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Janaína Gabrielle Moreira Campos da Cunha Amarante

CONTABILIDADE

Karla Santos Ribeiro


Contabilidade socioambiental, livro de cunho acadêmico, aborda a importan-
te integração entre a gestão do patrimônio, o meio ambiente e as exigências
relacionadas ao assunto, revelando a missão da contabilidade ambiental ao de-
SOCIOAMBIENTAL
monstrar e evidenciar, de forma clara, o desempenho socioambiental atrelado Janaína Gabrielle M. C. da Cunha Amarante
aos procedimentos contábeis, como um mecanismo propulsor da transparência Karla Regina Santos Ribeiro
às partes interessadas.
Com o perfil direcionado a para gestão contábil apoiada nas preocupações
socioambientais, este livro tem o intuito de preparar o leitor para a atuação
profissional contábil de maneira mais ampla, com base no aprimoramento dos

CONTABILIDADE
SOCIOAMBIENTAL
procedimentos contábeis que atendam às exigências das normativas legais
ambientais, às necessidades, às expectativas e aos anseios da sociedade, de
modo a fortalecer as estratégias organizacionais.

Gestão

Fundação Biblioteca Nacional


ISBN 978-85-387-6376-5
Contabilidade
Socioambiental
Janaína Gabrielle M. C. da Cunha Amarante
Karla Regina Santos Ribeiro

IESDE BRASIL S/A


Curitiba
2017
© 2017 – IESDE Brasil S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer
processo, sem autorização por escrito das autoras e do detentor dos direitos autorais.

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO


SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

A51c Amarante, Janaína Gabrielle M. C. da Cunha


Contabilidade socioambiental / Janaína Gabrielle M. C. da Cunha
Amarante, Karla Regina Santos Ribeiro. - 1. ed. - Curitiba, PR :
IESDE Brasil, 2017.
232 p. : il. ; 21 cm.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-6376-5

1. Contabilidade. I. Ribeiro, Karla Regina Santos. II. Título.


17-45465 CDD: 657
CDU: 657

Direitos desta edição reservados à Fael.


É proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização expressa da Fael.

FAEL

Direção Acadêmica Francisco Carlos Sardo


Coordenação Editorial Raquel Andrade Lorenz
Revisão IESDE
Projeto Gráfico Sandro Niemicz
Capa Vitor Bernardo Backes Lopes
Imagem Capa stockcreations/Shutterstock.com
Arte-Final Evelyn Caroline dos Santos Betim

Todos os direitos reservados.


Produção

IESDE BRASIL S/A.


Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200
Batel – Curitiba – PR
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
Sumário

Carta ao aluno  |  5

1. Noções gerais de meio ambiente  |  7

2. Introdução à contabilidade ambiental  |  27

3. Patrimônio ambiental  |  43

4. Fatos ambientais  |  63

5. EIA/RIMA | 83

6. Balanço Social  |  101

7. Auditoria ambiental  |  125

8. Responsabilidade ambiental  |  143

9. Aspectos econômicos e sociais sobre


exploração ambiental | 163

10. Aspectos tributários ambientais | 177

Gabarito | 195

Referências | 213
Carta ao aluno

Atualmente, os assuntos mais discutidos no âmbito corpo-


rativo perpassam, inevitavelmente, por uma busca de profissionais
preparados para o dinamismo mercadológico, pelo domínio da ges-
tão patrimonial, pela alocação dos recursos e pela operacionaliza-
ção das atividades organizacionais, de forma sistêmica e integrada,
com foco na efetiva responsabilidade socioambiental. Tal interesse
é decorrente das preocupações relativas aos impactos ambientais
Contabilidade socioambiental

gerados pelas atividades empresariais, à redução dos recursos naturais dis-


poníveis e ao crescimento progressivo populacional. Além disso, emerge a
responsabilidade da condução e da avaliação patrimonial, a gestão de registro,
a contabilização e a transparência ligadas aos eventos socioambientais, bem
como as necessárias ações para redução ou eliminação dos impactos gerados
pelo sistema produtivo empresarial.
Sob essa perspectiva, com o perfil direcionado para a gestão contábil
baseada nas preocupações socioambientais, esta obra apresenta a contabili-
dade ambiental, vertente da contabilidade, visando à atuação profissional
contábil de maneira mais ampla, com o aprimoramento dos procedimen-
tos contábeis que atendem às exigências das normativas legais ambientais,
às necessidades, às expectativas e aos anseios da sociedade e, concomitante-
mente, fazendo parte das estratégias organizacionais.
Contabilidade socioambiental, obra de cunho didático-acadêmico, aborda
a importante integração entre a gestão do patrimônio, o meio ambiente e as
exigências relacionadas ao tema, revelando a missão da contabilidade ambien-
tal ao evidenciar, de forma clara, o desempenho socioambiental atrelado aos
procedimentos contábeis, como um mecanismo propulsor da transparência
às partes interessadas.
Com uma leitura facilmente compreensível, esta obra apresenta uma
estrutura lógica sequencial para o entendimento da temática, compreen-
dendo desde o início das noções gerais de meio ambiente e contabilidade
ambiental até os aspectos relativos a registros, legislações, auditorias e tribu-
tações da área.
Boa leitura!

–  6  –
1
Noções gerais de
meio ambiente

Introdução
Neste primeiro capítulo são apresentadas as definições
conceituais de meio ambiente e seus fundamentos introdutórios e
basilares, sob a perspectiva histórica, assim como as legislações e
implicações relacionadas.
Os conhecimentos destacados neste capítulo são impor-
tantes para desenvolver o entendimento do que é meio ambiente,
buscando-se o aprimoramento das habilidades e das ações relativas
à gestão dos recursos naturais.
Contabilidade Socioambiental

1.1 O meio ambiente


Os estímulos aos debates sobre questões ambientais já avançaram mais
de um século. Sobretudo as últimas décadas foram marcadas por discussões
mais resolutas e consistentes, em virtude das preocupações com o crescimento
progressivo populacional e o sistema capitalista de produção.
Em 1987, a população mundial consistia em 5 bilhões de pessoas; em
1999, 6 bilhões; e, atualmente, a população é estimada em mais de 7 bilhões
de indivíduos (ONU BRASIL, 2017), o que tem como consequência natural
o aumento do consumo e o necessário atendimento às demandas sociais.
Desde os primórdios da civilização, os seres humanos utilizam os recur-
sos naturais para sobrevivência. Contudo, a partir do período da Revolução
Industrial (séculos XVIII e XIX), esses recursos passaram a ser explorados de
maneira exaustiva, em decorrência do aumento da oferta de produtos. Isso
se deu devido à adoção de sistemas mecanizados de produção e à utiliza-
ção do vapor como força motriz de engenhos e equipamentos. O sistema de
produção decorrente da Revolução Industrial configurou-se como crescente
e desenfreado e, consequentemente, as indústrias passaram a se apropriar
dos recursos naturais em um ritmo frenético, mais rápido do que o meio
ambiente era capaz de recompor.
De acordo com Vanalle e Santos (2014), o consumo descontrolado dos
recursos naturais e a geração de resíduos e emissões atmosféricas, originados
a partir do século XVIII, desencadearam sérios desequilíbrios ambientais,
intensificados em épocas posteriores. A trajetória da transição da Revolução
Industrial para a revolução tecnológica destacou a relevância da energia elé-
trica, uma vez que todo desenvolvimento está atrelado ao crescimento da
demanda da energia elétrica, bem como dos demais recursos naturais.
Naquele período após a Revolução Industrial, os recursos da natureza
eram considerados, erroneamente, inesgotáveis, e sua exploração desen-
freada desencadeou o início dos problemas ambientais que são vivenciados
até hoje, no século XXI. Segundo Martins e Ribeiro (1995), o pensamento
empresarial no período do desenvolvimento tecnológico e econômico pós-
-Revolução Industrial baseava-se na gratuidade dos recursos, não se dando
importância ao fato de estes serem renováveis ou não. Nessa época não havia

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Noções gerais de meio ambiente

a consciência de que um dia tais recursos poderiam ser escassos, acarretando


problemas futuros, e só se pensava na utilização de recursos naturais em
grandes proporções.
A crescente degradação ambiental resultou em consideráveis impac-
tos, os quais se materializaram em alterações na natureza, como enchentes,
falta d’água e outras inúmeras calamidades derivadas do denominado efeito
estufa. Barsano, Barbosa e Viana (2014) alegam que o desenvolvimento tec-
nológico industrial, a busca descontrolada por riquezas naturais e a ausência
de um planejamento de recuperação ambiental consistem nas principais
origens de um conjunto de repercussões negativas ao meio ambiente, como
grandes catástrofes naturais, poluição extrema e um aquecimento global
como nunca vislumbrado.
Diante da crise ambiental instaurada, muitas discussões são levanta-
das acerca do tema no âmbito do Estado. A sociedade, em geral, passa a
exigir maiores cuidados com o meio ambiente, bem como novas formas
de preservar sua estrutura. De acordo com Kneipp et al. (2012, p. 53), “o
desenvolvimento econômico e tecnológico trouxe reflexos para a sociedade
e para o meio ambiente, criando novas exigências e condicionantes para a
atividade industrial”.
Dessas discussões resultaram vários conceitos e dispositivos legais para
tutelar1 os recursos naturais nos diversos países do globo, cujo denominador
comum se encontra na ideia de um desenvolvimento sustentável, pautado no
dever de manter equilibrado o meio ambiente.
Com a inquietude universal no que se refere ao uso dos recursos natu-
rais de forma saudável e sustentável, a ONU – Organização das Nações
Unidas –, em 1972, convocou, em Estocolmo (Suécia), a Conferência
das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, na qual definiu o meio
ambiente como “conjunto de componentes físicos, químicos, biológicos e
sociais capazes de causar efeitos diretos e indiretos, em um prazo curto ou
longo, sobre os seres vivos e as atividades humanas” (SCHWANKE, 2013,
p. 30). Desde então, existe um movimento mundial para solucionar os pro-
blemas relacionados ao meio ambiente.
1 Proteger, defender.

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Contabilidade Socioambiental

No Brasil, a Lei n. 6.938/81 (BRASIL, 1981) instituiu a Política


Nacional do Meio Ambiente (PNMA) brasileira, objetivando-se a proteção e
a preservação de todos os tipos de vida. Em seguida, no ano de 1988, com a
promulgação da Constituição Federal, o Estado eleva o meio ambiente sadio
à condição de direito de todos os cidadãos.
Segundo a Constituição, o meio ambiente é patrimônio de utilidade
pública. Entre os pontos que resultaram como fruto desse debate legislativo
está o artigo 225, que expressa diretrizes sobre a defesa ambiental e o patrimô-
nio genético, destacando-se: a regularização dos estudos de impactos do meio
ambiente; o zoneamento ambiental; o esclarecimento do poluidor-pagador; a
base da precaução e prevenção como norma organizacional; o conceito de meio
ambiente e do desenvolvimento sustentável; e a elaboração de lei específica para
os crimes ambientais (BRASIL, 1988a).
Em 1992, o Brasil foi protagonista da Conferência das Nações Unidas
sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (Rio 92), no Rio de Janeiro.
Nesse encontro ocorreu a conscientização dos representantes políticos das
nações, bem como uma considerável sensibilização de toda a sociedade.
Também foram elaborados documentos oficiais, dentre os quais se destaca
a Agenda 21 (ONU, 1992), um programa de ação que promove um novo
paradigma de desenvolvimento ambiental, pautado pela ideia de proteção,
justiça e eficiência.
Feita essa contextualização, cabe perguntarmos: O que efetivamente é
meio ambiente?
A PNMA, em seu artigo 3º, inciso I, define o meio ambiente como “o
conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, quí-
mica e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”
(BRASIL, 1981).
Já o Vocabulário Básico de Recursos Naturais e Meio Ambiente (IBGE,
2004) o define como: “conjunto dos agentes físicos, químicos, biológicos e dos
fatores sociais susceptíveis de exercerem um efeito direto ou mesmo indireto,
imediato ou a longo prazo, sobre todos os seres vivos, inclusive o homem” .
Por sua vez, Stein (2017, p. 14) afirma que meio ambiente é o “con-
junto de unidades ecológicas que funcionam como um sistema natural, o

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Noções gerais de meio ambiente

qual inclui vegetação, animais, micro-organismos, solo, rochas, atmosfera e


fenômenos naturais que podem ocorrer em seus limites. Meio ambiente tam-
bém compreende recursos e fenômenos físicos, como ar, água e clima, assim
como energia, radiação, descarga elétrica e magnetismo”.
Quando o legislador promove leis com a finalidade de proteger o meio
ambiente é porque o Estado quer salvaguardar o espaço que abriga todas as
formas de vida. Esse espaço é a consequência de uma interseção de elementos e
recursos bióticos e abióticos, fundamentais para a qualidade de vida. O artigo
3º, inciso V, da PNMA (BRASIL, 1981), define que os recursos ambientais são:
“a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar
territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora”. Logo, a
proteção do meio ambiente se estende à tutela de todo o meio biótico, que são
os seres vivos, e o meio abiótico – como o ar, a água, as rochas –, pois é dessa
integração que resulta a formação do meio ambiente.
Para compreensão da conceituação de bioma, biosfera e ecossistema, Stein
(2017, p.16) explica que
quando há uma extensão de terra com condições bióticas e abióticas
similares, ou seja, as grandes paisagens homogêneas da Terra, tem-se
um bioma, isto é, o conjunto dos seres vivos de uma determinada
área, além de ser entendido também como o conjunto de ecossis-
temas terrestres. É na biosfera que se encontram os biomas, asso-
ciações relativamente homogêneas de plantas, animais e outros seres
vivos, com equilíbrio entre si e com o meio físico. (grifos nossos)

Um exemplo é a Floresta Amazônica, a qual se constitui um bioma com


inúmeros e diferentes ecossistemas.
Outra questão importante revela-se quando pensamos sobre o que espe-
cificamente é considerado um bem que deve ser tutelado pelo Direito. Para
analisarmos tal ideia, é importante voltarmos ao artigo 225 da Constituição
de 1988, que diz: “Todos têm direito a um meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de
vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. Com base nesse dispositivo
constitucional, pode-se verificar que o meio ambiente é um bem protegido
pelo direito pátrio.

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Contabilidade Socioambiental

Para assegurar a efetividade desse direito de todos, cabe ao Poder Público:


I – preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o
manejo ecológico das espécies e ecossistemas;
II – preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético
do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação
de material genético;
III – definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e
seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a altera-
ção e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer
utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifi-
quem sua proteção;
IV – exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade poten-
cialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente,
estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;
V – controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas,
métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade
de vida e o meio ambiente;
VI – promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a
conscientização pública para a preservação do meio ambiente;
VII – proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas
que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção
de espécies ou submetam os animais a crueldade.
(BRASIL, 1988)

Compete destacar que o meio ambiente não é estático e único. Existem


várias formas de ecossistemas que sustentam a manutenção de diversas formas
de vida. Um dano, mesmo que pequeno, pode gerar outros danos em vários
ecossistemas, visto suas inter-relações. O mesmo artigo 225 determina que: “§
3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os
infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, inde-
pendentemente da obrigação de reparar os danos causados”. Nesse contexto,
é importante que seja identificado cada um dos elementos do meio ambiente
e, por consequência, tutelar cada um dos recursos ambientais e suas relações.
Essa análise dos componentes bióticos e abióticos que integram o meio
ambiente configura-se como imprescindível, visto que a proteção não pode

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Noções gerais de meio ambiente

somente levar em consideração os itens que foram alvo do dano, mas toda a
repercussão no equilíbrio ecológico.

1.2 Princípios ambientais


Os princípios ambientais norteiam o entendimento dos dispositivos
legais que envolvem a proteção ao meio ambiente. De acordo com o Direito
Ambiental (RODRIGUES, 2016), alguns princípios devem ser analisados,
dentre os quais se destacam:
22 princípio da ubiquidade;
22 princípio da cooperação entre os povos;
22 princípio do desenvolvimento sustentável;
22 princípio da participação;
22 princípio da informação;
22 princípio da Educação Ambiental;
22 princípio da prevenção;
22 princípio da precaução;
22 princípio da função socioambiental da propriedade;
22 princípio do poluidor-pagador;
22 princípio do usuário-pagador;
22 princípio da responsabilidade ambiental.

1.2.1 Princípio da ubiquidade


Esse princípio traz o entendimento de que o “bem ambiental” não pode
ser visto como algo isolado, com limitações ou mesmo com período determi-
nado. Em suma, esse princípio revela que a conservação do meio ambiente não
pode ser estática, pautada apenas na geografia e no tempo do dano.

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Contabilidade Socioambiental

1.2.2 Princípio da cooperação entre os povos


Um item relevante da ubiquidade é o “princípio da cooperação dos
povos”, cujo conteúdo declara que o meio ambiente não apresenta limitação
geográfica. Assim, por consequência, deve ocorrer a união entre os povos
para a proteção e preservação do meio ambiente. Nessa perspectiva, a criação
de políticas com finalidade específica de cooperação internacional focada na
preservação do meio ambiente e de seu entorno promove suporte para a efe-
tividade dessa cooperação.

1.2.3 Princípio do desenvolvimento sustentável


O princípio do desenvolvimento sustentável está relacionado à ideia
de que todo desenvolvimento econômico necessita de recursos naturais (de
forma indireta ou direta) para a produção de bens. Todavia, os recursos natu-
rais são escassos e, em decorrência disso, a exploração dos bens naturais, sem
nenhum controle, pode comprometer as gerações futuras.
Nesse contexto, o princípio do desenvolvimento sustentável baseia-se
em três pilares primordiais: 1) evitar a produção de bens em excesso e de bens
nocivos ao meio ambiente; 2) conscientizar os consumidores quanto ao uso
de bens nocivos ao meio ambiente; e 3) estimular o uso de tecnologias não
poluentes ou degradantes ao meio ambiente.
Resumidamente, esse princípio tem como finalidade a utilização racio-
nal dos recursos ambientais, sem que haja comprometimento das gerações
futuras quanto à satisfação das suas necessidades.

1.2.4 Princípio da participação


Esse princípio refere-se à participação da sociedade na proteção do meio
ambiente, o qual está postulado no artigo 225 da Constituição de 1988, caput,
impondo a toda a coletividade o “dever de defendê-lo e preservá-lo”. Tal pre-
missa tomou força com a Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento, no ano de 1992, que traz no seu princípio n. 10: “A melhor
maneira de tratar questões ambientais é assegurar a participação, no nível apro-
priado, de todos os cidadãos interessados [...]” (BIBLIOTECA..., 1992). Desse

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Noções gerais de meio ambiente

princípio, derivam dois subprincípios: o da informação ambiental e o da educa-


ção ambiental.

1.2.5 Princípio da informação


O princípio da informação ambiental concebe que a participação da
população nas políticas públicas implica no amplo acesso da sociedade a
todas as informações sobre meio ambiente. Logo, a informação é um instru-
mento fundamental para a defesa e preservação ambiental. A lei n. 6.938/81
(BRASIL, 1981) aponta para a necessidade de as empresas apresentarem
informações e relatórios sobre preservação ambiental, tais como: o Relatório
de Impacto Ambiental (RIMA); o Selo Ruído; o Relatório de Qualidade do
Meio Ambiente, a ser divulgado anualmente pelo Ibama (art. 9º, X, da Lei
n. 6.938/81); a obrigatoriedade de publicação do pedido de licenciamento
ambiental (art. 10º, § 1º) e de avisos publicitários dos males causados à saúde
por produtos, como, por exemplo, o cigarro.

1.2.6 Princípio da educação ambiental


Esse princípio relaciona-se à noção de que o Estado, conforme o artigo
225, § 1º, VI, da Constituição, deve promover a educação ambiental, uma vez
que isso viabiliza a consciência ecológica populacional e, concomitantemente,
busca uma nova postura da sociedade quanto ao uso dos recursos naturais.

1.2.7 Princípios da prevenção e da precaução


Com enfoque específico em evitar a ocorrência da degradação e prejuízos
ambientais, os princípios da prevenção e da precaução constituem a atuação
antecipada, baseada em medidas preventivas. O princípio da prevenção, um
dos princípios seminais do Direito Ambiental, é pautado na antecipação com
foco no afastamento do dano, em sua destituição ou que ele nem mesmo possa
ser produzido (trabalha com o perigo concreto). O princípio da precaução,
por sua vez, atua na incerteza científica do prejuízo, isto é, na gestão dos ris-
cos ou impactos desconhecidos (perigo abstrato). Alguns instrumentos de pre-
caução podem são o Estudo Prévio de Impacto Ambiental e o Licenciamento
Ambiental, os quais serão detalhados posteriormente neste livro.

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Contabilidade Socioambiental

1.2.8 Princípio da função


socioambiental da propriedade
Este princípio evidencia a função social da propriedade, ou seja, mesmo
que uma propriedade seja privada, ela deve se constituir em fator de progresso
e bem-estar de todos. Nesse princípio, a legitimidade de entidade privada
somente é garantida mediante o cumprimento de sua função social.

1.2.9 Princípios do poluidor-pagador


e do usuário-pagador
Os princípios do poluidor-pagador e do usuário-pagador estão direta-
mente relacionados à assunção das responsabilidades das custas pela repa-
ração dos danos causados ao meio ambiente, visto que os valores de produ-
tos/mercadorias advindos dos recursos naturais devem refletir os valores da
manutenção e do recurso escasso.
Toda pessoa que se utilize do bem ambiental assume o dever de preservar
o meio ambiente e, por consequência, deve somar os ônus dessa proteção para
a sociedade.
É importante destacar que o indivíduo que provoca prejuízos ao meio
ambiente não tem o direito de fazê-lo, nem mesmo mediante a reparação
representada pelo pagamento aos danos causados (não existe “permissão para
poluir”). Esses princípios apresentam o caráter de proteção ao meio ambiente
com a imposição da indenização ao ato danoso, e jamais como uma liberação
para poluição a partir de compensação pecuniária.
Na realidade, a preocupação com a prevenção será sempre mais eficaz do
que o pagamento de valores caracterizados como punição (repressão). Por exem-
plo, a preservação de determinada vegetação é muito mais eficaz do que valores
destinados para ações e programas de restauração após eventual desmatamento.
Temos dois tipos de pagadores: o poluidor-pagador e o u
­ suário-pagador.
O primeiro inclui, nos custos dos bens de consumo, os prejuízos com a
degradação do meio ambiente e divide com a sociedade as despesas (tem
como preocupação a qualidade dos recursos ambientais). O segundo imputa
a quem utiliza os bens ambientais o custo por seu uso e, logo, focaliza as

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Noções gerais de meio ambiente

atividades que não poluem o meio ambiente (sua preocupação é voltada para
o volume de recursos na natureza).

1.2.10 Princípio da responsabilidade ambiental


O princípio da responsabilidade ambiental está relacionado à repressão
quando da ocorrência de um dano ambiental. Nesse contexto, quanto mais afe-
tado o meio ambiente, maior deverá ser a responsabilidade do agressor ambiental.
A seguir, são apresentados, de forma sintetizada, os princípios ambien-
tais, com base em Rodrigues (2016):
Quadro 1 – Princípios ambientais.

Princípio Definição
Ubiquidade O bem ambiental não se submete a qualquer fronteira,
seja ela espacial, territorial ou temporal.
Torna-se, então, difícil mensurar a real extensão de qualquer dano
ambiental e, assim, a reparação deve ser a mais ampla possível.
Cooperação Reconhece a necessidade de se estabelecer uma verdadeira
entre os povos política mundial de proteção e preservação do meio
ambiente, com regras menos preocupadas com a soberania
nacional e mais vinculadas às necessidades ambientais.
Desenvolvimento Preconiza que, para o progresso econômico e social, seja
Sustentável mais racional a utilização dos recursos ambientais, de forma a
satisfazer não apenas as necessidades das gerações presentes, mas
também das gerações futuras (solidariedade intergeracional).
Participação É dever de toda a sociedade defender e preservar
o meio ambiente. Por isso, deve ser assegurado à
coletividade o direito de participar ativamente da
tomada de decisões relativas à proteção ambiental.
Informação Justamente para possibilitar sua participação social,
deve ser assegurado aos indivíduos o acesso às
informações relativas à preservação ambiental.
Educação Deve ser promovida, em todos os níveis de ensino e também
de maneira informal, uma educação capaz de conscientizar a
população da necessidade de proteção do meio ambiente.

–  17  –
Contabilidade Socioambiental

Princípio Definição
Poluidor- ​pagador Dado o caráter difuso e esgotável dos bens ambientais,
todos aqueles que sejam responsáveis pela utilização desses
bens em seu proveito (e em detrimento da sociedade)
devem arcar com esse deficit da coletividade.
Esse prejuízo ambiental, quando possível de ser suportado e
trouxer benefícios para a sociedade, deve ser internalizado
por aquele que usa do meio ambiente em seu proveito. Se,
entretanto, não houver a possibilidade dessa internalização,
o produto não pode ser fabricado ou consumido.

Usuário-pagador Busca imputar ao usuário dos recursos ambientais o custo


pela utilização de um bem que a todos pertence.
Diferentemente do poluidor-pagador, incide nos casos
em que há simplesmente o uso do bem ambiental,
ainda que não haja qualquer degradação.
Preocupa-se, assim, mais com a quantidade dos recursos
naturais do que com a sua qualidade (esta, por sua
vez, é objeto das atenções do poluidor​-pagador).

Prevenção Dado o caráter irreversível de qualquer dano ambiental,


sempre que se saiba que uma dada atividade apresenta riscos
de dano ao meio ambiente, ela não poderá ser desenvolvida.
Precaução Visa evitar qualquer risco de dano ambiental, nos
casos em que não há certeza científica sobre a
potencialidade lesiva de um empreendimento.
Inverte-se, com isso, o ônus da prova, cabendo ao
empreendedor demonstrar que a atividade que propõe não
apresente qualquer risco de lesão ao meio ambiente.
Função socioam- O exercício do direito de propriedade não pode
biental da prejudicar a função ecológica dos bens ambientais.
propriedade Afinal, o equilíbrio ecológico a todos pertence.
Assim, sempre que o uso incomum de um bem ambiental
puder prejudicar o uso comum a que faz jus toda a população
e, acima de tudo, seu papel na manutenção do equilíbrio
ecológico, é a função ecológica que deve prevalecer.

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Noções gerais de meio ambiente

Princípio Definição
Responsabilidade Visa reprimir os comportamentos contrários às normas
de proteção ambiental. Para tanto, podem ser aplicadas
concomitantemente sanções nas esferas penal, cível e
administrativa, sem que isso represente qualquer julgamento
repetitivo, já que cada qual possui objeto de tutela específico.
Contudo, por se tratar de instrumento de proteção do
meio ambiente, há certa unidade de fins entre as três
espécies de sanções: todas visam, em última instância, à
reparação do dano ambiental e à educação do infrator.
Fonte: Elaborado pelas autoras, com base em RODRIGUES, 2016, p. 232.

1.3 Dano ou impacto ambiental


O artigo 225 da Constituição Federal de 1988 declara que uma pessoa,
seja ela física ou jurídica, pública ou privada, pode configurar um poluidor e,
por consequência, conforme o § 3º, pode ser responsabilizada civil, penal ou
administrativamente. Por isso a importância de se determinar quem é o polui-
dor, para que a sanção seja imputada coerentemente ao devido responsável.
O entendimento predominante admite que o usuário desse meio
ambiente, ao utilizar esse sistema, pode se tornar um poluidor. Em conso-
nância com o artigo 3º, IV, da Lei n. 6.938/81 (BRASIL, 1981), poluidor é
“a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta
ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental”.
Outro ponto importante é que a responsabilidade pela degradação do
meio ambiente pode ser solidária, ou seja, todos os indivíduos que direta
ou indiretamente causarem danos ao ambiente ecologicamente equilibrado
deverão, juntos, responder pela degradação.
Além disso, os atos que geram danos à natureza provenientes de ações
originárias da própria natureza não serão constituídos como atos de poluidor
(exemplo: queimada por raios). Ressalta-se que um poluidor pode ser uma
pessoa que aja com licitude ou não.
Independentemente de o indivíduo que causou a degradação do meio
ambiente agir com boa ou má-fé, ele será responsabilizado civilmente pelas

– 19 –
Contabilidade Socioambiental

perdas do ambiente ecológico. A responsabilidade penal e administrativa, no


entanto, somente ocorrerá quando o indivíduo agir de má-fé.
Também será responsabilizado aquele que atentar contra o meio
ambiente, considerando-se que este deve ser preservado antes do dano, visto
que, muitas vezes, é impossível retornar ao estado original do ambiente. Logo,
também será considerada poluidora a pessoa física ou jurídica que apresentar
indícios evidentes da tentativa de poluir.
Conforme o art. 3º, III, da PNMA, a poluição consiste em:
[...] degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que
direta ou indiretamente: a) prejudiquem a saúde, a segurança e o
bem-estar da população; b) criem condições adversas às atividades
sociais e econômicas; c) afetem desfavoravelmente a biota; d) afetem
as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e) lancem
matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabe-
lecidos [...]. (BRASIL, 1981)

O conceito de poluição é firmado no caput desse dispositivo (“a degra-


dação da qualidade ambiental”). E as alíneas trazem de forma exemplifica-
tiva, e não taxativa, os efeitos da poluição. Nesse contexto, todas as atividades
realizadas por pessoa jurídica ou física, de forma direta ou indireta, lícita ou
ilícita, que resultam em dano ao meio ambiente são consideradas poluentes
(MOURA, 2007).
O conceito de poluição estabelecido na PNMA (BRASIL, 1981) está
intrinsecamente ligado à noção de dano ambiental, o que se refere à alteração
das características do meio ambiente. Isso porque não existe poluição e polui-
dor sem danos ao meio ambiente.
O dano pode ser gerado como uma consequência, imediata ou não, de
uma conduta lesiva. Por exemplo, uma consequência imediata ocorre quando
há um derramamento de óleo no mar (conduta lesiva), causando danos ao
meio ambiente no momento em que o óleo invade as águas marinhas. Nesse
caso, a conduta é simultânea ao dano gerado ao meio ambiente.
A prática do ato ilícito pode ser considerada um ato de poluição, visto os
princípios da prevenção e da precaução ambiental. Nesses termos, o conceito
de poluição ou de poluidor está vinculado ao ato de contrariedade à legislação,
e o dano será considerado o ato de submeter o meio ambiente ao risco.

–  20  –
Noções gerais de meio ambiente

Em uma situação em que uma empresa submete a população e o meio


ambiente (entorno da empresa) a alguma exposição a riscos, motivada, por exem-
plo, pelos benefícios advindos dos lucros financeiros gerados por sua atividade, é
configurada a obrigação de indenização à sociedade. Desse modo, todos os atos
gerados pela atividade mercantil que venham gerar riscos ao meio ambiente serão
vinculadas à indenização.
Figura 1 – Poluidor e reparação do dano ambiental.

Se há poluidor, é
porque houve
poluição.

Se houve poluição,
há dano ambiental
a ser reparado.

Fonte: Elaborada pelas autoras.


Conforme demonstra a Figura 1, quando houver o poluidor, existe a
obrigatoriedade do reparo do dano ambiental, logo, o dano tem por con-
sequência a responsabilidade civil do indivíduo, o qual deve ressarcir os
prejuízos causados.
Cumpre evidenciarmos que uma lesão ao meio ambiente não pode
ser reparada de forma isolada, a reparação deverá ser coletiva, destinada a
cada pessoa que o dano afetar. Um exemplo recente ocorrido no Brasil foi o
acidente no município de Mariana (MG), em 5 de novembro de 2015, no
qual ocorreu o rompimento de uma barragem da mineradora Samarco. O
rompimento originou uma inundação de lama em todo o distrito de Bento
Rodrigues, resultando na liberação de uma quantidade excessiva de rejeitos
de mineração (60 milhões de metros cúbicos) que, ao secar, transformou-se
em um tipo de “cimento”, devastando toda a vegetação do local. Outra con-
sequência do referido desastre foi o deságue dessa substância no Rio Doce,
causando a morte dos organismos vivos e sérios problemas para a população
local. Cidades do estado de Minas Gerais e do Espírito Santo foram afetadas.

–  21  –
Contabilidade Socioambiental

Com esse exemplo, o qual se configurou como um lamentável desastre


nacional, considerado o maior registrado no país, é possível evidenciarmos
a grave lesão causada ao meio ambiente e, concomitantemente, sua impres-
cindível reparação. As ações de reparação do meio ambiente consistem em
prevenção, educação e a reparação do dano propriamente dito, tanto na esfera
coletiva, quando considerada a limpeza dessas substâncias no meio ambiente,
quanto na esfera individual.
Ao calcular a reparação individual, é necessário identificar todos os indi-
víduos que, de forma direta ou indireta, foram atingidos. Nesse exemplo,
são suscetíveis de indenização os pescadores do Rio Doce, os agricultores do
Distrito de Bento Rodrigues cujos terrenos se tornaram inférteis, os donos de
imóveis destruídos, entre outros que foram comprovadamente prejudicados.
Ademais, de acordo com os noticiários nacionais, além de muitas famílias
desabrigadas, o “mar de lama” provocou o falecimento de 19 pessoas, e as inde-
nizações dos responsabilizados se estenderam aos danos materiais (no formato
de pensão) e danos morais (às famílias, pelas perdas humanas irreparáveis).

Conclusão
As discussões acerca da abordagem ambiental vêm crescendo conside-
ravelmente nos últimos anos. Os primeiros sinais de preocupação com os
efeitos devastadores do crescimento desordenado e cujos processos relegavam
questões ambientais apresentam uma ordem cronológica natural. Tratam-se
das históricas catástrofes ambientais que propulsaram as ações e discussões
acerca do tema, como: o acidente nuclear de Chernobyl, cujo material alta-
mente radioativo foi lançado no ambiente, em 1986, na Ucrânia; o grande
nevoeiro de Londres, em 1952, causado pela queima excessiva de carvão de
má qualidade, causando sérios problemas respiratórios e até mortes; e a con-
taminação da baía de Minamata, no Japão, desde 1930, causada pelo lança-
mento de dejetos contendo mercúrio por uma indústria local, fato que só foi
descoberto em 1956, quando alguns pacientes começaram a ter convulsões,
febre alta e acabaram morrendo, devido à contaminação.
A despeito das ações reparadoras relativas aos desastres supracitados,
como evacuação da população, operações de combate à poluição pelas

–  22  –
Noções gerais de meio ambiente

autoridades, ações de mitigação dos riscos e estudos ambientais, tais eventos,


somados a outros de magnitude semelhante ou superior nos anos de 1980
e 90, promoveram uma nova consciência ambiental, de abrangência global.
As pressões políticas e socioeconômicas mundiais ganharam forças e esti-
mularam novas discussões sobre a temática ambiental, chamando atenção
para novas diretrizes baseadas no reposicionamento dos países e governos em
relação à geração da poluição e às emissões atmosféricas, com o estabeleci-
mento de metas de redução dos impactos ambientais.
Fica evidente que o desenvolvimento sustentável demanda um efetivo
compromisso dos atores sociais envolvidos, principalmente ao se considerar a
necessária sinergia entre o ser humano, a natureza e as atividades econômicas.
Emerge então, nesse contexto, mas sem que essa enunciação seja limitativa,
a responsabilidade ambiental na esfera empresarial, com a incorporação da
gestão socioambiental e o compromisso com as questões inerentes à sustenta-
bilidade, cuja abordagem será aprofundada nos capítulos seguintes desta obra.

Ampliando seus conhecimentos

A situação ambiental da atualidade resulta das más relações


do homem com o meio ambiente, degradando-o e corrom-
pendo os recursos naturais. O texto de Cunha e Suarte
(2017), que apresentamos a seguir, discorre um pouco mais
sobre essa temática.

Conceito de impacto ambiental


(CUNHA; SUARTE, 2017, p. 77-78)

[...]
O conceito de impacto ambiental pode ser buscado na ter-
minologia da palavra, a qual se origina do latim: impactu e
significa choque ou colisão de substâncias nos três estados
físicos da matéria (sólido, líquido e gasoso), de radiações ou

–  23  –
Contabilidade Socioambiental

formas variadas de energia, vindas de obras ou atividades rea-


lizadas com danosas alterações do ambiente natural, artificial,
cultural ou social. Estas mudanças podem ser provocadas por
diversas formas de energia ou matéria resultante de atividades
antrópicas que afetam direta ou indiretamente a saúde, segu-
rança da população, atividades econômicas e sociais, a biota
e a disposição dos recursos do ambiente. (PLANTENBERG,
2002; CUSTÓDIO, 1995; SPADOTTO, 2002).
A visão dos autores acima assemelha-se muito com o que
diz a Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente
(Conama), artigo 1, definindo impacto ambiental como sendo
Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e
biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma
de matéria ou energia resultante das atividades humanas
que, direta ou indiretamente, afetam:
I. A saúde, a segurança e o bem-estar da população;
II. As atividades sociais e econômicas;
III. A biota;
IV. As condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
V. A qualidade dos recursos ambientais.
[...]
Há na literatura visões diferenciadas de impacto ambiental,
bem como opinião de que o homem pode viver em harmo-
nia com o meio ambiente. Assim, Barbosa (2006) ressalta
que os impactos ambientais podem ser de forma positiva ou
negativa, causando degradações significativas do ambiente
ou degradações bem menores não tão significativas, não dei-
xando é claro, de ser impacto ambiental. É notável que o
homem usa os recursos da natureza para a manutenção da pró-
pria vida (sobrevivência) e, como consequência disso, pro-
move o desarranjo ambiental. No entanto algumas atividades

–  24  –
Noções gerais de meio ambiente

podem ser satisfatórias, as quais o homem adapta ao meio


ambiente para atender seus interesses sem causar danos signi-
ficativamente negativos, e se ainda assim houver algum dano,
que este seja compensado.
[...]
O Conceito de Derani (2001) é bem prático e diz que
impacto ambiental é simplesmente a interferência do homem
no meio ambiente. E para que sejam vistos os dois lados
possíveis do impacto (positivo e negativo), com intuito de
ampliação do lado positivo e mitigação dos efeitos contrários,
atingindo assim a homeostase dos reflexos das ações humanas
no meio natural, no meio social e também no meio econô-
mico, a Avaliação de Impacto Ambiental então foi idealizada
e inserida pelos governos como um forte instrumento de polí-
tica ambiental.

Atividades
1. O que é meio ambiente?

2. O acidente decorrente do rompimento da barragem da mineradora Sa-


marco no município de Mariana (MG), em 5 de novembro de 2015,
provocou consideráveis impactos ambientais, os quais se refletem em
todo o entorno da localidade ainda nos dias de hoje. Nesse caso espe-
cífico, é possível realizar uma análise de maneira isolada? Justifique.

3. O princípio do poluidor/usuário-pagador está ligado à ideia de pre-


venção e repressão, visto que os custos das mercadorias advindas do
ambiente devem refletir os valores da manutenção e do recurso es-
casso. Nesse contexto, qual a diferença entre o poluidor-pagador e o
usuário-pagador?

–  25  –
Contabilidade Socioambiental

4. É evidente que as ações humanas resultaram em alterações no meio


ambiente, considerando os aspectos físicos, biológicos e sociais.
O crescimento das indústrias e dos processos produtivos afetou consi-
deravelmente a normalidade da estrutura ambiental. Com base nessa
afirmação, indique três catástrofes ambientais históricas.

–  26  –
2
Introdução à
contabilidade
ambiental

Introdução
O objetivo deste capítulo é proporcionar a compreensão dos
fundamentos essenciais da contabilidade ambiental, com base nos
principais conceitos relacionados à informação ambiental, entre eles,
passivo ambiental, ativo ambiental e fatos contábeis ambientais. Tais
conhecimentos são importantes para desenvolver o entendimento
prático da contabilidade ambiental, observando as diretrizes estabe-
lecidas pelas principais normas contábeis.
A proposta deste capítulo é viabilizar o entendimento dos
procedimentos elementares da contabilidade ambiental e os meca-
nismos de gestão ambiental empresarial, mais especificamente o sis-
tema de gestão ambiental (SGA) e a ISO 14001.
Contabilidade Socioambiental

2.1 Conceito e finalidade da


contabilidade ambiental
As profundas transformações ocorridas na sociedade, ocasionadas por
novos posicionamentos socioambientais e novos estímulos aos debates sobre
questões ambientais, são reflexos das preocupações advindas do crescimento
populacional, do aumento do consumo e, consequentemente, da necessi-
dade de atendimento às demandas relativas às necessidades humanas, sob
a ótica da utilização mais eficiente dos recursos naturais, na perspectiva da
gestão empresarial.
O contexto organizacional sofreu intensas transformações, especial-
mente ao longo das duas últimas décadas. No Brasil, as empresas se viram
obrigadas a adequar-se a uma série de mudanças advindas da abertura de
mercado promovida no início dos anos 1990. Tais mudanças foram pautadas,
sobretudo, na entrada de novos concorrentes, o que modificou as estratégias
organizacionais. A responsabilidade socioambiental emerge nesse período,
trazendo preocupações adicionais em meio à necessidade imediata de cresci-
mento e manutenção em um mercado altamente competitivo.
Detendo-se nessa questão, a responsabilidade ambiental destaca-se como
um assunto em evidência nas últimas décadas, principalmente ao ponderar
que os recursos naturais são finitos.
Em um panorama histórico, em consonância com os autores Guimarães
e Fontoura (2012), os debates relacionados essencialmente ao meio ambiente
recebem maior relevância em 1972, quando a Organização das Nações Unidas
(ONU) promove a Conferência de Estocolmo, evento que suscitou a discus-
são sobre “desenvolvimento e ambiente” e o conceito de ecodesenvolvimento.
Nessa Conferência, projetou-se o PNUMA – Programa das Nações Unidas
para o Meio Ambiente –, cujo objetivo consistiu especificamente na conser-
vação do meio ambiente e na utilização sustentável dos recursos. Em 1983, a
ONU cria a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento
(Unced), a qual, após estudos, desenvolveu estratégias para que as empresas,
a longo prazo, desenvolvam suas atividades econômicas de forma sustentável.
A Conferência de Estocolmo refletiu em tamanha relevância que,
como resposta, o Brasil criou a Secretaria Especial do Meio Ambiente, por

–  28  –
Introdução à contabilidade ambiental

meio do Decreto n. 73.030/73 (BRASIL, 1973). Essa secretaria foi criada


como órgão autônomo da administração direta no âmbito do Ministério do
Interior, orientada para a conservação do meio ambiente e o uso racional dos
recursos naturais.
A despeito de sua originalidade, o que efetivamente consolidou o desen-
volvimento sustentável foi o Relatório da Comissão Brundtland, no ano de
1987, sendo este o documento final da World Commission on Environment
and Development (WCED), reconhecido mundialmente. A partir da publi-
cação desse relatório, o desenvolvimento sustentável passa a ser definido como
“o desenvolvimento que atende às necessidades do presente sem comprome-
ter a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas próprias neces-
sidades” (WCED, 1987, p. 8). Já o World Business Council for Sustainable
Development é uma coligação de empresas internacionais comprometidas
com os três pilares da sustentabilidade: igualdade social, crescimento econô-
mico e ambiental (WBCSD, 2000).
Um marco evidenciado no ano de 1988 foi a criação do IPCC
(Intergovernmental Panel on Climate Change, ou Painel Intergovernamental
sobre Mudanças Climáticas), elaborado pela Organização Meteorológica
Mundial, em Genebra. Pela primeira vez a meteorologia passou a abordar
questões acerca do aquecimento global e da influência dos seres humanos
no clima.
Outro evento estruturado para que as instituições lucrativas se desen-
volvam pautadas na ideia de preservação ambiental foi a Conferência das
Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, que aconteceu
no Brasil, no Rio de Janeiro, em 1992. Essa conferência promoveu a elabo-
ração da já citada Agenda 21 (ONU, 1992), um importante passo para o
desenvolvimento do conceito de sustentabilidade. Sob a perspectiva da con-
tabilidade ambiental, Guimarães e Fontoura (2012) ressaltam que a Agenda
21 traz, como uma de suas diretrizes, o desenvolvimento de um sistema de
contabilização que integra temas sociais, ambientais e econômicos (o tripé da
sustentabilidade), por parte dos países e organismos internacionais.
Não obstante os relevantes eventos descritos acima, para melhor com-
preensão acerca do panorama histórico, a seguir é apresentado um quadro com
a cronologia de eventos importantes relacionados às questões sustentáveis:

–  29  –
Contabilidade Socioambiental

Quadro 1 – Cronologia dos eventos importantes relacionados às


questões sustentáveis.

Século Ano Evento


Século XIX 1869 Proposta por Ernst Haeckel a expressão ecologia para
as pesquisas concernentes à investigação da relação
entre as espécies e seu respectivo ambiente.
1872 Inauguração do “Yellowstone”, nos Estados Unidos.
Século XX 1947 Criação da União Internacional, com o
objetivo de conservar a natureza.

