Você está na página 1de 42

Equilı́brio do Usuário

EMB 5909
Equilı́brio em Redes de Transporte

Prof. Cassiano A. Isler


2018.2
Bibliografia Básica

CAPÍTULO 1
Urban Transportation
Networks Analysis

URBAN TRANSPORTATION NETWORKS: equilibrium analysis with


mathematical programming methods

(Disponı́vel também na área da disciplina no Moodle)

Prof. Cassiano A. Isler EMB 5909 (2018.2) Equilı́brio do Usuário 2 / 42


Bibliografia Básica

CAPÍTULO 3
Formulating the
Assignment Problem as a
Mathematical Program
URBAN TRANSPORTATION NETWORKS: equilibrium analysis with
mathematical programming methods

(Disponı́vel também na área da disciplina no Moodle)

Prof. Cassiano A. Isler EMB 5909 (2018.2) Equilı́brio do Usuário 3 / 42


Motivação

Considere uma rede cujo número de viagens realizadas por


motoristas entre pares de Origem-Destino (OD) é conhecido.

Esses pares OD estão conectados por múltiplas rotas.

A pergunta que queremos responder é:

“Como esses motoristas serão distribuı́dos entre as rotas possı́veis?”

Em outras palavras:

“Como deve ser feita a alocação dos motoristas nos arcos da rede
de tráfego?”

Prof. Cassiano A. Isler EMB 5909 (2018.2) Equilı́brio do Usuário 4 / 42


Motivação

Se todos os motoristas utilizarem a mesma rota (que intuitivamente


será o de menor tempo de viagem), um congestionamento se
formará.

Como resultado, o tempo de viagem nessa rota aumentaria e ela


deixaria de ser a de mı́nimo tempo total.

Dessa forma, alguns dos motoristas mudariam para uma rota


alternativa, que eventualmente também ficaria congestionada.

E assim por diante...

Prof. Cassiano A. Isler EMB 5909 (2018.2) Equilı́brio do Usuário 5 / 42


Motivação

A determinação dos fluxos em cada um dessas rotas envolve a


solução de um problema de equilı́brio entre funções de demanda
e de desempenho.

A função de desempenho (atraso) é definida de forma independente


para cada arco em relação ao fluxo de veı́culos (lembre da função
de atraso em seções de vias e em interseções!).

Porém, a função de desempenho também depende do


comportamento dos motoristas e, nesse caso, não é definida
separadamente para cada arco.

Essa relação entre desempenho e demanda resulta na análise do


equilı́brio da rede segundo uma visão geral do sistema. Ou seja,
nenhum arco, rota ou par OD é analisado isoladamente.

Prof. Cassiano A. Isler EMB 5909 (2018.2) Equilı́brio do Usuário 6 / 42


Equilı́brio em Redes de Tráfego

Considere uma rede de tráfego analisada somente sob a perspectiva


do fluxo de automóveis.
Um problema de “Alocação de Tráfego” pode ser enunciado por:
“Dados três elementos:
(1) Um grafo que representa uma rede de transporte urbano.
(2) As respectivas funções de desempenho nos arcos.
(3) Um matriz OD.
Determine o fluxo (e o tempo de viagem) em cada um dos
arcos da rede.”
Os fluxos resultantes desse modelo podem ser usados para calcular
medidas de desempenho (por exemplo, o nı́vel de serviço das vias)
que, por sua vez, permitem avaliar o sistema de tráfego.

Prof. Cassiano A. Isler EMB 5909 (2018.2) Equilı́brio do Usuário 7 / 42


Equilı́brio em Redes de Tráfego

Para resolver o problema de alocação de tráfego é necessário


estabelecer a regra com que os motoristas escolhem uma rota.

É essa regra que define a função de demanda nas rotas.

A interação entre as escolhas das rotas de cada par OD e as funções


de desempenho em todos os arcos determina os fluxos de equilı́brio
e os respectivos tempos de viagem na rede.

É razoável admitir que cada motorista tentará minimizar o seu


tempo de viagem entre um par OD (o que não significa que todos
os motoristas serão alocados a uma única rota).

