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Aula 01 – 02/04/2018
Noções Introdutórias
Atualmente não existe apenas um conceito de família, de maneira que o objeto de estudo desta
disciplina são, justamente, os diferentes arranjos familiares.
Em geral, historicamente, a família está ligada a ideia de sexualidade humana e proteção. Entre os seres
vivos existentes talvez aquele que mais careça de dispêndio de tempo para proteção e desenvolvimento
seja a espécie humana – um bebê humano. Não deixa a família, contudo, de estar, desde o início,
relacionada às alianças interpessoais, ao modo como as pessoas se organizam, sendo a organização
familiar, em seus primórdios, o nascedouro da sociedade.
Estes ideais de a família se formar por amor e romance compõem uma noção contemporânea. As
famílias foram surgindo a partir da ideia de saciar necessidades, de privilegiar interesses.
O modelo básico inicial para entender o modelo familiar secular brasileiro é o modelo romano de
família, tendo em vista que o Direito que se aplica na sociedade brasileira é oriundo do direito lusitano,
inspirado no modelo romano de família vigente na Roma Antiga.
Curioso observar que aspectos que enxergamos hoje como atuais já estavam presentes deste a Roma
antiga.
A ideia germinal de família na Roma era centrada no PATER-FAMÍLIA: A FAMÍLIA PATRIARCAL. O pai de
família tinha o poder sobre aqueles que estavam sob seu julgo – os ALIENI IURIS – que eram
considerados incapazes. O sujeito capaz é SUI IURIS, é o pater-família ou aquele que foi emancipado
pelo pai. Inclusive, poderia acontecer de um filho do patriarca, homem, casar com uma mulher e
continuar sendo considerado incapaz, por não ser capaz, por ainda não ser sui iuris. O SUI IURIS tinha o
poder até mesmo de definir a vida ou a morte daqueles que estavam sob seu julgo. As mulheres que se
casavam estavam submetidas aos seus maridos ou eventualmente aos pais de seus maridos. Saíam do
julgo do pai passando para o marido ou para o do pai do marido.
À relação marital em que a mulher não estivesse sob o julgo de seu marido, estando submetida ao
poder de seu pai ou de seu sogro, é atribuída o nome SINE MAXNU.
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DIREITO DE FAMÍLIA, 2018.1, Docente: Antônio Lago
Discente: Daniela Schitini Leandro, UFBA
- Confarreatio: aquele no qual havia CELEBRAÇÃO COM TRAÇOS RELIGIOSOS, embora não houvesse a
relação intrínseca do casamento com a igreja católica.
- Coemptio: casamento no qual o marido “comprava” a mulher; havia TROCA DE DINHEIRO para fins de
celebração de casamento;
- Usus: o marido tomava “posse” da mulher e passava a ter com ela vida conjugal como se marido e
mulher fosse. Aproxima-se da “posse do estado de casado” que está em desuso por causa do
reconhecimento da união estável.
No Direito Brasileiro atual, o divórcio é uma figura recente, reconhecida a cerca de 40 anos. No direito
romano, entretanto, já existia a possibilidade de divórcio, ainda que fosse atendendo a certos requisitos,
como por exemplo, a exigência de que, entre um casamento e outro, passasse pelo menos 10 meses, a
fim de se evitar a TURBATIO SANGUINIS – ou seja, evitar que a mulher se casasse com outro homem,
sob a suspeita de que o filho que carregasse no ventre fosse do marido do casamento anterior. E MAIS!
Ainda há resquícios da turbatio sanguinis no atual código civil, em que se RECOMENDA a mulher
divorciada e grávida que aguarde o nascimento do filho para só então casar-se novamente, ainda que
nos dias de hoje já exista exame de DNA.
A função da família – germinada com a Rev. Francesa, pela influência do liberalismo e da preocupação
com a liberdade – passa a ser a PROTEÇÃO DO PATRIMÔNIO. A finalidade de PROCRIAÇÃO, não mais
ligada diretamente à perpetuação da espécie por si só, mas a fim de continuar fazendo surgir novos
indivíduos que alimentem a sociedade e ofereça mão de obra.
A família brasileira em 1916 estava inserida numa sociedade rural, vivendo momento de desconfiança
em relação às vitórias pós-revoluções conquistadas na Europa e nos EUA com a revolução industrial e
surgimento do capitalismo, e apesar de já ter se passado mais de 100 anos após o código de Napoleão, o
CC brasileiro de 1916 era muito similar à este – às vezes, inclusive, sendo até mais retrógrado que o
próprio código de Napoleão, que admitia divórcio, embora o CC-1916 não o reconhecesse, impondo a
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existência do DESQUITE. Dessa maneira, o CC-1916 já nasce velho, consagrando valores da rev.
Francesa, CONSERVADOR, que buscava proteger o patrimônio – tendo sido feito, pois, para os
burgueses.
LEMBRE-SE! O DESQUITE dissolve A SOCIEDADE CONJUGAL – não se fala mais em partilha de bens dali
para frente, quando foi decretada a separação de corpus, remanescendo o VÍNCULO CONJUGAL, de
maneira que não mais poderia se casar. Por outro lado, o divórcio, admitido a partir da Lei 6.015/77,
dissolve o vínculo conjugal, podendo a pessoa divorciada poder casar-se novamente com o
reconhecimento jurídico.
O CC-1916 perdurou por muito tempo, mas sofreu ao longo de sua vigência, muitos baques, tendo sido
o primeiro ocorrido com um decreto lei em 1946, a respeito dos filhos ilegítimos, que apesar de
continuar sendo considerado ilegítimo, passou a ter reconhecido os direitos comuns aos filhos
“legítimos”.
A família do CC-1916 era matrimonializada, calcada na ideia da hierarquia, patriarcal, tendo o pai o
PÁTRIO PODER (que atualmente se chama poder familiar). A mulher estava sob o julgo do marido e
tinha que pedir autorização ao marido para trabalhar, pois não podia compor patrimônio próprio.
A família casamentária tinha um fim em si mesmo, era institucionalizada; sua finalidade precípua era
proteger a instituição do casamento, que era indissolúvel. A família existia por si própria, instituição que
deveria ser valorizada em si mesma, independentemente da felicidade dos membros desta família.
Aula 02 – 04/04/2018
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A CF reconhece a família que nasce do CASAMENTO entre homem e mulher, da UNIÃO ESTÁVEL e a
MONOPARENTAL. É o que se vê no art. 226 da CF:
Os modelos de família presentes na CF são exemplificativos, não têm o condão de esgotar os modelos
de família – não são taxativos. Como maneira de demonstrar este CARÁTER PLURALISTA das famílias na
constituição, cita-se a recente ADI que reconheceu que, muito embora a constituição EXPRESSAMENTE
fale em união estável entre homem e mulher, valendo-se do princípio da dignidade da pessoa humana,
é possível ANALOGICAMENTE reconhecer a união estável entre pessoas do mesmo sexo.
Atualmente não há na Família proeminência de um membro da família sobre o outro, de maneira que
não é mais a família HIERÁRQUICA como outrora foi, mas sim DEMOCRÁTICA.
O PODER DIRETIVO dos pais sobre os filhos não desvia a relação de igualdade que se estabelece entre
os familiares, o que implica dizer que a família não é mais também PATRIARCAL – e sim, IGUALITÁRIA.
Impõe o art. 226 da CF, neste sentido:
Ademais, a família não é mais HETERONORMATIVA, tendo em vista que atualmente já se reconhece
juridicamente o direito dos homossexuais de casar-se. Assim, a família hoje ou é HETEROAFETIVA ou é
HOMOAFETIVA.
A família perde seu caráter INSTITUCIONALIZADO e passa a ter caráter INSTRUMENTAL, o que implica
dizer que as normas que regem a família não podem salvaguardar um determinado valor, em nome da
instituição, em detrimento de algum membro familiar. Era o caso do filho “ilegítimo” que não podia
pleitear seus direitos enquanto filho, para não “perturbar” a paz da Família “legítima”, deixando de
resguardar os direitos deste filho, as normas de direito de família. Assim, nos dias atuais a Família tem
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como finalidade proteger a felicidade de seus membros, manter sua dignidade, integridade, igualdade,
salvaguardar seus direitos, etc.
Atualmente é reconhecido como laço de parentesco que faz surgir a família tanto o BIOLÓGICO quanto
o SOCIOAFETIVO.
a) Família Matrimonial
Consagrada no CC-1916, caracterizada pela união entre homem e mulher, de caráter indissolúvel.
Ligada à ideia da proteção patrimonial. Quem “dava nome à família” era o cônjuge varão, de maneira
que a mulher era OBRIGADA a adotar o nome dele.
A partir da Lei 6.015/77 prever-se a possibilidade de divórcio, tornando facultativo à mulher adotar o
patronímico do marido e o regime legal de divisão de bens passa a ser o parcial, muito embora tenha
sido somente com a CF-88 que todas estas mudanças tenham se tornado relevantes.
Aula 3 – 09/04/2018
b) Família Informal
Podia acontecer, eventualmente, de os juízes aplicarem analogicamente, com o fito de realizar a justiça,
o entendimento de sociedade de fato (de direito empresarial) ao âmbito familiar, compondo a
SOCIEDADE FAMILIAR DE FATO – assim, A FIM DE GARANTIR A DIVISÃO PATRIMONIAL, entendia-se
que, muito embora não houvesse constituída família, havia constituída SOCIEDADE ENTRE OS
CONCUBINOS.
Esse reconhecimento da sociedade familiar de fato era muito comum na situação da mulher desquitada
que constituía nova relação, muito embora continuasse com o vínculo conjugal intacto.
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A CF-88 integra todas as relações concubinárias ao direito de família, passando a proteger estes modelos
familiares. A partir do CC-2002, no entanto, é que passa a ser assegurado o DIREITO SUCESSÓRIO,
embora já estivesse garantido anteriormente o direito de acrescer aos seus membros “o nome” (o
patronímico do marido/pai) e a questão da pensão – direitos de base familiar.
Impende anotar que existiam duas espécies distintas de relação concubinária: a IMPURA e a PURA.
Concubinato impuro era aquele em que as pessoas eram desquitadas, não tinham mais constituída de
fato a relação conjugal, mas não podiam casar-se novamente, por um mero impedimento formal – o
fato de terem o vínculo conjugal mantido, embora a sociedade conjugal estivesse desfeita.
Em 1996 passou a viger lei que reconhecia a união estável. O CC-2002 equiparou, então, em muitos de
seus dispositivos o tratamento dispensado a união estável e ao casamento formal.
A doutrina aponta que há certo desserviço entre fazer a comparação entre união estável e casamento,
sob o forte argumento de que quem convive em união estável não quer todo o peso e formalidade do
casamento, como por exemplo, obrigatoriamente ter o dever de coabitação e fidelidade. Há doutrinador
que debocha dizendo que a união estável ficou formalmente tão parecida com o casamento que passou
a ser um “casamento por usucapião”. No entanto, há nuances que diferenciam também a união estável
do casamento, em alguns momentos sendo até discriminatórias, como o foi na hora em que se
estabeleceu o direito sucessório: deu-se tratamento diferenciado na cota sucessória hereditária para
o companheiro sobrevivente e o cônjuge sobrevivente, tendo este último maior cota. O STF, adotando
a interpretação conforme, apesar de não reduzir o texto do CC, passou a entender que este artigo
diferenciador do CC é inconstitucional.
c) Família monoparental
Como o nome sugere, este tipo de família é aquela que resulta da convivência entre um dos pais e sua
prole, TENDO SOMENTE ESTE PAI OU ESTA MÃE RESPONSABILIDADE (PODER FAMILIAR) EM RELAÇÃO
AO FILHO.
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O lugar monoparental se refere à questão transitória: estando a criança com o pai em determinado
momento, tem este lugar monoparental. E ao estar com a mãe, em outro momento, haverá com esta
outro lugar monoparental.
O CC-2002 não traz nenhum dispositivo que trate da família monoparental, muito embora esta seja a
realidade de 1/3 das famílias brasileiras.
A família parental é o vínculo familiar, estabelecido entre pessoas que sejam parentes ou não, não
havendo entre elas nenhum vínculo direto de ascendência. Assim, não se considera o vínculo entre
pais ou mães. Pense em dois irmãos.
HÁ O VÍNCULO AFETIVO;
Não há dúvidas que a lei da impenhoralibilidade dos bens de família alcança este tipo familiar.
É possível que pessoas que sem ser parentes, mas que vivem como se família fossem, possam formar a
família anaparental, desde que realmente haja o vínculo afetivo.
OBS: Dentro do pressuposto da ausência de ascendência DIRETA, pondera-se a família formada entre o
neto e o avô ou avó, ou entre mãe e filho solteiro maior de idade. Para saber se está formada ou não
formalmente esta espécie familiar, se tem que observar a questão do PODER FAMILIAR. Se entre esse
avô e seu neto, por exemplo, há exercício do poder familiar (ao avô foi dada a guarda do neto),
considera-se existente ascendência, de maneira que não se formará família anaparental.
O problema deste tipo familiar é que não está assegurado por lei.
O termo parental não é unívoco. Há quem entenda que família conjugal é diferente de família parental,
a qual seria NECESSARIAMENTE resultante de duas pessoas do sexo oposto que sem relação sexual ou
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DIREITO DE FAMÍLIA, 2018.1, Docente: Antônio Lago
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afetiva decidem por inseminação artificial ter um filho, sem que vivam juntos. Tendo em vista esta
definição, família parental não seria sinônima de família anaparental.
Esta espécie familiar é a DECORRENTE DA UNIÃO DE DOIS NÚCLEOS FAMILIARES QUE TIVERAM SUAS
FAMÍLIAS INICIAIS DESFEITAS por qualquer motivo (divórcio, morte de cônjuge ou companheiro, etc).
Diz-se família “mosaico” porque há pessoas adotando diferentes funções, inclusive, havendo
sobreposição de funções. Ex: o padrasto que assume o papel de pai; o “meio-irmão”; os filhos e
enteados.
Para não dizer que a legislação nada diz, o art. 41 do ECA permite a adoção unilateral de uma criança
pelo padrasto ou madrasta, desde que a mãe ou o pai biológico permita. Neste caso, a criança passa a
estar inserida como filho daquele que deixa de ser seu padrasto e passa a ser seu pai, tendo a criança
perdido definitivamente o vínculo de filiação com o pai ou mãe biológico, com exceção do que se refere
ao impedimento de relação matrimonial com o pai ou mãe biológico.
Há a situação de não ter havido adoção pelo padrasto ou madrasta, mas o juiz reconhecer DEVER DE
ALIMENTO do padrasto em relação ao enteado – PATERNIDADE ALIMENTAR – em que o padrasto será
“pai” pelo menos nesse efeito.
Ademais, enteado é sempre enteado para fins jurídicos, a fim de evitar relações matrimoniais – cunho
moral.
No art. 57 da lei 6.015, prever-se a possibilidade de o enteado acrescentar aos seus filhos o patronímico
de seu padrasto ou madrasta, desde que seu pai ou mãe biológicos o permitam.
1- Multiplicidade de vínculos;
2- Ambiguidade de funções – ao mesmo tempo quem se é pai de uma criança, é padrasto de outra;
3- FORTE GRAU DE INTERDEPENDÊNCIA entre os dois núcleos familiares;
f) Família homoafetiva
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Em 2011 foi decidido por ativismo judicial, com norma de efeito vinculante, por ter sido decidida em
sede de ADIN e ADPF, que seria possível a união estável entre pessoas do mesmo sexo, independente da
existência de filhos, compondo formalmente, assim, a família homoafetiva.
Tratou-se a união homoafetiva como se união estável fosse, mas que distinta dela é.
Em 2013 foi atribuída aos cartórios A OBRIGAÇÃO DE ACEITAR OS TRÂMITES da conversão da união
homoafetiva cujo tratamento legal dispensado é equiparado à união estável, em casamento, uma vez
que se, se se deve tratar a união homoafetiva como se união estável fosse, e há a previsão de converter
união estável em casamento, deve haver esta possibilidade de conversão também para as relações
homoafetivas.
Atualmente, então, a família homoafetiva que tem tratamento normativo equiparado à união estável,
pode ser convertida em casamento ou pode surgir diretamente do casamento civil, tendo em vista a
Resolução 175/2013 do CNJ.
