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DIREITO CIVIL – 4º BIMESTRE

INTRODUÇÃO AOS DIREITOS REAIS DE GARANTIA


ARTS. 1.419 a 1.430 C.C.

Anotações: São direitos reais sobre coisa alheia. Dizem respeito a contratos acessórios, pois o principal é a
dívida. Não há como existir garantia sem antes haver uma dívida.
Todos os direitos reais de garantia devem ser registrados no Cartório competente. Se não houver registro,
não se constitui o direito real de garantia.

 INTRODUÇÃO:
A garantia fidejussória ou pessoal é aquela em que terceiro se responsabiliza pela solução da dívida, caso o
devedor deixe de cumprir a obrigação. Decorre do contrato de fiança (CC, art. 818).
A garantia real é mais eficaz, visto que vincula determinado bem do devedor ao pagamento da dívida. Em
vez de ter-se, como garantia, o patrimônio do devedor, no estado em que se acha ao se iniciar a execução, obtém-se,
como garantia, uma coisa, que fica vinculada à satisfação do crédito. E pouco importa, daí por diante, o estado em
que se venha encontrar o patrimônio do devedor, uma vez que a coisa está ligada ao cumprimento daquela
obrigação. Se o devedor perder toda a sua fortuna, inclusive a coisa que escolheu para responder pelo seu
compromisso, tal fato em nada atingirá a segurança, porque a coisa, saindo do patrimônio do devedor, terá ido para
outro patrimônio. E, onde quer que se encontre, poder-se-á transformá-la no seu valor, e com esse valor satisfazer o
cumprimento da obrigação.
O Código Civil brasileiro contempla as seguintes modalidades de garantia: penhor, hipoteca e anticrese (art.
1.419).
A Lei n. 4.728, de 14 de julho de 1965, criou uma nova modalidade: a alienação fiduciária, disciplinada no
novo Código Civil como propriedade fiduciária (arts. 1.361 a 1.368), já por nós estudada.

O que é uma garantia? Segurança. Aumentam as chances do credor receber aquilo que emprestou. Quando
uma dívida não é paga no vencimento, o direito do credor mune-se de uma pretensão, e a dívida se transforma em
responsabilidade patrimonial.

 HISTÓRICO:
- Direito Romano primitivo -> Respondia com o próprio corpo.
- Lei das XII tábuas -> encarceramento, vendê-lo ou mata-lo.
- A evolução da civilização e conseqüentemente do Direito fez surgir o princípio do respeito à dignidade
humana do devedor, que passou a não mais responder fisicamente, e sim através de seu patrimônio.
- CF: Além de ter como um de seus fundamentos a dignidade da pessoa humana (art. 1º, III), não permite
prisões civis por dívidas, salvo nos casos do devedor de pensão alimentícia (art. 5º, LXVII).

DÍVIDA: Quando uma dívida não é paga no vencimento, o direito do credor mune-se de uma pretensão, e a
dívida se transforma em responsabilidade patrimonial.
Se o devedor não pagar o credor, o credor vai se munir/vai se armar de uma pretensão. Pretensão a que?
A atacar, a executar, através do juiz, o patrimônio do devedor para tomar seus bens e ser ressarcido.
E se o devedor não tiver bens? Ao credor só resta lamentar.
Assim, para correr menos riscos, é prudente o credor exigir uma garantia do devedor para aumentar as
chances do credor receber o pagamento em caso de inadimplemento.

 TIPOS DE GARANTIAS:
1. GARANTIA PESSOAL ou FIDEJUSSÓRIA (art. 818 do C.C.)
2. GARANTIA REAL – é a mais eficaz, pois vincula um determinado bem (móvel ou imóvel) do devedor ao
pagamento da dívida.
Penhor - Primeiro verdadeiro direito real de garantia adotado pelo Direito Romano. Penhor: direito real de
garantia para bens móveis, já a penhora é um instituto do direito processual civil, ou seja, constrição judicial.
Hipoteca – O direito real de hipoteca foi o último dos direitos reais de garantia a surgir. Há uma tendência de
a hipoteca ser deixada de lado devido à morosidade na execução da hipoteca. Devido à cláusula comissória é credor
é obrigado a vender o imóvel para satisfazer o seu crédito, sendo assim, depara-se com a morosidade do judiciário,
sendo preferível optar pela alienação fiduciária ao invés da hipoteca.
Anticrese - Instituto em franco desuso, e insere-se na nossa legislação mais por tradição e insistência do
legislador. Na anticrese se dá em garantia apenas bens imóveis e bens considerados imóveis. Nesse instituto quem
fica na posse dos bens dados em garantia é o credor, utilizando-se dos frutos para o pagamento da dívida, motivo
que justifica o desuso.
Alienação Fiduciária - Direito real sobre a própria coisa com escopo de garantia – arts. 1.361 a 1.368-B (bens
móveis) e Lei 9.514/97 (bens imóveis).