1952 Acidente ambiental provocado pela poluição do ar em


Londres, ocasionando na morte de 1.600 pessoas.
1966 Assembleia Geral da ONU e o Pacto
Internacional sobre os Direitos Humanos.
1972 Conferência de Estocolmo – debates
concernentes ao desenvolvimento e ambiente,
conceituação de ecodesenvolvimento.
1974 Reconhecimento da Educação Ambiental no ensino de forma
integral, no Seminário de Educação Ambiental, na Finlândia.

1975 Congresso de Belgrado – determinação das metas da


Educação Ambiental e suas respectivas premissas. PIEA
– Programa Internacional de Educação Ambiental.
1976 Congresso de Educação Ambiental Brasarville, na África.
1980 Primeira Conferência Asiática sobre Educação
Ambiental, em Nova Delhi, Índia.

1987 Divulgação do Relatório da Comissão


Brundtland, Nosso Futuro Comum.
Congresso Internacional da Unesco – PNUMA sobre
Educação e Formação Ambiental, em Moscou, realiza a
avaliação dos avanços desde Tbilisi, reafirma os princípios de
Educação Ambiental e assinala a importância e necessidade
da pesquisa e da formação em Educação Ambiental.

–  30  –
Introdução à contabilidade ambiental

Século Ano Evento


Século XX 1988 Declaração de Caracas – Orpal – PNUMA, sobre Gestão
Ambiental na América, que denuncia a necessidade de mudar
o modelo de desenvolvimento. Criação do IPCC (Painel
Intergovernamental de Mudanças Climáticas), elaborado
pela Organização Meteorológica Mundial, em Genebra.
1989 Primeiro Seminário sobre Materiais para a Educação
Ambiental – Orleac – Unesco – PIEA, em Santiago do Chile.
Declaração de Haia, preparatório da RIO
92, aponta a importância da cooperação
internacional nas questões ambientais.
1990 Conferência Mundial sobre Ensino para Todos – satisfação das
necessidades básicas de aprendizagem, em Jomtien, Tailândia,
destaca o conceito de analfabetismo ambiental. ONU declara
o ano 1990 como o Ano Internacional do Meio Ambiente.
1992 Conferência sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento,
UNCED, Rio/92 – Criação da Agenda 21.
Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis.
Fórum das ONGs – compromissos da sociedade civil
com a Educação Ambiental e o Meio Ambiente.
Carta Brasileira de Educação Ambiental aponta
as necessidades de capacitação na área.
1993 Congresso Sul-Americano continuidade
da Eco/92 – Argentina, 1993. Conferência
dos Direitos Humanos, em Viena.
1994 Conferência Mundial da População – Cairo, Egito.
I Congresso Ibero-Americano de Educação
Ambiental – Guadalajara, México.
1995 Conferência para o Desenvolvimento
Social – Copenhague, Dinamarca.
Criação de um ambiente econômico-político-social-
cultural e jurídico que permita o desenvolvimento social.
Conferência Mundial da Mulher – Pequim, China.
Conferência Mundial do Clima – Berlim, Alemanha.

–  31  –
Contabilidade Socioambiental

Século Ano Evento


Século XX 1996 Conferência Habitat II – Istambul, Turquia.
1997 II Congresso Ibero-americano de Educação
Ambiental – Guadalajara, México.
Conferência sobre Educação Ambiental Nova Delhi, India.
Conferência Internacional sobre Meio Ambiente
e Sociedade: Educação e Conscientização Pública
para a Sustentabilidade – Thessaloniki, Grécia.
A 3ª Conferência das Partes da Convenção do
Clima – Kyoto, Japão, em dezembro.
1999 Lançada a revista Tópicos en Educación Ambiental,
uma publicação internacional editada no México,
a qual apresenta informações sobre as variadas
vertentes e áreas da educação ambiental.
Século XXI 2000 Lançamento do Pacto Global da ONU, iniciativa que reúne
empresas comprometidas a alinhar operações e estratégias
com dez princípios nas áreas de direitos humanos, condições
de trabalho, meio ambiente e combate à corrupção.
2002 Em dezembro, a Assembleia Geral das Nações Unidas,
durante sua 57ª sessão, estabeleceu a resolução nº 254,
declarando 2005 como o início da Década da Educação para
o Desenvolvimento Sustentável, depositando na Unesco
a responsabilidade pela implementação da iniciativa.
Rio + 10 – Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento
Sustentável (Earth Summit 2002), promovida pela ONU.
2009 15ª Conferência das Partes da Convenção sobre Mudanças
Climáticas (COP-15), realizada em Copenhague, Dinamarca,
apresenta discussões acerca do futuro do planeta.
2012 Rio de Janeiro sedia a Conferência das Nações Unidas
sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20.
Fonte: BRASIL, 2017. Adaptado.
Analisando esses eventos e desdobramentos, fica evidente que toda a
esfera empresarial necessita dispor do legítimo comprometimento com as novas
práticas relacionadas à mitigação da degradação do patrimônio ambiental da

–  32  –
Introdução à contabilidade ambiental

humanidade. Em decorrência disso, não é possível mais gerir os negócios sem


considerar a proteção ao meio ambiente e o equilíbrio ambiental. A importante
integração entre a gestão do patrimônio, o meio ambiente e as exigências mer-
cadológicas revela a missão da contabilidade ambiental ao demonstrar e eviden-
ciar, de forma clara, o desempenho socioambiental atrelado aos procedimentos
contábeis, como um mecanismo propulsor da transparência.
Nesse contexto, verifica-se o imprescindível papel da contabilidade
ambiental. Guimarães e Fontoura (2012) ressaltam que a Agenda 21 tem
como escopo que os países e organismos internacionais desenvolvam um sis-
tema de contabilização que integrem temas sociais, ambientais e econômicos
(tripé da sustentabilidade).
A contabilidade ambiental é configurada como uma vertente da contabili-
dade. Dessa forma, faz-se necessário entender, primeiramente, a definição basi-
lar de contabilidade, para prosseguirmos com os aprofundamentos necessários.
De acordo com o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (BRASIL, 2013), a
contabilidade é uma ciência social cujo objeto de estudo é o patrimônio de uma
instituição. Logo, a contabilidade quantifica e analisa as riquezas, registrando
as mutações/variações patrimoniais, quantitativas e/ou qualitativas, de deter-
minado período (exercício). Pode ser conceituada, também, como um sistema
de informação, cuja finalidade consiste na demonstração e análise financeira de
uma instituição.
Nessa perspectiva, a contabilidade é um instrumento de informação
de que os gestores, de instituições públicas ou privadas, se respaldam com
intuito de gerenciar os recursos empresariais de forma eficaz.
Carvalho (2008, p. 111) define a contabilidade ambiental como:
o destaque dado pela ciência aos registros e evidenciações da entidade
referentes aos fatores relacionados com o meio ambiente. Não se con-
figura em nenhuma nova técnica ou ciência, a exemplo da auditoria
ou da análise de balanços, mas em uma vertente da contabilidade, a
exemplo da contabilidade comercial ou industrial, que estuda fatos
mais específicos de uma determinada área, no caso, a área ambiental.

A contabilidade ambiental tem a atribuição de registrar as informações


pertinentes às operações oriundas ao meio ambiente, no que se refere às
interferências das atividades da empresa no meio ambiente, contabilizando

–  33  –
Contabilidade Socioambiental

os recursos naturais, bem como os gastos e as despesas utilizados para a manu-


tenção e preservação ambiental.
Ribeiro (2006, p. 45) esclarece que o objetivo da contabilidade ambien-
tal consiste em “identificar, mensurar e esclarecer os eventos e transações eco-
nômico-financeiros que estejam relacionados com a proteção, preservação e
recuperação ambiental, ocorridos em um determinado período, visando à
evidenciação da situação patrimonial de uma entidade”.
Assim, a finalidade da contabilidade ambiental é propiciar informações
regulares aos usuários internos e externos acerca dos eventos ambientais que
causaram modificações na situação patrimonial da respectiva entidade, quan-
tificada em moeda. Nesse aspecto, a contabilidade ambiental é responsável
pela emissão dos relatórios necessários ao usuário da informação para o pro-
cesso de tomada de decisão.
A contabilidade ambiental está em constante desenvolvimento em todo
o mundo. Conforme Antonovz (2014), na Dinamarca, desde 1996, a legis-
lação exige a apresentação de relatórios ambientais das empresas que reali-
zam suas atividades e, por consequência, geram impactos ambientais. Em
1999, na Noruega, surge uma lei que direciona a contabilidade e tem como
objetivo, entre outros, o estabelecimento de mecanismos de informação das
empresas sobre a relação de trabalho e os impactos ambientais, sendo que os
principais dados disponibilizados consistem na quantidade de energia elétrica
e matéria-prima utilizadas, bem como os níveis de poluição.
As informações relacionadas ao meio ambiente devem ser objeto tam-
bém da contabilidade. No Brasil, o marco histórico foi a aprovação da NPA
11 – Norma de Auditoria 11, a qual objetivou estabelecer premissas relacio-
nadas ao balanço patrimonial e o meio ambiente. Tal norma foi revogada
quando foi estabelecida a Norma Brasileira de Contabilidade (NBC), deter-
minando a adoção da contabilização dos processos de gestão ambiental, com
o devido registro dos Ativos e Passivos ambientais (BRASIL, 2013).
Cumpre evidenciar que a contabilidade ambiental tem sido modificada
no intuito de alcançar a padronização, ou seja, que as informações e as prá-
ticas contábeis ambientais sejam uniformizadas. Outra norma relevante para
as questões contábeis ambientais é a NBT 15, a qual foi atualizada pela NBC
TE XXX (2012) (BRASIL, 2013).

–  34  –
Introdução à contabilidade ambiental

No que se refere à legislação brasileira, a Lei n. 11.941/2009 (BRASIL,


2009) promove algumas alterações na Lei n. 6.404/1976 (Lei das S/A), pre-
vendo uma nova estrutura de balanço patrimonial, com a inclusão do grupo
intangível para as sociedades de grande porte, bem como as companhias aber-
tas e fechadas.
O artigo 179 da Lei n. 6.404/76, VI, evidencia que as contas do intan-
gível dizem respeito aos “direitos que tenham por objeto bens incorpóreos
destinados à manutenção da companhia ou exercidos com essa finalidade,
inclusive o fundo de comércio adquirido” (BRASIL, 1976). Esse assunto é
disciplinado pelo CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis) 04 – Ativo
Intangível. Outra evolução da contabilidade ambiental refere-se ao CPC 29,
que dispõe sobre o ativo biológico e o produto agrícola, no qual se esta-
belece o reconhecimento do ativo ainda que vivo, até o seu processamento
(BRASIL, 2013).
Somando-se à Lei n. 6.938/81, da Política Nacional do Meio Ambiente
(PNMA) brasileira, e à Constituição Federal, podemos compreender o prin-
cipal conjunto de legislações que norteiam a contabilidade, o meio ambiente
e sua respectiva integração e sinergia.
O objetivo dessa ramificação da contabilidade é detectar, verificar e
esclarecer as mutações patrimoniais e financeiras originadas pelas ações de
preservação e recuperação ambiental, ocorridas em determinado momento.
Além disso, também é objetivo da contabilidade ambiental verificar o cum-
primento da legislação ambiental por parte da empresa, bem como identificar
a evolução da instituição no que se refere à sustentabilidade ambiental.
Ademais, Tinoco e Kraemer (2011, p. 127-128) afirmam que existem três
razões essenciais para a adoção da contabilidade ambiental por parte das empresas:
Gestão interna: está relacionada com uma ativa gestão ambiental e
seu controle, visando reduzir custos e despesas operacionais e melho-
rar a qualidade dos produtos;
Exigências legais: a crescente exigência legal e normativa pode obri-
gar os administradores a controlarem mais seus riscos ambientais, sob
pena de multas e indenizações;
Demanda dos parceiros sociais: a empresa está submetida cada vez
mais a pressões internas e externas. Essas demandas podem ser dos

–  35  –
Contabilidade Socioambiental

clientes, empregados, organizações ecológicas, seguradoras, comuni-


dade local, acionistas, administração pública, bancos, investidores etc.

A informação contábil deve compreender desde o investimento efe-


tuado pela empresa, como é o caso da aquisição de bens de proteção ao meio
ambiente, até os danos causados por sua atividade, ou, ainda, a manutenção
de espaços ecológicos e obrigações contraídas por decisão judicial, por conta
do não cumprimento das determinações estabelecidas na Lei n. 9.605/1998
(BRASIL, 1998), entre outras.
É importante destacar que, em muitos casos, a realização da contabilidade
ambiental se torna uma tarefa árdua, visto o distanciamento entre as informa-
ções de natureza ambiental e as demais informações da empresa, bem como a
classificação das informações contábeis ambientais. Santos (apud BERGAMINI
JÚNIOR, 1999) assevera que existem outras condições que dificultam a reali-
zação da contabilidade ambiental, as quais são elencadas a seguir:
22 Ausência de definição clara de custos ambientais.
22 Dificuldade em calcular um passivo ambiental efetivo.
22 Problemas em determinar a existência de uma obrigação no futuro
por conta de custos passados.
22 Falta de clareza no tratamento dos “ativos de vida longa”, como,
por exemplo, uma usina nuclear.
22 Reduzida transparência com relação aos danos provocados pela
empresa em seus ativos próprios e demais informações relacionadas.

2.2 Sistema de Gestão Ambiental


É evidente que discussões acerca da abordagem ambiental vêm crescendo
consideravelmente, colocando em evidência a ideia de um mundo ecologica-
mente equilibrado. Contudo, a pluralidade de estruturas e direcionamentos
quanto ao modelo de gestão ideal vem provocando debates sobre as vantagens
e os reveses ao se adotar sistemas de gestão, principalmente quando atrelados
às estratégias organizacionais e à ampliação do market share (fatia de mercado).
A gestão ambiental, nesse contexto, consiste na condução gerencial
de uma organização, quanto aos assuntos concernentes ao meio ambiente,

–  36  –
Introdução à contabilidade ambiental

como, por exemplo, a forma com que a empresa gerencia a destinação de seus
resíduos, monitora e analisa suas emissões atmosféricas, realiza o tratamento
de efluentes gerados e demais problemas relacionados à poluição ambiental.
Nessa perspectiva, as empresas são levadas a reexaminar seus processos produ-
tivos e investir em tecnologias menos poluentes ou, ainda, realizar processos
que reaproveitem recursos.
A questão ambiental deve consistir em uma preocupação não somente
da sociedade, mas do âmbito corporativo. Tal afirmação pode ser corroborada
pelo fato de as organizações, de um modo geral, buscarem a melhor gestão
de seus recursos mitigando eventuais impactos ambientais oriundos do seu
processo produtivo.
Ademais, existe uma tendência de inclusão da dimensão ecológica nos
negócios corporativos, visto que ela traz benefícios interessantes, como: redu-
ção de multas e penalidades por danos ambientais; possibilidade de expansão
mercadológica (crescente aumento de consumidores que preferem marcas e
produtos fabricados com base no comprometimento ambiental empresarial);
e preservação da imagem e reputação organizacional. Assim, padronizações
de normas são estabelecidas para efetiva implantação de um sistema de ges-
tão, como abordado a seguir.

2.2.1 International Organization for Standardization


(ISO) – Organização Internacional de Normalização
Ao fim da Segunda Guerra Mundial, autoridades de 25 nações reu-
niram-se em Londres, em 1946, e decidiram pela efetivação de uma orga-
nização internacional de regularização, a qual denominaram International
Organization for Standardization (ISO), que iniciou suas ações em 23 de
fevereiro de 1947 (MARSHALL JUNIOR et al., 2010). A ISO é uma orga-
nização não governamental, localizada em Genebra, na Suíça, constituída por
uma rede de organizações de normalização de 157 países (um membro por
país). A instituição que trabalha no Brasil como representante da ISO é a
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), criada em 1940 e cons-
tituída por 28 comitês por departamento de atividade. Essa instituição tem
como princípio o estímulo ao progresso da ciência, da indústria, do comér-
cio e da tecnologia (HUTCHINS, 1994). O papel da ISO é impulsionar

–  37  –
Contabilidade Socioambiental

o desenvolvimento da regularização, por meio de acordos técnicos globais


veiculados como regras institucionais.

2.2.2 A ISO 14001


A norma NBR ISO 14001 (ABNT, 2004b) visa estabelecer padrões rela-
tivos às atividades organizacionais e à proteção do meio ambiente e especifica
os requisitos para a implementação de um sistema de gestão ambiental (SGA),
de forma estruturada e completa, direcionando a integração e o alcance das
metas ambientais e econômicas, em um processo contínuo de melhorias.
Já em seu princípio, a ISO 14001 esclarece que ela foi elaborada para
se encaixar em todos os padrões e portes de organizações, como também
para se adaptar às diferentes circunstâncias culturais, geográficas e sociais.
A norma habilita uma organização a especificar e avaliar a concretização de
processos para definir uma política ambiental e os objetivos a atingir com
suas conformidades. O principal intuito é estimular a proteção ambiental e
a prevenção da poluição, equilibrando-a com as urgências socioeconômicas
(ABNT, 2004b).
Assim, qualquer organização que intencione conseguir a certificação
ambiental de suas atividades, seus produtos e serviços, deve, antes de qualquer
realização, implantar um sistema de gestão ambiental e, na sequência, pedir o
monitoramento externo de certificação a outra instituição credenciada.
A recente atualização da ISO 14001, atualmente denominada ISO
14001:2015, evidenciou diretrizes associadas: à compreensão específica da
esfera da organização, às demandas e às expectativas dos interessados; à obser-
vação de um ponto de vista de ciclo de vida; ao destaque em uma abordagem
de riscos; à autoridade como função primordial para o atingimento dos obje-
tivos do sistema de gestão; à relevância para o fortalecimento do desempenho
ambiental da instituição, por meio da melhoria constante do sistema de ges-
tão ambiental (FIESP, 2017)
Cumpre evidenciar que, para a efetiva implementação do Sistema de
Gestão Ambiental, é necessário compreender as etapas essenciais desse pro-
cesso. Nesse processo, a ISO 14001 segue os princípios do ciclo PDCA (Plan,
Do, Check, Act), conforme detalhamento a seguir (ABNT, 2015a):

–  38  –
Introdução à contabilidade ambiental

1. Política ambiental – Definição das metas e objetivos ambientais.


2. Planejamento – Formulação de um plano de ação com o intuito
de realizar sua Política Ambiental. Nesse plano devem ser consi-
derados os seguintes itens: 1) Aspectos Ambientais; 2) Requisitos
legais e outros requisitos; 3) Objetivos e metas; 4) Programas de
Gestão Ambiental.
3. Implementação e operação – Para a concreta implementação da
ISO 14001, é importante estabelecer políticas, metas e objetivos.
Os agentes internos, dentro da estrutura organizacional, devem
ser definidos. A disseminação do projeto e constituição periódica
de treinamentos tornam a implementação mais sólida. Outros
pontos imprescindíveis consistem na comunicação e controle
documental. Por fim, a empresa deve se preparar para eventuais
situações emergenciais.
4. Verificação e ação corretiva – A norma ISO 14001 estabelece
que a empresa deve verificar o programa de gestão ambiental,
na prática, e manter medidas de ajustes, visando à mitigação
dos impactos ambientais. A Verificação e Ação Corretiva são
orientadas por quatro etapas do processo de gestão ambiental,
a saber: Monitoramento e Medição, Não conformidade e Ações
Corretivas e Preventivas, Registros e Auditoria do SGA.
5. Análise crítica – Refere-se à etapa seguinte à realização de audi-
toria. Momento em que se identifica as necessidades de alteração
da Política Ambiental para adequações e melhorias.

Conclusão
Diante de um cenário globalizado cada vez mais exigente, as organizações
buscam estratégias para se diferenciar no mercado e consequentemente melho-
rar seus resultados. Considerando a preocupação com o equilíbrio ambien-
tal como um fator preponderante nesse cenário de negócios, a efetiva gestão
ambiental destaca-se como uma ferramenta essencial de interação e atendi-
mento às normativas legais pertinentes, às necessidades, às expectativas e aos
anseios da sociedade, fazendo parte das estratégias organizacionais.
Seguramente, a efetiva avaliação e gestão patrimonial atrelada aos aspectos
ambientais empresariais evidencia a contabilidade ambiental como um meca-
nismo de transparência aos atores sociais, com foco específico no meio ambiente.

–  39  –
Contabilidade Socioambiental

As informações disponibilizadas pela contabilidade ambiental viabilizam segu-


ridade ao processo de tomada de decisão, proporcionam maior eficiência na
gestão de materiais e recursos, redução dos passivos ambientais, redução dos
custos operacionais relacionados, além de transmitir a confiabilidade aos players
de mercado quanto a possíveis investimentos.
O alinhamento da contabilidade ambiental com um consistente sistema de
gestão ambiental (SGA) permite assegurar a integração entre atividade empresa-
rial, produtividade, controle patrimonial e meio ambiente. É possível asseverar,
também, que ela consiste em uma necessária tendência para a perenidade organi-
zacional, a preservação da imagem da empresa e de sua reputação mercadológica.

Ampliando seus conhecimentos

Para uma melhor compreensão da proposta da contabilidade


ambiental, temática central deste livro, sugerimos a breve leitura,
proposta por Souza e Ribeiro (2004), acerca da relevância da
relação das questões ambientais com a gestão contábil empresarial:

Contabilidade Ambiental
(SOUZA; RIBEIRO, 2004, p.56)

De acordo com Ribeiro (1992:56), as questões ambientais


devem ser “alvos de preocupações específicas da contabili-
dade”, podendo assim contribuir para a conciliação de um
“desenvolvimento econômico sustentável” de acordo com as
especificações estabelecidas por entidades governamentais e
não governamentais, nacionais e internacionais.
É evidente o aumento, considerável, nos últimos anos, das
discussões concernentes à melhor forma das empresas con-
ciliarem seus processos produtivos com questões ambientais,
existindo grande conscientização por parte das principais

–  40  –
Introdução à contabilidade ambiental

instituições, de que a preservação do meio ambiente é fator


determinante para a continuidade e sobrevivência empresarial.
A Contabilidade assume, diante dessa contextualização,
papel fundamental de subsídio a todos os agentes envolvidos
no processo. Esta deve auxiliar os administradores, no que
tange ao gerenciamento empresarial das relações com o meio
ambiente, por ser considerada, atualmente, uma das principais
ferramentas de gestão de negócios. Cabe a ela a elaboração e
fornecimento de informações aos usuários internos e externos
acerca dos eventos ambientais que causam modificações na
situação patrimonial das entidades.
As informações de caráter ambiental a serem divulgadas pela
Contabilidade, segundo Martins & De Luca (1994:25),
[...] vão desde os investimentos realizados, seja em nível
de aquisição de bens permanentes de proteção a danos
ecológicos, de despesas de manutenção ou correção de
efeitos ambientais do exercício em curso, de obrigações
contraídas em prol do meio ambiente, e até de medidas
físicas, quantitativas e qualitativas, empreendidas para sua
recuperação e preservação.
[...]

Atividades
1. “Ao mesmo tempo em que é indispensável preservar, é necessário pro-
duzir”. Esse é, aparentemente, um complexo paradoxo empresarial,
quanto à integração entre o aspecto econômico e o ambiental, o que
reflete na desafiadora missão de gerenciar as atividades produtivas
sem degradar ou trazer prejuízos ao meio ambiente. Ponderando tal
conjuntura, explique o que é gestão ambiental e quais responsabilida-
des são atribuídas às organizações empresariais nesse contexto.

–  41  –
Contabilidade Socioambiental

2. Ao separarmos o termo contabilidade ambiental, é possível identificar


duas palavras independentes, com significados distintos. ­Contudo, a
junção dessas palavras direciona a um ramo específico da gestão con-
tábil empresarial. Nesse aspecto, apresente a diferença existente entre a
conceituação de contabilidade e a de contabilidade ambiental.

3. A implantação de um sistema de gestão ambiental (SGA) exige o


cumprimento de etapas bem estruturadas para obtenção de efetivos
resultados. Cite e explique cada uma das etapas que norteiam a im-
plantação de um SGA.

4. O que a ISO 14001 especifica para as organizações? Existe relação


entre a ISO 14001 e o Sistema de Gestão Ambiental (SGA)?

–  42  –
3
Patrimônio ambiental

Introdução
Este capítulo aborda a estruturação dos elementos patri-
moniais oriundos de eventos ambientais, proporcionando a com-
preensão da contabilização e do registro patrimonial com base nos
princípios contábeis.
Para melhor compreensão, são abordadas as principais
definições e apresentadas as operacionalizações da contabilidade
ambiental, considerando as atividades e os processos operacionais
da entidade, enfocando as contas patrimoniais e de resultados:
Ativo e Passivo Ambiental, Patrimônio Líquido, Custos, Despesas,
Perdas e Receitas Ambientais.
Contabilidade Socioambiental

3.1 Ativo e passivo ambientais


Aspectos relacionados a degradação ambiental, impactos ambientais,
desperdícios de recursos e ineficiência produtiva podem refletir em consi-
deráveis perdas pecuniárias (monetárias) e materiais para qualquer organi-
zação. Por outro lado, investimentos em programas ambientais, mitigação
dos impactos ambientais, processo produtivo ecoeficiente e um posiciona-
mento voltado para ações socioambientais efetivas, embora sejam oriundos
de investimentos, configuram-se como grandes oportunidades de resultados
mais promissores.
Obviamente, a primeira pergunta que vem à mente consiste em: Como
é possível lidar com questões ambientais no âmbito da gestão contábil?
Primeiramente, para responder a tal pergunta, é preciso lembrar que
a contabilidade ambiental (environmental accounting) consiste em uma ver-
tente da contabilidade. Nesse alinhamento, as classificações e os registros das
contas patrimoniais concernentes ao meio ambiente precisam seguir as mes-
mas diretrizes estabelecidas na contabilidade, cujos conjuntos informacionais
decorrentes da aquisição de bens, despesas com preservação e manutenção,
investimentos em projetos socioambientais, custos, contração de obrigações
e compromissos ambientais devem consistir em atribuições da contabilidade
ambiental, com base na devida classificação dos elementos patrimoniais de
bens e direitos (ativos) ambientais, obrigações (passivo) ambientais e patri-
mônio líquido ambiental.

3.1.1 Ativos ambientais


Na concepção de Ribeiro (2006, p. 61), os ativos ambientais consistem
em “todos os bens e direitos possuídos pelas empresas, que tenham capaci-
dade de geração de benefício econômico em períodos futuros e que visem à
preservação, proteção e recuperação ambiental”.
De forma semelhante, Tinoco e Kraemer (2011, p. 154) apresentam a
definição de ativos ambientais como “os bens adquiridos pela companhia que
têm como finalidade controle, preservação e recuperação do meio ambiente”.
Tais autores ainda esclarecem, com exemplos, o que representam esses ativos:

–  44  –
Patrimônio ambiental

22 os estoques dos insumos, peças e acessórios etc. utilizados no pro-


cesso de eliminação ou redução dos níveis de poluição e de geração
de resíduos;
22 os investimentos em máquinas, equipamentos, instalações etc.
adquiridos ou produzidos com intenção de amenizar os impactos
causados ao meio ambiente;
22 os gastos com pesquisas, visando ao desenvolvimento de tecno-
logias modernas, de médio e longo prazo, desde que constituam
benefícios ou ações que irão refletir nos exercícios seguintes.
A configuração dos ativos ambientais é distinta entre as entidades,
obviamente, pelas diferentes atividades econômicas e pelos processos envol-
vidos. Não obstante, a estruturação do balanço patrimonial segue a mesma
lógica prevista nas convenções contábeis, de modo a classificar os ativos
ambientais em ativo circulante (bens e direitos ambientais de curto prazo)
e ativo não circulante (bens e direitos ambientais de longo prazo). Ambos
englobam os bens destinados especificamente para o controle, a proteção e
a preservação ambiental.
Cumpre evidenciar que a contabilização do evento ou da transação relativa
aos aspectos ambientais passa a ser efetivada no momento em que a entidade
obtém o controle ou a posse do ativo ambiental. Segundo a Norma Brasileira de
Contabilidade NBC TE XXX – Interação da Entidade com o Meio Ambiente
(CFC, 2012), a classificação do ativo ocorrerá da seguinte forma:
22 Ativos circulantes ambientais referem-se aos estoques de insumos
(bens e serviços), os quais serão utilizados no processo operacional,
ou ao final deste, com o objetivo de reduzir ou eliminar a produ-
ção de poluentes, ou, ainda, aqueles com a finalidade de recuperar
danos ambientais.
22 Estoques operacionais ambientais devem ser segregados entre
ambientais, reciclados e reutilizados, visando proporcionar maior
transparência sobre a relação da entidade com o meio ambiente.
22 Ativos não circulantes podem ser formados por contas de Investi­
mento Ambiental, Imobilizado Ambiental e Intangível Ambiental.

–  45  –
Contabilidade Socioambiental

22 Ativos não circulantes ambientais são aqueles cuja realização se dará


no longo prazo e associados com a proteção e a recuperação ambiental.
22 Investimentos ambientais são caracterizados por aplicação de recursos
na aquisição de áreas de conservação de recursos naturais com o obje-
tivo específico de promover a preservação da fauna e da flora – res-
salte-se que, mudando a intenção, o ativo tem que ser reclassificado.
22 Imobilizado ambiental são os itens utilizados ao longo de vários
períodos, especificamente, para tratar os poluentes oriundos do
processo operacional da entidade, durante a operação ou após o
final desta. Pode incluir, também, os ativos de longa duração, des-
tinados, exclusivamente, à recuperação de áreas degradadas pela
entidade em períodos anteriores, enquanto estiverem em atividade.
22 Intangíveis ambientais são os itens incorpóreos controlados pela
entidade capazes de produzir fluxos de caixa futuros e que estejam
vinculados à interação com o meio ambiente.
É importante destacar que os desembolsos relativos às intervenções (tra-
tamentos) de contaminação ao meio ambiente, em decorrência das atividades
e operações da entidade, deverão ser classificados como ativo não circulante
em situações em que: (i) apresentar característica recuperável; (ii) oportunizar
a capacidade ou melhoria da segurança e economia dos ativos, bem como o
prolongamento de vida útil; ou (iii) ter um momento de preparação do ativo
para destiná-lo à vendas.
Ainda sob a perspectiva do ativo não circulante, as contas do ativo
imobilizado (bens corpóreos) merecem uma tratativa diferenciada, em fun-
ção de que esses bens sofrem desgastes ou perda com o passar do tempo
(diminuição do valor). Contabilmente, grande parte dos ativos imobilizados,
­excetuando-se terrenos, configuram em ativo fixo de limitada vida útil con-
tábil, e tal classificação é denominada depreciação, amortização ou exaustão.
Com base nas diretrizes da Lei n. 6.404/76 (Lei das S.A) (BRASIL, 1976),
pode-se conceituar esses itens como:
22 Depreciação acumulada ambiental: registro de perda de valor
de direitos de bens físicos relativos à preservação e à recupera-
ção ambiental.

–  46  –
Patrimônio ambiental

22 Amortização acumulada ambiental: registro de perda de valor de


capital aplicado na aquisição de direitos de propriedade e quais-
quer outros com existência ou exercício de duração limitada, ou
cujo objeto sejam bens de utilização por prazo legal ou contratual-
mente limitado.
22 Exaustão acumulada ambiental: registro da perda do valor de
recursos florestais ou minerais, decorrentes das explorações que
resultam no esgotamento dos recursos no transcorrer do tempo.
Exemplo: jazidas ou minas.
Como o procedimento contábil de exaustão é característico de explora-
ção de recursos minerais ou florestais, merecendo certo destaque na contabi-
lidade ambiental, um exemplo prático do processo de exaustão de um ativo
(jazidas) é demonstrado a seguir:

Informações disponíveis:
Valor contábil das jazidas = R$ 100.000,00
Estimativa total de minérios da jazida = 200.000 t
Extração neste exercício = 20.000 t
Cálculo contábil de exaustão:
Relação da extração do ano – 20.000 t =10% de 200.000 t
Exaustão contábil = 10% sobre R$ 100.000,00 = R$ 10.000,00

3.1.2 Passivo ambiental


Com amplas discussões na literatura contábil, o passivo ambiental mui-
tas vezes é apresentado em um sentido negativo, frequentemente relacionado
às indenizações a terceiros ou a multas decorrentes de poluições, danificações
e degradações ambientais por parte das atividades empresariais, ou seja, as
obrigações da entidade em relação aos compromissos de restituição dos pre-
juízos ambientais causados.

–  47  –
Contabilidade Socioambiental

Contudo, essa é uma visão limitada, pois os passivos ambientais


também compreendem ações como a implantação de sistemas de gestão
ambiental, a empregabilidade de pessoal especializado na área ambiental
(engenheiros ambientais, biólogos, químicos, e outros relacionados) e os
financiamentos de novos maquinários que contribuam para a mitigação
de impactos ambientais e promovam a preservação ambiental. Tais asser-
tivas são corroboradas por Ribeiro e Gratão (2000) e Carvalho (2008), os
quais alegam que os passivos ambientais não possuem origem apenas em
fatos de conotação negativa, mas podem se originar de atitudes ambien-
talmente responsáveis (positivas).
Silva (2011 apud VANZO, 2017, p. 35) define passivo ambiental
como “todas as obrigações, contraídas de forma voluntária ou involuntária,
que exigirão em um momento futuro entrega de ativos, prestação de ser-
viços ou sacrifício de benefícios econômicos, em decorrência de transações
ou operações, passadas ou presentes, que envolveram a instituição com o
meio ambiente e que acarretaram algum tipo de dano ambiental”. O passivo
ambiental é constituído de: (i) passivo circulante (curto prazo), no qual são
classificadas as obrigações de cunho ambiental, cujo vencimento ocorra até o
final do exercício seguinte ou conforme o ciclo operacional, se superior a este
prazo; e (ii) passivo não circulante ou passivo exigível a longo prazo, o qual
abarca as obrigações da entidade, cujo vencimento ocorra em prazo superior
ao exercício seguinte.
A composição das contas do passivo ambiental é estruturada de acordo
com a seguinte configuração (VANZO, 2017):
22 Passivo circulante: Fornecedores de bens e serviços de proteção
e recuperação ambiental; Financiamentos Ambientais; Multas por
Danos Ambientais; Indenizações por Danos Ambientais, Impostos
Verdes; Gastos Ambientais a Pagar; Meio Ambiente a Recuperar;
Indenizações por Doenças Causadas; etc.
22 Passivo exigível a longo prazo: Consiste nas contas do passivo cir-
culante que tenham o vencimento (prazos de exigibilidades) após
365 dias (um exercício/um ano).

–  48  –
Patrimônio ambiental

Tinoco e Kraemer (2011) classificam as obrigações derivadas do passivo


ambiental em três tipos:
22 Legais ou implícitas: Obrigação legal, emanada de legislação, con-
trato ou outro instrumento legislativo, cuja configuração se apre-
sente como existente no presente, contudo resultante de um evento
anterior (passado), como: utilização de recursos naturais como solo e
água ou geração de resíduos que contaminam a natureza.
22 Construtivas: Constituem ações da entidade que excedem às exi-
gências legais, cujo cumprimento ocorre de forma espontânea.
22 Justas: Cumprimento pautado nos fatores éticos e morais, com
base em práticas de responsabilidade socioambiental.
Ribeiro e Lisboa (2000, p. 11), de forma elucidativa, relacionam alguns
exemplos de práticas que, ao serem admitidas pelas empresas, resultarão em
sacrifícios de recursos econômicos, configurando-se como obrigações que
devem constar na classificação das contas do passivo ambiental:
22 aquisição de ativos para contenção dos impactos ambientais (cha-
minés, depuradores de águas químicas etc.);
22 aquisição insumos que serão inseridos no processo operacional para
que este não produza resíduos tóxicos;
22 despesas de manutenção e operação do “departamento” de geren-
ciamento ambiental (inclusive mão de obra);
22 gastos para recuperação e tratamento de áreas contaminadas
(máquinas, equipamentos, mão de obra, insumos em geral etc.);
22 pagamento de multas por infrações ambientais;
22 gastos para compensar danos irreversíveis, inclusive os relacionados
à tentativa de reduzir o desgaste da imagem da empresa perante a
opinião pública etc.
O passivo oriundo do meio ambiente não tem sua mensuração quanti-
ficada e mensurada de forma pontual, no que se refere à ocorrência do dano;
todavia, levando em consideração o princípio da oportunidade, os registros
devem ser realizados detalhadamente em notas explicativas de potenciais

–  49  –
Contabilidade Socioambiental

passivos. Conforme consta na NBC TE XXX (CFC, 2012), “O método de


mensuração das obrigações ambientais deve ser divulgado em nota explica-
tiva. Para calcular o valor do passivo, pode ser usada a experiência da entidade
com TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) e mecanismos de compensa-
ções voluntárias, entre outras alternativas”.
Nessa perspectiva, um ponto que merece considerável atenção são os
efetivos registros contábeis de passivos, custos e despesas ambientais, uma vez
que a ausência de tais registros, ou o registro, incorreto destes, resultará na
posição econômica inverídica da entidade, além de originar lucros impróprios
aos acionistas, refletindo no descrédito das demonstrações financeiras da enti-
dade, além da perda de confiança e credibilidade por parte dos stakeholders
(partes interessadas).
Para tanto, a identificação e a mensuração do passivo ambiental devem
considerar todas as proporções dos impactos ou prejuízos ambientais de
característica negativa, amparando-se no Princípio Contábil da Prudência.
Nessa perspectiva, a Resolução CFC 750, de 1993, esclarece que tal princípio
determina a “adoção do menor valor para os componentes do Ativo e do
maior para os do Passivo, sempre que se apresentem alternativas igualmente
válidas para a quantificação das mutações patrimoniais que alterem o patri-
mônio líquido”.
Acerca da baixa do passivo ambiental, esta deve ocorrer à medida que as
obrigações são devidamente cumpridas.

3.2 Patrimônio Líquido (PL)


Sob a perspectiva ambiental, o patrimônio líquido é constituído por
peculiaridades específicas, cujas provisões, reservas e a destinação de recur-
sos para questões concernentes ao meio ambiente, indispensavelmente,
precisam ser contabilizadas de modo coerente, com base nos processos
relativos ao capital próprio da entidade e seus encadeamentos com os even-
tos ambientais. Por meio dos embasamentos contábeis, aprenderemos, a
seguir, a classificação contábil das contas que compõem esse elemento
Patrimônio Líquido.

–  50  –
Patrimônio ambiental

3.2.1 Reservas de lucros ou prejuízos


As reservas são constituídas pelos lucros ou prejuízos da entidade. Tais
lucros ou prejuízos são transferidos para a conta de Lucros ou Prejuízos
Acumulados, a qual está inserida no Patrimônio Líquido. Quando considera
as questões relativas ao meio ambiente, o resultado do exercício será apurado
dos elementos das receitas, das despesas, dos ganhos e das perdas concernen-
tes ao meio ambiente.

3.2.2 Reserva para contingências ambientais


De acordo com Carvalho (2008, p. 138) “a conta reserva para contingên-
cias é uma das Reservas de Lucros constantes no Patrimônio Líquido, tendo a
conta Reserva para Contingências Ambientais como uma de suas subdivisões”.
Em consonância com a NBC TE XXX (CFC, 2012), a contingência
ambiental “é o risco de natureza ambiental a que se sujeita a entidade em
função de sua interação com o meio ambiente. Tal risco envolve aspectos
econômicos financeiros e sua definição depende de fato futuro”. A conta de
Reserva para Contingências Ambientais “é uma das Reservas de Lucros cons-
tantes no Patrimônio Líquido, tendo a conta Reserva para Contingências
Ambientais como uma de suas divisões” (ANTONOVZ, 2014, p. 116). Tal
conta está relacionada às perdas que podem afetar o patrimônio e que não
estão sob controle da instituição (ex: fenômenos naturais), as quais devem
ser contabilizadas, embora não sejam precisas quanto à monta (valor) e ao
período (tempo), suscetíveis à possibilidade de eventual ocorrência (podendo
ocorrer ou não). Essa conta e sua respectiva contabilização é pautada pela Lei
n. 6.404/76.
Na concepção de Iudícibus, Martins e Gelbcke (2007), a contingência
constitui a circunstância em que existe o risco, mas também certo grau de
incerteza quanto à sua concreta ocorrência, e que, em função de um evento
futuro, resultará em ganhos ou perdas para a entidade.
É preciso compreender a diferença entre provisão para contingência
e reserva para contingência, cuja definição está pautada na análise do seu
fato gerador contábil. A NPC 22 (IBRACON, 2005) define o fato gerador

– 51 –
Contabilidade Socioambiental

contábil como um evento passado que cria uma obrigação presente para uma
entidade (legal ou não formalizada). Assim, a classificação contábil de reserva
ou provisão dependerá exclusivamente da ocorrência do fato gerador. Por
exemplo, se o fato gerador efetivamente ocorreu, a provisão deve ser lançada,
com reflexo no passivo. A contrapartida, por sua vez, consistirá na redução
do resultado do exercício. Na eventualidade de não ocorrer o fato gerador, a
reserva deve ser aplicada.

Exemplo prático 1 – Provisões para contingências:


Supondo que a empresa Rodagem Rápida Transportes S.A., em função
de um acidente com um de seus caminhões por falta de manutenção preven-
tiva, contamina uma área ambiental por meio de vazamento de combustível.
As despesas previstas para a recuperação da área contaminada configuram
responsabilidade integral da empresa, por se tratar de uma exigência legal.
Fica evidente que o fato gerador ocorreu (contaminação da área ambiental),
emergindo então a necessidade de se efetuar a provisão para contingências,
com a seguinte operação contábil:
Débito: Recuperação do Meio Ambiente (Despesa);
Crédito: Provisão Responsabilidade Ambiental (PC).

Exemplo prático 2 – Reservas para contingências


A empresa Manutenções Eficientes S.A. atua no segmento de manuten-
ção e lavagem de empilhadeiras e maquinários portuários. A empresa dispõe
de estações de tratamento de efluentes (nesse caso, separação da água e do óleo
gerados), o que configura o tratamento da água que é utilizada para lavagem
dos maquinários e das manutenções realizadas, sem impactos ambientais,
atendendo às diretrizes do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama)
com análise laboratorial periódica. Contudo, as instalações estão localiza-
das a 2 km do Rio Sul, o qual, em épocas de grande volume de chuvas,
pode ter um aumento de nível, comprometendo o escoamento das águas
pluviais da região. Isso danifica o sistema de drenagem com alagamentos,
que atingem as instalações, promovendo prejuízos aos equipamentos, bem
como gerando impactos ambientais, em função do comprometimento do

–  52  –
Patrimônio ambiental

sistema de tratamento e pela contaminação com as instalações (ambiente de


oficina), o que corrompe as águas do Rio Sul e resulta em prejuízos para a
comunidade local.
O evento nunca aconteceu, mas apresenta possibilidades de ocorrência.
Nesse caso, o registro contábil seria estruturado na forma disposta a seguir:
Débito: Lucros ou Prejuízos Acumulados (PL);
Crédito: Reserva para Contingências Ambientais (PL).

3.2.3 Lucro ambientalmente correto


Outra conta existente no Patrimônio Líquido, de acordo com os pres-
supostos da contabilidade ambiental, é o Lucro Ambientalmente Correto,
na qual a entidade demonstra a apuração do custo, da despesa e das receitas
ambientais. Na concepção de Antonovoz (2014, p. 117), o lucro ambiental
“é a capacidade que tem a empresa de gerar resultados econômicos positivos,
respeitando o meio ambiente, isto é, sem causar poluição”.

3.2.4 Resultado líquido negativo apurado


Obviamente, as entidades estão comumente sujeitas aos prejuízos
oriundos de suas atividades e respectivos impactos ambientais. Nesse
cenário, a classificação desse eventual prejuízo é direcionada à conta
Resultado Líquido Negativo Apurado. Em formato similar, o lucro tam-
bém pode ser mensurado, após a apuração dos valores e dos registros de
todos os fatos contábeis.
Outro ponto que merece destaque é que a entidade pode destinar uma
parte do Capital Social ou do Patrimônio Líquido para aplicabilidade na pre-
servação, no monitoramento e na recuperação do meio ambiente, bem como
para estabelecer as contingências, doações e subvenções.
A conta de reservas de contingência, como abordado anteriormente,
deve proporcionar a possibilidade de ocorrência de um fato gerador a se con-
cretizar no futuro e considerar os componentes extraordinários que atingem
o patrimônio da entidade, desde que sejam relacionados ao meio ambiente.

–  53  –
Contabilidade Socioambiental

3.2.5 Doações e subvenções para


investimento no meio ambiente
Nas contas de doações e subvenções devem ser registrados os valores
originários de investimentos do Estado, nos âmbitos federal, estadual e muni-
cipal, em atividades relacionadas à ecologia – logo, são consideradas reservas
de capital ambiental.

