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Fonte: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_serial&pid=1414-4980&lng=pt&nrm=iso.
Acesso em: 15 jan. 2014.
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PESQUISA
redução das necessidades aos mínimos sociais, en- pode ou não ter restrições significativas de participa-
tendidos como a garantia de sobrevivência ou de con- ção. Um indicador objetivo de sua inclusão seria sua
dições mínimas de vida4. Esse é o principal argumento participação no mundo do trabalho e sua dependência
a ser explorado neste artigo, que toma a regulação do transporte para a mobilidade, por exemplo. Da
da assistência social para os deficientes no Brasil mesma forma, é possível imaginar uma mulher com a
como estudo de caso. mesma lesão medular e uma renda semelhante expe-
Este texto pretende desenvolver uma análise teó- rimentando maiores restrições de participação, pela
rica sobre a inconformidade da LOAS aos princípios condição feminina.
constitucionais, em especial, o princípio da igualda- O difícil, portanto, é definir quais impedimentos
de. Apresentará a ideia de que a LOAS institui o são significativos para qualificar um corpo como de-
mínimo social, fixando a sobrevivência como padrão ficiente para a proteção social e quais barreiras em
para a prestação de assistência social em oposição à interação com esse corpo geram restrições de parti-
Constituição Federal, que define que a assistência cipação. A deficiência cruza-se com outras expres-
social será prestada a quem dela necessitar. A insti- sões da desigualdade pelo corpo, tais como, cor, gê-
tuição do padrão mínimo viola o princípio da univer- nero, sexualidade ou idade. Não é preciso ampliar
salidade, pois reduz o espectro dos sujeitos ampara- esse exercício hermenêutico sobre a dificuldade de
dos pela assistência social e a medida dessa prote- descrever corpos e classificar discriminações injus-
ção. Na primeira parte, serão analisadas as altera- tas provocadas pela ideologia da normalidade, muito
ções da LOAS de 2011 no que tange à concessão do embora seja isso o que a Convenção pede como com-
BPC em face dos princípios instituídos pela Conven- promisso dos Estados signatários. O cadeirante rico
ção. Em seguida, será discutido o papel dos peritos pode não experimentar diretamente restrições de
médicos para a avaliação do acesso à assistência participação que o qualifiquem como deficiente po-
social, conforme o entendimento padronizado impos- bre, dependente da família e sem trabalho, para ter
to pelos mínimos sociais. O objetivo é demonstrar acesso à proteção social, mas isso não significa que
como os procedimentos, criados pela LOAS, para não sofra discriminação.
identificação do beneficiário, provocam uma altera- O sentido aberto e indefinido da ideia de impedi-
ção no papel da perícia que ultrapassa sua função mentos é de grande valia na aplicação de direitos, na
documental, tornando os peritos médicos os medida em que permite que o caso concreto comple-
julgadores. te o entendimento conforme uma definição justa para
cada caso individual. Entretanto, a nova redação da
LOAS estabelece o que significam os impedimen-
1 A Convenção Internacional sobre os Direi- tos. O artigo 20 da LOAS, na redação instituída pela
tos das Pessoas com Deficiência e o BPC Lei n. 12.435 e pela Lei n. 12.470, ambas de 2011,
define que pessoa com deficiência é aquela com im-
A Constituição Federal de 1988 garante assistên- pedimentos de longo prazo que possam obstruir sua
cia social ao deficiente e ao idoso que comprovem participação plena e efetiva na sociedade em igual-
não possuir meios de prover a própria manutenção dade de condições com as demais pessoas (BRA-
ou tê-la provida por sua família. Em outras palavras, SIL, 2011b, 2001c). Em seguida, os impedimentos de
determina o dever de comprovação da ausência de longo prazo são definidos como aqueles que produ-
meios de manutenção própria ou pela família. Para a zam efeito pelo prazo mínimo de dois anos.
Convenção, deficiência é o resultado da interação Esse é o texto do § 2. e do § 10. do artigo 20 da
entre os impedimentos corporais (sejam eles físicos, LOAS, que atualiza a Lei com a linguagem contem-
intelectuais ou sensoriais) e as barreiras sociais que porânea da Convenção. A redação atual exclui a exi-
impedem a participação. É importante esclarecer al- gência de ausência de capacidade para a vida inde-
guns conceitos que a Convenção traz para o sistema pendente e para o trabalho, que existia na redação
normativo brasileiro e cujos sentidos políticos a nova original do dispositivo, mas inverte o sentido da mu-
redação da LOAS ignora: deficiência, impedimen- dança ao qualificar o impedimento de longo prazo
tos, barreiras e participação. com a exigência de produção de efeitos por dois anos.