Obs.1: No caso do penhor, que tem por objeto bens móveis, e da hipoteca, que recai sobre imóveis, o bem
dado em garantia é penhorado, havendo impontualidade do devedor, e levado à hasta pública. O produto da
arrematação destinar-se-á preferencialmente ao pagamento do credor pignoratício ou hipotecário. Os quirografários
só terão direito às sobras, que lhes serão rateadas.
Obs.2: Quanto à forma do exercício do direito o penhor e a hipoteca distinguem-se da anticrese, porque
tanto o credor pignoratício como o hipotecário podem, no caso de inadimplemento da obrigação, promover a venda
judicial da coisa gravada para, com o preço apurado, satisfazerem-se preferencialmente. O credor anticrético não
dispõe do jus vendendi, mas tão somente do direito de reter a coisa enquanto a dívida não for paga.
Obs.3: Trata-se o penhor, a hipoteca e a anticrese de direitos reais (CC, art. 1.419), pois são munidos das
prerrogativas próprias de tais direitos, mas acessórios, uma vez que visam garantir uma dívida, que é a principal.
Sendo os direitos reais de garantia acessórios da obrigação, cujo cumprimento asseguram, seguem o destino desta.
Assim, extinta a obrigação principal, desaparece o direito real de garantia, mas a recíproca não é verdadeira. Mesmo
que, por exemplo, seja anulada a garantia, subsistirá a obrigação, cujo cumprimento se destina a assegurar.

Art. 1.419. Nas dívidas garantidas por penhor, anticrese ou hipoteca, o bem dado em garantia fica sujeito,
por vínculo real, ao cumprimento da obrigação.

DIREITO REAL DE GARANTIA é aquele que confere a seu titular o privilégio de obter o pagamento de uma
dívida com o valor do bem dado em garantia aplicado exclusivamente na satisfação dessa dívida.

 REQUISITOS SUBJETIVOS: Só têm capacidade para constituir ônus real quem tem jus disponendi.

Art. 1.420. Só aquele que pode alienar poderá empenhar, hipotecar ou dar em anticrese (...);
1. Capacidade genérica para os atos da vida civil. Assim, os menores não podem dar bens em garantia, pois
não tem capacidade de administrar seus bens;
2. Capacidade de alienar.

Obs.: Doutrina: A falta da vênia conjugal torna anulável o ato praticado, segundo dispõe o art. 1.649 do
Código Civil, podendo o outro cônjuge, e não quem o praticou, pleitear-lhe a anulação, até dois anos depois de
terminada a sociedade conjugal.

 REQUISITOS OBJETIVOS: Objeto possível, tanto no ponto de vista material quanto jurídico.
Art. 1.420. (...) só os bens que se podem alienar poderão ser dados em penhor, anticrese ou hipoteca.

Doutrina: Não podem, assim, ser objeto de garantia, sob pena de nulidade, os bens fora do comércio, como
os públicos, os inalienáveis enquanto assim permanecerem, o bem de família, os imóveis financiados pelos Institutos
e Caixas de Aposentadorias e Pensões (Dec.-Lei n. 8.618, de 10-1-1946).

Quanto à inalienabilidade, existem: a) bens inalienáveis por natureza; b) bens inalienáveis por força da
vontade e, c) bens inalienáveis por força da lei (bens públicos). NÃO PODEM SER DADOS COMO GARANTIA.

§1o A propriedade superveniente torna eficaz, desde o registro, as garantias reais estabelecidas por quem
não era dono.
Anotações: Apenas quem é dono pode dar bem em garantia, mas, se A, compromissária compradora, titular
de direito real, mas não proprietária, der esse bem em garantia? A garantia se tornará eficaz ex tunc desde o
momento do registro da propriedade.
Doutrina: A garantia que era ineficaz revigora-se com a aquisição ulterior do domínio, como se nunca tivesse
padecido do defeito.
§2o A coisa comum a dois ou mais proprietários não pode ser dada em garantia real, na sua totalidade,
sem o consentimento de todos; mas cada um pode individualmente dar em garantia real a parte que tiver.
 REQUISITOS FORMAIS: Contrato.
Art. 1.424. Os contratos de penhor, anticrese ou hipoteca declararão, sob pena de não terem eficácia:
I - o valor do crédito, sua estimação, ou valor máximo;
II - o prazo fixado para pagamento;
III - a taxa dos juros, se houver;
IV - o bem dado em garantia com as suas especificações.
Anotações: Importante ressaltar que o bem deve ser perfeitamente especificado no contrato.