O tempo de viagem em cada arco da rede se altera com o fluxo e,


portanto, aquele parâmetro se altera em múltiplas rotas quando os
fluxos nos arcos se modificam.

Prof. Cassiano A. Isler EMB 5909 (2018.2) Equilı́brio do Usuário 8 / 42


Equilı́brio em Redes de Tráfego

A condição de estabilidade (equilı́brio) do tempo de viagem nas


rotas é obtida quando nenhum motorista pode reduzir esse tempo
pela alteração de sua rota.

Algumas premissas devem ser assumidas como verdadeiras para a


definição dessa condição estabilidade:
(1) Todos os motoristas têm conhecimento sobre o tempo de
viagem em todas as rotas.
(2) Os motoristas sempre escolhem as rotas corretamente.
(3) Todos os indivı́duos têm comportamento idêntico.

Mais adiante no curso será demonstrado que essas premissas podem


ser substituı́das ao considerar percepção individual dos motoristas a
respeito do tempo de viagem.

Prof. Cassiano A. Isler EMB 5909 (2018.2) Equilı́brio do Usuário 9 / 42


Equilı́brio em Redes de Tráfego
Considere uma rede simples com dois arcos conectando um par OD
através de duas rotas e os seguintes parâmetros são conhecidos:
t1 : tempo de viagem na rota (arco) 1.
t2 : tempo de viagem na rota (arco) 2.
x1 : fluxo de veı́culos na rota (arco) 1.
x2 : fluxo de veı́culos na rota (arco) 2.
q : fluxo total entre o par OD (x1 + x2 ).
As funções de desempenho t1 (x1 ) e t2 (x2 ) fornecem o tempo total
de viagem em função do fluxo em cada rota.

Prof. Cassiano A. Isler EMB 5909 (2018.2) Equilı́brio do Usuário 10 / 42


Equilı́brio em Redes de Tráfego

Exemplo de Equilı́brio do Usuário

Suponha um fluxo q menor que q’, onde q’ é o limiar do tempo de


viagem na rota 2 referente ao fluxo livre conforme a figura.

Nesse cenário, se todos os q 0 motoristas desejam minimizar os seus


respectivos tempos de viagem eles escolherão a rota 1.
Se q 0 é pequeno, o tráfego na rota 1 não é suficiente para aumentar
os atrasos até o ponto em que o tempo de viagem nesse arco seja
igual ao do arco 2 nas condições de fluxo livre.
Prof. Cassiano A. Isler EMB 5909 (2018.2) Equilı́brio do Usuário 11 / 42
Equilı́brio em Redes de Tráfego

Exemplo de Equilı́brio do Usuário

Quando q = q’, o próximo motorista poderá escolher qualquer rota


que o tempo de viagem será o mesmo em ambas.
Se escolher entrar na rota 2, o tempo de viagem nessa rota
aumentará e o motorista seguinte escolherá a rota 1.
Considerando um fluxo de tráfego contı́nuo, após o ponto q = q’ o
equilı́brio dos fluxos só será mantido se o tempo de viagem for igual
para ambas as rotas.
Nessa situação, não há incentivo para os usuários mudarem de rota
e é possı́vel afirmar que o sistema está em equilı́brio.
Se os tempos de viagem são diferentes, alguns motoristas mudarão
de rota e reduzirão os seus respectivos tempos de viagem e
aumentarão os daqueles que pertencem à rota alternativa.
Prof. Cassiano A. Isler EMB 5909 (2018.2) Equilı́brio do Usuário 12 / 42
Equilı́brio em Redes de Tráfego

Conceito de Equilı́brio do Usuário

O livro-texto traz a definição de equilı́brio do usuário como:

UE Definition. For each O-D pair, at user equilibrium, the


travel time on all used paths is equal, and (also) less than or
equal to the travel time that would be experienced by a single
vehicle on any unused path.1

Traduzindo livremente, tem-se que:


O tempo de viagem em uma rede de tráfego é igual para
as rotas utilizadas entre cada par OD, e menor ou igual ao
tempo de viagem de um veı́culo trafegando sozinho por
uma rota não utilizada entre cada par.
1
Esse conceito é conhecido na literatura como “Equilı́brio de Wardrop” pois foi apresentado em “WARDROP, J. G. (1952).
Some Theoretical Aspects of Road Traffic Research. Proceedings, Institution of Civil Engineers II(1), pp. 325-378.”