3.3 Custos, despesas, perdas


e receitas ambientais
O tratamento contábil e a divulgação das informações relativas a cus-
tos, despesas, perdas e receitas são norteados com base em uma classifica-
ção definida, uma vez que consistem em contas diretamente relacionadas
aos resultados patrimoniais. Iudícibus (2004) afirma que essa classificação é
muito complexa, dada a distinção entre as terminologias. Nesse aspecto, para
amplitude dos ensinamentos aqui expostos, torna-se oportuno apresentar em
subseções cada uma das abordagens concernentes a esse grupo de contas, sob
a perspectiva ambiental.

3.3.1 Custos ambientais


Os custos e as despesas ambientais configuram-se nos gastos aplicados
à manutenção, à preservação ou à restauração do meio ambiente relativos
ao processo produtivo da empresa, de forma direta ou indireta. Tais gastos
devem ser reconhecidos na contabilidade ambiental como despesa na opor-
tunidade em que o uso do recurso ocorrer de forma indireta e como custo
quando esse gasto for utilizado de forma direta.
Por outro lado, os custos são intangíveis, logo, são de difícil mensuração.
Na maioria das vezes os custos ambientais são somados aos custos operacio-
nais, o que gera certa dificuldade de visualização. A norma NBC TE XXX
observa que “Os custos ambientais devem ser reconhecidos no período em que
houver o consumo do recurso, confrontado com a receita a que está associado”
(CFC, 2012).

–  54  –
Patrimônio ambiental

No entendimento de Antonovz (2014), os custos podem ser divididos em:


22 Custo de Prevenção: refere-se aos gastos utilizados para a diminui-
ção de poluentes produzidos no processo produtivo, como é o caso
do investimento em tecnologias limpas.
22 Custo de Controle: recursos utilizados para manter o controle do
limite do desequilíbrio ambiental previsto anteriormente. Exemplo:
análise periódica dos padrões de poluição.
22 Custos de Correção: gastos com recuperação de danos ambientais,
como, por exemplo, o reflorestamento.
22 Custos de Falha: custos decorrentes das falhas no processo produtivo
e que geram danos ao meio ambiente. Exemplo: multas e sanções.
22 Custos das externalidades: gastos que têm como escopo os impac-
tos ao meio ambiente que poderão surgir no futuro. Exemplo: os
males gerados à saúde em decorrência da poluição.

3.3.2 Despesas ambientais


Segundo Antonovz (2014, p. 118), são consideradas despesas ambientais
os gastos relacionados ao processo produtivo, como os exemplificados a seguir:
22 prevenção de contaminação;
22 tratamento de resíduos;
22 tratamento de emissões atmosféricas;
22 descontaminação;
22 restauração;
22 materiais auxiliares e de manutenção de serviço;
22 depreciação de equipamento;
22 exaustação ambiental;
22 pessoal envolvido na produção;
22 gestão do meio ambiente;

– 55 –
Contabilidade Socioambiental

22 investigação e desenvolvimento;
22 desenvolvimento de tecnologias mais limpas;
22 auditoria.
As despesas estão correlacionadas com a preservação do meio ambiente,
bem como os ativos utilizados nas ações ambientais. Ademais, podem estar
ligadas com a verificação dos procedimentos ambientais, como é o caso das
auditorias ambientais.
De acordo com a NBC TE XXX (CFC, 2012), “as despesas devem ser
reconhecidas na medida em que haja consumo de recursos para suprir a rela-
ção da entidade com o meio ambiente e que seja de característica genérica e,
não, associada com nenhum produto ou processo específico”.

3.3.3 Perdas ambientais


As perdas ambientais podem ser compreendidas como perdas econômicas
não relacionadas com qualquer espécie de benefício para a empresa. A natureza
dessa conta se relaciona com a imprevisibilidade, como, por exemplo, o fenô-
meno da chuva ácida em uma plantação, que resulta em sérios prejuízos rela-
tivos ao negócio. A norma NBC TE XXX (CFC, 2012) estabelece que, além
dos ativos ambientais, o balanço patrimonial deve conter contas redutoras dos
ativos operacionais para retratar as provisões a perdas por causas ambientais, as
quais devem refletir o processo de desgaste acelerado dos ativos em função da
exposição ao meio ambiente poluído.
Cumpre ressaltar que os valores utilizados para pagamento de mul-
tas ou indenizações não podem ser considerados como perdas ambientais,
visto que a entidade que causa danos ao meio ambiente deve estar prepa-
rada para tais consequências. Logo, os referidos gastos são considerados
como despesas.

Exemplo prático – Para entendimento da diferença


entre perdas e despesas ambientais
No mês de abril do ano de 2015, o incêndio no Terminal Alemoa, em
Santos (SP), resultou em multa, imputada pelo órgão ambiental estadual, à

–  56  –
Patrimônio ambiental

empresa Ultracargo, em um montante de R$ 22,5 milhões, pelo lançamento


de efluentes líquidos no estuário de Santos, compreendendo os mangue-
zais e a lagoa localizada ao lado do terminal. Além disso, para a aplicação
da multa, também foram consideradas as emissões de efluentes gasosos na
atmosfera e a exposição aos riscos relativos à segurança de todo o entorno.
Nesse exemplo real, a empresa pode interpor recurso judicial quanto ao valor
da multa imputada e demais aspectos relacionados. Contudo, o ponto que
merece destaque neste momento consiste no pagamento do valor da multa,
o qual, contabilmente, não configurará em perdas ambientais, mas em des-
pesas ambientais.

3.3.4 Receitas ambientais


De acordo com o International Accounting Standards Board – IASB
(apud IUDÍCIBUS; MARION, 2000, p. 173), a receita pode ser definida
como: “[...] o acréscimo de benefícios econômicos durante o período contábil
na forma de entrada de ativos ou decréscimo de exigibilidade e que redunda
num acréscimo do patrimônio líquido, outro que não o relacionado a ajustes
de capital [...]”
Nessa concepção, as receitas ambientais integram o aumento/ganho
de benefícios econômicos em determinado momento contábil, em decor-
rência da atividade operacional da entidade, configurando-se como um
valor econômico acrescentado no ativo, cuja origem está relacionada a
aspectos ambientais.
Na concepção de Tinoco e Kraemer (2011), as receitas ambientais são
decorrentes das seguintes ações:
22 prestação de serviços especializados em gestão ambiental;
22 venda de produtos cuja matéria-prima consiste em insumos do
processo produtivo;
22 venda de produtos reciclados;
22 receita de aproveitamento de gases e calor;
22 redução do consumo de matérias-primas;

–  57  –
Contabilidade Socioambiental

22 redução do consumo de energia;


22 redução do consumo de água;
22 participação no faturamento total da empresa que se reco-
nhece como sendo devida à sua atuação responsável para com
o meio ambiente.
As notas explicativas podem ser utilizadas para evidenciação e detalha-
mento dos valores economizados pela empresa, decorrentes de serviços de
recuperação e prevenções relativas aos gastos ambientais.
Para maior esclarecimento, dois exemplos fictícios são apresentados:

Exemplo 1
A companhia de grande porte Novo Amanhecer dispõe de um
arquivo físico, com um elevado acervo documental de aproximadamente
200 mil caixas. Anualmente, são geradas aproximadamente 25 mil caixas
de arquivo pelos setores administrativos da empresa e são incineradas 20
mil caixas, a partir do vencimento do período de vigência documental
perante os órgãos solicitantes e mediante pagamento à empresa autori-
zada para o processo de incineração. Um especialista da área ambiental
explicou à diretoria da companhia que as caixas poderiam ser destinadas à
reciclagem, mantendo a confidencialidade dos documentos, além do rece-
bimento monetário, e, consequentemente, evitando custos decorrentes dos
serviços de incineração. Com o procedimento de reciclagem adotado, a
empresa passou a receber os valores relativos aos pesos do valor comercial
do papel, não incorrendo em despesas de incineração e gerando receitas de
cunho ambiental.

Exemplo 2
Após um estudo de viabilidade local, a fábrica de perfumaria Novo
Mundo investiu em um sistema de placas para captação de energia solar.
Inicialmente, o valor do projeto era consideravelmente alto e o payback period
ocorreria apenas após cinco anos do investimento. O projeto foi implantado e,
após cinco anos, a empresa passou a receber o retorno sobre esse investimento,

–  58  –
Patrimônio ambiental

ficando evidente a economia de energia, além de passar a trabalhar com ener-


gia limpa e renovável. A economia financeira advinda do novo sistema pode
ser classificada como receitas ambientais e passa a ser mensurada, nesse caso,
a partir do payback period.

Conclusão
Ao considerar as transformações advindas da globalização e das corres-
pondentes responsabilizações ambientais imputadas às entidades, as exigências
contábeis evidenciam o necessário aprimoramento do profissional de conta-
bilidade em relação aos registros das transações patrimoniais de forma clara e
precisa. Isso reflete em demonstrações contábeis legítimas e que efetivamente
retratam a realidade patrimonial organizacional e suas respectivas tratativas com
os eventos ambientais.
Decorre de tais argumentos que a classificação dos valores correspon-
dentes aos elementos patrimoniais, a correta utilização de provisões e as infor-
mações adicionais em notas explicativas são componentes essenciais para
estruturação das demonstrações financeiras, em alinhamento com a perspec-
tiva ambiental. Fica evidente que a natureza dos eventos determinará os deta-
lhamentos e tratamentos necessários; contudo, é premissa básica o domínio
da contabilidade ambiental para atendimento e controle dessa nova realidade
contábil empresarial.

Ampliando seus conhecimentos

No texto a seguir são apresentadas algumas interpretações


quanto aos recursos empregados no processo de recuperação
de danos ambientais e sua respectiva agregação ao valor do
ativo, de modo que uma mesma transação pode ser registrada
de forma diferenciada. Essa variação decorre do país de ori-
gem, ocasionando impactos diferentes nas contas patrimoniais
e de resultados.

– 59 –
Contabilidade Socioambiental

Contabilidade ambiental
(RIBEIRO, 2005, p. 64-66)

Posição da ONU (Organização das


­N ações Unidas)
Para a ONU, os gastos ambientais necessários à restauração
de áreas contaminadas, decorrentes de danos ocorridos
na preparação de um ativo, ou atividade operacional, que
tenham sido apurados no momento em que foram provo-
cados, podem ser capitalizados. O Pronunciamento explica
que, em muitas situações, o dano ocorre antes de a empresa
iniciar uma determinada atividade ou ao longo do desenvol-
vimento. É o caso da exploração de minérios, em que as
operações não podem começar sem que haja os trabalhos
de escavações, os quais representam um prejuízo ao meio
ambiente. As empresas, com frequência, são obrigadas a
providenciar a restauração da área, depois de encerradas as
atividades. Tais gastos podem ser provisionados pelo total,
quando o dano estiver sendo realizado. O total poderá ser
capitalizado e amortizado no resultado dos períodos durante
a vida útil da atividade.

Posição dos Estados Unidos


O Emerging Issues Task Force – EITF 90-8, do Financial Accounting
Statement Board – FASB, estabelece que, em geral, os gastos recu-
peráveis com o tratamento de contaminação ambiental podem ser
registrados como Ativo Imobilizado se no momento da aquisição
ou do término da construção ou desenvolvimento:
22 Proporcionarem um prolongamento da vida útil, aumento da
capacidade ou melhoria da segurança ou eficiência do bem;
22 Contribuírem para a redução ou prevenção decorrente
dos danos das operações da empresa;

–  60  –
Patrimônio ambiental

22 Forem incorridos no preparo para a venda da propriedade.


Caso contrário, serão tratados como consumo do período.

Posição do Canadá

Um estudo realizado no Canadá mostra que os gastos relacio-


nados com a recuperação de danos ambientais serão agrega-
dos ao valor do ativo somente se, no momento da aquisição,
houver conhecimento da sua necessidade ou exigência legal.
Caso contrário, quando a necessidade de recuperação ou res-
tauração de danos ambientais ocorridos anteriormente à aqui-
sição é identificada em momentos posteriores, os gastos repre-
sentarão uma perda do período em que forem realizados.
[...]

Atividades
1. Atualmente, as empresas, de modo geral, buscam ações que envolvem
a preservação ambiental e a respectiva redução dos impactos inerentes
ao seu processo produtivo, o que, por consequência, demanda recur-
sos financeiros e interfere no patrimônio organizacional. Nesse con-
texto, considerando a demonstração contábil Balanço Patrimonial,
diferencie passivo ambiental e ativo ambiental.

2. É evidente que as organizações podem agredir o meio ambiente, em


decorrência de suas atividades (por vezes, potencialmente ­poluidoras).
Contudo, com a conscientização e a responsabilização ambiental, tais
empresas buscam desenvolver projetos de recuperação do ambiente
ecologicamente afetado. Com essa abordagem, explique a diferença de
custos ambientais e despesas ambientais.

–  61  –
Contabilidade Socioambiental

3. “A maioria das empresas tem buscado diferenciais no mercado e de-


terminadas políticas adotadas podem fazer uma diferença determi-
nante no futuro delas. Uma dessas, é a contabilidade ambiental, que
surge como uma nova área da contabilidade com diversas vantagens
não somente para as organizações, mas para a sociedade como um
todo” (REDE JORNAL CONTÁBIL, 2016).

Considerando as afirmações do texto citado, conceitue a contabilida-


de ambiental no âmbito empresarial.

4. A contingência consiste em uma situação em que o resultado final


decorre de possíveis eventos futuros. Sob esse aspecto, conceitue e
explique a importância da conta Reserva para Contingências sob a
perspectiva ambiental.

–  62  –
4
Fatos ambientais

Este capítulo pretende apresentar ao leitor a dinâmica do


patrimônio refletida nas alterações patrimoniais decorrentes dos
fatos contábeis ambientais. Com foco no registro desses fatos, é
abordado o planejamento contábil apoiado na estruturação e na
projeção do plano de contas ambiental, de modo a elencar as contas
adaptadas ao meio ambiente e os respectivos lançamentos contábeis
relativos aos eventos ambientais.
Contabilidade Socioambiental

4.1 Fatos ambientais


Ao considerar a dinâmica refletida nas constantes alterações patrimoniais
relacionadas às atividades e interferências da administração das entidades, Silva
(2011) define os fatos contábeis como eventos que ocasionam tais modifica-
ções no patrimônio. O autor ainda explica que os fatos contábeis não necessa-
riamente modificam continuamente o Patrimônio Líquido, uma vez que essas
alterações podem ocorrer, em alguns casos, devido a uma simples permuta
entre as espécies dos elementos patrimoniais (alterações específicas).
Nessa perspectiva, os fatos contábeis ambientais podem ser compreen-
didos como todos os eventos que ocorrem na entidade, mensurados moneta-
riamente, cujo registro contábil está estritamente relacionado ao contexto do
meio ambiente.
Pode-se citar como exemplo a seguinte situação fictícia: a empresa Alfa
S.A., atuante no segmento de fabricação de celulose, não atendeu às normativas
ambientais relacionadas às atividades de extração de eucalipto e, dado a esse
fato, uma multa foi aplicada à empresa pelo órgão ambiental responsável. Tal
situação (a penalidade imposta) constitui-se como um fato contábil ambiental.
Os fatos contábeis ambientais podem ser de três tipos: permutativos,
modificativos e mistos, como descritos a seguir.

4.1.1 Permutativos
São aqueles fatos contábeis que modificam os valores do Ativo e do
Passivo, mas sem alterar o Patrimônio Líquido. Essa modificação de valores
pode ocorrer entre as contas, como entre as do Caixa e de Duplicatas a rece-
ber. Logo, ocorre uma permuta de valores entre duas contas patrimoniais.
Exemplo prático: a empresa MM possui alguns hectares de mata nativa e
no ano de 2017 o gerente entrou com um processo judicial solicitando a resti-
tuição de uma parte do IPTU, isso em virtude de um incentivo da prefeitura
para que as empresas mantenham sua área verde intacta. Assim, no dia 10 de
janeiro de 2017, o Balanço Patrimonial da MM apresentava a configuração
mostrada no Quadro 1 a seguir:

–  64  –
Fatos ambientais

Quadro 1 – Balanço Patrimonial da empresa MM em 10/01/2017.

ATIVO PASSIVO
BENS 380.000 OBRIGAÇÕES 540.000
Caixa 400.000 Duplicatas a pagar 40.000
Estoque 160.000 Salários a pagar
Móveis e utensílios 60.000
Veículos 200.000
Imóveis PATRIMÔNIO LÍQUIDO
DIREITO Capital inicial 800.000
Imposto Verde a restituir 240.000 Lucros acumulados 60.000
Total Ativo 1.440.000 Total Passivo 1.440.000
Fonte: Elaborado pelas autoras.
Já no dia 10 de outubro de 2017, a prefeitura restituiu o valor de R$ 40.000.
Nesse momento, ocorreu a modificação apenas do Ativo, com o aumento do
valor do Caixa (entrou R$ 40.000) e a redução do valor do Direito a receber
(Imposto Verde a restituir).
Assim, observa-se no Quadro 2 a seguir que o valor do Patrimônio
Líquido não foi alterado:
Quadro 2 – Balanço Patrimonial da empresa MM em 10/10/2017.
ATIVO PASSIVO
BENS 380.000 OBRIGAÇÕES 540.000
Caixa 440.000 Duplicatas a pagar 40.000
Estoque 160.000 Salários a pagar
Móveis e utensílios 60.000
Veículos 200.000
Imóveis PATRIMÔNIO LÍQUIDO
DIREITO Capital inicial 800.000
Imposto Verde a restituir 200.000 Lucros acumulados 60.000
Total Ativo 1.440.000 Total Passivo 1.440.000
Fonte: Elaborado pelas autoras.

–  65  –
Contabilidade Socioambiental

4.1.2 Modificativos
Os fatos contábeis modificativos são aqueles que modificam o Patrimônio
Líquido da empresa, conforme o exemplo prático nos Quadros 3 e 4:
Quadro 3 – Balanço Patrimonial da empresa MM no dia 10/01/2017.
ATIVO PASSIVO
BENS 380.000 OBRIGAÇÕES 540.000
Caixa 440.000 Duplicatas a pagar 40.000
Estoque 160.000 Salários a pagar
Móveis e utensílios 60.000
Veículos 200.000
Imóveis PATRIMÔNIO LÍQUIDO
DIREITO Capital inicial 800.000
Imposto Verde a restituir 200.000 Lucros acumulados 60.000
Total Ativo 1.440.000 Total Passivo 1.440.000
Fonte: Elaborado pelas autoras.
Quadro 4 – Balanço Patrimonial da empresa MM no dia 10/10/2017, ao
pagar uma multa ambiental de R$ 1.000,00.
ATIVO PASSIVO
BENS 380.000 OBRIGAÇÕES 540.000
Caixa 339.000 Duplicatas a pagar 40.000
Estoque 160.000 Salários a pagar
Móveis e utensílios 60.000
Veículos 200.000
Imóveis PATRIMÔNIO LÍQUIDO
DIREITO Capital inicial 800.000
Imposto Verde a restituir 200.000 Lucros acumulados 59.000
Total Ativo 1.439.000 Total Passivo 1.439.000
Fonte: Elaborado pelas autoras.

–  66  –
Fatos ambientais

Percebe-se que, ao pagar a multa, a empresa desembolsou da conta Caixa


o valor de R$ 1.000 e, consequentemente, o valor da conta Lucros acumula-
dos também diminuiu R$ 1.000, ocorrendo a alteração de ambos os elemen-
tos contábeis no Balanço Patrimonial.

4.1.3 Mistos
Quando os fatos contábeis são mistos, quer dizer que eles são, ao mesmo
tempo, modificativos e permutativos. Logo, modificam o Patrimônio Líquido
e as contas que podem ser alteradas entre o Passivo e Ativo – ou, ainda, entre si.
Exemplificando: a empresa MM recebeu uma multa de um órgão fisca-
lizador ambiental que deveria ser paga até o dia 15 de agosto de 2017. Mas,
por algum motivo, ela não foi liquidada.
Quadro 5 – Balanço Patrimonial da empresa MM do dia 15/08/2017.

ATIVO PASSIVO
BENS 380.000 OBRIGAÇÕES 540.000
Caixa 440.000 Duplicatas a pagar 40.000
Estoque 160.000 Salários a pagar
Móveis e utensílios 60.000
Veículos 200.000
Imóveis PATRIMÔNIO LÍQUIDO
DIREITO Capital inicial 800.000
Imposto Verde a restituir 200.000 Lucros acumulados 60.000
Total Ativo 1.440.000 Total Passivo 1.440.000
Fonte: Elaborado pelas autoras.
No dia 15 de setembro de 2017, a empresa pagou a multa ambien-
tal, todavia com 10% de juros, ou seja, o montante a ser pago ficou em
R$ 11.000, sendo R$ 1.000 de acréscimo devido ao atraso no pagamento.

–  67  –
Contabilidade Socioambiental

Quadro 6 – Balanço Patrimonial da empresa MM no dia 15/09/2017.

ATIVO PASSIVO
BENS 380.000 OBRIGAÇÕES 530.000
Caixa 429.000 Duplicatas a pagar 40.000
Estoque 160.000 Salários a pagar
Móveis e utensílios 60.000
Veículos 200.000
Imóveis PATRIMÔNIO LÍQUIDO
DIREITO Capital inicial 800.000
Imposto Verde a restituir 200.000 Lucros acumulados 59.000
Total Ativo 1.429.000 Total Passivo 1.429.000
Fonte: Elaborado pelas autoras.
Verifica-se que ocorreu a diminuição do Patrimônio Líquido, do Passivo
e também do Ativo, representando a categoria de fato contábil misto.
Apresentar as demonstrações contábeis de maneira transparente e clara,
considerando todas as interferências patrimoniais cotidianas (que afetam o
patrimônio e o meio ambiente) às partes interessadas, configura-se como
a evidenciação dos fatos contábeis ambientais. De acordo com Tinoco e
Kraemer (2011, p. 256), essa evidenciação consiste em “divulgar informações
do desempenho econômico, financeiro, social e ambiental das entidades aos
parceiros sociais, aos stakeholders, considerando que os demonstrativos finan-
ceiros e outras formas de evidenciação não devem ser enganosos”.
Por outro lado, cumpre destacar que a contabilização e a evidenciação
dos fatos contábeis ambientais exigem a análise cuidadosa de cada situação,
uma vez que a mensuração de tais fatos pode ocorrer futuramente, em longo
prazo, e com característica possível, provável ou até mesmo remota.
De forma a exemplificar tal dificuldade, imagine uma situação em que
a empresa de operações portuárias LXZ foi arrolada judicialmente por um
passivo ambiental relativo à contaminação marítima de óleo decorrente
de vazamento do guindaste. Contudo, a empresa dispõe de evidências de
sua conduta preventiva de mitigação de riscos ambientais, treinamento dos

–  68  –
Fatos ambientais

funcionários e até mesmo de um sistema de gestão ambiental com simulações


constantes em caso de acidentes por contaminação da flora marinha. Nesse
mesmo processo judicial, está envolvida outra operadora, pois a utilização do
guindaste era compartilhada com mais uma empresa de operação portuária.
Em casos como esse, em específico, ações judiciais levam certo tempo,
por muitas vezes alguns anos, e a comprovação do culpado, as considerações
acerca de um tratamento mais tênue e benéfico na aplicação das sanções para
as empresas que disponham de programas ambientais, bem como o valor da
ação e as eventuais indenizações, devem ser mensurados com a maior acuraci-
dade possível. As provisões contábeis de tais fatos devem ser registradas com
a estimação dos custos que, de forma possível, provável ou remota, possam se
configurar como responsabilidade da empresa LXZ.

4.2 Plano de contas ambientais


Considerado como um dos mais importantes instrumentos para o pla-
nejamento contábil, o plano de contas consiste em um “[...] conjunto de
contas que as empresas utilizam para registrar os fatos econômico-financeiros
ocorridos na entidade e gerar os relatórios contábeis para os usuários internos
e externos da empresa” (SILVA, 2011, p. 59).
Por sua vez, Tinoco e Kraemer descrevem-no da seguinte maneira:
Plano de Contas é um conjunto estruturado de contas, enumeradas ou
codificadas racionalmente, o qual permite seu uso em sistemas de con-
tabilidade mecânicos, ou ainda sistemas contábeis eletrônicos, podendo
ainda sê-lo em sistemas manuais, o que é raro presentemente. Contempla
contas sintéticas, por exemplo: Ativo, Ativo Circulante, Passivo e
Patrimônio Líquido, Despesas, Receitas e Contas Analíticas, por exem-
plo: Caixa, Clientes, Clientes Ambientais, M ­ atérias-primas, Insumos
Ambientais, Equipamentos Ambientais, Provisões para Contingências
Ambientais, Multas por Danos Ambientais, Indenizações por Danos
Ambientais, Receitas de Resíduos Ambientais etc., a fim de permitir
que a Contabilidade use todo o seu potencial no sentido de atender
aos pressupostos exigidos por seus usuários da informação. (TINOCO;
KRAEMER, 2011, p. 57)

Sob a perspectiva ambiental, os impactos ambientais, como as multas


provenientes de danos ao meio ambiente, são considerados fatos ambientais

–  69  –
Contabilidade Socioambiental

que devem ser representados no plano de contas e, consequentemente, regis-


trados no elemento contábil Passivo. Cumpre evidenciar que os impactos
ambientais são contabilizados no momento de sua ocorrência, e não quando
as consequências do dano aparecem.
Na projeção do plano de contas, é imprescindível a estruturação de um rol
(lista) de contas que contemple todas as possibilidades e atividades existentes,
mesmo aquelas que não são comumente utilizadas, mas que, eventual ou futu-
ramente, possam vir a ser utilizadas. Esse é, obviamente, um desafio ao conta-
dor, uma vez que devem ser considerados os circunstanciais eventos ambientais.
Com o objetivo de apresentar uma proposta prática dessa temática, a
seguir é apresentado um plano de contas adaptado ao meio ambiente pro-
posto por Tinoco e Kraemer (2011, p. 57).

PLANO DE CONTAS
1. ATIVO
1. 1 Ativo Circulante
1.1.1 Disponível
1.1.1.01 Caixa
1.1.1.02 Banco Conta Movimento
1.1.2 Clientes
1.1.2.01 Clientes Ambientais
1.1.2.02 Subvenções Ambientais a Receber
1.1.2.03 Créditos por Serviços de Assessoria Ambiental
1.1.3 Outros Créditos
1.1.3.01 Investimentos Temporários
1.1.4 Estoques
1.1.4.01 Matérias-primas
1.1.4.02 Produtos em Processo
1.1.4.03 Produtos Acabados
1.1.4.04 Produtos Reciclados e Subprodutos

–  70  –
Fatos ambientais

1.1.4.05 Insumos Ambientais


1.1.4.06 Embalagens Ambientais
1.2 Ativo não Circulante
1.2.1 Investimentos
1.2.1.01 Participações em Outras Ações Ambientais
1.2.1.02 Participações em Fundos de Investimentos Ambientais
1.2.2 Imobilizado
1.2.2.01 Terrenos
1.2.2.02 Jazidas e Minas
1.2.2.03 Obras Civis
1.2.2.04 Equipamentos Ambientais
1.2.2.05 Instalações Ambientais
1.2.2.06 (-) Depreciação, Amortização e Exaustão Acumulada
2. PASSIVO
2.1 Passivo Circulante
2.1.1 Empréstimos e Financiamentos
2.1.1.01 Financiamentos Ambientais
2.1.2 Fornecedores
2.1.2.01 Fornecedores de Bens e Serviços de Proteção e Recuperação Ambiental
2.1.3 Outras Obrigações
2.1.3.01 Multas por Danos Ambientais
2.1.3.02 Indenizações por Danos Ambientais
2.1.3.03 Impostos Verdes
2.1.4 Provisões
2.1.4.01 Multas por Danos Ambientais
2.1.4.02 Indenizações por Danos Ambientais
2.1.4.03 Aquisições de Bens e Serviços de Proteção e Recuperação Ambiental
2.1.4.04 Impostos
2.2 Passivo não Circulante

–  71  –
Contabilidade Socioambiental

2.2.1 Empréstimos e Financiamentos


2.2.1.01 Financiamentos Ambientais
2.2.2 Fornecedores
2.2.2.01 Fornecedores de Bens e Serviços de Proteção e Recuperação Ambiental
2.2.3 Outras Obrigações
2.2.3.01 Multas por Danos Ambientais
2.2.3.02 Indenizações por Danos Ambientais
2.2.3.03 Impostos Verdes
2.2.4 Provisões
2.2.4.01 Multas por Danos Ambientais
2.2.4.02 Indenizações por Danos Ambientais
2.2.4.03 Aquisições de Bens e Serviços de Proteção e Recuperação Ambiental
2.2.4.04 Impostos
3. PATRIMÔNIO LÍQUIDO
3.1 Capital Social
3.2 Reserva de Lucros
3.2.1 Reserva Contingencial para Multas por Danos Ambientais
3.2.2 Reserva Contingencial para Indenizações por Danos Ambientais
3.2.3 Reserva Contingencial para Aquisição de Bens e
Serviços para Proteção e Recuperação Ambiental
3.2.4 Reserva Contingencial para Impostos Verdes
3.3 Prejuízos Acumulados
3.3.1 Lucros Acumulados (conta transitória)
3.3.2 Prejuízos Acumulados
Fonte: TINOCO; KRAEMER, 2011, p. 57. Adaptado.
Na estruturação coerente de um plano de contas, alguns pontos devem
necessariamente ser considerados, os quais são elencados a seguir:
22 Cada organização deve elaborar seu plano de contas em conformi-
dade com sua situação estrutural.

–  72  –
Fatos ambientais

22 A classificação das contas deve ser realizada do geral para o específico.


22 As informações do plano de contas devem ser fornecidas em con-
formidade com a necessidade do usuário.
22 A hierarquia do plano de contas pode ser desenvolvida com base
em um código próprio da empresa.
22 A nomenclatura das contas deve ser facilmente relacionada aos ele-
mentos patrimoniais.
Ribeiro (2002) deixa claro que o plano de contas deve ser construído de
modo particular para cada entidade, considerando suas necessidades e caracte-
rísticas específicas, respeitando sempre os princípios e as normas contábeis.
Assim, após compreendermos a estruturação de um plano de contas
ambiental, é necessário avançarmos para a representatividade e o lançamento des-
sas contas, com uma abordagem mais detalhada, como apresentado na sequência.

4.3 Lançamentos contábeis


de eventos ambientais
A mensuração dos atos contábeis que derivam do meio ambiente não é
uma tarefa fácil, visto que isso significa medir ou avaliar o quanto vale, eco-
nomicamente, cada impacto, positivo ou negativo. Conforme Costa e Marion
(2007), a dificuldade em medir economicamente os recursos naturais advém
do fato de que esses são bens intangíveis. Assim, a forma mais correta de fazer
essa mensuração seria por meio do custo histórico, como no caso, por exemplo,
de gastos gerados com o reflorestamento. Logo, o valor mensurado será o valor
gasto, estipulado no momento que a empresa contrai o dever de pagamento.
As dificuldades em mensurar os fatos contábeis ambientais também
podem estar na inexistência de uma padronização do mercado quanto à valo-
ração ambiental. Por exemplo: qual o valor do desmatamento de um terreno
com floresta nativa, em plena cidade, que afeta a flora e a fauna daquele local?
Perceba que o valor do terreno é possível de ser mensurado em função do
mercado imobiliário. Entretanto, o valor do dano ambiental não é de fácil
mensuração. Logo, algumas vezes tal mensuração ambiental é realizada por
meio de estimativas e simulações.
–  73  –
Contabilidade Socioambiental

Embora existam alguns desafios ao contador quanto ao entendimento dos


eventos ambientais e seu respectivo registro contábil, os lançamentos e registros
podem ocorrer de forma natural por meio de uma rotina contábil recorrente.
Ao tomarmos o plano de contas apresentado na seção anterior, traba-
lharemos a seguir o entendimento de alguns eventos e contas ambientais que
geram certas dúvidas no momento de seu lançamento contábil.

4.3.1 Lançamentos contábeis em Ativos


As contas do elemento contábil Ativo constituem todos os bens e direi-
tos relativos às finalidades ambientais da entidade. Exemplificando: a empresa
MMM, fabricante de produtos plásticos, todos os meses vende seus resíduos
ambientais para uma empresa menor, que atua na fabricação de sacolas plás-
ticas recicláveis. A venda desses resíduos resultará em um aumento de caixa
no valor médio de R$ 20.500,00. Logo, no lançamento contábil se debitará a
conta Caixa (Ativo Circulante), pois se acrescenta esse valor na referida conta
no momento do recebimento financeiro.
Sob a perspectiva das contas do Ativo Circulante, os disponíveis (Caixa
e Banco) são responsáveis por todos os recebimentos e pagamentos relativos
aos fatos contábeis ambientais. O débito ocorre com base nos recebimentos e
o crédito com base nos pagamentos.
No tocante à conta Clientes, esta faz referência às Duplicatas a rece-
ber oriundas de vendas a prazo, por exemplo, de resíduos de característica
reciclável, sucatas ou prestações de serviços de cunho ambiental. Na con-
tabilidade, o registro ocorre com o débito das vendas a prazo e crédito por
parte dos recebimentos.
As Subvenções Ambientais – representadas pela contribuição, de
cunho pecuniário, para cobrir despesas com a manutenção e o custeio de
fins ambientais – devem ser debitadas na ocasião do reconhecimento da sub-
venção, e sua contrapartida encontra-se na conta de Receita Ambiental. São
creditadas pelo efetivo recebimento da subvenção em contrapartida com uma
conta do Disponível (Caixa ou Banco).
Os Créditos por Serviços de Assessoria Ambiental consistem nos
direitos a receber por prestação de serviços relativos a assessorias ambientais,

–  74  –
Fatos ambientais

cujo débito ocorre por ocasião do reconhecimento da receita ambiental e o


crédito quando acontecem os recebimentos, tendo como contrapartida uma
conta do Disponível (Caixa ou Banco).
Os Equipamentos Ambientais consistem em ativos com o fim de redu-
ção dos impactos ambientais gerados pelas atividades organizacionais. Nesse
caso, deve ser debitada a aquisição em contrapartida, comumente, de um
passivo de longo prazo (financiamentos). Tais bens estão sujeitos à depre-
ciação e à exaustão – estes, por exemplo, em cenários de investimentos para
mineração. Destaca-se, ainda, que outras categorias de investimentos em bens
tangíveis, como construções, terrenos e outros semelhantes, apresentam con-
figuração similar à conta Equipamentos Ambientais.
A conta Estoques constitui as entradas e saídas do estoque de materiais
destinados para fins ambientais. Os componentes dessa conta são debitados
pela entrada dos referidos materiais, e a contrapartida configura-se como uma
conta do Disponível (Caixa ou Banco) ou, até mesmo, do Passivo, comumente
Clientes Ambientais. Nesse caso, a conta é creditada com base na utilização
dos materiais, em contrapartida à conta relacionada aos custos ambientais.
Na abordagem do Ativo não Circulante, as Participações em Outras
Ações Ambientais correspondem aos investimentos de longo prazo em outras
empresas/ações ambientais. No lançamento contábil, ocorre o débito do inves-
timento e, em contrapartida, uma conta do Disponível (Caixa ou Banco).
Já as Participações em Fundos de Investimentos Ambientais confi-
guram as aplicações de recursos em fundos ambientais de longo prazo. Nessa
conta, são debitados os investimentos e, em contrapartida, uma conta do
Disponível (Caixa ou Banco).
Uma atenção especial deve ser reservada às Provisões para
Depreciação, Amortização e Exaustão. Em grande parte, excetuando-se
terrenos, elas configuram investimentos em ativos fixos de limitada vida
útil contábil. Em decorrência disso, os custos desses ativos devem ser con-
tabilizados mensal e anualmente (regime de competência), com a redução
de seus respectivos valores.
De modo a exemplificar, os ativos fixos que possuem características
depreciáveis compreendem equipamentos de recolha, sistemas de exaustão,

–  75  –
Contabilidade Socioambiental

estações de tratamento de efluentes e demais equipamentos relacionados. Na


contabilidade, representam contas redutoras do ativo fixo e sua contrapartida
constitui contas de despesas de depreciação ou então de exaustão – no caso de
jazidas ou minas, por exemplo.
Na conta Investimentos pode surgir a utilidade da subconta Projetos de
Gestão Ambiental, correspondendo aos investimentos realizados em conta
do ativo diferido, como é o caso de tecnologias específicas para melhorias
relativas a aspectos ambientais. Nesse cenário, tais investimentos são debita-
dos em Projetos de Gestão Ambiental e a contrapartida está em uma conta
do Disponível, ou, dependendo do caso, em contas do Passivo (Obrigações).

4.3.2 Lançamentos contábeis em Passivos


As contas do elemento contábil Passivo constituem todas as obriga-
ções relativas às finalidades ambientais da entidade. A conta Empréstimos
Ambientais está relacionada aos empréstimos para recomposição do fundo de
caixa ambiental. Sua contabilização ocorre da seguinte forma: 1) os emprésti-
mos são creditados e sua contrapartida encontra-se na conta Caixa ou Banco;
2) no ato do pagamento dos empréstimos são debitados os pagamentos e a
contrapartida constará como Caixa ou Banco.
Os Financiamentos Ambientais funcionam semelhantemente à conta
de empréstimos. Comumentemente, existem para atender à política de inves-
timentos organizacionais. A conta é debitada em Caixa ou Banco. Quando
do pagamento de parte, ou do financiamento total, a conta é debitada, tendo
como contrapartida a conta Caixa Ambiental.
A conta Multas por Danos Ambientais é oriunda das infrações lavra-
das pelos órgãos reguladores ambientais. Essa conta tem como contrapartida
lançamentos a débito da conta Multas Ambientais. Na ocorrência de paga-
mento da multa, é debitada a conta do Passivo Multas por Danos Ambientais
e creditada a conta Caixa ou Banco.
A configuração da conta Imposto Verde está relacionada aos impos-
tos fundamentados na estimativa do dano causado por eventual poluição ou
prejuízos ao meio ambiente, recaindo na configuração de compensação. Os
impostos são creditados pelo lançamento ou pela eventual provisão, e sua

–  76  –
Fatos ambientais

contrapartida constituirá uma conta de despesa. No ato do pagamento, os


valores são debitados e a contrapartida está na conta Caixa ou Banco.
O grupo de contas Provisões Ambientais configura as exigibilidades
contra a empresa considerando os riscos ambientais existentes, mas que repre-
sentam certa incerteza quanto ao efetivo acontecimento e que, em função
de um fato futuro, pode eventualmente resultar em perdas. Contabilmente,
a ocorrência do fato gerador é creditada, e a contrapartida configurará uma
conta de despesa ou custo. No momento em que se define o valor, é efetuada
a transferência para a obrigação (débito) ou, caso o fato não seja configurado
como responsabilidade da entidade, o saldo não utilizado deve ser estornado.
Exemplificando: a empresa MMM, fabricante de produtos plásticos,
devido a um vazamento de resíduos químicos no solo por meio de um tubo
que se rompeu, foi multada por um órgão estatal em R$ 100.000,00. Tal
valor deve ser pago em 30 dias. Nesse momento, o contador da empresa reali-
zou o lançamento contábil (crédito) do valor da multa no Passivo Circulante,
na subconta de Multas Ambientais.

4.3.3 Lançamentos contábeis no Patrimônio Líquido


Especificamente para o elemento contábil Patrimônio Líquido, reser-
varemos uma atenção especial para as Reservas de Lucros e as Receitas
Ambientais, em função de suas particularidades que merecem uma disposi-
ção maior para seu entendimento.
As Reservas de Lucros são constituídas de reservas associadas à apro-
priação dos lucros da entidade. Notadamente, existem diferentes tipos de
reservas de lucros previstos em lei, contudo nosso foco está direcionado
especialmente para as Reservas para Contingências (ou Contingencial).
Elas representam a expectativa de eventuais perdas ou prejuízos relativos a
impactos ou passivos ambientais, ou seja, que ainda não ocorreram, porém
são previstos, funcionando como um posicionamento de cautela e prudên-
cia. Na contabilização ocorre o crédito das contas propostas no plano de
contas, com a contrapartida da conta de Lucros Acumulados. Na ocorrência
da efetiva perda, as receitas são debitadas, reduzindo, concomitantemente,
o lucro. Do contrário, as Reservas para Contingências devem ser revertidas
para a conta de Lucros Acumulados.

–  77  –
Contabilidade Socioambiental

Por sua vez, as Receitas Ambientais representam aquelas derivadas,


por exemplo, de programas de aproveitamento de água, de vendas para reci-
clagem, do consumo de energia no processo operacional da entidade e de
outras ações nessa configuração, as quais são resultados da estrutura de gestão
ambiental da entidade. A contabilização ocorre a partir do crédito da sua
ocorrência e sua contrapartida consiste na conta Clientes Ambientais.

Conclusão
À medida que os fatos ambientais e os compromissos contábeis ocorrem,
o contador é designado a proceder com os lançamentos contábeis ambientais
com base nas diretrizes e normas contábeis vigentes. Fica evidente que, por
não se tratar de lançamentos de características comuns entre todas as empre-
sas, há peculiaridades específicas de cada atividade, objeto social, potencial
poluidor e dos próprios fatos que ocorrem (respeitando, obviamente, o
código de taxonomia destinada à conta agregadora).
A atenção aos registros contábeis configura um fator primordial na
demonstração real do patrimônio. Na perspectiva ambiental, tal cuidado deve
ser maior, uma vez que, dependendo da magnitude da circunstância ocorrida
– ao desconsiderar, por exemplo, provisões de longo prazo, como ações judi-
ciais ambientais – ela pode impactar consideravelmente os resultados finan-
ceiros da entidade caso a sentença resulte como procedente, proporcionando
eventuais surpresas e incertezas às partes interessadas pela ausência do plane-
jamento financeiro, além de gerar descrédito ao mercado.
Por outro lado, o real conhecimento acerca da estrutura do plano de
contas, o coerente registro dos fatos contábeis ambientais e o planejamento
das provisões ambientais levam à seguridade das informações contábeis e à
credibilidade dos resultados organizacionais.

Ampliando seus conhecimentos

Com base no entendimento acerca dos fatos contábeis ambien-


tais, da estruturação de um plano de contas e dos lançamentos

–  78  –
Fatos ambientais

contábeis dos eventos ambientais, o excerto a seguir retrata a


externalização de todas essas informações desenvolvidas inter-
namente pela entidade, com a devida evidenciação contábil.

A uniformidade na evidenciação das


informações ambientais
(COSTA; MARION, 2007, p. 26)

[...]
Evidenciar significa “tornar evidente, mostrar com clareza,
comprovar” (AURÉLIO, 1999), ou seja, evidenciação con-
siste em tornar claro algo que não ofereça dúvida. Portanto,
evidenciação contábil refere-se às informações que a empresa
torna disponível através das demonstrações e relatórios contá-
beis. Tinoco e Kraemer (2004, p. 256) explicam que o obje-
tivo da evidenciação contábil seria: “o de divulgar informações
do desempenho econômico, financeiro, social e ambiental
das entidades aos parceiros sociais, os stakeholders, conside-
rando que os demonstrativos financeiros e outras formas de
evidenciação não devem ser enganosos”.
Essa evidenciação contábil, para Hendriksen e Van Breda (1999,
p. 512), acaba sendo interpretada de maneira restrita pelos con-
tadores ao afirmarem que “os contadores tendem a utilizar essa
palavra num sentido ligeiramente mais restrito, tratando da veicu-
lação de informação financeira a respeito de uma empresa dentro
de um relatório financeiro, geralmente o relatório anual”.
Para esses autores, as demonstrações financeiras representam
apenas um componente de um sistema de divulgação muito
mais amplo. O Conselho Federal de Contabilidade (CFC),
através do item 1.4 da Resolução 774, de 16 de dezembro de
1994, comenta que a contabilidade tem por objetivo:
[...] prover os usuários com informações sobre aspectos
de naturezas econômicas, financeira e física do patrimônio

–  79  –
Contabilidade Socioambiental

da entidade e suas mutações, o que compreende regis-


tros, demonstrações, análises, diagnósticos, expressos
sob a forma de relatos, pareceres, tabelas, planilhas e
outros meios.
Através dessa resolução, percebe-se que a contabilidade tem o
objetivo de evidenciar não só informações econômicas e finan-
ceiras, mas também físicas, e utilizar, inclusive, outras formas para
evidenciá-las, como tabelas e outros meios. Devido às exigên-
cias do mercado, as empresas buscam evidenciar, isto é, tornar
clara sua responsabilidade social e ambiental. O que acontece
é que muitas vezes as empresas não fazem uso das demonstra-
ções contábeis devido à restrição de algumas normas contábeis.
Mesmo que não seja possível a evidenciação das informações
ambientais nas próprias demonstrações contábeis, é papel da
contabilidade evidenciá-las em outros meios para que os usuá-
rios possam tomar decisões mais corretas sobre a empresa.
Quando as empresas divulgam informações não atreladas com
as demonstrações contábeis, acabam comprometendo a sua
confiabilidade. O Relatório da Administração, por exemplo,
é um relatório cuja elaboração e publicação são obrigatórias
segundo o art. 133 da Lei 6.404/76, mas que utiliza uma lin-
guagem menos técnica com o objetivo de atingir um número
maior de usuários. Por isso, Ribeiro (2005, p. 107) afirma
que esse relatório “normalmente, limita-se a apresentar dados
qualitativos e sujeitos, portanto, a certa dose de subjetivismo
e às conveniências da empresa”.
Uma outra questão a ser analisada é a da essência sobre a forma.
A Resolução CFC 750, de 29 de dezembro de 1993, em
seu art. 1º, § 2º, determina que “na aplicação dos Princípios
Fundamentais de Contabilidade a situações concretas, a essên-
cia das transações deve prevalecer sobre seus aspectos formais”.
Se a contabilidade tem por objeto o patrimônio das entida-
des, as informações ambientais, por estarem intrinsecamente

–  80  –
Fatos ambientais

relacionadas ao patrimônio, devem ser evidenciadas, indepen-


dentemente da forma de divulgação, isto é, na essência; são
informações que podem modificar o patrimônio das entidades
e, sendo assim, precisam constar nas demonstrações contábeis
não importando a forma ou maneira utilizada.
A evidenciação segregada das informações ambientais pode
ser considerada como uma das contribuições da contabilidade
para a preservação e proteção ambiental. Portanto, em relação
ao balanço patrimonial, segundo Ribeiro (2005, p. 111), “os
ativos ambientais devem ter classificação, controle e divulga-
ção destacados nos grupos do Ativo”.
[...]

