores ficam responsáveis por todas as conexões
sabem como as coisas funcionam e têm mais liberdade no palco, tanto de sinal quanto de energia elétrica. Eles,
para testar equipamentos. Porém, muitas vezes alegan- teoricamente, já receberam todas as informações da ban-
do falta de tempo ou achando que não há necessidade da, e assim sabem onde colocar os pontos de AC, sub
para isso, estes funcionários acabam por deixar de lado snakes, microfones, direct box e pedestais. Em eventos
esta prática, o que não é aconselhável. maiores, com mais de uma banda, também ficam respon-
sáveis pela troca dos equipamentos de som no palco.
O número de funcionários que uma empresa vai colocar
no evento depende, é claro, do tamanho deste evento.
Para atender apenas uma banda em uma situação de
O RESPONSÁVEL TÉCNICO
show normal, quatro funcionários podem ser o suficiente
PELO SISTEMA
– três no palco (um na mesa de monitor e dois para fazer
as ligações) e um na house mix, sendo que este normal- Não é a primeira vez, nem será a última, em que falo des-
mente é o responsável por todo o sistema. te profissional aqui na revista. Para mim, ele é o mais im-
portante de todos dentro de um sistema de sonorização.
Digamos, então, que a empresa mandou dois técnicos (mo- É ele quem dá as diretrizes para a instalação do sistema
nitor e PA) e dois montadores. Na teoria, os dois técnicos (o posicionamento das caixas), e este é o ponto crucial de
são melhor preparados do que os montadores. Eles devem qualquer sistema. Infelizmente, tem sido o calcanhar de
conhecer bem os equipamentos com os quais irão traba- Aquiles das empresas de sonorização.
lhar. No monitor, além do console, pode haver caixas de
monitor, além dos sistemas de ears phones. No PA há con- Muito dinheiro é investido em equipamentos e novas tecno-
soles, gerenciadores, amplificadores e as caixas, é claro. logias, porém, nada disso irá funcionar se este profissional
não estiver preparado para utilizar estas ferramentas correta-
mente. Hoje em dia, com os sistemas de line array, qualquer
Acervo Renato Muñoz

erro de angulação ou qualquer cálculo incorreto pode colocar


tudo a perder. Infelizmente, o que eu mais tenho visto são
sistemas subutilizados pela falta de preparo destes técnicos.

Tenho observado que a maioria dos técnicos trabalha sem


muito incentivo e realmente parece que não gosta do que
está fazendo (talvez, justamente, pela falta de incentivo
por parte dos patrões ou por algo parecido). A seguir, lis-
tarei situações que podem demonstrar bem o que estou
falando. É claro que no meio disso tudo existem exceções,
mas acho que elas são bem poucas.

Voltamos, então, àquele velho dilema de quem deve in-


vestir neste tipo de aprendizado: o empregador ou o em-
pregado? É neste momento em que o jogo de empurra-
-empurra começa, cada um jogando o problema para o
outro e ninguém resolvendo nada. A falta de preparo dos
técnicos de sistemas pelo Brasil afora tem se tornado uma
constante indesejável.

O galpão da empresa sempre pode ser um


bom lugar para se aprender algo novo

áudio música e tecnologia | 21


NOTíCIAS DO FRONT
Renato Muñoz

sultado ruim por conta de uma house mal organizada.

- Tenha e domine o máximo possível de ferramentas que


ajudem na operação do seu sistema (computadores, inter-
faces de áudio, cabos, instrumentos de medição, fones etc.)

- Mostre segurança para o técnico da banda ou do evento


e estabeleça limites até onde eles podem mexer nas con-
figurações do sistema. Saber se impor não quer dizer ser
grosseiro ou arrogante – apenas profissional.

- Por pior que o técnico da banda ou do evento possa ser, ele


continua sendo o seu cliente. Faça o máximo possível para
atendê-lo, contanto que o seu sistema não seja prejudicado.

- Faça uma lista dos técnicos de banda com os quais você


já trabalhou. Alguns deles podem servir como fonte de in-
formação ou até de alguma indicação de trabalho no futuro.
Responsável por colocar o sistema para funcionar
- Saiba como conversar com técnicos e não técnicos. Nor-
Acho que o problema deve ser resolvido pelos dois maio- malmente, contratantes e até mesmo produtores técnicos
res interessados neste assunto – o proprietário da empre- não entendem as suas necessidades e não sabem do que
sa de sonorização, que claramente está gastando dinheiro você está falando.
com o sistema e não tem o melhor resultado dele, e o téc-
nico deste sistema, que não tem condições de trabalhar - Não fale alto com outras pessoas perto do técnico da
corretamente por pura falta de informação. Uma pena que banda durante o show. Além de atrapalhar a concentração
as coisas não sejam tão simples assim. de quem esta mixando, pode parecer que você não está
interessado no que esta acontecendo com o seu sistema.
Considere os pontos a seguir:
- Não durma durante o show. Além de ser falta de educa-
- Conheça seu equipamento o máximo possível. Conheça ção, pode parecer que você não está interessado e nem
os seus pontos fracos e fortes, saiba como prepará-lo e preocupado com o que está acontecendo com seu sistema.
vendê-lo para o contratante, o produtor técnico do even-
to, o produtor técnico da banda e o técnico da banda. - Durante o show, saia para ouvir como o sistema está
soando em outros pontos fora da house mix. Você pode
- Você é o técnico do sistema e não o técnico da banda ou dar algum tipo de informação relevante para quem está
do evento. Se você também for também um destes dois mixando.
serviços, cobre. Acerte isto com antecedência.
OS TÉCNICOS DA bANDA
- Levante o máximo de informações sobre o evento e o
local do evento e entre em contato com os produtores téc- Bandas que se presam possuem os seu próprios técnicos,
nicos responsáveis. E vá preparado para surpresas, pois tanto de PA quanto de monitor. Como já disse anteriormen-
elas certamente irão aparecer. te, estes cargos também são puramente de confiança, e é
muito importante para uma banda ter técnicos fixos, mes-
- Se você não está satisfeito com o seu salário, com as mo que não sejam os melhores, pois conhecem bem o som
condições de trabalho ou com a falta de reconhecimento da banda e sabem como as mixagens devem ser feitas.
profissional, mude de emprego. O técnico da banda não
tem nada a ver com isso. A coisa mais importante que um técnico de PA ou monitor
deve ter é a confiança da banda. Principalmente o técnico de
- Certifique-se de que a house mix está bem montada, PA, pois diferentemente do que acontece com o técnico de
bem coberta e segura. Já vi bons sistemas terem um re- monitor, a banda nunca vai conseguir ouvir o seu trabalho.

22 | áudio música e tecnologia


Renato Muñoz
estes pedidos, que muitas vezes
acabam não sendo utilizados.

Também é muito importante deixar


claro as funções do técnico do siste-
ma e do técnico de PA. Na teoria, o
primeiro deveria adequar o sistema
ao ambiente no qual ele foi instalado
e o segundo deveria adequar este
sistema, previamente preparado, ao
som da banda que ele vai mixar. O
que acontece na maioria das vezes é
que o técnico da banda acaba tendo
Todo técnico de monitor deve ter um contato direto que fazer os dois serviços.
com os músicos da banda. Ele deve passar segurança
e conhecimento para deixar todos tranquilos. Muito ainda precisa ser feito na nossa profissão para che-
garmos a uma situação confortável para todos em termos
Esta confiança é ganha com o passar do tempo e de trabalhos de condições de trabalho, conhecimento técnico, melhor
bem feitos. O técnico de PA sempre será avaliado por amigos aproveitamento dos equipamentos e na relação de tra-
ou parentes da banda, o que nem sempre pode ser bom. balho com outros profissionais. O importante é sabermos
que mudanças precisam ser feitas, e logo. Só assim atin-
O técnico de monitor, além de dominar os equipamentos giremos um nível mais alto de profissionalismo. •
com os quais trabalha, deve manter sempre um
contato visual com os músicos da banda, pas-

Renato Muñoz
sar segurança e controle da situação. Quanto
mais confortável os músicos estiverem no pal-
co, melhor será sua performance e melhor será
o resultado do show. Também é fundamental
conhecer os gostos dos músicos para que as
mixagens sejam bem feitas.

O técnico de PA é o responsável pelo som que


a plateia vai ouvir. Ele deve se certificar de que
aquilo que está sendo tocado no palco é o mes-
mo que será ouvido pelo público, e para isso é
extremamente importante que este técnico co-
nheça o som dos instrumentos, e, o mais impor-
tante, ele deve saber o que fazer para que estes
instrumentos soem da mesma maneira no PA.

Isto só pode ser feito ouvindo os instrumen-


tos no palco e sabendo utilizar teoria e prática
para se chegar no som desejado. É importan-
te que o técnico saiba escolher os equipa-
mentos com os quais vai trabalhar. Muitas
vezes ocorrem excessos nas exigências. A O técnico de PA também deve ter a confiança da
empresa de sonorização gasta dinheiro com banda. Só assim ele consegue trabalhar com liberdade.

Renato Muñoz é formado em Comunicação Social e atua como instrutor do IATEC e técnico de gravação e PA. Iniciou sua carreira
em 1990 e desde 2003 trabalha com o Skank. E-mail: renatomunoz@musitec.com.br

áudio música e tecnologia | 23


em casa | Lucas Ramos

Dicas e técnicas de gravação


em um home studio (Parte 9)
Técnicas de gravação de bateria: Parte F – Microfones de ambiente

P
ara finalizar essa série sobre gravação de Por isso, se você estiver buscando uma sonoridade
bateria, nessa edição vamos falar sobre os mais natural e “orgânica” na sua gravação de bate-
microfones ambientes e a importância deles ria, utilizar microfones de ambiente para captar a
nas gravações de bateria. Antigamente era comum reverberação natural da bateria no ambiente pode
gravar baterias (e outros instrumentos também) ser a solução!
com bastante ambi-
ência, aproveitando o CONCEITO
Lucas Ramos

som do instrumento em
si reverberando natu- Antes de começar a po-
ralmente na sala. Isso sicionar os microfones
gerava gravações com ambientes, é necessário
bastante “personali- definir a intenção des-
dade” e “caráter”, e as
ses microfones na gra-
salas eram escolhidas a
vação. Os microfones
dedo para obter tal so-
ambientes podem ser
noridade.
utilizados para apenas
acrescentar um pouco
Hoje em dia, as grava-
de ambiência natural ao
ções são geralmente
som da bateria, ou en-
feitas com o mínimo de
tão como a base para
ambiência e vazamen-
a “imagem sonora” da
to possível (em salas
bateria. Essa decisão
“mortas”), para garan-
depende da sonoridade
tir uma gravação mais
desejada na gravação,
limpa e permitir maior
e isso deve ser definido
controle nos efeitos
antes de começar a me-
e mixagem posterior.
xer nos microfones.
Isso tem sido a ten-
dência nas gravações,
até pelo fato de que Se você quiser apenas
as pessoas estão cada um pouco mais de ambi-
vez mais dependentes ência, um único microfo-
da pós-produção (edi- ne afastado e apontado
ção, mixagem e mas- pra parede pode resol-
terização) para garan- ver. Porém, se estiver
tir uma sonoridade de buscando uma gravação
qualidade. rica em ambiência, será
necessário mais cuidado
Porém, com isso perde- Você não precisa de uma sala de estúdio para encontrar uma po-
-se a “alma” da sonori- com tratamento acústico profissional sição onde a bateria soe
dade e a naturalidade para gravar uma bateria com boa definida como um todo e
da gravação. E, certa- ambiência. Basta encontrar uma sala balanceada. Nesse caso,
mente, é mais trabalho- que tenha características acústicas que a escolha da sala de gra-
so, no final das contas. favoreçam a sonoridade desejada. vação será fundamental.

24 | áudio música e tecnologia


A SALA

Lucas Ramos
Não precisa ser uma sala de estúdio, com trata-
mento acústico profissional. Há muitas baterias
históricas que foram gravadas fora do estúdio,
em casas ou até castelos! E muitas são vene-
radas até hoje por sua personalidade e sono-
ridade única. Bandas como os Rolling Stones,
Led Zeppelin e Deep Purple (e mais inúmeras
outras) utilizavam essa técnica para conseguir
uma sonoridade diferenciada para as suas mú-
sicas. E você também pode!

Basta encontrar uma sala que tenha caracterís-


ticas acústicas que favoreçam a sonoridade de-
sejada. Geralmente salas maiores, com as pa-
redes distantes da bateria e de preferência com
pé direito alto, geram resultados melhores. Sala
pequenas geralmente produzem reflexões mais
definidas e presentes, o que acaba gerando um
som “embolado” e problemas de fase (por isso,
esqueça o banheiro!).

Os tipos de materiais presentes nas superfícies


e objetos no ambiente também devem ser le-
vados em consideração. Quanto mais materiais
lisos e reflexivos, mais reverberação haverá.
Porém, superfícies grandes e reflexivas geram
reflexões fortes e definidas, por isso é bom ter
objetos para difundir as reflexões e gerar uma
ambiência mais homogênea. Sofás, estantes,
tapetes, quadros etc. podem cumprir essa fun-
ção quando não há difusores acústicos disponí-
veis. A ideia é ter bastante reverberação, po-
rém mais difusa e uniforme.

Também é bom lembrar do isolamento acústico. Microfones omnidirecionais captam mais ambiência
É importante que não haja muito ruído ambiente pois são capazes de captar os sons vindo de todos
(trânsito, pessoas, animais etc.) na sala, para garan- os lados, mas às vezes é melhor utilizar microfones
tir uma gravação limpa, é claro. Mas não se esqueça bidirecionais, pois eles rejeitam as reflexões do
também de que a bateria é um instrumento “baru- chão e teto. Em salas com muita reverberação,
lhento”. Portanto, se não houver isolamento acústi-
muitas vezes um microfone direcional resulta em
co, é necessário que o ambiente comporte tamanha
uma ambiência mais “limpa” e “clara”.
pressão sonora. Não se esqueça dos seus vizinhos,
pois eles certamente não esquecerão de você quan- ambiente tem que ser bastante sensível e ter uma
do forem chamar a polícia! resposta de frequência ampla para captar os detalhes
da sonoridade da ambiência. Por isso, microfones
CONSIDERAÇÕES GERAIS condensadores e de fita são os mais recomendados.

- O tipo de microfone utilizado para a captação do - Microfones omnidirecionais captam mais ambi-

áudio música e tecnologia | 25


em casa

Cuidado com a quantidade de microfones

Uma coisa muito importante a ser considerada é que microfones ambientes são mais eficientes
quando há poucos microfones próximo à bateria. Portanto, se você estiver buscando uma sonori-
dade rica em ambiência, evite microfonar cada peça da bateria individualmente com múltiplos mi-
crofones. Quanto mais microfones você utilizar, mais problemas de fase surgirão, e, com isso, sua
gravação perderá definição e “peso”.

Tons e pratos são as escolhas mais óbvias de itens a serem eliminados, pois o bumbo e a caixa são
peças que necessitam de uma definição maior. Mas não se esqueça de que as baterias “clássicas”
do rock que todos nós amamos eram todas gravadas com pouquíssimos microfones (geralmente,
em torno de quatro, no total)!

ência pois são capazes de captar os sons vindo de - Com os microfones apontados na direção da ba-
todos os lados, e por isso são uma boa escolha se teria, você terá um som mais definido. Aponte os
você quiser uma ambiência forte. Porém, em sala microfones na direção das paredes se quiser captar
menores, às vezes é melhor utilizar microfones mais reflexões e ambiência.
bidirecionais, pois eles rejeitam as reflexões do
chão e teto, que geralmente causam mais pro- - Ajuste a altura dos microfones para obter um
blemas de ressonância e fase. E, em salas com equilíbrio em relação às peças da bateria. Se os
muita reverberação, muitas vezes um microfone pratos estiverem muito presentes nos microfones
direcional resulta em uma ambiência mais “lim- ambientes, diminua a altura dos microfones, tra-
pa” e clara. Pode ser necessário testar diferentes zendo-os mais próximos ao chão. Isso irá redu-
opções de microfones (se houver tempo) para en- zir a presença dos pratos na gravação. Se quiser
contrar a melhor escolha para a sonoridade que mais pratos, faça o contrário e aumente a altura
você deseja. dos microfones ambientes.