Aula 04 – 11/04/2018
Art. 25. Entende-se por família natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer
deles e seus descendentes.
Este nome “dá a ideia” de que estaria esta espécie de família ligada aos laços de sangue (biológica), o
que não se confirma.
A família natural é a COMUNIDADE FORMADA PELOS PAIS OU QUALQUER DELES E A SUA PROLE. Logo,
evidentemente, ainda que não haja laços de sangue, se terá família natural, desde que estejam
presentes pais e filhos e para ser pai ou mãe de uma criança, o que é necessário é o laço afetivo. Assim,
o filho adotivo inserido em família substituta compõe também uma família natural.
Observe que as classificações de família não excluem uma a outra. Assim, a família natural pode ser
também monoparental, por exemplo, quando formada por um dos pais e sua prole.
O art. 227 da CF relata, especificamente, a respeito da convivência familiar e comunitária. O filho tem
direito a convivência familiar, independentemente de qual seja o tipo de família.
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O art. 19 do ECA reproduz este direito da criança e do adolescente à convivência familiar e comunitária.
Art. 19. É direito da criança e do adolescente ser criado e educado no seio de sua
família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e
comunitária, em ambiente que garanta seu desenvolvimento integral.
h) Família Extensa
À criança que eventualmente for colocada em adoção (família substituta) deve se dar preferência à
família extensa – PARENTES QUE CONVIVAM COM O MENOR E QUE TENHAM COM ESTE VÍNCULO DE
AFINIDADE E AFETIVIDADE. Ex.: Irmãos mais velhos ou emancipados, tios, tias, primos, etc.
Aproxima-se da ideia de família anaparental, uma vez que há afeto, não há ascendência nem relação
sexual, mas a finalidade conceitual de existir essa espécie familiar tem importância maior no contexto
da adoção.
A família substituta é a que adota a criança ou o adolescente. Pode ser composta por membros
adotantes que não tenham relação prévia alguma com o menor, os quais se inscreveram na lista de
cadastro para adoção, ou, preferencialmente, por membros da família extensa da criança ou do
adolescente, que em que pese não estarem inscritos na lista de adoção, podem acabar efetivamente
adotando, seguindo, no entanto, o mesmo trâmite/rito legal que aqueles que se inscreveram na lista de
adoção.
Conclui-se: Família Substituta e Família Extensa são conceitos diversos, mas que se relacionam. A família
extensa pode ser uma família substituta.
i) Família Substituta
É, em última instância, aquela que se habilita, se cadastra para fins de adoção, seja a família de que
modelo for – inclusive a homoafetiva.
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famílias monoparentais, às famílias que se formam com união estável, às famílias mosaico e às famílias
homoafetivas porque estas têm, na lei, previsão e proteção de todos e mesmos direitos.
É um conceito de família: seria o núcleo familiar que é propício ao desenvolvimento e felicidade de seus
membros; aquela que PROTEGE A DIGNIDADE DO HOMEM, desde o primeiro momento de sua
interação social – na família.
A família deve ter a VOCAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO PESSOAL E PARA A FELICIDADE de seus
membros. (?????????????????)
A Constituição, em seu art. 226, não traz nenhum conceito de família, apenas exemplifica o que é
família.
“Direito das famílias é um conjunto de normas jurídicas que regulariza as múltiplas relações familiares”.
A família também envolve aspectos sociais e morais formando um caráter ASSISTENCIAL da Família –
como o idoso deve ser tratado, como as pessoas com deficiência devem ser tratadas, como a criança
deve ser tratada, etc.
Aula 05 – 16/04/2018
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DIREITO DE FAMÍLIA, 2018.1, Docente: Antônio Lago
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Lei 11.340/2006 – Lei Maria da Penha – no que toca à violência nas relações domésticas;
ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente;
Lei 6.515/77 – Lei do divórcio e EC 66/2010;
Lei 8.560/1992 – Lei de Investigação de Paternidade;
Lei 10.741/2003 – Estatuto do Idoso;
Lei de Adoção;
Lei 12.318 – Lei da Alienação Parental;
Embora tenha sido controvertido ao longo dos anos, o direito de família é do ramo do direito privado,
composto de normas cogentes.
Qualquer ato que invada o âmbito do direito público (normas cogentes) será inválido, geralmente nulo.
Na maior parte das vezes se aplica o efeito típico da revelia, mas se envolver interesses de ordem
pública e aspectos humanistas e assistencialistas seu efeito será relativizado, como seria a ação que
tratasse de destituição do poder familiar, investigação de paternidade, etc – art. 345, II, CPC, haja vista
ser o direito existencial indisponível; direito personalíssimo.
No tocante aos direitos existenciais/típicos do direito de família, os poderes instrutórios do juiz são mais
amplos, não estando este tão preso aos pedidos da parte – o juiz poderá atuar mesmo à revelia do
pedido da parte, haja vista tratar de situação existencial e de ordem pública. Ex: em investigação de
paternidade, não se ter pedido realização de perícia; em ação de divórcio e visitas, decidir de pronto,
também, alimentos.
Aula 06 – 18/04/2018
Genéricos:
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Não é possível que o ordenamento jurídico esgote em si mesmo e não consiga enxergar que o objetivo
de toda a ordem jurídica é o próprio homem. Assim, o homem não pode ser meio para um fim, deve
ser fim em si mesmo. Não pode servir como instrumento para realização de interesses outros, sendo O
HOMEM O VALOR SUPREMO DO DIREITO e sendo a dignidade expressão deste valor.
Dentro das classificações de família, este princípio está relacionado intrinsecamente à Família
Eudemonista.
Deixa-se para trás o entendimento da proteção da família como um instituto em si mesmo, pelo qual, na
realidade, se defendia o patrimônio, e se passa a proteger o homem, salvaguardando seus direitos e sua
dignidade, seu desenvolvimento pessoal e sua felicidade.
2. Princípio da Igualdade
Não se realiza o princípio da igualdade se não se tratar os diferentes na medida de sua desigualdade.
A igualdade não pode ser apenas formal/legal – perante a lei. É preciso que a própria lei faça a
distinção naquilo que for importante a fim de garantir a igualdade: dar o tratamento diferenciado a
quem se encontra em situação diferenciada (igualdade material). É necessário que a própria lei eleja
elementos de DISCRIMINEN para ser ela mesma instrumento de realização da igualdade.
Homem e mulher devem ter o mesmo tratamento e os mesmos direitos e deveres na relação conjugal.
Filho fora do casamento não pode ser considerado filho indistinto em relação ao filho fruto do
casamento, bem como o adotivo. Todos os filhos são legítimos, tendo os mesmos direitos.
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O planejamento familiar é LIVRE, não pode ser determinado em lei quantos filhos ou a forma como se
terá filhos. É decisão do CASAL, o que também implica dizer que o desígnio familiar é de decisão tanto
do homem como da mulher – em verdade, dos cônjuges ou companheiros, INDEPENDENTEMENTE DE
GÊNERO. Não é nem o homem, nem a mulher quem determina. É uma decisão conjunta.
- Art. 1.567 do CC
Deixa para trás a ideia do PÁTRIO PODER – de ser o pai quem toma decisões em relação a filiação.
Atualmente se fala em PODER FAMILIAR, em que todas as decisões em relação aos filhos e também ao
patrimônio familiar devem ser resolvidas por decisão conjunta.
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Só se admite o poder familiar sendo exercido EXCLUSIVAMENTE por um dos pais na hipótese de
impossibilidade do outro exercer este poder. É diferente da situação de guarda compartilhada,
alternada ou unilateral.
Quem tem o poder, por excelência, de emancipar? Os pais em conjunto. O juiz só supre esse poder em
casos excepcionais.
3. Princípio da Liberdade
Uma das grandes preocupações do Direito é assegurar o uso da liberdade. Não existe uma liberdade
plena ou absoluta, o que há são espaços regulados, levando em consideração as desigualdades, de
maneira que é muito difícil dissociar liberdade de igualdade.
A CF instaura entre nós o regime democrático e na família este modelo também é adotado.
Os filhos devem ter ampla liberdade; no ECA se vê esta liberdade demonstrada pelo valor que se dá a
palavra do menor de 12 anos quando este pode deliberar se quer ou não ser adotado por aquela família
substituta.
Ademais, vê-se esta liberdade também quando os cônjuges podem decidir qual será o regime de
casamento, podendo, inclusive, alterar este regime durante o casamento. Ou mesmo, a liberdade de
poder divorciar-se, independentemente de condição temporal (prazo).
No passado havia uma maior ingerência do Estado na relação familiar. Atualmente, contudo, as relações
familiares são geridas com maior liberdade.
Específicos:
Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os
filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou
enfermidade.
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DIREITO DE FAMÍLIA, 2018.1, Docente: Antônio Lago
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É por meio deste princípio que se enxerga o já citado caráter assistencial da Família.
Ex: art. 1.694, a possibilidade de assistência genérica alimentar entre os parentes, companheiros e
cônjuges.
Está implicitamente previsto na CF no art. 226, a partir dos modelos de família reconhecidos pela Magna
Carta, §§1º ao 4º (matrimonial, união estável e monoparental).
Aula 07 – 23/04/2018
Vem consagrado, de alguma forma, quando se determina que nenhum filho pode ser discriminado,
independente da filiação.
Está também determinado no teor do art. 227 da CF, ao se determinar que a criança e o adolescente
devem ser prioridade absoluta do Estado e que devem ter assegurados a elas, pelo Estado e pela
sociedade civil, o direito a convivência familiar e comunitária: o jovem tem direito a uma convivência
familiar sadia que possibilite a formação de sua personalidade.
Durante a infância a criança vive situação de vulnerabilidade, sendo justamente esta a razão jurídica
pela qual seu tratamento é diferenciado.
O ECA regulamenta os direitos e princípios que devem nortear a criança, sendo os principiais o da
paternidade responsável, o da proteção integral da criança e defesa do melhor interesse da criança.
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Num primeiro momento, atribui-se aos pais e à família a ASSISTÊNCIA do menor – não apenas
financeiramente, mas também o DEVER DE ASSISTÊNCIA MORAL, PSÍQUICA, EDUCACIONAL. Refere-se,
pois, a um DEVER ASSISTENCIAL da família para com as crianças e adolescentes.
No segundo momento, atribui-se este mesmo dever assistencial ao Estado, notadamente na busca da
proteção integral da criança e de seu melhor interesse, procurando sempre garantir à criança o convívio
na família natural e que seja este convívio sadio. Em última instância, sua colocação em família
substituta, quando esta for a opção que restar para atender o melhor interesse da criança.
No que se refere aos Idosos, também se atribui, a partir do art. 230 da CF, à família, o dever de assisti-
los, tendo em vista sua situação de vulnerabilidade.
O Estatuto do Idoso reconhece como Idoso o maior de 60 anos de idade. A partir de 65 anos, a
preocupação é mais específica e rígida, tratando-se com maior higidez e assegurando direitos exclusivos
a esta faixa etária.
Direitos que foram uma vez assegurados não podem ser futuramente retirados pelo Estado.
É princípio possível de ser alegado diante das relações dentro do direito de família.
Está relacionado ao livre planejamento familiar. O ESTADO NÃO DEVE INTERVIR NAS RELAÇÕES
FAMILIARES, a não ser que sua intervenção tenha o objetivo de aplicar políticas públicas que visem
educar ou coletar dados para elaborar perfis da família brasileira.
Não estará autorizado, no entanto (e, por exemplo) a intervir na família a fim determinar que mulheres
façam laqueadura ou até definir a quantidade de filhos que uma família possa ter.
Esta autodeterminação existiria apenas no tocante à questão patrimonial, na escolha do regime de bens
ou se estenderia para possível renúncia de certos deveres entre os cônjuges/companheiros (como o
dever de conviver, de monogamia, de fidelidade...)?
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DIREITO DE FAMÍLIA, 2018.1, Docente: Antônio Lago
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6. Princípio da Afetividade
As relações familiares NÃO se assentam em critérios exclusivamente biológicos, mas também sócio-
afetivos. Quando se fala deste princípio na relação familiar não se dá apenas na relação entre pais e
filhos (filiação), mas entre todos os membros da família.
Alguns autores, como Maria Berenice Dias, sustentam que o este princípio decorre necessariamente do
princípio da dignidade, tendo, portanto, valor jurídico, podendo dele ser exigido deveres e direitos,
gerando a possibilidade de se exigir juridicamente, inclusive, o afeto.
Será que efetivamente a afetividade é um principio? Porque se princípio for, o raciocínio acima estaria
correto. Mas será que é realmente possível exigir de alguém afeto? Ou seria o afeto condizente apenas
com a espontaneidade?
Afeto seria fato, circunstância, sentimento, mas não princípio? Seria, no máximo, um postulado?
Qual a relação desta afetividade com o abandono afetivo do pai ou da mãe? Seria, então, a afetividade
um dever?
Será que este dever de PRESENÇA do pai ou da mãe em relação ao filho não pode ser juridicamente e
suficientemente suprido diante do cumprimento do dever de assistência, uma vez que o dever
assistencial é moral, social, psíquico, para além de financeiro?
Mas e quando o filho ou filha passa a ser maior de idade, como seria suprida esta necessária
afetividade? Nesse caso, não cabe mais falar em dever de assistência, porque este se encerra com a
maioridade.
7. Princípio da Monogamia
Depois de casado, durante a constância de seu casamento, o sujeito não pode casar de novo (crime de
bigamia) nem tampouco trair; tem o dever de fidelidade. Atualmente, entretanto, não cabe
responsabilidade criminal para o adultério.
Em tese, também cabe este dever de ser monogâmico nas uniões estáveis.
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DIREITO DE FAMÍLIA, 2018.1, Docente: Antônio Lago
Discente: Daniela Schitini Leandro, UFBA
O problema reside na obrigação de ser monogâmico para os demais modelos de família, que são menos
formais que o casamento e a união estável. Atualmente, na verdade, até se questiona este dever na
união estável, considerando que esta é menos formal que o casamento, mas que teve pelo CC seu
tratamento em muito (e equivocadamente) equiparado ao casamento.
Será que na união estável caberia relação de poliamor ou a formação de famílias paralelas? Ou então,
seria cabível ter envolvimentos eventuais com outras pessoas, durante um relacionamento (“casamento
aberto”)?
Aula 08 – 25/04/2018
CASAMENTO
Retomando o ano de 1837, o Estado brasileiro não era laico, adotando a religião católica como oficial,
até a proclamação da república, quando houve a secularização do Estado brasileiro, deixando o direito
de família de ser tratado com ideais religiosos e passando a existir o CASAMENTO CIVIL (em 1890). Até
antes disso, como havia uma mistura entre os interesses do Estado e da igreja, só havia o casamento
religioso.
A lei, em 1890, que instituiu o casamento civil era uma lei inútil, pois as pessoas continuavam a casar
pelo casamento religioso. Então veio o CC-1916, com a ideia de que o casamento civil seria indissolúvel,
embora admitisse o desquite (que desfazia a sociedade conjugal, mas não dissolvia o casamento, havia o
vínculo conjugal que as unia por toda a vida). Ainda nesta época, as pessoas continuavam a casar pelo
religioso.
A lei 6.515/1977 (lei do divórcio) permitiu que o sujeito se divorciasse, seja pelo divórcio direto (período
de 5 anos de separação de fato e pedido direto de divórcio), seja pelo divórcio resultante da separação
judicial (conversão da separação judicial em divórcio) – a separação judicial seria “ante-sala” ao divórcio.
Todas as instituições republicanas consagraram este modelo de casamento que é o casamento civil.
A CF-88 consagrou o casamento civil. É o que dispõe seu art. 226, §§1º e 2º:
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DIREITO DE FAMÍLIA, 2018.1, Docente: Antônio Lago
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O CC-2002 em seu art. 1.512, caput, reproduz o artigo constitucional acima em seu §1º.
O CC-2002 de certa forma aderiu à possibilidade de discutir a CULPA de um dos cônjuges, podendo
penalizá-lo por perda da pensão alimentícia ou do nome, tendo sido a origem desta ideia de
culpabilidade a lei do divórcio.
O CC-2002 regulou exaustivamente o casamento, em 110 artigos e destinou à união estável 6 artigos,
muitas vezes copiando ou remetendo o intérprete ao casamento. Ademais, não regulou em nada os
outros modelos de família.