Atividades
1. Toda empresa deve estruturar de forma contabilmente adequada seu
plano de contas. Tal afirmativa remete à responsabilidade da estru-
turação de um coerente plano de contas para cada entidade. Nesse
contexto, apresente a definição de plano de contas e aponte sua impor-
tância na contabilidade.

2. A empresa JM S.A. registra seus fatos contábeis ambientais conforme


a demanda necessária, de modo que o plano de contas é estruturado
com o passar dos anos, de acordo com a eventual necessidade de criar
a conta contábil no sistema. Nesse caso fictício da JM S.A., o procedi-
mento de elaboração do plano de contas é o mais coerente? Justifique
sua resposta.

3. A empresa Maravilhas S.A. possui uma jazida mineral e, em seu pri-


meiro exercício, o contador precisa realizar o lançamento da redução
do valor contábil. Qual é a conta específica para esse procedimento?

–  81  –
Contabilidade Socioambiental

4. O grupo de contas de Provisões Ambientais configura as exigibilida-


des contra a empresa, considerando os riscos ambientais existentes,
que representam certa incerteza quanto ao efetivo acontecimento e
que, em função de um fato futuro, pode eventualmente resultar em
perdas. Contabilmente, como ocorrem os lançamentos desse grupo
de contas?

–  82  –
5
EIA/RIMA

Introdução
A proposta deste capítulo é proporcionar a compreen-
são dos aspectos relativos aos estudos ambientais exigidos para os
empreendimentos com potencial de geração de impactos ao meio
ambiente. Os estudos abordados consistem no Estudo Prévio de
Impacto Ambiental (EIA) e no Relatório de Impacto Ambiental
(RIMA). Especificamente, discorre-se acerca dos requisitos legais,
do conteúdo necessário a essas análises, da responsabilidade por sua
elaboração e das dinâmicas envolvidas nesse processo.
Contabilidade Socioambiental

5.1 Estudo Prévio de Impacto Ambiental – EIA


O conceito de estudos ambientais está determinado na Resolução Conama
n. 237, de 19 de dezembro de 1997, artigo 1º, inciso III, que os define como:
todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos ambientais relacio-
nados à localização, instalação, operação e ampliação de uma ativi-
dade ou empreendimento, apresentado como subsídio para a análise
da licença requerida, tais como: relatório ambiental, plano e projeto
de controle ambiental, relatório ambiental preliminar, diagnóstico
ambiental, plano de manejo, plano de recuperação de área degradada
e análise preliminar de risco. (BRASIL, 1997)
Mais especificamente acerca do Estudo Prévio de Impacto Ambiental, a
Resolução Conama n. 001, de 23 de janeiro de 1986 (BRASIL, 1986b), institui
a obrigatoriedade desse estudo e estabelece diretrizes para sua efetiva elaboração.
Mas, afinal, o que é Estudo Prévio de Impacto Ambiental?
O Estudo Prévio de Impacto ambiental ou Estudo de Impacto Ambiental,
também conhecido como EIA, é definido por Cavalcanti (2017, p. 98) como
“um documento único de análise de degradação potencial e significativa do
meio ambiente, decorrente do exercício de atividades ou instalação de obras”.
Ramos (2009, p. 156), sob uma percepção de um documento preven-
tivo, alega que:
Com a criação deste instrumento foram percorridos novos caminhos
“preventivos” no mundo jurídico, pois no EIA está implícita uma
tentativa de evitar o surgimento do dano ambiental. A base jurídica
para a avaliação ou estudo é, assim, em primeiro plano, a melhoria
qualitativa e quantitativa das condições ambientais. O EIA caracteriza
uma resposta jurídica internacional que reconhece que não pode ser
tolerável esperar que o dano ambiental ocorra para depois combatê-
-lo. Em segundo plano, esse estudo serve também para tentar resgatar
o estado natural primário, ou então para criar um prognóstico sobre
as violações ambientais futuras.
Nesse aspecto, esse estudo tem o propósito de diminuir os impactos
ambientais, bem como encontrar alternativas para a conservação do meio
ambiente preliminarmente equilibrado.
O EIA torna-se legalmente obrigatório por conta da Lei n. 6.803/80,
artigo 10, §3º, com a apresentação de “estudos especiais de alternativas e de
avaliações de impacto”. Além disso, o §2º determina que:

–  84  –
EIA/RIMA

Caberá exclusivamente à União, ouvidos os Governos Estadual e


Municipal interessados, aprovar a delimitação e autorizar a implan-
tação de zonas de uso estritamente industrial que se destinem à loca-
lização de polos petroquímicos, cloroquímicos, carboquímicos, bem
como a instalações nucleares e outras definidas em lei.

Após a promulgação dessa lei, outras legislações de caráter infraconsti-


tucional também determinaram a obrigação da elaboração do EIA (Leis n.
6902/81 e 6938/81, Decreto n. 99274/90 e Lei Complementar n. 140/2011).
Entretanto, essa exigência do Estado só se tornou constitucional com o esta-
belecido da Constituição Federal, que aponta, no seu artigo 225, inciso IV:
“exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente
causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de
impacto ambiental, a que se dará publicidade” (BRASIL, 1988a).
De acordo com Antonovz (2014), a elaboração do EIA deve ser realizada
sempre que for solicitado um licenciamento para execução de uma atividade
com potencial poluidor, por exemplo, no caso de mineradoras, indústrias,
usinas etc. Cavalcanti (2017, p. 98) esclarece que,
com parecer multidisciplinar, o EIA é um instrumento que deve ser
anterior à autorização da obra e/ou atividade, não podendo ser con-
comitante nem posterior à obra ou atividade, ou seja, deve dar-se
necessariamente antes da realização ou início do funcionamento de
planta industrial ou atividade que possa sugerir qualquer degradação
ambiental ou, ainda, apresentar dúvida quanto à realização segura da
mesma, sob enfoque do meio ambiente, o que inclui a vida, digni-
dade e saúde humana.

Com relação às atividades que compreendem a exigência de elaboração


de estudo de impacto ambiental, o artigo 2º da Resolução Conama n. 001/86
orienta que:
Dependerá de elaboração de estudo de impacto ambiental e res-
pectivo relatório de impacto ambiental – RIMA, a serem submetidos
à aprovação do órgão estadual competente e do IBAMA em cará-
ter supletivo, o licenciamento de atividades modificadoras do meio
ambiente, tais como:
I – Estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento;
II – Ferrovias;
III – Portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos;

–  85  –
Contabilidade Socioambiental

IV  – Aeroportos, conforme definidos pelo inciso 1, artigo 48, do


Decreto-Lei nº 32, de 18.11.66;
V – Oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores e emissá-
rios de esgotos sanitários;
VI – Linhas de transmissão de energia elétrica, acima de 230KV;
VII  – Obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos, tais
como: barragem para fins hidrelétricos, acima de 10MW, de sanea-
mento ou de irrigação, abertura de canais para navegação, drenagem
e irrigação, retificação de cursos d’água, abertura de barras e emboca-
duras, transposição de bacias, diques;
VIII – Extração de combustível fóssil (petróleo, xisto, carvão);
IX  – Extração de minério, inclusive os da classe II, definidas no
Código de Mineração;
X – Aterros sanitários, processamento e destino final de resíduos tóxi-
cos ou perigosos;
Xl – Usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a fonte de
energia primária, acima de 10MW;
XII – Complexo e unidades industriais e agro-industriais (petroquí-
micos, siderúrgicos, cloroquímicos, destilarias de álcool, hulha, extra-
ção e cultivo de recursos hídricos);
XIII – Distritos industriais e zonas estritamente industriais – ZEI;
XIV – Exploração econômica de madeira ou de lenha, em áreas acima
de 100 hectares ou menores, quando atingir áreas significativas em
termos percentuais ou de importância do ponto de vista ambiental;
XV – Projetos urbanísticos, acima de 100 ha. ou em áreas considera-
das de relevante interesse ambiental a critério da SEMA e dos órgãos
municipais e estaduais competentes;
XVI – Qualquer atividade que utilize carvão vegetal, em quantidade
superior a dez toneladas por dia.
(BRASIL, 1986b)

Para tanto, a Resolução Conama n. 237/97 evidencia a definição de


licença ambiental como:
ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente estabelece
as condições, restrições e medidas de controle ambiental que deve-
rão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, para

–  86  –
EIA/RIMA

localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades


utilizadoras dos recursos ambientais consideradas efetiva ou poten-
cialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam
causar degradação ambiental. (BRASIL, 1997)

De acordo com essa mesma resolução, no seu artigo 3º, parágrafo único,
compete ao Ibama a obrigação de verificar a destruição do ambiente, estabe-
lecendo quais os estudos que devem ser feitos para obtenção, por parte do
empreendimento, do licenciamento ambiental.
O artigo 11 e o parágrafo único da Resolução n. 237/97 prevê que “os
estudos necessários ao processo de licenciamento deverão ser realizados por
profissionais legalmente habilitados, às expensas do empreendedor”, bem
como que “o empreendedor e os profissionais que subscrevem os estudos
previstos no caput deste artigo serão responsáveis pelas informações apre-
sentadas, sujeitando-se às sanções administrativas, civis e penais”. Logo, esse
estudo de impacto deve ser realizado por profissional que seja devidamente
qualificado, podendo este ser responsabilizado legalmente. Dentre esses pro-
fissionais, podemos citar: engenheiros ambientais, agrônomos, biólogos e
outros de áreas afins.
Desse modo, verifica-se que o EIA tem seu objetivo pautado na preser-
vação e na precaução. Somente após os resultados do estudo, o Estado pode
ou não autorizar o início da construção de um empreendimento. De acordo
com Antonovz (2014), o EIA está pautado no princípio da precaução (con-
forme abordado no Capítulo 1, refere-se à ideia de prevenção).
Assim, o EIA é um relatório baseado em muitas informações técnicas, de
difícil compreensão para a sociedade em geral. Por isso, existe outro importante
documento que o acompanha, o Relatório de Impacto ao Meio Ambiente,
também conhecido como RIMA. Esse documento consiste em uma versão do
EIA, com uma linguagem facilitada e objetiva para a compreensão de todos
(na seção 5.2, o RIMA será abordado com mais profundidade).
No momento da realização desses dois diagnósticos (documentos),
verificam-se os danos ambientais e também possíveis maneiras de diminuir
os impactos ou, ainda, compensar os problemas que sejam decorrentes do
empreendimento, visando diminuir ao máximo quaisquer desses danos.

–  87  –
Contabilidade Socioambiental

Quando uma empresa solicita o licenciamento ambiental a um órgão


ambiental competente, para a construção e futura operação de um empreen-
dimento, o processo deve ser administrativo. Isso significa que este será
desenvolvido pelo Poder Executivo, não excluindo, obviamente, os demais
tipos de procedimentos, como é o caso do processo judiciário, de acordo com
os dispositivos constitucionais, para que o EIA/RIMA seja obrigatório.
A obrigatoriedade desse estudo prévio, bem como sua importância no
que diz respeito à conservação do meio ambiente ecologicamente equili-
brado, tem sido demonstrada inclusive pelo Supremo Tribunal Federal,
que declarou a inconstitucionalidade das leis (estaduais ou municipais)
que preveem a dispensa do EIA/RIMA. Um exemplo foi a Ação Direta de
Inconstitucionalidade n. 1.086/SC, a qual declara a inconstitucionalidade
da lei catarinense que estabelecia a dispensa de “elaboração de estudo prévio
de impacto ambiental no caso de áreas de florestamento ou reflorestamento
para fins empresariais” (BRASIL, 2001).
O EIA refere-se a um trabalho de configuração técnica, cujas diretrizes
são pautadas em várias fases e, por consequência, consome uma quantidade
considerável de recursos e tempo. De acordo com Prado Filho (2001), essas
atividades consistem em:
1. Apresentação e descrição do empreendimento – tais descrições
devem ser caracterizadas nas diversas fases do empreendimento,
isto é, na fase em que o estabelecimento está em planejamento,
implementação, operação, bem como em eventual desativação, res-
saltando, principalmente, os tipos de insumos e combustíveis que
serão utilizados.
2. Levantamento e análise da legislação – nesse momento, ocorre
a verificação de todas as normas legislativas, nos âmbitos fede-
ral, estadual e municipal, relacionadas a cada momento da obra
do empreendimento.
3. Elaboração do diagnóstico ambiental  – nessa atividade, verifi-
cam-se os elementos que constituem o meio ambiente, bem como
as interações nesse ambiente ecologicamente equilibrado. Essa
etapa tem como finalidade a observação da situação do ambiente
antes das atividades de elaboração do empreendimento.

–  88  –
EIA/RIMA

4. Identificação e análise dos impactos ambientais  – nessa etapa


ocorre a verificação de possíveis impactos que o empreendimento
pode causar. Nessa análise é identificada e detalhada a abrangência
dos resultados desses impactos.
5. Previsão e mensuração dos impactos identificados – tem como
finalidade estabelecer uma estimativa dos possíveis impactos que o
empreendimento pode causar. Essa estimativa pode ser definida por
meio de indicadores, de forma quantitativa ou qualitativa, e deve
ser mensurada para todas as etapas de vida do empreendimento.
6. Valoração e interpretação da significância dos impactos pre-
vistos – nesse momento do estudo será definido o valor de cada
impacto ambiental.
7. Proposição das medidas de gerenciamento ambiental  – nessa
fase são verificadas algumas possibilidades de minimizar ou elimi-
nar possíveis impactos ambientais.
8. Apresentação – consiste na demonstração dos resultados da análise
de impactos ambientais realizados pelos técnicos, a qual deve ser
feita em formato documental.
9. Revisão do Estudo de Impacto Ambiental – os órgãos ambien-
tais devem avaliar os resultados dos estudos ambientais e tomar
a decisão quanto ao empreendimento. Todavia, num primeiro
momento, esses órgãos devem verificar se o estudo apresentado
está de acordo com a legislação vigente e em conformidade quanto
à avaliação do impacto, às medidas de proteção e ao monitora-
mento ambiental estabelecido.
Desse modo, o EIA, como um instrumento estabelecido pelas normas
legais, deve, impreterivelmente, apresentar: informações consistentes acerca
do problema analisado; os dados do empreendimento; os planos estatais; a
legislação pertinente; a descrição da área em que será construído o empreen-
dimento; o diagnóstico ambiental; o levantamento e a avaliação dos impactos
resultantes da implantação e operacionalização do projeto; e as referências
bibliográficas utilizadas (WATANABE, 2010). Além disso, deve estar acom-
panhado do RIMA, conforme apresentado na sequência.

–  89  –
Contabilidade Socioambiental

5.2 Relatório de Impacto Ambiental – RIMA


De acordo com Antonovz (2014, p. 56), o objetivo do RIMA “é apre-
sentar à sociedade os resultados alcançados no EIA, relatando se estes trazem
benefícios ou não à comunidade. Nesse documento também são apresenta-
dos os efeitos ambientais, com base nos quais é possível verificar quais são os
custos inerentes”.
Obviamente o EIA e o RIMA também podem ser solicitados para outras
atividades, ficando a critério da previsão de outras normas legais ou, ainda,
dos órgãos ambientais sua efetiva necessidade. Um exemplo é o caso do aterro
sanitário de resíduos sólidos urbanos e industriais, o qual está previsto nas
Portarias SSMA n. 12/95 e n. 10/96 (RIO GRANDE DO SUL, 1995, 1996).
A diferença básica entre o EIA e o RIMA se encontra na sua forma
escrita, conforme explicado anteriormente. Nesse aspecto, o RIMA é um
documento composto pelo resumo do EIA, em uma linguagem mais acessí-
vel, visto que é destinado a toda a sociedade.
Além de ser exposto de forma objetiva e acessível a qualquer cidadão,
o RIMA deve ser ilustrado com técnicas de comunicação visual, como, por
exemplo, mapas, quadros, gráficos etc. Sob a perspectiva ambiental, devem
ser evidenciadas as vantagens e desvantagens da realização do projeto de
forma lúdica, para que haja clareza quanto aos eventuais impactos ambientais
que o empreendimento possa causar com sua efetivação.
Conforme o artigo 9º da Resolução Conama n. 001, de 23 de janeiro de
1986, o RIMA espelha todo o EIA, todavia, de forma simplificada, com no
mínimo os seguintes tópicos (BRASIL,1986b):
22 objetivo e justificativa do projeto;
22 descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas;
22 matéria-prima, fonte de energia, processo e técnicas a serem utiliza-
das em cada etapa da construção do empreendimento;
22 possíveis influências causadas por esse empreendimento, bem como os
resíduos de energia e os empregos diretos e indiretos a serem gerados;
22 resumo do diagnóstico das áreas afetadas pelo projeto do
empreendimento;

–  90  –
EIA/RIMA

22 descrição dos impactos ambientais que podem ocorrer por conse-


quência da implementação do projeto, destacando um cronograma;
22 descrição da qualidade do ambiente caso o projeto seja executado,
bem como se ele não for realizado;
22 descrição dos efeitos que não podem ser evitados, apesar das medi-
das mitigadoras;
22 método de acompanhamento e monitoramento dos impactos;
22 recomendações, conclusões e comentários.
Essa avaliação preliminar, conforme Antonovz (2014), obriga o
empreendedor a demonstrar, por meio de estudos anteriores, como será
realizada a construção e a execução do empreendimento, os possíveis danos
que a construção, a instalação e o funcionamento podem acarretar ao meio
ambiente e à sociedade e que estágio de impacto ambiental pode ser espe-
rado da instalação dessa obra na natureza. Para ser realizada essa avaliação, o
empreendedor deverá trazer todos os estudos que englobam a possível obra,
inclusive o desenho arquitetônico.
Acerca das licenças ambientais (federais ou estaduais), de acordo com o
artigo 8º da Resolução Conama n. 237, (BRASIL, 1997), elas podem ser de
três tipos diferentes.
A Licença Prévia (LP) consiste na licença a ser obtida na fase inicial do
empreendimento, visto que por meio dela o empreendedor tem a permissão de
uso do local em que será estabelecido o seu projeto. Já a Licença de Instalação
(LI) consiste na permissão para execução da obra. Logo, com a LI o empreendi-
mento pode começar a “sair do papel”. E, por fim, a Licença de Operação (LO)
estabelece o funcionamento do empreendimento já estabelecido e executado.
Para que seja liberada quaisquer uma dessas licenças, o empreendedor
deve seguir todas as ações determinadas e acordadas com os órgãos ambien-
tais, as quais são claramente estipuladas no EIA/RIMA.
Outro procedimento para a obtenção das licenças ambientais são as
audiências públicas, que devem ser divulgadas nos meios de comunicação de
maior circulação na região onde o empreendimento será construído. Essas
audiências são reuniões abertas ao público interessado, com o objetivo de
expor os resultados do EIA e do RIMA.

– 91 –
Contabilidade Socioambiental

Resumidamente, pode-se entender que o EIA e o RIMA são elabora-


dos em conformidade com o Termo de Referência que o órgão ambiental
responsável estabelece. Ressalta-se que, quando o empreendedor verifica a
necessidade do EIA e do RIMA para a efetivação de seu projeto, a solicita-
ção do licenciamento deve ser publicada no Diário Oficial do Estado onde
ocorre o pleito da execução do projeto. Cumpre evidenciar que as demais
etapas, até a obtenção da licença, também devem ser divulgadas no mesmo
canal de comunicação.

5.3 Responsabilidade pela


elaboração do EIA/RIMA
O EIA/RIMA gera um vínculo de responsabilidade entre as pessoas que
o elaboram e as consequências do empreendimento que será executado. Logo,
todos os envolvidos no processo de obtenção da licença podem ser responsa-
bilizados pelo dano ambiental resultante de um erro ou dolo.
No que concerne à responsabilização pelos estudos ambientais, a
Resolução Conama n. 237/97, artigo 11, parágrafo único, deixa claro “que
o empreendedor e os profissionais que subscrevem os estudos necessários o
processo de licenciamento serão responsáveis pelas informações apresentadas,
sujeitando-se as sanções administrativas, civis e penais” (BRASIL,1997).
Além da responsabilidade do profissional que elaborou o estudo, fica
evidente que essa responsabilização também é direcionada ao empreendedor
ou à administração da empresa (ou proponente do projeto), evidenciando
que a punição imposta busca coibir a omissão de dados, a manipulação ou
inserção de informações falsas ou relatórios enganosos com a intenção de
“facilitar” o processo de licenciamento ambiental. Cumpre evidenciar que o
EIA e o RIMA são documentos pautados na lei e, portanto, jamais podem ser
elaborados com parcial ou total falsidade ou engano.
No caso de detecção de informações falsas ou enganosas, por dolo ou
culpa, a equipe envolvida comete o crime previsto na Lei n. 11.284, de 2006,
em seu art. 82, como acréscimo ao artigo 69-A da Lei n. 9065, de 1998,
ficando sujeito a penas de reclusão ou detenção (BRASIL, 2006):

–  92  –
EIA/RIMA

Art. 69-A. Elaborar ou apresentar, no licenciamento, concessão flores-


tal ou qualquer outro procedimento administrativo, estudo, laudo ou
relatório ambiental total ou parcialmente falso ou enganoso, inclusive
por omissão:
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
§ 1º. Se o crime é culposo:
Pena – Detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.
§ 2°. A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços) se
há dano significativo ao meio ambiente, em decorrência de uso da
informação falsa, incompleta ou enganosa.

Ou seja, no artigo 69-A, existem duas classificações de crime:


22 uso da informação falsa ou enganosa, sem intenções de dano ao
meio ambiente;
22 uso da informação falsa ou enganosa, resultando em dano signifi-
cativo ao meio ambiente.
No segundo caso, para tal crime será acrescido 2/3 da pena, tanto para
crime doloso quanto culposo.
No que tange às sanções previstas, Singulane (2011, p. 2) alega que “na
esfera administrativa, se sujeita o empreendedor às sanções estabelecidas no
art. 72º da lei n. 9065/1998, enquanto seus técnicos, através de procedimen-
tos próprios de sanção, respondem aos Conselhos Profissionais de sua respec-
tiva categoria e ao IBAMA”. Sob o aspecto criminal, o mesmo autor afirma
que “responderão, tanto as pessoas físicas quanto as jurídicas que, de qualquer
modo, por culpa tenham concorrido para verificação do dano, já que a Lei
n. 9605/98 superou o caráter individual exclusivo da responsabilidade penal,
possibilitando desta forma alcançar também a pessoa jurídica como sujeito
ativo do crime ecológico (art. 3º)” (SINGULANE, 2011, p. 2).
Outro ponto importante acerca da responsabilidade jurídica decorrente
da confecção do EIA/RIMA refere-se aos atos que o empreendedor realizou
sem a obtenção de uma licença. Nesse caso, o empreendedor será responsabi-
lizado conforme previsto no artigo 72 da Lei n. 9.605/98 (BRASIL,1998) e
no artigo 3º do Decreto n. 6.514/2008 (BRASIL, 2008a), prevendo-se san-
ções administrativas, penais e civis:

–  93  –
Contabilidade Socioambiental

Art. 3o As infrações administrativas são punidas com as seguintes


sanções:
I – advertência;
II – multa simples;
III – multa diária;
IV – apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora
e demais produtos e subprodutos objeto da infração, instrumentos,
petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados
na infração;
V – destruição ou inutilização do produto;
VI – suspensão de venda e fabricação do produto;
VII – embargo de obra ou atividade e suas respectivas áreas;
VIII – demolição de obra;
IX – suspensão parcial ou total das atividades; e
X – restritiva de direitos. (BRASIL, 2008a)

Quanto às sanções penais, elas serão regidas pelo artigo 60 da Lei n. 9.605/98:
Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qual-
quer parte do território nacional, estabelecimentos, obras ou serviços
potencialmente poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos
ambientais competentes, ou contrariando as normas legais e regula-
mentares pertinentes:
Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa, ou ambas as penas
cumulativamente. (BRASIL, 1998)

No que se refere à responsabilidade civil, o empreendedor pode ser con-


denado a pagar indenizações caso sua atividade gere danos a terceiros, con-
forme previsto no artigo 14, § 1º, da Lei n. 6.938/81:
Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o
poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a
indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a tercei-
ros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos
Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil
e criminal, por danos causados ao meio ambiente. (BRASIL, 1981)

A responsabilização será analisada de forma diferente quando o EIA tiver


sido elaborado de forma ineficiente, porém aprovado pelos órgãos ambientais
competentes. Nesse caso, o empreendedor realiza todas as ações previstas no
EIA e no RIMA, mas, por uma ineficácia desses documentos, ocorre o dano

–  94  –
EIA/RIMA

ambiental. Logo, a equipe multidisciplinar será responsabilizada pela elabora-


ção incompetente do estudo, bem como será responsabilizada por negligência
a Administração Pública.
A empresa também responde pelos danos causados conforme o artigo 37
da Constituição Federal e o artigo 14 da Lei n. 6.938/81, que estabelecem essa
responsabilização mesmo que o sujeito causador não tenha culpa do impacto
ambiental. No que diz respeito à Administração Pública, a Resolução n. 237
do Conama estabelece que o Estado não pode ser responsabilizado pela ela-
boração inconsistente dos documentos (EIA e RIMA).
A Administração Pública também contrata os serviços de terceiros para a
realização do EIA e do RIMA. Nesses casos, o Estado não pode ser acionado
judicialmente por dano gerado em função de documentos que apresentarem
falhas técnicas. Ou seja, o Estado só pode ser responsabilizado pelos atos
administrativos nulos ou anuláveis, consequência de dolo ou erro da própria
Administração Pública, por meio de seus agentes públicos.
O licenciamento ambiental, previsto na Resolução Conama n.
237/97, consiste em um procedimento administrativo que permite que
uma empresa possa desenvolver uma atividade em determinado local. De
configuração legal, para o processo de abertura de uma empresa e a res-
pectiva legalização de suas atividades, as etapas do licenciamento ambien-
tal constituem um conjunto de exigências burocráticas, que resultam, ou
não, na concessão das licenças ambientais (necessárias para cada fase), pela
Administração Pública.
O ato administrativo de conceder a licença pode ser também um ato
vinculado (e não discricionário). Nessa situação, a conclusão do estudo de
impacto ambiental vai de encontro ao resultado favorável à instalação do
empreendimento, o que resulta na concessão sem argumentação da licença
ambiental por parte dos órgãos responsáveis. Sempre que o EIA estabele-
cer que as obras ou atividades estudadas não geram nenhum tipo de dano
ambiental, a autoridade deve fornecer a licença para o empreendimento.
Nas hipóteses em que o Estado não forneça a licença, verifica-se abuso de
poder por parte do servidor responsável e, portanto, esse ato será conside-
rado ilegal.

– 95 –
Contabilidade Socioambiental

Quando a licença ambiental é concedida com o resultado favorável do


EIA e do RIMA, o Estado não tem participação na responsabilidade pelo
dano ambiental, visto que, nesse caso, o ato de conceder a licença é um ato
vinculado e não discricionário. Logo, a responsabilidade quanto aos impactos
ambientais resultantes da obra será apenas dos técnicos que elaboraram o
estudo e do empreendedor.

Conclusão
A construção de um empreendimento e o respectivo início das ativida-
des de determinado segmento estão submetidos aos desdobramentos e às exi-
gências relativas aos eventuais impactos socioambientais que sejam capazes de
gerar. Empreendimentos com potencial poluidor são, obrigatoriamente, sub-
metidos à elaboração do EIA/RIMA, em consonância com as normas especí-
ficas do tema: Política Nacional do Meio Ambiente, Constituição Federal e
Resoluções Conama n. 001/86 e n. 237/97.
O EIA e o RIMA representam a preocupação com a preservação
ambiental em relação à expansão das atividades empresariais e seus respecti-
vos potenciais de poluição, como prerrogativa básica das etapas de licencia-
mento ambiental nos órgãos competentes.
Obviamente, não é função dos órgãos ambientais promover a inter-
rupção das atividades econômicas empresariais ou impedir sua expansão,
mas sim analisar a viabilidade ambiental do empreendimento e as even-
tuais proposições de medidas mitigadoras, a eliminação das alterações
negativas do meio ambiente e os benefícios socioambientais resultantes
do projeto.
Seguramente, de modo metafórico, é possível asseverar que as implica-
ções de um posicionamento sustentável se iniciam no planejamento de um
empreendimento, com se fosse um embrião, e a responsabilidade ambiental
perdura durante toda a existência organizacional, assim como o ciclo de
uma vida inteira.

–  96  –
EIA/RIMA

Ampliando seus conhecimentos

Como leitura complementar, o trecho da pesquisa de Marcelo


Leite Meira (2013) evidencia as exigências necessárias, pre-
vistas na legislação, quanto à estruturação e ao conteúdo do
EIA/RIMA. Fica evidente que o delineamento de padrões
específicos para a elaboração esse estudo estabelece diretrizes
comuns a todos os empreendimentos que almejam iniciar um
processo de licenciamento. Confira a seguir:

Estudo de Impacto Ambiental


(LEITE, 2013, p. 283-284)

[...]
A Resolução Conama 01/86, art. 2º, lista alguns casos de
atividades ou empreendimentos sujeitos ao EIA e ao RIMA.
Entretanto, cabe ao órgão ambiental competente identificar as
atividades e os empreendimentos para os quais há a necessi-
dade da elaboração deste estudo e a emissão do EIA/RIMA.
O EIA também deve atender às seguintes exigências contidas
na lei de Política Nacional do Meio Ambiente:
1. Observar todas as alternativas tecnológicas e de locali-
zação do projeto, levando em conta a hipótese da não
execução do projeto.
2. Identificar e avaliar os impactos ambientais gerados nas
fases de implantação e operação das atividades.
3. Definir os limites da área geográfica a ser afetada pelos
impactos (área de influência do projeto), considerando
principalmente a “bacia hidrográfica” na qual se localiza;

–  97  –
Contabilidade Socioambiental

4. Levar em conta planos e programas do governo, propos-


tos ou em implantação na área de influência do projeto e
se há a possibilidade de serem compatíveis.
Outra condição fundamental é que o EIA seja feito por vários
profissionais de diferentes áreas, trabalhando em conjunto.
Espera-se que a visão multidisciplinar faça com que o estudo
seja feito da forma mais completa possível, de modo a sanar
todas as dúvidas e problemas.
De acordo com o art. 6º da Resolução Conama 237/97, o
EIA deve ser composto obrigatoriamente por quatro seções:
1. Diagnóstico ambiental da área de influência do empreen-
dimento: deve descrever e analisar as potencialidades dos
meios físico, biológico e socioeconômico da área de influên-
cia do empreendimento, inferindo sobre a situação desses
elementos antes e depois da implantação do projeto;
2. Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas
alternativas: contempla a previsão da magnitude e a inter-
pretação da importância dos prováveis impactos relevantes
do empreendimento, discriminando os impactos positivos
e negativos (benéficos e adversos), diretos e indiretos,
imediatos e a médio e longo prazos, temporários e per-
manentes; o grau de reversibilidade desses impactos; suas
propriedades cumulativas e sinérgicas; a distribuição dos
ônus e benefícios sociais;
3. Medidas mitigadoras dos impactos negativos: devem ter
sua eficiência avaliada a partir da implementação dos pro-
gramas ambientais previstos para serem implementados
durante a vigência da LI; e
4. Programa de acompanhamento e monitoramento: deve
abranger os impactos positivos e negativos, indicando os
padrões de qualidade a serem adotados como parâme-
tros. Considerando a extensão, o nível de detalhamento
do EIA e o fato de ele ser redigido em linguagem técnica,

–  98  –
EIA/RIMA

o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) é elaborado,


em linguagem mais acessível, com o objetivo de atender
à demanda da sociedade por informações a respeito do
empreendimento e de seus impactos.
Ao determinar a necessidade da realização do Estudo de
Impacto Ambiental (EIA), o órgão responsável emite o
Termo de Referência, estabelecendo todo o escopo do
estudo a ser apresentado.

Atividades
1. A Resolução Conama n. 237/97 estabelece que os estudos ambientais
“são todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos ambientais rela-
cionados à localização, instalação, operação e ampliação de uma ativi-
dade ou empreendimento, apresentado como subsídio para a análise
da licença requerida, tais como: relatório ambiental, plano e projeto
de controle ambiental, relatório ambiental preliminar, diagnóstico
ambiental, plano de manejo, plano de recuperação de área degradada
e análise preliminar de risco” (BRASIL, 1997). Nesse sentido, expli-
que a finalidade do Estudo Prévio de Impacto ambiental.

2. O Estudo de Impacto Ambiental e o Relatório de Impacto Ambien-


tal são partes do procedimento de licenciamento ambiental. Logo,
a confecção desses documentos é uma etapa para a obtenção da li-
cença ambiental de uma atividade com potencial de poluição. Nesse
contexto, pode-se entender que o Relatório de Impacto Ambiental
(RIMA) e o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) consistem no mes-
mo documento? Justifique sua resposta.

3. Existem empreendimentos que podem solicitar o licenciamento am-


biental sem a realização do EIA ou do RIMA, pois não são causadores
de danos ambientais, em conformidade com o artigo 225, § 1º, IV, da

– 99 –
Contabilidade Socioambiental

Constituição Federal. Porém, se esses documentos forem realizados


com alguma falha e o órgão competente licenciar o empreendimento,
no caso de dano ambiental proveniente de documentos ineficientes,
o Estado pode ser responsabilizado? Por quê?

4. Leia a notícia a seguir.

Compensação Ambiental Federal destinou R$ 411,5 milhões a


150 unidades de conservação em 2016
Brasília (05/06/2017) – A Compensação Ambiental Federal destinou
R$ 411,53 milhões a 150 Unidades de Conservação (UCs) do país
em 2016. O Parque Nacional (PN) do Juruena foi o maior bene-
ficiado, com cerca de R$ 43 milhões para aplicação em regulariza-
ção fundiária, seguido pelo PN Lençóis Maranhenses, com R$ 34,6
milhões. Ambas são UCs federais sob responsabilidade do Instituto
Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Captados a partir de condições estabelecidas para 30 empreendimentos
licenciados pelo Ibama, os recursos foram distribuídos entre as esferas
federal (85,5%), estadual (13,2%) e municipal (1,3%). Atualmente, a
compensação ambiental é uma das principais fontes de recurso para UCs.
O valor da compensação estabelecida na licença é definido com base
no grau de impacto do empreendimento, identificado durante a ela-
boração do Estudo/Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA).
[...]
Fonte: IBAMA, 2017.

Ao ler a notícia acima, é notável a importância da informação obti-


da com base no grau de impacto do empreendimento identificado no
EIA/RIMA para definição do valor da compensação estabelecida. Sob
a perspectiva informacional, aponte quais pontos devem ser imprescin-
divelmente abordados na estruturação/elaboração de um EIA/RIMA.

–  100  –
6
Balanço Social

Introdução
Neste capítulo abordaremos as principais demonstrações
que proporcionam informações relativas aos resultados empresa-
riais sob os aspectos econômico, financeiro, social e ambiental, com
foco específico na importância e aplicabilidade da divulgação da
Demonstração do Valor Adicionado (DVA) e do Balanço Social
como mecanismos impulsionadores da transparência informacional.
Contabilidade Socioambiental

6.1 Demonstração do Valor Adicionado (DVA)


Atualmente, vivemos em uma época com grande volume de informa-
ções, sob os mais diferentes prismas. Novas tendências combinadas com
o avanço exponencial da tecnologia direcionam ao acesso rápido e fácil de
informações, convergindo para a criação de uma nova realidade de transpa-
rência informacional para as organizações em todo o mundo.
Como mecanismos impulsionadores da transparência, existem instru-
mentos que viabilizam a divulgação e transparência das informações empresa-
riais, como a Demonstração do Valor Adicionado (DVA) e o Balanço Social.
Tais mecanismos buscam evidenciar os dados necessários quanto ao desempe-
nho empresarial sob as perspectivas econômica, financeira, social e ambiental.
Nesta primeira seção, trabalharemos especificamente com o enten-
dimento da Demonstração do Valor Adicionado (DVA), a qual é parte
integrante do Balanço Social. Nesse aspecto, a DVA consiste em um
demonstrativo contábil que evidencia os valores gerados e distribuídos
pela entidade em determinado período. Segundo De Luca (1998, p. 28),
a “Demonstração do Valor Adicionado é um conjunto de informações de
natureza econômica. É um relatório contábil que visa demonstrar o valor
da riqueza gerada pela empresa e a distribuição para os elementos que con-
tribuíram para sua geração”.
Por sua vez, Tinoco e Kraemer (2011, p. 74) elucidam a definição de
DVA como “valor total da produção de bens e serviços de determinado
período, menos o custo dos recursos adquiridos de terceiros, necessários a
essa produção, bem como a forma pela qual este está sendo distribuído entre
os diferentes grupos sociais que interagem com suas atividades”.
O Comitê de Pronunciamentos Contábeis, notadamente o pronun-
ciamento CPC 09, define valor adicionado como “a riqueza criada pela
empresa, de forma geral medida pela diferença entre o valor das vendas e os
insumos adquiridos de terceiros. Inclui também o valor adicionado recebido
em transferência, ou seja, produzido por terceiros e transferido à entidade”
(CPC, 2008, p. 3).
Ainda nesse pronunciamento, fica esclarecido que a DVA está funda-
mentada em conceitos macroeconômicos,

–  102  –
Balanço Social

buscando apresentar, eliminados os valores que representam dupla-


-contagem, a parcela de contribuição que a entidade tem na forma-
ção do Produto Interno Bruto (PIB). Essa demonstração apresenta o
quanto a entidade agrega de valor aos insumos adquiridos de terceiros
e que são vendidos ou consumidos durante determinado período.
(CPC, 2008, p. 4)

Exemplificando as conceituações expostas, podemos imaginar uma


empresa que necessita de recursos para o desenvolvimento e a expansão de
seus negócios. Logo, ela busca a captação de tais recursos, os quais podem
ser oriundos das mais diversas fontes possíveis:
22 fornecedores: insumos e serviços;
22 acionistas ou terceiros: recursos financeiros;
22 pessoal: mão de obra para operacionalização das atividades
empresariais;
22 utilidade pública: energia elétrica, água, entre outros.
Obviamente, as movimentações contábeis desses recursos são registra-
das na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), ao mesmo tempo
em que são registradas as receitas do período. Contudo, essa demonstra-
ção restringe-se à discriminação dos resultados e benefícios dos acionistas.
Então, torna-se importante o registro também na DVA, uma vez que ela
evidencia os benefícios proporcionados em favor da comunidade, conside-
rando o quanto a entidade adicionou de valor aos recursos adquiridos de
terceiros e sua respectiva distribuição.
Para os usuários dessa demonstração (pessoal, acionistas, Estado e os
financiadores), o valor adicionado configura a sua importância de acordo com
os interesses dos seus beneficiários, conforme sintetizado no Quadro 1 a seguir:
Quadro 1 – Segmentos beneficiários da DVA.

Pessoal Que aporta trabalho à empresa, recebendo, em


contrapartida, salários e benefícios sociais.
Acionistas Ao integralizarem o capital da empresa, recebem
em troca uma remuneração repartível (o dividendo)
e outra de caráter não repartível (as reservas).

–  103  –
Contabilidade Socioambiental

Estado Via Imposto de Renda e outros impostos


diretos e indiretos e taxas.
Financiadores Aqueles que aportam recursos à empresa a título de
financiamento e são remunerados por juros.
Fonte: TINOCO; KRAEMER, 2011, p. 74. Adaptado.
Fica evidente que a DVA está intrinsecamente relacionada à respon-
sabilidade social empresarial, uma vez que tal instrumento contábil tem o
objetivo de demonstrar aos diversos usuários as informações pertinentes à
geração e à distribuição de riqueza de uma empresa (CUNHA; RIBEIRO;
SANTOS, 2005). Cumpre evidenciar, ainda, que esse instrumento se dife-
rencia dos demais mecanismos contábeis, pois a informação gerada pela DVA
abrange o papel social e econômico que a empresa exerce e sua contribuição
na formação da riqueza do País, isto é, no Produto Interno Bruto – PIB
(RIBEIRO, 2006).
Em consonância à Lei n. 11.638/07 (BRASIL, 2007), a divulgação
da DVA torna-se obrigatória para empresas de capital aberto (que dispõem
ações na bolsa de valores). Obviamente, aquelas que não se enquadram
nessa configuração podem divulgar sua DVA com objetivos de gestão dos
seus resultados.

Vamos construir uma DVA?


Na prática, as informações que devem ser consideradas na construção
de uma DVA são divididas em duas etapas:

Primeira etapa
22 Receita bruta com vendas e os ganhos de capital.
22 Insumos que a empresa adquiriu de terceiros.
22 A diferença entre o primeiro e o segundo grupo consiste no valor
adicionado bruto. Na sequência, devem ser descontadas a depre-
ciação, a amortização e a exaustão – e, assim, é possível chegar ao
valor adicionado líquido.

–  104  –
Balanço Social

22 Caso a empresa tenha recebido outros valores por meio de trans-


ferência – é o caso de receitas financeiras (juros) –, é necessário
que eles sejam somados ao resultado. Os valores obtidos acarre-
tarão no valor adicionado para distribuição.

Segunda etapa
22 Nessa etapa, a empresa demonstrará como foi distribuída a
riqueza: valores com pessoal, impostos, pagamento a terceiros,
lucros retidos e distribuídos aos acionistas, entre outras informa-
ções relacionadas.

A seguir, no Quadro 2 podemos visualizar um modelo de DVA, devida-


mente estruturada por meio dos passos relacionados acima.
Quadro 2 – Modelo de Demonstração do Valor Adicionado – empresas
em geral.

Em Em
milhares milhares
DESCRIÇÃO
de reais de reais
20X1 20X0
1 Receitas
1.1 Vendas de mercadorias, produtos e serviços
1.2 Outras receitas
1.3 Receitas relativas à construção de ativos próprios
1.4 Provisão para créditos de liquidação
duvidosa – reversão/constituição
2 Insumos adquiridos de terceiros (inclui os valores
dos impostos: ICMS, IPI, PIS e COFINS)
2.1 Custos dos produtos, das mercadorias e dos serviços vendidos
2.2 materiais, energia, serviços de terceiros e outros
2.3 Perda/recuperação de valores ativos
2.4 Outras (especificar)

–  105  –
Contabilidade Socioambiental

Em Em
milhares milhares
DESCRIÇÃO
de reais de reais
20X1 20X0
3 Valor adicionado bruto (1-2)
4 Depreciação, amortização e exaustão
5 Valor adicionado líquido produzido pela entidade (3-4)
6 Valor adicionado recebido em transferência
6.1 Resultado de equivalência patrimonial
6.2 Receitas financeiras
6.3 Outras
7 Valor adicionado total a distribuir (5 + 6)
8 Distribuição do valor adicionado1
Fonte: Comitê De Pronunciamentos Contábeis Pronunciamento Técnico –
CPC 091

6.2 Balanço Social


O Balanço Social consiste no agrupamento de informações relacionadas
aos aspectos social, econômico e ambiental das atividades empresariais (PINTO;
RIBEIRO, 2004; VELLANI, 2011). Esse balanço tem como objetivo viabilizar
a transparência informacional dos negócios e, consequentemente, proporcionar
maior confiança em especial a stakeholders (partes interessadas), mas sem que essa
enunciação seja limitativa a acionistas, investidores, clientes, funcionários, forne-
cedores, parceiros de negócios e à comunidade de modo geral (VELLANI, 2011).
Historicamente, a participação dos Estados Unidos na Guerra do Vietnã
causou danos não só aos homens, mas também ao meio ambiente, visto que
foi utilizado um arsenal bélico sofisticado e letal. Esse acontecimento gerou
um novo paradigma, o qual estabeleceu uma nova forma de pensar, pautada
1 O resultado obtido na primeira etapa (valor adicionado total para distribuição) deve, neces-
sariamente, ser igual ao resultado da segunda etapa (distribuição do valor adicionado). Caso
contrário, configura-se erro de apuração contábil e, obrigatoriamente, ela precisa ser revista.