POSICIONAMENTO
Lucas Ramos

DOS MICROFONES
1. Posicione dois microfones
dois a três metros à frente
da bateria, apontados para
as extremidades dos pratos.
Experimente com diferentes
alturas em relação ao chão
e com diferentes polarida-
des (cardioide, bidirecional e
omnidirecional). Essa técnica
gera uma ambiência mais de-
finida e “limpa”.

2. Enquanto o baterista toca


Para obter uma ambiência mais definida e “limpa”, posicione a bateria, percorra a sala até
dois microfones dois a três metros à frente da bateria, apontados encontrar o ponto onde a re-
para as extremidades dos pratos. Experimente com diferente flexões soam melhor e posi-
alturas em relação ao chão e com diferentes polaridades. cione um par de microfones

26 | áudio música e tecnologia


ali. Procure uma posição que tenha um equilíbrio entre todas
as peças da bateria, além de um equilíbrio entre as diferentes
frequências presentes. Normalmente há excesso de graves nos
cantos e excesso de agudos próximo a superfícies reflexivas.

3. Se apenas quiser um pouco mais de ambiência natural, po-


sicione um único microfone (cardioide) o mais longe possível
da bateria e apontado para a parede. Busque uma posição
que ofereça um melhor equilíbrio entre as peças da bateria e
as frequências.

E com isso encerramos essa série sobre gravação de bateria,


abrindo caminho para o próximo tema: gravação de baixo.
Não percam!

Mês que vem tem mais. Até lá! •


Lucas Ramos

Se apenas quiser um pouco mais de ambiência


natural, posicione um único microfone (cardioide)
o mais longe possível da bateria e apontado para a
parede. Busque uma posição que ofereça um melhor
equilíbrio entre as peças da bateria e as frequências.

Lucas Ramos é tricolor de coração, engenheiro de áudio, produtor musical


e professor do IATEC. Formado em Engenharia de Áudio pela SAE (School of
Audio Engineering), dispõe de certificações oficiais como Pro Tools Certified
Operator, Apple Logic Certified Trainer e Ableton Live Certified Trainer. E-mail:
lucas@musitec.com.br

áudio música e tecnologia | 27


Evento | Rodrigo Sabatinelli

3º Fórum Profissão
Entretenimento do IATEC
Evento realizado em parceria com o Sesc leva
informação e tecnologia a público carioca

AM&T

Expostos em área externa, sistemas como Taigar e A&D mostraram sua força

C
omemorando 16 anos de existência e com ção de equipamentos de empresas como ProShows,
o objetivo de levar a público debates so- Shure, Avid, HPL e Star e um ciclo de palestras e
bre o mercado de trabalho, o emprego das workshops ministrados por profissionais renomados,
novas tecnologias em estudos de casos e a im- como os engenheiros Alexandre Rabaço e Renato
portância da formação técnica, além de promover Muñoz, o produtor executivo Álvaro Nascimento e o
rodadas de negócios dedicados às artes, produ- diretor de TV Jodele Larcher.
ção e entretenimento, o IATEC se juntou ao Sesc
e realizou o 3º Fórum Profissão Entretenimento De acordo com Luiz Helenio, diretor do IATEC, “o
– Um Mercado em Expansão. fórum incentivou negócios no segmento e ajudou a
promover a qualificação profissional e a atualização
Gratuito, o evento, que agitou o Espaço Cultural Es- de técnicos – apresentando a eles novas tecnolo-
cola Sesc, em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, entre gias e recursos em equipamentos e serviços –, além
os dias 13 e 15 de outubro, contou com uma exposi- de premiar aqueles que, neste ano, se destacaram

28 | áudio música e tecnologia


como produtores e iluminadores de shows, roadies e baço, momentos antes de palestrar para o público
técnicos de PA e monitor”, disse. que ocupou grande parte das cadeiras do principal
auditório da Escola Sesc.
CONHECIMENTO
COMPARTILHADO “Fiquei muito feliz com esse intercâmbio de pro-
fissionais de áreas como sonorização, iluminação
Dentre as palestras destinadas a profissionais de e produção e acho que conseguimos, de fato,
áudio estiveram as de Andreas Schimidt, diretor atingir o objetivo: trocar informação”, comemo-
técnico e proprietário da Audio Bizz, empresa que rou Álvaro Nascimento, coordenador do curso de
assina a produção técnica de inúmeros eventos; de Produção do IATEC.
Alexandre Rabaço e Renato Muñoz, engenheiros de
PA de Lulu Santos e Skank, respectivamente, e Car- PRODUTOS EXPOSTOS
los Ronconi, Eduardo La Cava e Ricardo Gama, en- AO PÚBLICO
genheiros e consultores de áudio da TV Globo.
No hall principal do Sesc, empresas como ProShows,
Enquanto Andreas falou sobre a preparação e a Shure, Avid, HPL e Star, entre outras, expuseram al-
execução complexa de projetos de festivais como guns dos produtos de seus catálogos, “tendo muitos
Lollapalooza e Tomorrowland, dentre outros nos deles, como os microfones da série Motiv, da Shure”,
quais atuou, Rabaço e Renato dividiram com o pú- destacou o especialista de produtos da marca, Jon
blico informações sobre novidades e tendências da Lopes, “sido lançados na última Expomusic”, realiza-
sonorização ao vivo e o trio de profissionais da Glo- da dias antes do fórum, na capital paulista.
bo falou sobre produção de áudio para a TV, tendo
produções da casa – transmissões de Rock in Rio e “Expor ao público carioca foi incrível! Anualmen-
SWU – como exemplos de trabalho. te, participamos de feiras como a AES e a Expo-
music e sabemos da importância de apresentar
“Compartilhar conhecimento é sempre muito bom. os lançamentos e reforçar o valor dos itens já
Nós, que vivemos na estrada, nem sempre temos lançados. É uma manutenção, digamos, necessá-
tempo para isso, mas, quando aparece uma oportu- ria a toda e qualquer empresa”, disse Felipe Silva,
nidade como essa, marcamos presença”, disse Ra- da HPL, que, na ocasião, demonstrou os moving
lights Clay Paky, dis-
tribuídos pela HPL.
AM&T

“Nossos line arrays


estão, a cada dia, ga-
nhando mais adeptos, e
estar aqui, nesse even-
to, nos dá a oportuni-
dade de chegar a quem
ainda não nos conhece
ou mesmo nunca ouviu
falar de nós. Hoje, a
Taigar [System] tem o
aval de técnicos como
Deny Merces, que ope-
ra o PA de Claudia Leit-
te, dentre outros que
testaram e aprovaram
os nossos sistemas”,
contou Marcos Francio-
Alexandre Rabaço e Renato Muñoz durante si, proprietário da em-
palestra que lotou o teatro do Sesc presa.

áudio música e tecnologia | 29


EVENTO

PREMIAÇÃO
AM&T

DESTACA
MELhORES DO
ANO
Votados por um júri
composto por André Ca-
lazans, da Terça Técnica;
Carlos Pedruzzi, técnico
de PA de Zélia Ducan;
Lázzaro de Jesus, técnico
de monitor de Ivete San-
galo; Luiz Helenio, dire-
tor do IATEC, e Ricardo
Fujii, diretor de fotogra-
fia da Record, dentre ou-
tros profissionais, alguns
dos vencedores do prê-
mio foram Flávio Senna,
Expositores consideraram o evento como uma oportunidade na categoria Técnico de
de reforçar suas marcas no mercado carioca Gravação; Mauricio Pin-
to, em Técnico de Show Ao Vivo, e Michel Mene-
Outro que se mostrou contente foi o engenheiro João zes, na categoria Roadie.
Américo, que chegou ao local com diversos modelos
de caixas de sua marca, a Audio Et Design – A&D. De Confira mais fotos do evento em www.musitec.com.
acordo com ele, “muita gente ainda associa a figura br/fotos. •
do engenheiro à empresa
[João Américo Sonoriza-
ção], portanto, participar
desse projeto do IATEC foi,
sem dúvida, uma grande
oportunidade para atua-
lizar o pessoal”, explicou,
referindo-se à sua nova
empreitada.

Marcos e João também


estiveram juntos na área
externa do Sesc, onde
seus sistemas foram mon-
tados lado a lado aos de
outros fabricantes – como
Clair Brothers e MTX Au-
dio – para a realização de
testes comparativos con-
AM&T

siderando aspectos como


inteligibilidade e pressão
sonora de cada um dos Mauricio Pinto, um dos vencedores
line arrays. da premiação realizada pelo IATEC
áudio música e tecnologia | 31
CAPA | Rodrigo Sabatinelli e José Carlos Pires Jr.

fAZENDA
TECNOLÓGICA
Gargolândia firma parceria com produtor
e engenheiro de masterização renomados
e aposta em mão de obra universitária

32 | áudio música e tecnologia


Wellington Marcos Antônio
O
eixo Rio-São Paulo é também conhecido por sediar
a maioria dos estúdios de grande porte do país, nos
quais é possível gravar e mixar discos com conforto e
abuso, no bom sentido, de recursos tecnológicos. Entretanto,
em cidades do interior, bem longe do caos desses verdadeiros
“centros nervosos”, há opções que nada deixam a desejar.

Uma destas cidades é Alambari, município da região de So-


rocaba, onde “se esconde” a Gargolândia – apelido dado à
Vila do Carmo –, fazenda que pertence ao músico e compo-
sitor Rafael Altério, o Garga, propriamente dito, e que sedia
o estúdio de mesmo nome, “uma espécie de santuário onde
a inspiração e a criação acontecem quase que por magia”,
segundo diz o próprio anfitrião, morador do local há 33 anos.

Apesar do clima de sossego, a movimentação na Gargolân-


dia é intensa e faz dos corredores do estúdio ponto de en-
contro de artistas renomados, como Ivan Lins, Monica Sal-
maso, Teco Cardoso e Arismar do Espírito Santo, com novas
promessas, sendo Dani Black, Bruno Piazza e Pedro Viáfora
– além de Pedro e Gabriel Altério, filhos de Garga – algumas
das que passam dias e dias gravando suas composições e
curtindo as preciosidades da vida no campo.

“Temos uma hospedaria composta por 12 acomodações – na


qual recebemos, confortavelmente, cerca de 20 pessoas –,
piscina, ambientes de repouso e uma equipe de funcionários
que cuida de nossos clientes com muito carinho. Isso faz
com que todos se sintam em casa e destinem suas atenções
exclusivamente ao trabalho, o que só beneficia o processo
criativo como um todo”, explica Garga.

Os investimentos, no entanto, não param por aí, e Garga


anuncia que, em breve, outras atividades serão praticadas
na fazenda. “A ideia é ir além disso – do estúdio e da hospe-
daria. E, nos próximos meses, vamos organizar uma série de
workshops e eventos com a participação de importantes no-
mes da música nacional e internacional”, garante ele, diante
da porteira e do muro de pinhos que protege o seu recanto.

MUNIÇÃO PESADA NA TÉCNICA


Bem, porteira à dentro, é hora de conhecer a técnica do estú-
dio, onde é baseada uma verdadeira coleção de equipamentos,
todos disponíveis a técnicos e produtores que trabalham na
casa. De microfones a instrumentos musicais, as opções são
bastante variadas, e em cada segmento, digamos, há um níti-
do investimento em quantidade e, principalmente, qualidade.

No setup de microfones, por exemplo, constam itens im-

áudio música e tecnologia | 33


Capa
Wellington Marcos Antônio

HV-3D e Octopre e os compressores Dis-


tressor EL8 e dbx 160A, também destinados
a vozes e a aplicações específicas, como o
processamento de bumbos e baixos.

No “hall” de instrumentos, além dos pianos


elétricos Kurzweil SP88 e K2661 e Roland
JV-90 e A30, ganham luz o piano de ¾ de
cauda Kawai RX-6 e a bateria DW Collectors
Custom Mapple. E, para as gravações e mi-
xagens, estão uma plataforma Pro Tools 11
– que roda em um Mac Pro –, dois Avid HD
I/O Analog 16x16, um controlador Mackie
Big Knob e um Antelope Audio Isochrone
OCX Master Clock, além de sistemas de
monitoração HS8, da Yamaha; Focus 140,
da Dynaudio, e 4BST, da Bryston.
Rafael Altério, o Garga, proprietário do estúdio: movimentação
intensa faz do Gargolândia ponto de encontro de grandes artistas VELHO AMIGO,
NOVO PARCEIRO
portantes, como os Neumann U87, U87A, U87AI,
KM83i, KM184 e TLM193; os CAD M9 e VX2; os Mas nem só de equipamentos é feito um estúdio, espe-
Shure Beta 57, SM57 e SM58; os DPA 4011- cialmente o da Gargolândia. Aliás, como se sabe, a mão
TL, 4060 e 4061; os Sennheiser MD421, e604 e de obra representa, indiscutivelmente, o maior valor de
e815S; os AKG C3000B e D112, os Beyerdynamic um negócio do gênero. E foi baseado nisso que Garga
M160 Ribbon e os Benson Labs B2, usados desde investiu numa parceria, digamos, inusitada, da qual se
em registros de vozes a captaçãoo de ambientes. diverte ao lembrar da forma como surgiu: de um reen-
contro que frutificou e, hoje, é um de seus diferenciais.
No rack de outboards destacam-se periféricos como
os pré-amplificadores de dois canais Purple Audio “Há um tempo, Pedro, meu filho, queria gravar um
BIZ MK e AEA RPQ Ribbon; os de quatro canais API disco com sua banda, 5 a Seco, e disse que convida-
3214+; os de oito canais Focusrite ISA 828, Millennia ria o Alê Siqueira, produtor, para fazer o trabalho. Na
Wellington Marcos Antônio

Tranquilidade é a palavra forte no local que sedia o estúdio

34 | áudio música e tecnologia


Wellington Marcos Antônio
ocasião, não liguei o nome à pessoa, mas
quando ele [Alê] chegou, foi aquela surpre-
sa. Afinal de contas, não nos víamos há 30
anos”, conta Garga, que conhecia o produ-
tor de festivais de música realizados no final
dos anos 1980, nos quais Alê acompanha-
va, como guitarrista, o músico Beto Santos.

