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CARACTERÍSTICAS DO DESENVOLVIMENTO DO REBATER E AS MODALIDADES

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1. AQUISIÇÃO DA HABILIDADE MOTORA REBATER................................................. 4
2. FATORES QUE INFLUENCIAM O DESENVOLVIMENTO DA HABILIDADE
REBATER ...................................................................................................................... 5
3. A REBATIDA NAS MODALIDADES DE ESPORTE ................................................... 6
4. REVISÃO DA AULA .................................................................................................. 9
5. REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 10
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AULA 2

CARACTERÍSTICAS DO
DESENVOLVIMENTO DO
REBATER E AS MODALIDADES

Entender como acontece a aquisição da habilidade motora rebater

Conhecer os fatores que determinam o desenvolvimento do rebater

Aprender que a rebatida pode ser diferente dependendo do esporte

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1. AQUISIÇÃO DA HABILIDADE MOTORA REBATER

Nessa aula, você entenderá mais a fundo como a habilidade de rebater se desenvolve
e aprimora, além de características mais especificas do tipo de rebatida dependendo da
modalidade esportiva.

Reforçando então o conceito introduzido na aula anterior, a habilidade de rebater se


caracteriza por ser uma habilidade manipulativa, uma vez que existe uma relação entre o
indivíduo e o objeto, principalmente no que diz respeito à aplicação e ao recebimento de força
dos objetos (GALLAHUE & OZMUN, 2005). Enquanto professor de educação física você
precisa compreender que é através da manipulação que a criança explora a relação com
objetos e seus movimentos no espaço, como o cálculo de trajetórias, velocidade de
deslocamento e a distância (GALLAHUE & OZMUN, 2005).

FIQUE ATENTO

Para propor atividades que envolvam a habilidade de rebater, você deve


prestar atenção se os alunos já possuem as habilidades estabilizadoras e
locomotoras bem desenvolvidas, pois somente depois delas estarem bem
desenvolvidas é que as habilidades manipulativas serão realizadas de modo
eficiente (GALLAHUE & OZMUN, 2005).

Considera-se que o rebater está em um estágio maduro quando ocorre a seguinte


sequência de movimentos: a) tronco se vira para a lateral antes da bola ser lançada; b)
transfere o peso para o pé de trás; c) quadris giram; d) transferência de peso está em padrão
contralateral; e) o peso se transfere ao pé da frente enquanto o objeto ainda se descola para
trás; f) o encontro se dá através de um arco completo; e g) o peso volta ao pé da frente quando
há o contato (GALLAHUE & OZMUN, 2005). Esse conhecimento diz respeito à evolução de
habilidades motoras, ainda na infância. Quando a criança está desenvolvendo essa habilidade,
não há um objetivo específico para o movimento, é o simples ato de rebater, normalmente
aparece pela primeira vez ao atingirem algum objeto com algum instrumento (GALLAHUE &
OZMUN, 2005; ECKBERT, 1993).

Você deve notar também, que no esporte é necessário um exaustivo refinamento da


habilidade que já é considerada madura (ou deveria ser), a prática de um determinado
movimento específico do esporte (rebater) associada a algumas técnicas de aperfeiçoamento
é de suma importância na execução de uma determinada tarefa quando se visa a excelência

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que pode determinar quem vence e quem perde (BALBINOTTI et al, 2009; MARINOVIC et al,
2006). O esporte exige movimentos complexos seja no alto rendimento ou como lazer, e se
sabe que quanto mais complexa a tarefa mais o indivíduo regride no padrão do movimento
(LANGENDORFER, 1987). Além disso, cada jogo possui um tipo de rebatida diferente, com
objetos que possuem pesos e formatos diferentes, o que muda sua trajetória e tempo de
deslocamento. No Tênis, as rebatidas podem ser com a bolinha na linha dos ombros ou dos
joelhos, nos dois lados (direito e esquerdo), uma peteca terá uma curvatura e velocidade
diferente de uma bola, e isso muda completamente a interação do jogador com o objeto.

2. FATORES QUE INFLUENCIAM O DESENVOLVIMENTO DA HABILIDADE

REBATER

No começo do século vinte, era proposto que a aquisição de habilidades dependia de