–  106  –
Balanço Social

em uma postura mais ética. Nesse momento, segundo Antonovz (2014), os


pesquisadores europeus e americanos desenvolveram um sistema de conta-
bilidade social que gerava informações quantitativas e qualitativas, demons-
trando a situação de determinada empresa quanto às condições de trabalho
de seus empregados, a evolução social e do meio ambiente. Em 1970, as
empresas francesas começaram a divulgar, por meio de indicadores sociais, o
panorama relacionado aos aspectos financeiros, sua relação com a sociedade
e com seus colaboradores.
Na atualidade, o Balanço Social tem como base a demonstração das
ações que geram cidadania. Contudo, para que essa cidadania seja plena, é
necessário que as informações repassadas publicamente retratem a realidade
organizacional e sejam de efetiva qualidade.
É evidente que as empresas têm como função a produção de bens e
serviços, visando à obtenção de lucros. Todavia, essas mesmas companhias
também têm obrigações com a sociedade, tanto na conservação ambiental
como no bem-estar dos empregados e seus familiares e de todo o seu entorno.
Diferentemente das demonstrações financeiras/contábeis do exercí-
cio – que obrigatoriamente devem ser publicadas –, no caso de sociedades
anônimas (Lei n. 6.404/76), o Balanço Social não se configura como uma
exigência imposta por regulamentações e leis. Por outro lado, comumen-
temente as empresas costumam divulgar seus Balanços Sociais de modo
voluntário e espontâneo, uma vez que tal ação é muito bem vista aos olhos
dos stakeholders, de modo geral.
As informações que estão contidas nesse Balanço Social são geralmente
estudadas pela contabilidade no intuito de quantificar o desempenho eco-
nômico, social e ambiental de cada empresa. Logo, pode-se entender que a
contabilidade, como ciência, vem sendo desenvolvida com a finalidade de
aperfeiçoar as informações da gestão econômica e socioambiental, a fim de
fornecer aos investidores – bem como aos financiadores e à sociedade em
geral – dados mais concisos dos recursos empresariais.
Mazzoni, Tinoco e Oliveira (2007, p. 63) afirmam que “o empenho da
contabilidade em responder aos desafios que transcendem os aspectos eco-
nômicos e financeiros levou à busca de uma nova demonstração, de cunho

–  107  –
Contabilidade Socioambiental

social, que permite identificar e demonstrar os impactos recebidos e causados


pelas entidades, relacionados ao ambiente social e ecológico”.
Assim, o Balanço Social é o resultado das ações que a empresa desenvol-
veu no seu plano estratégico, envolvendo os aspectos socioambientais direta
ou indiretamente. Essas ações sociais desencadeiam alguns benefícios para a
organização, entre os quais se destaca a consolidação da marca institucional,
adquirida por meio do marketing social. A identificação do cliente com as
ações de responsabilidade social e ambiental faz com que ele prefira consumir
os produtos e serviços da empresa. Lembrando que a companhia se utiliza
dos recursos naturais – que são um bem da sociedade – para o seu processo
produtivo, interferindo assim no meio ambiente, o que pode gerar danos
presentes e futuros à humanidade – e isso reflete nas escolhas dos clientes.
Dentro da organização, o Balanço Social deve demonstrar as ações que a
empresa executa com a finalidade de proporcionar mais qualidade de vida aos
seus empregados. Nesse sentido, destacam-se como ações as que promovem
educação (profissional ou formal), saúde, esporte, entre outras.
Percebe-se, portanto, que existem vários indicadores, quantitativos e qua-
litativos que podem ser extraídos do Balanço Social. Entre esses indicadores,
podemos citar o número de empregados, as ações internas de bem-estar dos fun-
cionários ou, ainda, os valores econômicos investidos em programas de educação
continuada. Observaremos exemplos reais na próxima seção deste capítulo.
O Balanço Social, em conformidade com Tinoco e Kraemer apud
Antonovz (2014), é o melhor exemplo de accountability (prestação de con-
tas de forma transparente), visto que se refere a uma ferramenta que leva os
empresários a prestar contas dos resultados obtidos quanto à responsabilidade
social para seus parceiros dessa área, ou seja, para os stakeholders.
Sobre as informações que devem estar contempladas no Balanço Social,
Kroetz (apud Tinoco 2004, p. 91) estabelece algumas especificações acerca
do desempenho empresarial sob os aspectos econômico, social e ambiental,
entre elas:
22 revelar em conjunto com as demais demonstrações financeiras a
estratégia de sobrevivência e crescimento da entidade;

–  108  –
Balanço Social

22 evidenciar (por meio de indicadores econômicos e sociais) as con-


tribuições da empresa à qualidade de vida da comunidade;
22 abranger todo o conjunto de interações sociais, as contribuições da
empresa à qualidade de vida da comunidade;
22 divulgar os investimentos realizados no desenvolvimento de pes-
quisa tecnológica;
22 compor um banco de dados confiável para análise e tomada de
decisão dos usuários externos;
22 medir os impactos das informações apresentadas no Balanço Social
diante da comunidade em que mantém relações de negócios;
22 servir de instrumento para as negociações laborais entre empresa,
sindicatos e representantes dos empregados;
22 clarificar os objetivos e as políticas administrativas que possibilitem
avaliar a entidade em função não apenas do resultado econômico,
mas também dos resultados sociais;
22 ampliar o grau de confiança da sociedade em relação à entidade.
Nesse contexto, verifica-se que o Balanço Social apresenta questões rela-
cionadas a dados socioeconômicos e ambientais, consistindo em um rol de
informações quantitativas e qualitativas pertinentes às ações sociais e ambien-
tais. Segundo Tinoco (2001, p. 41), os indicadores de caráter econômico exis-
tentes nesse balanço consistem em:
a) valor adicionado por trabalhador;
b) relação entre salários pagos ao trabalhador e o valor adicionado;
c) ligação entre os salários e as receitas brutas da empresa;
d) contribuição do valor adicionado da empresa para o Produto
Interno Bruto;
e) produtividade social da empresa;
f ) carga tributária da empresa em relação a seu valor adicionado etc.
Ainda de acordo com Tinoco (2001, p. 41), os indicadores de configu-
ração social são:
–  109  –
Contabilidade Socioambiental

a) evolução do emprego na empresa;


b) promoção dos trabalhadores na escala salarial da companhia;
c) relação entre a remuneração do pessoal em nível de gerência e
os operários;
d) participação e evolução do pessoal por sexo e instrução;
e) classificação do pessoal por faixa etária;
f ) classificação por tempo na empresa;
g) nível de absenteísmo;
h) benefícios sociais concedidos (médico, odontológico, moradia,
educação);
i) política de higiene e segurança no trabalho;
j) política de proteção ao meio ambiente etc.

6.2.1 Global Reporting Initiative – GRI


Atuante como instituição independente desde 2002 na área de sustentabi-
lidade, a Global Reporting Initiative, ou GRI, é responsável pela padronização
e pelo fornecimento de informações e diretrizes para elaboração dos Balanços
Sociais, fundamentando-se nos três pilares da sustentabilidade: o econômico,
o social e o ambiental (VELLANI, 2011). A GRI foi fundada em 1997 pela
Instituição CERES e pelo Programa Ambiental das Nações Unidas, tendo
como principal propósito viabilizar o suporte e as orientações necessárias às
empresas, resultando na essência da elaboração de relatórios de sustentabilidade
em uma conduta parametrizada entre as organizações (GRI, 2017).
Vellani (2011) assegura que o padrão GRI vem se destacando em vir-
tude de seu nível de adesão mundial, sendo que muitas empresas se utilizam
desse relatório anual para divulgar de forma transparente suas informações,
abrangendo o desempenho econômico (demonstrações financeiras), parece-
res da auditoria independente, informações da gestão da empresa, desempe-
nho social (gestão de pessoas) e ambiental (resultados voltados às questões
ecológicas). Bebbington, Larrinaga e Moneva (2008) alegam que os balanços
socioambientais, fundamentados nas diretrizes elaboradas pela GRI, além de

–  110  –
Balanço Social

viabilizar a transparência informacional organizacional, são utilizados tam-


bém como um suporte para o processo decisório gerencial.
Para melhor compreensão do funcionamento dos relatórios da GRI, é
importante esclarecer que cinco conjuntos de diretrizes foram publicados até
a realização desta obra. Inicialmente, as primeiras diretrizes foram divulgadas
no ano 2000, entretanto em 2002 já se lançava uma nova versão. Com o
intuito de promover melhorias e novas adequações, no ano de 2006 a GRI
lançou a G3, uma versão que foi logo atualizada pela versão G3.1, revelada
somente em 2011. Atualmente, a publicação mais moderna é a G4, cuja
divulgação ocorreu no ano de 2013, buscando facilitar a aceitação e a adesão
das empresas na prática da publicação de relatórios socioambientais, com ali-
nhamentos voltados aos outros modelos de relatórios, como o Pacto Global
da Organização das Nações Unidas e da Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico – OCDE (GRI, 2017).
Percebe-se, então, que as organizações que adotam esse padrão de rela-
tório procuram transmitir de maneira transparente e clara a seus stakeholders
(partes interessadas) e shareholders (acionistas) o seu posicionamento susten-
tável diante de suas atividades organizacionais, impactando diretamente na
percepção do mercado de capitais.

6.3 Case de Balanço Social


Com a finalidade de aplicar os ensinamentos dispostos neste capítulo,
vamos analisar o Balanço Social da Universidade do Vale do Itajaí do ano
de 2016. Todavia, antes de fazer de fato essa análise do conteúdo das infor-
mações do balanço, é importante observar alguns dados que caracterizam a
referida instituição.
A Universidade do Vale do Itajaí teve sua trajetória iniciada em 1964,
entretanto somente em 1989 passou a exercer suas atividades educacionais
como uma universidade. Ela tem como mantenedora a Fundação Universidade
do Vale do Itajaí (Univali) e sua visão é ser reconhecida como universidade
de excelência na atividade de ensino, no desenvolvimento e na divulgação de
pesquisas e na gestão criativa e empreendedora de projetos sociais.

– 111 –
Contabilidade Socioambiental

Sua missão é pautada na ideia de produzir e socializar o conhecimento pelo


ensino, pela pesquisa e extensão, estabelecendo parcerias solidárias com a comu-
nidade em busca de soluções coletivas para problemas locais e globais, visando à
formação do cidadão crítico e ético. Os valores da instituição englobam o respeito
ao pluralismo de ideias, o compromisso social com o desenvolvimento regional
e global, a produção e o uso da tecnologia a serviço da humanização, a ética no
relacionamento e a formação e profissionalização de vanguarda.
O Balanço Social da Univali de 2016 está divulgado no site da própria ins-
tituição2. O documento é dividido em vários tópicos e começa com uma breve
explanação do reitor Dr. Mário Cesar dos Santos. Em seguida, a mantenedora
destaca a missão, a visão e os valores dessa instituição, além da forma organi-
zacional da empresa. No desenvolvimento, é disposta a estrutura da Univali,
destacando sua área de atuação, bem como seus princípios norteadores.
Na página 15 do Balanço Social de 2016 (UNIVALI, 2016), são evi-
denciadas as informações pertinentes aos Recursos Humanos, destacando o
número de funcionários que a organização possui, como pode ser observado
na Figura 1. Outro dado destacado nessa mesma seção é a distribuição desses
colaboradores quanto ao gênero e à faixa etária.
Figura 1 – Indicadores de Recursos Humanos da Univali – 2016.

PARTICIPAÇÃO
POR SEXO3

Sexo Docentes Administrativos Total


Homens 662 486 1.148
Mulheres 599 853 1.452
Total 1.261 1.339 2.600 3

2 Veja as informações em: <https://www.univali.br/institucional/balanco-social/Paginas/de-


fault.aspx>. Acesso em: 21 nov. 2017.
3 Destaca-se que, do total de 1.339 colaboradores pertencentes ao corpo técnico-adminis-
trativo, 35 exercem também a função de docência. Por essa razão, no computo geral, eles são
considerados uma única vez.

–  112  –
Balanço Social

PERCENTUAL DE OCUPANTES DE
CARGOS DE CHEFIA

Sexo Docentes Administrativos


Homens 1,43% 2,17%
Mulheres 1,27% 1,49%

FAIXAS
ETÁRIAS4
Faixa de idade Docentes Administrativos Total
De 18 a 35 anos 231 696 927
De 36 a 60 anos 947 622 1.569
Acima de 60 anos 83 21 104
Total 1.261 1.339 2.600

TEMPO DE SERVIÇO
NA INSTITUIÇÃO

Tempo Docentes Administrativos Total


Até 1 ano 64 282 346
Acima de 1 até 5 anos 324 502 826
Acima de 5 até 10 anos 173 183 356
Acima de 10 anos 700 372 1072
Total 1.261 1.339 2.600

Fonte: UNIVALI, 2016, p. 15. Adaptada.


4 Não há funcionários com menos de 18 anos.

–  113  –
Contabilidade Socioambiental

Fica evidente a existência de um número maior de homens exercendo


a função do magistério superior em relação ao setor administrativo, em que
predominam as mulheres. Todavia, um ponto importante refere-se ao total de
empregados: a Univali, em 2016, empregava mais mulheres do que homens.
Outro ponto relevante é que existem mais funcionários com mais de 60 anos
na docência do que na área administrativa.
O Balanço Social da Univali traz ainda os indicadores do Programa de
Formação Continuada para Docentes do ano de 2011 até 2016, conforme a
o Quadro 3 a seguir.
Quadro 3 – Indicadores do Programa de Formação Continuada para
Docentes de 2011 a 2016.
2011/01

2011/02

2012/01

2012/02

2013/01

2013/02

2014/01

2014/02

2015/01

2015/02

2016/01

2016/02
Indi­cador

Total de
temas 51 16 19 16 17 17 16 17 8 7 14 8
oferecidos

Total de 113 98 156 141 158 107 113 210 153 188 225 176
oficinas

Docentes 1.256 1.215 1.195 1.211 1.237 1.237 1.246 1.270 1.285 1.344 1.305 1.336
da Univali

Docentes 779 725 872 887 920 937 920 1.058 1.080 1.118 1.160 1.160
participantes

Índice de
participação 62,0 59,6 72,9 73,2 74,3 75,7 73,8 83,3 84,0 83,2 88,8 86,8
(%)

Fonte: UNIVALI, 2017.


No quadro, verifica-se que existe uma evolução crescente da participação
dos docentes em qualificações – em 2011 houve 779 participações, enquanto
em 2016 foram 1.160, mesmo com a redução de temas para estudos. Outras
informações que podem ser verificadas no Balanço Social da Univali relacio-
nam-se aos benefícios que os empregados dessa instituição recebem, como é
o caso do plano de saúde e do plano odontológico.

–  114  –
Balanço Social

Em seguida, o balanço evidencia os prêmios que a instituição rece-


beu como premiação das ações sociais, é o caso do Selo Social, recebido da
Organização das Nações Unidas devido ao fato de a Fundação Universidade
do Vale do Itajaí ter cumprido com os 8 Objetivos de Desenvolvimento do
Milênio (ODM)5.
Na sequência, são apresentadas as informações acerca do corpo discente.
Nesse sentido, comprova-se que existe um aumento de pessoas afrodescen-
dentes estudando nessa instituição. Por outro lado, é perceptível a redução
da quantidade de pessoas portadoras de deficiência, bem como de indígenas.
Esses dados são confirmados no Quadro 4 a seguir.
Quadro 4 – Total de alunos na graduação – 2015 e 2016.

TOTAL ALUNOS GRADUAÇÃO


Quantidade % S/total Quantidade % S/total
2015 2015 2016 2016
Total de alunos 29.572 100,00 23.198 100,00
Homens 12.875 43,54 9.873 42,56%
Mulheres 16.697 56,46 13.325 57,44
Brancos 26.305 88,95 20.347 87,71
Pretos 743 2,51 574 2,47
Amarelos 212 0,72 185 0,80
Pardos 2.270 7,68 2.058 8,87
Indígenas 42 0,14 34 0,15
Portadores de necessidades especiais 163 0,55 143 0,62
Ingressantes no período 8.901 30,10 6.495 28,00
Formados no período 2.622 8,87 3.030 13,06

5 Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio foram estabelecidos pela Organização das


Nações Unidas e compreendem: 1) acabar com a fome e miséria; 2) oferecer educação básica
de qualidade para todos; 3) promover a igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres;
4) reduzir a mortalidade infantil; 5) melhorar a saúde das gestantes; 6) combater a Aids, a
malária e outras doenças; 7) garantir qualidade de vida e respeito ao meio ambiente; e 8) esta-
belecer parcerias para o desenvolvimento (ODM BRASIL, 2015).

– 115 –
Contabilidade Socioambiental

TOTAL ALUNOS GRADUAÇÃO


Quantidade % S/total Quantidade % S/total
2015 2015 2016 2016
Evasão 8.543 28,86 2.444 10,54
Reprovação 434 1,47 266 1,15
Número de docentes 1.325 1.335
Relação de alunos/docentes 22,32 17,38
Fonte: UNIVALI, 2016, p. 22.
Outra informação observada no Balanço Social da Univali refere-se ao
número de cursos de pós-graduação que a instituição oferece para seus alu-
nos. Conforme o gráfico da Figura 2 a seguir, percebe-se um aumento de
cursos de pós-graduação de 2015 a 2016.
Figura 2 – Cursos de pós-graduação da Univali – 2015 e 2016.

Fonte: UNIVALI, 2016, p. 24.

–  116  –
Balanço Social

Na dimensão social, o Balanço Social destaca vários programas da


Univali, os quais beneficiam a sociedade. Entre eles, destaca-se o programa
denominado Envelhecimento Saudável, desenvolvido pelos acadêmicos em
conjunto com os professores do curso de Educação Física de Biguaçu, tendo
30 beneficiários diretos (UNIVALI, 2016).
Sob a perspectiva ambiental, o Balanço Social da Univali notabiliza
vários programas, com destaque para o Programa de Reciclagem de Esponjas
Domésticas, que se traduz na conscientização do uso da esponja Scotch-
Brite™, da 3M, visto que sua decomposição é indeterminada. Também se
destaca o Programa de Implantação de Jardins Comestíveis como parte do
Projeto Saber Viver, cujo objetivo consiste na implantação de hortas orgâni-
cas como atividade realizada no Centro de Recuperação Feminino Conviver.
Já na dimensão cultural, o Balanço Social da Univali de 2016 traz infor-
mações sobre a rádio e a televisão educacionais, mantidas pela Fundação
Universidade do Vale do Itajaí, bem como o museu Oceanográfico da Univali.
Nos Quadros 5 e 6 é apresentado o Balanço Social propriamente dito.
Quadro 5 – Demonstração do resultado nos períodos findos de 2015 e 2016.
2016 2015
Univer­ Fun­ Univer­ Fun­
Hospital Hospital
sidade dação sidade dação
Receita Operacional
Mensalidade – 329.853 329.853 – 295.543 295.543
Receita de Serviços 3.097 76.837 79.934 2.946 37.449 40.395
Repasse SUS 2.326 – 2.326 2.042 – 2.042
Atividades Complementares 38 4.307 4.345 40 3.199 3.239
Subvenções, doações e patrocínios 6.209 35.627 41.836 6.357 6.219 12.576
Receita Operacional Bruta 11.670 446.624 458.294 11.385 342.410 343.795

Deduções da Receita Operacional Bruta


(–) Gratuidades educação – (65.846) (65.846) – (44.172) (44.172)
(–) Outras bolsas concedidas (170) (13.717) (13.887) (45) (12.379) (12.424)
(–) Mensalidades canceladas – (8.756) (8.756) – (8.158) (8.158)
(–) Faturamentos glosados (11) – (11) – – –

–  117  –
Contabilidade Socioambiental

2016 2015
Univer­ Fun­ Univer­ Fun­
Hospital Hospital
sidade dação sidade dação
(–) Devoluções subvenções – (70) (70) – (151) (151)
(–) Outras deduções – (191) (191) – (149) (149)
Receita Operacional Líquida 11.849 358.044 369.533 11.340 277.401 288.741

Custo dos serviços prestados


Serviços de ensino e hospitalares (7.464) (184.557) (192.021) (6.113) (158.484) (164.597)
Atividades complementares (8.660) (82.611) (91.271) (7.399) (52.277) (59.676)

Resultado Bruto (4.635) 90.876 86.241 (2.172) 66.640 64.468

Despesas operacionais
Gastos com pessoal e encargos (2.020) (32.946) (34.966) (1.740) (28.481) (30.221)
Despesas administrativas (1.008) (27.220) (28.228) (709) (17.337) (18.046)
Impostos e taxas – (2) (2) – 5 5
(3.028) (60.168) (63.196) (2.449) (45.813) (48.262)

Resultado operacionais antes (7.663) 30.708 23.045 (4.621) 20.827 16.206


dos efeitos financeiros

Receitas financeiras 18 7.660 7.678 1 7.189 7.190


Despesas financeiras (1) (4.836) (4.837) – (4.674) (4.674)

Resultado Financeiro Líquido 17 2.824 2.841 1 2.515 2.516

Resultado Operacional (7.646) 33.532 25.866 (4.620) 23.342 18.722

Resultado Não Operacional Líquido


Resultado na venda de imobilizado (1) (422) (423) (5) (276) (281)
Outros resultados não operacionais (187) 225 38 (73) 378 305

(188) (197) (385) (78) 102 24


Superávit/(deficit) do período (7.834) 33.335 25.501 (4.698) 23.444 18.746

Fonte: UNIVALI, 2016, p. 100.

–  118  –
Balanço Social

Quadro 6 – Demonstração do valor adicionado para os períodos findos de


2015 e 2016.
Descrição 2016 2015
1 Receitas 398.937 325.215
Receita com ensino 321.097 287.385
Receita de prestação de serviços 79.934 40.396
Receita com vendas 1.390 1.035
(–) Provisão para créditos de liquidação duvidosa (6.428) (5.805)
Outras receitas 2.944 2.204

2 Insumos adquiridos de terceiros 94.565 57.534


2.1) Materiais e manutenção 28.502 25.577
2.2) Energia elétrica, água, esgoto e telecomunicações 7.851 7.705
2.3) Serviços de terceiros 58.212 24.252

3 Valor adicionado bruto (1-2) 304.372 267.681

4 Depreciação, amortização e exaustão 8.839 8.207

5 Valor adicionado líquido produzido pela entidade (3-4) 295.533 259.474

6 Valor adicionado recebido em transferência 51.579 21.508


6.1) Recursos governamentais 10.239 10.183
6.2) Doações recebidas (pessoas físicas e jurídicas) 31.297 1.958
6.3) Patrocínios 39 135
6.4) Convênios 2.326 2.042
6.5) Receitas financeiras 7.678 7.190

7 Valor adicionado total a distribuir (5+6) 347.112 280.982

8 Distribuição do valor adicionado 347.112 280.982


8.1) Pessoal 226.968 194.809
8.1.1) Remuneração direta 164.088 142.274

– 119 –
Contabilidade Socioambiental

Descrição 2016 2015


8.1.2) Férias 20.533 16.331
8.1.3) 13º salário 14.807 12.563
8.1.4) FGTS 16.388 14.205
8.1.5) Benefícios 2.705 1.536
8.1.6) Previdência privada 8.447 7.900
8.2) Impostos, taxas e contribuições 556 310
8.2.1) Tributos 556 310
8.3) Remuneração de capitais de terceiros 14.354 10.521
8.3.1) Juros 4.837 4.674
8.3.2) Aluguéis 9.517 5.847
8.4) Despesas das atividades filantrópicas 65.846 44.173
8.4.1) Educação – bolsas de estudos 65.846 44.173
8.5) Bolsas de estudos/desenvolvimento científico 13.887 12.423
8.5.1) Bolsas de estudos 13.887 12.423
8.6) Retenções 25.501 18.746
8.6.1) Superávit ou déficit das atividades 25.501 18.746

Fonte: UNIVALI, 2016, p. 101.


Cumpre evidenciar que o propósito de analisarmos o Balanço Social da
Univali se restringe às abordagens essenciais que devem integrar os Balanços
Sociais. Obviamente este capítulo não esgota ou encerra o assunto, pelo
contrário, apresenta a estruturação das demonstrações socioeconômicas e
ambientais e propulsiona diretrizes para aprofundamentos posteriores.

Conclusão
A pressão dos stakeholders está relacionada com a prática de gestão das
empresas e os reflexos desse cenário nos relatórios econômicos, sociais e
ambientais. A crescente apreensão empresarial quanto aos impactos ambien-
tais, atrelada à preocupação de manter a transparência informacional por
meio de publicação de relatórios, proporciona ao público a disposição de
informações inerentes ao mundo corporativo e seu respectivo posiciona-
mento socioambiental.

–  120  –
Balanço Social

Ademais, os benefícios organizacionais internos e externos se estendem à


maior compreensão dos riscos e das oportunidades de negócios, à comparação
de desempenho interno com outras organizações e setores, à melhoria da ima-
gem e reputação, além de uma demonstração de como a organização influencia
e é influenciada pelas expectativas relacionadas ao desenvolvimento sustentável.
Fica evidente, assim, que a elaboração das demonstrações que retratam
o desempenho organizacional transpõe o atendimento aos requisitos legais
e eleva a responsabilidade da postura comprometida e transparente com as
partes interessadas, como acionistas, investidores, instituições financeiras,
organizações trabalhistas e a sociedade como um todo. Maior transparência
sustenta maior confiança, revelada por meio da estruturação real e bem fun-
damentada dos relatórios, além de configurar um importante suporte para o
processo decisório gerencial.

Ampliando seus conhecimentos

Na estruturação de um Balanço Social, o padrão GRI (Global


Reporting Initiative), voltado especificamente para o desen-
volvimento sustentável, é mundialmente disseminado e aceito.
Por meio do texto a seguir, é possível entendermos a atuação
nacional diante do compromisso com as publicações dos
Balanços Sociais e com o desenvolvimento sustentável.

Relatórios no Brasil
(GRI BRASIL, 2017)

[...]
Atualmente, o Brasil encontra-se em terceiro lugar no mundo
em número de empresas que publicam relatórios de sustenta-
bilidade. Em 2010, mais de 160 relatórios brasileiros baseados
na estrutura da GRI foram registrados na Lista de Relatórios
dessa instituição.

–  121  –
Contabilidade Socioambiental

Há quase 40 empresas brasileiras no Programa de Stakeholders


Organizacionais da GRI e os especialistas brasileiros estão bem
representados nos órgãos de governança da GRI. O público
brasileiro de relatórios de sustentabilidade assumiu um papel de
liderança por meio de seu envolvimento no Readers Choice
Awards e em conferências da GRI. A população indígena e
a rica biodiversidade do Brasil estão entre os principais fatores
de influência no campo do desenvolvimento sustentável. [...]
A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável (Rio+20) é o desdobramento mais recente na
história brasileira de promoção de transparência e prestação
de contas pelas organizações. Instituições financeiras, empre-
sas de energia elétrica e estatais estão entre as cada vez mais
envolvidas na agenda da sustentabilidade. [...]
Na década de 1990, um grupo de empresários brasileiros enga-
jados fundou o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade
Social. Em 2000, o Instituto Ethos lançou os Indicadores Ethos,
que ajudam as empresas a se familiarizar com práticas empre-
sariais responsáveis. No mesmo ano, a Bolsa de Valores de
São Paulo (BM&FBovespa) lançou o segmento especial de lis-
tagem Novo Mercado, que classifica as empresas segundo seu
desempenho em governança corporativa.
Ser o anfitrião da Conferência das Nações Unidas sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92) foi um indicativo pre-
coce do compromisso dos brasileiros com o desenvolvimento
sustentável e levou à criação de importantes organizações no
campo da sustentabilidade. A primeira metade da década de
1990 viu o estabelecimento do Greenpeace no Brasil, do
Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ) ou do GIFE (Grupo
de Institutos, Fundações e Empresas).
[...]

–  122  –
Balanço Social

Atividades
1. O valor total da produção de bens e serviços de determinado período,
menos o custo dos recursos adquiridos de terceiros, necessários a essa
produção, bem como a forma pela qual este está sendo distribuído
entre os diferentes grupos sociais que interagem com atividades da
empresa, são claramente expressos na Demonstração do Valor Adi-
cionado (DVA). No contexto prático contábil, explique como essas
informações devem ser estruturadas na DVA.

2. Considerando que a DVA e o Balanço Social são mecanismos de


transparência informacional, explique acerca da obrigatoriedade de
divulgação dessas ferramentas.

3. O Balanço Social consiste no agrupamento de informações relacio-


nadas aos aspectos social, econômico e ambiental. Nesse conjunto,
quais especificações relativas ao desempenho organizacional devem
ser consideradas na elaboração desse balanço?

4. É possível padronizar, de maneira global, as informações necessárias


para a estruturação do Balanço Social? Caso sim, qual instituição pro-
move tal padronização?

–  123  –
7
Auditoria ambiental

Introdução
Neste capítulo, o objetivo é proporcionar o conhecimento
das normas que tutelam o meio ambiente no território brasileiro,
bem como analisar as normas que padronizam o sistema de Gestão
Ambiental, com destaque para a ISO 14001. Além disso, será
desenvolvido o entendimento sobre a gestão de resíduos, anali-
sando as dicotomias entre a proteção do meio ambiental e o “pro-
gresso a todo custo”.
Contabilidade Socioambiental

7.1 Normas ambientais brasileiras


No Brasil, aspectos relativos ao meio ambiente são regidos por um
conjunto de normas e princípios, formais e materiais, contidos no Direito
Ambiental. Tais dispositivos legais foram estruturados, principalmente, como
consequência das preocupações específicas quanto à característica finita dos
recursos naturais. Embora os bens ambientais (água, fauna, flora, ar etc.) já
tenham sido objeto de proteção desde a Antiguidade, tal proteção se limi-
tava ao meio ambiente constituído em torno do indivíduo e não ao meio
ambiente como um todo.
Partindo do pressuposto de que o ser humano necessitava dos recursos
naturais para sua sobrevivência e que haveria prejuízos por conta da extração
desses, com a consequente possibilidade de escassez, surgiram as primeiras
normas jurídicas concernentes ao meio ambiente no âmbito brasileiro, nota-
damente no período colonial. Embora o foco não consistisse especificamente
na preservação ambiental, a Coroa portuguesa detinha o poder de imposição
de limites para assegurar a continuidade do fluxo de riquezas destinado aos
europeus, surgindo as primeiras normas jurídicas de cunho ambiental nacio-
nal (SAMPAIO, 2011). De caráter repressivo ou de reparação de prejuízos
puníveis, o conteúdo dessas normas era voltado estrategicamente à conser-
vação dos recursos florestais, para a indústria naval e a construção civil em
Portugal (SAMPAIO, 2011).
Cumpre evidenciar que a proteção ao meio ambiente se referia apenas a
uma ideia meramente econômica e que esse bem tutelado (meio ambiente),
nesse período, era como um bem privado, pertencente a uma pessoa particu-
lar, e não a toda a sociedade.
A referência legal que merece ser destacada no contexto histórico das
normativas ambientais é o Código Civil promulgado em 1˚ de janeiro de
1916. Analisando os dispositivos legais do obsoleto Código de 1916, fica
evidente a preocupação com o meio ambiente sob um entendimento indivi-
dualista, cujos propósitos são destinados aos interesses privados, ao direito à
propriedade e ao interesse econômico.
Entre os anos de 1950 e 1980, a legislação que rege o meio ambiente
foi modificada: a preocupação não era mais econômica, mas com a qualidade
da vida humana. Os legisladores começam a entender que o ambiente não é

–  126  –
Auditoria ambiental

capaz de se recuperar sozinho dos impactos causados pelas atividades huma-


nas. Segundo Rodrigues (2016), essa ideia é evidenciada quando a saúde
humana passa a ser uma nova preocupação.
É nesse momento que o homem reconhece que, para ser tutelado pelo
Direito, deverá rever sua relação com o meio ambiente. Ademais, por con-
sequência, o desenvolvimento econômico também passa a ser configurado
como um “vilão” para manter o ambiente efetivamente “saudável”. Nesse
período, foram promulgados os seguintes dispositivos legais:
22 Código Florestal – Lei n. 4.771/65 (BRASIL, 1965);
22 Código de Caça – Lei n. 5.197/67 (BRASIL, 1967a);
22 Código de Mineração – Decreto-Lei n. 227/67 (BRASIL, 1967b);
22 Lei de Responsabilidade Civil por Danos Nucleares – Lei n.
6.453/77 (BRASIL, 1977).
Com a evolução da sociedade, a partir da década de 1980 ocorre uma
quebra de paradigma, que retira do centro da sociedade o homem e o meio
ambiente se torna um bem considerado por si só. Nesse período, são promul-
gadas leis importantes, como a Lei n. 6.938/81 (BRASIL, 1981).
Essa lei, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus
fins e mecanismos de formulação e aplicação e dá outras providências, foi
a primeira norma legislativa que tutelou o meio ambiente como um direito
próprio e autônomo. A Lei n. 6.938/81 foi gerada com grande influência da
Conferência Internacional sobre o Meio Ambiente, em Estocolmo, na Suécia,
no ano de 1972. Porém, também teve suas características pautadas pela
influência norte-americana, visto que, na década de 1970, os Estados Unidos
instituíram a Política Ambiental Nacional americana, culminando com a pro-
mulgação da “Lei da Água Limpa” e a criação do estudo de impacto ambiental.
Posteriormente, a Política Nacional do Meio Ambiente brasileira se constituiu
como um conjunto de regras que estabelece princípios, escopos, diretrizes,
instrumentos e, principalmente, conceitos gerais sobre o meio ambiente.
A Lei n. 6.938/81 é clara quanto à ideia de que o meio ambiente é um
bem único, imaterial e indivisível, que deve ser tutelado pelo Poder Judiciário.
Essa concepção é verificada em seu artigo art. 3º, I, que evidencia o meio
ambiente como um “conjunto de condições, leis, influências e interações de

–  127  –
Contabilidade Socioambiental

ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas
as suas formas” (BRASIL, 1981). Logo, é observado nesse dispositivo que o
legislador é quem tutela todas as formas de vida.
Em suma, com o advento dessa lei, todos os componentes bióticos e
abióticos inseridos no meio ambiente passaram a ser totalmente amparados
por essa legislação. Todavia, essa nova fase de proteção ao meio ambiente
deve-se a alguns fatores. Entre eles, destacam-se:
22 Conforme o artigo 3º, I, as formas de vidas devem ser tuteladas, logo,
verifica-se um novo conceito ético em relação ao meio ambiente.
22 O ser humano passa a fazer parte do meio ambiente, ou seja, está
inserido nele.
22 O meio ambiente é um objeto autônomo, de modo que os com-
ponentes ambientais devem ser tutelados independentemente dos
benefícios econômicos que podem trazer ao ser humano.
22 Estabeleceram-se conceitos que servem de parâmetros para as
demais legislações, nos âmbitos da política ambiental nacional,
estadual ou municipal.
22 Estabeleceu-se uma política ambiental, com diretrizes, objetivos,
com a finalidade específica de proteção ambiental.
Outro dispositivo importante, concebido pelo Poder Legislativo, con-
sistiu na Constituição Federal de 1988, a qual trouxe a ideia do Direito
Ambiental como um ramo autônomo da ciência jurídica, haja vista o artigo
225 da Carta Magna, que traz: “Todos têm direito ao meio ambiente eco-
logicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever
de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações” (BRASIL,
1988a). Essa legislação eleva o Direito Ambiental a uma tutela constitucio-
nal, visto que traz em seu corpo expressamente a proteção ao meio ambiente,
principalmente quando o legislador constitucional reserva a este um capítulo
inteiro da Carta Magna.
Conforme dispõe o Ministério do Meio Ambiente (BRASIL, 2008b), as
legislações que tutelam o meio ambiente são, entre outras:

–  128  –
Auditoria ambiental

22 Lei n. 6.938, de 31 de agosto de 1981 – Dispõe sobre a Política


Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formula-
ção e aplicação, e dá outras providências.
22 Constituição Federal de 1988.
22 Lei n. 7.797, de 10 de julho de 1989 – Cria o Fundo Nacional de
Meio Ambiente e dá outras providências.
22 Lei n. 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 (Lei de Crimes Ambientais)
– Dispõe sobre as sanções penais e administrativas às pessoas, jurí-
dicas e físicas, que causem danos ao meio ambiente.
22 Decreto n. 99.274, de 6 de junho de 1990 – Regulamenta a Lei n.
6.902, de 27 de abril de 1981, e a Lei n. 6.938, de 31 de agosto de
1981, que dispõem, respectivamente, sobre a criação de Estações
Ecológicas e Áreas de Proteção Ambiental e sobre a Política
Nacional do Meio Ambiente, e dá outras providências.
22 Decreto n. 4.297, de 10 de julho de 2002 – Regulamenta o art. 9º,
inciso II, da Lei n. 6.938, de 31 de agosto de 1981, estabelecendo
critérios para o Zoneamento Ecológico-Econômico do Brasil –
ZEE, e dá outras providências.
22 Resolução Conama n. 1, de 23 de janeiro de 1986 – Apresenta
resoluções gerais relativas ao meio ambiente.
22 Resolução Conama n. 9, de 3 de dezembro de 1987 – Dispõe sobre
a questão de audiências públicas relacionadas ao meio ambiente.
22 Resolução Conama n. 237, de 19 de dezembro de 1997 – Regulamenta
os aspectos de licenciamento ambiental estabelecidos na Política
Nacional do Meio Ambiente.
É importante destacar que a legislação ambiental abrange ainda outras
leis, como é o caso da Lei n. 6.902, de 27 de abril de 1981, que tutela a Área
de Proteção Ambiental, e da Lei n. 7.802, de 10 de julho de 1989, também
chamada de “Lei dos Agrotóxicos” (SIRVINSKAS, 2009).

–  129  –
Contabilidade Socioambiental

7.2 ISO 14001 e gestão de resíduos


As empresas, de modo geral, estão se adaptando à nova ideia de ges-
tão ambiental, principalmente por uma exigência de internacionalização de
padrões de qualidade. No que se refere a meio ambiente, esses padrões estão
elencados na série da ISO 14000, conforme já apresentado no segundo capí-
tulo desta obra.
Com a globalização atual, as organizações são conduzidas, compulsoria-
mente, a seguir os padrões de qualidade internacionais, visto que a sociedade
consumidora, em geral, torna-se mais consciente quanto à importância dos
recursos naturais e quanto à qualidade de vida, preocupando-se muito mais
com a geração atual e as futuras.
Nesse contexto, muitas empresas tentam manter uma imagem ambien-
talmente condizente com as exigências dos novos consumidores em rela-
ção aos aspectos ecológicos. Assim, com o intuito de mostrar à sociedade
esse novo padrão requerido, essas empresas adotam o Sistema de Gestão
Ambiental (SGA).
Em conformidade com a norma NBR ISO 14001:2004, um SGA é
definido como: “a parte de um sistema da gestão de uma organização utilizada
para desenvolver e implementar sua política ambiental e para gerenciar seus
aspectos ambientais” (ABNT, 2004b). Desse modo, verifica-se que o SGA é
um processo de melhoria contínua, o qual deve ser trabalhado por meio do
sistema PDCA – do inglês Plan, Do, Check, Act. As fases do ciclo PDCA, de
forma resumida, são explicadas a seguir (ROSA; FRACETO; MOSCHINI-
-CARLOS, 2012; ABNT, 2015a):
22 P (Plan) – Planejar: estabelecimento dos objetivos e processos que
a empresa necessita para atingir suas metas, em anuência com a
filosofia ambiental da organização.
22 D (Do) – Executar: execução do que foi planejado na etapa Plan.
22 C (Check) – Verificar: verificação do processo em consonância com
a metas estabelecidas.
22 A (Act) – Agir: implementação de ações de melhoria contínua
visando ao desempenho do SGA.

–  130  –
Auditoria ambiental

A Figura 1 elucida a estrutura apresentada na norma ISO 14001:2015 e


sua respectiva integração com o ciclo PDCA:
Figura 1: Relação entre o ciclo PDCA e a estrutura da ISO 14001.
Questões internas e Necessidades e expectativas
externas Contexto da organização das partes interessadas
Escopo do sistema de gestão ambiental
P

Planejar

Suporte e
A Melhoria Liderança operação D

Avaliação
de
desempenho

Resultados
pretendidos do sistema
de gestão ambiental

Fonte: ABNT, 2015a, p. 10.


O Sistema de Gestão Ambiental tem o objetivo de evitar impactos ao
meio ambiente e, por consequência, coíbe as empresas de descumprir as leis
pertinentes, além de agregar valor à organização e melhorar o processo de
produção, resultando em ganhos financeiros.
Na gestão ambiental, é importante entender alguns conceitos basilares
que norteiam a temática:
22 Política ambiental – conjunto de princípios que norteiam a
regulamentação, o uso, o controle, a proteção e a conservação do
meio ambiente.
22 Planejamento ambiental – Programação de ações que visam à ade-
quação da utilização, ao controle e à proteção ao meio ambiente,
cujas diretrizes são fornecidas pela sociedade ou pela legislação.

–  131  –
Contabilidade Socioambiental

22 Gerenciamento ambiental – conjunto de atos que são realizados


com a finalidade de gerir o uso, o controle, a proteção e a conserva-
ção do ambiente ecológico, sob as diretrizes dos princípios estabe-
lecidos pela política ambiental.
No Brasil, as normas referentes ao meio ambiente, da série ISO 14000,
foram editadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT),
conhecidas pela sigla NBR ISO 14000. Esse rol de normas tem como finali-
dade a preservação da qualidade ambiental, podendo ser analisada sob duas
concepções: organização e produto e/ou processo.
Nesse sentido, Antonovz (2014) relata que, apesar de a ISO 14000 ter
como abrangência diversas empresas, em diferentes localidades e culturas,
suas duas perspectivas não podem ser, jamais, desconsideradas:
1. Perspectiva da organização – a norma é utilizada para execução e
avaliação dos parâmetros utilizados pela instituição mercantil.
2. Perspectiva de produtos – as normas são empregadas para mensurar
os possíveis impactos causados pela produção ou, ainda, pelo pro-
duto propriamente dito.
As normas da série ISO 14000 possuem algumas peculiaridades, as quais
são destacadas a seguir (OLIVEIRA, 2014):
22 A norma ISO 14001 é a única da série 14000 que tem como obje-
tivo a certificação do Sistema de Gestão Ambiental, bem como
prevê alguns princípios que norteiam requisitos a serem cumpri-
dos para a certificação da empresa. Na última edição da norma,
ocorrida em 2015, foram determinados os seguintes princípios
(ABNT, 2015a): 1) liderança e comprometimento; 2) planeja-
mento; 3) apoio; 4) operação; 5) avaliação de desempenho; e 6)
melhoria.
22 A norma ISO 14004 tem como finalidade apresentar algumas
orientações para que a empresa implemente os requisitos da ISO
14001. Tais orientações abordam desde a incorporação, a imple-
mentação e a manutenção até a melhoria do sistema de gestão
ambiental, além de propiciar a adaptação do SGA aos outros siste-
mas de gestão (ABNT, 2015a).

–  132  –
Auditoria ambiental

22 A norma ISO 19011, que substituiu as normas ISO 14010, 14011


e 14012, tem como objetivo determinar os procedimentos e os
requisitos que os auditores devem seguir para realizar as auditorias
do Sistema de Gerenciamento Ambiental.
22 A ISO 14031 traz como pauta a Avaliação de Desempenho
Ambiental dos processos nas organizações.
22 As normas ISO 14001, 14020, 14021 e 14024 têm como enfo-
que o produto e o processo da empresa, bem como estabelecem a
obtenção de selos ambientais. Todavia, a ISO 14001 estabelece a
certificação da organização, ao contrário das demais, que certificam
as linhas de produtos e processos das empresas.
22 As normas ISO 14040, 14041, 14042, 14043 e 14044 têm como
escopo a Avaliação de Ciclo de Vida, que se inicia pelos insumos e
matérias-primas que compõem o produto e percorre os impactos
ambientais e o descarte do produto final após o término de sua
vida útil.
22 A norma ISO/TR 14062 tem como diretriz guiar os elaboradores
de normativas de produto para a redução dos impactos ambientais
causados por componentes dos produtos fabricados pela empresa.
Fica evidente que a implantação da série ISO 14001, em qualquer
organização, independentemente de seu tamanho, refletirá em consequentes
melhorias no desempenho ambiental das empresas, de maneira contínua:
[A ISO 14001] auxilia uma organização a alcançar os resultados pre-
tendidos de seu sistema de gestão ambiental, os quais agreguem valor
para o meio ambiente, a organização em si e suas partes interessadas.
Os resultados pretendidos de um sistema de gestão ambiental coe-
rente com a política ambiental da organização incluem: aumento do
desempenho ambiental; atendimento dos requisitos legais e outros
requisitos; alcance dos objetivos ambientais (ABNT, 2015a, p. 1).