Prof. Cassiano A. Isler EMB 5909 (2018.2) Equilı́brio do Usuário 13 / 42


Equilı́brio em Redes de Tráfego

Conceito de Equilı́brio do Usuário

Essa definição indica que, no equilı́brio, as rotas conectando cada


par OD podem ser divididas em dois grupos:

(1) Rotas que contém fluxos: o tempo de viagem será idêntico


em todas elas para um mesmo par OD.

(2) Rotas que não contém fluxo: o tempo de viagem será no


mı́nimo igual o tempo de viagem do primeiro grupo.

Prof. Cassiano A. Isler EMB 5909 (2018.2) Equilı́brio do Usuário 14 / 42


Equilı́brio em Redes de Tráfego

Conceito de Equilı́brio do Usuário


Retomando o problema anterior é possı́vel estabelecer que:
(1) Quando q ≤ q 0 : todo o tráfego é alocado na rota 1.
(2) Quando q > q 0 : se o tempo de viagem t no equilı́brio é conhecido
t = t1 = t2 pela definição de Equilı́brio do Usuário. Os fluxos
x1 e x2 nesse caso podem ser obtidos para um dado valor de t
pela inversa das funções de desempenho, ou seja, x1 = t−1 1 (t) e
x2 = t−1
2 (t).

x1=t1-1[t]

x2=t2-1[t]

Prof. Cassiano A. Isler EMB 5909 (2018.2) Equilı́brio do Usuário 15 / 42


Equilı́brio em Redes de Tráfego

Conceito de Equilı́brio do Usuário


Alternativamente, o tempo de viagem no equilı́brio pode ser obtido
por uma nova função de desempenho global para o par OD.
Essa função é obtida somando-se os fluxos nos arcos para um mesmo
tempo de viagem.

Perceba que não é a soma dos tempos de viagem para um mesmo


fluxo, mas a soma dos fluxos para um mesmo tempo de viagem.
Prof. Cassiano A. Isler EMB 5909 (2018.2) Equilı́brio do Usuário 16 / 42
Equilı́brio em Redes de Tráfego

Conceito de Equilı́brio do Usuário

Uma vez identificada essa curva basta inserir o fluxo total no eixo
das abscissas e identificar o tempo de viagem no equilı́brio e os
respectivos fluxos nos arcos.

Note que, se q ≤ q’, a função de desempenho OD coincide com a


função de desempenho da rota 1 e, no caso, o tempo de viagem no
equilı́brio é o tempo de viagem nessa rota.
Prof. Cassiano A. Isler EMB 5909 (2018.2) Equilı́brio do Usuário 17 / 42
Equilı́brio em Redes de Tráfego

Conceito de Equilı́brio do Usuário

Esse método gráfico funciona para resolver um exemplo simples


e demonstrar o conceito de equilı́brio do usuário em redes de
transporte.
Porém, o método não pode ser aplicado a problemas reais pois em
geral as redes de tráfego são de grande porte e incorrem que:
(1) O número de rotas entre um par OD pode ser muito grande
e impossı́vel de ser enumerado mesmo com a capacidade de
processamento computacional disponı́vel atualmente.