Deficiência não se resume aos impedimentos cor- Uma hipótese possível para o conceito de impedi-
porais. É possível uma pessoa ter impedimentos e não mentos oferecido pela LOAS poderia ser que a Con-
experimentar restrições significativas de participação venção adota uma definição genérica de deficiência,
pelas barreiras existentes à vida social. Há dois pres- cujo alvo são medidas de justiça por reconhecimento
supostos importantes nessa definição – os corpos com e não medidas distributivas para a igualdade. Outra
impedimentos não são ficções estéticas, e as barreiras hipótese seria que a Convenção não teria o poder de
compõem a organização dos ambientes. Um homem estabelecer ou vincular a política assistencial.
adulto cadeirante por causa de uma lesão medular vive Essa separação entre medidas igualitaristas por
com impedimentos físicos, mas a depender de sua renda reconhecimento e medidas distributivas não é corre-
cessão do BPC. Não há critérios objetivos que justi- tos que, em interação com as barreiras, restringiriam
fiquem por que esse foi o patamar de renda determi- sua participação. Dado que a Constituição Federal
nado pela LOAS, assim como não há harmonia com prevê que a incapacidade de automanutenção indivi-
outros programas de transferência de renda do Go- dual e familiar seja comprovada, a política deveria
verno Federal que adotam critérios diferentes de renda instituir dispositivos para inscrever em termos médi-
para inclusão nos benefícios. O Supremo Tribunal Fe- cos a experiência dos impedimentos corporais do in-
deral já julgou esse patamar de renda constitucional, divíduo, além de estabelecer outros critérios para a
mas é possível que reveja seu posicionamento no Re- mensuração da incapacidade de automanutenção.
curso Extraordinário 567.985/MT com repercussão Vale notar que as possibilidades de automanutenção
geral reconhecida, ainda pendente de julgamento individual ou familiar configuram-se como um crité-
(PENALVA; DINIZ; MEDEIROS, 2010). De toda rio diferente da regra de extrema pobreza proposta
sorte, não houve alterações legislativas nesse ponto na pela LOAS.
reforma da LOAS de 2011. Os regimes de verdade instituídos pela LOAS e
Uma interpretação constitucionalmente adequa- executados pelo INSS foram criativos em restringir
da do direito à assistência social para a garantia da o escopo desses conceitos: a capacidade de
igualdade não deve abdicar de seu dever de determi- automanutenção ou manutenção pela família passou
nar quais demandas são justas para serem protegi- a ser entendida como extrema pobreza (¼ de salário
das pelo Estado como necessidades. O rito pericial mínimo) e, com a reforma de 2011, os impedimentos
de avaliação dos corpos, no entanto, preencheu esse de longo prazo passaram a ser entendidos como aque-
espaço ambíguo deixado pela LOAS (ao mesmo tem- les que produzem efeitos pelo prazo mínimo de dois
po em que é uma política universalista, possui objeti- anos (§ 10 do artigo 20 da LOAS). Os impedimentos
vos centrados em grupos populacionais, o que se in- de longo prazo não foram definidos pela Convenção.
terpreta, em nossa posição, equivocadamente, como Os princípios protetivos da deficiência instituídos pela
focalização da política). São os peritos médicos do Convenção, em especial a proteção à igualdade, são
INSS quem estabelece quais impedimentos são es- suficientes para entender o sentido de quais impedi-
tados de necessidade para a proteção social. A defi- mentos importam para a assistência. Em alguma
nição de um corpo com impedimentos como o de uma medida, os impedimentos de longo prazo fixam que a
pessoa com deficiência não é um exercício neutro de deficiência depende de uma restrição de participa-
classificação dos corpos, mas um julgamento moral ção e de interação com algum grau de durabilidade.
que combina ideais de normalidade e produtividade. A ideia de impedimentos de longo prazo está na Con-
A perícia é um exercício de soberania médica no venção como forma de garantir a proteção dos defi-
campo dos direitos sociais5. cientes em oposição a situações muito transitórias e
A saída para essa medicalização da assistência específicas que não demandem a construção de uma
não é eliminar o laudo médico-pericial. Um indivíduo política ampla e de uma legislação própria, como os
sem impedimentos, porém extremamente pobre, pode casos de doenças que não impactam na interação
requerer o BPC em nome da abertura universalista com o ambiente. Quando a Convenção fixa que o
do artigo constitucional (“quem dela necessitar”), mas deficiente é aquele que possui impedimentos de lon-
para se enquadrar no objetivo de proteção à pessoa go prazo, o objetivo é delimitar as fronteiras entre
deficiente ele deve comprovar a autodeclaração de diferentes estados corporais e, assim, contribuir para
que há impedimentos em seu corpo. Em outras pala- o reconhecimento.