7.2.1 Gestão de resíduos


A geração de resíduos sólidos, líquidos e gasosos tem sido uma preo-
cupação e um grande desafio para a sociedade moderna. É consenso para
os profissionais da área ambiental que equacionar esse problema é de alta

–  133  –
Contabilidade Socioambiental

complexidade, devido ao grande número de variáveis encontradas ao longo


desse processo. Dominar ou não algumas dessas variáveis pode representar o
sucesso do planejamento ou o seu fracasso. Tais variantes podem ser verifica-
das em vários níveis, como:
22 Econômico – gerenciar resíduos pode representar um aumento dos
custos da organização.
22 Sociopolítico – há uma dependência da sociedade e do ordena-
mento político em unir forças para dominar o processo e resolver o
problema do gerenciamento de resíduos.
22 Ecológico – uma infinidade de moléculas sintéticas é encon-
trada nos resíduos, como resultado da intervenção antrópica
(humana), capazes de agredir a biota, alterar a saúde pública e
desordenar ecossistemas.
22 Psicológico – há uma certa reserva dos indivíduos quanto à palavra
lixo, considerado algo desprezível e absolutamente sem valor – o
que é uma inverdade.
Tendo em vista esses aspectos, e para a compreensão das abordagens
que seguem neste capítulo, é necessário elucidar e distinguir alguns termos e
classificações acerca da geração de resíduos:

Resíduos sólidos: “Resíduos nos estados sólidos e semissólidos, que


resultam de atividades da comunidade de origens industriais, domésti-
cas, hospitalares, comerciais, agrícolas ou de serviços de varrição. Ficam
inclusos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento
de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de
poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem
inviável seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos d’água, ou
exijam para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis, em face da
melhor tecnologia disponível” (ABNT, 2004a, p. 1).
Resíduos Classe I – perigosos: “Aqueles que apresentam periculo-
sidade, e em função de suas propriedades físicas, químicas ou infectocon-
tagiosas podem apresentar risco à saúde pública ou ao meio ambiente.

–  134  –
Auditoria ambiental

Podem apresentar as seguintes características: inflamabilidade, corrosivi-


dade, reatividade, toxidade e patogenicidade”. (ABNT, 2004a, p. 5)
Resíduos Classe II A – não inertes: “Aqueles que não se enquadram
nas classificações de resíduos classe I – perigosos ou de resíduos classe II
B – inertes [...] [mas que] podem ter propriedades, tais como: biodegrada-
bilidade, combustibilidade ou solubilidade em água” (ABNT, 2004a, p. 5).
Resíduos Classe II B – inertes: “Quaisquer resíduos que, quando
amostrados de forma representativa, [...] e submetidos a um contato dinâ-
mico e estático com água destilada ou deionizada, à temperatura ambiente,
[...] não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a concen-
trações superiores aos padrões de potabilidade de água, excetuando-se
aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor [...]” (ABNT, 2004a, p. 5). Exemplos
desses resíduos são rochas, tijolos, vidros, plásticos e borrachas que não são
decompostos facilmente.
Reciclagem: “é um conjunto de técnicas de reaproveitamento de
materiais descartados, reintroduzindo-os no ciclo produtivo. É uma das
alternativas de tratamento de resíduos sólidos (lixo) mais vantajosas, tanto
do ponto de vista ambiental quanto do social: ela reduz o consumo de
recursos naturais, poupa energia e água, diminui o volume de lixo e dá
emprego a milhares de pessoas” (BRASIL, 2017).
Compostagem: É a reciclagem dos resíduos orgânicos, “uma técnica
que permite a transformação de restos orgânicos (sobras de frutas e legu-
mes e alimentos em geral, podas de jardim, trapos de tecido, serragem,
etc.) em adubo. É um processo biológico que acelera a decomposição
do material orgânico, tendo como produto final o composto orgânico”
(BRASIL, 2017)

A gestão de resíduos de uma entidade visa garantir a redução da gera-


ção destes e sua correta destinação. Nesse aspecto, destaca-se o Plano de
Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) como uma ferramenta de poten-
cial representação do compromisso organizacional com a geração de resíduos
sólidos. De acordo com a Resolução Conama n. 005/1993, o PGRS é o
“documento integrante do processo de licenciamento ambiental que aponta

–  135  –
Contabilidade Socioambiental

e descreve as ações relativas ao manejo de resíduos sólidos, contemplando


os aspectos referentes à geração, segregação, acondicionamento, transporte
e disposição final, bem como a proteção à saúde pública” (BRASIL, 1993).
Quando implantado e efetivamente colocado em prática nas empre-
sas, o PGRS pode ajudar a: minimizar a geração de resíduos por meio de
sua segregação na origem (operações); priorizar a reutilização ou recicla-
gem dos resíduos; minimizar o consumo de recursos naturais; minimizar
os efluentes para o meio ambiente; providenciar disposição e destinação
adequada aos resíduos remanescentes; e conscientizar os colaboradores
para as questões ambientais.
Ademais, a relevância da gestão de resíduos foi ressaltada quando o
governo federal sancionou a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS),
por meio da Lei n. 12.305/10, que trouxe avanços muito importantes, princi-
palmente quanto à responsabilização dos agentes geradores e aos instrumen-
tos econômicos aplicáveis. O artigo 1º esclarece que:
Esta Lei institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, dispondo
sobre seus princípios, objetivos e instrumentos, bem como sobre as
diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos
sólidos, incluídos os perigosos, às responsabilidades dos geradores e
do poder público e aos instrumentos econômicos aplicáveis.
§ 1º Estão sujeitas à observância desta Lei as pessoas físicas ou jurí-
dicas, de direito público ou privado, responsáveis, direta ou indireta-
mente, pela geração de resíduos sólidos e as que desenvolvam ações
relacionadas à gestão integrada ou ao gerenciamento de resíduos sóli-
dos. (BRASIL, 2010)

Desse modo, a Lei n. 12.305 estipula as diretrizes para a realização da


gestão dos resíduos, bem como prevê o dever de os estados e municípios ade-
rirem à Política Nacional, por meio da elaboração dos Planos estaduais e muni​
cipais, respectivamente, conforme disposto nos artigos 16 e 18. Destaca-se,
ainda, o artigo 21, que aponta os requisitos mínimos a serem observados na
gestão de resíduos sólidos.
A mesma lei estabelece a necessidade de práticas de consumo e desenvol-
vimento sustentáveis, visando à prevenção e à redução de resíduos, por meio
de reciclagem e da reutilização dos resíduos sólidos, bem como o descarte
destes de forma ambientalmente adequada.

–  136  –
Auditoria ambiental

A responsabilidade compartilhada dos geradores de resíduos também


consta na PNRS, de modo que todos os atores que direta ou indiretamente
atuem na cadeia produtiva de produtos ou bens serão responsáveis pelos resí-
duos gerados.

7.3 Proteção do meio ambiental x


progresso a todo custo
Ao refletir acerca da palavra progresso, é natural imaginar uma megaló-
pole ou, ainda, indústrias, máquinas, entre outros aspectos relacionados à
melhoria das opções de entretenimento, emprego, cultura, lazer etc. Todavia,
em contrapartida, pensar em progresso pode também significar uma degra-
dação ambiental irreparável, caso isso ocorra em ritmo acelerado, mais rápido
do que a capacidade de recuperação da natureza.
Partindo do pressuposto de que o consumo consiste no modo com a
qual as necessidades das pessoas podem ser atendidas, o consumismo, por
sua vez, refere-se à ação desenfreada da prática de consumo. Quando essas
ações ocorrem em grandes proporções e sem propósito real, o resultado são os
impactos ambientais (GIACOMINI FILHO, 2008).
Para solucionar o problema da degradação ambiental em decorrência
do consumo exacerbado, surge a ideia de desenvolvimento sustentável, con-
cebida por meio da conscientização ambiental manifestada principalmente
entre as décadas de 1960 e 1990. Com a transformação cultural e social ocor-
rida nessa época, ficou clara a noção de que os recursos naturais são finitos
e que, portanto, a busca pela proteção ao meio ambiente equilibrado é fator
vital para a humanidade.
Essa nova consciência quebrou paradigmas, modificando a postura da
sociedade em relação ao meio em que vivem, passando de um mero controle da
poluição para uma reformulação do processo produtivo das organizações, com
o fim específico de preservação. É importante destacar que essa compreensão
em relação ao meio ambiente vai além do cumprimento da legislação, signifi-
cando também a preservação da imagem e credibilidade empresarial.
Portanto, a relação do ser humano com o meio ambiente se modificou ao
longo do tempo e, atualmente, verifica-se que ela está pautada na concepção

–  137  –
Contabilidade Socioambiental

de que esse ambiente deve refletir o mínimo de impactos possíveis. Logo, todas
as atividades oriundas do progresso, como é o caso da produção e comercia-
lização de produtos ou bens, devem ser direcionadas à preservação do meio
natural, visando à sua disponibilidade inclusive para as gerações futuras.
Diante desse contexto, as empresas estruturam seus processos imple-
mentando ações específicas, como é o caso da reciclagem de materiais, do
reaproveitamento dos resíduos ou, ainda, da utilização de tecnologias “lim-
pas”, que não agridem o meio ambiente. Verifica-se, assim, que a proteção ao
meio ambiente modifica toda a estrutura organizacional, visto que intervém
inclusive no planejamento estratégico institucional.
Em suma, as responsabilidades em relação aos danos ambientais estão
modificando o formato do processo produtivo. Novos procedimentos envol-
vem a implantação da gestão da qualidade ambiental e da gestão de custos
da qualidade ambiental, pois esses dois mecanismos trazem informações que
embasam as tomadas de decisão da alta direção das empresas, a fim de que
desempenhem suas atividades com o menor impacto ambiental possível.
Em compensação, as empresas que não se estruturarem de modo a evitar a
geração de impactos negativos no meio ambiente podem não se manter ativas,
pois os consumidores, atualmente, cobram delas uma nova postura ambiental.
Assim, as organizações mercantis são pressionadas de várias formas
para utilizarem o meio ambiente adequadamente, destacando-se o ativismo
ambiental de grupos que têm como meta a reivindicação dos cuidados com
o meio natural. Os cidadãos mais informados sobre as consequências de um
meio ambiente desequilibrado impõem sua vontade principalmente quando
se negam a consumir um produto proveniente de um processo produtivo
que gera impacto ambiental. Além disso, muitas vezes, para garantir um
parceiro de negócio, é necessário que os processos da empresa estejam em
conformidade com as boas práticas ambientais, visto que os investidores
analisam os custos dispendidos com o meio ambiente, como é o caso das
multas, bem como todos os passivos ambientais e o histórico de degradação
da organização.
Verifica-se, portanto, que existem várias forças que pressionam as
empresas a modificar suas posturas, e, concomitantemente, proteger o meio
ambiente, em vez de realizarem atos para a obtenção do progresso a qualquer

–  138  –
Auditoria ambiental

custo. Logo, a conscientização sobre a manutenção do ambiente ecologica-


mente equilibrado, na construção e no desenvolvimento da sociedade, tem
conduzido as organizações a uma redução dos impactos ambientais negativos
oriundos de suas atividades operacionais.

Conclusão
A conscientização acerca da responsabilização ambiental sobre ações e
atividades com potencial poluidor é evidente nos últimos anos. Intervenções
legislativas e as pressões dos stakeholders parecem configurar os principais
canais impulsionadores das modificações do pensamento e posicionamento
ambiental das entidades.
Se de um lado essa força ganha relevante interferência e adentra as novas
configurações do planejamento empresarial, por outro, influi consideravel-
mente em custos concernentes aos programas ambientais, sistemas de gestão
ambiental, certificações, auditorias e outras ações relativas. Sobretudo, não
se figura como uma missão de fácil continuidade, uma vez que a entidade
deve reservar capital específico para manter sua capacidade de mitigar os
impactos ambientais e investir em constantes alternativas sustentáveis e ino-
vações relacionadas.
Para manutenção e regularidade das atividades da empresa, é requisito
básico e obrigatório o cumprimento das imposições legais quanto à mitigação
de impactos socioambientais. Desse modo, é possível asseverar que os retornos
gerados por tal comprometimento também podem ser vislumbrados como
consequências positivas ao desenvolvimento e à expansão organizacional.

Ampliando seus conhecimentos

Ampliando a visão acerca das auditorias ambientais, apresen-


tamos a seguir um texto que elucida claramente as característi-
cas de diferentes tipos de auditoria ambiental e a relação entre
esta e o licenciamento ambiental.

–  139  –
Contabilidade Socioambiental

Questões relevantes para o entendi-


mento da transversalidade da Auditoria
Ambiental na Gestão Ambiental
(FISCHER; DIAS; ANELLO, 2013, p. 144-145)

[...] A Auditoria Ambiental possui diversos intuitos, podendo


visar ao licenciamento, à certificação ou à conservação da bio-
diversidade. Logo, torna-se importante conhecermos os tipos
de auditorias existentes, que vão além dos já citados e que se
relacionam direta ou indiretamente com questões ambientais.
Para tal, utilizaremos os tipos de auditoria ambiental destaca-
dos por La Rovere (2011). Segundo o autor, o objetivo das
auditorias ambientais é que define sua classificação, podendo
ser as seguintes:
22 Auditoria de conformidade legal (compliance): ferra-
menta utilizada para verificar a real situação da empresa
mediante a legislação ambiental vigente no país;
22 Auditoria de desempenho ambiental: avalia a confor-
midade da unidade auditada com a legislação, os regu-
lamentos aplicáveis e os indicadores de desempenho
ambientais setoriais aplicáveis à unidade;
22 Auditoria de sistema de gestão ambiental: avalia o cum-
primento dos princípios estabelecidos no Sistema de
Gestão Ambiental (SGA) da empresa e suas adequa-
ções e eficácias;
22 Auditoria de certificação: avalia a conformidade da
empresa com princípios estabelecidos nas normas pela
qual a empresa esteja desejando se certificar;
22 Auditoria de descomissionamento (decommissioning):
avalia os danos ao ecossistema e à população do entorno
de alguma unidade empresarial, em consequência de sua
desativação (paralisação definitiva de suas atividades);

–  140  –
Auditoria ambiental

22 Auditoria de responsabilidade: destinada a avaliar o pas-


sivo ambiental das empresas, ou seja, as responsabilida-
des ambientais das empresas. Geralmente é usada nas
ocasiões de fusões, aquisições diretas ou indiretas ou de
refinanciamento de empresas;
22 Auditoria de sítios: destinada a avaliar o estágio de con-
taminação de um determinado local;
22 Auditoria pontual: destinada a otimizar a gestão dos
recursos, a melhorar a eficiência do processo produtivo
e, consequentemente, minimizar a geração de resíduos,
o uso de energia ou de outros insumos.
Além dessa conceituação de tipos de auditorias existentes,
é importante consideramos sua classificação quanto à forma
de aplicação da mesma e ao envolvimento dos profissionais
auditores; assim, podem ser classificadas como:
22 Auditoria Interna: realizada periodicamente pelos funcio-
nários da própria empresa ou contratados por ela, geral-
mente, como preparação para auditorias de terceira ou
segunda parte ou para verificação da conformidade do
sistema de gestão;
22 Auditoria de Segunda Parte (Externa): são realizadas por
terceiros, que tenham interesse no resultado da auditoria.
São, por exemplo, fornecedores, clientes e outras par-
tes interessadas, porém sem o objetivo de certificação.
Geralmente são utilizadas para a verificação de empresas
durante um processo de contratação e por isso podem se
basear em critérios definidos pelo realizador da auditoria;
22 Auditoria de Terceira Parte (Externa): são as auditorias
de certificação, recertificação, ou manutenção do certifi-
cado. São realizadas sempre por terceiros independen-
tes, que não tenham interesses no resultado da auditoria,
geralmente um órgão certificador.

–  141  –
Contabilidade Socioambiental

Atividades
1. Cite e explique algumas legislações que tutelam o meio ambiente
no Brasil.

2. Na perspectiva da gestão de resíduos, defina: resíduos sólidos; resí-


duos Classe I – perigosos; resíduos Classe II – não inertes; resíduos
Classe III – inertes; reciclagem e compostagem.

3. Aponte algumas peculiaridades existentes nas normas da série


ISO 14000.

4. No Brasil, as normas referentes ao meio ambiente, da série ISO


14000, foram editas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT), conhecidas pela sigla NBR ISO 14000. Esse rol de normas
tem como finalidade a preservação da qualidade ambiental, podendo
ser analisada sob duas concepções. Quais são essas concepções?

–  142  –
8
Responsabilidade
ambiental

Introdução
Já há algum tempo as organizações vêm tomando consciência
da necessidade e dos benefícios proporcionados por um compor-
tamento socialmente responsável. Atualmente, não é mais possível
analisar o desempenho de uma empresa sem verificar seu compor-
tamento com relação à sociedade e ao meio ambiente em que está
inserida. Evidenciando a importância dessa temática, este capítulo
aborda especificamente a responsabilidade socioambiental, pro-
porcionando o entendimento da evolução histórica, os conceitos e
princípios da ISO 26000:2010 (Diretrizes sobre Responsabilidade
Social) e sua relação com as concepções sustentáveis.
Contabilidade Socioambiental

8.1 Responsabilidade socioambiental:


a evolução histórica
Ao longo das últimas décadas, a temática da responsabilidade socioam-
biental ou responsabilidade social corporativa (RSC) tem gerado uma
considerável atenção por parte de acadêmicos e profissionais da área de ges-
tão empresarial (QUAZI; RICHARDSON, 2012). De acordo com Ashley
(2005), a RSC é o compromisso da organização com a sociedade, conside-
rando as obrigações de caráter moral e também as estabelecidas em lei, por
meio de ações que contribuam e gerem impactos positivos e coerentes quanto
ao desenvolvimento e à melhoria social.
Mas, para compreendermos sua importância nos dias de hoje, precisa-
mos voltar à construção histórica da responsabilidade social. De acordo com
Ferreira e Guerra (2012), ela começou a ser discutida durante a Revolução
Industrial, quando Robert Owen, ao criticar o capitalismo, propôs o conceito
de responsabilidade social. No ano de 1899, Andrew Carnegie publicou o livro
O Evangelho da riqueza, cuja ideia central estava na responsabilidade social
ligada à caridade, à filantropia e ao bem-estar social.
Entretanto, a noção de responsabilidade social só ganhou mais força no
ano de 1953, quando Howard R. Bowen’s (considerado o precursor da res-
ponsabilidade social no âmbito empresarial) conceituou a RSC para as orga-
nizações como algo que está diretamente relacionado ao “cumprimento de
obrigações dos executivos quanto a políticas, tomadas de decisão ou demais
ações que estivessem alinhadas ao atendimento dos valores e objetivos da
comunidade” (CARROL, 1979 apud CUNHA; LEMES; TORTATO, 2015,
p. 2). Configurou-se, assim, uma obrigação social da humanidade em seguir
padrões gerenciais que sejam compatíveis com os valores da sociedade.
Na década de 1960, a RSC foi idealizada pelos estudiosos (MCGUIRE,
1963) como uma importante ponte de relação entre a sociedade e as organi-
zações, sobretudo levando em consideração as interferências e os impactos das
empresas na sociedade, além de apresentar os efeitos das ações de uma organi-
zação sobre a outra (BORBA, 2005). Essa época foi marcada pela solidifica-
ção da RSC quanto à sua efetiva conceituação, abordando a importância da
conciliação entre os interesses econômicos organizacionais e os da sociedade
(CARROL, 1979 apud CUNHA; LEMES; TORTATO, 2015).

–  144  –
Responsabilidade ambiental

Milton Friedman, com fundamento na economia neoclássica, marcou


a década de 1960 com sua obra denominada Capitalismo e liberdade. Ele
detinha um posicionamento que seria posteriormente criticado por muitos,
no entanto, trouxe contribuições para a estruturação da RSC, tendo inclusive
recebido o prêmio Nobel de Economia em 1976. Na concepção de Friedman
(1970), a responsabilidade social teria um caráter puramente econômico,
fundamentado na maximização de lucros, e, consequentemente, a sociedade
seria beneficiada com isso. Desse modo, Friedman não considerava a empresa
como algo meramente social.
Posteriormente, um estudioso seminal da área, Archie Carroll (1979)
– autor que é referência para pesquisas científicas até os dias atuais, no que
tange à responsabilidade social corporativa, com uma abordagem esclarece-
dora –, apresenta a RSC estruturada sob quatro responsabilidades que consis-
tem em expectativas da sociedade em relação às organizações em determinado
período. Elas são detalhadas a seguir:
1. Responsabilidade econômica: a perspectiva econômica é a base de
sustentação, fornecendo apoio para as demais perspectivas, de modo
que uma organização é uma base econômica para a sociedade.
2. Responsabilidade legal: Trata-se de um código de conduta social
capaz de orientar os stakeholders da organização sobre como con-
duzir e delimitar metas organizacionais, respeitando os valores, os
padrões, a evolução e a expectativa social na área em que a empresa
está inserida.
3. Responsabilidade ética: Embora não seja prevista sua obrigatorie-
dade em lei, a ética deve configurar como um posicionamento legí-
timo da empresa, uma vez que isso é esperado pela sociedade como
algo além das questões legais.
4. Responsabilidade discricionária: São as ações de cunho voluntário
e não imposto.
Tais perspectivas geraram um modelo denominado Pirâmide de Carroll,
a qual é ilustrada na Figura 1 a seguir.

–  145  –
Contabilidade Socioambiental

Figura 1 – A pirâmide da responsabilidade social corporativa.

Responsabilidade
discricionária

Responsabilidade
ética

Responsabilidade
legal

Responsabilidade
econômica

Fonte: CARROLL, 1979 apud CUNHA; LEMES; TORTATO, 2015,


p. 4. Adaptada.
Nos anos de 1970 e 1980, devido ao avanço das preocupações nos âmbi-
tos social e ambiental, inicia-se a conscientização ecológica, aumentando a
exigência das atividades das empresas e o alinhamento com a responsabiliza-
ção social. Entretanto, foi somente na década de 1990 que as empresas se des-
tacaram no âmbito da responsabilidade socioambiental, principalmente com
eventos como a Rio-92, sediada no Brasil, na qual se evidenciou a integração
entre a sustentabilidade e as atividades empresariais. Com base nas conjectu-
ras resultantes dessas discussões, o conceito de responsabilidade social passou a
ser perpetuado, principalmente pelas ideias de preservação e sustentabilidade,
em todo o mundo.
Nesse panorama, em 1997 foi criada a norma de certificação SA 8000
(Social Accountability 8000), a qual tinha como finalidade avaliar a responsa-
bilidade social das empresas fornecedoras e vendedoras. Já em 1999 foi esta-
belecida a norma AA 1000 (Accountability 1000), com o objetivo de averiguar
o processo de prestação de contas e as informações das empresas nos âmbitos
social, ambiental e financeiro.

–  146  –
Responsabilidade ambiental

Além disso, os anos 1990, de acordo com Schwartz e Carroll (2007),


foram marcados pela disseminação de temas complementares à RSC, como o
desempenho social corporativo, a teoria dos stakeholders, a ética empresarial
e a cidadania corporativa. Carroll (1991) também “trouxe uma nova contri-
buição com o aperfeiçoamento de sua própria teoria, por meio da revisão do
seu modelo, propondo a substituição do topo da pirâmide, de discricionária
para filantrópica, permanecendo inalteradas as demais premissas” (CUNHA;
LEMES; TORTATO, 2015, p. 5).
Na década de 2000, ficou evidente o crescente interesse pelo tema desen-
volvimento sustentável ou sustentabilidade (CARROLL; SHABANA, 2010).
O ano 2000 foi marcado pelo lançamento do Pacto Global pelo secretário
da Organização das Nações Unidas (ONU), tendo o objetivo de estabelecer
princípios universais sobre os direitos humanos, trabalhistas e ambientais.
No ano de 2012, após duas décadas da conferência Rio-92, a ONU pro-
move a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável,
ou Rio+20, com o intuito de renovar os compromissos assumidos na Rio-92.
Nesse evento, as esperanças de que as empresas e a sociedade atuem com res-
ponsabilidade ambiental foram restauradas.
Nesse mesmo contexto, muitos foram os marcos referenciais que ajuda-
ram a estruturar o conceito de responsabilidade social corporativa, os quais são
elencados por Oliveira (2007): a Declaração Universal dos Direitos Humanos
da ONU; a Declaração da Organização Internacional do Trabalho (OIT)
sobre os princípios e os direitos fundamentais do trabalho; a Declaração
Tripartite de Princípios sobre Empresas Multinacionais e Política Social da
OIT; as Diretrizes para as Empresas Multinacionais da Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE); a Declaração do Rio;
e a Agenda 21 da ONU.
Atualmente, no Brasil a responsabilidade social corporativa vem tomando
forma por meio de várias iniciativas, como a criação e publicação do Balanço
Social (conforme observamos em capítulos anteriores), o qual pode ser fun-
damentado na estrutura de modelos propostos pelo Instituto Brasileiro de
Análises Sociais Econômicas (Ibase), pela Global Reporting Initiative (GRI)
e pelo Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social.

–  147  –
Contabilidade Socioambiental

Somandas a isso, outras iniciativas amplamente difundidas são realiza-


das pelas organizações, como acontece com o crescimento da quantidade de
ações sociais, a busca pela interação constante com a sociedade, os estímulos
aos clientes e fornecedores para considerarem os princípios da responsabili-
dade social corporativa na gestão empresarial, entre outras.
Empresas também buscam estruturar institutos focados em responsabi-
lidade social, como o Instituto Gerdau, constituído pela empresa de mesmo
nome. Ele coordena e realiza programas de responsabilidade social nas comuni-
dades, com parceiros estratégicos da sociedade nos diversos locais de atuação da
empresa, utilizando o voluntariado organizado como agente transformador em
prol do desenvolvimento sustentável. Essas atividades são direcionadas por focos
específicos de atuação: educação, qualidade em gestão e mobilização solidária.
Outro ponto que merece destaque são os benefícios fiscais obtidos por
meio de programas de responsabilidade social voltados para a cultura, como
a Lei Rouanet (Lei n. 8.313/91), a qual instituiu o Programa Nacional de
Apoio à Cultura (Pronac). Para que cidadãos (pessoas físicas) e empresas (pes-
soas jurídicas) invistam em projetos e ações culturais, o valor do apoio – total
ou em parte – é deduzido do Imposto de Renda.

8.2 Normas de responsabilidade


social corporativa
Após compreendermos a evolução histórica da responsabilidade social
corporativa, é possível constatar sua relevância diante das atividades empre-
sariais e da sociedade. A RSC vem se materializando em ações aderidas pelas
organizações, as quais consideram a prática e interação com a comunidade
como um fator preponderante no cenário de negócios. Nesse sentido, na
esfera corporativa atual, o compromisso com as questões inerentes à respon-
sabilidade social tornou-se um ponto de significância estratégica (GOYAL;
RAHMAN; KAZMI, 2013), uma vez que iniciativas e/ou ações sociais criam
valor compartilhado com a sociedade e, consequentemente, vantagem com-
petitiva para as organizações (PORTER; KRAMER, 2002).
Em decorrência disso, as organizações vêm tomando consciência da
necessidade e dos benefícios trazidos por um comportamento socialmente

–  148  –
Responsabilidade ambiental

responsável e, atualmente, não é mais possível analisar o desempenho de uma


organização sem verificar seu comportamento com relação à sociedade e ao
meio ambiente em que está inserida. Nesse sentido, a norma ISO 26000
foi elaborada para servir de base a fim de que as organizações adotem uma
postura sustentável, e para fornecer orientações sobre os princípios relativos à
responsabilidade social.
De origem recente, a norma ISO 26000 – Diretrizes sobre Responsabilidade
Social – foi lançada em Genebra, na Suíça, em 1º de novembro de 2010, como
a primeira norma internacional de responsabilidade social empresarial. O pro-
cesso de elaboração compreendeu o envolvimento de um grupo de trabalho
de especialistas de 90 países e 40 organizações internacionais. No Brasil, foi
lançada a versão em português da norma, a ABNT NBR ISO 26000, no dia 8
de dezembro de 2010 (ABNT, 2010).
Cumpre evidenciar que, embora seja uma norma, a ISO 26000 não é cer-
tificável, mas fornece orientações para as melhores práticas de responsabilidade
social, com uma série de diretrizes e princípios acerca do tema. O conteúdo dos
princípios que norteiam essa norma está sintetizado a seguir (INMETRO, 2017):
22 Accountability: responsabilidade pelas consequências das ações e
decisões, respondendo pelos impactos na sociedade, na economia
e no meio ambiente, prestando contas a órgãos de governança e
demais partes interessadas e declarando os seus erros e as medidas
cabíveis para remediá-los.
22 Transparência: fornecimento às partes interessadas – de forma aces-
sível, clara, compreensível e em prazos adequados – de todas as
informações sobre os fatos que possam afetá-las.
22 Comportamento ético: ação de modo aceito como correto pela
sociedade, com base nos valores de honestidade, equidade e inte-
gridade, diante das pessoas e da natureza, e de forma consistente
com as normas internacionais de comportamento.
22 Respeito pelos interesses das partes interessadas (stakeholders): con-
sideração e resposta aos interesses de pessoas ou grupos de alguma
forma envolvidos nas atividades da organização ou que por ela pos-
sam ser afetados.

–  149  –
Contabilidade Socioambiental

22 Respeito pelo Estado de Direito: o ponto de partida mínimo da


responsabilidade social é o cumprimento integral das leis do local
onde a empresa está operando.
22 Respeito pelas Normas Internacionais de Comportamento: adoção
de prescrições de tratados e acordos internacionais favoráveis à res-
ponsabilidade social, mesmo que não haja obrigação legal.
22 Direitos humanos: reconhecimento da importância e universa-
lidade dos direitos humanos, cuidando para que as atividades da
organização não os agridam direta ou indiretamente, zelando pelo
ambiente econômico, social e natural que requerem.
Entre esses princípios de responsabilidade social da ISO 26000, o
a­ ccountability se destaca como um dos mais importantes, uma vez que, para
atender a esse princípio, é necessário que a organização passe por etapas de
fiscalização para avaliar possíveis impactos adversos e, se necessário, responda
publicamente por seus erros, indicando as ações que devem ser tomadas para
assegurar o adequado desenvolvimento sustentável.
Os temas centrais da ISO 26000, sintetizados no Quadro 1 (DEUS;
SELES; VIEIRA, 2014, p. 797-798), abarcam as responsabilidades das orga-
nizações diante dos fatores sociais, ambientais e econômicos:
Quadro 1 – Responsabilidade das organizações de acordo com os temas
centrais da ISO 26000.
Temas centrais Responsabilidade da organização
Governança Ter um sistema de governança que pratique e supervisione os
organizacional princípios da responsabilidade social, estabelecendo uma cultura e
um ambiente com atividades práticas que reflitam seu compromisso.
Estratégias, objetivos e metas devem ser estabelecidos sob uma visão
de compromisso com a responsabilidade social, equilibrando as
necessidades imediatas e futuras da organização e de seus stakeholders.
Cabe à organização envolver todos os níveis de trabalhadores,
equilibrando os níveis de autoridade, responsabilidade e capacidade
das pessoas que tomam decisões na empresa. Analisar e avaliar
processos de governança da organização, ajustando-os de acordo com
os resultados e comunicando as mudanças em toda a organização.

–  150  –
Responsabilidade ambiental

Temas centrais Responsabilidade da organização


Direitos Respeitar a Declaração Internacional dos Direitos Humanos e os
humanos direitos fundamentais do trabalho identificados pela Organização
Internacional do Trabalho (OIT). Em uma perspectiva proativa, somar
esforços com o governo para viabilizar o cumprimento dos direitos
econômicos, sociais e culturais; facilitar o acesso da comunidade à
educação; adaptar bens e serviços ao poder de compra dos pobres etc.
Práticas de O cumprimento de normas, princípios e direitos básicos do trabalho
trabalho estabelecido pela Organização Internacional do Trabalho contribui
para que as empresas não realizem abusos e concorrência desleal. As
organizações também devem seguir as leis estabelecidas pelos seus países,
independentemente de exigências ou apoio oferecido pelos governos.
Os trabalhos na empresa devem ser realizados por homens e mulheres
legalmente reconhecidos como empregados ou como autônomos.
Os funcionários devem ser tratados com igualdade, sem prática de
discriminação, recebendo informações necessárias para desenvolver as
atividades esperadas. Quando a empresa estabelece um código de práticas
de trabalho que deve ser observado pelos fornecedores e terceirizados,
deve-se atentar para sua consistência em relação à Declaração Universal
dos Direitos Humanos e às normas internacionais do trabalho.
Meio ambiente Gerenciar o meio ambiente. Responsabilizar-se pelos impactos
ambientais causados pelas atividades organizacionais. Obedecer a
legislação e implementar uma gestão ambiental eficaz. Empregar
práticas operacionais, princípios, abordagens e estratégias
cabíveis para prevenir a poluição, otimizar a utilização de recursos
naturais, minimizar resíduos, emissões, efluentes. Contribuir
para a mitigação das mudanças climáticas, preservação do meio
ambiente, da biodiversidade e restauração dos habitats naturais.
Práticas leais Os resultados positivos podem ser obtidos ao exercer liderança e
de operação promover a adoção de responsabilidade social. A empresa deve
implementar políticas e práticas de combate à corrupção, treinando
e conscientizando seus empregados, representantes, terceirizados e
fornecedores a erradicar o suborno e denunciar violações das políticas
da organização. Prepará-los para lidar com atividades políticas e
conflitos de interesse. As políticas organizacionais da empresa devem
ser transparentes. As práticas devem influenciar a cadeia a atingir
objetivos socialmente responsáveis. Ações como doações políticas que
possam ser percebidas como influências indevidas devem ser evitadas,
assim como buscar vantagens competitivas injustas beneficiando-se de
condições sociais como a pobreza. Quando as empresas reconhecem
o direito de propriedade, elas estimulam a criação e a inovação.

– 151 –
Contabilidade Socioambiental

Temas centrais Responsabilidade da organização


Questões Seguir as Diretrizes das Nações Unidas para a Proteção do Consumidor
relativas ao e o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais.
consumidor Sempre disponibilizar as informações precisas, empregar práticas de
marketing leais e processos contratuais justos, transparentes e úteis,
promover o consumo sustentável, investir no design de produtos e
serviços que ofereçam acesso a todos, quando apropriado, e cuidar
dos mais vulneráveis e desprivilegiados. Buscar a minimização
de riscos decorrentes do uso de produtos e serviços, empregando
procedimentos de design, fabricação, distribuição, prestação de
informações, serviços de suporte, retirada de produto do mercado
e recall. Proteger a segurança das informações e a privacidade dos
consumidores. Prestar serviço de atendimento ao consumidor.
Envolvimento e As empresas precisam considerar-se parte da comunidade, agindo
desenvolvimento na prevenção e solução de alguns problemas. Devem reconhecer
da comunidade características culturais, religiosas, tradições, histórias e as necessidades
da comunidade ao interagir com ela. A expansão e diversificação
das atividades econômicas e do desenvolvimento tecnológico trazem
contribuições para a comunidade, como geração de empregos, cursos
de qualificação, instruções e cuidados com a saúde. A criação de um
ambiente que traga benefícios duradouros promove renda e gera riqueza
por meio do incentivo ao empreendedorismo e cooperativismo. As
organizações devem formular políticas com implementação e avaliação de
programas de desenvolvimento. Atuar junto à autoridade competente ou
a organizações humanitárias em situações de crise, desastres inesperados
e catástrofes. Combater a pobreza, atingir a meta de emprego produtivo,
adequadamente remunerado e livremente escolhido, e promover a
integração social como objetivo primordial de desenvolvimento. A
Declaração do Milênio da ONU estabelece objetivos que, se atingidos,
[ajudarão] a resolver os principais desafios mundiais de desenvolvimento.
Essa declaração salienta que, embora convenha que o desenvolvimento
seja orientado e conduzido principalmente pelas políticas públicas, o
processo de desenvolvimento depende das contribuições de todas as
organizações. O envolvimento da comunidade ajuda a contribuir, em
nível local, para o alcance desses objetivos. A Declaração do Rio sobre
Meio Ambiente e Desenvolvimento introduziu a Agenda 21, a qual
é um processo para desenvolver um plano de ação abrangente, que
pode ser implementado localmente por organizações em cada área em
que atividades humanas impactem a sociedade e o meio ambiente.
Fonte: DEUS; SELES; VIEIRA, 2014, p. 797-798.

–  152  –
Responsabilidade ambiental

8.3 Responsabilidade socioambiental


Ao longo do tempo, muitos foram os mecanismos legais ou acordos
internacionais firmados cujo foco consistia na melhor convivência entre os
povos, abarcando temáticas de cunho social e ambiental, conforme aborda-
mos em capítulos anteriores. Por meio desses instrumentos, houve a cons-
trução de conceitos como preservação ambiental, ética e responsabilidade
socioambiental. Todavia, percebe-se que alguns conceitos ainda não têm uma
definição única, sendo possível encontrar terminologias como responsabili-
dade social, responsabilidade social corporativa, responsabilidade socioambiental,
responsabilidade social empresarial e sustentabilidade corporativa (MONTIEL;
DELGADO-CEBALLOS, 2014).
Vale ressaltar que a RSC faz parte de uma das dimensões do triple bottom line
(tripé da sustentabilidade) (ELKINGTON, 2012), de modo que ambas (RSC e
sustentabilidade) estão intimamente ligadas e relacionadas.
Desde a disseminação do conceito de sustentabilidade, ele tem sido
empregado em múltiplos campos de pesquisa e atuação, ou seja, uma mesma
denominação abriga diferentes conceitos e práticas. Contudo, todas as defini-
ções carregam a noção de que o desenvolvimento sustentável é composto das
três dimensões: a econômica, a social e a ambiental ou ecológica (CLARO;
CLARO; AMÂNCIO, 2008).
Elkington (2012) explora tais pilares explicando suas interligações. Ele
afirma que, quando trabalhados de forma conexa, o pilar social e o ambiental
resultam na justiça socioambiental; já a intersecção do pilar econômico com
o social resulta na ética empresarial e, por último, a interação entre o aspecto
econômico e o ambiental gera a ecoeficiência. A Figura 2 ilustra de forma
sintetizada a exploração do triple bottom line (tripé da sustentabilidade).

–  153  –
Contabilidade Socioambiental

Figura 2 – Elementos da sustentabilidade organizacional.


Desenvolvimento sustentável

Social

Inserção socioeconômica Justiça socioambiental


Exemplo Exemplo
22 Oferta de bens 22 Correção e prevenção
e serviços para Econômica Ambiental de impactos
necessidades sociais ambientais decorrentes
de comportamento
social e de consumo

Exemplo
22 Otimização das relações entre
Ecoeficiência
consumo, geração de bens e
serviços e efeitos ambientais

Fonte: ELKINGTON apud MUNARETTO; AGUIAR; VIERIA, 2017, p. 162.


Adaptada.
Destaca-se, portanto, que a sustentabilidade se tornou uma área do conhe-
cimento consideravelmente procurada e investigada, tendo em vista as crescen-
tes demandas e soluções imediatistas para resolver os problemas inerentes aos
impactos ambientais e a necessidade de sobrevivência humana. A pauta principal
de discussões políticas mundiais volta-se ao ponto de conciliar o crescimento eco-
nômico sem comprometer ou esgotar os recursos naturais insubstituíveis, pre-
servando as riquezas ambientais e os sistemas ecológicos, além de promover a
redução das desigualdades sociais (DE SIMONE; POPOFF, 2000), um desafio
que exige novas ferramenta e abordagens (HOFFRÉN; APAJALAHTI, 2009).
Gerir de forma sustentável – sem que para isso se comprometa o desem-
penho empresarial e o meio ambiente – é o grande desafio das organizações.
Seguindo essa concepção, os pesquisadores da escola neoclássica argumentavam
que o desempenho socioambiental está vinculado a dispêndios adicionais à orga-
nização, considerando que a melhoria e o investimento no aspecto ambiental
acarretam em custos (WALLEY, WHITEHEAD, 1994; PALMER; OATES;
PORTEY, 1995). Contudo, Porter e Van Der Linde (1999) afirmam que as regu-
lamentações ambientais e o seu respectivo atendimento oportunizam inovações

–  154  –
Responsabilidade ambiental

que podem cobrir de forma integral ou parcial os custos incorridos com tais inves-
timentos, além de proporcionar vantagem competitiva.
Por sua vez, Vellani (2011) explica que, além de reduzir o risco rela-
tivo ao negócio, os ganhos econômico-financeiros podem ser obtidos com a
manutenção das ações socioambientais. O mesmo autor ainda assegura que
“[...] certamente, gerentes conscientes ecologicamente terão maiores possibi-
lidades de encontrar soluções lucrativas para os problemas ambientais do que
outros sem conhecimento ambiental” (VELLANI, 2011, p. 5).
Ao compreendermos a responsabilidade socioambiental como um pilar
da sustentabilidade, podemos constatar que ela consiste na gestão baseada em
mecanismos de transparência de informações para a sociedade, por meio de
práticas pautadas na ética social e ambiental. Sobretudo, a gestão sob a ótica
de responsabilidade socioambiental se estabelece por metas empresariais com
finalidades específicas de desenvolvimento sustentável, na qual a prioridade
não consiste apenas na lucratividade, mas na manutenção e preservação do
meio ambiente ecologicamente equilibrado, atentando-se à continuidade das
gerações futuras.
Na visão de De Benedicto, Rodrigues e Penido (2008), a estruturação da res-
ponsabilidade socioambiental deve passar por três importantes estágios, a saber:
1. Maximização dos lucros – a administração da empresa deve
concentrar-se no uso eficiente dos recursos para produzir bens
ou serviços desejados pelos consumidores de modo a vendê-los
a preços que estes estivessem dispostos a pagar, visando assim
maximizar lucros no curto prazo.
2. Equilíbrio de interesses – o objetivo era maximizar os lucros à longo
prazo, equilibrando assim os interesses dos acionistas, funcionários,
consumidores, comunidade.
3. Administração socioeconômica – o objetivo aqui deixa de ser
apenas o lucro em si, mas também a busca concreta da melho-
ria da qualidade de vida ou do bem-estar da sociedade. (DE
BENEDICTO; RODRIGUES; PENIDO, 2008, p. 8)

Quanto a isso, Vellani (2011, p. 4) afirma que “[...] ao mesmo tempo em


que proporciona valor aos seus acionistas, a empresa também pode fornecer
educação, cultura, lazer e justiça social à comunidade; e proteção da diversi-
dade e dos ecossistemas”.

– 155 –
Contabilidade Socioambiental

Por fim, Santana, Périco e Rebellato (2006) afirmam que a imple-


mentação de responsabilidade socioambiental vem como um atendimento,
por parte das empresas, às exigências derivadas da globalização. Contudo,
a responsabilidade socioambiental também influencia nas transformações
organizacionais, as quais são um conjunto de ações que refletem como um
diferencial no mercado e, consequentemente, contribuem também com o
desenvolvimento social.
Como complementação dessa temática, e sob uma visão mais teórica,
abordaremos a denominada teoria dos stakeholders, cuja indicação principal é
que a empresa, para preservar seu desempenho financeiro e perdurar com sua
imagem no mercado, deve buscar atender às necessidades das partes interes-
sadas (stakeholders).