Na ausência de condições formais de validade (art. 1.424 + registro), a garantia não será oponível erga
omnes, não se podendo falar em direito real.
A ausência desses requisitos não acarreta, porém, a nulidade do contrato, mas apenas a sua ineficácia, pois
não produz os efeitos próprios de um direito real. Valerá apenas como direito pessoal, vinculando somente as partes
que intervieram na convenção. Em consequência, fica o credor privado da sequela, da preferência e da ação real,
restando-lhe apenas o direito de participar do concurso de credores, na condição de quirografário.

Anotações: Apenas o contrato em si mesmo não confere direito real de garantia, é necessário que ele
cumpra os requisitos do art. 1.424 e seja registrado.
REGISTRO (publicidade) Cartório de Registro de Imóveis ou de Títulos e Documentos – Lei 6015/73, arts. 238
e 241.

Doutrina: Impõe a lei a observância de formalidades para que os contratos de penhor, hipoteca e anticrese
tenham eficácia em relação a terceiros. Essa eficácia é alcançada pela especialização e pela publicidade.
A especialização é a descrição pormenorizada, no contrato, do bem dado em garantia, do valor do crédito,
do prazo fixado para pagamento e da taxa de juros, se houver. A publicidade é dada pelo registro do título
constitutivo no Registro de Imóveis (hipoteca, anticrese) ou no Registro de Títulos e Documentos (penhor).

 PRINCIPIOS QUE REGEM OS DIREITOS REAIS DE GARANTIA:


1. PRINCIPIO DA PUBLICIDADE: REGISTRO.
Anotações: O direito real de garantia é constitutivo, ou seja, sem o registro do contrato não há direito real,
mas mero direito obrigacional, que não gera efeitos reais, p.ex. preferência, direito de sequela etc.

2. PRINCIPIO DA ESPECIALIZAÇÃO: Art. 1424 C.C. No contrato é necessário inserir os dados necessários,
exigidos pelo artigo supramencionado, isto é, o valor da dívida, prazo, taxa de juros, descrição do objeto do direito
real de garantia etc.

3. PRINCIPIO DA ACESSORIEDADE: O direito real de garantia não subiste em si mesmo, dependendo sempre
de um contrato principal, que normalmente garante o mutuo.
Anotações: Os direitos reais de garantia são acessórios da dívida. Se não houver dívida, não haverá garantia.
Assim, se houver alguma nulidade na dívida, nulo será o direito real uma vez que se trata de contrato acessório.

4. PRINCIPIO DA ADERÊNCIA: Estabelece que a garantia não se desprende da coisa, ainda que seja
transferida para terceiros, de forma que acompanha a coisa onde quer que esteja.

5. PRINCIPIO DO PRIVILÉGIO: É a base dos direitos reais de garantia, exceto anticrese, em que a posse do
bem pertence ao credor. O credor anticrético tem direito a retenção, já os credores do penhor e da hipoteca são
credores privilegiados/preferenciais, ou seja, tem o direito de ser pagos em primeiro lugar ao ser o bem levado a
hasta pública.
Art. 1.422. O credor hipotecário e o pignoratício têm o direito de excutir (vender em hasta pública) a coisa
hipotecada ou empenhada, e preferir, no pagamento, a outros credores, observada, quanto à hipoteca, a
prioridade no registro.
Anotações: “(...) observada quanto à hipoteca, a prioridade no registro.” A hipoteca é um direito real que, ao
lado do penhor, deve ser registrada para se constituir como direito real. Assim, aquele que registrar em primeiro
lugar, tem preferência no pagamento sobre os demais que registrem posteriormente.
Doutrina: Ressalva o aludido dispositivo, na parte final, que, havendo mais de uma hipoteca sobre o mesmo
bem, observar-se-á “a prioridade no registro”. Significa dizer que o credor da segunda hipoteca tem a garantia do
bem hipotecado, mas goza do privilégio em segundo plano, em relação à primeira. O seu direito preferencial tem
início depois de satisfeito o credor da hipoteca registrada em primeiro lugar, embora privilegiadamente em face dos
quirografários. A ordem dos registros é que determina a prevalência da garantia, não a data do contrato.

Parágrafo único. Excetuam-se da regra estabelecida neste artigo as dívidas que, em virtude de outras leis,
devam ser pagas precipuamente a quaisquer outros créditos.