Avesso a badalações, característica que


o levou, em boa parte da vida, a morar
longe dos grandes centros – como em Ita-
coatiara, no Rio, e na Costa do Sauípe, na
Bahia –, Alê conta que se mudar para a
Gargolândia foi algo natural. Para ele, ali-
ás, morar na fazenda e poder, no intervalo
de uma sessão de uma gravação, colher
Alguns dos microfones da Gargolândia: variedade e qualidade
um cacho de bananas, é algo que não tem
preço. “Aqui, nós e os clientes temos a
possibilidade de imergir, musicalmente falando, pois o com o próprio, utilizar, em produções da casa, mão
ambiente aprazível nos proporciona isso e desfrutar de de obra oriunda do curso de Produção Fonográfica
um clima que não existe na cidade grande”, observa. da Faculdade de Tecnologia de Tatuí, a Fatec. Para o
produtor, essa é uma boa maneira de valorizar não
Mesmo fugindo do mainstream, se assim podemos somente a instituição, mas também a cidade, na
dizer, Alê acumula a produção de mais de 150 dis- sua opinião, um dos maiores polos musicais do país,
cos. Dentre os trabalhos, destacam-se Infinito Par- que, há pelo menos seis décadas, respira música.
ticular, de Marisa Monte; Do Cóccix Até o Pescoço,
de Elza Soares; São Paulo Rio, de Zé Miguel Wisnik; “É claro que tenho a liberdade de trabalhar com
Ultrapássaro, de Dante Ozzetti; Jogos de Armar, de profissionais de outras regiões, como sempre fiz,
Tom Zé, e Flor de Amor, de Omara Portuondo, este e nada me impede de continuar [a trabalhar], mas
último assinado em parceria com Nick Gold. quero ‘olhar pros vizinhos’, utilizar mão de obra local,
sabe? Esse intercâmbio é saudável para todo mundo.
Atualmente o produtor está mergulhado na pré-pro- Para nós e para eles. Sem contar que simboliza um
dução do trabalho de uma dupla apoio à Fatec, a seus alunos, e, claro, a Tatuí”, diz.
Wellington Marcos Antônio

sertaneja, daquelas que o próprio


chama de “caipira de raiz”. “É uma Garga é outro que pensa dessa forma e, por isso, já
onda muito interessante, que tem conta com a presença de duas “crias” da faculdade
a cara daqui do interior. Na ver- em seu staff. São eles o formando Alisson Vines e a
dade, esse é o grande lance de formada Maria Carolina Droich. “São dois grandes
ser produtor: justamente poder profissionais, que entraram aqui sabendo de suas
transitar por universos distintos, responsabilidades enquanto técnicos, algo muito
como o jazz e o pop, o rock e o bem aplicado pela Fatec e que acabou sendo muito
instrumental, e, de uma hora para importante para nosso processo de produção, que é
outra, cair no segmento da música bastante complexo”, completa.
tradicional, por exemplo”, diz.
BRAÇOS DADOS COM
DE OLHO NA PRODUTORAS DE FOTO E VÍDEO
“VIZINHANÇA”
A Gargolândia tem, em sua estrutura, três gran-
Um dos objetivos de Alê enquan- des parceiros operacionais. Na verdade, três em-
to parceiro de Garga é, de acordo presas que atuam em frentes complementares às

áudio música e tecnologia | 35


CAPA
Gabriel César Ferreira

Gabriel César Ferreira


Na técnica do estúdio, um rack reúne equipamentos como pré-amplificadores e compressores

atividades principais do espaço – produção, gra-


Wellington Marcos Antônio

vação e mixagem de discos. São elas a Zoe Films,


a Vortex Cine e a Da Pá Virada.

Fundada em 2004, na cidade de São Paulo, a Zoe tem


sedes na capital e em Portugal e também opera nos
Estados Unidos. Nesses pouco mais de dez anos de
atuação, a produtora já realizou mais de 600 projetos,
dentre eles filmes publicitários e programas de TV.

Especializada em conteúdos musicais, como filma-


gens e making of de shows, espetáculos e videocli-
pes, a Vortex é conhecida por ter uma linguagem
própria no que diz respeito à imagem, enquanto que
a Da Pá Virada, que pertence à fotógrafa e musicista
Dani Gurgel, assina, além de vídeos de divulgação,
materiais como capas de CDs e DVDs e fotos promo-
Wellington Marcos Antônio

cionais, entre outros.

PARCERIA COM O CLASSIC


MASTER, DE CARLINhOS fREITAS
Muitos dos trabalhos registrados na Gargolândia,
como, por exemplo, os discos dos grupos 5 a Seco e
Trio Oritá e da cantora Anna Tréa, foram finalizados
no Classic Master, de Carlinhos Freitas, que, recen-
temente, a convite de Alê Siqueira, botou o pé na
estrada para conhecer o local de perto. Encantado
com a fazenda e, claro, com o estúdio, o engenhei-
ro de masterização acabou voltando de lá com uma
parceria firmada.

Entre muitos cafés e risadas, Garga e Alê sugeriram


a parceria e, juntos, os amigos desenvolveram a

Técnicos da Gargolância, Alisson e Carol são crias da Fatec

36 | áudio música e tecnologia


Wellington Marcos Antônio
ideia até chegarem ao formato
ideal, que, finalmente, envolve
a masterização, o desenvolvi-
mento de processos de mas-
terização e a educação nessa
área por meio de workshops e
cursos para o pessoal da Fatec.
Mas como será isso na prática?

“Sobre a masterização em si,


a ideia é desenvolver um pro-
cesso totalmente on-line, po-
rém, com estrutura presencial
para que os artistas e produ-
tores que estejam produzindo Alê Siqueira e Carlinhos Freitas: novos parceiros do estúdio
seus trabalhos no estúdio pos-
sam fazer [a masterização]
por lá. Quanto à didática, o plano é utilizar nossa correto das ferramentas [de masterização e restau-
experiência para ensinar a técnicos iniciantes o uso ração de áudio]”, conta Carlinhos. •

SEGUNDA CASA
Sala de masterização está em fase final de construção
Projetada pelo arquiteto Davison Pinheiro, professor de Acústica Aplicada ao Ambiente, a sala
de masterização do Classic Master tem, em suas dimensões, 7,30 m de comprimento por 5 m
de largura e 3,15 m de altura, medidas que, tecnicamente falando, segundo o mestre da Fatec,
proporcionam uma distribuição modal que decai levemente em 25 Hz devido aos primeiros
modos axiais do comprimento (23,6 Hz) e da largura (34,4 Hz), combinados com o primeiro
modo tangencial (≈42,5 Hz).

“Essa distribuição recupera-se e é crescente a partir de 45 Hz. Como o primeiro modo axial
da altura (54,6 Hz) não coincide com a proximidade de nenhum outro modo, a sua influência
não é suficiente para prejudicar o espectro das frequências superiores”, explica o mentor. “E
mesmo já tendo uma densidade modal adequada, a sala apresenta três truques que a deixam
ainda melhor”, completa ele.

O primeiro truque, ainda de acordo com o arquiteto, está no posicionamento das janelas late-
rais, dispostas aos lados do sweet spot do operador de áudio. “Como o isolamento acústico é a
menor das preocupações, visto que o estúdio se localiza em uma fazenda, é possível trabalhar
com as janelas abertas, que, mesmo quando fechadas, deixam passar pelo vidro a frequência
do modo axial da largura, evitando a reflexão e a consequente onda estacionária”, revela.

O segundo é o posicionamento do sweet spot e o posicionamento da escuta do cliente: ambos


na seção áurea ( ) do comprimento da sala. “Esta posição é”, novamente, pelas palavras de
Davison, “relativa à razão de um número irracional que não tem múltiplos inteiros, evitando a
sobreposição de harmônicos ressonantes. E o terceiro e último truque refere-se ao dispositivo
sobre a cabeça do sweet spot, que dispersa, naquele ponto, a reflexão do modo axial decor-
rente da altura da sala”, encerra.

áudio música e tecnologia | 37


EVENTO | Rodrigo Sabatinelli

EXPOMUSIC 2015
Resistência e renovação tecnológica na 32ª edição do evento

C
onsoles compactos que cabem numa mochila e são Bem perto da Harman, no estande da ProShows, o públi-
controlados via iPads, microfones digitais de bolso co também pôde conferir produtos do gênero, no caso,
para uso em iPhones e caixas de sonorização que as XR12, com 12 canais, e XR16, com 16, fabricadas pela
decoram ambientes. Em sua 32ª edição, a Expomusic le- Behringer e pertencentes à família X-Air da marca. Apresen-
vou curiosidades como essas a mais de 35 mil pessoas, tadas por Emerson Duarte, especialista de produtos da em-
que, entre os dias 16 e 20 de setembro, circularam pelos presa, “as mesas, que também não dispõem de faders e são
corredores do Pavilhão Vermelho do Expocenter Norte, em controladas por dispositivos móveis, oferecem ao usuário
São Paulo, ávidas por novidades nos segmentos de instru- a possibilidade de gravação de sessões ao vivo”, disse ele.
mentos musicais e áudio e iluminação profissional.
As compactas eram muitas e foram vistas em espaços
Responsável por movimentar cerca de 40% dos negócios de outros expositores, como Habro Music, Soundix, QSC
destes setores no país – valor estimado, hoje, em cerca e SSL – esta última conhecida por suas mesas mais
de R$ 2,5 bilhões anuais –, a Expomusic mostrou-se bas- pomposas –, entre outros. Na Habro, distribuidora dos
tante resistente à crise econômica que resultou na desva- produtos Mackie, o destaque do gênero ficou a cargo
lorização de nossa moeda frente ao dólar, muito embora da DL32R, uma espécie de upgrade da DL1608, que, de
a ausência de importantes nomes, como Quanta AV Pro e acordo com informações de Lucas Godoy, técnico espe-
Gobos do Brasil, que, neste ano, optaram por fazer seus cialista da marca, “tem 32 entradas, 14 saídas e permite
próprios eventos, tenha simbolizado certo recuo. conexão de até dez iPads”.

Alheios a tal insegurança, as empresas fabricantes e Na Soundix, distribuidora nacional dos produtos PreSonus,
distribuidoras nacionais que compareceram ao evento as atenções se voltaram para as mesas digitais em padrão
e expuseram seus produtos, asseguraram, mais uma rack da marca – as RM16 AI e RM1632 AI –, indicadas para
vez, seus lugares ao sol. Dessa vez, no entanto, elas uso em teatros e igreja. Na QSC, o destaque foram as Tou-
assistiram a “invasão chinesa” promovida pela pre- chMix-16, enquanto na SSL foi a Nucleus, que, assim como
sença de dezenas de estandes de fabricantes de áudio a TouchMix, conta com 16 faders, como bem lembrou Max
e iluminação com base no país asiático, que vieram Noach, gerente SSL para a América Latina.
ao Brasil em busca de parceiros comerciais.
Além da Nucleus, Max apresentou, em primeira mão, a
CONSOLES DE MIXAGEM: TAMANhO AWS 958 Delta, mesa de grande porte voltada para uso
NÃO É MAIS DOCUMENTO em estúdios profissionais de gravação. Quem também
apresentou sua mesa grandiosa foi a Audio Systems, que
Conforme citamos logo na abertura da matéria, os conso- chegou à feira com a DLive S7000, da Allen & Heath –
les compactos para mixagens ao vivo estiveram em des- sua nova representada –, para som ao vivo. “Um matrix
taque na feira, mostrando-se verdadeiras opções especial- de 128 canais por cena e 16 voltas de máquinas de efeito
mente para os médio investidores. No estande da Harman que recebe cinco tipos de cards diferentes com cinco ti-
do Brasil, por exemplo, foram demonstrados os novos Ui pos de protocolos”, segundo o técnico Kadu Mello.
12 e Ui 16, da Soundcraft, que não possuem faders e são
controlados via computador ou dispositivos móveis. O “bARULhO” DOS
MICROfONES DIGITAIS
“O legal [desses consoles] é que você pode transportá-los
em mochilas, mas, tecnicamente falando, um de seus dife- Assim como os consoles compactos, os microfones digi-
renciais é ter dois canais dedicados exclusivamente a instru- tais – principalmente os indicados para uso em smartpho-
mentos musicais. Canais estes que são dotados de simula- nes – foram destaque em diversos estandes. Especialis-
dores de amplificadores e cabeçotes de guitarra”, explicou ta de desenvolvimento de mercado da Shure, Jon Lopes
Luis Salgueiro, especialista de produtos da Harman. apresentou, no estande próprio da marca, diversos deles,

38 | áudio música e tecnologia


Fotos: Marcio Teixeira

Luis Salgueiro e as novas mesas compactas da No detalhe, as X-Air, da Kadu Mello e a S7000, da Allen & Heath:
Soundcraft: canais destinados a instrumentos Behringer: pequenas notáveis novidade na Audio Systems

Mesas Mackie e QSC: diversidade de layouts Jon Lopes e a linha Motiv, da Shure:
variedade de novos modelos digitais

áudio música e tecnologia | 39


Evento

como, por exemplo, os modelos MVL e MV88, sendo o pri- DE CAIXAS FLAT A
meiro um lapela plug-and-play e o segundo um conden-
GRANDES SISTEMAS
ser estéreo, ambos capazes de gravar áudios de 24-bit/48
kHz se usados com o aplicativo ShurePlus Motiv.
Mas as novidades não pararam por aí e também chega-
ram aos sistemas de sonorização. Apresentadas pela Áudio
“Além desses, temos ainda o MV51, outro condenser
& Vídeo Produções, as caixas flat da Sound King, P6U-2,
que tem cinco pré-configurações de DSP e permite
mostraram-se uma boa opção para quem pretende não so-
ao usuário gravar e monitorar tudo em tempo real,
mente sonorizar, mas decorar escritórios, bares e restau-
e o MVi, uma interface digital que tem, em seu inte-
rantes. “De baixo perfil, elas contam ainda com conexão
rior, um combo de conectores de entradas XLR+1/4”
bluetooth, entrada para pen drive e microfone integrado”,
para microfones e instrumentos, além dos cinco DSP
destacou Boaz Canuto, diretor comercial da A&VP.
pré-configuráveis já citados e controles que auxiliam
no processo criativo do músico”, disse.
Na linha de caixas de coluna, três empresas se destaca-
Seguindo os passos da Shure, outras empresas também ram. A All Tech Pro, de Alexandre Barrios, apresentou a
apostaram no sucesso dos microfones digitais, casos de Curv 500, “um sistema compacto para uso em palestras
Lyco, que apresentou o UH04PG-MHLI, “um sistema sem fio e convenções”; a Leac’s, que por meio de seu gerente co-
para aplicações ao vivo composto por um bastão e um body mercial Leandro Campos demonstrou modelos compostos
pack, que pode ser utilizado, ainda, com instrumentos mu- por falantes de 4” e 5” “indicados para uso em templos
sicais”, de acordo com Alexandre Rita, supervisor comercial religiosos”, e FZ Audio, de Fabio Zacarias, que lançou a
da empresa; Templo Instrumentos, que lançou o hipercardi- 1203ATW, “composta por 12 falantes de 3” e 12 tweeters
óide K1112M, “primeiro microfone profissional da Kadosh”, e que conta com sistema de controle via roteador sem fio”.
de acordo com seu gerente, Rodrigo Franco, e, Soundix, que
demonstrou o já conhecido D1, da Sennheiser. A FZ, no entanto, esteve com suas caixas, digamos,

Os sistemas Lyco e Kadosh engrossaram a lista de lançamentos No detalhe, as caixas flat da Sound King:
sonorização e decoração num só produto

Caixas JBL e D&B entre os produtos apresentados Dentre as apostas da Staner estiveram os
respectivamente pela Harman do Brasil e pela Decomac monitores de chão biamplificados

40 | áudio música e tecnologia


mais pomposas, como as 102HPA, “que, por serem versáteis, podem
ser usadas em montagens de PA e na monitoração de shows”; 205A,
“indicadas para sonorização de gargarejos, ou seja, em front fills”, e
J08A, “icônicas, usadas por centenas de locadores do país que apos-
taram na marca”, segundo Fabio.

Na Harman do Brasil, o especialista de produtos Adilson Victorino apre-


sentou, além dos já conhecidos VTX V20 e Vertec VT4888, da JBL, a
grande novidade da marca: o line array Vertline, indicado para aplicações
que necessitam de bastante pressão sonora e que, como ele listou, “é
composto por falantes de 12”, para graves, de 10”, para médios, e drivers
de guia de ondas de três vias”.

Na Decomac, o destaque ficou a cargo dos sistemas Y, da D&B Audiotech-


nik, nos modelos Y7, Y8 e Y12; dos subs passivos P6, compostos por fa-
lantes de 18 polegadas; dos amplificadores D-10, D-20 D-80, “indicados
para uso em instalações fixas, dentre outras aplicações”, e dos monitores
de palco MAX2, “compostos por falantes de 15” e drivers coaxiais”, se-
gundo o técnico especialista Fabricio Neiva.

