Você está na página 1de 2

AS PARCAS:

Cloto: o nascimento e o passado


Láquesis: a vida, o destino e o presente
Átropos: A morte e o futuro

CENA 1
O espetáculo começa com o cortejo – As moiras, cobertas por tecidos pretos, caminham
juntas. A que vai a frente, Cloto, desenrola um novelo de lã. Logo atrás vai Láquesis, que
puxa o fio e o entrega a Átropos, que por sua vez, corta o fio e coloca-o nas mãos de
alguém do público dizendo: “a parte que te cabe”, como um padre ao distribuir a hóstia. Os
fios devem ser cortados em comprimentos bem variados. As pessoas mais velhas do público
devem propositalmente receber fios mais curtos

CENA2
No Saguão do centro cultural estão posicionadas as moiras, com Láquesis no centro,
segurando uma ponta de um fio de lã em cada uma de suas mãos. De um lado, está Cloto e
do outro está Átropos, cada uma segurando a outra ponta do fio que lhe cabe.
Quando Láquesis começa a falar, as outras moiras começam uma lenta caminhada, girando
em volta dela.

(Jogo para fazer enquanto as pessoas entram:


Cloto: mais um!
Láquesis: Sete Bilhões, trezentos e sessenta milhões, quatrocentos e cinquenta e nove mil e
vinte e cinco.
Átropo: menos um!
Láquesis: Sete Bilhões, seiscentos e sessenta milhões, quatrocentos e cinquenta e nove mil
e vinte e quatro.
etc...)

Láquesis: O ser humano gira… Está sempre a girar nesse tear que engole a linha de sua
vida, às vezes se está encima e as vezes se está embaixo. Como as galáxias e os grandes
impérios, nós também giramos, temos momentos de ascensão e também de queda. Quando
estamos bem nós dançamos de alegria e quando não estamos… dançamos. Desde cedo
aprendemos a brincar de ciranda.

(quanto mais voltas as duas moiras dão em volta de Láquesis, mais enrolada ela fica e mais
próximas elas ficam dela)

Cloto e Átropos: ♪Roda mundo, roda gigante, roda moinho, roda peão...♫

Láquesis: Os ponteiros do relógio giram sem descanso. O tempo que nos faz nascer e
crescer é também o que nos encerra.

Cloto e Átropos: O circo do tempo haverá de rodar / A foice de Chronos nos há de ceifar.

Láquesis: Não há um vivo que já não esteve morto e não há um morto que já não esteve
vivo.
Cloto e Átropos: Do pó vieste e ao pó voltará / Assim sempre foi, assim sempre será.

Láquesis: A morte, surda, caminha ao meu lado


E eu não sei em que esquina ela vai me beijar.
Oh morte, tu que és tão forte
Que matas o gato, o rato e o homem
Vista-se com a tua mais bela roupa quando vieres me buscar.

Cloto e Átropos: ♪ Vou te encontrar vestida de cetim,


Pois em qualquer lugar esperas só por mim ♫

Láquesis: ♪ E no teu beijo provar o gosto estranho que eu quero e não desejo
Mas tenho que encontrar… ♫

(neste ponto, Láquesis está completamente enrolada. Cloto e Átropos se afastam e adentram
o teatro cantando. Átropos deixa sua tesoura no chão em frente a Láquesis, que continuará
imóvel até que alguém do público corte os fios que lhe prendem)

Cloto e Átropos:
♪Essa cova em que estás com palmos medida é a conta menor que tiraste em vida (é a conta
menor que tiraste em vida).
É de bom tamanho, nem largo nem fundo, é a parte que te cabe deste latifúndio (é a parte
que te cabe deste latifúndio) – repete o quanto for necessário♫ (ou volta para o Roda Viva)

INTERJEIÇÕES DAS PARCAS DURANTE AS HISTÓRIAS: cada vez que alguém nasce
nas histórias, Cloto dirá: mais um! E toda vez que alguém morrer, Átropos dirá: menos um!
E Láquesis dirá o número de habitantes no mundo.)

Algumas outras ideias:


-usar apenas um mesmo tecido preto bem longo para as três parcas e fazê-las competir por
espaço dentro do manto.
- Nos contos em que a morte aparecer personificada, as Moiras poderiam fazer uma
pirâmide e uma delas fica na ponta superior, única das três com o rosto a mostra e passa a
representar Tânatos.
- Podemos fazer algum jogo de imagem relacionando as parcas com as aranhas. Com três
parcas já temos 6 braços, aproveitando as pernas de uma delas temos 8 membros para a
aranha.

Outras músicas sobre morte que achei interessantes: Sentinela (Milton Nascimento), Não
Tenho Medo da morte (Gilberto Gil) e Depois da vida (Paulinho da viola/Nelson
Cavaquinho)

Você também pode gostar