vras, é feita uma decisão sobre a correção do pedido No nível infralegal, o INSS, em conjunto com o
de concessão do benefício assistencial. A afirmação Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à
da condição de deficiente – de que o indivíduo possui Fome, editou a Portaria Conjunta MDS/INSS n. 1,
impedimentos restritivos que reduzem sua posição de em 24 de maio de 2011, antes mesmo da incorpora-
igualdade social – indispensável ao requerimento de ção da Convenção ao texto da LOAS. Essa Portaria
concessão do BPC deve ser verificada. Isso não sig- estabeleceu os critérios, procedimentos e instrumen-
nifica, no entanto, que deficiência seja apenas o que tos para a avaliação social e a médico-pericial da
a narrativa biomédica classifica sobre o corpo com deficiência e do grau de incapacidade das pessoas
impedimentos. É necessário avaliar a restrição de com deficiência requerentes do BPC da Assistência
participação do corpo com impedimentos na vida so- Social (BRASIL, 2011a). Essa é uma norma impor-
cial, por isso a urgência de a perícia social realizada tante de ser analisada porque é a partir de suas dire-
por assistentes sociais ter o mesmo espaço de legiti- trizes que os peritos atuam. A Portaria dispõem seu
midade que a perícia biomédica. artigo 3 que
Nos requerimentos para a concessão do BPC, o
laudo médico-pericial deveria ser, portanto, um ates- O Perito Médico do INSS identificará e justificará
tado que simplesmente confirmasse ou refutasse a tecnicamente, em resposta ao quesito do instru-
autodeclaração de que o indivíduo possui impedimen- mento de avaliação, a existência de alteração im-
portante na estrutura do corpo que implique mau “mau prognóstico” das “alterações das estruturas do
prognóstico, a ser considerado no qualificador fi- corpo”. Prognóstico ruim e duração dos impedimen-
nal da deficiência. tos são as novas formas de avaliar participação, dis-
criminação e exclusão, conceitos-chave para a Con-
Nesse mesmo caminho, o parágrafo 2 do artigo 4 venção, mas ignorados pelo regime pericial do INSS.
da referida norma é claro ao definir que Exceto pelos impedimentos graves e debilitantes, uma
série de impedimentos poderá ser interpretada sob
[...] o benefício será indeferido sempre que os im- suspeita por esse novo regime de classificação dos
pedimentos incapacitantes forem classificados corpos, pois se espera do perito médico algo que os
como de curto ou médio prazo, independentemen- saberes biomédicos se recusam a fazer, por reco-
te do grau de incapacidade existente no momento nhecimento da falibilidade prognóstica: cálculo de
da avaliação, reconhecido nas conclusões técni- probabilidades sobre os estados corporais.
cas das avaliações social e médico-pericial. Essa redescrição da deficiência em termos estri-
tamente trágicos (mau prognóstico e longa duração
Novamente, a reprodução do conceito de defici- do estado de impedimento) para a entrada na prote-
ência da Convenção não veio acompanhada de uma ção social tem uma razão clara: redução do impacto
incorporação sistemática de seus princípios. Impedi- orçamentário do BPC para a política de assistência
mentos são condições corporais que podem ter natu- social, pela imposição do mínimo social. A cen-
reza física, mental, intelectual ou sensorial. Quando tralidade nas ideias de duração do impedimento e prog-
a interação com as diversas nóstico ruim viola o propósito
barreiras obstruir a participa- mais fundamental da Con-
ção plena e igualitária, have- A proteção social reclama venção, que é assegurar a
rá deficiência. A concei- igualdade entre deficientes e
tuação de “impedimentos distribuições e não deficientes. É preciso
incapacitantes” parece deri- reconhecimentos que sejam observar como essa regula-
var da LOAS, quando esta- mentação da Convenção
belece que os impedimentos justos – portanto, que transforma o cenário de as-
de longo prazo são aqueles sistência ao deficiente, na
que incapacitam a pessoa reconheçam diferentes medida em que além dos im-
com deficiência para a vida pedimentos, avaliados no ní-
independente e para o traba- necessidades. A deficiência vel biomédico, o mau prog-
lho pelo prazo mínimo de dois nóstico também será decisi-
anos (artigo 20, § 2, II da provoca um dos fundamentos vo para a concessão do be-
LOAS).