Na Staner, as atenções se voltaram para os monitores de palco biam-


plificados Live208M. José Martos, que nos apresentou os produtos,
destacou que estes “são compostos por falantes de 8”, drivers de
titânio de 44 mm e DSPs incorporados, também disponíveis no mo-
delo 208T, com pedestal”. Na Quick Easy, distribuidora dos produtos
Electro-Voice, os produtos que mais brilharam foram os das linhas
ZLX, ELX, EKX e ETX, que já contam com seus próprios subwoofers.

NOVIDADES EM CAbOS, POTÊNCIAS, fALANTES...


Fabricantes e distribuidoras de cabos para microfones e instrumentos
musicais – dentre eles guitarras, baixos e teclados –, empresas como
TiaFlex, Santo Angelo, Dylan do Brasil, Datalink e Tecniforte apresen-
taram, respectivamente, os modelos Instrument Cable 75, Exodus, Sa-
murai, Revolution e True Voice, que têm em comum, de acordo com
seus representantes comerciais, longa durabilidade e, principalmente,
respeito à originalidade das emissões sonoras. A Tecniforte, no entanto,
teve como destaque na feira o Mojo Path – um kit com o qual o usuário
pode customizar seu próprio cabo, de acordo com suas necessidades.

No segmento de falantes para construção de sistemas de sonorização,


a novidade da Eros, que tem Michel Bragato como seu supervisor téc-
nico, ficou a cargo do Hammer 6.5k, “um falante de 3250 watts RMS
para super graves”, e do 358XH, “um falante para médio graves e
médios”, ressaltou o profissional. No departamento de potências para
sistemas de sonorização, o destaque ficou por conta da linha NanoBox,
da Next Pro, que além de apresentar seus amplificadores classe D com
fonte chaveada e 700 watts de potência atuantes em diversas impe-
dâncias, anunciou a ampliação de sua já conhecida linha R Flex.

áudio música e tecnologia | 41


Evento

RELEITURA DE CONTROLADORES E Outras empresas que acertaram em cheio ao expor pro-

MIXERS MODERNOS dutos do gênero foram Ninja Som, inMusic Brands e


Soundix. Na primeira, “os destaques foram os toca-discos

Além de cabos, falantes e potências, chegaram ao pú- T 55 USB, da Stanton”, segundo João Sousa, enquanto
blico itens da linha de controladores e afins. No estande que, na segunda, Andee Anderson apresentou o Numark
da Roland, o DJ Arthur Dazinsk demonstrou os produtos NV, “um controlador com telas de 4,3” para visualização
Aira, que, como bem lembrou, “são versões novas para dos sets”, e as M-Track Plus MKII, “interfaces que gravam
clássicos da marca, como, por exemplo, as drum ma- em 24-bit/96 kHz e contam com duas combo-entradas
chines TR-808 e TR-909”. Na ocasião, Arthur também XLD/1/4 polegadas”, e, na terceira, brilharam os mixers
apresentou o System 1, “um sintetizador que possibili- iRig Mix, “que podem ser lincados com iPhones”, e iRig
ta acrescentar mais sons em seu banco”, e o VT3, “um Pad, “que conta com pads que podem ser usados como
transformador de voz que produz sons robóticos”. bateria eletrônica”, encerrou Darlan Terra. •

Na sequência, as caixas de coluna da All Tech Pro e da FZ Audio, de Fabio Zacarias Datalink e Tiaflex: empresas de cabos
para instrumentos e microfones se
destacam na Expomusic

Michel Bragato e o Hammer, Arthur e o System 1, novo M-Track Plus: interface M-Audio apresentada por
novo falante da Eros sintetizador da Roland Andee Anderson, da inMusic Brands
42 | áudio música e tecnologia Fotos: Marcio Teixeira
áudio música e tecnologia | 43
DESAFIANDO A LÓGICA | André Paixão

ALQUIMIA
NO LOGIC 10.2
Mais recente atualização inclui o
clássico sintetizador Alchemy

C
onforme prometido, nesta coluna vou falar do Al- de hoje em dia não é o mesmo lançado há seis anos. Novos
chemy, um dos grandes projetos de síntese, criado códigos foram acrescentados à fórmula original e o que te-
pela empresa Camel Audio – adquirida pela Apple mos em mãos é uma atualização bem significativa.
no início deste ano –, e sua inclusão certeira no logic 10.2.
Apesar de nunca ter sido usuário do Alchemy, cheguei a
Como você deve imaginar, o Alchemy não é um instrumen- experimentar naquela época. Confesso que vou começar
to virtual qualquer. Tanto não é que a Camel Audio levou a brincar com ele bem mais agora, que o tenho sob minha
quatro anos para desenvolvê-lo, com um time formado por posse. Para aproveitar melhor o espaço, vou reunir aqui as
nada menos do que seis programadores e 25 sound desig- principais diferenças entre o original e o atual.
ners – uma turma que não estava nada de brincadeira na
época em que começaram a botar a mão na massa, cerca Conhecido pela alta capacidade de manipulação de sam-
de dez anos atrás. ples, o Alchemy apresenta uma quantidade absurda de pre-
sets – 3100, somados aos trezentos patches de fábrica do
O lançamento aconteceu por volta de 2009, se não me en- Logic –, organizados e divididos em categorias que vão fa-
gano, e, naquele tempo, para adquiri-lo, era necessário de- cilitar muito a vida dos novos usuários. O ideal, para quem
sembolsar cerca de 250 doletas, sem contar os 60 por cada ainda não tem intimidade, é começar a conhecer esses sons
pacote adicional de sons. Ou seja, hoje em dia, ao pagar aplicando filtros e efeitos. O potencial começa a se fazer
US$ 200 pelo Logic X, você pode se sentir um cara privile- presente nesse instante e foi justamente esse o primeiro
giado não só por ter em mãos uma excelente plataforma de
teste que realizei: criar e salvar um som.
produção musical, como também por saber que o Alchemy

Inicialmente, achei que seria complicado, pois o esquema


de divisão de categorias é tão cristalino que imaginei que
os próprios desenvolvedores dificultariam essa intromissão
por parte do usuário e nos isolariam em “outro planeta”
dentro do disco rígido. Mas, pelo contrário, assim que fiquei
satisfeito com meu som, cliquei no botão “Save As”. Ele me
levou diretamente à pasta do Alchemy onde me deparei
com a subpasta Libraries. Resolvi salvar na raiz da primeira
só para ver no que dava. Imediatamente lá estava meu
patch, solto e sem categoria, porém salvo, como você pode
conferir nas figuras 2.

Mas isso é apenas o começo. Recheado de novos efeitos


relacionados à resíntese (de forma mais específica e com
personalidade, a resíntese no Alchemy consiste em apli-
car efeitos de manipulação e processamento de samples
importados para dentro de sua interface), como Stretch,

Figura 1 – A interface inicial do


Alchemy e seu browser superorganizado

44 | áudio música e tecnologia


Figura 4 – Ao importar um sample, é possível
escolher entre cinco modos de análise

e D) ao lado esquerdo da tela, observa-se a nomenclatura


do formato de onda utilizado, onde é possível ter acesso a
um menu estupidamente – no bom sentido – diversificado,
com vários tipos e formas de onda. É lá que temos acesso
à opção “Import”, o principal caminho a ser tomado se a
opção é trabalhar com samples.

A novidade, nesse caso, é que o Logic preparou todo o


terreno para o usuário e providenciou a compatibilidade
Figuras 2a, 2b e 2c – Salve seus sons sem dor de cabeça
com toda a biblioteca do sampler EXS24, sem contar
e acesse-os através do ótimo browser do Alchemy
com todos os outros sons que acompanham a nova atu-
alização, e, obviamente, os da sua biblioteca particular.
Beating, Spread, Magnet e Auto Pan, o Alchemy 2.0 (sim,
Ao começar a brincar com sons, fica fácil familiarizar-se
ele se encontra sob essa alcunha agora) possibilita que ve-
com a interface do Alchemy.
jamos, através de um espectograma, em tempo real, todas
as alterações produzidas em cima do som em questão em
cinco diferentes modos de análise, como Additive, Spectral, PLAY LIVE!
Add+Spec, Granular e Sampler, cada um com característi-
cas que tornarão seu som único. Outra grande característica do Alchemy, também mui-
to bem aproveitada pelo Logic, é a interface Simple, que,
Que tal meter a mão na massa? Essa é a melhor maneira como o próprio nome já diz, oferece uma visão mais sim-
de aprender. Ao clicar em um dos quatro osciladores (A,B,C plificada do synth, ótima para performances ao vivo, pois
mantém apenas os controles que interessam para este fim.
Um pad composto por oito divisões – apelidadas de “snap-
shots” – é um dos atrativos para manipulação “on the fly”,
pois representam parâmetros peculiares de cada patch es-
colhido ou criado e facilitam uma combinação sonora mais
interessante entre eles.

É possível definir zonas específicas de controle – co-


nhecidas como key switches – para automação via MIDI
pelo menu Octave. Nesse caso, por exemplo, se escolho
a nota C-1 para controlar o snapshot 01, essa tecla não
emitirá som algum, sendo especificamente designada
como controle, assim como as sete seguintes, presen-
tes na mesma oitava/região do seu teclado controlador.
Muitos compositores já fazem uso desse sistema em
orquestrações, por exemplo, utilizando a mão direita

Figura 3 – O espectograma em tempo


real e os efeitos de síntese aditiva

áudio música e tecnologia | 45


DESAFIANDO A LÓGICA

Figura 6 – Simplifique sua vida no palco e torne seu


som mais interessante com a combinação sonora dos
oito snapshots presentes no pad de performance

fICA A DICA
O Logic 10.2 vem com uma nova funcionalidade, especial-
mente para aqueles que, como eu, adoram reverter áudio,
e os pads do Alchemy são ótimos para esse tipo de mani-
pulação, por sinal. Se nas versões anteriores era necessário
Figura 5 – O vasto menu do oscilador C e suas
renderizar a região a ser revertida para, posteriormente,
dezenas de formas de onda opcionais. Logo
aplicar o efeito, agora, na versão mais recente, podemos
acima, no mesmo menu, a opção Import.
aplicar esse recurso de forma não destrutiva, ou seja, o
para tocar melodia ou harmonia e a mão esquerda para arquivo original não sofre alterações. Confira o vídeo em
mudar os “keyswitches”. Essa mudança pode ser menos http://tinyurl.com/desafiando291.

brusca graças ao menu Rate, a partir de compassos pré


definidos, como 5/4, ½ etc.

Apesar de intuitivo em muitos aspectos, o Alchemy oferece


um gigantesco cardápio de atrações. Vale muito a pena se
aprofundar, e, para isso, basta marcar uma consulta com
Dr. Google. Até a próxima! •

ALÉM DISSO...
- Já é possível acessar presets baseados nos sons do Al-
chemy via GarageBand ou a versão completa do synth via
MainStage, o aplicativo criado pela Apple para apresenta-
ções ao vivo. Figura 7 – Uma
- Outra expansão no território do Alchemy é uma sessão de das novidades
geradores de ruídos (Noise) com mais de 13 opções, entre legais do Logic
elas, as mais comuns, white e pink. X 10.2 é a
- Os usuários da versão antiga podem importar seus pre- possibilidade de
sets nessa nova versão. reverter áudio
- A versão para iPad continua disponível na AppStore e sem “danificar”
deve ser ótima para performances ao vivo. o original

André Paixão é compositor e produtor de trilhas sonoras para teatro, TV, publicidade e cinema. Toca nas bandas Lafayette e os Tremendões, Astromash
e Nervoso e os Calmantes.

Mais:
SuperStudio – Estúdio de Produção Musical (superstudio@superstudio.com.br)
Suprasonica – Produtora de jingles publicitários, institucionais etc. (andre@suprasonica.com.br)
Super Discos – Selo digital (superdiscos@superstudio.com.br)
www.superstudio.com.br
www.facebook.com/DesafiandoLogic

46 | áudio música e tecnologia


áudio música e tecnologia | 47
Pro Tools | Daniel Raizer

Curso de
Pro Tools
Aula 6 – Errou? Tente outra vez!


Tente outra vez!” – Essa célebre frase do Raul 1. Visualizando a janela de edição, crie uma pista de
Seixas vem bem a calhar hoje, pois não há nada áudio e renomeie-a para algo elucidativo. “Locução”,
de errado em errar, especialmente durante uma aqui no meu caso.
sessão de gravação em um home studio, pois “her- 2. Verifique a entrada de áudio correta, ative o botão
rar é umano” (boa frase para camiseta). Todo mun- de gravação dessa pista, ajuste a pré-amplificação
do erra ou fica insatisfeito com algum take, mesmo e a monitoração.
que para outros tenha ficado perfeito; e é essa pa- 3. Coloque a sessão para gravar e grave seu sinal
lavrinha que apareceu na sentença acima que quero de áudio.
explorar hoje: take. 4. Pressione a barra de espaço para parar a gravação.

A tradução literal de “take” é tomar, então podería- Vamos analisar duas coisas na figura 1:
mos chamar cada uma daquelas várias tentativas de
gravação de “tomadas”? Podemos. “Passada” tam- A. Na clip list (que fica no canto direito da janela de
bém poderia ser um termo apropriado? Sim. Seria edição) aparece o arquivo “Locução_01”. Isso deve-
“tentativa” a palavra ideal? Pode ser. Que tal take -se ao fato de termos renomeado a pista adequa-
mesmo? Boa, vamos usar o termo em inglês mes- damente.
mo, pois está mais enrraizado.
B. No próprio clipe gravado aparece também o nome
Consideraremos, então, que um take é uma tentativa “Locução_01”. Se no seu não aparece, vá ao menu
de gravação, seja ela bem sucedida ou não. No Pro View > Clip e clique em Name.
Tools esses takes são chamados oficialmente
de clipes, que eram antigamente chamados
de regiões. Consideraremos também que um
ou vários takes precisam ficar em algum lu-
gar para que sejam tocados, e esse lugar no
Pro Tools chama-se playlist, e normalmente
chamamos de pista ou canal. Muito bem, Pro
Tools adentro agora.

Você já aprendeu aqui nesse curso, em aulas


anteriores, que é uma boa ideia renomear
apropriadamente as pistas antes de gravar,
justamente para que os arquivos gerados
(clipes ou takes) recebam o mesmo nome e
fiquem mais fáceis de serem encontrados e
administrados. Portanto, faça isso.

Precisamos de material, então vamos co-


meçar gravando um take.

Fig. 1 – Fazendo exatamente os passos apresentados, o meu


resultado contendo o criativo “testando, um, dois, três” ficou assim

48 | áudio música e tecnologia


é aberta e uma sugestão de nome
de nova playlist é exibida – no
meu caso, “Locução.01”. Aceito-
-a clicando no botão Ok. Isso faz
sumir o clip que estava na pista!
Calma, ele continua existindo, só
que escondido e uma nova playlist
virgem aparece. Quero dizer, uma
pista em branco aparece e esta po-
derá receber uma ou várias novas
gravações, ou, melhor dizendo, ela
poderá receber novos takes e, con-
Fig. 2 – Clip List com dois arquivos prontos para uso sequentemente, novas edições.