O CC-2002 não conceituou o casamento; trata de estabelecer quais são os requisitos e pressupostos do
casamento, bem como a questão da habilitação (o procedimento prévio necessário para aferir os
requisitos), a celebração do casamento, os efeitos de ordem pessoal e patrimonial. Trata do conteúdo e
da finalidade e não se preocupa em estabelecer o conceito de casamento.
Mas qual seria o conceito de casamento? Qual a natureza jurídica do casamento? O casamento integra
direito público ou privado?
Historicamente se entendia que o casamento era O ÚNICO MEIO DE CONSTITUIR FAMÍLIA (família
casamentária), e como a família seria a célula-mater da sociedade, havia um interesse do Estado em
regular quais os direitos e deveres que eram intrínsecos a esta relação. Por outro lado, a corrente
privatista, entendia o casamento como instituto de direito privado, calcada na ideia de autonomia da
vontade. Mais do que qualquer coisa, o direito de família como núcleo de desenvolvimento de proteção
do indivíduo, espaço de exercício do individualismo, deve ser um espaço de liberdade.
Atualmente há um misto entre o defendido pela teoria publicista e a teoria privatista: o casamento
estaria inserido nesse universo de liberdade, de exercício do individualismo, contudo o exercício
pessoal da vontade estaria submetido a certos limites determinados por lei – por normas de ordem
pública, não se falando mais em autonomia da vontade, mas em AUTONOMIA PRIVADA.
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DIREITO DE FAMÍLIA, 2018.1, Docente: Antônio Lago
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Foi adotada pelo CC Napoleônico, no século XIX, em 1804, considerando o casamento civil como um
CONTRATO cuja validade e eficácia decorreria exclusivamente da vontade das partes. Assim, para que o
casamento fosse válido e gerasse seus efeitos, notadamente os patrimoniais, bastaria que as partes
expressassem sua vontade de casar.
Aplicar-se-ia ao casamento, todas as regras comuns aos contratos, sendo possível, inclusive, a
DISSOLUÇÃO DO CASAMENTO, a partir do firmamento pelas partes, em comum acordo, do DISTRATO.
Em que pese ser moderna, ao ponto de admitir a possibilidade de dissolução do casamento, dependeria
esta dissolução da MÚTUA VONTADE de dissolver o matrimônio. Assim, se um cônjuge quisesse
encerrar o casamento e o outro não, não seria possível realizar o distrato e dissolver a relação, que se
manteria ao menos legalmente.
Ao entender o casamento como contrato, postava-se contra a concepção do casamento religioso, ato de
sacramento.
b) Institucionalista ou supraindividualista
O casamento não se compunha apenas de vontade. A vontade por si só seria insuficiente para
constituir o casamento, em que pese ser relevante. A essência do casamento seriam as regras dispostas
pelo Estado em que se estabeleceria um conteúdo mínimo para o casamento, cabendo apenas aos
interessados aderir a estas regras. Apenas o Estado é que poderia ditar as regras do casamento.
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DIREITO DE FAMÍLIA, 2018.1, Docente: Antônio Lago
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“Constitui um conjunto de regras impostas pelo Estado, que forma um todo ao qual as
partes têm apenas a faculdade de aderir, pois uma vez dada a referida adesão (através
da manifestação da vontade), a vontade dos cônjuges torna-se impotente e os efeitos
da instituição produzem-se automaticamente. (...) A vontade individual é livre para fazer
surgir a relação, mas não pode alterar a disciplina estatuída pela lei”.
c) Ato-condição
DUGUIT defende dentro da concepção sociológica que o casamento deve ser compreendido em dois
momentos: o primeiro momento, de formação, em que a vontade livre, consciente, manifestada de
forma inequívoca é essencial; e, em seguida a esta manifestação, um segundo momento, de chancela
estatal.
Seria um ATO VOLITIVO E JURÍDICO que pressupõe como condição para seu exercício a chancela estatal.
d) Eclética ou Mista
É um ato complexo/composto, resultante da fusão de dois momentos, sendo ao mesmo tempo contrato
e instituição. No entanto, não se trata de qualquer contrato: é um contrato especial, suis generis,
CONTRATO DE DIREITO DE FAMÍLIA, que não gira em torno somente de questões patrimoniais, pois se
prende a interesses morais e pessoais.
“Por meio de contrato faz-se o casamento, mas contrato de direito de família. Por outro
lado, é o registro civil que em verdade lhe dá existência jurídica e os efeitos civis; e tais
efeitos não são, em regra, contratuais, resultam do instituto casamento”.
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DIREITO DE FAMÍLIA, 2018.1, Docente: Antônio Lago
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normas de direito público impostas ao matrimônio. Sem vontade das partes não há casamento, bem
como sem o cumprimento às normas cogentes.
Aula 10 – 07/05/2018
O SFT deu uma INTERPRETAÇÃO CONFORME para excluir do art. 1.723 do CC qualquer interpretação
que restringisse a união estável a pessoas de sexos diferentes.
Se o STF entende que o artigo 1.723 não pode ser reduzido apenas a união entre homem e mulher,
dizendo inclusive que deve-se aplicar todo o regulamento da união estável à união homoafetiva, poderia
também ser aplicada a conversão da união homoafetiva em casamento.
O STF EQUIPAROU AS NORMAS que se aplicam à união estável à união homoafetiva, e, assim, pela
possibilidade de conversão, permitiu-se o casamento entre homoafetivos.
Observe que não foi a união homoafetiva equiparada à união estável. A união homoafetiva é uma
“espécie” diferente de união, mas a qual se aplicam as mesmas normas da união estável.
Não se pode dizer que união homoafetiva é a igual à união estável porque a CF determinou que a união
estável se daria entre homem e mulher e para alterar isto, seria necessária uma EC, que não houve.
Apenas houve pelo STF a aplicação de uma interpretação conforme ao art. 1.723 do CC – houve
mutação no sentido legal e não constitucional.
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A conversão da união estável em casamento, e, igualmente, da união homoafetiva, DAR-SE POR MEIO
DE AÇÃO JUDICIAL, o que é criticável, haja vista que a CF mandou “facilitar” a conversão em casamento
e a interposição de ação judicial não é trâmite que facilita nada: é mais fácil casar, simplesmente, em
que pese não poder dar efeitos retroativos aos anos anteriores de comunhão de vida, ou
simplesmente, pedir reconhecimento de união estável, em vez de convertê-la em casamento.
Capacidade
A IDADE NÚBIL – idade a partir da qual os indivíduos podem casar – é de 16 anos, seja para o homem,
seja para mulher. No CC-1916 havia diferença entre os sexos para a idade núbil, sendo a do homem 18 e
a mulher 16.
Para que o menor de 18 anos possa casar, tendo em vista que é possível, pois a idade núbil é de 16 anos,
devem, contudo, ter a concordância dos pais. Ainda que o sujeito esteja sobre guarda unilateral do pai
ou da mãe, aquele pai ou aquela que não tem a guarda, deve anuir para a celebração do casamento.
Ambos, então, devem ser ouvidos. Isso se justifica pelo poder de decisão que os pais têm pelos filhos,
ainda que não detenha a guarda.
Veja que se ambos os pais discordarem do casamento, apresentando justificativa sofrível, os nubentes
podem ingressar em juízo para obter autorização judicial. Nesse caso, sabendo-se que o menor de 18 e
maior de 16 precisa de alguém que represente seus interesses numa ação processual, e que legalmente
este representante é o responsável por ele, sendo seu pai ou sua mãe, e eles já são contra o desejo do
menor, HÁ CONFLITO DE INTERESSES. Por este motivo é que o CPC, no art. 72, I, determina a nomeação
de um curador especial.
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DIREITO DE FAMÍLIA, 2018.1, Docente: Antônio Lago
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Se for apenas um dos pais quem discordar do casamento, poderá ele mesmo procurar o juiz para suprir
a autorização do outro.
(...) “Divergindo os pais quanto ao exercício do poder familiar” – por exemplo, um autorizando que o
menor em idade núbil casa e o outro, não.
O casamento em idade núbil é uma das hipóteses de emancipação, a ocorrência do casamento. Ser o
sujeito casado. Isto é diferente de ter a autorização dos pais para casar. Não basta a autorização, que é
prévia ao casamento. Deve ter ocorrido o casamento efetivamente.
O art. 1.520 do CC estava conectado a dispositivo do CP que em 2005 foi revogado, sendo, portanto, a
revogação uma lei nova. Como a lei no direito penal não pode retroagir para prejudicar, quem praticou
tal conduta e casou “para evitar persecução penal” até 2005, continua podendo se valer dos efeitos do
art. 1.520 e daqueles revogados do CP. Após 2005, contudo, uma parte da doutrina defende que o art.
1.520 perdeu sua eficácia, estando obsoleto, em que pese não ter sido retirado do CC.
Impedimentos
É diferente de não ter capacidade. Lembra, um pouco, a ideia de legitimidade. O sujeito por algum
motivo está impedido de casar. Por exemplo, um pai não pode se casar com a filha, assim como o irmão
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não pode se casar com a irmã, nem tampouco o padrasto com a enteada. Todos estes exemplos de
impedimento estão ligados a uma questão moral.
As hipóteses aqui tratadas perpassam pelas relações de parentesco, existência de vínculo patrimonial, e
de genética, que não deixam de ser também, morais. Preocupa-se precipuamente em evitar o incesto.
Aula 11 – 09/05/2018
Em relação ao inciso III, entende-se: o cônjuge de quem me adotou, se não for pai ou mãe adotivo, é
padastro ou madastra.
Em relação ao inciso IV, entende-se: o que se chama de primo carnal pode casar, não havendo
impedimento nem moral nem jurídico. O impedimento é até o tio ou tia.
Em relação ao inciso IV, V e parte final do I: O inciso IV não supre a proibição de casamento entre
irmãos, existindo para isso o inciso V, haja vista a necessidade de se especificar a situação do vínculo
socioafetivo (adoção), pois quando uma criança é adotada ela não perde o vínculo, para fins de
impedimento de casamento, com a família biológica.
O inciso I também tem a mesma implicação, por proibir o casamento entre ascendentes e descendentes
sendo o vínculo natural ou civil.
Nesta discussão, para o impedimento de casamento remanesce o vínculo NATURAL entre pais e filhos,
mesmo que estes últimos tenham sido adotados.
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Em relação ao inciso IV: tecnicamente é hipótese de incapacidade absoluta, insuprível pelo juiz. É
hipótese de nulidade. Está relacionado também ao crime de BIGAMIA, a fim de proteger o patrimônio,
embora não se deixe de ver aqui, o imperativo da MONOGAMIA nas relações familiares. Caráter
monogâmico este, inclusive, que atualmente vem sendo questionado, se é princípio ou não do direito de
família, tendo em vista que as pessoas vêm constituindo famílias poliamorosas.
Em relação ao inciso VII, entende-se haver um forte conteúdo moral.Veda-se que a pessoa se case com
aquele que assassinou ou tentou assassinar seu cônjuge anterior.A questão temporal aqui é
controversa. O professor entende não ser aplicável esta vedação
Obs.: o processo de habilitação geralmente é anterior ao casamento, mas eventualmente pode ser
posterior.
Aquele sujeito que eventualmente conseguir casar, embora seja impedido, pode ter o casamento
afetado pela NULIDADE, tornando a celebração NULA. Essa nulidade, contudo, depende da alegação de
terceiros. Quem seriam esses terceiros legitimados a suscitar a NULIDADE do casamento por
impedimento? Ex: o cônjuge, um familiar próximo, o MP em nome da sociedade – pessoas que tem
interesse jurídico na nulidade do casamento.
Justifica-se a necessidade de se ter apenas legitimados para suscitar a nulidade (não sendo qualquer
pessoa capaz, como antes de celebrado o casamento) em razão de PROTEGER A FAMÍLIA.
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O art. 1.595 deixa claro que TAMBÉM SE APLICAM ESTES IMPEDIMENTOS ÀS RELAÇÕES DE
PARENTESCOS ORIUNDAS DA UNIÃO ESTÁVEL.
Obs.: PESQUISAR O Enunciado 98 da Jornada de Direito Civil (possibilidade de tia ou tio casar com
sobrinho (a), desde que prova, com laudos de dois médicos diferentes, que se tiverem filhos, este n]ao
está prejudicado pela proximidade da genética). Denomina-se este casamento, AVUNCULAR.
Veja que não se fala na IMPOSSIBILIDADE de casar. Recomenda-se que não haja o casamento. Há,
portanto, a possibilidade de celebrar-se o casamento nestas hipóteses, ainda que haja CONDIÇÕES para
este casamento.
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DIREITO DE FAMÍLIA, 2018.1, Docente: Antônio Lago
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Observa-se que os incisos I, III e IV tratam, em seu cerne, das mesmas situações, VISANDO EVITAR A
TURBAÇÃO PATRIMONIAL (A CONFUSÃO DOS PATRIMÔNIOS).
O inciso II visa EVITAR A TURBATIO SANGUINIS (rever página 02) e se enlaça com o art. 1.597, II. Começa-
se a contar o prazo de 10 meses a partir da morte do marido do casamento anterior ou do desfazimento
do casamento, haja vista presumir-se encerradas as relações sexuais entre eles (ter havido a separação
de corpus).
Em relação ao § único, um exemplo de HIPÓTESE EM QUE O JUIZ PODE RELEVAR a aplicação da causa
suspensiva que foi pensada a fim de evitar a turbação patrimonial, é a circunstância de o sujeito ter
apenas um BEM a partilhar.
Muito embora se apliquem as regras dos impedimentos do casamento à União Estável, as causas
suspensivas não são aplicáveis, haja vista que não há como se ter este controle, em razão da
informalidade desta união.
Habilitação
A habilitação pode ser entendida como o próprio procedimento ou a habilitação ato, que é a certidão
que o serventuário do cartório entrega aos nubentes, que poderá entregar a ao padre se o casamento
for religioso.
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DIREITO DE FAMÍLIA, 2018.1, Docente: Antônio Lago
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Pode em situação emergencial, como no caso de casamento nucunpativo e de moléstia grave em que se
dispense proclamas, não ser necessária esta certidão.
Havendo impugnação por impedimento absoluto ou causa suspensiva, quem decide a questão é o juiz
de direito, e é este remetido ao juiz por meio de ato do oficial do cartório. É garantida aos nubentes a
ampla defesa e o contraditório.
Se a pessoa que impugna a habilitação e gera todo o constrangimento, tem manifesta sua intenção
pessoal de atrapalhar o casamento, poderá responder civil e penalmente, desde que tenha agido com
culpa lato sensu e grave – isto é, que tenha agido dolosamente ou que tenha agido sem a mínima
cautela, sendo grave sua negligência ou imprudência.
É um procedimento que em regra não há participação judicial, apenas se houver impugnação, ficando os
nubentes irresignados com o fato obstativo e defendendo-se deste. Neste caso, caberá ao juiz decidir,
em decisão recorrível, pela improcedência ou procedência do impedimento alegado.
Celebração
O casamento civil é um ato solene, de passagem do estado de solteiro para o estado de casado.
Solenidade é todo e qualquer elemento agregado ao suporte fático para dar maior confiança à
exteriorização da vontade, dela em si mesma se distinguindo (que é apenas forma).
O casamento é ato solene, o que implica em dizer que tem uma forma, e esta sua forma é especial,
começando com a habilitação e terminando com o assentamento no livro de registro, sendo o produto
da inobservância das normas cogentes que o regem a inexistência do casamento. A exigência dessa
forma especial confere ao casamento seriedade, segurança jurídica e validade.
Seja o casamento civil ou religioso é ato solene, que deve obedecer a exigências determinadas.
O casamento se entende por constituído não somente com a expressão da vontade dos nubentes,
mas também com a declaração solene da autoridade celebrante, por meio das palavras sacramentais,
quais sejam: “De acordo com a vontade que ambos acabais de afirmar perante mim, de vos receberdes
por marido e mulher, eu, em nome da lei, vos declaro casados”.
Os que não podem faltar: nubentes, autoridade celebrante, os respectivos procuradores (se for o caso),
as testemunhas (que não instrumentárias; são representantes do interesse da sociedade) e o oficial do
registro.
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A certidão é ato do oficial do cartório que comprova que foi realizado anteriormente um
assentamento o qual por sua vez comprova que o casamento foi realizado. Assim, não se confunde
com o registro, que é o assentamento.