(2) O fluxo que atravessa cada arco resulta na alocação de


viagens entre muitas origens e muitos destinos, e nesse caso
a identificação dos tempos de viagem estão interligados pelos
fluxos que dependem das rotas de múltiplos pares OD.
Prof. Cassiano A. Isler EMB 5909 (2018.2) Equilı́brio do Usuário 18 / 42
MODELO DE

EQUILÍBRIO DO USUÁRIO

“UE ”

Prof. Cassiano A. Isler EMB 5909 (2018.2) Equilı́brio do Usuário 19 / 42


Modelo de Equilı́brio do Usuário - UE
O problema de equilı́brio em redes consiste em determinar os fluxos
x que satisfazem as condições de equilı́brio do usuário quando todos
os fluxos de origem-destino q são alocados adequadamente aos arcos
da rede.
O padrão dos fluxos na rede é obtido resolvendo-se o modelo:
X Z xa
minimizar z(x) = ta (w)dw
a 0

sujeito a X
fkrs = qrs ∀ r, s
k

fkrs ≥ 0 ∀ k, r, s
XXX
xa = fkrs · δa,k
rs
∀ a
r s k
Esse modelo é conhecido como “Transformação de Beckamnn” ou “Modelo de Equilı́brio do Usuário” (User Equilibrium
Model - UE ).

Prof. Cassiano A. Isler EMB 5909 (2018.2) Equilı́brio do Usuário 20 / 42


Modelo de Equilı́brio do Usuário - UE
A função objetivo é a soma das integrais das funções de desempenho
nos arcos (no infinitesimal representa a soma do tempo de viagem
para cada veı́culo entre zero e xa ).
X Z xa
minimizar z(x) = ta (w)dw
a 0

A primeira restrição representa a conservação de fluxo na rede, ou


seja, o fluxo em todas as rotas conectando cada par OD tem que
ser igual à taxa de viagem entre esses nós.
X
fkrs = qrs ∀ r, s
k

A segunda restrição é definida para caracterizar uma solução


fisicamente representativa do problema.
fkrs ≥ 0 ∀ k, r, s

Prof. Cassiano A. Isler EMB 5909 (2018.2) Equilı́brio do Usuário 21 / 42


Modelo de Equilı́brio do Usuário - UE

Como a função objetivo é formulada em termos de fluxos nos arcos


e as restrições de conservação são formuladas em termos de fluxos
nas rotas, a terceira restrição é estabelecida para caracterização do
problema como uma rede através da incidência dos arcos.

XXX
xa = fkrs · δa,k
rs
∀ a
r s k

Essas relações de incidência expressam os fluxos nos arcos em termos


dos fluxos nas rotas, ou seja, x = x(f ).

Prof. Cassiano A. Isler EMB 5909 (2018.2) Equilı́brio do Usuário 22 / 42


Modelo de Equilı́brio do Usuário - UE

Essa incidência também indica que a derivada parcial do fluxo pode


ser estabelecida em relação ao fluxo em uma rota especı́fica. Ou
seja:

∂xa (f ) ∂(f ) X X X rs rs mn
mn = fk · δa,k = δa,l ∀ a
∂fl ∂flmn r s
k

pois ∂fkrs /∂flmn = 0 se a rota entre r − s é diferente da rota entre


m − n ou se a rota k é diferente da rota l.

Essa equação implica que a derivada do fluxo em um arco a em


relação ao fluxo em um arco l entre a origem m e o destino n é
igual a 1 se esse arco é parte dessa rota, e 0 caso caso contrário.

Prof. Cassiano A. Isler EMB 5909 (2018.2) Equilı́brio do Usuário 23 / 42


Exemplo do Modelo de Equilı́brio do Usuário - UE

Considere a rede da figura e as funções de desempenho nos arcos:

t1 = 2 + x1

t2 = 1 + 2 · x2

O fluxo entre “O” e “D” deve ser igual a 6 veı́culos por minuto.

x1 + x2 = 6

Os fluxos devem ser não-negativos.

x1 , x2 ≥ 0

Prof. Cassiano A. Isler EMB 5909 (2018.2) Equilı́brio do Usuário 24 / 42


Exemplo do Modelo de Equilı́brio do Usuário - UE

Solução do Modelo Matemático


Matematicamente o problema pode ser representado pelo modelo:
Z x1 Z x2
minimizar z(x) = (2 + w)dw + (1 + 2 · w)dw
0 0

sujeito a

x1 + x2 = 6

x1 ≥ 0

x2 ≥ 0

Prof. Cassiano A. Isler EMB 5909 (2018.2) Equilı́brio do Usuário 25 / 42


CONDIÇÃO DE EQUIVALÊNCIA

DO MODELO DE

EQUILÍBRIO DO USUÁRIO

Prof. Cassiano A. Isler EMB 5909 (2018.2) Equilı́brio do Usuário 26 / 42


Condição de Equivalência - UE

Para demonstrar a equivalência da solução do “Modelo de Equilı́brio


do Usuário” (UE ) para o “Problema de Equilı́brio em Redes” é
necessário demonstrar que qualquer fluxo que resolve aquele modelo
matemático também é solução do problema de equilı́brio.

