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Henry Summer Maine definiu a passagem da sociedade arcaica do status para sociedade
evoluída do contractus, referia-se à esfera do direito privado.
Figura do contrato começou a ser cada vez mais empregada pelos escritores políticos.
Fala-se de intercâmbio político, analogia, mercado político, voto de permuta, conflitos que
se resolvem através de negociações, num pacto social referendado pelas forças sociais (os
sindicatos) ou num pacto político referendado pelas forças políticas (os partidos), ou até
mesmo num pacto nacional referendado pela reforma constitucional. Fala-se de um novo
contratualismo.
A teoria do estado moderno está toda centrada na figura da lei como principal fonte de
padronização das relações de convivência, contraposta à figura do contrato, cuja força
normativa está subordinada à da lei.
Pactum subiectionis ou dominationis tem por objetivo a atribuição a uma pessoa, não
importa se natural (o rei) ou artificial (uma assembléia), do direito de impor a própria
vontade através da lei.
Por causa do contraste entre o propagado modelo do estado como poder concentrado,
unitário e orgânico, e a realidade de uma sociedade dilacerada, dividida em grupos
antagônicos, começou-se a falar de retorno à Idade Média.
O panorama que temos é tão acidentado e tão pouco resolvível que acaba por justificar esta
postura que se coloca entre a laudatio temporis acti e o desejo de uma restauração.
Uma coisa é a constituição formal, outra a constituição real, ou material, como dizem os
juristas, e é com esta segunda que se deve ajustar as contas.
As constituições são feitas pelas forças políticas. Numa sociedade democrática, as forças
políticas são os partidos organizados: organizados acima de tudo para perseguir os votos,
para procurar obter o maior número possível deles.
O grande mercado
Lógica do acordo: Onde os partidos são mais de um, não está na constituição.
a constituição se ocupa do modo de formar as leis, mas da formação dos acordos (contratos
bilaterais ou plurilaterais) se ocupa o código civil.
Um acordo está sujeito a rescisão quando uma das partes deixa de cumprir as obrigações
contratadas.
O poder do presidente do conselho previsto pela constituição se exerce nos limites impostos
pelos acordos entre os partidos.
A idéia de que o representante eleito deva exercer o seu mandato livremente, não vinculado
às solicitações de seus eleitores, faz parte da polêmica dos escritores políticos e de direito
público em defesa da unidade do poder estatal — da qual é garantidor o soberano, seja ele
o príncipe ou o povo — contra o particularismo das camadas.
Concepção privatista: O mandatário age em nome e por conta do mandante e se não age
nos limites do mandato pode ser revogado.
Concepção publicística: A relação entre eleitor e eleito não pode mais ser figurada como
uma relação contratual, pois um e outro estão investidos de uma função pública e relação
entre eles, é uma típica relação de investidura, na qual o investido recebe um poder público
a ser, exatamente por ser público, exercido no interesse público.
O autor quis enfatizar o quanto é difícil ver realizado na prática o ideal da unidade estatal
acima das partes, mesmo quando os sujeitos políticos não são mais os grupos, as
camadas, as ordens que defendem interesses particulares, mas os indivíduos de um estado
democrático investidos de uma função pública.
A dificuldade nasce do fato de que as sociedades parciais não só não desapareceram com
o advento da democracia, mas aumentaram enormemente.
O pequeno mercado
Sociedades tradicionais: Maior parte das pessoas submetidas não intervém no processo de
legitimação, então basta o exercício do poder punitivo para manter sob controle a massa
ignorante.
Contratos plurilaterais: Acordos do grande mercado, sócios, político deve ter capacidade na
conduta de negociador, as várias partes têm interesses diversos mas um objetivo comum,
que é aquele pelo qual é constituída a sociedade.
Renascimento do contratualismo
A teoria da justiça de Rawls, embora fundada sobre bases contratualistas, tem bem pouco a
ver com as teorias do contrato social, cuja intenção era a de justificar racionalmente a
existência do estado, de encontrar um fundamento racional para o poder político, para o
máximo poder do homem sobre o homem, e não a de propor um modelo de sociedade
justa.
A nova aliança
A característica do acordo fundado sobre uma relação de tipo contratual, entre duas partes
que se consideram reciprocamente independentes, é a de ser ele um acordo lábil por sua
própria natureza.
A maior dificuldade que o neocontratualismo deve hoje enfrentar depende do fato de que os
indivíduos detentores passaram a pedir uma equânime distribuição da riqueza, para com
isso atenuar, se não mesmo eliminar, as desigualdades dos pontos de partida.
Norte-Sul, propõe o tema novíssimo da justiça, não mais apenas entre classes ou camadas
no interior dos estados, mas entre os estados. A perspectiva de um grande super-estado
assistencial vai abrindo caminho num mundo em que não foi resolvido, e está agora em
grande crise, o projeto do estado assistencial limitado às relações internas. Do que não se
pode duvidar, entretanto, é que a solução desta dificuldade é o tremendo desafio histórico
da esquerda num mundo dominado pela "fúria da destruição".