A prova do casamento é o registro. Mas apenas existe certidão, se tiver havido o assentamento do
casamento no livro de registro. PODEM EXISTIR MÚLTIPLAS CERTIDÕES, MAS HÁ APENAS UM
ASSENTAMENTO.
O assentamento fica registrado no livro do cartório em que foi registrado o nascimento dos nubentes.
O casamento é um negócio jurídico contratual, solene, bilateral, cheio de formalidades, com a presença
de pessoas indispensáveis, que merece prova como qualquer outro ato jurídico.
Nem sempre foi assim. Até antes do casamento civil, o casamento no Brasil era essencialmente
religioso, ficando os registros dos casamentos nos livros eclesiásticos, de maneira que a prova do
casamento não era tão relevante.
Com o casamento civil a lei erigiu um sistema rígido de provas, sendo a prova do casamento por meio da
certidão do registro ou assentamento.
Pode-se perder a certidão, sem maiores dificuldades. Mas e se perder o assentamento (extravio do livro
de registro ou um incêndio no cartório)?
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DIREITO DE FAMÍLIA, 2018.1, Docente: Antônio Lago
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A eficácia destas provas são precárias – na verdade o que elas provam é a posse do estado de casado.
Elas não substituem o registro/assentamento, de maneira que não suprimem o registro do casamento.
A prova da posse do estado de casado é utilizada para fins especificados/restritos.
A posse do estado de casado é uma SITUAÇÃO DE FATO, que carece de reconhecimento jurídico, o qual
será dado, ainda que não plenamente, porque de finalidade especificada, por meio das provas
testemunhais ou documental.
Tractatus – é preciso que se tratem como marido e mulher; que se comportem como marido e mulher;
acreditando piamente que estão na condição de casados.
Há posse do estado de casado quando os sujeitos se reconhecem como marido e mulher, se denominam
como marido e mulher; são reconhecidos pela sociedade como marido e mulher; e se tratam como
marido e mulher. Estes três elementos são apurados por meio de testemunhas ou de documentos.
Por que alguém ainda pediria atualmente a posse do estado de casado, se há a união estável?
Basicamente esse artigo atende a finalidade com que foi criado: que era permitir ao “filho ilegítimo”
provar ser filho.
Em que pese a posse do estado de casado não substituir o assentamento, PODE SER REQUERIDO AO
JUIZ QUE avalie as provas subsidiárias apresentadas, e CERTIFIQUE (POR MEIO DE SETENÇA) QUE O
CASAMENTO DE FATO EXISTIU, sendo a sentença procedente uma certificação do casamento, com os
mesmos efeitos do assentamento ou registro.
Veja, portanto, que a posse do estado de casado não substitui o registro, até porque tem seu
reconhecimento jurídico para situações específicas. No entanto, provando-se a posse do estado de
casado, se pode pedir ao juiz que por meio de sentença certifique que o casamento existiu, e A
SENTENÇA TERÁ OS MESMOS EFEITOS QUE O REGISTRO.
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DIREITO DE FAMÍLIA, 2018.1, Docente: Antônio Lago
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47min-51min
No caso de dúvida a respeito de ter ou não havido o casamento, em razão de provas contrárias, a posse
do estado de casado “pesará” para que se decida por ter ocorrido este.
Estado Civil
Solteiro, casado, separado judicialmente, divorciado e viúvo, todos eles relacionados a ideia de
casamento.
Separado judicialmente é aquele que ainda é casado, mas NÃO se opera sociedade conjugal.
Divorciado é aquele que teve o vínculo e a sociedade conjugal dissolvidos por meio de sentença.
De efeitos pessoais: saber se pode o sujeito casar ou não – se for viúvo ou separado judicialmente,
compondo causa suspensiva de casamento;
De efeitos patrimoniais: a depender do regime com que se casa, o bem que ele compra ou vende ou
doa, enfim, não é só dele, mas também de seu cônjuge;
A lei nega a prática de certos atos aos indivíduos porque são casados. Faltará legitimação.
57min-
O convivente, a união estável, gera estado civil? Não. A lei não exige que seja dado estado civil de quem
é convivente.
No entanto, o convivente ao celebrar a união estável também estabelece regime de comunhão de bens.
Não seria interessante então dar a segurança patrimonial?
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DIREITO DE FAMÍLIA, 2018.1, Docente: Antônio Lago
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EFEITOS DO CASAMENTO
Todo e qualquer casamento, com maior ou menor intensidade, a depender do regime de bens
adotados, geram efeitos patrimoniais, ainda que a separação seja total de bens – que não descarta a
possibilidade de formar um patrimônio comum na prática, o ARQUESTROS.
O primeiro efeito social que decorre do casamento é o fato de que, uma vez casando, os casados
compõem uma família, ainda que não se constitua prole. Logo, o primeiro efeito é a CONSTITUIÇÃO DE
FAMÍLIA.
O segundo efeito é a MUDANÇA DE ESTADO CIVIL. Esse estado de casado coloca o sujeito na posição de
exigir e de ser exigido determinados comportamento. Nesse meio, também, a mudança de estado
patrimonial, como por exemplo, o fato de se exigir de ambos os cônjuges a autorização para alienação
de bens ou comprometimento de outorga de fiança, aval, etc (atos de liberalidade). Assim, se passa a
ostentar uma posição de ilegitimação pessoal para prática de determinados atos.
O terceiro efeito é a FORMAÇÃO DE PARENTESCO (LAÇOS AFINS) COM OS PARENTES DE SEU CÔNJUGE,
o qual, todavia, não passa da pessoa do cônjuge. Assim, por exemplo, meu sogro não é parente de meu
irmão, nem a esposa de meu irmão é parente de meu marido.
Por força dos art. 1.723 e 1.724 o parentesco por afinidade não se estabelece apenas entre cônjuges,
mas também entre companheiros.
O último efeito social importante é a AQUISIÇÃO ANTECIPADA DE CAPACIDADE CIVIL PLENA por meio
do casamento, no que se diz EMANCIPAÇÃO.
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DIREITO DE FAMÍLIA, 2018.1, Docente: Antônio Lago
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O exame dos efeitos pessoais do casamento perpassa pelo cumprimento do conjunto de DIREITOS E
DEVERES RECÍPROCOS estabelecidos entre os cônjuges. Ex: dever de fidelidade; dever de coabitação.
A maioria dos autores clássicos impõe que estes direitos e deveres são irrenunciáveis, indisponíveis. No
pacto nupcial não se poderia, portanto, “liberar” o cônjuge para ter relações sexuais com outras pessoas
na constância do casamento. No entanto, este entendimento não é indiscutível.
Há parte doutrinária que pensa ostentar alguns destes deveres a natureza de disponibilidade, embora
exista um grupo de deveres que seriam sempre indisponíveis/irrenunciáveis, fixados em normas
públicas, como o dever de sustento e educação dos filhos.
Ser infiel significa quebrar a expectativa que o outro tem de uma relação monogâmica, indicando a
FALÊNCIA DA MORAL FAMILIAR.
Na sociedade ocidental em que pese haver possibilidade suficiente de discutir o poliamor, não se pode
desconsiderar que o casamento tem como característica que o marca a monogamia, tanto o é, que o
casamento com mais de uma pessoa gera a bigamia e que até pouco tempo atrás manter relação com
pessoa além do cônjuge configurava crime de adultério.
O adultério não é mais um tipo penal, embora seja um ILÍCITO CIVIL. Há quem defina o adultério como
mantimento de relações carnais com pessoa do sexo oposto. Indubitavelmente constitui FATOR DE
PERTUBAÇÃO DA ESTABILIDADE do lar e da família.
A primeira questão que se põe diante desse conceito é: será que é mesmo necessário ser a relação
sexual mantida com pessoa de sexo oposto? Obviamente que não. Também a relação sexual com
pessoa do mesmo sexo configura quebra da fidelidade.
Sem dúvida, quando se fala em fidelidade, pode-se falar em seu aspecto material/físico OU moral.
Será que a pessoa casada que mantém encontros furtivos com terceiro sem praticar atos sexuais estaria
configurando o adultério?
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DIREITO DE FAMÍLIA, 2018.1, Docente: Antônio Lago
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É óbvio que nessa situação ainda não foi configurado o adultério no viés material, mas há configurado
no aspecto moral.
E há autores que preferem encartar essas situações que não figuram propriamente adultério, por não
haver contato sexual (de que é exemplo o “adultério virtual”) como CONDUTA DESONROSA, em que
não se quebraria o dever de fidelidade, mas o DEVER DE RESPEITO RECÍPROCO.
Para o professor, seja o adultério material ou moral, há adultério. Não faria sentido separar adultério e
conduta desonrosa: tudo seria quebra da fidelidade, e, portanto, adultério.
Vê-se afinal que, o que o professor categorizou como adultério moral, corresponde ao que alguns
autores denominam conduta desonrosa – que não é, para eles, adultério (e que quebra o dever de
respeito mútuo, mas não o de fidelidade).
Além da ação de separação judicial, poderia o adultério gerar o direito de responsabilizar civilmente o
adúltero?
É discutível, no entanto, se seria possível a responsabilidade civil no caso de ofensa à honra subjetiva,
quando a traição não se torna pública, sem configurar situação vexatória. Há quem entenda
simplesmente que seria possível desde que se ferisse um dever decorrente do matrimônio. Há julgados
do STJ em que se manteve indenização decorrente de adultério, por não ter a esposa contado ao marido
traído que o filho que ele pensa ser seu, é, na verdade, do amante. Vê-se, aqui, caso extremo de quebra
não somente do dever de fidelidade, mas de respeito entre os cônjuges.
De qualquer modo, é certo que A INFIDELIDADE PODE DECORRER TANTO DA RELAÇÃO SEXUAL
MANTIDA COM UM TERCEIRO QUANDO DA RELAÇÃO NÃO SEXUAL.
O dever de fidelidade dura (e é exigível) enquanto durar o casamento, se desfazendo pela morte,
nulidade ou anulação do casamento ou pelo divórcio.
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DIREITO DE FAMÍLIA, 2018.1, Docente: Antônio Lago
Discente: Daniela Schitini Leandro, UFBA
Separação judicial – aquela que é registrada ou homologada em sentença. Nesses casos, é certo que
não haverá mais os deveres da sociedade conjugal, entre eles a fidelidade.
Separação de fato – A primeira corrente doutrinária entende que este tipo de separação NÃO extingue
o dever de fidelidade. Está baseada no art. 1.576 do CC, lido numa interpretação lógica, segunda a qual
a separação judicial põe a termo ao dever de fidelidade, em que nada se diz a respeito da separação de
fato. E onde o legislador não distinguiu, não cabe ao intérprete fazê-lo. Não é a posição majoritária.
A segunda corrente, por sua vez, entende que a separação de fato pode extinguir o dever de fidelidade
em determinadas circunstâncias, decorrendo o entendimento do art. 1.723, §1º.
Para efeito de união estável, tanto faz ser o sujeito separado judicial ou factualmente, desde que seja
separado, podendo assim contrair nova união estável. Nesse sentido, se subentende que
independentemente do tipo da separação, os laços estarão desfeitos, logo, também, os direitos e
deveres conjugais, entre eles a fidelidade.
O que a lei, de fato, deseja evitar é que um sujeito que tem ainda com outro, vínculo afetivo, possa
manter com um terceiro o mesmo vínculo, desfrutando da chancela estatal. Assim, estando os laços
desfeitos, não há porque impedir que possam se relacionar novamente, com outra pessoa.
Fora as hipóteses legais, podem os cônjuges que não desejam coabitar estabelecer cláusula neste
sentido no pacto nupcial, ainda que haja dúvida a respeito de sua legalidade. É recomendável que no
pacto nupcial os noivos disponham o desejo de não coabitarem e ainda quaisquer outras liberalidades
(disponibilizações) que desejem fazer, mesmo que não se tenha certeza da possibilidade jurídica de
fazê-lo (legalidade).
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DIREITO DE FAMÍLIA, 2018.1, Docente: Antônio Lago
Discente: Daniela Schitini Leandro, UFBA
Viés subjetivo: JUS IN CORPUS – direito do exigir do outro cônjuge que mantenha consigo relações
sexuais, conhecido também como DÉBITO CONJUGAL.
O débito conjugal chancelou por muito tempo a manutenção de relações sexuais conjugais FORÇADAS.
Isto é, que o marido exigisse da mulher manter relação sexual, em razão de ter o DIREITO DE MANTER
RELAÇÕES SEXUAIS. Atualmente o débito conjugal não autoriza a relação sexual forçada, porque se
assim fizesse seria chancelar o estupro. O que o débito conjugal significa atualmente é a possibilidade de
separar-se ou divorciar-se em razão da RECUSA SISTEMÁTICA do outro em manter relações sexuais
consigo, podendo implicar isso, inclusive, na causa de uma SEPARAÇÃO POR CULPA do outro.
- O débito conjugal pode justificar não a exigência forçada de sexo conjugal (estupro), mas um pedido
de divórcio CULPOSO, fundamentado em reiterada recusa do cônjuge de manter relações sexuais.
Por meio da evasão do lar/ABANDONO DO LAR, DURANTE UM ANO CONTÍNUO. Mas não se trata
simplesmente de sair de casa. É sair de casa, SEM O ÂNIMO DE REGRESSAR, porque o modo como está
o relacionamento não permite mais a coabitação (o que é diferente de sair do lar por questões
profissionais, por exemplo).
No entanto, não há a quebra do dever de coabitar nas hipóteses em que a lei aceita
EXCEPCIONALMENTE que vivam separados os casados, sem configurar o abandono de lar.
Há hipóteses que cessam o dever de coabitar por JUSTA CAUSA, estando previstas no art. 1.573, que
por força do § único não é taxativo. Vejamos.
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DIREITO DE FAMÍLIA, 2018.1, Docente: Antônio Lago
Discente: Daniela Schitini Leandro, UFBA
Obs.: a violência doméstica pode dar justa causa ao fim do dever de coabitar, dentro da amplitude do §
único, seguindo-se nesse sentido o princípio comum de todas as convenções: uma parte não pode exigir
o cumprimento da obrigação da outra se ela própria não cumpre com a sua (dever de respeito e
consideração mútuos).
O CC-16 dizia que o domicílio do casal seria definido pelo marido (cônjuge varão). Assim,
necessariamente o lar da mulher era o do domicílio do cônjuge.
Atualmente O LAR FAMILIAR não é o lar do cônjuge varão, mas aquele em que escolherem os cônjuges,
juntos, coabitar – o que é uma expressão da igualdade no Direito de Família.
O CC traz a ideia de PLURALIDADE DOMICILIAR, de maneira que podem os cônjuges ter mais de um
domicílio, por alternadamente manterem duas ou mais residências. Foi o exemplo em que um cônjuge
mora em Lauro de Freitas, durante a semana, e o outro em Salvador, mas nos finais de semana ficam
juntos ou em Lauro ou em Salvador.
Como a escolha do domicílio conjugal deve ser feita em conjunto pelos cônjuges, por força do art.
1.567, § único, eventual desacordo no tocante a essa escolha poderá ser sanado em juízo.
O terceiro efeito de ordem pessoal do casamento decorre do DEVER DE MÚTUA ASSISTÊNCIA, previsto
no art. 1.566, III do CC.
O dever de assistência recíproca também apresenta um viés de subjetivo (moral) e outro objetivo
(material).
O viés material/objetivo é o apoio financeiro que paira sobre AMBOS os cônjuges, um para com o outro.
Assim, o cônjuge A tem de dar suporte financeiro ao cônjuge B, assim como B tem de dar suporte a A.
Vê-se este dever se manifestando escancaradamente quando um dos cônjuges “não anda muito bem”,
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DIREITO DE FAMÍLIA, 2018.1, Docente: Antônio Lago
Discente: Daniela Schitini Leandro, UFBA
quando se encontra desempregado, por exemplo, recaindo sobre o outro uma maior parcela do suporte
financeiro, devendo assisti-lo e suportar as finanças do casal, dos filhos, da residência, etc.
IMPORTANTE! O dever de assistência mútua não se confunde com o dever alimentar destinado ao
cônjuge, que decorre, justamente, da quebra do dever de assistência mútua. É um substitutivo deste
primeiro dever, que é fundamento para a ação de alimentos.