Essa equivalência é demonstrada provando-se que as condições de


primeira ordem do modelo de minimização são idênticas às de
equilı́brio do usuário (Equilı́brio de Wardrop).

A condição de equivalência consiste em demonstrar que o ponto de


mı́nimo do modelo matemático (UE ) resulta nos fluxos da rede em
equilı́brio.

Prof. Cassiano A. Isler EMB 5909 (2018.2) Equilı́brio do Usuário 27 / 42


Condição de Equivalência - UE
O “Modelo de Equilı́brio do Usuário” é formulado com restrições de
igualdade e não-negatividade (ver slide 20).

A condição de primeira ordem para garantia de otimalidade


dessa classe de modelos pode ser demonstrada pela definição
de um modelo com função objetivo Lagrangeana e restrições de
não-negatividade, de modo que o modelo matemático passa a ser:
!
XX X
rs
L(f , u) = z[x(f )] + urs · qrs − fk
r s k

sujeito a fkrs ≥ 0

onde urs são os multiplicadores de Lagrange (variáveis duais) da


restrição de conservação de fluxo para um par OD r − s.

Prof. Cassiano A. Isler EMB 5909 (2018.2) Equilı́brio do Usuário 28 / 42


Condição de Equivalência - UE
As restrições que satisfazem a condição de primeira ordem desse
modelo em relação às variáveis não-negativas fkrs são:

∂L(f , u)
fkrs · =0 ∀ k, r, s
∂fkrs

∂L(f , u)
≥0 ∀ k, r, s
∂fkrs

Para os multiplicadores de Lagrange que podem assumir qualquer


valor (urs ∈ <) a restrição é:

∂L(f , u)
=0 ∀ r, s
∂urs

A representação de uma solução ótima (ˆ) para a solução ótima do problema será suprimida daqui em diante para facilitar
rs rs
a notação das equações, ou seja, fˆk = fk .

Prof. Cassiano A. Isler EMB 5909 (2018.2) Equilı́brio do Usuário 29 / 42


Condição de Equivalência - UE

As restrições fkrs · ∂L(f ,u)


∂fkrs = 0 e ∂L(f ,u)
∂fkrs ≥ 0 exigem o cálculo
das derivadas parciais de L(f , u) em relação às variáveis de decisão
genéricas em uma rota l entre um par OD m − n (flmn ).

!
∂L(f , u) ∂z[x(f )] ∂ XX X
= + urs · qrs − fkrs
∂flmn ∂flmn ∂flmn r s
k

∀ l, m, n

O primeiro termo corresponde à derivada da função objetivo original


e o segundo termo envolve as derivadas parciais das restrições
decorrentes da aproximação para a função Lagrangeana.

Prof. Cassiano A. Isler EMB 5909 (2018.2) Equilı́brio do Usuário 30 / 42


Condição de Equivalência - UE
O primeiro termo (derivadas parciais da função objetivo original)
pode ser analisado pela regra da cadeia.
∂z[x(f )] X ∂z(x) ∂xb
= · ∀ l, m, n
∂flmn ∂xb ∂flmn
b∈A
onde
∂ X xa
Z
∂z(x)
= ta (w)dw = tb (xb )
∂xb ∂xb a 0
∂xb mn
= δb,l ∀ b (ver slide 23)
∂flmn
Portanto:
∂z[x(f )] X mn
= tb · δb,l = cmn
l ∀ l, m, n (ver slide 8*)
∂flmn
b∈A

*Aula “Notações para Modelagem Matemática”

Prof. Cassiano A. Isler EMB 5909 (2018.2) Equilı́brio do Usuário 31 / 42


Condição de Equivalência - UE

O segundo termo (derivadas parciais com multiplicadores de


Lagrange) pode ser definido por:

!
∂ XX X
urs · qrs − fkrs = −umn ∀ l, m, n
∂flmn r s
k

pois qrs é constante, as variáveis urs não depende de flmn e

∂fkrs


 ∂flmn = 1, se r = m, s = n e k = l.