Agora clique no clipe que você criou na timeline para Percebeu que bacana? O Pro Tools tem as pistas ofi-
selecioná-lo e delete-o. Ele continua na clip view, certo? ciais nas quais estamos acostumados a trabalhar,
Pressione Return para voltar a playhead ao começo, ati- mas também cada uma destas pode ter subpistas.
ve novamente a gravação da pista e grave outra coisa. Isso nos dá uma flexibilidade enorme para gravar-
mos vários takes e editá-los da forma como quiser-
Quando você parar a gravacão, perceba que na clip list mos, cada um em sua playlist particular, e depois
vai aparecer outro arquivo, dessa vez “Locução_02” temos a chance de escolher qual ficou mais bacana.
aqui, para mim. Desse modo, fica claro que cada take
de arquivo que gravamos já fica com um nome fácil Gravo, então, nessa nova playlist e veja comigo
de entendermos ali mesmo na clip list. Caso precise- que tipo de arquivo aparece na clip list: “Locu-
ção.01_03”, ou seja, o terceito take gerado,só que
mos do arquivo que foi deletado anteriormente, basta
desta vez na playlist de nome Locução.01. Não
arrastá-lo de volta para sua pista natal. Esse é o jeito
obstante, vou novamente à setinha e escolho New
tradicional de usar diferentes takes no Pro Tools, mas
novamente. Agora a sugestão de nova playlist é
há métodos mais interessantes.
Locução.02. Aceito-a, e gravando nesta percebo
que o arquivo criado é do tipo Locução.02_04. Se
Dica – Para colocar o arquivo que está sendo ar-
eu gravar outro arquivo nessa playlist, ele será o
rastado da clip list no exato local onde foi criado,
Locução.02_05. Confira lá na clip list.
faça assim:

1. Ative o Modo Spot


2. Arraste o arquivo da clip list para a
sua antiga pista
3. Na janela Spot Dialog que se abre,
clique no triangulozinho apontando para
cima bem ao lado do número que apare-
ce na mesma horizontal da opção Origi-
nal Time Stamp. Esse número pula para
a caixa Start e é exatamente o local no
qual o arquivo foi gerado. Clique em Ok.

Ainda na Edit Window, mantenha esse


segundo clip na Timeline e perceba
que ao lado do nome da sua pista há
uma pequena setinha triangular. Cli-
que nela. No menu flutuante, escolha
a opção New. Uma janela sem nome
Fig. 3 – Playlist virgem. Até você resolver gravar algo nela.

áudio música e tecnologia | 49


Pro Tools

sadas. Dessa forma dá para criar versões


alternativas que tocam simultanteamen-
te em pistas irmãs...Agora você sacou o
porquê da opção Duplicate no menu das
playlists, certo?

E não ficamos por aqui ainda. Você pode usar


essas funcionalidades todas para criar um
take perfeito de forma muito rápida. Muito
útil para criar o solo perfeito, por exemplo.

Antes de tudo, vá ao menu Preferences e


clique na guia Operations. Na caixa Record,
clique na opção Automatically Create New
Playlists When Loop Recording. Adivinha o que
Fig. 4 – Teste de vista cansada: ache o isso quer dizer e faz? Isso mesmo: ao gravar
arquivo Locução.02_05 na clip list em loop cada passada (ou take), cria-se automatica-
mente uma nova playlist. Bora fazer isso, então:
Ao clicar na setinha ao lado do nome da pista, pode-
mos escolher, no menu flutuante, qual playlist que- 1. Crie uma pista de gravação. Renomeie-a. Clique
remos ver em determinada pista, bastando clicar em com o botão direito sobre o botão de gravação da
seu nome. As demais ficam ocultas. sessão e escolha a opção Loop.
2. Na janela de edição, mude a visualização da pista
Agora a parte realmente interessante dessa his- de Waveform para Playlists clicando na caixa que
tória. Crie uma nova pista de áudio. Clique na fica abaixo dos botões de armação para gravação,
setinha que jaz ao lado do seu nome e, no menu monitoração, Mute e Solo.
flutuante que já conhecemos, perceba que há um 3. Ative o modo Dynamic Transport do menu Option,
novo item: Other Playlists. Clique neste e per- selecione um trecho na Timeline e clique na régua
ceba que todas as playlists da sessão que não um pouco antes da seleção feita para colocar ali a
estão em uso em outras pistas podem ser aces- playhead. Caso contrário, a gravação começa ime-

Fig. 5 – Playlists organizadas na Fig 6 – Automatically Create New Playlists When


parte inferior da janela flutuante Loop Recording: crie automaticamente novas
playlists quando estiver em modo de gravação
50 | áudio música e tecnologia contínua. Eita preferência comprida...
Fig 7 – Playlist editada, que beleza! Para não
parecer um solo Frankenstein, selecione tudo e use
a ferramenta Consolidate Clip do menu Edit.

diatamente e perde-se o começo.


4. Ponha para gravar e toque seu solo várias vezes, conforme vai
loopando, e pare.

Você vai ver que as playlists de cada take se abrem automaticamente


abaixo da principal. Nesse cenário há uma regra: somente toca o que
estiver na Playlist Master (a de cima). A Playlist Master é a que manda,
mas você pode ouvir o conteúdo das playlists secundárias (que estão
abaixo) simplesmente clicando o botão solo destas e dando play.

Agora note que cada playlist do mundo inferior tem um botão com
uma pequena seta virada para cima. Esse é o botão de promoção
e funciona da seguinte maneira: selecione um trecho que você
gosta em uma playlist secundária e clique seu botão de promoção;
voilá – o trecho pula para a Playlist Master. Faça isso para todos os
trechos de qualquer playlist que julgar interessante. Dessa forma
você pode montar aquele take perfeito.

Atenção: para gravar três takes em loop, por exemplo, você tem
que deixar a gravação completar o terceiro loop, pois somente vol-
tas inteiras são mantidas pelo Pro Tools. A última, que ficou pela
metade, é descartada, mesmo contendo material gravado.

Ficamos por aqui? Desta vez, sim, mas não se esqueça: se errar,
você é humano, então tente outra vez! Só que, desta vez, do jeito
mais legal.

Abração e até a próxima! •

Daniel Raizer é músico, especialista em tecnologia musical e autor do livro Como


fazer música com o Pro Tools, lançado pela editora Música e Tecnologia (em se-
gunda edição), e do blog www.danielraizer.blogspot.com.br. Trabalhou no estúdio
do Belchior como técnico principal, na Quanta Brasil como especialista de produ-
tos e na Loudness Sonorização como gestor de Marketing e de Contas de AV Pro.
Atualmente dedica-se à música, aos seus trabalhos artísticos, aos seus clientes e
seguidores virtuais e ministra cursos na conceituada escola AIMEC.
áudio música e tecnologia | 51
MIXAGEM | Fábio Henriques

MIXAGEM
SEM SEGREDOS (Parte 8)
Amplitudes e volumes
C
ontinuando o fluxo normal de nosso assunto, Por mais complexa que seja a combinação de fontes
vamos hoje dar uma olhada na importância sonoras (por exemplo, uma grande orquestra tocan-
que as amplitudes e volumes possuem nas do na caçamba de um caminhão que está preso num
mixagens. engarrafamento por causa de uma obra na rua), aos
nossos ouvidos chega apenas uma onda, que é a
AMPLITUDE soma vetorial de todas essas ondas geradas por es-
sas fontes diversas.
Tomemos uma onda sonora se propagando em um
meio físico. Por exemplo, o ar. A amplitude dessa Assim, se a cada instante de tempo anotamos a am-
onda é o parâmetro que indica o quanto de variação plitude que chega aos nossos tímpanos, estaremos
de pressão está envolvida. Em seu correspondente descrevendo perfeitamente o comportamento dessa
elétrico, a amplitude de um sinal de áudio indica a onda extremamente complexa. É assim que o áudio
sua máxima variação de tensão elétrica (voltagem). digital funciona, como veremos mais à frente.
Tomando como base uma senoide, de acordo com a
figura 1, podemos ter a amplitude de pico (1), que é O problema está no “a cada instante de tempo”.
a diferença entre o valor máximo da onda e o ponto Como o tempo é uma variável contínua (dentro
de zero; e a amplitude pico-a-pico (2), que é a dife- dos limites seguros da mecânica newtoniana, onde
rença entre os valores máximo e mínimo. prudentemente nos manteremos), para represen-
tar esta onda de forma absolutamente verdadeira
A amplitude indicada em (3) refere-se ao valor efi- seriam necessárias infinitas medidas. Todo o áudio
caz da senoide. Ela indica quanto deveria ter de am- digital se baseia em fundamentos que garantem
plitude um valor constante de tensão elétrica que que existe um intervalo mínimo, a partir do qual é
dissipasse a mesma potência que essa senoide. Este desnecessário medir as amplitudes, se o objetivo é
valor também é chamado de valor RMS (root mean registrar sons para seres humanos.
square – raiz média quadrática), e no caso da senoi-
de é dado pelo valor da amplitude de pico dividido Além disso, para sermos perfeitamente precisos,
pela raiz quadrada de 2 (que vale 1,414). Isso, em deveríamos ser capazes de registrar os valores
termos práticos, é Vrms = 0,707 x Vpico. de amplitude com precisão infinita, e, mais uma
vez, em áudio digital procuramos o maior valor
É claro que, por força de simplificação, estamos aqui de precisão possível que garanta fidelidade a ou-
tratando de uma onda periódica com uma forma vidos humanos.
fácil de trabalhar, que é a senoide.
Em resumo, se formos capazes de anotar ampli-
OS DOIS PARÂMETROS MAIS tudes aos menores intervalos possíveis de tem-
IMPORTANTES po, estaremos capturando todas as informações
perceptíveis de frequência e amplitude, e, con-
Até agora vimos os dois parâmetros que sozinhos sequentemente, estaremos descrevendo perfeita-
possuem o poder de descrever perfeitamente uma mente uma informação sonora, por mais comple-
forma de onda: a sua frequência e a sua amplitude. xa que seja.

52 | áudio música e tecnologia


VOLUME
É preciso se distinguir dois termos muito
parecidos. Amplitude se refere a variação
de tensão de uma dada forma de onda,
e é uma característica inerente a ela. Já
o termo volume, em nosso caso, irá se
referir especificamente à sensação que
uma certa amplitude provoca em um
ser humano. Em inglês temos o termo
equivalente a volume, que é o “loud-
ness”. Uma tradução mais literal do ter-
mo seria “altura”, porém, como já usa-
mos esse termo no caso de frequências, Figura 1
vamos optar por “volume”.

Mas o que será que existe de diferença entre uma in- balho a respeito do loudness e sua definição no
formação sonora em si e o jeito como a percebemos? Journal of the Acoustic Society of America. Neste
É aí que entram os estudos sobre equal loudness. trabalho eles usaram várias pessoas, apresentan-
do a elas um tom de 1 kHz em um dado volume
EQUAL LOUDNESS inicial e depois apresentando outra frequência. A
pessoa então pedia que eles abaixassem ou au-
Em 1933 Fletcher e Munson publicaram seu tra- mentassem o volume para que ficasse igual ao do

áudio música e tecnologia | 53


Mixagem

tom de 1 kHz. O detalhe é que o volume apresen- alto, ao descer o volume é razoável que se ouça
tado inicialmente era o mesmo. menos graves. Por outro lado, se optamos por um
volume de monitoração muito baixo, corremos o
Eles então observaram que, conforme variavam a risco de colocar graves demais na mix. Adiantan-
frequência, o ouvido humano apresentava diferente do uma solução para este problema, que veremos
sensibilidade. Traçaram então um grupo de curvas, mais detidamente quando falarmos de monitora-
onde plotaram o quanto era necessário aumentar ção, é conveniente que estabeleçamos um volu-
ou abaixar o volume para que o ouvinte o perce- me padrão de mixagem, que usaremos na maior
besse como igual a 1 kHz, cada uma para um deter- parte do tempo. A qualquer tempo podemos ve-
minado volume inicial. Posteriormente, em 1956, rificar nossa mixagem em um volume mais alto
Robinson e Dadson fizeram uma revisão dessas que este, observando que a resposta tende a ser
curvas, e, depois de uma combinação de medições mais plana, e mais baixo, observando uma queda
de diversos pesquisadores, o padrão hoje adotado natural dos agudos.
é o ISO 226:2003 (figura 2).
Este efeito da sensibilidade auditiva pode ser ob-
O que podemos observar a partir dessas curvas é servado em músicas que vão diminuindo de volu-
que à medida que descemos a frequência, o ouvido me no final (o que se chama de fade-out). Pode-se
vai tendo cada vez menos sensibilidade, e que quan- observar que os primeiros instrumentos que so-
to mais baixo o volume inicial, maior esse efeito. Por mem à medida que o volume desce são os graves,
outro lado, temos um aumento de sensibilidade por como o baixo, e, por último, somem os que pos-
volta de 3 kHz, que depois vai novamente caindo suem presença significativa por volta dos 3 kHz,

em direção aos agudos. Por exemplo, observando a como a voz, por exemplo.

curva que começa em 50 dB em 1 kHz, será preciso


Uma outra consequência importante das curvas de
subir 18 dB para que 125 Hz soe no mesmo volume.
equal loudness é quando queremos de propósito cha-
mar a atenção com o menor consumo de potência,
Em termos de mixagem, isso afeta de várias ma-
como no caso dos alarmes, que se situam exatamen-
neiras. Primeiro, devemos lembrar que os graves
te na região da maior sensibilidade auditiva. Curiosa-
tendem a aparecer menos nos volumes menores.
mente, o choro dos bebês se enquadra perfeitamente
Assim, se a gente está escutando nossa mixagem
nessa região do espectro, o que, conve-
nhamos, é bem útil para eles.

QUANTO MAIS ALTO,


MELHOR
Uma das máximas em termos de en-
genharia de gravação é aquela que
nos recomenda sempre gravar com
o maior volume (amplitude) possí-
vel. No tempo do áudio analógico, era
importante se gravar alto para que
mantivéssemos uma distância razoá-
vel do chiado da fita e do ruído pró-
prio dos equipamentos. O problema
era tão sério que era praticamente
necessário se usar compressores na
gravação para justamente diminuir as
variações de dinâmica e melhorar a
Figura 2 relação sinal/ruído.

54 | áudio música e tecnologia


Figura 3 – PPM meter

No áudio digital a recomendação é a mesma, mas de áudio. A sua função primordial é nos fornecer
por outro motivo. É sabido que quanto maior o uma ideia de como o sinal está sendo interpretado
número de bits usados para representar o áudio, pelo gravador. Assim, é importante que a respos-
maior a faixa dinâmica. Ou seja, mais bits signifi- ta desse medidor se adeque às características da
cam maior distanciamento do ruído de quantiza- sensibilidade do gravador.
ção (causado pelos erros de arredondamento nas
amostragens). E usar mais bits significa gravar No caso dos gravadores de fita analógica, o medi-
mais alto. Ou seja, quanto maior o nível do si- dor adequado é o que trabalha com VUs (Volume
nal gravado, maior a fidelidade da conversão. O Units). Ele foi desenvolvido em 1939 pela Bell,
áudio digital, porém, apresenta um aspecto im- em conjunto com as redes de rádio NBC e CBS,
portante. Uma vez usados todos os bits possí- sendo adotado como padrão a partir de 1942. Seu
veis, não há mais como representar a amplitude comportamento é similar também à resposta do
do sinal. Qualquer nível mais alto que este irá ouvido humano.
provocar uma saturação no sinal convertido. Ou
seja, o limite máximo deve ser evitado a todo Originalmente é um medidor mecânico, dotado de
custo. Em áudio digital, portanto, devemos tomar uma agulha que, ao defletir, indica o “volume” do si-
cuidado para manter o volume alto, mas nunca nal. Eletromecanicamente, ele é construído de forma
chegar ao topo. que, ao chegar um sinal constante senoidal de 1 kHz,
com uma tensão de 1,228 volt RMS em um carga de
Na gravação analógica este limite superior é mais 600 ohms (+4 dBm), a agulha leva 300 ms para ir de
flexível, porque quando vamos aumentando o ní- seu ponto de repouso até 99% da indicação de 0 VU.
vel do sinal a ser gravado, fica cada vez mais difícil
se magnetizar a fita. Então, próximo à saturação Alguns aspectos importantes devem ser citados. O
vai ocorrendo uma distorção da forma de onda. movimento balístico da agulha acaba diminuindo a
Nas senoides é típico o “arredondamento” de seus influência de picos e vales no sinal, fornecendo uma
picos. Muito da “magia” do som da fita é atribuída leitura mais parecida com o jeito como ouvimos.
justamente a esse overdrive que acontece próxi- Embora com suas vantagens, ele acaba falhando
mo à saturação, embora nem sempre seja aconse- em representar sinais de alta amplitude a curta du-
lhável contar com ele. ração, que podem provocar saturação. Um exemplo
clássico de sinal mal representado pelos VU meters
Resumindo, independentemente do tipo de grava- é o hi-hat da bateria. Além disso, pode-se notar
dor usado, é sempre aconselhável se gravar com o que, por padrão, o valor máximo medido é +3VU,
maior volume possível (sem saturar). tornando-o indicado para mídias que apresentem
pouca faixa dinâmica acima do valor padrão (pouco
MEDINDO VOLUMES headroom), o que é típico da fita analógica.