“Se qualquer dos cônjuges faltar ao dever de assistência, pode ser compelido compulsoriamente à
prestação alimentar”.
O aspecto moral/subjetivo do dever de mútua assistência implica em dizer que o cônjuge não tem
apenas o dever de auxiliar financeiramente o outro, mas também o de prover APOIO EMOCIONAL.
No contexto do dever de assistência recíproca, aponta Carlos Roberto G. como relevante o art. 1.565 do
CC, o qual ao falar em “responsáveis mutuamente pelos encargos da família” revela o aspecto objetivo
deste dever e que ao falar em serem os cônjuges “mutuamente consortes e companheiros” indica seu
lado subjetivo, por refletir a parceria de INTERESSES E DEDICAÇÃO que devem envolver a vida em
comum do casal.
O descumprimento do dever de mútua assistência pode ensejar a prática do crime do art. 244 do CP,
ABANDONO MATERIAL, principalmente no que toca ao seu aspecto material (financeiro).
O quarto efeito de ordem pessoal do casamento é o DEVER DE SUSTENTO, GUARDA E EDUCAÇÃO DOS
FILHOS, que não são alterados pela separação ou pelo divórcio dos pais, nem pela contração de novo
casamento. Por isso, assim como em relação aos cônjuges, o sustento que os pais devem aos filhos se
impõe de forma inexorável, previsto em norma de ordem pública.
São deveres que devem ser observados por ambos os cônjuges, na constância ou não do casamento, na
proporção de seus recursos e possibilidades. É o que impõe o art. 1.703 e o final do art. 1.568:
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DIREITO DE FAMÍLIA, 2018.1, Docente: Antônio Lago
Discente: Daniela Schitini Leandro, UFBA
Na situação em que haja recusa injustificada dos pais de sustentar os filhos pode-se configurar o
ABANDONO MATERIAL.
Obs.: O crime de abandono material, como se vê, se dá diante da quebra do dever de assistência mútua,
em situação de recusa financeira entre cônjuges, e, também, quando os pais se recusam
injustificadamente a prover financeiramente os filhos.
A relação de assistência entre pai e filho prolonga-se até os 24 anos do descendente, se o filho estiver
estudando, desde que esteja se falando da relação paterno-filial.
Contudo, pode ser que surja essa necessidade de alimentos em decorrência não da relação paterno-
filial, mas em razão da SOLIDARIEDADE ENTRE OS PARENTES, observando-se os pressupostos do
binômio necessidade-possibilidade, sendo desimportante a questão da idade.
Todo pai e toda mãe tem o direito de ter consigo os filhos. Nesse contexto é que surge o DIREITO E O
DEVER DE GUARDA.
Em relação à guarda dos filhos, a partir do divórcio, a regra é que a guarda seja compartilhada/bilateral,
mas é comum (embora não desejável) se estabelecer a guarda unilateral, o que, por sua vez, não quer
dizer que o pai ou a mãe que não tem a guarda do filho, não tenha o direito de opinar sobre as escolhas
em relação à vida dele – tanto o é que tem o direito à regulamentação de visitas.
No tocante ao DEVER DE EDUCAÇÃO, todo pai e toda mãe tem o direito de decidir a respeito de como
educará seu filho, tanto no contexto da educação doméstica, como no da educação formal.
Veja que existe um direito de decidir como educar, mas EDUCAR é um dever e não uma escolha.
Se se deixa de educar o menor, notadamente no que diz respeito a sua educação formal, corre-se o risco
de responder por crime de ABANDONO INTELECTUAL.
Aula 16 – 18/06/2018
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DIREITO DE FAMÍLIA, 2018.1, Docente: Antônio Lago
Discente: Daniela Schitini Leandro, UFBA
Na ordem de efeitos pessoais, como decorrência da igualdade entre os cônjuges, a doutrina aponta a
possibilidade de se ACRESCER AOS SEUS OS PATRONÍMICOS/APELIDOS/SOBRENOMES DE SEU
CONSORTE.
Atualmente se trata de uma faculdade, mas antes da lei de divórcio (em 1977) a mulher era OBRIGADA
A INCLUIR em seu nome o patronímico do cônjuge varão.
Com o CC-2002 tanto pode o marido, como a esposa, acrescer o patronímico ou os apelidos do cônjuge.
À luz da lei do divórcio, havia uma circunstância no mínimo pitoresca: a mulher que eventualmente
pedisse a separação (para depois divorciar-se, já que não havia divórcio direto, sendo a separação a
“antessala” do divórcio) perderia o direito de usar o sobrenome do cônjuge depois de separada, bem
como o perderia se fosse considerada culpada pela separação ou após o divórcio.
Art. 1.571:
Segundo este artigo, É ASSEGURADO TANTO AO HOMEM QUANTO A MULHER ACRESCER OS APELIDOS
DE FAMÍLIA, DESDE QUE O QUEIRA. Entretanto, permanece o entendimento segundo o qual, se
qualquer dos cônjuges for considerado culpado pela separação ou divórcio, e o cônjuge inocente
expressamente requerer que o culpado retire o seu patronímico do nome, será deste obrigatoriamente
retirado o apelido, a não ser que demonstre, excepcionalmente, que a retirada desse sobrenome
gerará:
Constrangimento ou confusão relacionado aos filhos, por não ter o mesmo nome destes;
Por razão profissional, quando é muito conhecido pelo nome de casado, sendo sua retirada
prejudicial;
Qualquer situação de grave dano reconhecida em sentença de separação judicial;
Assim:
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DIREITO DE FAMÍLIA, 2018.1, Docente: Antônio Lago
Discente: Daniela Schitini Leandro, UFBA
Chama atenção Carlos Roberto G., que poder acrescer aos seus o sobrenome do cônjuge não implica em
poder substituir o seu pelo do outro; em suprimir o sobrenome original, de família, pelo do cônjuge. E é
isto impossível para concretizar o PRINCÍPIO DA ESTABILIDADE DO NOME.
Conclui-se:
Desde que o cônjuge não renuncie, pode manter o nome de casado; e mesmo sendo culpado pelo
desfazimento do casamento, ainda que requeira o cônjuge inocente pela retirada de seu sobrenome,
poderá o culpado mantê-lo nas três circunstâncias anteriormente citadas.
O próprio STJ diz que quando se envolvem questões existenciais a culpa não é hábil a afastar o direito
que se integrou e passou a internalizar a personalidade da pessoa – raciocínio em que se pode incluir o
próprio direito ao nome.
Efeitos patrimoniais
Do casamento decorrem para além dos efeitos sociais e pessoais, os efeitos patrimoniais.
Quando se casa com alguém se passa também a ter uma relação patrimonial com esta pessoa. É uma
sociedade familiar/afetiva, mas também patrimonial. Há um esforço para construção de afeto, mas
também de patrimônio, tendo em vista a possibilidade de enfrentar dificuldades no futuro.
Há os BENS PARTICULARES OU RESERVADOS, que não se comunicam, como a herança que um dos
cônjuges vem a receber depois de casado. E há os BENS COMUNS do casal. Ademais, pode-se ter
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DIREITO DE FAMÍLIA, 2018.1, Docente: Antônio Lago
Discente: Daniela Schitini Leandro, UFBA
também apenas um tipo de bens, comum a todos, independentemente de ter sido adquirido antes ou
depois da constância do casamento, como o é no REGIME DE BENS DE COMUNHÃO UNIVERSAL.
A assistência mútua perfaz-se tanto de aspecto material/financeiro, como moral. Neste sentido, a
dimensão patrimonial/objetiva/material da assistência mútua não deixa de ser um efeito de ordem
patrimonial.
Como já visto, o dever de assistência recíproca, em seu aspecto financeiro, eventualmente descumprido,
pode gerar um dever para um cônjuge de pagar pensão alimentícia ao outro, tendo por base a
solidariedade familiar, na qual se encontra todos os membros familiares, independentemente do
parentesco (como é o caso justamente dos cônjuges, que não são parentes, “simplesmente” cônjuges).
A HERANÇA LEGÍTIMA conta com uma ordem de chamamento, dita ORDEM DE VOCAÇÃO
HEREDITÁRIA, que costumava se iniciar pelos descendentes vivos, seguida pelos ascendentes vivos, e,
não achando nenhum dos anteriores vivos, o cônjuge. Nessa realidade o cônjuge era MEEIRO, o que
significava dizer que, morrendo um cônjuge, o sobrevivente ficava necessariamente com 50% do
espólio.
Atualmente, não sendo mais o cônjuge MEEIRO, ainda tem legitimidade para herdar, mas deve disputar
em igualdade com os descendentes e ascendentes vivos pelo espólio.
A ordem de vocação seguirá a seguinte lógica: morrendo um cônjuge, entra o cônjuge supérstite ao lado
dos descendentes para disputar a partilha.
Sendo TODOS OS FILHOS DO MESMO CASAL, o cônjuge não pode ficar com menos de 25% (1/4) do
espólio, restando todos os outros filhos disputando igualmente no máximo os remanescentes 75%.
Sendo PELO MENOS UM DOS FILHOS FORA DO CASAMENTO, o cônjuge concorrerá igualmente a todos
os herdeiros, sem ter nenhum percentual mínimo reservado a si.
NÃO HAVENDO NEM DESCENDENTE NEM ASCENDENTE, o cônjuge supérstite herdará todo o espólio
sozinho.
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DIREITO DE FAMÍLIA, 2018.1, Docente: Antônio Lago
Discente: Daniela Schitini Leandro, UFBA
Outro efeito patrimonial reservado POR LEI ao cônjuge sobrevivente é o DIREITO REAL DE HABITAÇÃO,
podendo este permanecer no imóvel da família ou outro de mesma natureza durante toda a sua vida,
ainda que não seja o imóvel em que residia o casal. Veja que isso não impede que o referido imóvel
concorra na partilha enquanto o cônjuge supérstite estiver vivo, mas significa que não poderá ser
vendido (haja vista o direito de habitação do viúvo).
O que se quer evitar é que para fins de partilha, o herdeiro submeta o viúvo a sair do imóvel em que
residia ou que poderia residir, ficando sem ter onde morar, por exemplo, ou que obrigue o supérstite a
desfazer laços afetivos no local que morou por tanto tempo e com os vizinhos que por tanto tempo
conviveu.
O DIREITO DE USUFRUIR que os pais, guardiães legais, têm de gerir os bens dos filhos menores, é outra
questão patrimonial importante que decorre do casamento.
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DIREITO DE FAMÍLIA, 2018.1, Docente: Antônio Lago
Discente: Daniela Schitini Leandro, UFBA
INVALIDADE
Existem regras próprias que só se aplicam ao regime de família. O legislador tem o condão de definir
como nulo o que na regra geral seria anulável, por exemplo.
A questão da capacidade, como regra, sofre mitigações. A incapacidade no direito de família gera
anulabilidade – e não nulidade (como na regra geral).
1- Casamento Inexistente
O ato inexistente é aquele que não tem os elementos DE SUFICIÊNCIA do suporte fático. Ocorre muitas
vezes pela celebração de casamento realizada por quem não tinha autoridade para tanto – isto é, não
ter sido celebrado o casamento pela autoridade competente: juiz de paz (que não é juiz de Direito, nem
oficial do cartório) ou líder religioso.
Será que nos tempos atuais a diversidade dos sexos pode ser considerada um elemento de existência?
Não, pois como já visto, pessoas do mesmo sexo podem realizar união homoafetiva, a qual pode ser
convertida em casamento, nos mesmos termos da união estável.
O enunciado 1.621 da jornada de direito civil sustenta que É EXISTENTE E VÁLIDO o casamento entre
pessoas do mesmo sexo.
ATENÇÃO! Não deixe de observar que a existência de vontade VICIADA é diferente de não haver
vontade.
Ademais, também não se confunde a VIS ABSOLUTA com a VIS COMPULSIVA. A vis absoluta é
equiparada à nulidade, pois é compelir o outro a fazer o que não é sua verdadeira vontade, através de
ameaça física. Já a VIS COMPULSIVA gera a anulabilidade, por se tratar de violência psicológica, que faz
com que a pessoa prefira fazer o que não queria inicialmente, apenas para “se livrar” da pressão
psicológica em que se encontra.
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DIREITO DE FAMÍLIA, 2018.1, Docente: Antônio Lago
Discente: Daniela Schitini Leandro, UFBA
O casamento quando é inexistente não produz efeito nenhum, assim, a sentença que reconhecer a sua
INEXISTÊNCIA é de natureza declaratória de efeitos ex tunc, podendo eventualmente haver um
CONTEÚDO CONSTITUTIVO NEGATIVO, se tiver havido assentamento do matrimônio. Ou seja, pode
eventualmente a sentença que reconhece a inexistência também DESCONSTITUIR o registro que fora
feito do casamento.
2- Casamento Nulo
É aquele casamento que existe, porque os elementos jurídicos de SUFICIÊNCIA do suporte fático foram
preenchidos, mas falta EFICIÊNCIA a este suporte fático. Assim, o suporte fático é mal formado, porque
DEFICIENTE.
Como já salientado, o Direito de família no tema das invalidades não tende a cumprir com a regra geral,
tendo regramento específico, o qual decorre da política legislativa adotada. Nesse sentido, é sabido que
a incapacidade gera anulabilidade e não nulidade.
Estão as hipóteses de casamento NULO no art. 1.548, que após revogação do inciso I, acabou
consistindo somente nas hipóteses de impedimento do casamento (art. 1.521). Vejamos.
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DIREITO DE FAMÍLIA, 2018.1, Docente: Antônio Lago
Discente: Daniela Schitini Leandro, UFBA
O casamento realizado infringindo impedimento pode ser suscitado a qualquer momento, não sendo
possível a sua conservação, porque o vício nele contido não há como ser sanado, não convalesce com o
tempo e é imprescritível.
Como regra, o ato nulo não produz efeito, sendo qualquer efeito que se verifica apenas PRÁTICO e não
jurídico. A sentença que reconhece a NULIDADE (assim como a que reconhece a inexistência) é
meramente declaratória de efeito ex tunc. Motivo pelo qual se diz que o ato nulo não produz efeitos.
Aula 17 – 20/06/2018
Tudo é uma questão de política legislativa, devendo-se saber que geralmente o ato nulo viola norma de
ordem pública, enquanto o anulável geralmente viola normas que resultam da vontade das partes.
Só tem interesse JURÍDICO para suscitar a nulidade do casamento as pessoas que tiveram seus
interesses (jurídicos) maculados com a realização do matrimônio ou o MP. É o que dispõe o art. 1.549:
Vê-se, disto, considerando que na regra geral a nulidade não deve ser alegada, mas conhecida de ofício
pelo juiz, que a NULIDADE DO CASAMENTO excepciona a regra geral das nulidades, porque não é
conhecível de ofício pelo magistrado, devendo ser suscitada/alegada pelo MP ou por terceiro
juridicamente interessado. Compõe, assim, uma HIPÓTESE EXCEPCIONAL DE ALEGAÇÃO DE NULIDADE.
Destarte, o juiz NÃO PODE conhecer ex officio a nulidade do casamento, por ter ocorrido em situação de
impedimento, a fim de proteger a família.
A nulidade, no casamento, sofre temperamentos, é regida por normas próprias, que se distanciam da
hipótese de nulidade que se estuda em teoria geral do direito civil.
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DIREITO DE FAMÍLIA, 2018.1, Docente: Antônio Lago
Discente: Daniela Schitini Leandro, UFBA
O casamento nulo é um casamento praticado com violação a certos preceitos que impliquem em
impedimentos absolutos, não passíveis de ratificação, nem mesmo por autorização do juiz. É
imprescritível e de eficácia erga omnes. (hipóteses do art. 1.521).
Veja que, portanto, anos depois de casados, quando alegada a nulidade do casamento, o ato será
declarado nulo, retroagindo ao momento de sua suposta celebração, desfazendo-se os efeitos que em
tese nem deveriam existir, devolvendo-se as partes ao seu status quo ante.
É exceção, contudo, compondo o que Marcos Bernardes de Melo chamou de “eficácia excepcional do
ato nulo” o exemplo do casamento putativo, porque se mantém ALGUNS DETERMINADOS efeitos,
apesar de o ato ser nulo, bem como no outro exemplo dado pelo professor, do servidor público que
equivocadamente passou a receber determinada gratificação, sendo este ato de gratificação nulo,
contudo, se manterá o servidor recebendo a gratificação indevida, porque se tornou direito adquirido
daquele, sendo a verba irrepetível (isto é, que não pode ser retirada).