Dessa forma, o foco da do justo – não há padrão típico nefício. Esses qualificadores
não estão na Constituição
análise da necessidade de da espécie, a pessoa típica, Federal, tampouco na Con-
assistência social dos defici- venção. Na Ação por
entes dirige-se à ideia de im- cuja distribuição por mínimos Descumprimento de Precei-
pedimentos (ou incapacida- to Fundamental (ADPF) n.
des) de longo prazo. A Reso- idênticos protegeria as 182, de 10 de julho de 2009, a
lução é explícita em definir Procuradoria Geral da Repú-
que o pedido será indeferido necessidades. blica impugnou o conceito de
caso o impedimento não seja deficiência disposto na reda-
de longo prazo, “independen- ção original do § 2 do artigo
temente do grau de incapacidade existente no mo- 20 da LOAS (BRASIL, 2009b). Mesmo incorpo-
mento da avaliação, reconhecido nas conclusões téc- rando a Convenção, a LOAS permanece instituin-
nicas das avaliações social e médico-pericial”. Essa do restrições por vias transversas como a fixação
orientação normativa se reflete nos instrumentos de da duração do impedimento pelo prazo mínimo de
avaliação social e médico-pericial da deficiência e 2 (dois) anos.
do grau de incapacidade. Um dos quesitos do instru-
mento de avaliação da deficiência em vigor pelo INSS
pergunta se “a deficiência implica impedimento de Conclusão
longo prazo? (igual ou superior a dois anos)”, sendo
seguido de um alerta que informa ao perito que a A assistência social é um mecanismo de redução
resposta “não” resulta em “indeferimento do pedido, não apenas da pobreza, mas também da desigualda-
independente da avaliação social e médico-pericial”. de. A Constituição de 1988 estabelece como objeti-
Acrescido a esse item, está o quesito que avalia o vos principais da República erradicar a pobreza e
reduzir as desigualdades sociais (artigo 3, III). A igual- são nossa condição de existência compartilhada e que
dade é o parâmetro interpretativo dos direitos sociais mínimos são insuficientes para proteger necessida-
e não qualquer outra ideia mais restritiva como a im- des.
posta pelo mínimo social. Todos os sujeitos de direi-
tos que vivam situações de necessidade precisam
acessar os mecanismos públicos de assistência. É Referências
por essa razão que o artigo 1 da LOAS é incons-
titucional no que toca à referência aos mínimos soci- BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília,
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desconsideram que a Constituição Federal é uma <http://www010.dataprev.gov.br/sislex/paginas/42/1993/
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paço visível de encontro entre reconhecimento e 1744.htm>. Acesso em: 3 set. 2011.
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dade do Estado e um dever público que convoca uma ______. Decreto n. 6.214, de 26 de setembro de 2007. Disponível
deliberação sobre quais necessidades precisam ser em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/
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deve delinear essas duas questões, definindo os con-
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sistência social, com base na definição de deficiên- em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/
cia que a Convenção integrou ao texto constitucio- decreto/d6949.htm>. Acesso em: 14 ago. 2011.
nal. Alguns importantes dispositivos da LOAS ame-
açam a garantia de direitos fundamentais. Na con- ______. Supremo Tribunal Federal. Ação por Descumprimento
cessão do BPC, a perícia médica deveria consistir de Preceito Fundamental (ADPF) n. 182, de 10 de julho de 2009b.
na análise da correção da autodeclaração de que o Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/peticaoInicial/
requerente possui impedimentos que, em interação verPeticaoInicial.asp?base=ADPF&s1=182&processo=182>.
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dem quais demandas refletem necessidades justas. ______. Portaria Conjunta n. 1, de 24 de maio de 2011a.
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na Constituição Federal e dispor sobre os mecanis- legislacao/assistenciasocial/portarias/2011/
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família, o que é bem diferente do critério de extrema
pobreza vigente. Por fim, fixar que os impedimentos ______. Lei n. 12.435, de 6 de julho de 2011b. Altera a Lei n.
de longa duração são aqueles que produzem efeitos 8.742, de 7 de dezembro de 1993. Disponível em: <https://
pelo prazo mínimo de dois anos é desconsiderar os www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/
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verdadeiramente reconhecer que as necessidades <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/
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Notas
Debora Diniz
anis@anis.org.br
Doutora em Antropologia pela UnB
Professora do Programa de Pós-Graduação em Po-
lítica Social da UnB
Pesquisadora da Anis: Instituto de Bioética, Direitos
Humanos e Gênero