Neste ponto analisaremos os dois tipos básicos de A vantagem da adoção deste medidor com estas es-
medidores: VU e PPM. O que se espera de medi- pecificações foi a maior compatibilidade entre equi-
dores é que apresentem uma representação visual pamentos. Ao se nivelar um tom de 1 kHz senoidal
da informação de amplitude/volume de um sinal em 0VU, já se espera que eletricamente este valor

áudio música e tecnologia | 55


Mixagem

var com um volume auditivamen-


te baixo para que não houvesse
indicação de saturação no PPM.
Esse é o caso típico dos tambores
de bateria, pois o gravador perce-
be a baquetada em sua plenitude
e nos “força” a captar a resso-
nância com volume menor. Nessa
época, o uso de compressores rá-
pidos na gravação ajudava muito.

Com a chegada da gravação


digital em 24 bits, tornou-se
possível acomodar melhor os
volumes de forma a se poder
Figura 4 – VU meter gravar hoje sem compressores
e eventualmente comprimir o si-
nal numa etapa posterior.
seja sentido como 0VU ao longo da cadeia de equi-
pamentos. Quando as fitas analógicas começaram Muitos profissionais costumam trabalhar usando os
a apresentar maior headroom, foi possível alinhar o dois tipos de medidores ao mesmo tempo, o que for-
nível de magnetização de forma que o ponto de 0VU nece uma monitoração eficiente tanto do volume per-
na entrada do gravador fornecesse mais magnetis- cebido quanto da sensibilização do gravador, e por isso
mo à fita (ao que se denominava “gravar quente”), muitos plug-ins medidores apresentam as duas medi-
possibilitando melhor relação sinal/ruído. das simultâneas. Repare também que no PPM o tempo
de descida da medição é normalmente bem mais lento
Com a chegada do áudio digital, as coisas come- que o de subida, para facilitar a leitura pelo operador.
çaram a mudar. O gravador digital, ao contrário
da fita analógica, consegue responder a variações Os medidores digitais de PPM apresentam como
muito rápidas do sinal de entrada, sendo mais fiel topo da escala o valor 0 dBFS (full scale), somente
a ele. Assim, muitos sinais que não excitavam os possuindo valores negativos no restante da escala.
ponteiros dos VUs acabavam provocando saturação Porém, existem diversas padronizações de volume
nos gravadores digitais. Os medidores mecânicos, em que aparecem valores positivos de medida. Em
então, deixaram de ser adequados. Medidores ele- todos os casos, porém, trata-se apenas de uniformi-
trônicos de pico com indicação luminosa, os PPMs zações de valores de referência.
(Peak Program Meters), passaram a ser usados. Es-
ses medidores respondem rapidamente a variações Como detalhe, da mesma forma que na fita ana-
de amplitude, representando melhor a realidade do lógica, podemos escolher a que ponto no PPM cor-
gravador, mas não necessariamente a realidade per- responde o valor da entrada do equipamento que
cebida pelos ouvidos. Vamos estudá-los resumida- forneceria 0VU de medida. Por default, é comum
mente aqui, para não perdermos o foco. que os equipamentos digitais trabalhem com um
headroom de 18 dB. Ou seja, para um valor de
Nos tempos do áudio de 16 bits, quando a faixa dinâ- entrada correspondente a 0VU, o PPM apresenta a
mica era menor, muitas vezes éramos obrigados a gra- medida de -18 dB. •

Fábio Henriques é engenheiro eletrônico e de gravação e autor dos Guias de Mixagem 1, 2 e 3, lançados pela editora Música &
Tecnologia. É responsável pelos produtos da gravadora Canção Nova, onde atua como engenheiro de gravação e mixagem e produtor
musical. Visite www.facebook.com/GuiaDeMixagem, um espaço para comentários e discussões a respeito de mixagens, áudio e
música. Comente este artigo em www.facebook.com/GuiaDeMixagem.

56 | áudio música e tecnologia


áudio música e tecnologia | 57
FAzENDO MúSICA NO ESTúDIO | Rodrigo de Castro Lopes

O PENSAMENTO
MUSICAL NA MIXAGEM
A ordem de abertura dos canais

O
trabalho do engenheiro de áudio cos- volvimento com a música que toca: ele pode
tuma ser visto como um trabalho téc- tentar ser só um narrador invisível e eficiente,
nico. Ele é o cara que sabe mexer no buscando reproduzir de forma perfeita as ideias
equipamento e que faz a gravação acontecer e originais do autor; ou pode ser um adaptador
existir. Comparando com uma situação seme- ou tradutor, tentando tornar a música mais
lhante, podemos dizer que o músico também compreensível para o público de outra época ou
é o cara que sabe tocar o instrumento e dar região. Em casos extremos, pode até ser um
vida às notas escritas pelo compositor. Na for- recriador, usando a obra como ponto de partida
ma como vejo, o intérprete é um mediador en- para ideias musicais novas.
tre o compositor e o público, e o engenheiro é
também um mediador, mas entre o intérprete O engenheiro de mixagem também pode ter
e o público. Os dois narram uma história que esses tipos de relação com a gravação. Afinal,
foi originalmente criada por outra pessoa. O ele também é um narrador, apresentando ao
público não teria acesso a nenhuma das duas público a interpretação do músico. O filtro do
histórias se não fosse pelos mediadores. engenheiro de áudio pode colorir a obra com
diversos matizes, assim como o intérprete ine-
O intérprete pode ter diferentes tipos de en- vitavelmente colore a composição. Em minha

58 | áudio música e tecnologia


opinião, uma diferença crucial entre a formação nizar os sons na mixagem é um pouco como
do músico e a do engenheiro de áudio é que o guardar malas ou objetos em um baú ou no
músico desenvolve, junto com o lado técnico, porta-malas de um carro. O bom senso diz que
uma elaboração do discurso musical – e ele tem a gente guardaria primeiro os maiores objeto
toda uma literatura e didática preparadas para e depois organizaria os menores nos espaços
isso. Já o engenheiro de mixagem costuma fo- que restassem. É uma prática comum começar
car a sua formação na engenharia e na parte a mixagem pelo bumbo e pelo baixo, pois são
técnica dos aparelhos. Quando tem acesso à os sons mais graves do arranjo e os que têm
formação musical, o estudo costuma acontecer mais harmônicos. Seriam os maiores objetos
fora do universo da gravação e mixagem, sem para encaixar na região do espectro coberta
conectar as duas coisas. por nossa audição.

Mas como trazer o pensamento musical para Pensando a mixagem como uma organização
a utilização das ferramentas do estúdio? Essa das frequências, arrumar primeiro as que têm
resposta não é algo esotérico ou distante da mais harmônicos vai dar uma fundação mais
prática diária. sólida para posicionar os outros sons, indo
dos graves para os agudos. Já vi muitas vezes
Um procedimento que é afetado por uma for- o canal da voz ser aberto por último, depois
ma mais musical de pensar é a ordem de aber- da construção estar completa. É claro que o
tura dos canais durante uma mixagem. Orga- processo nunca é tão fragmentado, e há uma

áudio música e tecnologia | 59


Fazendo Música no Estúdio

Se a voz é a referência pra to-


dos os sons do arranjo, ela de-
veria estar presente quando
todos os instrumentos são co-
locados na mixagem. O único
jeito de fazer isso é começando
Como trazer o pensamento musical para a utilização das ferramentas do a mix pela voz e mantendo o
estúdio? Essa resposta não é algo esotérico ou distante da prática diária.
canal da voz aberto durante a
maior parte do trabalho.
alternância dos canais monitorados, mas a or-
ganização seria feita procurando organizar as
Avançando nessa forma de pensar, o segundo
frequências basicamente de baixo para cima.
canal a abrir seria o acompanhamento principal
para a melodia. O arranjo e o estilo vão deter-
Se a gente não pensar a mixagem como a dispo-
sição de frequências em uma faixa de espectro, minar que instrumento é esse, e pode variar em
mas sim como a organização de elementos musi- diferentes momentos da música. Seguindo esse
cais na atenção do ouvinte, vamos pensar de ou- raciocínio, se fosse uma música dançante, talvez
tra forma o equilíbrio, a panoramização e outros o baixo fosse o segundo instrumento para ouvir.
processamentos. Poderia ser o bumbo, no caso de música eletrô-
nica para pista, ou o violão, se o arranjo tivesse
Um elemento tem que dominar a atenção de estilo folk, por exemplo.
quem ouve: a melodia, que é o elemento con-
dutor. Ela pode ser cantada ou tocada por al-
Essas decisões são estéticas, mas embasadas
gum instrumento ou até alternar em momentos
e justificadas com critérios simples e objetivos.
diferentes da música, como nos solos em músi-
cas cantadas. Ela é a referência para posicionar Os princípios musicais podem ser organizados
qualquer som na mix, porque a função de todo e utilizados de forma prática. Por que não levar
o som no arranjo é ser moldura, ou cenário, essa discussão para a formação dos engenhei-
para que ela domine. ros de mixagem? •

Rodrigo Lopes é engenheiro de áudio graduado na Berklee College of Music e bacharel em Música pela Universidade de Bra-
sília. Indicado ao Grammy 2015 na categoria Engenharia de Áudio e ganhador do Prêmio Profissionais da Música 2015 na cate-
goria Engenheiro de Mixagem, trabalhou na Visom, PolyGram, Herbert Richers e Biscoito Fino. Atualmente leciona matérias de
áudio e de música na Faculdade Souza Lima, em São Paulo. Site: www.rodrigodecastrolopes.com.br

60 | áudio música e tecnologia


LUZ NA
MARATONA
Evento de
rádio carioca
ganha projeto
grandioso

EXPOMUSIC 2015 MEDIA COMPOSER


Apesar da crise, mercado Criando sua
segue iluminado primeira montagem
áudio música e tecnologia | 61
 produtos
PAINEL LED SHOW GP 40 GP TRONICS
Apresentado ao público durante a mais recente edição com brilho de

Divulgação
da Expomusic (saiba mais sobre o evento nas próximas 5.500 cd por
páginas do caderno L&C), o painel modular LED Show metro quadra-
GP 40, da GP Tronics, com pitch de 40 mm e LEDs ovais do e densida-
de 5 mm e ângulo de 110/55 graus, oferece às mais de de pixels de
diversas aplicações um design fino e moderno em um 625 por metro
equipamento de fácil montagem. quadrado. Trabalha com software intuitivo e a comuni-
cação é feita por meio de cabo de rede padrão CAT5E.
Cada módulo pesa 5 kg, com cada metro quadrado pe-
sando 16,3 kg. Os módulos medem 960 x 320 x 90 mm, www.gptronics.com.br

TRANSMISSÃO DIRETA NA NOVA CAMCORDER SONY


A Sony apresentou recentemente a PXW-X400, sua conectar diretamente à rede quando não houver rede
nova camcorder de ombro, que chega ao merca- sem fio ou a mesma não oferecer estabilidade. O usuário
do em fevereiro de 2016. O equipamento, que também pode vincular a câmera a um dispositivo móvel,
Divulgação

permite gravar a 60p XAVC, além de controlar remotamente diversas opções de seu
é leve e tem funções que menu. O “botão online” permite a emissão direta de sinais
dispensam o uso de fios, AV aos destinos atribuídos, carregamento automático dos
sendo indicada para no- arquivos proxy ou de alta resolução aos serviços na nu-
ticiários, por exemplo. vem e FTP, além do controle de “liga” e “desliga”, para
transmitir ao vivo enquanto grava.
A partir de sua in-
terface Ethernet, a www.sony.com
camcorder pode se www.sony.com.br

NOVOS MINICONVERSORES AJA


Foi anunciado pela AJA Video Systems o lançamento converte de
no mercado de seus quatro novos modelos de mini- HD-SDI para
conversores – ROI-HDMI, HD10MD4, HB-T-SDI e HD- SDI e vídeo

Divulgação
-R-SDI –, que inserem sinais digitais na produção de composto ou
vídeo e estendem sinais SDI.
componente,
garantindo
Os HB-T-SDI e HB-R-SDI estendem sinais 3G-SDI por
alta qualidade de broadcast durante o processo na con-
meio de cabo Ethernet utilizando o protocolo HDBaseT
e são úteis para eventos ao vivo, instalações fixas, pós- versão, além de também converter sinais 1080p24 ou
-produção e redes. Por sua vez, o ROI-HDMI permite 1080p24sf para 59,94 Hz.
escalonamento em tempo real e saída de vídeo SDI por
meio de saída HDMI do computador. Já o HD10MD4 www.aja.com

GOOGLE APRESENTA O CHROMECAST 2


O Google finalmente apresentou a nova versão do seu ma inteligente, capaz de identificar qual antena está mais
dongle de streaming – o Chromecast 2 –, que conta com perto de onde vem o sinal, sendo esta, então, ativada.
um um design completamen-
Divulgação

te diferente em relação à sua O Chromecast, que agora também conta com a inte-
edição inaugural e oferece gração com games, permitindo que os jogos repro-
melhorias interessantes, duzidos na TV possam ser controlados pelo celular, é
como o suporte ao Wi- compatível com smartphones e tablets Android, iPho-
-Fi 802.11ac. O equi- ne ou iPad, ou sistema Windows e Mac, com acesso
pamento possui três por meio do navegador Chrome.
antenas internas que
trabalham com um siste- www.google.com/chromecast/tv/
em fo c o

MÁQUINAS DE FUMAÇA PLS COM


CERTIFICAÇÃO DO INMETRO
As máquinas de fumaça da PLS, de destaque no mercado nacional, estão
todas devidamente certificadas pelo Inmetro, segundo a própria compa-
nhia, que afirma serem elas as únicas a possuírem tal selo no mercado
nacional. De acordo com a legislação em vigor, todas as máquinas
de fumaça comercializadas no Brasil necessitam seguir as normas
desta portaria, que estabelecem rígidos requisitos de segurança e
proteção de seus usuários. Estas normas visam prevenir aciden-

Divulgação
tes de consumo e proteger os consumidores em relação aos riscos
elétricos, mecânicos, térmicos, fogo e radiação dos aparelhos.

Dentro em breve, o Corpo de Bombeiros deverá condicionar, para a con-


cessão de licenças de funcionamento dos locais que utilizam este tipo de equipamento,
o emprego de máquinas de fumaça certificadas. “As máquinas PLS, distribuídas pela ProShows
em 12 países há nove anos”, além de possuírem a certificação, também são conhecidas “por sua performance, du-
rabilidade, resistência e confiabilidade”, destacou a fabricante, em nota oficial.

500 MIL MICROLÂMPADAS DÃO O TOM


NA DECORAÇÃO DE FIM DE ANO DO
SANTUÁRIO DE APARECIDA
O Santuário Nacional de Aparecida, localizado em Aparecida-SP, inaugurou sua decoração para o fim de ano, o tradicional Natal Ilumi-
nado, no dia 28 de novembro, e o que mais chamou a atenção foi a quantidade de microlâmpadas empregadas na decoração da Basí-
lica. A iluminação leva ainda mais beleza ao Santuário de Aparecida, que em 2015 priorizou a instalação nos seus jardins de entorno.