Quanto às pessoas com deficiência (inclusive, mental), entende-se ordinariamente que são capazes,
logo, podem casar, desde que expressando sua vontade, e não só isso: são capazes para tomar decisões
relativas ao planejamento familiar. Com isto, o inciso I do art. 1.548 foi revogado pelo Estatuto da
Pessoa com Deficiência, porque não se entende mais NULO o casamento de deficientes.
Enquanto pessoas capazes, a regra é que o deficiente não tenha curador ou tutor, nem mesmo para
geri-lo em questões patrimoniais. Pode, eventualmente, eleger APOIADORES para decisões em questões
existenciais, e excepcionalmente, pode ser nomeado juridicamente para ele, TUTOR, para tomada de
decisões de cunho patrimoniais. Nesse caso (de ter sido nomeado tutor), para casar, independe o
deficiente de autorização ou concordância do tutor, mas para a escolha do PACTO NUPCIAL deverá ser
assistido por este tutor, em igual circunstância ao pródigo.
As hipóteses de nulidade são taxativas – não há nulidade sem lei prévia que a defina.
Outrossim, pode haver também sentença de natureza desconstitutiva, de efeito ex tunc, como no caso
do casamento nulo, não putativo, que foi registrado, devendo-se DESCONSTITUIR/CANCELAR este
assentamento.
Casamento anulável
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DIREITO DE FAMÍLIA, 2018.1, Docente: Antônio Lago
Discente: Daniela Schitini Leandro, UFBA
No direito de família, com relação ao casamento, tanto faz se o sujeito é civilmente absoluta ou
relativamente INcapaz, porque quaisquer dos graus de incapacidade gerará ANULABILIDADE do
matrimônio.
A anulabilidade convalesce* com o tempo (é prescritível) e pode ser sanada (a vontade pode ser
alterada; o ato pode ser ratificado).
Vê-se a sanação na hipótese do inciso V, por exemplo, em razão da posterior coabitação. E também com
o inciso III, quando se ratificar o ato, por exemplo.
A incompetência vem em duas ordens: absoluta ou relativa. A absoluta diz respeito a matéria e a
relativa, a lugar, sendo respectivamente também denominadas: incompetência material e territorial.
Quando a lei fala que é ANULÁVEL o casamento realizado por incompetência da autoridade celebrante
(inciso VI), trata-se de incompetência territorial/relativa. Por exemplo, a autoridade celebrante de
Simões Filho, realizar casamento em Salvador, sendo este anulável, a não ser que seja caso de aplicação
da TEORIA DO CELEBRANTE APARENTE – aquela em que de boa-fé, os cônjuges demonstram que
casaram por meio daquele celebrante porque este costumeiramente realizava casamentos em Salvador
e que acreditaram nele.
Se, no entanto, for caso de incompetência material/absoluta, como por exemplo, um delegado
realizando o casamento, se terá hipótese de casamento INEXISTENTE e não de casamento anulável.
Aula 18 – 25/06/2018
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DIREITO DE FAMÍLIA, 2018.1, Docente: Antônio Lago
Discente: Daniela Schitini Leandro, UFBA
Restou faltando na última aula tratarmos dos VÍCIOS DE VONTADE/CONSENTIMENTO (erro e coação)
ENQUANTO CAUSA DE ANULABILIDADE DO CASAMENTO.
Erro é a manifestação de vontade em desconformidade com aquela que é a sua verdadeira, em razão de
se ter avaliado mal uma realidade ou por ter ignorado esta realidade.
No entanto, não basta que ocorra erro para que ele seja invalidante. O erro só é causa de anulabilidade,
sendo, assim, invalidante de ato jurídico, quando é um erro essencial, ou seja, o erro acidental não vicia
o ato. Erro essencial, por sua vez, é aquele sem o qual o negócio jurídico não seria celebrado. Se o
sujeito não ignorasse a realidade ou não a entendesse mal, o negócio não teria sido realizado.
O erro que gera a anulabilidade no casamento é o ERRO IN PERSONA, aquele que diz respeito a
QUALIDADE ESSENCIAL da pessoa.
Veja que se exige ignorância do erro in persona antes do casamento e seu conhecimento após o
casamento, bem como a insuportabilidade da comunhão da vida causada pela descoberta desse erro.
Obs.: Exige-se o desconhecimento da qualidade essencial da pessoa que gerará o erro, antes do
casamento porque, se a pessoa conhecesse do erro que imacula a identidade, honra ou boa-fama do
cônjuge, antes do casamento, com ele não casaria. E não casaria porque o erro torna a comunhão da
vida insuportável. Seria o caso, por exemplo, de descobrir após o casamento que seu cônjuge era um
assassino.
Discute-se, neste ponto, o descobrimento, após o casamento, de que seu cônjuge é TRANSEXUAL, tendo
feito cirurgia de redesignação. A maior doutrina entende que pode esta situação figurar erro in persona,
por afetar a identidade do cônjuge.
Discute-se isto na doutrina, porque nem todo dolo é invalidante, uma vez que para ser invalidante ele
precisa ter em seu cerne, um erro. Isto é, precisa a pessoa realizar um erro em razão da indução de um
terceiro, que retira vantagem para si ou para terceiro deste erro.
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DIREITO DE FAMÍLIA, 2018.1, Docente: Antônio Lago
Discente: Daniela Schitini Leandro, UFBA
O Direito Alemão entende que é possível se valer do dolo para gerar erro e o outro acabar casando por
causa deste erro. Contudo, se este dolo consistir no fato de a pessoa se fazer visivelmente mais “rica”,
não implicará dolo, tendo em vista que se fosse isso possível, estaria se chancelando o casamento
voltado por puro interesse financeiro, o que atenta contra a moralidade e boa-fé.
Obs.: Lembre-se que a ameaça física leva a nulidade, enquanto a ameaça psicológica leva a
anulabilidade.
Ocorre a coação quando por qualquer meio, desimportante qual, um sujeito ameaça o outro de um
modo tal apto a induzir um receio tão forte de dano para si ou para sua família que leva o coacto a
preferir fazer cumprir os termos da ameaça, manifestando vontade que não é inteiramente a sua.
O prazo para pleitear a anulação do casamento por coação é de 4 anos e por erro essencial quanto a
qualidade da pessoa é de 3 anos.
Se aquele que agiu em erro ou aquele que foi vítima de coação COABITA com o sujeito após ter
descoberto do erro ou após ter sido coagido, haverá CONVALIDAÇÃO.
Observa-se do artigo acima, também, que quem tem legitimidade para pleitear a anulação do
casamento em razão de coação ou erro é o cônjuge que agiu em erro ou que foi vítima da coação.
No caso da revogação do mandato, só aquele que casou sofrendo da perda do mandato do outro, isto
é, somente o nubente não mandante, é que terá legitimidade.
Também é anulável o casamento que ocorreu por meio de mandato (procuração), quando o cônjuge
que seria representado pelo procurador, revogou mandato (a procuração) sem que nem o outro
cônjuge nem o procurador conhecesse deste fato, sendo celebrado o casamento com base em
instrumento que não é apto a revelar a vontade do sujeito, não havendo, aí, manifestação de vontade
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DIREITO DE FAMÍLIA, 2018.1, Docente: Antônio Lago
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ATUAL do cônjuge que seria representado. Em realidade, seria caso de inexistência, por falta de
manifestação de vontade, mas por opção legislativa passou a ser hipótese de anulabilidade, sendo
possível a convalidação se após tiver havido coabitação entre os cônjuges.
Difere-se tanto da sentença que decreta a nulidade, como da sentença que reconhece a inexistência,
haja vista que estas duas são de natureza declaratória – por não ser apto o ato inexistente, nem, em
regra, o ato nulo, a gerar efeitos, de maneira que não haverá o que ser desconstituído (com exceção do
casamento putativo, como já mencionado). Assemelham-se, no entanto, quanto a regra do efeito ex
tunc.
CASAMENTO PUTATIVO
Embora em erro escusável, o sujeito age confiando (de forma razoável) que está agindo conforme o
Direito – que sua atuação é legítima.
Se os dois estiverem de má-fé, o casamento será invalidado, nulo ou anulável, conforme se encaixe em
hipótese de impedimento (nulidade) ou anulabilidade. E putatividade não haverá: para ser casamento
putativo, é necessário que pelo menos um dos cônjuges tenha agido de boa-fé.
O putativo BILATERAL ocorre quando ambos os cônjuges ignoram o vício, logo, quando ambos os
cônjuges estão de boa-fé. Há putatividade, que mantém os efeitos sociais, patrimoniais e pessoais do
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DIREITO DE FAMÍLIA, 2018.1, Docente: Antônio Lago
Discente: Daniela Schitini Leandro, UFBA
casamento produzidos até o momento em que for requerida a invalidação deste. Declarando o juiz a
invalidade do matrimônio (por nulidade ou anulabilidade), mantêm-se os efeitos que foram produzidos
até o momento de desfazimento do casamento por meio da sentença, sendo a sentença declaratória de
efeitos EX NUNC – dali em diante.
Por sua vez, EM RELAÇÃO AO CÔNJUGE DE MÁ-FÉ, a sentença produzirá efeitos EX TUNC, retroagindo
ao momento da celebração do casamento, DESCONSTITUINDO-O, retirando dele qualquer direito que
possa ter advindo da relação patrimonial.
Neste prisma, QUAISQUER BENS QUE TENHAM SIDO ADQUIRIDOS POR ESFORÇO COMUM SERÁ, EM
VERDADE, DE PROPRIEDADE DO CÔNJUGE DE BOA-FÉ. Ademais, poderá este cônjuge de boa-fé, exigir
do cônjuge de má-fé, que pague pensão alimentícia, se for o caso, haja vista que para ele o casamento
ocorreu até o momento de sua invalidação, mantendo-se, assim, seus efeitos pessoais, como o direito à
assistência mútua.
A invalidação do casamento, havendo putatividade ou não, isto é, estando todos de má-fé ou não,
manterá os efeitos civis (do matrimônio) em relação aos filhos.
O casamento inválido também produz efeitos, além de em relação aos filhos, ao terceiro, de boa-fé.
Para o Direito Francês é possível por meio da putatividade se atribuir eficácia ao casamento inexistente.
Para o Direito Alemão, isto não é possível, porque o que não foi previsto no CC não poderia ser aplicado
pelo aplicador do Direito. Do casamento inexistente não seria possível extrair efeito algum.
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DIREITO DE FAMÍLIA, 2018.1, Docente: Antônio Lago
Discente: Daniela Schitini Leandro, UFBA
DISSOLUÇÃO DO CASAMENTO
Há algumas hipóteses que geram a dissolução do casamento, entre elas, a anulação e a nulidade –
hipóteses em que se desfaz o matrimônio por ser inválido.
As mais comuns são a de separação, divórcio e viuvez (morte), em que o matrimônio desfeito é válido.
No CC-1916 não existia a possibilidade de divórcio, em que pese no CC de sua inspiração (CC
napoleônico) ter este sido previsto. O que se falava era em DESQUITE, instituto jurídico que desfazia a
sociedade conjugal, mas não o vínculo, de maneira que as pessoas desquitadas não podiam voltar a
casar.
A lei 6.515/77 foi o instrumento legislativo que instituiu no Brasil, o divórcio e acabou com o desquite,
substituindo-o pela separação judicial, impondo que todos aqueles que estivessem desquitados
estariam na verdade, separados judicialmente, o que, por sua vez, permitiu que as pessoas antes
desquitadas, agora judicialmente separadas, requeressem a conversão da separação judicial em
divórcio.
Esta lei criou um sistema bifásico para o divórcio, no qual havia a separação, como uma espécie de
antessala do divórcio, estabelecendo um prazo de 5 anos de separação de fato para pedir a separação
judicial e depois mais 3 anos para conversão da separação judicial em divórcio.
A CF-88 foi o instrumento que EFETIVAMENTE instituiu o divórcio, mantendo o sistema bifásico, mas
diminuindo os prazos anteriormente citados: poderia se separar judicialmente com 1 ano de separação
de fato e convertê-la um ano depois em divórcio ou pedir divórcio diretamente após 2 anos de
separação de fato. Assim, a CF previu a possibilidade inovadora de divórcio direto, o que fez com que a
separação não fosse uma saída obrigatória: não era mais antessala do divórcio.
A EC 66/2010 alterou a redação do art. 226, §6º da CF, deixando de impor a prolação de qualquer prazo
para o divórcio e de fazer referência à separação judicial, o que dividiu a doutrina entre o grupo que
acredita que a separação judicial ainda existe e outro que acredita que não mais existe a separação
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DIREITO DE FAMÍLIA, 2018.1, Docente: Antônio Lago
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judicial. Em relação ao prazo para o divórcio, existe um consenso pela maioria da doutrina de que não
mais se exige prazo para ser possível o divórcio. E, para aqueles que acreditam ainda existir a separação
judicial, por consequência, também para ela não existe prazo.
Aqueles que entendem que a separação judicial ainda existe, como a corrente PAULISTA que encabeça o
STJ, o fazem sustentados no argumento de que a CF não extinguiu a separação nem mesmo afirmou que
só caberia o divórcio. Disse a carta magna que o casamento PODE SER dissolvido pelo divórcio – o que
é diferente de só poder ser dissolvido pelo divórcio. Ademais, entendem ser possível imputar-se
culpa/responsabilidade a algum dos cônjuges pela dissolução do casamento, uma vez que é possível a
separação judicial e é por ela que se imputa a culpa, com isso fazendo-lhe perder direito aos alimentos
(com exceção dos necessários) e ao nome, se for o caso.
A corrente do IBDFAM entende que não mais existe a separação judicial, que o divórcio é o único meio
de cessar a sociedade conjugal e que também não existe mais o instituto da culpa, já que não existe
mais a separação judicial – o sujeito se divorcia e pronto.
SEPARAÇÃO
Instituto por meio do qual se estabelece, com certo grau de certeza, atribuído pelo poder público, o
momento em que se dissolve o casamento.
A finalidade da separação é cessar a sociedade conjugal, não existindo mais deveres como os de
fidelidade e coabitação, nem tampouco o regime de bens.
a) Separação judicial
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DIREITO DE FAMÍLIA, 2018.1, Docente: Antônio Lago
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É aquela em que as partes chegam, em acordo, em relação aos principais pontos da relação conjugal:
PARTILHA, GUARDA E REGULAÇÃO DE VISITAS DOS FILHOS, PENSÃO (entre cônjuges ou do cônjuge para
o filho).
Dar-se na presença de um juiz, que homologa o acordo, decretando a separação, salvo no caso do art.
1.774.
a.2) Litigiosa
É aquela em que não há o consenso entre as partes, quanto a algum dos aspectos tratados
anteriormente como principais.
SEPARAÇÃO FALÊNCIA
Não existe acusação de quebra de deveres – não há culpados. Foi a relação, de fato, que faliu. Os
cônjuges apenas não têm mais afeto, por exemplo.
Art. 1.572:
SEPARAÇÃO REMÉDIO
Esta enfermidade TEM QUE ser mental e grave e ter sido manifestada após o casamento, além de ter
sido reconhecida como de cura improvável e levar à impossibilidade da vida em comum.
A lei fala da necessidade de se aguardar 2 anos para que possa ser requerido o divórcio. Mas o professor
falou que atualmente já se entende não mais exigir esse prazo.
- Cláusula de dureza
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DIREITO DE FAMÍLIA, 2018.1, Docente: Antônio Lago
Discente: Daniela Schitini Leandro, UFBA
A prova da culpa é bem difícil, muitas vezes invadindo o campo da privacidade, do direito de imagem,
etc.
A quebra de sigilo bancário ou a escuta telefônica não pode ser solicitada para esta finalidade, porque
só se permite esta flexibilização do direito da personalidade à privacidade em questões criminais.