8.3.1 Teoria dos stakeholders


Essa teoria pode ser considerada como um instrumento que propicia
uma perspectiva teórica para a ligação entre os esforços das organizações
em cumprimento das suas obrigações socioambientais e o seu respectivo
desempenho (MOORE, 2001; ORLITZKY; SCHMIDT; RYNES, 2003;
RAMANATHAN; AKANNI, 2010).
Com seu início na área da estratégia e defendida por Richard Edward
Freeman em 1984, um dos seus mais influentes precursores, tal teoria
vem sendo abordada na literatura nos mais diversos contextos e discussões
(CINTRA et al., 2014). A partir da seminal definição de stakeholder “[...]
qualquer grupo ou pessoa cujos interesses podem afetar ou ser afetados pelas
realizações dos objetivos de uma organização” (FREEMAN, 1984, p. 46), a
temática passou a influenciar e se tornar fonte de debates profundos entre
os pesquisadores quanto a quem seria esse grupo ou pessoa que afeta ou é
afetado pela organização. Além disso, o nível de importância dos stakeholders
para as empresas também é ponto de discussão e investigação.
Há autores que asseguram que a compreensão de stakeholders foi disse-
minada em diversas áreas e para propósitos diferentes, acarretando em um
direcionamento confuso a respeito de sua conceituação e análise (REED;
GRAVES; DANDY, 2009). Decorrem de tais discussões alguns estudos que
vieram a contribuir com a evolução da teoria, entre eles a pesquisa de Clarkson

–  156  –
Responsabilidade ambiental

(1995), que sugere a classificação dos stakeholders em primários e secundários,


de modo que os primários se configuram nos motivadores do propósito da
empresa, o qual consiste na criação de riqueza e valor para aqueles.
De acordo com o autor, o grupo primário é consubstanciado por aqueles
que sustentam a sobrevivência da empresa: acionistas, empregados, fornecedo-
res, clientes e governo, os quais estabelecem leis e normas que devem ser obede-
cidas, proporcionam infraestrutura e mercado e exigem atendimento das obri-
gações e dos compromissos. Por outro lado, o grupo secundário é composto
daqueles que não dispõem de uma relação direta com a empresa nem intervêm
em sua sobrevivência, todavia, exercem influência ou afetam a organização ou
também são influenciados – como é o caso de ONGs e a mídia.
Contrastando com o posicionamento mais estreito de Clarkson (1995),
Mitchell, Agle e Wood (1997) trazem uma contribuição mais abrangente e
significante para a evolução da teoria em relação à conceituação de Freeman,
sobretudo ao revelar a classificação das partes interessadas em função de
atributos de poder, legitimidade e urgência quanto às reivindicações dos
­stakeholders, sugerindo, então, uma original tipologia.
Os autores trazem as essenciais diferenças abordadas – estreitas e amplas
– a respeito do termo, as quais são diretamente influenciadas pela essência
da preocupação dos stakeholders e também da empresa. A definição estreita
da expressão direciona-se aos grupos que representam os interesses econômi-
cos da relação entre partes interessadas e empresa, enquanto a definição mais
ampla conduz à veracidade empírica quanto à dimensão (tudo e todos) do
que a empresa pode afetar e influencia – ou do contrário, do que pode ser
influenciada e afetada. Os autores ainda asseguram que se torna limitativo
caracterizar o termo entre primários e secundários, conforme proposto por
Clarkson (1995).
Na visão de Carroll (1991) e Jamali (2008), a teoria dos stakeholders
evidencia que as organizações têm obrigações não somente com os seus acio-
nistas, mas também com outros grupos de interesse.
Consolidando as discussões realizadas até então, Donaldson e Preston
(1995), com a importante contribuição do mapeamento dos estudos realizados
sobre a teoria dos stakeholders, propõem sua divisão da teoria, caracterizando-a
em instrumental, descritiva e normativa. Em síntese, a teoria instrumental tem

–  157  –
Contabilidade Socioambiental

por prerrogativa básica a ligação entre ambas as partes no que tange à interferên-
cia dos stakeholders no desempenho organizacional e seus respectivos objetivos,
com foco específico nos esclarecimentos estratégicos e políticos direcionados à
melhoria do atendimento aos stakeholders independente de associações positivas
ou não com desempenho corporativo.
Já a teoria descritiva, também denominada como empírica, conduz às
pesquisas que consistem em descrever as características e os posicionamentos
organizacionais em relação aos seus stakeholders. Por fim, mas não menos
importante, a teoria normativa é estabelecida na investigação da função orga-
nizacional quanto à moral ou o direcionamento filosófico que orienta a admi-
nistração e operação das empresas.
A partir dessas discussões teóricas, Borba (2005) alega que as pesquisas
vêm se voltando consideravelmente à perspectiva instrumental da teoria dos
stakeholders proposta por Donaldson e Preston (1995), em função da necessi-
dade de investigações e inquietações a respeito do desempenho socioambien-
tal das organizações e seu respectivo desempenho financeiro. Tal afirmativa
pode ser corroborada pelo volume de estudos recentes desenvolvidos na área
da sustentabilidade.

Conclusão
A adoção de um posicionamento socioambiental pelas organizações,
com a redução de seus insumos e de seus impactos ambientais, pode promo-
ver uma gestão ambiental eficiente e sustentável, bem como criar valor para
as partes interessadas (stakeholders) (HARRINGTON; KNIGHT, 2001).
Nesse contexto, o desempenho socioambiental promove um melhor relacio-
namento com os stakeholders, sustentado pela confiança mútua e cooperação
entre a empresa e suas partes interessadas, viabilizando maior vantagem com-
petitiva em relação à concorrência (JONES, 1995).
Contudo, o tema tem sido muito discutido nas mais variadas esferas,
de modo que a responsabilidade social corporativa é um assunto considera-
velmente debatido no meio acadêmico e empresarial, pois ainda suscita mui-
tas questões a serem esclarecidas, além de lacunas do conhecimento a serem
preenchidas, como é o caso da delimitação da dimensão da responsabilidade
social corporativa no âmbito dos negócios. Logo, este capítulo não encerra

–  158  –
Responsabilidade ambiental

ou esgota o assunto, pelo contrário, promove o incentivo ao aprofundamento


na área.

Ampliando seus conhecimentos

O tema responsabilidade social corporativa (RSC) contem-


pla diversas definições. Fica evidente que, por não possuir
um sentido único, estando sujeito a várias interpretações, ele
gera muitas discussões e divergências a respeito da sua defini-
ção. Nesse aspecto, o trecho do texto de Orellano e Quiota
(2011) tenta esclarecer algumas visões de autores da área.

O conceito de responsabilidade
socioambiental empresarial
(ORELLANO; QUIOTA, 2011, p. 472-473)

O conceito de RSE é bastante abrangente. Mesmo entre os


muitos estudiosos do tema, não existe um consenso sobre
como defini-lo de uma forma única e precisa. Apesar de se
observar um envolvimento crescente das empresas nas ques-
tões socioambientais, os modelos adotados por cada empresa
diferem consideravelmente conforme motivações e estímulos
que levam seus executivos a se engajarem nelas. Existem, no
entanto, alguns aspectos comuns entre as várias definições de
RSE. O principal deles é o que argumenta que a empresa deve
aprimorar seu modelo de gestão no sentido de atingir múltiplos
objetivos, não apenas financeiros, mas também não financeiros.
Segundo Ursini e Bruno (2005, p. 32), o Instituto Ethos
define a RSE da seguinte forma:
Responsabilidade social empresarial é a forma de gestão
que se define pela relação ética e transparente da empresa
com todos os públicos com os quais ela se relaciona e

– 159 –
Contabilidade Socioambiental

pelo estabelecimento de metas empresariais compatíveis


com o desenvolvimento sustentável da sociedade, pre-
servando recursos ambientais e culturais para as gerações
futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redu-
ção das desigualdades sociais.
Para Holme e Watts (2000, p. 8), “responsabilidade social
corporativa é um compromisso contínuo das empresas para
agir de forma ética e contribuir para o desenvolvimento eco-
nômico enquanto melhora a qualidade de vida da sua força de
trabalho e suas famílias, bem como da comunidade local e da
sociedade como um todo”. McWilliams e Siegel (2001), por
sua vez, definiram a responsabilidade social corporativa como
um conjunto de ações que resultam em benefícios sociais
futuros, sendo que tais ações não devem se limitar apenas a
atender os requisitos legais.
O principal desafio para a adoção de um modelo de ges-
tão inspirado nesses conceitos e valores diz respeito à forma
como as decisões estratégicas podem ser tomadas, de modo
a conciliar as expectativas dos stakeholders por uma gestão
mais responsável e as expectativas dos shareholders (acionis-
tas) pela maximização do retorno financeiro. Os mais céticos
argumentam que, na tentativa de atender às pressões dos
s­ takeholders, os executivos passam a dedicar excessivo tempo
e dinheiro visando a atingir os objetivos não financeiros, indo
na direção oposta aos objetivos financeiros.
Nesse debate, o que se pergunta é se a responsabilidade
socioambiental das empresas é sustentável no longo prazo.
Por um lado, a estratégia de se posicionar como um líder na
questão socioambiental pode trazer vantagens competitivas
às empresas, na medida em que o seu público de interesse,
sejam os consumidores ou os investidores, torne-se mais exi-
gente e criterioso na escolha dos produtos e no destino do
seu investimento. Por outro lado, não se pode ignorar um

–  160  –
Responsabilidade ambiental

possível aumento expressivo de custos decorrentes de investi-


mentos socioambientais.
[...]

Atividades
1. Na estruturação histórica da RSC, Archie Carrol apresenta-se como
um autor seminal na área. Qual modelo de RSC Carrol criou? Expli-
que as quatro premissas estabelecidas em sua pirâmide.

2. O que é a ISO 26000? Quais os seus princípios mais importantes?

3. De acordo com Benedicto, Rodrigues e Penido (2008), a estruturação


da responsabilidade socioambiental deve passar por três importantes
estágios. Quais são eles?

4. Quais são os três pilares da sustentabilidade? Quais os resultados da


integração entre eles?

–  161  –
9
Aspectos econômicos
e sociais sobre
exploração ambiental

Introdução
Este capítulo proporciona a compreensão acerca dos
aspectos econômicos e sociais da exploração dos recursos naturais,
apresentando os instrumentos econômicos e financeiros para con-
servação ambiental no Brasil. Além disso, revela a correlação entre
a economia e a dimensão dos direitos fundamentais e a vinculação
jurídica do meio ambiente aos sistemas econômicos.
Contabilidade Socioambiental

9.1 Instrumentos econômicos e financeiros


para conservação ambiental no Brasil
Os instrumentos econômicos, na concepção de May et al. (2005,
p. 11), consistem em instrumentos cujo objetivo é “incentivar e atrair os
atores econômicos, que não necessariamente são fundamentados em políticas
públicas ambientais, mas que têm claros impactos sobre a qualidade ambien-
tal”. Quanto aos instrumentos econômicos voltados a questões ambientais,
eles são iniciativas de proteção ao sistema ecológico e operam nos custos de
produção e consumo dos agentes econômicos, compreendendo pagamentos,
compensação ou concessão de benefícios fiscais a estes. Em outras palavras,
os instrumentos econômicos incentivam a conservação e a restauração dos
ecossistemas na atividade produtiva (produtos e serviços), por meio de com-
pensações, por exemplo, em valores monetários.
As políticas estatais utilizam instrumentos econômicos e financeiros
muitas vezes com o intuito de corrigir falhas mercadológicas. Nesse sentido,
o Estado, por meio de ações governamentais, intervém na economia com a
intenção de modificar uma situação específica. Por exemplo: quando o feijão,
elemento da cesta básica, está com preço elevado e o trabalhador encontra
dificuldades financeiras para a compra desse item, o Estado realiza ações de
intervenção para reduzir o preço de mercado, como a diminuição de impos-
tos de importação.
Assim, as políticas públicas têm como finalidade regular o mercado nos
momentos em que os agentes econômicos não conseguem atuar sozinhos.
Essas políticas são aplicadas principalmente em áreas nas quais, sem a media-
ção do Estado, não se obtém um equilíbrio, como é o caso da pobreza do país
ou, ainda, a proteção do meio ambiente.
Existem outros mecanismos que favorecem os que atuam no mercado
com a perspectiva de preservação ambiental, entre eles destaca-se a implanta-
ção do ICMS Ecológico1 e a isenção do Imposto de Renda para as empresas
que se utilizam de tecnologias de aproveitamento sustentável. Perceba que
a importância desses incentivos econômicos recai na ideia de estímulo às
empresas para que atuem pautadas na sustentabilidade, o que em médio e
longo prazos pode gerar emprego, renda e receitas para a instituição.
1 Veja mais sobre esse assunto no Capítulo 10 desta obra.

–  164  –
Aspectos econômicos e sociais sobre exploração ambiental

Para atingir esses resultados, os instrumentos econômicos devem atuar


em quatro frentes complementares, conforme May et al. (2005):
1. imposição de ônus às práticas predatórias do meio ambiente;
2. concessão de vantagens a empresas que estimulem a sustentabili-
dade em suas práticas;
3. compensação tributária dos municípios que são afetados por polí-
ticas de preservação ambiental;
4. apoio a iniciativas de desenvolvimento de tecnologias sustentáveis.
Dito isso, é importante destacar os instrumentos econômicos no âmbito
da legislação ambiental. Nesse sentido, verifica-se que a Lei n. 6.938/81
(BRASIL, 1981) teve uma ampliação no seu artigo 9º, inciso XIII, incluído
pela Lei n. 11.284/2006 (BRASIL, 2006b), assegurando como instrumento
da Política Nacional do Meio Ambiente “instrumentos econômicos, como
concessão florestal, servidão ambiental, seguro ambiental e outros”.
No caso da servidão ambiental, ela se caracteriza quando um proprie-
tário rural renuncia ao seu direito de uso e exploração dos recursos naturais
presentes em sua propriedade. Já a concessão florestal está elencada no artigo
3º da Lei n. 11.284/2006, que traz:
Art. 3º Para os fins do disposto nesta Lei, consideram-se: [...] VII –
concessão florestal: delegação onerosa, feita pelo poder concedente,
do direito de praticar manejo florestal sustentável para exploração
de produtos e serviços numa unidade de manejo, mediante licita-
ção, à pessoa jurídica, em consórcio ou não, que atenda às exigên-
cias do respectivo edital de licitação e demonstre capacidade para
seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado.
(BRASIL, 2006b)

Esse instituto legal tem como objetivo a preservação e o uso sustentável


das florestas públicas, visto a ineficiência do Estado em mantê-las resguardadas.
O seguro ambiental, outro dispositivo importante para a preservação do
meio ambiente, responsabiliza o poluidor. Esse mecanismo pauta-se no prin-
cípio da preservação e tem como finalidade assegurar que a pessoa que cause
danos, física ou jurídica, seja responsabilizada pela poluição gerada.

–  165  –
Contabilidade Socioambiental

Esses instrumentos, em uma sociedade capitalista, muitas vezes são


medidas paliativas, pois nem sempre a atuação estatal na economia protege o
meio ambiente como deveria. Todavia, na visão de May et al. (2005), o papel
esperado dos instrumentos econômicos é que eles modifiquem os padrões
de consumo, reeducando os consumidores para que não adquiram produtos
nocivos ao meio natural.
O Estado, por meio dos instrumentos econômicos, tende a conduzir as
ações institucionais das empresas, todavia, muitas vezes, para que essa finalidade
seja atingida, diferentes nações devem compartilhar tecnologias limpas entre si.

9.2 Correlação entre os sistemas econômicos


e as dimensões de direitos fundamentais
No período da Revolução Industrial, na concepção de Zulauf (2000),
o meio ambiente era considerado, erroneamente, um recurso natural ines-
gotável, o que desencadeou o início dos problemas ambientais, conforme
observamos em capítulos anteriores.
Atualmente, as consequências do sistema capitalista de produção, incluindo
a degradação ambiental, são experimentadas pela humanidade, que está sofrendo
os efeitos desses impactos ao meio ambiente, como se constata nos casos das
enchentes, do efeito estufa, da falta de água e de outras inúmeras calamidades.
Por esse motivo, é necessário que o meio ambiente seja protegido e preservado.
Nesse contexto de crise ecológica, muitas discussões ambientais, do
Estado e da sociedade em geral, têm como resultado normativas e leis nacio-
nais e internacionais. Pode-se observar, na prática, que o meio ambiente está
sendo incluído como um novo direito constitucionalmente protegido, inse-
rido no âmbito dos direitos fundamentais de terceira geração2. Ou seja, foi
atribuída aos Estados, bem como às populações como um todo, a responsabi-
lidade de manter o meio natural sadio e equilibrado.

2 Em relação à definição conceitual dos direitos de terceira geração, Azevedo (2005, p. 47)
afirma que “a terceira geração pode ser entendida como os Direitos de Solidariedade, onde
figuram os direitos à paz, ao desenvolvimento, à autodeterminação dos povos e ao meio am-
biente ecologicamente equilibrado”.

–  166  –
Aspectos econômicos e sociais sobre exploração ambiental

Sobre essas normatizações, ressalta-se que são diferentes as maneiras com


que os Estados soberanos instituem as normas jurídicas para tutelar os recur-
sos naturais em seus territórios. Porém, o denominador comum entre esses
países se refere à ideia de que o dever de manter o meio ambiente sadio e
equilibrado significa sobrevivência. Logo, ele, como bem comum da popu-
lação, torna-se um dos direitos fundamentais aos indivíduos, assim como a
liberdade, a dignidade da pessoa, a solidariedade, a fraternidade.
A partir dos anos de 1970, várias nações criaram um Estado Ambiental
de Direito, ou seja, despertou-se na sociedade o sentido do meio ambiente
como bem vital para a humanidade. De acordo com Varella (2004, p. 22),
mesmo já existindo normas para proteção da natureza, o direito inter-
nacional do meio ambiente viu verdadeiramente a luz do dia no final
dos anos 60 e início dos anos 70, e foi apenas a partir dos anos 80
que ele tomou uma dimensão realmente mundial, com instrumentos
aceitos pela maior parte da comunidade internacional.

No que se refere ao Brasil, em 1981 é instituída a Política Nacional do


Meio Ambiente (Lei n. 6.938) e, em 1988, a Constituição traz em seu texto
a implementação de um Estado Ambiental de Direito. Os direitos humanos
foram postulados na Carta Magna, tornando-os direitos fundamentais. Logo,
são diferentes no que se refere à sua eficácia, visto que os direitos funda-
mentais são aqueles positivados em determinado sistema jurídico, ou seja,
que estão em melhor condição de serem efetivados e geram efeitos concretos.
Já os direitos humanos, reconhecidos internacionalmente, dependem de sua
recepção na ordem jurídica interna e, consequentemente, não produzem efei-
tos na mesma proporção que os direitos fundamentais.
Portanto, os direitos fundamentais têm como premissa proteger pessoas
físicas e jurídicas e sua atuação ocorre dentro do território do Estado, que consti-
tui as normativas positivadas, porém eles intentam limitar a atuação deste diante
da liberdade individual. Dito isso, é importante destacar que esses direitos estão
divididos em gerações – ou dimensões. Conforme Sarlet (2009, p. 37), “a pri-
meira geração ou dimensão dos direitos fundamentais é justamente aquela que
marcou o reconhecimento de seu status constitucional material e formal”.
Advinda do pensamento burguês-liberal, a primeira geração dos direi-
tos fundamentais se consolida como um direito de defesa do cidadão diante
do Estado, portanto, eles são de característica “negativa”, ou seja, o Estado

–  167  –
Contabilidade Socioambiental

se frente a tais direitos. O caráter dessa geração é individualista, visto que se


refere ao indivíduo como “pessoa humana”.
Há um rol vasto de direitos de primeira dimensão, por exemplo o direito
à vida, à liberdade, à propriedade, à igualdade diante da lei. Ressalta-se que
o direito à liberdade contempla as liberdades de expressão e de participação
política, já o que se refere à igualdade engloba a igualdade formal, ou seja,
quanto à lei e a algumas garantias processuais. Pelo exposto, pode-se dizer que
os direitos fundamentais são direitos civis e políticos.
Entretanto, a segunda geração se consolida em um contexto marcado
pela desigualdade gerada pela industrialização e pelo sacrifício imposto a uma
parcela da sociedade: os trabalhadores. Diante dessa situação, os direitos fun-
damentais de primeira geração não traziam uma garantia efetiva. Segundo
Fachin (2006, p. 52): “A reação aos limites dos direitos de cunho individua-
lista e a necessidade de sua complementação marcam a transição de Estado
Liberal para o Estado Social que consagrará a passagem da dita primeira à
segunda geração de direitos”.
Por sua vez, no que se refere aos direitos fundamentais da terceira gera-
ção, pode-se dizer que são direitos que estabelecem o homem como um indiví-
duo participante de uma sociedade. Essa geração de direitos traz a fraternidade
e a solidariedade como ideias centrais. É nesse rol de direitos que se encontra
aquele relativo ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, visto que é um
direito de todos viver em um ambiente não poluído e saudável.
No Brasil, o direito ao meio ambiente só foi considerado um direito fun-
damental com a Constituição de 1988, que estabeleceu um capítulo inteiro
para tutelar esse bem. A ideia do legislador constitucional foi ampliar a pro-
teção desse bem, para que seja mais efetiva e ampla.

9.3 O meio ambiente e sua vinculação


jurídica aos sistemas econômicos
A Constituição brasileira de 1988 prevê, no seu artigo 5º, inciso XXIII,
que a propriedade deve atender à sua função social (BRASIL, 1988a). Nesse
sentido verifica-se que, no que tange ao meio ambiente, a utilização da

–  168  –
Aspectos econômicos e sociais sobre exploração ambiental

propriedade deve também estar em consonância com o princípio do meio


ambiente ecologicamente equilibrado.
Vale lembrar que o princípio do meio ambiente sadio está elencado no
artigo 225 da Constituição vigente, que traz: “Todos têm direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essen-
cial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletivi-
dade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”
(BRASIL, 1988a).
Em suma, o princípio da propriedade privada (artigo 5º, inciso XXII)
e o princípio do meio ambiente (artigo 225) devem ser analisados em con-
junto, uma vez que é previsto que a propriedade privada seja utilizada sem
prejuízos ao ambiente natural. Logo, a propriedade e o meio ambiente, con-
forme determina a Constituição, são interdependentes.
O Estado, nesse contexto, deve defender e socorrer a flora e a fauna por
meio de medidas que blindem atos nocivos ao meio ambiente. Todavia, essas
medidas que coíbem os danos ambientais não eximem o Poder Público da
obrigação de compensar (indenizar) os proprietários de imóveis que são afe-
tados economicamente por alguma ação da Administração Pública.
Outro ponto importante a ser destacado é que a proteção legal estabe-
lece que o proprietário do imóvel pode adequar a vegetação que reveste seu
imóvel, nos limites estabelecidos pelo Código Florestal – Lei n. 12.651/2012
(BRASIL, 2012) –, ou seja, quem tem o direito à propriedade pode utilizar a
terra com intuito econômico, como é o caso do agricultor, que planta horta-
liças para vender. Nesse caso, a pessoa que está em posse da propriedade tem
o direito de utilizar a superfície de sua propriedade rural, porém observando
o artigo 12 do Código Florestal, que estabelece a manutenção de pelo menos
20% da vegetação nativa a título de Reserva Legal, nos casos em que a pro-
priedade estiver situada em área de campos gerais.
Quando o proprietário de um terreno constituído de matas ou reves-
tido de florestas tiver seus imóveis empossados pelo Poder Público ou, ainda,
sofrer restrições por meio de atos estatais, por garantia constitucional ele deve
ser indenizado. Nesse sentido, o Recurso Extraordinário RE 134.297, de
1995, dispôs que:

–  169  –
Contabilidade Socioambiental

A circunstância de o Estado dispor de competência para criar reservas


florestais não lhe confere, só por si – considerando-se os princípios
que tutelam, em nosso sistema normativo, o direito de propriedade
–, a prerrogativa de subtrair-se ao pagamento de indenização com-
pensatória ao particular, quando a atividade pública, decorrente do
exercício de atribuições em tema de direito florestal, impedir ou afe-
tar a válida exploração econômica do imóvel por seu proprietário.
(BRASIL, 1995)

Esse texto deve ser interpretado de forma equilibrada com o ordena-


mento jurídico trazido pelo artigo 5º, XXII, da Constituição Federal, que traz
a ideia de propriedade privada e, consequentemente, o bem imobiliário par-
ticular só pode ser convertido em bem público quando houver compensação
por parte do Estado (BRASIL, 1988).
A indenização deve ocorrer por parte do Estado, inclusive nos casos de
proteção da Floresta Amazônica brasileira, da Mata Atlântica, da Serra do
Mar, do Pantanal Mato-Grossense e da Zona Costeira, visto que o cidadão de
boa-fé não pode ser prejudicado no seu âmbito econômico, mesmo que seja
em prol de toda a sociedade, pois não cabe ao particular o ônus pela preser-
vação do meio ambiente.
Desse modo, destaca-se que existe uma ligação íntima entre o direito à
propriedade privada e o direito à proteção do ambiente. Nesse contexto, os
artigos 18 a 24 do Código Florestal de 2012 referem-se à exploração econô-
mica da Reserva Legal, que pode ser por:
22 manejo sustentável sem propósito comercial para consumo na pro-
priedade; e
22 manejo sustentável com propósito comercial.
Nesse contexto, verifica-se um processo de gestão ambiental que tem
como finalidade a exploração do meio ambiente. Todavia, conforme dis-
positivo legal, essa exploração deve ser sustentável. Observa-se essa ideia de
manejo sustentável na leitura do artigo 3º, VII, do mesmo Código:
Para os efeitos desta Lei, entende-se por: [...] VII – manejo susten-
tável: administração da vegetação natural para a obtenção de benefí-
cios econômicos, sociais e ambientais, respeitando-se os mecanismos
de sustentação do ecossistema objeto do manejo e considerando-se,

–  170  –
Aspectos econômicos e sociais sobre exploração ambiental

cumulativa ou alternativamente, a utilização de múltiplas espécies


madeireiras ou não, de múltiplos produtos e subprodutos da flora,
bem como a utilização de outros bens e serviços; [...]. (BRASIL, 2012)

Como a exploração econômica na Reserva Legal pode ocasionar lesão


ao meio ambiente equilibrado, logo pode-se entender que o plano de manejo
deve ser aprovado pelo órgão competente e, por isso, dependendo do caso, é
preciso ser realizado o Estudo de Impacto Ambiental (EIA/RIMA).
Conforme o artigo 17, § 2º, da Lei n. 12.651/2012, mesmo que o
manejo seja rústico, em uma propriedade pequena ou rural, ele deve ser auto-
rizado por órgão competente. Nos casos em que o manejo em Reserva Legal
não tenha intuito econômico, pois o manejo sustentável é utilizado para con-
sumo interno da propriedade, não há necessidade de autorização por parte da
Administração Pública, visto o artigo 23 da mesma legislação, que diz:
O manejo sustentável para exploração florestal eventual sem propó-
sito comercial, para consumo no próprio imóvel, independe de auto-
rização dos órgãos competentes, devendo apenas ser declarados pre-
viamente ao órgão ambiental a motivação da exploração e o volume
explorado, limitada a exploração anual a 20 (vinte) metros cúbicos
(BRASIL, 2012).

Outro ponto importante refere-se à exploração florestal. Conforme


Rodrigues (2016), a Lei n. 12.651/2012 não é protetiva, visto que fixa regras
de exploração das florestas nativas e formações sucessoras, sejam essas pro-
priedades públicas ou privadas. Todavia, o controle da origem dos produtos
florestais é assunto preocupante para o Poder Público.
Quando foi promulgado o Decreto n. 5.975/2006 (BRASIL, 2006a), ele
trouxe ao ordenamento jurídico uma abordagem mais sistemática e segura no
que se refere à exploração das florestas e ao controle da origem dos produtos
florestais. No Código Florestal de 2012, observa-se o mesmo entendimento,
sendo que, no seu Capítulo VIII, dispõe-se sobre os produtos que devem ser
submetidos ao controle ambiental, bem como as formas de fiscalizá-los.
Constata-se, portanto, que os dispositivos legais trazem a ideia de explo-
ração ambiental, observando o direito à propriedade privada, porém com
limites, visando a um meio ambiente ecologicamente equilibrado.

–  171  –
Contabilidade Socioambiental

Conclusão
A aplicação de instrumentos econômicos e sociais como mecanismos de
mitigação da degradação ambiental é considerada uma das grandes estraté-
gias sustentáveis nos últimos anos com relação ao tema. Nessa perspectiva, as
políticas ambientais têm papel essencial de articulação das dimensões socioe-
conômicas, tendo por objetivo o desenvolvimento sustentável.
Sob a vertente econômica, tais mecanismos voltam-se especificamente
à aplicação de tributos, como taxas, impostos e demais encargos relativos às
atividades consideradas potencialmente poluidoras. Além disso, programas de
incentivo que promovem benefícios socioeconômicos e/ou ambientais voltados
à preservação dos recursos naturais também acarretam resultados positivos.
Já em se tratando do aspecto social, medidas de compensação por servi-
ços ambientais podem também resultar em melhores condições de vida para
a população cercada de patrimônios naturais.
Assim, novos mecanismos devem corresponder à ascensão dos mercados,
direcionando compensações ambientais à comunidade local ou global, além
de instrumentos econômicos efetivos que estimulem e orientem os principais
agentes envolvidos. Obviamente, os desafios futuros não podem ser descon-
siderados e critérios socioambientais devem ser exigidos como uma forma de
alinhamento entre pressões sociais, aumento populacional, atividades comer-
ciais empresariais e o compromisso com a sustentabilidade.

Ampliando seus conhecimentos

A compreensão da integração entre os aspectos relativos aos


interesses econômicos e o ambiente torna-se fundamental na
formação do profissional contábil. Assim, complementando
o presente capítulo, apresentamos, a seguir, um trecho do
estudo de Menuzzi et al. (2015) sobre a interação entre
economia e meio ambiente, possibilitando maior reflexão a
respeito do tema.

–  172  –
Aspectos econômicos e sociais sobre exploração ambiental

A economia ecológica e a busca por uma


nova economia
(MENUZZI et al., 2015, p. 14-15)
[...]
A economia ecológica é uma abordagem preventiva contra os
problemas ambientais, buscando a conservação dos recursos
naturais através de uma ótica que considere as necessidades
potenciais das gerações futuras.
A relação entre economia e ecologia ainda está para ser total-
mente construída, sendo que alguns pontos são evidentes,
conforme ressalta Tiezzi (1988): a) a ecologia indica à econo-
mia que existem custos econômicos distantes no espaço – em
escala planetária – e no tempo – gerações futuras; b) a ecolo-
gia evidencia a não redutibilidade de muitos custos ambientais
e humanos a unidades econômicas; c) se a produção obe-
decer apenas as leis econômicas clássicas, o que se produzir
não será necessariamente favorável ao homem. Não ocorrem
milagres na natureza e que a economia deve necessariamente
submeter-se às leis da natureza.
Se as teorias econômicas não levaram em conta esses vínculos
tão fundamentais, isso se dá simplesmente porque os níveis
de crescimento (da população, da exploração dos recursos
energéticos e da terra cultivável, do consumo dos recursos
naturais em geral) estavam até a poucos anos abaixo dos níveis
de alarme. No entanto, a economia não pode deixar de lado
as leis da entropia e da biologia. Tiezzi reforça:
Não se deve renunciar ao desenvolvimento e ao bem-
-estar, mas deve-se ter a coragem de reestruturar com-
pletamente a produção: descentralização produtiva,
tecnologias soft e apropriadas, agricultura e artesanato. A
sociedade de amanhã necessita de gente que produza
maior quantidade de alimentos e não mais automóveis
(trata-se de chegar a uma produção de automóveis que

–  173  –
Contabilidade Socioambiental

mantenha constante o número destes e de favorecer os


transportes públicos). (TIEZZI, 1988, p. 173)
Cavalcanti (2004, p. 1) acrescenta: “trata-se de promover a
economia (e o bem-estar dos humanos) sem causar estresses
que o sistema ecológico não possa absorver”. O processo eco-
nômico, operando dentro de um subsistema aberto, envolvido
pelo ecossistema global, deve respeitar limites, seja fornecendo
recursos ou absorvendo dejetos. Para Norgaard (1997), sendo
consciente de como a lógica econômica tem sido distorcida
pelas crenças modernas, pode-se pelo menos começar nova-
mente e construir, a partir da importância crescente da convic-
ção da sustentabilidade ecológica, justiça ambiental, estrutura
econômica e cultura global, que são cruciais para o bem-estar
da nossa progênie. O mesmo autor enfatiza que a economia
ecológica tem a oportunidade de usar a teoria econômica em
sua plenitude e de forma correta para abordar as questões
ambientais. O aspecto mais excitante dessa oportunidade é
que esta também requer uma reconfiguração da forma como a
economia trabalha com o discurso moral e a ética. [...]

Atividades
1. Existem alguns mecanismos que favorecem os agentes envolvidos no
mercado, com a perspectiva de preservação ambiental. Cite alguns
desses mecanismos.

2. No intuito de que os resultados sejam os almejados, de acordo com


May et al. (2005), os instrumentos econômicos devem atuar em qua-
tro frentes complementares. Quais são elas?

3. Explique a responsabilidade do Estado quanto à sua relação com o


meio ambiente.

–  174  –
Aspectos econômicos e sociais sobre exploração ambiental

4. Muitas discussões no âmbito do Estado e da sociedade em geral têm


como pauta a manutenção do meio ambiente equilibrado, bem como a
busca de formas de preservá-lo. Quais são os resultados dessas discussões?

–  175  –
10
Aspectos tributários
ambientais

Este capítulo discorre sobre a contabilidade ambiental


no âmbito nacional, proporcionando uma perspectiva histórica da
evolução dessa temática no Brasil e as normativas correspondentes.
Além disso, apresenta o conteúdo da tributação ambiental desen-
volvida no país em conformidade com as legislações nacionais per-
tinentes, bem como o reflexo desses tributos para as empresas cujas
atividades são precedidas da exploração de recursos naturais.
Contabilidade Socioambiental

10.1 A relevância da contabilidade


ambiental no Brasil
Como já abordamos anteriormente ao longo desta obra, é evidente a
necessária conciliação dos aspectos econômicos e ecológicos, dado que ambos
constituem um sistema de interação, não sendo excludentes – ou seja, não é
possível separar o meio ambiente saudável e o desenvolvimento econômico,
posto que são complementares (RIBEIRO, 2006). Em decorrência desse fato,
a contabilidade ambiental assume a função de alinhar a conduta patrimonial
das empresas diante da responsabilidade com o meio ambiente.
Segundo Antonovz (2014), a contabilidade ambiental no Brasil surge
em 1970, como uma consequência da exigência da sociedade em relação às
questões ambientais e aos impactos negativos gerados no meio ambiente pelas
atividades empresariais.
No ano de 1977, a Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas
(ADCE) organiza um encontro nacional, proporcionando discussões perti-
nentes sobre Balanço Social. Em 1980, a mesma associação organizou outro
evento, o Seminário Internacional de Balanço Social, com a participação de
palestrantes internacionais da área, o que resultou nas primeiras iniciativas
relativas à publicação desse tipo de balanço. A seguir, no Quadro 1, mostra-
mos alguns dados significativos a respeito do desenvolvimento do Balanço
Social no Brasil, de acordo com Ribeiro (2006).
Quadro 1 – Evolução do Balanço Social no Brasil.

Ano Ocorrências
1984 Primeira publicação de Balanço Social no Brasil – pela empresa Nitrofértil.
1986 Lançamento do Balanço Social no mercado de capitais, patrocinado
pelo Comitê de Divulgação do Mercado de Capitais (Codimec).
1991 Primeira publicação da Demonstração do Valor Adicionado – pela empresa Telebras.
1993 A extinta Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC) e o
Banespa publicam sua Demonstração do Valor Adicionado do setor bancário.

–  178  –
Aspectos tributários ambientais

Ano Ocorrências
1996 Uma iniciativa do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas
(Ibase) busca evidenciar o Balanço Social e propõe um modelo, o qual
foi gradativamente adotado pelas empresas. Com o tempo, tal modelo
foi aprimorado a fim de melhorar a demonstração das ações sociais.
O Instituto Brasileiro de Contadores (Ibracon, atual Instituto dos Auditores
Independentes do Brasil) aprova a Norma de Auditoria Ambiental NPA
n. 11, a qual determina a correlação entre a contabilidade e o meio ambiente
e a participação dos esforços para defesa e proteção contra poluição e
agressões à vida humana e à natureza. O estabelecimento desse documento
pode ser considerado como um marco da contabilidade ambiental no Brasil,
visto que recomendava que as demonstrações contábeis e os relatórios da
administração refletissem o posicionamento ecológico organizacional, mediante
o cumprimento rigoroso das metas ambientais, além das econômicas.
1997 O Projeto de Lei n. 3.116 e as discussões da Comissão de Valores
Mobiliários (CVM) apresentam proposições de obrigatoriedade de
publicação do Balanço Social. Contudo, o projeto foi arquivado e a discussão
não chegou a um consenso, visto que o tema era muito polêmico.
Fonte: Elaborado pelas autoras com base em RIBEIRO, 2006.
Fica evidente que a implementação da obrigatoriedade da publicação do
Balanço Social não é uma ideia recente. Propostas de instituir projetos e leis já
são discutidas há mais de duas décadas e ainda continuam, nos dias de hoje,
como um assunto em aberto.
Embora não haja obrigatoriedade, atualmente a esfera empresarial, em
especial as organizações de capital aberto, têm divulgado o Balanço Social
juntamente com suas demonstrações contábeis com o intuito de eviden-
ciar seu posicionamento e suas ações relativos aos aspectos socioambientais
(RIBEIRO, 2006).
No ano de 2004, foi aprovada a Norma Brasileira de Contabilidade
Técnica n. 15 (NBC T15) pelo Conselho Federal de Contabilidade, que esta-
beleceu parâmetros para a divulgação das informações de natureza social e
ambiental (a geração e a distribuição de riqueza, os recursos humanos, a inte-
ração da entidade com o ambiente externo e com o meio ambiente) de forma
complementar às demonstrações contábeis (CFC, 2004).

–  179  –
Contabilidade Socioambiental

Destacam-se na NBC T15 as seguintes informações:

15.2.1 – Geração e distribuição de riqueza


15.2.1.1 – A riqueza gerada e distribuída pela entidade
deve ser apresentada conforme a Demonstração do Valor
Adicionado, definida na NBC T3.
15.2.2 – Recursos humanos
15.2.2.1 – Devem constar dados referentes a remunera-
ção, benefícios concedidos, composição do corpo funcio-
nal e contingências e passivos trabalhistas da entidade.
15.2.2.2 – Quanto à remuneração e os benefícios con-
cedidos aos empregados, administradores, terceirizados e
autônomos, devem constar:
a) remuneração bruta segregada por empregados, admi-
nistradores, terceirizados e autônomos;
b) relação entre a maior e a menor remuneração da enti-
dade, considerando os empregados e os administradores;
c) gastos com encargos sociais;
d) gastos com alimentação;
e) gastos com transporte;
f ) gastos com previdência privada;
g) gastos com saúde;
h) gastos com segurança e medicina do trabalho;
i) gastos com educação (excluídos os de educação
ambiental);
j) gastos com cultura;
k) gastos com capacitação e desenvolvimento profissional;
l) gastos com creches ou auxílio-creche;

–  180  –
Aspectos tributários ambientais

m) participações nos lucros ou resultados.


15.2.2.3 – Essas informações devem ser expressas mone-
tariamente pelo valor total do gasto com cada item e a
quantidade de empregados, autônomos, terceirizados e
administradores beneficiados.
15.2.2.4 – Nas informações relativas à composição dos
recursos humanos, devem ser evidenciados:
a) total de empregados no final do exercício;
b) total de admissões;
c) total de demissões;
d) total de estagiários no final do exercício;
e) total de empregados portadores de necessidades espe-
ciais no final do exercício;
f ) total de prestadores de serviços terceirizados no final
do exercício;
g) total de empregados por sexo;
h) total de empregados por faixa etária nos seguintes
intervalos: menores de 18 anos; de 18 a 35 anos; de
36 a 60 anos; e acima de 60 anos.
i) total de empregados por nível de escolaridade, segre-
gados por: analfabetos; com Ensino Fundamental;
com Ensino Médio; com Ensino Técnico; com
Ensino Superior; e Pós-Graduados.
j) percentual de ocupantes de cargos de chefia, por sexo.
15.2.2.5 – Nas informações relativas às ações trabalhistas
movidas pelos empregados contra a entidade, devem ser
evidenciados:
a) número de processos trabalhistas movidos contra a
entidade;

–  181  –
Contabilidade Socioambiental

b) número de processos trabalhistas julgados procedentes;


c) número de processos trabalhistas julgados improcedentes;
d) valor total de indenizações e multas pagas por deter-
minação da justiça.
15.2.2.6 – Para o fim dessa informação, os processos pro-
vidos parcialmente ou encerrados por acordo devem ser
considerados procedentes.
15.2.3 – Interação da entidade com o ambiente externo
15.2.3.1 – Nas informações relativas à interação da enti-
dade com o ambiente externo, devem constar dados sobre
o relacionamento com a comunidade na qual a entidade
está inserida, com os clientes e com os fornecedores, inclu-
sive incentivos decorrentes dessa interação.
15.2.3.2 – Nas informações relativas à interação com a
comunidade, devem ser evidenciados os totais dos inves-
timentos em:
a) educação, exceto a de caráter ambiental;
b) cultura;
c) saúde e saneamento;
d) esporte e lazer, não considerados os patrocínios com
finalidade publicitária;
e) alimentação.
15.2.3.3 – Nas informações relativas à interação com os
clientes, devem ser evidenciados:
a) número de reclamações recebidas diretamente na
entidade;
b) número de reclamações recebidas por meio dos
órgãos de proteção e defesa do consumidor;
c) número de reclamações recebidas por meio da justiça;

–  182  –
Aspectos tributários ambientais

d) número das reclamações atendidas em cada instância


arrolada;
e) montante de multas e indenizações a clientes, deter-
minadas por órgãos de proteção e defesa do consumi-
dor ou pela justiça;
f ) ações empreendidas pela entidade para sanar ou
minimizar as causas das reclamações.
15.2.3.4 – Nas informações relativas aos fornecedores, a
entidade deve informar se utiliza critérios de responsabili-
dade social para a seleção de seus fornecedores.
15.2.4 – Interação com o meio ambiente
15.2.4.1 – Nas informações relativas à interação da enti-
dade com o meio ambiente, devem ser evidenciados:
a) investimentos e gastos com manutenção nos proces-
sos operacionais para a melhoria do meio ambiente;
b) investimentos e gastos com a preservação e/ou recu-
peração de ambientes degradados;
c) investimentos e gastos com a educação ambiental
para empregados, terceirizados, autônomos e admi-
nistradores da entidade;
d) investimentos e gastos com educação ambiental para
a comunidade;
e) investimentos e gastos com outros projetos ambientais;
f ) quantidade de processos ambientais, administrativos
e judiciais movidos contra a entidade;
g) valor das multas e das indenizações relativas à maté-
ria ambiental, determinadas administrativa e/ou
judicialmente;
h) passivos e contingências ambientais.

Fonte: CFC, 2004.

–  183  –
Contabilidade Socioambiental

Em 2009, o Comitê de Pronunciamentos Contábeis aprovou o


Pronunciamento Técnico CPC 25, que trata especificamente de provisões,
ativos contingentes e passivos contingentes (CPC, 2009). Nesse mesmo ano,
também foi aprovada a Resolução CFC n. 1180, a qual aprova a NBC T19.7
e aponta a importância de os procedimentos contábeis brasileiros de divulga-
ção convergirem com as normas contábeis internacionais (CFC, 2009).
Finalmente, no ano de 2016, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM)
torna pública a NBC TE XXX – Interação da Entidade com o Meio Ambiente
–, cujo objetivo consiste na definição dos conceitos e critérios para a contabili-
zação de eventos e transações que reflitam as interações da entidade com o meio
ambiente, conforme apresentamos em capítulos anteriores (CFC, 2012).
Com base nessa perspectiva histórica do contexto brasileiro, podemos,
portanto, constatar que a contabilidade ambiental está em constante evolu-
ção, na busca da padronização e do atendimento das exigências previstas nas
normas nacionais de contabilidade.
Além dessas normas contábeis instauradas, é importante destacar que o
Estado instituiu órgãos de proteção e fiscalização ao meio ambiente, estabe-
lecendo diretrizes para divulgação das informações ambientais, com destaque
para o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), criado pela Lei n.
6.938/81 (BRASIL, 1981).
Outro importante órgão é o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais (Ibama), o qual foi criado pela Lei n. 7.735/1989 (BRASIL,
1989), constituído como uma autarquia de regime federal cujo objetivo princi-
pal é a fiscalização da flora e da fauna de âmbito federal. Não obstante, em cada
estado brasileiro existe o órgão ambiental de competência estadual. Como exem-
plo, podemos citar o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e a Fundação do Meio
Ambiente (FATMA), de Santa Catarina.

10.2 O tributo ambiental


Os tributos tiveram sua origem na Antiguidade e servem para regular e
possibilitar a vida em sociedade. Porém, no caso da tributação ambiental, ela
surge somente vários séculos depois, com as legislações ambientais, conforme
abordamos em capítulos anteriores.

–  184  –
Aspectos tributários ambientais

Para entendimento do contexto da tributação ambiental, inicialmente


evidenciamos um trecho da obra de Oliveira et al. (2012, p. 1) acerca da carga
tributária no Brasil:
Além da pesada carga que reduz a competitividade dos nossos produ-
tos no exterior, a sistemática tributária nacional implica em altos cus-
tos para o controle e gestão, por parte dos empresários, dos assuntos
pertinentes à apuração, pagamento e prestação de contas dos tributos
quinzenais, mensais ou anuais. Cada vez mais são representativos, na
grande maioria das empresas, os incentivos em capital humano, equi-
pamentos e recursos de informática para a gestão tributária, visando
evitar consequências danosas e pesadas multas impostas pelas autori-
dades fiscais nos diversos níveis da esfera do Poder Público.