Foi aplicado um total de cerca de 500 mil mi-


crolâmpadas de LED, e a iluminação pode ser con-
Divulgação

ferida nas árvores naturais do Jardim Norte, nos


canteiros que contornam a Basílica e em forma
de cascatas nos prédios nos anexos oeste e leste.
Também foram implantadas centenas de lâmpadas
estroboscópicas e bastões com efeitos luminosos.

De acordo com a Efeittos, empresa responsável


pelo projeto de iluminação, o estudo compreen-
deu uma intercalação de árvores iluminadas em
cor branco frio, com efeito luminoso na cor branco
morno. O objetivo disso foi suavizar e diferenciar
o resultado final da iluminação, cujo projeto conta
Basílica de Aparecida em foto de arquivo: meio milhão de
com o apoio da Start Engenharia e Eletricidade
lâmpadas na iluminação especial de fim de ano do Santuário
Ltda., Engelmig Transmissão e Distribuição e EDP.

64 | áudio música e tecnologia


áudio música e tecnologia | 65
Capa Rodrigo Sabatinelli

LUZ NA
MARATONA
Evento de rádio carioca ganha projeto grandioso

A
Praça da Apoteose, no Rio de Janeiro, recebeu, no “Durante a pré-produção da primeira edição da Maratona,
dia 15 de novembro, a Maratona da Alegria FM O os organizadores queriam encontrar uma firma que fizesse
Dia, evento promovido por uma das principais rádios som e luz. Então eles consultaram os técnicos dos artistas
do país, que reuniu atrações de peso como Ivete Sangalo, escalados, que sugeriram a Audio Company como apta a
Luan Santana, Sorriso Maroto, Henrique & Juliano, Alexan- assumir esse fornecimento, e, desde então, estamos jun-
dre Pires, Valesca Popozuda e Anitta, entre muitas outras tos”, disse ele, também autor do projeto de luz do festival.
que enriquecem sua programação diária.
PENSADO “PARA O DIA”,
Iluminada pela Audio Company, locadora que fornece equipa- RIDER TAMbÉM bRILhA À NOITE
mentos de som e luz para o evento desde sua primeira edição,
realizada em 2012, a Maratona levou à passarela do samba – Para conceber o mapa de luz do evento, Ygor avaliou mi-
como também é conhecida – cerca de 35 mil pessoas. nuciosamente os riders dos artistas elencados, dos quais
partiu para criar algo, de fato, funcional, capaz de atendê-
A convite de Ygor Rosa, sócio-proprietário da locadora, nos- -los. “Na minha planta, coloquei um pouquinho do que
sa equipe acompanhou de perto um verdadeiro entra e sai de cada um desses caras costuma utilizar na estrada. O re-
profissionais que, de acordo com o próprio iluminador, são os sultado agradou a todos. Tanto que aprovaram o projeto já
verdadeiros responsáveis pela empresa ser parceira do evento. na primeira troca de e-mails”, disse ele.

66 | áudio música e tecnologia


Léo Lima
Dentro do palco, ao teto, cinco trusses de 20 m, cada, susten- Rodrigo Sabatinelli
taram uma grande quantidade de equipamentos de luz. Na pri-
meira linha, por exemplo, foram dispostos 16 LED Wash 600,
da Robe, que ocuparam toda a extensão da estrutura, e oito
Beam 5R, da American Pro, sendo quatro por lado dela, além
de dez Spot 2500, também da Robe, sendo cinco por lado.

Na segunda, estiveram dez Beam 300, da SGM, distribuí-


dos ao longo do truss; dois estrobos X-5, também da SGM,
sendo um em cada extremidade, e oito PAR LED RGBW, in-
tercaladas com os Beam. Na terceira, mais dez Beam 300;
seis Beam 5R; oito PAR LED, intercaladas aos Beam 300 e
5R, e quatro estrobo X-5, sendo dois por lado do truss.

Na quarta, dez Beam 2500, sendo cinco por lado; seis Beam
5R, ao centro do truss, entre os 2500; oito PAR LED e três
estrobos X-5, sendo um ao centro e os demais aos seus la-
Ygor Rosa foi quem assinou o rider do festival
áudio música e tecnologia | 67
Rodrigo Sabatinelli
Capa

dos. E, por fim, na quarta linha, “Com esse setup, conseguimos


nove Beam 2500, sendo cinco fazer com que o conceito de ilu-
ao centro e dois a cada uma minação dos artistas não ficasse
de suas laterais; dez Beam 5R, somente no palco e se estendesse
sendo cinco por lado do truss, ao público. Visualmente falando,
oito PAR LED, sendo quatro por o show de luzes ocorria em todo
lado, e um X-5, ao centro. o ambiente, ou seja, por toda a
Praça da Apoteose”, explicou Ygor.
Nas laterais, também em es-
truturas suspensas, estiveram “PRÉVIA” NA SALA
mais 16 LED Wash 300, da SGM,
DE PROGRAMAÇÃO
e 12 Beam 5R. Distribuídos em
oito trusses, sendo quatro por
E “ATAQUE” NA
lado, esses aparelhos se encar- hOUSEMIX
regaram de fechar a caixa cêni-
ca, que teve, ainda, no chão, 12 Os iluminadores dos artistas que
ribaltas de LED, da SGM. No detalhe, aparelhos usados participaram do evento tiveram, à
na iluminação da maratona sua disposição, na housemix, um
De acordo com Ygor, a opção console grandMA2 Full Size, com
por grande parte dos equipa- o qual operaram seus shows, e
mentos escolhidos para o rider se deu em função de duas uma grandMA2 Ultra Light. No entanto, antes de “atacarem”
coisas: o uso de um grandioso painel de LED, localizado na Passarela do Samba, eles passaram rapidamente pela sala
ao fundo do palco, e pelo fato de 50% do evento ocorrer de programação, onde puderam conferir seus shows, utilizan-
à luz do dia. “Por conta dessas questões – os LEDs e a luz do, para isso, o software 3D da própria MA Lighting, além de
do dia –, precisei trabalhar com equipamentos de muita uma grandMA2 Light e uma Dot2, novo sistema da fabricante.
potência, como os Beam 5R, 300 e 2500, que imprimem
muito bem em situações como essa”, disse. “A sala de programação dá um conforto maior aos técnicos,
que podem checar seus shows enquanto outros artistas se
LUZ DE PLATEIA apresentam. Como a nossa era totalmente integrada à house
e demais ambientes, esses iluminadores poderiam, inclusive,
INTEGRADA COM O PALCO
operar seus shows de lá de dentro ou mesmo do palco, se pre-
ferissem”, contou Ygor, que teve o suporte do também lighting
Um dos diferenciais desta edição da maratona, em comparação
designer Abilinho MA e Edu, dois profissionais que represen-
com as edições anteriores, foi a luz de plateia, algo que, desde
taram a MA, que é representada no Brasil por Daniel Ridano.
o ano passado, vinha sendo pensado por Ygor a partir de uma
solicitação feita por membros da organização do evento.
Iluminador de Ivete Sangalo e proprietário da Luzbel, maior
locadora de luz do Nordeste, Junior Luzbel, que passou pelo
“Havia um desejo de que a plateia fosse iluminada de
modo diferente. Notavelmente, era vontade da organi-
Rodrigo Sabatinelli

zação que a luz interagisse com as pessoas durante os


shows e em seus intervalos. E foi pensando nisso, na
necessidade de compor uma unidade entre palco, pis-
ta e arquibancadas, que dediquei um setup exclusivo
de equipamentos”, disse Ygor.

Tais equipamentos, aos quais o iluminador se re-


fere, foram dispostos na testeira da caixa cênica
e na house mix. Na testeira, por exemplo, estive-
ram 20 Beam 5R, sendo oito ao centro e seis em
cada lateral – nas estruturas que sustentavam os
PAs –, além de 20 bruttes, sendo cinco de quatro
lâmpadas em cada estrutura lateral externa e dez
de oito lâmpadas na estrutura central. E, na house
mix, estiveram 12 Spot 2500, da Robe; oito Beam
Junior Luzbel (de cinza) pilota a mesa
300, da SGM; 24 PAR LED; 12 estrobos X-5 e oito
durante o show de Ivete Sangalo
bruttes de quatro lâmpadas.

68 | áudio música e tecnologia


SERVINDO ÀS IMAGENS
Além da iluminação, o palco do festival contou, ainda, com um enorme cenário feito de placas de LED, fornecidas pela Faná-
tica Cenografia, empresa que assina projetos para artistas como Sorriso Maroto, dentre outros. Nesse painel, que era frag-
mentado em três partes, foram exibidas imagens pré-produzidas pelos VJs e iluminadores dos artistas que se apresentaram.

Responsável pelo gerenciamento do sistema, Guillermo Herrero, o Guille, lighting designer da cantora Joss Stone, levou ao
festival, dentre outros equipamentos usados no gerenciamento e na distribuição dessas imagens, dois sistemas Catalyst,
“sendo um com dois outputs e outro com três outputs, e um sistema MA onPC Command Wing”, segundo disse.

Rodrigo Sabatinelli

Rodrigo Sabatinelli
Na sequência, Guille e parte dos equipamentos que levou ao festival

áudio música e tecnologia | 69


Capa

Iluminador de Luan Santana, André Luiz Bezerra


Igor Lima Mendes

contou que o fato de a apresentação do cantor ter


sido no final da tarde – quando a luz do dia ainda
“interferia” na iluminação do show – não foi, efetiva-
mente, um problema. Para superar a questão adver-
sa, ele utilizou os aparelhos de maior intensidade,
como os Beam, além dos estrobos e dos bruttes.

“[Show de dia] É sempre um pouco mais complica-


do, pois a luz não imprime tanto, fica tudo meio pá-
lido, mas a gente se vira. Os Beam ajudam muito em
situações como essa, pois têm muita intensidade. E
os estrobos e bruttes, que servem para os ataques,
também fazem bem seu papel, mas, no caso deles,
é preciso tomar cuidado para não passar da conta e
exagerar nos ataques”, explicou. “Eu poderia usar,
ainda, maior volume de fumaça, que recortaria me-
Para conceber o mapa de luz, Ygor avaliou os riders dos lhor as luzes, mas Luan reclamaria. Sendo assim,
artistas elencados e criou algo, de fato, funcional não recorri a ela [fumaça]”, completou.

Iluminador de Anitta, André Vianna foi o único a ir


Rodrigo Sabatinelli

à Apoteose no dia anterior ao evento. Tal neces-


sidade, de acordo com ele, “se deu em razão de o
show da cantora ter muitas cenas, que precisam
estar muito bem integradas às imagens adminis-
tradas pelo VJ Bruno de Carvalho, também inte-
grante da equipe técnica com que viaja o Brasil”,
encerrou. •

Acervo pessoal
André Bezerra ilumina o show de Luan Santana:
“apresentação diurna prejudica o trabalho”, disse o técnico

local, acrescentou: “[Ter uma sala de programação] É de


extrema importância para um festival como esse, principal-
mente pela logística de entra e sai de artistas no palco. No
Festival de Verão, por exemplo, que iluminamos anualmen-
te, temos a nossa e não abrimos mão dela”, disse.

Lighting designer de Alexandre Pires, Leandro Silveira foi


outro que destacou a importância de haver, num festival
com tantas atrações, uma sala de programação. Segun-
do ele, “a correria da estrada nem sempre permite que o
iluminador chegue ao local do evento com antecedência.
Aliás, ele geralmente chega em cima da hora do show, e, André Vianna, iluminador de Anitta, fez um show
nesse caso, ter um ambiente tranquilo, no qual é possível baseado em luzes minuciosamente sincadas
checar as cenas, é algo imprescindível”.

70 | áudio música e tecnologia


áudio música e tecnologia | 71
Eve nt o Rodrigo Sabatinelli

Expomusic 2015
Apesar da crise, mercado segue iluminado

A
lém dos inúmeros equipamentos do segmento de Distribuidora nacional dos produtos Acme e PLS, a ProSho-
áudio profissional, elencados em algumas de nossas ws demonstrou uma grande quantidade de itens, dos quais
páginas anteriores, a Expomusic levou ao público destacaram-se o CM200Z, da Acme, um wash beam bas-
muitas novidades no setor de iluminação, como, por exem- tante veloz, composto por 12 LEDs de 8 watts de potência,
plo, pequenos consoles e aparelhos móveis e estruturas de além da Twister e da Tornado, da PLS, duas ribaltas de LED
grande capacidade de suporte, que, apresentados por em- compostas, respectivamente, por oito e 12 LEDs de 10 wat-
presas como Harman do Brasil, Decomac, ProShows e Star ts, cada, que têm funções como raio e tilt infinitos e são
Lighting, dentre outras, chamaram a atenção de iluminado- indicadas para aplicações indoor.
res e proprietários de locadoras.
Na AH Lights, conhecida por comercializar moving lights
MOVING LIGHTS: DE e lasers, dentre outros produtos, os destaques ficaram a
TRADICIONAIS A CÚBICOS cargo dos aparelhos compactos, nitidamente menores que
os demais da categoria. Apresentados pelo diretor geral
Representante nacional dos produtos Martin, a Harman es- do grupo, Alex Sheng Hu, encabeçaram a lista o LCA030,
teve, em seu estande, com os novos moving lights da mar- “moving com quatro pontos de LED, controláveis de forma
ca, como os Viper, “aparelhos que operam com lâmpadas de individual”; o 2074, “que conta com nove pontos de LED
1.000 watts”; os Quantum, “aparelhos em LED, muito eco- em sua estrutura”, e o 2075, “que conta com 25 desses
nômicos e de alta performance”, e os MAC Viper Performan- pontos”, de acordo com o que disse o próprio executivo.
ce, “que fazem cortes similares aos dos tradicionais refleto-

Fotos: L&C
res elipsoidais”, segundo disse o especialista Miguel Polizel. Outra empresa que também se destacou por demonstrar

Aparelhos Martin: distribuição A Twister, da PLS, esteve entre Aparelhos compactos foram
exclusiva da Harman no Brasil as atrações da ProShows apresentados pela AH Lights

Spark Cube: equipamento mostrou-se Em destaque, alguns itens da linha O consultor Michel Alvarez e a
como inovação aos movings clássicos fabricada pela Star Lighting Division F-5D Fazer: máquina chega ao
Brasil via Decomac
72 | áudio música e tecnologia
áudio música e tecnologia | 73
Eve nt o

Fotos: L&C
Na sequência, Rubens Silva, da CineShop, e parte da linha de fluidos da USA Professional

Módulos de LED GP Tronics, apresentados por Gustavo Fernandes, e


da LED Wave: empresas marcaram presença na Expomusic

moving lights foi a Casa Ceará, na qual foram apresenta-


dos importantes lançamentos da linha, como, por exem-
plo, o Big Eye, moving composto por 18 LEDs rotativos
de 15 watts, cada; o Moving Touch 230, aparelho de 20
canais composto por uma lâmpada Phillips de 230 watts;
o Spider Laser RGB, que pode ser programado via DMX,
e o Spark Cube, cubo composto por seis LEDs, sendo um
por face, que conta com movimentos de pan e tilt.