Perder o direito de alimentos, remanescendo apenas em casos extremos, nos quais o cônjuge culpado
não tenha mais ninguém que possa provê-lo e sendo esta pensão alimentícia na linha do estritamente
necessário;
Perder o direito ao patronímico, desde que expressamente requerido pelo cônjuge inocente e não
recaindo nas hipóteses do art. 1.578;
Possibilidade de perdas e danos (responsabilidade civil) pela quebra do dever de fidelidade, não apenas
em situação vexatória, de ofensa à honra objetiva, mas em casos extremos, como por exemplo, quando
a mulher trai o marido, tem um filho com o amante e nunca conta ao marido.
b) Separação extrajudicial
Aula 19 – 04/07/2018
A separação extrajudicial independe da chancela do PJ. Dar-se por meio da ESCRITURA PÚBLICA, NO
CARTÓRIO.
Todos os interessados e envolvidos têm de ser maiores e capazes. Não pode envolver interesse de
menores, em nenhuma hipótese – o que não quer dizer que não possa o casal que se separa
extrajudicialmente ter filhos; basta que eles sejam maiores. É necessário, também, que haja
consentimento. Ademais, deve ser o ato praticado por um advogado, ainda que seja apenas um
patrono atuando em favor de ambas as partes, que estão pactuando um acordo.
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DIREITO DE FAMÍLIA, 2018.1, Docente: Antônio Lago
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As partes tratam de interesses particulares seus, como a partilha de bens, a alteração de nome, o direito
a alimentos, etc. Não pode o MP estar envolvido.
Não precisa possuir homologação pelo juiz, mas pode ter, se assim desejarem as partes.
Como um acordo pressupõe transações, isto é, ambas as partes abrindo mão de direitos seus, é possível
inclusive que se tenham renúncias, como a renúncia ao direito de alimentos, desde que se façam as
renúncias sem nenhum tipo de vício – e é por isso, também, que ser assistido por um advogado é
importante.
Talvez o principal ponto positivo da separação extrajudicial seja desafogar o judiciário, uma vez que este
acordo entre as partes no mais das vezes não conta com a participação do judiciário.
O CNJ já decidiu, no art. 2º, que podem as partes sobrestar ou extinguir a ação judicial em curso, a
qualquer tempo, para partir para uma separação extrajudicial.
Separado juridicamente (separado de direito) é ou pela via judicial ou pela via extrajudicial.
O tabelionato de ofício em que será assentada a escritura pública decorrente da separação consensual
extrajudicial é aquele de escolha das partes.
É possível a gratuidade desde que a parte declare expressamente que não tem como fazer a separação
extrajudicial sem ser gratuitamente, sob pena de comprometer sua própria subsistência ou de sua
família.
Outro ponto positivo da separação extrajudicial é o reforço que ela representa para a autonomia das
partes.
A escritura pública não precisa ser assinada necessariamente pela própria pessoa que quer separar,
pode ser assinada por um mandatário, constituído por meio de um mandato instituído pela via de
escritura pública.
O oficial do cartório pode sustentar a cláusula de dureza, por entender, por algum motivo, que aquela
separação poderá prejudicar um dos “separandos”. O professor tem entendimento contrário à
possibilidade de cláusula de dureza, considerando que o direito de pôr fim ao casamento é potestativo.
DIVÓRCIO
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DIREITO DE FAMÍLIA, 2018.1, Docente: Antônio Lago
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A lei do divórcio, em 1977, impôs um sistema-dúplice (obrigatório): os sujeitos podiam apenas dissolver
a sociedade conjugal, o que acabava com os deveres conjugais ou poderiam divorciar-se, mas antes de
efetivamente haver o divórcio, tinham que separar-se judicialmente – a separação judicial era a “ante-
sala” do divórcio.
Com o divórcio cessa-se não só a sociedade conjugal e os deveres conjugais, mas o VÍNCULO conjugal.
A CF-88 reduziu o prazo para requerer a separação judicial, de 5 anos de separação de fato, para 1 ano.
E reduziu também o prazo de 3 anos de separação judicial para conversão em divórcio, para 1 ano. Além
de possibilitar o divórcio direto após 2 anos de separação de fato.
Assim, a Carta Magna manteve o sistema bifásico, no entanto, diferentemente. Trabalhou com dois
tipos de divórcio: indireto (conversão da separação judicial após 1 ano desta em divórcio) e o divórcio
direto (possível apenas após 2 anos de separação de fato).
Todo este entendimento, contudo, permaneceu valendo até 2010. A EC 66/2010 mudou a dinâmica do
divórcio, alterando o §6º do art. 226 da CF. Atualmente diz-se que “o casamento civil pode ser dissolvido
pelo divórcio”, não falando nada de prazo, nem tampouco em separação, motivo pelo qual se questiona
se ainda existe a separação.
Entende que a separação judicial acabou e que não existe mais prazo, só existindo o divórcio como
direito potestativo, podendo até mesmo casar-se de manhã e divorciar-se de noite.
Alguns vão além e dizem que a CULPA deixou também de existir, o que implica a retirada de uma das
possibilidades do direito a pensão (uma vez que pela culpa, o culpado deixa de ter direito à pensão) – o
máximo que poderá acontecer é o cônjuge “inocente” pagar os alimentos NECESSÁRIOS. Ademais,
também a discussão do direito de exigir que o cônjuge culpado retire o sobrenome se perderia, com a
perda da possibilidade de culpa.
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DIREITO DE FAMÍLIA, 2018.1, Docente: Antônio Lago
Discente: Daniela Schitini Leandro, UFBA
Nem todos os que defendem que a separação acabou, entendem que a culpa também acabou. É
exemplo de autor que não entende dessa forma, acreditando na manutenção da hipótese de culpa,
Flávio Tartuce.
Maria Berenice Dias, Cristiano Chaves, Pablo Stolzze e Pamplona são autores que entendem ter a
separação deixado de existir e junto com ela a culpa e que o divórcio independe de prazo.
Entendem que a CF ao deixar de citar a separação, não teve a intenção de extinguir a possibilidade de
separação. Baseia esse entendimento no fato de que o texto do dispositivo fala PODER ser o casamento
dissolvido pelo divórcio e não que necessariamente o seria.
Ademais, entendem que realmente foi extinta a prolação de um prazo para que o divórcio seja possível,
mas discordam que tenha a culpa deixado de existir. “Não seria justo” que o culpado pelo fim do
casamento, por ter maltratado o outro, o submetido a situação humilhante, etc, ainda tenha que
sustentar (por pensão) esse cônjuge, ou ter de suportar que ele seja conhecido por seu sobrenome, etc.
Posição do STJ
Em suma, o que é o ponto em comum das duas correntes é que não há mais prazo para o divórcio.
Também não há prazo para conversão da separação judicial em divórcio.
O professor é contra a extinção da culpa, por considerar que ela é um filtro importante para o Direito
lidar com o livre arbítrio dos sujeitos.
Aula 20 – 09/07/2018
UNIÃO ESTÁVEL
As relações concubinárias vinham justamente da situação das pessoas que viviam como se família
fossem, numa relação afetiva, mas que não eram reconhecidas pelo Direito como família – como no
caso das pessoas desquitadas, que não podiam casar-se novamente.
As mulheres eram indenizadas pelos trabalhos domésticos que “prestavam” aos homens com que
conviviam, nesta situação.
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DIREITO DE FAMÍLIA, 2018.1, Docente: Antônio Lago
Discente: Daniela Schitini Leandro, UFBA
Inicialmente a mulher tinha que COMPROVAR a participação direta, de que de alguma forma contribuiu
com dinheiro para formação daquele patrimônio. Após, passou a se reconhecer em relação ao
patrimônio em comum, um ESFORÇO INDIRETO da mulher – quando esta ficava em casa para que o
homem pudesse trabalhar. A grande mudança foi dada quando se passou a PRESUMIR a contribuição de
ambos os cônjuges para a construção do patrimônio comum, não se falando mais da necessidade de
comprovação desta contribuição.
A CF-1988 trouxe o reconhecimento da união estável em relação às famílias informais, e, com isso, em
relação aos arranjos entre concubinos, deixando estas, pelo menos FORMALMENTE, de ser relações
concubinárias, passando a ser reconhecidas enquanto família.
A mudança MATERIAL/EFETIVA, contudo, ocorreu posteriormente à mudança formal da CF, com a lei nº
..., apelidada de “lei do concubinato”. Veja que se trata de uma lei para concubinos, na vigência da CF,
quando em tese já não existia mais relações concubinárias, mas famílias informais, reunidas pela união
estável.
Poucos anos depois esta lei do concubinato foi substituída pela Lei 9.278/96, denominada LEI DA UNIÃO
ESTÁVEL, que estabelece, entre outras coisas, o regime de bens da comunhão parcial; uma presunção
absoluta de que há um esforço comum para formação do patrimônio; a competência das varas de
família para processar e julgar ações relacionadas a estes arranjos familiares, como o direito à pensão.
Apesar da existência desta lei, a jurisprudência se mostrava, de certa forma, resistente ainda a aplicação
de todo este tratamento similar ao casamento, à união estável.
O CC-2002 traz alterações, incorporando a união estável, tratando de seus conceitos e requisitos,
estabelecendo paralelo com o casamento, determinando direitos e deveres e impedimentos entre os
conviventes. A crítica, contudo, reside no fato de que só atribui esse tratamento similar entre
casamento e união estável quando “é conveniente”. Por exemplo, para adoção, é necessário que se
comprove a união estável, enquanto para o casamento não é necessária tal comprovação. É também
exemplo desta “seletividade”, o fato de que na ordem de sucessão hereditária não se fala em
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DIREITO DE FAMÍLIA, 2018.1, Docente: Antônio Lago
Discente: Daniela Schitini Leandro, UFBA
companheiros, falando-se apenas em cônjuges. Ainda nesta esteira, o art. 1.790 estabelece que o
COMPANHEIRO só tem direito à herança, em sua totalidade, se não tiver mais “ninguém” para herdar.
Obs.: sob o princípio da isonomia, o STF determinou que este art. 1790 é inconstitucional, não podendo
ser aplicado, em razão de DEVER-SE DAR INTERPRETAÇÃO CONFORME A CF à família formada por meio
da união estável.
O CC-2002, assim, traz, sem sombra de dúvidas, um reconhecimento para união estável e lhe dá um
tratamento até similar ao casamento, mas “quando quer” sabe ser preconceituoso, perpetuando um
“ranço” jurídico para com as relações afetivas que desembocam na família de união estável.
Em que pese em toda a extensão do CC-2002 se falar em união estável, conviventes, companheiros, no
art. 1.727 se fala em “concubino”.
Ainda na vigência do CC-16 CONCUBINATO havia de dois tipos: PURO (quando o sujeito simplesmente
não queria realmente formar uma família formal ou não podia fazê-lo por ser desquitado) e IMPURO
(quando não se formava uma família por conta de algum impedimento).
Aquilo que se chamava de concubinato puro é o que hoje se chama de união estável, enquanto o que
era concubinato impuro é hoje, efetivamente, CONCUBINATO. A união estável estaria disciplinada pelo
direito de família, enquanto o concubinato seria disciplinado como uma relação patrimonial, não
abarcada pelo direito de família.
A união estável é de CARÁTER DURADOURO, entre homem e mulher, que MANTÊM CONVIVÊNCIA
PÚBLICA e que foi estabelecida com o objetivo de FORMAR UMA FAMÍLIA. Observa-se isto no art.
1.723, no qual se traz o conceito e os elementos/requisitos da união estável.
Pelo emento publicidade, se quer que aquele casal seja reconhecido na sociedade como conviventes.
Em verdade, o que se deseja é a NOTORIEDADE (que é diferente de publicidade, que é mais ampla)
daquela relação afetiva enquanto família. As pessoas do seu convívio social devem reconhecê-los
enquanto companheiros.
Pelo emento DURABILIDADE se afirma não existir um prazo para ser fixada a união estável.
Para ser união estável, é preciso que aquela relação afetiva não seja efêmera. Seja CONTÍNUA.
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DIREITO DE FAMÍLIA, 2018.1, Docente: Antônio Lago
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Obs.: Diferenciar união estável de namoro é subjetivo: deve o juiz INTUIR se houve ou não intenção de
constituir uma família.
O atual entendimento do STF dado na ADPF nº 132 é de que pode existir a união homoafetiva, a qual se
aplica o mesmo tratamento da união estável, em razão do princípio da isonomia e da dignidade
humana.
Mais uma vez, união homoafetiva não é um tipo de união estável, nem é o mesmo que união estável,
mas a ela se dá o mesmo tratamento normativo daquela.
Não há prazo mínimo para que, preenchido, se reconheça união estável. Claro que quanto mais tempo
tiver, mais se reforça a ideia da durabilidade, mas não há um prazo.
Há um dever de coabitação?
Não. Nos deveres mútuos dos conviventes, de ordem pessoal, não se fala em coabitação, como se fala
expressamente no casamento. Faz-se esta comparação entre os arts. 1.566, II x Art. 1.724.
A jurisprudência costuma, POR ILAÇÃO, se utilizar de elementos objetivos (que não são pressupostos)
da coabitação e da existência de prole para afirmar o elemento subjetivo do intuito de constituir família.
Esses elementos são tidos como INSIDIÁRIOS do elemento subjetivo, não sendo, como já salientado,
requisito.
Se nem para o casamento se exige a prole nem a vontade de se ter filhos, é claro que para a união
estável também não se exige prole. Constituir família não perpassa por querer ter filhos.
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DIREITO DE FAMÍLIA, 2018.1, Docente: Antônio Lago
Discente: Daniela Schitini Leandro, UFBA
O intuito puro e simplesmente de constituir família no futuro, isto é, PROJETAR FAMÍLIA não é suficiente
para demonstrar o elemento subjetivo.
Aplicam-se os impedimentos do casamento à união estável (situações nas quais não se pode casar)?
Por força do art. 1.723, §1º, os impedimentos do casamento se aplicam à união estável.
Em relação ao impedimento de se constituir união estável com pessoa já casada, não se aplica o referido
impedimento se já estiverem os cônjuges separados de fato, em que pese não judicialmente.
Ademais, neste contexto da existência de impedimentos, não há porque não se aplicar por analogia
(mutatis mutandis) o casamento putativo à união estável putativa.
Aplicam-se as causas suspensivas à união estável (situação nas quais não se deve casar)?
Para CELEBRAR CONTRATO COM TERCEIROS DE BOA-FÉ, como por exemplo, para dar aval, fiança ou
para alienar, será a pessoa obrigada a declarar que está em união estável?
Não estará o convivente obrigado a declarar que está em união estável, porque não há lei que
determine isto. No entanto, como pode o terceiro de boa-fé não conhecer do fato de que aquela pessoa
que estabeleceu com ele negócio jurídico estar em união estável, não poderá a operação realizada
entre o convivente que assim não se declarou e o terceiro de boa fé ter sua eficácia desconstituída, de
maneira que a solução para o outro convivente, prejudicado, será a INDENIZAÇÃO por aquele que
afetou o bem adquirido em comunhão.
Aula 21 – 11/07/2018
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DIREITO DE FAMÍLIA, 2018.1, Docente: Antônio Lago
Discente: Daniela Schitini Leandro, UFBA
O direito das pessoas que vivem em união estável em relação ao regime de bens é que seja este
PARCIAL, salvo o que dispuser o contrato de convivência – e que não se confunde com o PACTO ANTE-
NUPCIAL.
O contrato de convivência pode ter a forma pública ou não, por meio do qual os conviventes
estabelecem a qualquer tempo o regime patrimonial distinto daquele que seja o determinado pela lei.
Mas se ele quiser que seja o regime parcial, mas alterar alguma coisa peculiar a lei, pode realizar o
contrato de convivência. É um contrato típico.
Segundo o STJ, NÃO se pode querer dar EFEITOS RETROATIVOS ao contrato de convivência. Assim, a
partir do momento em que se celebra este contrato é que se operam os efeitos. Os efeitos dele, então,
são necessariamente ex nunc.
Esta regra do regime de comunhão parcial sofreu uma evolução: a união estável hoje é o que
antigamente se chamava de concubinato puro e que sofria um ranço preconceituoso.
Atualmente é garantido o direito dos conviventes à partilha dos bens adquiridos em comum.
Quais são as situações que excluem no regime de comunhão parcial a comunhão, ainda que adquiridos
na constância da união estável?
Os bens adquiridos por herança, por doação, “os frutos do trabalho”, os sub-rogados.