fatores maturacionais, e que o crescimento se encarregaria de promover a habilidade motora
(GESEL, 1929). Essa teoria não é mais aceita, hoje se sabe que diversos fatores interferem no
desenvolvimento das habilidades motoras. Você deve saber que existem três fatores que
podem determinar a aquisição de uma habilidade como a de rebater (NEWEL, 1986), são eles:
1) os fatores orgânicos são aqueles associados a aspectos morfológicos do indivíduo, como
massa corporal e as mudanças absolutas ou relativas de tamanho dos segmentos corporais
(TURVEY et al, 1982) – um rebatedor maior que o outro em um partida de Beisebol pode levar
vantagem por possuir maior envergadura; 2) os fatores ambientais são a luz natural,
densidade, condição físico-social do meio, ou seja, praticamente tudo que seja externo ao
organismo (NEWEL, 1986) – um jogo realizado sob chuva ou um sol muito forte pode alterar
a percepção dos jogadores e assim atrapalhar na focalização da trajetória do objeto a ser
rebatido; e 3) os fatores da tarefa que são os aspectos como as regras do jogo e definem a
dinâmica e qual será o implemento utilizado – o implemento utilizado, a raquete, o taco, ou
não usar implemento e usar a mão pode alterar o estilo da rebatida.

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EXEMPLIFICANDO

Até mesmo a situação em que o objeto se encontra para ser rebatido, isso
implica em movimentos específicos na rebatida, imagine então quando está
em movimento, se vem de cima, na linha dos ombros, ou se está parado no
chão, tal fato fará com que o praticante tenha de desenvolver movimentos
específicos para executar de maneira adequada a rebatida.

Pesquisadores da área do esporte destacam que uma das principais ferramentas para
o aperfeiçoamento da rebatida no esporte sempre será a repetição (BALBINOTTI, 2009;
MARINOVIC, 2006). Para se ter uma ideia, jogos como o Tênis ou o Tênis de mesa
ultrapassam as 300 rebatidas por partida facilmente quando considerados jogos de atletas
profissionais (BALBINOTTI, 2009; MARINOVIC, 2006). Acredita-se também que dicas verbais
fornecidas após, ou antes, da execução no intuito de estimular a imaginação e guiar o
praticante através dos pontos chaves da habilidade a ser praticada. É de suma importância
que você saiba que a realização de dicas verbais já demonstrou ser eficaz na melhora do
desempenho (LADEWIG, 2000; SILVEIRA, 2013).

As dicas verbais auxiliam no aumento da atenção seletiva do praticante e


consequentemente na tomada de decisão (LADEWIG, 2000). A tomada de decisão é um
aspecto importante na aquisição da habilidade e pode ser aprimorada com estratégias
cognitivas, como a utilização de dicas verbais (SILVEIRA, 2013). LADEWIG (2000) explica que
com as dicas verbais espera-se que a atenção que o praticante tem de despender sobre a
tarefa seja menor no geral com o foco onde de fato importa. LADEWIG (2000) ainda sugere
que a atenção seletiva atua na seleção e armazenamento de informações importantes no
momento de processar, reter, armazenar e disponibilizar em resposta às demandas do
ambiente. Por isso, a atenção seletiva interfere na habilidade de rebater e isso ocorre tanto
para crianças no ambiente escolar (SILVEIRA, 2013), quanto para atletas de alto nível, e isso
já foi observado no Tênis de mesa (MARINOVIC et al, 2006), no Tênis (BALBINOTTI, 2009) e
no Badminton (ABERNERTHY, 1988).

3. A REBATIDA NAS MODALIDADES DE ESPORTE

Você pode notar que cada modalidade dos esportes de rebater possui características
específicas de rebatida e algumas vezes dentro do mesmo esporte você possui golpes

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diferentes, tudo isso deve ser levado em consideração quando se propõe uma atividade que
envolva rebatida.

Isso faz do rebater uma habilidade que merece atenção especial no seu entendimento.
A maioria dos estudos que investigou a habilidade de rebater fez isso com o uso de
implementos, ou seja, praticamente não há estudos que consideraram a rebatida utilizando
as mãos, o que muda totalmente o padrão de movimento do praticante (FILHO et al, 2003).
Outro aspecto singular do rebater é ser muito dependente de algumas capacidades motoras,
como, tempo de reação, time coincidente, equilíbrio, e tempo de movimento (FILHO et al,
2003).

Estudos demonstram que o simples fato de se alterar um componente de tarefa,


mudando o tipo de rebatida normalmente realizado, prejudica o padrão do movimento (FILHO
et al, 2003). Esse tipo de resultado representa os diferentes tipos de rebatida em diferentes
tipos de esporte, ou mesmo aquelas observadas dentro do próprio esporte e que isso seria
mais do que um simples fato que ocorre no esporte, mas sim um quesito fundamental para
determinar vitória ou derreto em um alto nível de competitividade.