FABRICANTES NACIONAIS LANÇAM


PAINÉIS E TUBOS DE LED
Além dos expositores de moving lights, marcaram pre-
No detalhe, o piso de alumínio sença na feira empresas que comercializam painéis de
que a Auratec levou à feira LED, como a GP Tronics e a LED Wave. A primeira, sedia-

74 | áudio música e tecnologia


da em Araçatuba, interior de São Paulo, demonstrou os pai- também mostrou os moving lights da Ion Series, da Ameri-
néis de fabricação própria LED Show GP 40 e Bit 32, “que, can Pro, como o 132B, “um aparelho três em um, composto
por serem de baixa resolução, são usados para a produção por uma lâmpada 10R, de 280 watts”, segundo disse.
de efeitos visuais”, destacou o especialista Gustavo Brito. Já
a segunda, sediada nas capitais paulista e goiana, apresen- Atendendo ao mercado de suprimentos, destacaram-se, na fei-
tou os de fabricação chinesa PH 2,0mm, da linha Small Dot ra, empresas como a CineShop e a USA Professional. Dirigida
Pitch, que recebem imagens em 4k e 8k. por Paulo Basso, a CineShop apresentou ao público itens como
as lâmpadas da EletroTerrível para refletores PAR 64 e PAR
E na Star, que, por meio de Marcos Paes, seu diretor de 38, além dos hard cases para câmeras e acessórios da Na-
marketing, mais uma vez apresentou a DMX Hoist, sua talha nuk; gelatinas de correção e filtros da LeeFilters e conectores
elétrica para içagem, o destaque ficou a cargo do Pixel Line, da Marinco, enquanto que a USA Professional, representada
“um tubo contendo diversos LEDs RBG que podem ser aces- por Alejandro Mazzei, demonstrou fluidos especiais das linhas
sados de forma independente, promovendo uma espécie de FX Fluids, “para TV, cinema e teatro”; Disco & DJ, “para casas
iluminação transitória, controlada por uma central que su- noturnas”, e Outdoor Fog Series, “para ambientes ao ar livre”.
porta até 24 metros de tubo com até 521 canais DMX”, disse.
E, por fim, na linha de estruturas, a CM do Brasil apresen-
MÁQUINAS WIRELESS E tou seus motores elétricos para içar equipamentos de so-
ESTRUTURAS ULTRARRESISTENTES norização e iluminação e elementos cenográficos, usados
por artistas como Avril Lavigne e Bon Jovi, dentre outros.
No estande da Decomac, distribuidora dos produtos Antari, A Auratec, por sua vez, apresentou pisos em alumínio
o especialista Michel Juarez apresentou as máquinas SW- como o Mini Stage, “indicado para substituir os tradicio-
250 e F-5D, que, de acordo com ele, “tratam-se de equipa- nais praticáveis em eventos coorporativos, e sistemas
mentos conceituais, que têm funções diferenciadas, como, modulares como o AL60, um Q60 de grande capacidade
por exemplo, o controle via wireless”. Na ocasião, Miguel de suporte”, segundo encerrou Petrônio Junior. •

áudio música e tecnologia | 75


Media Comp o s e r Cristiano Moura

Fundamentos
da edição
Criando sua primeira montagem

N
o artigo anterior naprendemos a criar um projeto e a em duas cores: bo-
organizá-lo em bins e folders. Agora vamos seguir em tões vermelhos ou
frente e conhecer os fundamentos de edição no Avid amarelos (fig. 1).
Media Composer antes de sequer começar a editar. Mais à
frente faremos todo o procedimento em etapas bem definidas. Em funções com a
cor vermelha, o ma-
CONCEITO ESSENCIAL –­ EDIÇÃO terial pode ser edi-

EM TRÊS PONTOS tado, retirado ou


aparado sem alterar
a posição dos clips
O processo de edição em qualquer ferramenta se baseia no con-
vizinhos. Já nas fun-
ceito de edição de três pontos, que se resume ao preceito de que
ções de cor amare- Fig. 2 – Projeto no sistema opera-
toda edição necessita de dois pontos para indicar a duração do
la, os clips vizinhos cional e no Avid Media Composer
material a ser editado e um ponto para indicar a posição.
se deslocam para se
adequar à edição que
Repare que não é mencionado onde estes pontos devem ser
está sendo feita.
feitos. Isto porque a beleza deste processo é justamente ter
esta flexibilidade. Mantenha isso em mente e vamos seguir
É importante, então,
em frente e ver mais detalhes na prática.
ter em mente que
ferramentas amare-
Para fazer marcas dos trechos que quer utilizar, usamos
las podem fazer seu
a letra “i” (de IN) para a entrada e “o” (de OUT) para a
material já editado
saída. Caso não faça as marcas, o Avid Media Composer
sair de posição e per-
vai levar o cursor de posição (azul) como sendo a entrada
der sincronismo.
e o final do clip como saída.

CONCEITO DO CÓDIGO DE CORES ORGANIZA-


NAS FUNÇÕES DE EDIÇÃO ÇÃO DAS
SEQUÊNCIAS
Temos diversas funções de edição, mas todas se resumem
Quando não se tem
uma sequência car- Fig. 3 – Marcas feitas e
regada na timeline e cursor no local de destino
o usuário tenta exe-
cutar uma edição, automaticamente uma nova sequência
é criada. Muito conveniente para os iniciantes, mas ficam
a perguntas... Com que nome? Onde ela está armazena-
da? Como vou encontrá-la mais tarde?

Então, é preferível criar um bin exclusivo para sequên-


cias, e, dentro dele, com o botão direito, acessar a opção
“new sequence”. Além de criar a sequência no local cor-
reto, o usuário pode dar um nome de uma vez e assim
Fig. 1 – Botões de edição
manter tudo sob controle.

76 | áudio música e tecnologia


EXEMPLO 1 – INSERINDO
UMA COBERTURA EM UMA
ENTREVISTA
Fig. 4 – Ferramentas de edição do source para a timeline
Neste primeiro exemplo, temos uma co-
bertura na entrevista na timeline e vamos
inserir um vídeo que ilustra o que o en-
trevistado está falando. Resumidamente,
podemos dividir a edição em três princi-
Fig. 5 – Edição fora de sincronismo pais passos: 1) fazer as marcas, 2 ) acio-
nar as pistas, 3) executar a edição.

VAI EDITAR? PRIMEIRO - Para o passo 1 – Vamos aplicar o conceito da edição de


AVISE O AVID EM QUE PISTA três pontos: carregar o vídeo no source e marcar com
a letra “i” o ponto de entrada e “o” o ponto de saída do
Um dos principais conceitos do Avid Media Composer é exe- trecho desejado, e assim define-se a duração. O tercei-
cutar funções apenas nas pistas que o usuário define. Dife- ro ponto é o local. Para isso, basta colocar o cursor de
rentemente da maioria dos softwares, o Media Composer não posição da timeline no local onde você quer que o vídeo
tenta “decifrar” o que o usuário quer e muito menos toma da entrevista seja cortado e substituído pela imagem de
alguma atitude que não tenha sido programada pelo usuário. cobertura. Não é necessário marcar com a letra “i”, pois,
lembre-se: na ausência de marcas, o Avid já leva em con-
Por exemplo, o usuário pode ter um vídeo que contém sideração como “in” a posição do cursor (fig. 3A).
duas pistas de áudio carregado no Source Monitor, mas
não necessariamente isso quer dizer que ele pretende - Para o passo 2 – Lembre-se de perguntar: o que eu
editar o áudio e o vídeo. O usuário deve, então, primeiro quero editar? Áudio, vídeo ou os dois? E acione as pistas
pensar: “o que eu quero editar? Somente o áudio, so- adequadamente.
mente o vídeo ou tudo?”.

A segunda pergunta a se fazer é com rela-


ção à timeline. Supondo que você tenha uma
sequência com quatro pistas de vídeo. Tam-
bém não espere que o Avid decida por você Fig. 6 – Cobertura colocada corretamente com a função Overwrite
em que pista o material será editado. É o
usuário quem deve ativar a pista em que ele
prefere que o material seja editado.

Muito bem Entendido este conceito, vamos


ver como funciona na prática. Do lado es-
querdo da timeline temos os botões de ati-
vação das pistas (fig. 2). O V1, A1 e A2, da
primeira coluna, representam a mídia carre-
gada no source. O V1, V2, V3, A1, A2, A3,
A4, na segunda coluna, são pistas disponí-
veis na sua timeline. Basta clicar para ativar
as pistas a serem levadas em consideração
na edição.

Na figura 2 estamos com a configuração de


forma a editar apenas o vídeo (V1) que está
no source monitor, e editá-lo na pista V3.
Com estes conceitos esclarecidos, podemos
partir para alguns exemplos de edição. Fig. 7 – Preparação para acrescentar um novo trecho de entrevista

áudio música e tecnologia | 77


Media Comp o s e r

três trechos de entrevista. Temos três momentos


da entrevista já editados, e foi pedido para incluir
um novo clip, que deve ser colocado logo após o
primeiro trecho.

O passo 1 é mantido. Faremos as marcas e posi-


cionaremos o cursor na timeline (fig. 7A). Sobre
a ativação das pistas, desta vez precisamos in-
cluir as pistas V1, A1 e A2 para garantir a edição
tanto do áudio quanto do vídeo (fig. 7B). E, por
último, novamente colocamos o cursor no local de
destino (fig. 7C).

Mas a diferença principal é o passo 3, pois desta


vez queremos incluir um trecho novo sem substi-
tuir nada que está na timeline. Então, neste caso,
vamos usar o botão “Splice-in”, que nada será per-
Fig. 8 – Resultado da edição com o Splice-In
dido. Ele vai inserir o novo trecho e empurrar para a
Neste caso, queremos apenas editar o vídeo de cobertura. O áu- direita todos os clips que já estão na timeline (fig. 8).
dio não me interessa editar, pois gostaria de continuar ouvindo
o entrevistado enquanto o vídeo de cobertura é apresentado. O produtor chegou à conclusão de que a entrevista ficou
grande demais. Vamos cortar uma parte dela. O passo 1
Então, apesar de ter à disposição do lado do Source Monitor as continua parecido, mas desta vez o usuário precisa fazer as
pistas V1, A1 e A2, vou apenas acionar a pista V1. Do lado da marcas na timeline, e não no Source Monitor. Em seguida,
timeline, vou acionar a pista V1 também, pois não me interessa ative as pistas normalmente (fig. 9A).
alterar em nada as pistas de áudio (fig. 3B).
Então, com estes conceitos e os três exemplos, praticamente
- Para o passo 3 – Na janela do Composer temos duas setas, qualquer edição pode ser feita. Basta lembrar do alicerce:
marcar corretamente, acionar pistas e editar levando-se em
que são os botões de edição. O botão amarelo (splice-in) e o
consideração que botões amarelos deslocam material e al-
vermelho (overwrite) (fig. 4).
teram o tamanho da sequência enquanto botões vermelhos
substituem material e não altera, a duração da sequência.
Lembre-se: botões amarelos deslocam o material que está
na timeline, e, neste caso, os vídeos das entrevistas vão sair
Agora é hora de vocês praticarem! Abraços e até a próxima! •
de sincronismo com as pistas de áudio (fig. 5).
Péssima opção neste caso.

O que vamos usar é o Overwrite, que substitui


o material que está na timeline pelo novo ma-
terial editado. Com isso, tudo continua no seu
lugar, e a edição está feita (fig. 6).

EXEMPLO 2 ­– INSERINDO UM
NOVO TRECHO DE ENTREVISTA
Neste exemplo temos uma sequência com Fig. 9 – Se preparando para retirar material da timeline

Cristiano Moura é instrutor certificado pela Avid. Por meio da ProClass, oferece consultoria e treinamentos customizados, além
de lecionar cursos oficiais em Avid Media Composer. Contato: cmoura@proclass.com.br.

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ÍNDICE DE ANUNCIANTES

Produto/Empresa Pág Telefone Home-page/e-mail

AH Lights 63 21 2242-0456 www.ahlights.com.br

Alltech Pro 53 48 3047-3900 www.alltechpro.com.br

Arena 41 71 3346-1717 www.arenaaudio.com.br

Behringer (Proshows) 03 11 4083-2720 www.proshows.com.br

Caderno de Iluminação 71 www.jamiletormann.com/produtos

D&B (Decomac) 4ª capa 11 3333-3174 www.decomac.com.br

DAS Audio 11 11 3333-0764 www.dasaudio.com

Digitech (Harman) 05 0800-514161 www.digitechaudio.com.br

Fatec Tatuí 75 www.vestibularfatec.com.br

Gigplace 51 www.gigplace.com.br

Gobos do Brasil 27 11 4368-8291 www.gobos.com.br

Guia de Microfonação 47 21 2436-1825 www.musitec.com.br/loja

Iatec 57/79 21 2493-9628 www.iatec.com.br

Igap 51 51 3029-4427 www.igaprs.com.br

João Américo 41 71 3394-1510 www.joao-americo.com.br

Konect (Templo dos Instrumentos) 29 21 3657-3005 www.templodosinstrumentos.com.br

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RGX Eduacation 59 21 2025-6793 www.rgxeducation.com

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Templo dos Instrumentos 2ªcapa/01/17/31 21 3657-3005 www.templodosinstrumentos.com.br

Vibrasom 09 11 4393-7900 www.vibrasom.ind.br

Wireconex (Attack) 13 43 2102-0122 www.wireconex.com.br

áudio música e tecnologia | 79


lugar da verdade | Enrico De Paoli

Olha – Sem as mãos!


H
á alguns anos, numa turnê do Djavan, Vale lembrar que todas estas etapas fazem par-
experimentei usar um iPhone como con- te de um alinhamento que já deveria ter sido
trole remoto de um console digital via feito pelo engenheiro de sistema da empresa
wi-fi. Não necessariamente para mixar o show
de som, mas, na prática, nem sempre é bem
todo pelo iPhone, mas durante o soundcheck
assim que acontece. Porém, ainda que esteja-
isso pode ser uma ferramenta impagável. Por
mos trabalhando com uma empresa responsá-
exemplo, posso ligar e desligar o pink noise es-
vel e preparada, o controle do console na palma
tando pertinho do PA, para ouvir cada caixa sem
ter que precisar ficar indo e voltando à mesa. da mão continua sendo uma superferramenta
Se o roteador for um Apple, ainda posso dispa- para ajustes de equalização de ganhos de vias.
rar músicas diretamente do iPhone em wireless E quando começa, de fato, o soundcheck com os
para o Airport, via Airplay. E então posso ajus- músicos no palco, podemos ouvir como a ban-
tar o volume do PA de onde eu preferir estar na da soa em diversos pontos da casa, enquanto à
área da platéia e dali equalizar o mesmo sem distância da house podemos solar, equalizar e
ter que voltar à house mix. comprimir cada canal do console, ouvindo a mix
exatamente do local onde o público vai estar.
Bem, nosso artigo já poderia terminar agora, tama-
nha a utilidade desta ferramenta! Se o sistema de
Se o console não está num local muito adequa-
PA for mais complexo, com diferentes vias cobrindo
do, podemos, ainda, durante o show, passear
áreas específicas do público através de saídas ma-
trix da console, podemos, com o iPhone, controlar pela casa fazendo correções necessárias na mix,
cada volume de cada área, e a equalização delas, e ou até fazer algum retoque na equalização do
o melhor: equalizando cada área estando ali, nelas. PA e volume das vias, enquanto ouvimos a per-
Nada mais óbvio, porém, na maioria das vezes o formance. Hoje em dia, a maioria dos consoles
engenheiro equaliza seu PA da mesa, e não de onde digitais permitem algum tipo de acesso remoto.
o público de fato estará. Se os subwoofers não es- Se você é perfeccionista como o seu público me-
tão integrados no sistema, mas saindo também por
rece, vale a pena investir neste conhecimento.
um matrix da console, ótimo! Podemos novamente
usar o iPhone para chegar nos volumes equilibrados
Outra coisa bacana de se fazer é usar um fone
de reprodução dos mesmos. E, claro, o ajuste fino
com cancelamento de ruídos para mixar um
do delay de cada via, enquanto estamos ou do lado
do microfone de medição de um sistema Smaart, show. Sim, existe um caso específico para este
ou sintonizando o delay de ouvido para chegarmos uso que realmente funciona. Mas guardarei este
ao ponto ideal da “imagem” do sistema, seguindo papo para o mês que vem! Enquanto isso, bons
os princípios do efeito Haas. shows por aí... Perto ou longe da house mix! •

Enrico De Paoli é engenheiro de música. Apaixonado por equipamentos vintage e métodos clássicos de
gravações, interagindo o timbre carismático dos analógicos com as facilidades das infinitas tecnologias
digitais em suas gravações, mixes, masters e shows. Visite www.EnricoDePaoli.com.

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