Nesse cenário apresentado, destaca-se que, sob a perspectiva dos tributos


ambientais, existem duas formas de arrecadação tributária:
1. Fiscalidade ambiental: refere-se à arrecadação estatal pela utilização dos
recursos naturais por meio de prestação de serviço ambiental e que
tem como fato gerador o uso do bem ambiental. Logo, consiste na
cobrança pela utilização de um bem ambiental, e não pela poluição.
2. Extrafiscalidade ambiental: é composta dos tributos dos quais o
Estado se utiliza para gerir as condutas da sociedade de acordo com
seu planejamento: “[...] o Estado, no uso de suas atribuições tri-
butárias, aplica um sistema de incentivo às atividades que possam
reduzir a degradação ambiental” (MATTHES, 2011, p. 48).
A perspectiva do princípio do usuário-pagador, discutida em capítulos
anteriores, apresenta a ideia central do pagamento pelo uso dos recursos natu-
rais, visto que todos os componentes que fazem parte do meio ambiente eco-
logicamente correto pertencem à coletividade. Ao utilizar os bens ambientais
de forma incomum (sem causar nenhum tipo de dano a eles), deve-se pagar
por tal empréstimo. Ou seja, o usuário paga à sociedade, por meio de tributo
extrafiscal, pelo uso do bem ambiental de forma incomum.
O imposto ecológico tem como fato gerador a poluição, ou melhor, a
ação de contaminação do meio ambiente equilibrado. Logo, esse imposto
diz respeito à prática de taxar a atividade produtiva da empresa, de modo
que o pagamento dessa obrigação tributária terá relação com o sujeito

–  185  –
Contabilidade Socioambiental

passivo, denominado poluidor. O sujeito ativo, por sua vez, consistirá na


Administração Pública, por uma normativa constitucional.
É importante ressaltar que os tributos não são vinculados e a arrecadação
do imposto ecológico não tem outra função além de aumentar os recursos
estatais. Isso porque não há uma destinação como a criação de mecanismos
para combater, controlar, reparar e impedir as externalidades ambientais
negativas, mas sim a motivação de uma nova mentalidade nos responsáveis
pela produção e/ou pelo consumo, de modo que a consciência ambiental, por
si só, propulsione a mudança de comportamento.
Todavia, na extrafiscalidade ambiental o tributo não é meramente arreca-
dador, pois, por meio dele, o Estado direciona o comportamento da sociedade.
Os tributos relativos à extrafiscalidade têm como objetivo a transformação
social, visando a uma maior consciência ambiental e de preservação do meio
ambiente durante o processo produtivo, bem como no consumo dos bens.
Analisando a Constituição de 1988, verifica-se vários dispositivos legais
que abordam os tributos extrafiscais ambientais. Entre eles, destaca-se o artigo
153, o qual dispõe que: “Compete à União instituir impostos sobre: [...] IV –
produtos industrializados; [...] § 3º O imposto previsto no inciso IV: I – será
seletivo, em função da essencialidade do produto” (BRASIL, 1988).
Nesse artigo se destaca o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI),
que evidencia que os itens ecologicamente corretos, ou seja, que não trazem
danos ao meio ambiente, são enquadrados com a redução de impostos em
comparação com os outros produtos – é o caso da redução de IPI para eletro-
domésticos de linha branca, reconhecidos como ecologicamente corretos ou
“produtos verdes”, uma vez que consomem menos energia.
Verifica-se, nesse contexto, que o Estado busca moldar uma nova con-
cepção do processo produtivo dos fabricantes, ou seja, estimula o uso de
tecnologias que não causem danos ao meio ambiente. Logo, isso faz com que
o meio ambiente seja preservado na fabricação do bem ou serviço fabril.
Outro tributo extrafiscal que atua em favor do meio ambiente é o
Imposto de Renda (IR), pois permite que o contribuinte deduza os gastos
realizados em prol da proteção ambiental, conforme a Lei n. 5.106/66, que
dispõe sobre os incentivos fiscais concedidos aos empreendimentos florestais
(BRASIL, 1966). Há, ainda, os decretos n. 93.607/86 (BRASIL, 1986a) e

–  186  –
Aspectos tributários ambientais

n. 96.233/88 (BRASIL, 1988b), que preveem a dedução, no IR dos contri-


buintes, dos gastos gerados pelos projetos de reflorestamento.
O Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) con-
figura-se também como um imposto extrafiscal ambiental, visto que ele é
menor para os veículos que não geram poluição ao ambiente, como é o caso
da redução do IPVA de veículos automotores movidos a gás natural veicular
(GNV), considerado o combustível mais limpo do mercado e que reduz a
emissão de gases nocivos à atmosfera.
Já em relação à legislação que regula a cobrança do Imposto Territorial
Rural (ITR), a Lei 9.393/96 traz no seu artigo 10, § 1º, que:
A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte,
independentemente de prévio procedimento da administração tribu-
tária, nos prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita
Federal, sujeitando-se a homologação posterior: § 1º Para os efeitos
de apuração do ITR, considerar-se-á: a) construções, instalações e
benfeitorias; b) culturas permanentes e temporárias; c) pastagens cul-
tivadas e melhoradas. (BRASIL, 1996)

Logo, verifica-se a isenção e a redução de tributos das áreas de interesse


ambiental, visto que o legislador pretende, com isso, que o proprietário do
bem preserve o meio ambiente.

10.3 A tributação ambiental como


instrumento de defesa do meio ambiente
O Direito Ambiental é pautado na preservação do meio ambiente, por
meio da justiça social. Conforme o artigo 225 da Constituição Federal, veri-
fica-se que o meio ambiente deve ser preservado, antes de tudo, por meio
da precaução. Logo, para que ele se mantenha equilibrado, a sociedade deve
agir antes de o dano acontecer, adotando mecanismos de precaução quanto
aos impactos ambientais. Nota-se que esse dispositivo constitucional prevê
que é dever do Estado e da própria sociedade defender e preservar o meio
ambiente. Nesse contexto, o Direito Tributário tem uma importante função
quanto à fiscalidade, pois, com as verbas tributárias, a Administração Pública
pode exercer sua função social. Entretanto, a Constituição de 1988 não prevê

–  187  –
Contabilidade Socioambiental

nenhum tipo de tributo que tenha como fato gerador a degradação do meio
ambiente ou, ainda, o uso dos elementos ambientais.
Nesse sentido, a legislação estipula o tributo de forma indireta, ou seja,
por meio da concessão de incentivos fiscais, para estimular o contribuinte
a preservar o meio ambiente. Verifica-se, também, que o Estado exerce seu
Poder de Polícia para induzir os contribuintes a manter o ambiente sadio.
O tributo ambiental no Brasil tem como finalidade a intervenção na
situação financeira do cidadão e, nessa condição, estimula ou desestimula
os consumidores. Por esse motivo, muitas vezes o tributo é considerado um
elemento importante na preservação do meio ambiente ecologicamente equi-
librado. Todavia, essa tributação só pode operar em conformidade com a
Constituição em sua função extrafiscal.
É importante lembrar que a tributação extrafiscal tem por objetivo con-
duzir as pessoas jurídicas e físicas, por meio dos incentivos fiscais, a agirem
em conformidade com o artigo 3º, I, da Carta Magna, para que assim criem
“uma sociedade livre, justa e solidária”.
Outro aspecto importante é que o meio ambiente deve ser protegido
inclusive pelos agentes econômicos. Assim, as legislações tributárias tam-
bém se configuram como mecanismo de preservação. Entretanto, é impor-
tante ponderar a utilização do sistema tributário como forma de preservação
ambiental, visto que, ao se estipular uma carga tributária muito elevada, res-
tringe-se a liberdade dos indivíduos.
Desse modo, observa-se que os tributos não são apenas um instrumento
estatal de arrecadação, mas mecanismos de políticas públicas, pois interferem
no cotidiano da sociedade, estimulando ou desestimulando o consumo e,
consequentemente, a produção de bens e serviços.
Nesse contexto, de acordo com Ávila (2013), o chamado princípio da sele-
tividade é aplicado ao sistema tributário brasileiro especificamente nos tributos
indiretos, como é o caso do IPI e do Imposto sobre Circulação de Mercadorias
e Serviços (ICMS), embutidos nos valores cobrados do consumidor final pelos
produtos. Esse princípio se refere à ideia de que os produtos ditos essenciais
para a sobrevivência do indivíduo na sociedade devem ter alíquotas mais bai-
xas que os demais, para que as pessoas possam consumir os itens necessários e,
em contrapartida, diminuir o consumo de artigos supérfluos.

–  188  –
Aspectos tributários ambientais

Ainda conforme Ávila (2013), vários são os impostos utilizados com a fina-
lidade de manter os bens ambientais preservados. Entre eles, destacam-se o IPVA
– como exemplificado anteriormente – e ainda o Imposto Predial e Territorial
Urbano (IPTU), com diminuição de alíquota conforme a preservação ambien-
tal. O IPTU introduz incentivos fiscais aos municípios que colaborem em sua
propriedade imobiliária com a preservação da natureza (o IPTU Ambiental
Preservacionista) ou gera encargos fiscais àqueles que agem no sentido oposto
(o IPTU Ambiental Repressivo, ou o IPTU Ambiental Progressivo no tempo).
Todavia, é o ICMS que se sobressai na função ambiental, com a confi-
guração do ICMS Ecológico. Esse tipo de ICMS é um mecanismo tributário
voltado para o repasse de recursos financeiros (redistribuição do imposto) aos
municípios que atendem aos critérios ambientais previstos nas leis estaduais –
por exemplo: com unidades de conservação ambiental em seu território.
O estado pioneiro na implementação do ICMS Ecológico foi o Paraná, por
meio da Lei Complementar n. 59/91 (PARANÁ, 1991), tornando-se modelo
para a multiplicação do imposto nos demais estados brasileiros. No exemplo
paranaense, o sistema de funcionamento do ICMS Ecológico está baseado em
dois importantes critérios: as áreas protegidas e os mananciais de abastecimento,
sendo que o repasse de recursos ocorre da seguinte forma:
Do total do ICMS arrecadado pelo Estado do Paraná, 5% é destinado
para os municípios, proporcionalmente às unidades em função do
tamanho, importância, grau de investimento na área, manancial de
captação e outros fatores.
Estes 5% são destinados aos municípios da seguinte forma:
• 50% para municípios que tenham em seu território Mananciais
de Abastecimento, cuja água se destina ao abastecimento da
população de outro município;
• 50% para municípios que tenham integrado em seu território
Unidades de Conservação, Áreas de Terras Indígenas, Reservas
Particulares do Patrimônio Natural, Faxinais, Reservas Florestais
Legais. (IAP, 2017)

Outro mecanismo estatal, em conformidade com o Código Nacional


Tributário, é o tributo do tipo taxa, cobrado pelo Estado pelo exercício do
Poder de Polícia ou pela utilização de um serviço público prestado ao contri-
buinte. No caso específico das taxas no âmbito da preservação ambiental, é
importante destacar que elas fazem com que o contribuinte que se utiliza do

–  189  –
Contabilidade Socioambiental

bem ecológico pague por esse uso, além de serem empregadas na fiscalização
e no monitoramento das atividades mercantis que possam lesionar o meio
ambiente. Logo, por meio das taxas, o Estado repassa os custos de preservação
e recuperação do meio ambiente aos contribuintes.
A Lei n. 10.165, de 27 de dezembro de 2000, pode ser considerada um
exemplo da utilização da taxa no âmbito ambiental, visto que institui como
fato gerador o Poder de Polícia exercido quando o Ibama fiscaliza as ativida-
des que podem gerar dano ambiental ou que se utilizam de recursos do meio
ambiente (BRASIL, 2000).
Outro tipo de tributo que é utilizado como mecanismo de prevenção ou
reparação a danos ambientais é a contribuição de melhoria. Esse imposto
tem como fato gerador a valorização dos imóveis particulares. Logo, quando
o Estado faz uma obra que valoriza um imóvel, esse custo pode ser cobrado
do indivíduo dono do imóvel. Dessa forma, quando uma obra estatal tiver
como objetivo a preservação do meio ambiente e implicar no aumento do
valor do imóvel dos vizinhos, o Estado poderá, por meio de contribuição de
melhoria, cobrar o custo da obra dos que são donos dos imóveis valorizados.
Assim, por meio da cobrança da contribuição de melhoria, o Estado tem
o ressarcimento dos custos com a preservação ou a recuperação ambiental, mas
somente nos casos em que ocorrem valorização do imóvel do contribuinte.
Pode-se entender, portanto, que muitas vezes os poluidores podem deixar de
causar danos, visto que serão responsáveis pelo pagamento desses custos.
Em suma, verifica-se que os tributos podem ser um mecanismo de
defesa ambiental, a fim de que a exploração econômica seja feita de forma
sustentável. Desse modo, o Estado deve atuar não só na economia, mas
também na manutenção do direito a um meio ambiente equilibrado para
toda a sociedade.

Conclusão
A contabilidade ambiental brasileira está em constante evolução. Por
se tratar de um tema relativamente novo, em termos de normativas especí-
ficas, é perceptível a estruturação de procedimentos contábeis voltados ao

–  190  –
Aspectos tributários ambientais

alinhamento das mutações patrimoniais e dos fatos contábeis ambientais e o


posicionamento no que diz respeito ao equilíbrio ecológico.
Nesse contexto, os fundamentos da tributação ambiental no Brasil apre-
sentam a extrafiscalidade como uma ferramenta de compatibilização entre o
desenvolvimento econômico e o sustentável. A tendência para os próximos
anos é o aumento dos debates quanto à implementação de novos tributos de
configuração ecológica, de uma maneira mais sistemática e organizada, com
foco específico na chamada economia verde (MONTERO, 2014).

Ampliando seus conhecimentos

Com o intuito de ampliar o conhecimento acerca dos tributos


ambientais, apresentamos a seguir um excerto do artigo de
Barichello e Araújo (2007), o qual apresenta uma excelente
discussão a respeito do tema.

Tributação ambiental: o tributo


extrafiscal como forma de proteção do
meio ambiente
(BARICHELLO; ARAÚJO, 2007, p. 115-116)

[...]
A tributação ambiental pode ser conceituada como “o emprego
de instrumentos tributários para orientar o comportamento dos
contribuintes a protesto do meio ambiente, bem como para
gerar recursos necessários à prestação de serviços públicos de
natureza ambiental” (COSTA, 1998, p. 297).
Conforme Modé, a tributação ambiental diferencia-se do
caráter sancionatório por “não se aplicar a atividades ilícitas. A
tributação ambiental aplica-se tão somente a atividades lícitas,
assim consideradas pelo legislador porque necessárias, em que
pese o impacto causado ao meio ambiente” (2003, p. 123).

– 191 –
Contabilidade Socioambiental

O tributo ambiental é um instrumento de intervenção na ativi-


dade econômica do qual o Estado pode se valer para a cons-
trução da sustentabilidade. “Tem uma função muito importante
no processo de reforma social não só como fonte de receita,
mas, sobretudo, como forma de conscientização das pessoas
acerca da importância e necessidade de preservação do meio
ambiente” (ALMEIDA, 2003, p. 103).
Carneiro (2003, p. 80) aborda as modalidades de tributação
ambiental “enquanto instrumentos de viabilização de políticas
públicas de meio ambiente que permitem uma razoável integra-
ção das variáveis da política ambiental à política econômica”,
apresentando suas vantagens em termos de gestão de recursos
ambientais. Segundo ele, esses tributos podem proporcionar,
primeiramente, incentivos aos produtores e aos consumidores
finais, resultando em uma readequação de seus processos,
comportamentos e hábitos com vistas a uma utilização mais
eficiente e equilibrada dos insumos naturais e dos produtos
deles oriundos. Em segundo lugar, os tributos podem originar
as receitas necessárias aos investimentos públicos em proje-
tos de melhoria da qualidade ambiental, permitindo, ainda,
a desoneração progressiva dos encargos incidentes sobre o
trabalho e sobre o capital. E, em terceiro lugar, podem cons-
tituir mecanismos eficientes para o controle da proliferação de
fontes não estacionárias ou difusas de poluição.
Nesse sentido, Oliveira percebe que o sistema tributário
“pode atuar complementarmente ao sistema administrativo de
licenças ambientais, que é indispensável à preservação e ao
combate da poluição; também se revela útil na preservação
dos recursos ambientais, adequando as espécies tributárias à
tributação ambiental” (1995, p. 27).
Na doutrina espanhola, os tributos ambientais são caracterizados
por Molina como “tributos de ordenamento” e “tributos pelo uso
dos bens ambientais”, valendo transcrever seus ensinamentos:

–  192  –
Aspectos tributários ambientais

Os autênticos tributos ambientais [...] são aqueles que


constituem um incentivo ao cuidado com o meio ambiente
(tributos de ordenamento). O que sucede [...] é que tal
incentivo pode consistir precisamente na cobrança de
uma quantidade pelo uso de bens ambientais que equi-
valha ao custo de evitar a contaminação (tributos pelo
uso dos bens ambientais). (MOLINA, 2000, p. 58,
tradução nossa)
De acordo com Almeida (2003), a tributação ambiental con-
siste em um instrumento de que o Estado pode se valer para
intervir no domínio econômico, de forma a incentivar ou não
incentivar comportamentos e induzir os agentes econômicos
na adoção de condutas ambientalmente sustentáveis. A apli-
cação do tributo ambiental não visa punir o descumprimento
de um comando normativo, visa sim, diante de uma atividade
econômica que possa trazer algum dano ao meio ambiente,
proceder a um ajuste buscando a sua realização de forma
menos danosa possível.

Atividades
1. O que estabelece a NPA n. 11? Por que a emissão desse documento
pode ser considerada um marco na história da contabilidade ambien-
tal brasileira?

2. Quais parâmetros de divulgação de informações de natureza social


e ambiental são previstos na Norma Brasileira de Contabilidade
Técnica n. 15 (NBC T15)?

3. O CPC 25 foi aprovado pelo Comitê de Pronunciamentos Contá-


beis no ano de 2009. Do que trata especificamente esse pronuncia-
mento técnico?

–  193  –
Contabilidade Socioambiental

4. Sob a perspectiva dos tributos ambientais, quais são as duas formas


de arrecadação tributária? Explique as particularidades de cada uma.

–  194  –
Gabarito
Contabilidade socioambiental

1. Noções gerais de meio ambiente


1. O conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem físi-
ca, química e biológica que permite, abriga e rege a vida em todas as
suas formas.

2. No caso exemplificado, não é possível realizar uma análise isolada,


visto que o princípio da ubiquidade traz direcionamentos de que o
bem ambiental não pode ser visto como algo isolado, com limitações
ou mesmo com período determinado, pois um evento pode causar
influências não somente no ambiente atingido e os danos podem re-
fletir e seguir várias gerações. Além disso, um dano ambiental pode
afetar toda a comunidade, de modo individual ou geral.

3. Poluidor-pagador e usuário-pagador. O primeiro visa a incluir nos


custos dos bens de consumo os prejuízos com a degradação do meio
ambiente – logo, divide com a sociedade as despesas e tem como
preocupação a qualidade dos recursos ambientais. Já o segundo tem
como ideia imputar a quem utiliza os bens ambientais o custo por
seu uso – logo, tem como foco as atividades que não poluem o meio
ambiente e sua preocupação é com o volume de recursos na natureza.

4. Três exemplos de acidentes ambientais/catástrofes: o acidente nuclear


de Chernobyl, o nevoeiro de Londres e a contaminação da baía de
Minamata, no Japão.

2. Introdução à contabilidade ambiental


1. A gestão ambiental é uma ferramenta essencial da gestão dos recursos
e redução dos impactos ambientais, consistindo na condução gerencial
de uma organização quanto aos assuntos concernentes ao meio am-
biente, como à forma com que a empresa gerencia a destinação de seus

–  196  –
Gabarito

resíduos, monitora e analisa suas emissões atmosféricas, realiza o trata-


mento de efluentes gerados e demais problemas relacionados à poluição
ambiental. Nessa perspectiva, as empresas são levadas a reexaminar seus
processos produtivos e investir em tecnologias menos poluentes, ou,
ainda, realizar processos que reaproveitem recursos.

2. A contabilidade é uma ciência social cujo objeto de estudo é o patri-


mônio de uma instituição. Logo, ela quantifica e analisa as riquezas,
registrando as mutações/variações patrimoniais, quantitativas e/ou
qualitativas, de determinado período (exercício).
Por sua vez, a contabilidade ambiental tem como objeto de estudo
o patrimônio ambiental (bens, direitos e obrigações ambientais) da
instituição e sua finalidade consiste em fornecer informações das
modificações do patrimônio ambiental da instituição – por meio de
identificação, mensuração e evidenciação – aos seus usuários.

3. As etapas que compreendem a implantação de um sistema de gestão


ambiental (SGA) consistem em:

1. Política ambiental: definição das metas e dos objetivos ambientais.


2. Planejamento: formulação de um plano de ação com o intuito de
realizar sua política ambiental. Nesse plano devem ser considerados
os seguintes itens: 1) aspectos ambientais; 2) requisitos legais e outros
requisitos; 3) objetivos e metas; e 4) programas de gestão ambiental.
3. Implementação e operação: para a concreta implementação da
ISO 14001, é importante estabelecer políticas, metas e objetivos.
Os agentes internos, dentro da estrutura organizacional, devem
ser definidos. A disseminação do projeto e a constituição periódi-
ca de treinamentos tornam a implementação mais sólida. Outros
pontos imprescindíveis consistem na comunicação e no controle
documental. Por fim, a empresa deve se preparar para eventuais
situações emergenciais.

–  197  –
Contabilidade socioambiental

4. Verificação e ação corretiva: a norma ISO 14001 estabelece que


a empresa deve verificar o programa de gestão ambiental, na prá-
tica, e manter medidas de ajustes, visando à mitigação dos im-
pactos ambientais. A verificação e a ação corretiva são orientadas
por quatro etapas do processo de gestão ambiental, a saber: mo-
nitoramento e medição, não conformidade e ações corretivas e
preventivas, registros e auditoria do SGA.
5. Análise crítica: refere-se à etapa subsequente à realização de audi-
toria, momento em que se identificam as necessidades de altera-
ção da política ambiental para adequações e melhorias.

4. Sim, existe total relação entre a ISO 14001 e o sistema de gestão ambien-
tal (SGA). A ISO 14001 especifica os requisitos para a implementação
de um sistema de gestão ambiental, o qual possibilite às organizações as
doutrinas concretas que têm probabilidade de relacionarem-se a outros
requisitos de gestão, com o objetivo de auxiliar no alcance das metas am-
bientais e econômicas. A norma habilita uma organização a especificar e
avaliar a concretização de processos para definir uma política ambiental
e os objetivos a atingir com suas conformidades. O principal intuito é
estimular a proteção ambiental e a prevenção da poluição, equilibrando-a
com as urgências socioeconômicas.

3. Patrimônio ambiental
1. Ativo ambiental é o recurso controlado pela entidade, cujos benefí-
cios futuros esperados estejam diretamente associados com a proteção
do meio ambiente ou com a recuperação daquele já degradado. In-
cluem-se, também, as áreas nativas mantidas para conservação.
Já o passivo ambiental compõe as obrigações para com terceiros, re-
sultantes de impactos causados ao meio ambiente. Pode se constituir
na obrigação de recuperação de áreas degradadas, indenização de ter-

–  198  –
Gabarito

ceiros em função dos efeitos de danos ambientais, obrigações de criar


meios de compensação para minimizar danos ambientais e, ainda,
multas e penalidades semelhantes por infração à legislação ambiental.

2. A despesa ambiental consiste nos gastos gerais relativos ao meio am-


biente, realizados no período, e que não estejam relacionados especi-
ficamente com o processo produtivo da entidade.
O custo ambiental compreende os consumos de recursos incorridos e
reconhecidos pela entidade relacionados ao processo produtivo que te-
nham por objetivo mitigar e prevenir danos ambientais causados pelas
atividades operacionais ou outros consumos vinculados à produção.

3. A contabilidade ambiental tem o objetivo de identificar, mensurar, re-


conhecer e divulgar os aspectos econômico-financeiros inerentes aos
eventos e às transações relacionados à interação da entidade com o meio
ambiente. Está inserida no sistema contábil, não se configurando como
uma contabilidade à parte, mas como uma vertente da contabilidade.

4. A conta Reservas para Contingências está relacionada às perdas que


podem afetar o patrimônio e que não estão sob controle da insti-
tuição (ex.: fenômenos naturais), as quais devem ser contabilizadas,
embora não sejam precisas quanto à monta (valor) e o período (tem-
po), suscetíveis à possibilidade de eventual ocorrência. A importân-
cia dessa conta consiste justamente no fato de a empresa provisionar
contabilmente eventos que podem ocorrer, não afetando, de modo
imprevisível, as demonstrações financeiras.

4. Fatos ambientais
1. Considerado como um dos mais importantes instrumentos para o
planejamento contábil, o plano de contas consiste em um conjunto

– 199 –
Contabilidade socioambiental

de contas que as empresas utilizam para registrar os fatos econômico-


-financeiros ocorridos na entidade e gerar os relatórios contábeis para
os usuários internos e externos da empresa.

2. No caso exemplificado, o procedimento de elaboração do plano de


contas não é o mais coerente, uma vez que na projeção do plano
de contas é imprescindível a estruturação de um rol (lista) de contas
que contemple todas as possibilidades e atividades existentes, mesmo
aquelas que não são comumente utilizadas, mas que, eventual ou fu-
turamente, possam vir a ser utilizadas. A circunstancial necessidade
de inserção de uma conta não seria um problema, contudo sua ocor-
rência recorrente demonstra que não houve um efetivo planejamento
anterior das contas contábeis.

3. A conta específica no caso de uma jazida mineral é a Exaustão Acumulada.

4. A ocorrência do fato gerador é creditada, e a contrapartida configu-


rará uma conta de despesa ou custo. No momento em que se define
o valor, é efetuada a transferência para obrigação (débito) ou, caso o
fato não seja configurado como responsabilidade da entidade, o saldo
não utilizado deve ser estornado.

5. EIA/RIMA
1. O Estudo Prévio de Impacto Ambiental tem como finalidade distin-
guir e identificar os impactos maléficos ou benéficos que determinado
empreendimento pode causar ao meio ambiente. Outro objetivo des-
se estudo refere-se à exigência estatal para obtenção de autorização às
atividades mercantis, desde a sua implementação.

2. O RIMA é um documento composto do resumo do EIA, porém


em uma linguagem mais acessível, visto que é destinado ao públi-

–  200  –
Gabarito

co em geral. No que diz respeito ao EIA, verifica-se que esse é um


documento que detalha toda a análise técnica realizada pelos espe-
cialistas responsáveis.

3. A Resolução n. 237 do Conama estabelece que o Estado não pode


ser responsabilizado pela elaboração de documentos (EIA e RIMA)
inconsistentes. A Administração Pública também contrata os servi-
ços de terceiros para a realização do EIA e do RIMA e, nesse caso, o
Estado não pode ser acionado judicialmente por dano gerado se os
documentos tiverem falhas técnicas. Ele só pode ser responsabilizado
pelos atos administrativos nulos ou anuláveis, consequência de dolo
ou erro da própria Administração Pública, realizados pelos seus agen-
tes públicos.

4. Os pontos que devem ser abordados na estruturação/elaboração de


um EIA/RIMA são:
22 objetivo e justificativa do projeto;
22 descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas;
22 matéria-prima, fonte de energia, processo e técnicas a serem utili-
zadas em cada etapa da construção do empreendimento;
22 possíveis influências causadas por esse empreendimento, bem como
resíduos de energia, os empregos diretos e indiretos a serem gerados;
22 resumo do diagnóstico das áreas afetadas pelo projeto do em-
preendimento;
22 descrição dos impactos ambientais que podem ocorrer como conse-
quência da implementação do projeto, destacando um cronograma;
22 descrição da qualidade do ambiente caso o projeto seja executa-
do, bem como se ele não for realizado;
22 descrição dos efeitos que não podem ser evitados, apesar das me-
didas mitigadoras.

–  201  –
Contabilidade socioambiental

22 método de acompanhamento e monitoramento dos impactos;


22 recomendações, conclusões e comentários.

6. Balanço Social
1. Na prática, as informações que devem ser consideradas na construção
de uma DVA são divididas em duas etapas:

Primeira etapa

22 Receita bruta com vendas e os ganhos de capital.


22 Insumos que a empresa adquiriu de terceiros.
22 A diferença entre o primeiro e o segundo grupo consiste no valor
adicionado bruto. Na sequência, devem ser descontadas a depre-
ciação, a amortização e a exaustão – e, assim, é possível chegar ao
valor adicionado líquido.
22 Caso a empresa tenha recebido outros valores por meio de trans-
ferência – é o caso de receitas financeiras (juros) –, é necessário
que eles sejam somados ao resultado. Os valores obtidos acarreta-
rão no valor adicionado para distribuição.

Segunda etapa

22 Nessa etapa, a empresa demonstrará como foi distribuída a riqueza:


valores com pessoal, impostos, pagamento a terceiros, lucros retidos
e distribuídos aos acionistas, entre outras informações relacionadas.

2. Em consonância com a Lei n. 11.638/07, a divulgação da DVA


torna-se obrigatória para empresas de capital aberto (que dispõem
ações na bolsa de valores). Obviamente, aquelas que não se enqua-
dram nessa configuração podem divulgar sua DVA com objetivos de
gestão dos seus resultados.

–  202  –
Gabarito

Quanto ao Balanço Social, diferentemente das demonstrações fi-


nanceiras/contábeis do exercício – que obrigatoriamente devem ser
publicadas –, no caso de sociedades anônimas (Lei n. 6.404/76),
esse balanço não se configura como uma exigência imposta por re-
gulamentações e leis. Por outro lado, comumentemente as empre-
sas costumam divulgar seus Balanços Sociais de modo voluntário e
espontâneo, uma vez que tal ação é muito bem vista aos olhos dos
stakeholders, de modo geral.

3. As especificações são:

22 revelar em conjunto com as demais demonstrações financeiras a


estratégia de sobrevivência e crescimento da entidade;
22 evidenciar (por meio de indicadores econômicos e sociais) as con-
tribuições da empresa à qualidade de vida da comunidade;
22 abranger todo o conjunto de interações sociais, as contribuições
da empresa à qualidade de vida da comunidade;
22 divulgar os investimentos realizados no desenvolvimento de pes-
quisa tecnológica;
22 compor um banco de dados confiável para análise e tomada de
decisão dos usuários externos;
22 medir os impactos das informações apresentadas no Balanço So-
cial diante da comunidade em que mantém relações de negócios;
22 servir de instrumento para as negociações laborais entre empresa,
sindicatos e representantes dos empregados;
22 clarificar os objetivos e as políticas administrativas que possibili-
tem avaliar a entidade em função não apenas do resultado econô-
mico, mas também dos resultados sociais;
22 ampliar o grau de confiança da sociedade em relação à entidade.

–  203  –
Contabilidade socioambiental

4. Sim, é possível. Atuante como instituição independente na área de


sustentabilidade, a Global Reporting Initiative, ou GRI, é responsável
pela padronização e pelo fornecimento de informações e diretrizes para
elaboração dos Balanços Sociais de maneira global, fundamentando-se
nos pilares da sustentabilidade: econômico, social e ambiental.

7. Auditoria ambiental
1.

22 Lei n. 6.938, de 31 de agosto de 1981 – Dispõe sobre a Política


Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formu-
lação e aplicação e dá outras providências.
22 Constituição Federal de 1988.
22 Lei n. 7.797, de 10 de julho de 1989 – Cria o Fundo Nacional de
Meio Ambiente e dá outras providências.
22 Lei n. 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 (Lei de Crimes Am-
bientais) – Dispõe sobre as sanções penais e administrativas às
pessoas, jurídicas e físicas, que causem danos ao meio ambiente.
22 Decreto n. 99.274, de 6 de junho de 1990 – Regulamenta a Lei
n. 6.902, de 27 de abril de 1981, e a Lei n. 6.938, de 31 de agosto
de 1981, que dispõem, respectivamente, sobre a criação de Esta-
ções Ecológicas e Áreas de Proteção Ambiental e sobre a Política
Nacional do Meio Ambiente, e dá outras providências.
22 Decreto n. 4.297, de 10 de julho de 2002 – Regulamenta o art.
9º, inciso II, da Lei n. 6.938, de 31 de agosto de 1981, estabe-
lecendo critérios para o Zoneamento Ecológico-Econômico do
Brasil – ZEE, e dá outras providências.
22 Resolução Conama n. 1, de 23 de janeiro de 1986 – Apresenta
resoluções gerais relativas ao meio ambiente.

–  204  –
Gabarito

22 Resolução Conama n. 9, de 3 de dezembro de 1987 – Dispõe sobre


a questão de audiências públicas relacionadas ao meio ambiente.
22 Resolução Conama n. 237, de 19 de dezembro de 1997 – Regu-
lamenta os aspectos de licenciamento ambiental estabelecidos na
Política Nacional do Meio Ambiente.

2.

22 Resíduos sólidos: “Resíduos nos estados sólidos e semissólidos,


que resultam de atividades da comunidade de origens industriais,
domésticas, hospitalares, comerciais, agrícolas ou de serviços de
varrição. Ficam inclusos nesta definição os lodos provenientes de
sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamen-
tos e instalações de controle de poluição, bem como determinados
líquidos cujas particularidades tornem inviável seu lançamento na
rede pública de esgotos ou corpos d’água, ou exijam para isso
soluções técnicas e economicamente inviáveis, em face da melhor
tecnologia disponível” (NBR 10004, 2004a, p. 1).
22 Resíduos Classe I – perigosos: “Aqueles que apresentam pericu-
losidade, e em função de suas propriedades físicas, químicas ou
infectocontagiosas podem apresentar risco à saúde pública ou ao
meio ambiente. Podem apresentar as seguintes características: infla-
mabilidade, corrosividade, reatividade, toxidade e patogenicidade”
(NBR 10004, 2004a).
22 Resíduos Classe II A – não inertes: “Aqueles que não se enqua-
dram nas classificações de resíduos classe I – perigosos ou de resí-
duos classe II B – inertes [...] [mas que] podem ter propriedades,
tais como: biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade
em água” (NBR 10004, 2004a, p. 5).
22 Resíduos Classe II B – inertes: “Quaisquer resíduos que, quan-
do amostrados de forma representativa, [...] e submetidos a um
contato dinâmico e estático com água destilada ou deionizada, à

–  205  –
Contabilidade socioambiental

temperatura ambiente, [...] não tiverem nenhum de seus consti-


tuintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de
potabilidade de água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, du-
reza e sabor [...]” (NBR 10004, 2004a, p. 5). Exemplos desses
resíduos são rochas, tijolos, vidros, plásticos e borrachas que não
são decompostos facilmente.
22 Reciclagem: “é um conjunto de técnicas de reaproveitamento de
materiais descartados, reintroduzindo-os no ciclo produtivo. É
uma das alternativas de tratamento de resíduos sólidos (lixo) mais
vantajosas, tanto do ponto de vista ambiental quanto do social:
ela reduz o consumo de recursos naturais, poupa energia e água,
diminui o volume de lixo e dá emprego a milhares de pessoas”
(BRASIL, 2017).
22 Compostagem: É a reciclagem dos resíduos orgânicos, “uma
técnica que permite a transformação de restos orgânicos (sobras
de frutas e legumes e alimentos em geral, podas de jardim, trapos
de tecido, serragem, etc.) em adubo. É um processo biológico que
acelera a decomposição do material orgânico, tendo como produ-
to final o composto orgânico” (BRASIL, 2017)

3. As normas da série ISO 14000 possuem algumas peculiaridades:

22 A norma ISO 14001 é a única dentro da série 14000 que tem como
objetivo a certificação do Sistema de Gestão Ambiental, bem como
prevê a ocorrência da auditoria, sob seus requisitos obrigatórios.
22 A norma ISO 14004 tem como finalidade apresentar algumas
orientações para que a empresa implemente os requisitos da
ISO 14001.
22 A norma ISO 19011, que substituiu as normas ISO 14010,
14011 e 14012, tem como objetivo determinar os procedimentos
e os requisitos que os auditores devem seguir para realizar as audi-
torias do Sistema de Gerenciamento Ambiental.

–  206  –
Gabarito

22 A ISO 14031 traz como pauta a Avaliação de Desempenho Am-


biental dos processos nas organizações.
22 As normas ISO 14001, 14020, 14021 e 14024 têm como enfo-
que o produto e o processo da empresa, bem como estabelecem a
obtenção de selos ambientais. Todavia, a ISO 14001 estabelece a
certificação da organização, ao contrário das demais, que certifi-
cam as linhas de produtos e processos da empresa.
22 As normas ISO 14040, 14041, 14042, 14043 e 14044 têm como
escopo a Avaliação de Ciclo de Vida, que se inicia pelos insu-
mos e matérias-primas que compõem o produto e percorrem os
impactos ambientais e o descarte do produto final após o término
de sua vida útil.
22 A norma ISO/TR 14062 tem como diretriz guiar os elaboradores
de normativas de produto para a redução dos impactos ambientais
causados pelos componentes dos produtos fabricados pela empresa.

4.

1. Perspectiva da organização – a norma é utilizada para execução


e avaliação dos parâmetros utilizados pela instituição mercantil.
2. Perspectiva de produtos – as normas são empregadas para mensu-
rar os possíveis impactos causados pela produção ou, ainda, pelo
produto propriamente dito.

8. Responsabilidade ambiental
1. Archie Carroll (1979) – autor que é referência para pesquisas científicas
até os dias atuais, no que tange à responsabilidade social corporativa, com
uma abordagem esclarecedora –, apresenta a RSC estruturada sob quatro
responsabilidades, que consistem em expectativas da sociedade em relação
às organizações em determinado período. Elas são detalhadas a seguir:

–  207  –
Contabilidade socioambiental

1. Responsabilidade econômica: a perspectiva econômica é a base de


sustentação, fornecendo apoio para as demais perspectivas, de modo
que uma organização é uma base econômica para a sociedade.
2. Responsabilidade legal: trata-se de um código de conduta social
capaz de orientar os stakeholders da organização sobre como con-
duzir e delimitar metas organizacionais, respeitando os valores,
os padrões, a evolução e a expectativa social na área em que a
empresa está inserida.
3. Responsabilidade ética: embora não seja prevista sua obrigatorie-
dade em lei, a ética deve configurar como um posicionamento
legítimo da empresa, uma vez que isso é esperado pela sociedade
como algo além das questões legais.
4. Responsabilidade discricionária: são as ações de cunho voluntário
e não imposto.

2. A ISO 26000 surgiu como a primeira norma internacional de res-


ponsabilidade social empresarial. O conteúdo dos princípios que nor-
teiam essa norma está sintetizado a seguir:
22 Accountability: responsabilidade pelas consequências das ações e
decisões, respondendo pelos impactos na sociedade, na economia
e no meio ambiente, prestando contas a órgãos de governança e
demais partes interessadas e declarando os seus erros e as medidas
cabíveis para remediá-los.
22 Transparência: fornecimento às partes interessadas – de forma
acessível, clara, compreensível e em prazos adequados – de todas
as informações sobre os fatos que possam afetá-las.
22 Comportamento ético: ação de modo aceito como correto pela
sociedade, com base nos valores de honestidade, equidade e inte-
gridade, diante das pessoas e da natureza, e de forma consistente
com as normas internacionais de comportamento.
22 Respeito pelos interesses das partes interessadas (stakeholders):
consideração e resposta aos interesses de pessoas ou grupos de

–  208  –
Gabarito

alguma forma envolvidos nas atividades da organização ou que


por ela possam ser afetados.
22 Respeito pelo Estado de Direito: o ponto de partida mínimo da
responsabilidade social é o cumprimento integral das leis do local
onde a empresa está operando.
22 Respeito pelas Normas Internacionais de Comportamento: ado-
ção de prescrições de tratados e acordos internacionais favoráveis
à responsabilidade social, mesmo que não haja obrigação legal.
22 Direitos humanos: reconhecimento da importância e universali-
dade dos direitos humanos, cuidando para que as atividades da
organização não os agridam direta ou indiretamente, zelando pelo
ambiente econômico, social e natural que requerem.

3.

1. Maximização dos lucros: a administração da empresa deve con-


centrar-se no uso eficiente dos recursos para produzir bens ou
serviços desejados pelo consumidor, de modo a vendê-los a preços
que ele esteja disposto a pagar, visando a maximizar lucros no
curto prazo.
2. Equilíbrio de interesses: o objetivo é maximizar os lucros a longo
prazo, equilibrando assim os interesses de acionistas, funcioná-
rios, consumidores e da comunidade.
3. Administração socioeconômica: o objetivo nesse caso deixa de ser
apenas o lucro em si, mas também a busca concreta da melhoria
da qualidade de vida ou do bem-estar da sociedade.

4. Pilares da sustentabilidade: econômico, social e ambiental. Quando


trabalhados de forma conexa, o pilar social e o ambiental resultam
na justiça socioambiental; já a intersecção do pilar econômico com o
social resulta na ética empresarial e, por último, a interação entre o
aspecto econômico e o ambiental gera a ecoeficiência.

–  209  –
Contabilidade socioambiental

9. Aspectos econômicos e sociais


sobre exploração ambiental
1. Existem alguns mecanismos que favorecem os agentes envolvidos no
mercado, com a perspectiva de preservação ambiental. Entre eles, des-
taca-se a implantação do ICMS Ecológico e a isenção do Imposto de
Renda para as empresas que se utilizam de tecnologias de aproveita-
mento sustentável.

2. São elas: 1. imposição de ônus às práticas predatórias do meio am-


biente; 2. concessão de vantagens a empresas que estimulem a sus-
tentabilidade em suas práticas; 3. compensação tributária dos muni-
cípios que são afetados por políticas de preservação ambiental; e 4.
apoio a iniciativas de desenvolvimento de tecnologias sustentáveis.

3. O Estado tem a obrigação de manter o meio ambiente ecologicamen-


te equilibrado e, consequentemente, deve defender e socorrer a flora
e a fauna por meio de medidas que blindem atos nocivos ao meio
ambiente. Todavia, essas medidas que coíbem os danos ambientais
não eximem o Poder Público da obrigação de compensar (indenizar)
os proprietários de imóveis que são afetados economicamente por al-
guma ação da Administração Pública.

4. Dessas discussões resultaram várias normativas, leis infraconstitucio-


nais, constitucionais e internacionais.

10. Aspectos tributários ambientais


1. A NPA n. 11 determina a correlação entre a contabilidade e o meio
ambiente e a participação dos esforços para defesa e proteção con-
tra poluição e agressões à vida humana e à natureza. O estabeleci-
mento desse documento pode ser considerado como um marco da

–  210  –
Gabarito

contabilidade ambiental no Brasil, visto que recomendava que as de-


monstrações contábeis e os relatórios da administração refletissem o
posicionamento ecológico organizacional, mediante o cumprimento
rigoroso das metas ambientais, além das econômicas.

2. Os parâmetros para a divulgação das informações de natureza social


e ambiental consistem em: geração e distribuição de riqueza; recursos
humanos; interação da entidade com o ambiente externo; e interação
com o meio ambiente.

3. O Pronunciamento Técnico CPC 25 trata especificamente de provi-


sões, ativos contingentes e passivos contingentes.

4. A fiscalidade ambiental se refere à arrecadação estatal pela utilização


dos recursos naturais por meio de prestação de serviço ambiental e
tem como fato gerador o uso do bem ambiental. Logo, consiste na
cobrança pela utilização de um bem ambiental, e não pela poluição.
Já a extrafiscalidade ambiental se refere aos tributos dos quais o Esta-
do se utiliza para gerir as condutas da sociedade de acordo com seu
planejamento: “[...] o Estado, no uso de suas atribuições tributárias,
aplica um sistema de incentivo às atividades que possam reduzir a
degradação ambiental” (MATTHES, 2011, p. 48).

–  211  –
Referências

Referências

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nrm=iso>. Acesso em: 2 nov. 2017.

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Janaína Gabrielle Moreira Campos da Cunha Amarante
CONTABILIDADE

Karla Santos Ribeiro


Contabilidade socioambiental, livro de cunho acadêmico, aborda a importan-
te integração entre a gestão do patrimônio, o meio ambiente e as exigências
relacionadas ao assunto, revelando a missão da contabilidade ambiental ao de-
SOCIOAMBIENTAL
monstrar e evidenciar, de forma clara, o desempenho socioambiental atrelado Janaína Gabrielle M. C. da Cunha Amarante
aos procedimentos contábeis, como um mecanismo propulsor da transparência Karla Regina Santos Ribeiro
às partes interessadas.
Com o perfil direcionado a para gestão contábil apoiada nas preocupações
socioambientais, este livro tem o intuito de preparar o leitor para a atuação
profissional contábil de maneira mais ampla, com base no aprimoramento dos

CONTABILIDADE
SOCIOAMBIENTAL
procedimentos contábeis que atendam às exigências das normativas legais
ambientais, às necessidades, às expectativas e aos anseios da sociedade, de
modo a fortalecer as estratégias organizacionais.

Gestão

Fundação Biblioteca Nacional


ISBN 978-85-387-6376-5

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