 ∂fkrs

∂flmn = 0, caso contrário.

Prof. Cassiano A. Isler EMB 5909 (2018.2) Equilı́brio do Usuário 32 / 42


Condição de Equivalência - UE
∂L(f ,u)
Portanto, as derivadas parciais ∂flmn são dadas por:

∂L(f , u)
= cmn
l − umn ∀ l, m, n
∂flmn

As restrições que devem ser satisfeitas para garantir a condição de


primeira ordem de otimalidade em relação às variáveis fkrs são dados
por:

∂L(f , u)
fkrs · =0 ⇒ fkrs · (crs
k − urs ) = 0 ∀ k, r, s
∂fkrs

∂L(f , u)
≥0 ⇒ crs
k − urs ≥ 0 ∀ k, r, s
∂fkrs

Prof. Cassiano A. Isler EMB 5909 (2018.2) Equilı́brio do Usuário 33 / 42


Condição de Equivalência - UE

As restrições para garantia a condição de primeira ordem de


otimalidade em relação aos multiplicadores de Lagrange urs são
estabelecidas por:

∂L(f , u)
=0
∂urs

!
∂z[x(f )] ∂ XX X
⇒ + urs · qrs − fkrs =0
∂urs ∂urs r s
k

X X
⇒ qrs − fkrs = 0 ⇒ fkrs = qrs ∀ r, s
k k

Prof. Cassiano A. Isler EMB 5909 (2018.2) Equilı́brio do Usuário 34 / 42


Condição de Equivalência - UE
Portanto, a solução do modelo de minimização UE com restrições de
igualdade e não-negatividade aproximada para uma função objetivo
Lagrangeana com restrições de não-negatividade deve satisfazer as
seguintes condições:
fkrs · (crs
k − urs ) = 0 ∀ k, r, s

crs
k − urs ≥ 0 ∀ k, r, s

X
fkrs = qrs ∀ r, s
k

fkrs ≥ 0 ∀ k, r, s

Essas restrições permitem avaliar duas situações distintas em relação


aos de fluxos nas rotas da rede entre cada par OD.
Prof. Cassiano A. Isler EMB 5909 (2018.2) Equilı́brio do Usuário 35 / 42
Condição de Equivalência - UE

(1) Se fkrs > 0

Da primeira restrição:
(crs
k − urs ) = 0 ⇒ crs
k = urs ∀ k, r, s
A segunda restrição também é satisfeita pois:
crs
k ≥ urs ∀ k, r, s
A terceira restrição garante a conservação de fluxo.
X
fkrs = qrs ∀ r, s
k
A quarta restrição é satisfeita pela não-negatividade dos fluxos.
fkrs ≥ 0 ∀ k, r, s

Esse conjunto de restrições indica que o tempo de viagem é igual


em todas as rotas utilizadas (crs rs
k = urs quando fk > 0).

Prof. Cassiano A. Isler EMB 5909 (2018.2) Equilı́brio do Usuário 36 / 42


Condição de Equivalência - UE
(2) Se fkrs = 0

Da primeira restrição:
(crs
k − urs ) ≥ 0 ⇒ crs
k ≥ urs ∀ k, r, s
A segunda restrição também é satisfeita pois:
crs
k ≥ urs ∀ k, r, s
A restrição de conservação de fluxo é satisfeita anteriormente.
X
fkrs = qrs ∀ r, s
k
A restrição pela não-negatividade dos fluxos também é satisfeita .
fkrs ≥ 0 ∀ k, r, s