MARINOVIC et al. (2006) em seu livro sobre Tênis de mesa destaca que a maioria dos
atletas jovens acreditam que precisam desenvolver uma rebatida com grande potência a
velocidade seja a receita para chegar as vitórias e explica o porquê isso pode na verdade ser
uma grande desvantagem. Durante uma partida, o jogador deverá executar uma série de
movimentos diferentes e por isso ele precisa ter um grande repertório de movimentos para
que possa surpreender o adversário. Essa grande variação tem por objetivo diminuir a
previsibilidade das ações do jogador e com isso diminuir possíveis antecipações de jogada
por parte do adversário. Você deve aprender que, na maioria dos jogos de raquete, ao mesmo
tempo em que o jogador tenta ludibriar o adversário, esse adversário por sua vez tenta
antecipar o movimento que está por vir, quando o adversário não consegue antecipar esse
movimento isso aumento o tempo de reação dele, bem como a tomada de decisão, o que é
uma ótima vantagem (MARINOVIC et al, 2006). Seria ideal, que está variação fosse sutil na
maior parte dos movimentos, sem mudar bruscamente a característica da rebatida, a ponto
de o adversário não perceber tão facilmente até o momento em que a rebatida tem por
objetivo o ponto de fato.

É importante ainda que você saiba a respeito do tipo de variações técnicas implícitas
na rebatida e que podem ser utilizadas para confundir o adversário. Entre elas, a velocidade
da bola, o efeito colocado (bola em espiral), e mesmo onde ela vai pingar, podem ser cruciais
nessa variação técnica que tem por objetivo confundir o adversário e impedir que este

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antecipe o movimento (REID et al, 2013). Outro aspecto essencial para tomar nota é que
práticas mais fechadas, ou seja, o treinamento exclusivo daquele tipo de rebatida parece ser
mais eficiente do que o treinamento mais próximo à prática do jogo nos jogos de raquete,
principalmente para atletas iniciantes (DOUVIS, 2005).

Pensando ainda em esportes de alto rendimento, no Beisebol, um repertório maior de


rebatidas pode confundir o lançador que durante o jogo vai variar entre bolas rápida, lentas e
curvas de maneira geral. De fato, rebater uma bola de beisebol não é nada fácil, essa tarefa já
foi classificada uma vez como a tarefa mais difícil de fazer nos esportes (WILLIAMS &
UNDERWOOD, 1986). Para acertar a bola e a direção desejada, o rebatedor precisa obedecer
a uma cadeia cinética de movimentos transferindo energia através de cada segmento
corporal (pés-pernas-pélvis-tronco-braços-taco) (WELCH, 1995).

Por isso, os rebatedores devem treinar repetidas vezes diferentes tipos de bolas
(rápida, com efeito, alta, baixa, etc.), e até mesmo diferentes tipos de rebatida, porque muitas
vezes uma rebatida mais curta na direção de um determinado atleta da equipe adversária (os
recebedores espalhados nas bases) que esteja num dia ruim, ou mesmo não é tão habilidoso
quanto os outros em pegar a bola pode ser a estratégia que definirá a equipe vencedora.
Entretanto, em um estudo realizado com jogadores de Beisebol, (os quais eram profissionais,
semiprofissionais de ligas de acesso japonesas, e atletas universitários), sempre que houve
mudança de alvo para a direção da rebatida a eficiência da mesma diminuiu (HIGUCHI et al,
2013). Esse estudo sugere que embora seja útil possuir um amplo espectro para rebatidas,
isso precisa, como tudo no esporte, ser amplamente treinado, pois mudanças repentinas de
alvo podem implicar em aumento de erro. Na rebatida do Beisebol, a preparação para o início
do movimento também é muito importante, e como mencionado anteriormente, tudo começa
com a transferência do peso do corpo do atleta para os pés posicionados à frente do corpo.
Porém, em qual momento começar este movimento pode ser decisivo para o sucesso na
rebatida, e mesmo para jogadores de alto nível, o atleta parece responder mais ao tempo de
início do lançamento (tempo em que a bola saiu da mão do lançador) do que propriamente a
velocidade da bola (FORTENBAUGH et al, 2011). De fato, nesse estudo FORTENBAUGH et al.
(2011) após mudanças na velocidade de lançamento da bola na ordem de 3 m/s, o que no
alto rendimento pode fazer uma grande diferença, os pesquisadores observaram distúrbios
na cinemática dos rebatedores que iniciaram o movimento cerca de 15-20 m/s antes do que
nas rebatidas com sucesso.

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4. REVISÃO DA AULA

Nessa aula foi apresentado a você:

 Como a habilidade de rebater é adquirida;


 Quais são os cuidados que precisam ser tomados para que você possa
potencializar essa aprendizagem aos seus alunos;
 Quais são os determinantes dessa habilidade motora;
 Diferenças e a especificidade da rebatida em diferentes modalidades de esporte,
e o que pode interferir no padrão de rebatida;
 Aspectos sobre aperfeiçoamento da habilidade, como utilizar as dicas verbais.

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5. REFERÊNCIAS

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