Obs.: os bens adquiridos onerosamente por subrogação são aqueles que são comprados, por exemplo,
com o dinheiro que a pessoa conseguiu ao vender um bem deixado pelo pai por herança.
No entanto, é necessário que a PARTE DEMONSTRE que adquiriu o bem por herança, por doação, por
frutos do trabalho, etc, depois de ter estabelecido união estável. Assim, à parte caberá PROVAR que
adquiriu o bem, ainda que depois de em união estável, em circunstância que o exclui DA PRESUNÇÃO
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DIREITO DE FAMÍLIA, 2018.1, Docente: Antônio Lago
Discente: Daniela Schitini Leandro, UFBA
QUE EXISTE DE QUE SÃO OS BENS ADQUIRIDOS APÓS A UNIÃO ESTÁVEL, NA CONSTÂNCIA DA UNIÃO,
ADQUIRIDOS POR COMUNHÃO (POR ESFORÇO COMUM) DO CASAL.
Como é que se constitui a união estável? Informalmente. E como é que ela se desconstitui? Também
informalmente. Não é necessário que haja a chancela do Estado – como é preciso no casamento, em
que quando as pessoas querem desfazer o casamento, precisam da sentença de divórcio.
DECLARAÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL não é o mesmo que contrato de convivência: se faz uma escritura
pública que declaram estar em união estável, sem que este documento tenha efeito jurídico algum.
Poderia, inclusive, ser utilizado como instrumento de fraude.
Seria possível no contrato de convivência tratar de questões existenciais ou nele só se pode tratar de
questões patrimoniais?
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DIREITO DE FAMÍLIA, 2018.1, Docente: Antônio Lago
Discente: Daniela Schitini Leandro, UFBA
A doutrina no geral não aceita que sejam estipuladas questões existenciais. Só seria possível tratar,
neste, de questões patrimoniais, conforme o art. 1.725.
Há autores que entendem que questões existenciais podem sim ser tratadas neste contrato, mas não
qualquer tipo de questão existencial.
A união estável fala em DEVER DE LEALDADE, e não em DEVER DE FIDELIDADE, e como a relação de
lealdade está relacionada à relação de confiança e não à expectativa do outro de monogamia, seria
possível a infidelidade, sem ser desleal. Nesse sentido, entende A MINORIA dos autores que, no
contrato de convivência, pode se fixar cláusula pela qual seja permitido, aos conviventes, se envolverem
com outras pessoas.
Outros entendem que como o CC é centrado a ideia da monogamia, sendo um princípio do direito de
família, seria uma questão de ordem pública, impedindo casamento com mais de uma pessoa ao mesmo
tempo, impedindo que se doe bem à concubina, etc. E nesse sentido, impedido de ser afastado na união
estável.
A jurisprudência em geral é avessa a monitorizar o afeto. Nesse sentido, não cabe CLÁUSULA PENAL
PELO TÉRMINO DA UNIÃO ESTÁVEL.
Em que pese no direito internacional isso ser comum, no direito brasileiro não se permite o
estabelecimento de CLÁUSULA PENAL PELA TRAIÇÃO, pelo argumento de que o art. 1.725 fala apenas
em questões patrimoniais para esse contrato de convivência. Há quem argumente contrariamente,
principalmente defendendo que o estabelecimento desta cláusula reforça a ideia da fidelidade
defendida pelo ordenamento brasileiro.
Aula 22 – 18/07/2018
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DIREITO DE FAMÍLIA, 2018.1, Docente: Antônio Lago
Discente: Daniela Schitini Leandro, UFBA
Determina que se facilite a conversão da união estável em casamento, o que é muito criticado, tendo
em vista tender a dar uma maior importância ao casamento – como se o casamento fosse a prioridade,
a melhor unidade familiar.
O CC determina, no entanto, que para converter a união estável em casamento, deve-se ingressar com
ação judicial, o que também é alvo de crítica, uma vez que acionar o PJ está longe de ser um meio
facilitado.
O legislador deveria, em verdade, ter previsto primeiramente a saída extrajudicial, o que não fez,
atualmente tendo-se uma situação de insegurança jurídica, porque cada Tribunal por meio de
provimento (que é ato normativo infralegal) determina como deve ser feito.
Alguns autores defendem que, ao converter a união estável em casamento, haveria, a partir da
publicação dos editais, a possibilidade de aplicar eficácia retroativa, pela qual se considerará ocorrido o
casamento desde o momento da união estável – como se ela não tivesse existido e tivesse sido
casamento desde o início.
A dissolução da união estável, assim como seu início, é informal. Assim, para dissolver a união estável,
basta sair de casa. Havendo filhos, eventualmente pode se ingressar com uma ação de oferta de
alimentos, que tem natureza dúplice.
Independe de se ter ou não a sentença que reconheça a separação, para que se extinga a união estável.
A sentença vai determinar que existiu uma união estável, que começou em X, e que esta se extinguiu em
Y.
Quem tem legitimidade para requerer esta ação são os conviventes, mas pode se ter uma ação
negatória de união estável, quando um dos cônjuges alega que aquele convivente não pode ter firmado
união estável, por já ser casado.
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DIREITO DE FAMÍLIA, 2018.1, Docente: Antônio Lago
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Atualmente já se pode fazer a dissolução da união estável também por meio de escritura pública, só não
podendo fazê-lo quando envolver incapazes.
A relação estabelecida entre pessoas impedidas de casar. O concubinato impuro pode ser adulterino ou
incestuoso.
A tese da negativa de direitos entende que o art. 1.527 é categórico, sendo a família paralela ilícita, não
sendo assegurado nenhum direito. Trata-se de um entendimento muito conservador e legalista, sendo
minoritário.
A segunda tese, da monetarização do afeto (tratamento em sede obrigacional), resgata a súmula 380
do STF, versando sobre o concubinato puro que hoje é entendido como união estável, garantindo-se o
direito à partilha dos bens, presumido o esforço comum entre os conviventes para aquisição dos bens
durante a constância da união. Assegura, ademais, indenização a concubina, ainda que não haja
patrimônio em comum, “por serviços prestados”, mas não engloba esta família plural no direito de
família, colocando-a inserida no direito civil, da responsabilidade. Reconhece-se que há, então, uma
sociedade de fato, mas não uma entidade familiar. Atualmente há uma tendência em se negar a
indenização por serviços prestados.
A terceira corrente defende que deve haver o reconhecimento das famílias plurais realmente enquanto
famílias, não havendo uma prioridade do casamento sobre os demais arranjos concomitantes.
O STF se posicionou negando a terceira tese, reconhecendo às famílias paralelas a disciplina do direito
de família e a proteção que se deve à entidade familiar – RE 590.779 ES.
O STJ, por sua vez, vem se posicionando no sentido de que não há relação familiar, não admitindo
famílias plurais, sendo possível, no entanto, aplica-ser por analogia, o entendimento da súmula 380 do
STF.
REGIME DE BENS
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DIREITO DE FAMÍLIA, 2018.1, Docente: Antônio Lago
Discente: Daniela Schitini Leandro, UFBA
O regime legal no CC-16 era o da união universal. Neste código também se reconhecia o regime dotal.
Outro passo importante foi a lei 6.515, lei do divórcio, que instituiu o regime de comunhão parcial.
O CC-2002 extinguiu o dotal, reconheceu a comunhão parcial, comunhão total, separação total e criou o
regime da participação final nos arquestros.
Entende-se por regime de bens a sociedade patrimonial, dando resposta ao que fazer com os arquestros
(os bens que foram adquiridos na constância do casamento).
A meação é a participação do cônjuge ou do convivente nos bens adquiridos em comum pelo casal,
sendo “metade metade”.
Nem todos os regimes envolvem meação – tendo em vista a visão legalista da existência da separação
total. No entanto, já se admite a possibilidade de arquestros em separação total de bens, quando no
contrato de convivência ou no contrato antenupcial os cônjuges ou conviventes determinam que em
pese o regime de bens ser de separação total, podem se esforçar em comum para comprar um
apartamento, por exemplo.
Aula 23 – 23/07/2018
A primeira ideia que se aplica no regime de bens é o de autonomia da vontade, sendo cada cônjuge livre
para estabelecer o regime que quiserem, inclusive o diverso do determinado pela lei.
É possível, também, que os cônjuges mesclem os regimes de bens, determinando, por exemplo, que aos
bens imóveis será o regime X, e aos bens móveis, o Y.
A lei estabelece como regime de bens a comunhão parcial, para o caso em que as partes manterem-se
inertes na determinação de qual regime de bens adotar. Nesse sentido, as partes podem livremente
estipular outro regime de bens.
Existe uma tendência na doutrina a permitir a maior multiplicidade de regime de bens possíveis, embora
na maioria das vezes o regime adotado acaba por ser o legal. Poderá, então, por exemplo, os pretensos
cônjuges estabelecer o regime de comunhão de bens familiares, que é regime comum no Chile, desde
que firme este regime no pacto antenupcial ou, mutatis mutandis, no de convivência, no caso da união
estável.
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O pacto antenupcial se o casamento não realmente se convolar, não produzirá efeitos, embora exista. O
início, então, do regime de bens se dar não propriamente com o firmamento do pacto antenupcial ou
contrato de convivência, mas com a celebração do casamento em si mesma.
O fim se dá com o término da sociedade conjugal, que não se confunde com o vínculo matrimonial. O
encerramento da sociedade conjugal dar-se com o fim do convívio familiar.
a) Comunhão universal
Há uma fusão total de bens, tanto dos bens que havia antes do casamento ou da união estável, como os
que virão a ser adquiridos no futuro (inclusive de herança).
Muitos pais faziam doações para as filhas com cláusula de incomunicabilidade, como adiantamento de
legítima, a qual excluía aquele determinado bem da comunicação ao regime de bens em eventual
casamento.
Havendo a separação, a divisão se dará “metade metade”, com exclusão dos bens excepcionais.
b) Comunhão parcial
Há três acervos patrimoniais: os bens reservados de cada um dos cônjuges (2) e os bens em comum ou
mancomunados (os quais serão os partilhados).
Tudo que pertencia ao cônjuge antes de casar não comunica, como regra, ao seu cônjuge. Se
comunicará como regra apenas os bens que forem onerosamente adquiridos na constância do
casamento, o que implica em dizer que os bens recebidos por herança ou doação, assim como aqueles
que forem sub-rogados não entrarão na meação.
Veja que isso não significa que vai ficar cada um necessariamente, somente, com o que era seu bem
reservado antes do casamento. Se tiver sido adquirido bem posteriormente ao casamento, em nome de
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somente um dos cônjuges, no momento da separação será deste que o adquiriu, somente, que,
portanto, terá os bens reservados particulares anteriores e posteriores ao seu casamento ou união
estável. Note que é uma diferença em relação ao regime da comunhão parcial.
Há 5 acervos patrimoniais: os bens reservados de cada um dos cônjuges antes do casamento (2), os bens
comuns adquiridos na constância do casamento (1) e os bens próprios de cada um deles (2). Estes
últimos pertencem a cada um dos cônjuges separadamente, sendo, também, bens reservados,
adquiridos em seus nomes, com recursos próprios, na constância do casamento.
Em que pese os bens próprios não entrem na partilha na forma de meação, entram na partilha numa
forma de compensação. Não se atribui patrimônio a ninguém, mas direito indenizatório. Eles entram os
arquestros como forma de compensação, mas não como meação.
Logo, os arquestros nesse regime é composto pelos bens comuns, no regime de meação, e os bens
próprios no regime de compensação.
Caberá a cada cônjuge os seus bens reservados particulares, a metade da diferença entre os bens
próprios de um e do outro e os bens em comum.
PRINCÍPIO DA COMUNICABILIDADE
Tem fundamento na vida comum do art. 1511 e no dever de suporte dos encargos da família (art. 1565).
Decorre da ideia de que há solidariedade entre os cônjuges, de que há participação conjunta.
Tudo o que for adquirido na constância do casamento, como regra, serão comunicados a ambos os
cônjuges, salvo exceções previstas em lei.
Obs.: arprestros é a despesa para o casamento ou anteriores ao casamento, mas tendo em vista este
A respeito do rendimento do trabalho, art. 1659, VI e VII, o STJ já determinou que se o provento saiu da
condição de alimentos para patrimônio, passando a ser então, não mais o rendimento em si mesmo,
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mas o fruto deste rendimento passará sim a compor a partilha, a meação. Logo, o entendimento é que o
rendimento não entra na partilha, mas o fruto deste rendimento, sim.
A lei, quando quer, determina quando será necessária a participação de ambos os conjuges, devendo
estes anuírem (dar outorga).
A regra geral é que administrem livremente, ainda que seja em prol do bem em comum. A dívida
contraída com as despesas em relação aos bens comuns, será dívida comum do casal.
Se forem despesas relativas a manutenção do lar, a presunção é de que foi feita em nome e a fim de
proveito do casal, da família.
b) Vedação quanto a alienação de bens imóveis, bem como a impossibilidade de gravar-se com
hipoteca
Quando o assentimento é de bem comum, a recusa tem de ser justificada. Se for bem particular, não
precisa de justificação, como o bem é da própria pessoa e o assentimento é exigido no intuito de
possibilitar ao cônjuge a fiscalização do ato de alienação ou de hipoteca, basta requerer o suprimento
judicial.
c) Fiança e aval
Qualquer aval ou fiança é ato de mera liberalidade que compromete o patrimônio, neste sentido, é
vedado ao cônjuge em relação ao patrimônio comum dar fiança ou aval.
Aula 25 – 30/07/2018
PARENTESCO
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Os parentes em linha reta, segundo o critério biológico, são aqueles que mantêm relação de
ascendência e descendência, não havendo limitação de grau, sendo todos parentes. Os colaterais, por
sua vez, são aqueles que embora não descendem diretamente uns dos outros, têm um ascendente em
comum, sendo este o elo para fins de contagem do grau de parentesco.
No CCC-1916, para fins sucessórios, só era parente colateral até o 4º grau, mas para identificar quem era
parente, iria até o 6º grau. O CC-2002 unificou, considerando-se para parentesco e fins sucessórios até o
4º grau. Assim, o primo carnal, que popularmente se chama de primo de primeiro grau, é na verdade,
primo de 4º grau, e o que se conhece popularmente como primo de segundo grau, na realidade nem
parente é.
Pela CF-1988 considera-se filho, sem distinção, os antigamente conhecidos como ilegítimos e também
os adotivos.
O conceito de parentesco é menos amplo que o conceito de família. Familiar não é necessariamente seu
parente. É o exemplo do cônjuge, que é membro da família, mas não é parente.
Para MHD, o parentesco é relação jurídica não apenas entre pessoas que descendem de um tronco em
comum, como também entre o pai institucional e o filho socioafetivo, o pai adotivo e o filho adotivo e o
os parentes dos cônjuges ou companheiro.
A doutrina aponta que o “ideal” é a reunião destes 3 critérios: o filho biológico que foi registrado e que
é amado pelos pais.
Existe um tipo especial de adoção, realizada aqui no Brasil, com a finalidade humanística, dita adoção a
brasileira, conhecida popularmente como pais ou filhos “de consideração”. A doutrina, em favor do
afeto e da finalidade humanística desta adoção, vem a considerando legítima, inclusive para fins
sucessórios, sem distinção em relação aos demais “tipos” de filhos. Veda-se, no entanto, a adoção que
não se deu com fim humanístico, mas que surgiu do tráfico de bebês.
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Não existe nenhuma repercussão jurídica para um vínculo estabelecido a partir do batismo ou crisma.
Denomina-se parentesco religioso ou espiritual.
Parentesco por afinidade é aquele que se estabelece entre os parentes de um cônjuge com os parentes
do outro cônjuge.
A contagem de graus dar-se por analogia e procedendo com simetria, limitado na pessoa do cônjuge,
havendo parentesco em linha colateral por afinidade apenas em relação ao cunhado (a).
Por um forte conteúdo moral, sogra e sogro serão para sempre parentes por afinidade em linha reta.
Assim como enteados e enteadas. No entanto, é possível casar com ex-cunhado ou ex-cunhada.
O parentesco por afinidade não serve, para além da questão de impedimento, a outros fins de direito.
Assim, não se pode pedir ao sogro ou sogra, por exemplo, alimentos, nem se pode exigir finalidades
sucessórias.
A filiação é uma espécie de parentesco que se estabelece entre os ascendentes e descendentes paterno-
filial.
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