Esse conjunto de restrições indica que o tempo de viagem em todas


as rotas não utilizadas é maior ou igual àqueles nas rotas utilizadas
entre um par OD (crs rs
k ≥ urs quando fk = 0).
Prof. Cassiano A. Isler EMB 5909 (2018.2) Equilı́brio do Usuário 37 / 42
Condição de Equivalência - UE
Lembrando do conceito de “Equilı́brio de Wardrop” é possı́vel
afirmar que o conjunto de restrições que garante a solução ótima do
“Modelo de Equilı́brio do Usuário” satisfaz a definição do princı́pio
de equilı́brio em redes de transportes.
O tempo de viagem em uma rede de tráfego é igual para
as rotas utilizadas enter cada par OD, e menor ou igual
ao tempo de viagem de um veı́culo trafegando sozinho
por uma rota não utilizada entre cada par.
Das aulas anteriores, essa definição indica que, no equilı́brio, as
rotas conectando cada par OD podem ser divididas em dois grupos:
(1) Rotas que contém fluxos: o tempo de viagem será idêntico
em todas elas para um mesmo par OD.

(2) Rotas que não contém fluxo: o tempo de viagem será no


mı́nimo igual o tempo de viagem do primeiro grupo.
Prof. Cassiano A. Isler EMB 5909 (2018.2) Equilı́brio do Usuário 38 / 42
CONDIÇÃO DE UNICIDADE

DO MODELO DE

EQUILÍBRIO DO USUÁRIO

Prof. Cassiano A. Isler EMB 5909 (2018.2) Equilı́brio do Usuário 39 / 42


Condição de Unicidade - UE
Para provar que o “Modelo de Equilı́brio do Usuário” possui apenas
uma solução é suficiente demonstrar que a função objetivo e a região
factı́vel são estritamente convexas.
A convexidade da região factı́vel é garantida pela linearidade das
restrições (ver slide 33 de “Revisão de Modelos de Minimização”).
Portanto, basta apenas demonstrar que a função objetivo z(x) é
estritamente convexa, tal que a função de desempenho em um arco
a é representada pela figura e satisfaz as condições indicadas.
∂ta (xa )
=0 ∀ b 6= a
∂xb

∂ta (xa )
>0 ∀b=a
∂xa

Prof. Cassiano A. Isler EMB 5909 (2018.2) Equilı́brio do Usuário 40 / 42


Condição de Unicidade - UE
A função objetivo (multidimensional) é convexa quando a matriz
Hessiana de derivadas parciais de segunda ordem de z(x) em relação
aos fluxos nos arcos x é positiva semi-definida, ou seja, quando é
diagonal positiva (ver slides 17 e 18 de “Revisão de Modelos de
Minimização”).
A derivada de primeira ordem de z(x) em relação ao fluxo no
m-ésimo arco é:
∂ X xa
Z
∂z(x)
= ta (w)dw = tm (xm )
∂xm ∂xm a 0

Dada a derivada no m-ésimo arco, a derivada de segunda ordem de


z(x) em relação ao fluxo no n-ésimo arco é:
( dtn (xn )
∂z 2 (x) ∂tm (xm ) dxn , se m = n.
= =
∂xm ∂xn ∂xn 0, caso contrário.
Prof. Cassiano A. Isler EMB 5909 (2018.2) Equilı́brio do Usuário 41 / 42
Condição de Unicidade - UE
Desse modo, a Hessiana da função objetivo é:
dt1 (x1 )
 
0 ··· 0
 dt1 
 
 dt2 (x2 ) 
 0 ··· 0 
dt2
 
H= .
 
 .. .. .. .. 
 . . . . 
 
 
 dtA (xA ) 
0 0 ···
dtA

Como os elementos da diagonal são positivos (ver slide 40 em que


∂ta (xa )/∂xa > 0) a Hessiana é positiva semi-definida.
Desse modo, a solução do “Modelo de Equilı́brio do Usuário” (UE )
é única e equivalente aos fluxos nos arcos da rede sob a definição
de Equilı́brio de Wardrop.
Prof. Cassiano A. Isler EMB 5909 (2018.2) Equilı́brio do Usuário 42 / 42

Você também pode gostar