6. PRINCIPIO DA INDIVISIBILIDADE:
Art. 1.421. O pagamento de uma ou mais prestações da dívida não importa exoneração correspondente da
garantia, ainda que esta compreenda vários bens, salvo disposição expressa no título ou na quitação.
Anotações:
“A” financia 1mi de reais, dando em garantia: fazenda de 10 mil há em Pedregulho (hipoteca); 200 cabeças
de gado (penhor) e formação de lavoura café estimada em 10 mil sacas (penhor).
Todos esses bens, juntos, formam a garantia quando registrados nos cartórios competentes.
“A” se compromete a pagar a dívida em 48 prestações mensais e sucessivas. Passados 2 anos decide que é
necessário vender as cabeças de gado. O credor pode não aceitar essa venda pelo Princípio da Indivisibilidade, pois
todos os bens dados em garantia ficam vinculados ao pagamento integral da dívida. Dessa forma, não é obrigação do
credor liberar parte dos bens ante o cumprimento parcial da dívida.
Doutrina: O pagamento parcial de uma dívida não acarreta a liberação da garantia na proporção do
pagamento efetuado, ainda que esta compreenda vários bens, salvo se o contrário for convencionado. A coisa
inteira, individual ou coletiva, divisível ou indivisível, continuará garantindo o remanescente da dívida.
O art. 1.429, em consequência do princípio ora em estudo, estabelece que “os sucessores do devedor não
podem remir parcialmente o penhor ou a hipoteca na proporção dos seus quinhões; qualquer deles, porém, pode
fazê-lo no todo”.
Destarte, o sucessor do devedor não pode liberar o seu quinhão, pagando apenas a sua cota-parte na dívida.
Terá, para tanto, de pagar a totalidade do débito, sub-rogando-se nos direitos do credor pelas cotas dos coerdeiros,
nos termos do parágrafo único do aludido dispositivo.
Remição, em matéria de direitos reais de garantia, significa liberação da coisa gravada, mediante
pagamento do credor. Não se confunde com o vocábulo remissão, que significa, no direito das obrigações, perdão da
dívida, extinção desta sem pagamento.
Tem o devedor o direito de efetuar a remição. Mas esta só liberará os bens dados em garantia se for total.
Não se admite remição parcial, por contrariar o princípio da indivisibilidade do direito real de garantia. Havendo
amortização parcial da dívida, os bens permanecem integralmente onerados.

 EFEITOS:
1. Separar do patrimônio do devedor determinado bem, afetando-o ao pagamento prioritário de determinada
obrigação (art. 1419);

2. Preferência em benefício do credor pignoratício e hipotecário (arts. 1422 e 1430);


Art. 1.422. O credor hipotecário e o pignoratício têm o direito de excutir a coisa hipotecada ou
empenhada, e preferir, no pagamento, a outros credores, observada, quanto à hipoteca, a prioridade no registro.
Parágrafo único. Excetuam-se da regra estabelecida neste artigo as dívidas que, em virtude de outras leis,
devam ser pagas precipuamente a quaisquer outros créditos.
Doutrina: Somente após pagar-se ao preferente é que as sobras, se houver, serão rateadas entre os demais
credores.
Se o preço for insuficiente, continuará credor sem privilégio, do que faltar. A sua condição quanto a essa
parte será, assim, a de credor quirografário.
A aludida primazia, no entanto, não beneficia o credor anticrético. O direito deste é regulado no art. 1.423
do Código Civil, que lhe assegura, em compensação, a prerrogativa de “reter em seu poder o bem, enquanto a dívida
não for paga”, direito que se extingue “decorridos quinze anos da data de sua constituição”.

3. Direito a excussão – levar o bem a venda em hasta pública (art. 1422 e 1.430);
Doutrina: Estabelece o art. 1.422 do Código Civil, retrotranscrito, na sua primeira parte, que “o credor
hipotecário e o pignoratício têm o direito de excutir a coisa hipotecada ou empenhada”, isto é, de promover a sua
venda em hasta pública, por meio do processo de execução judicial.
Art. 1.430. Quando, excutido o penhor, ou executada a hipoteca, o produto não bastar para pagamento da
dívida e despesas judiciais, continuará o devedor obrigado pessoalmente pelo restante.
4. Direito de retenção da coisa por parte do credor anticrético (art. 1423);
Art. 1.423. O credor anticrético tem direito a reter em seu poder o bem, enquanto a dívida não for paga;
extingue-se esse direito decorridos quinze anos da data de sua constituição.
Anotações: “data de sua constituição” = registro. Após 15 anos do registro o credor anticrético não pode
mais exercer o direito de retenção. Caso a dívida não tenha sido paga é necessário devolver o bem para o devedor.

5. Direito de sequela;
Doutrina: O jus persequendi é o direito de reclamar e perseguir a coisa, em poder de quem quer que se
encontre, para sobre ela exercer o seu direito de excussão, pois o valor do bem está afeto à satisfação do crédito.
Assim, quem adquire imóvel hipotecado, por exemplo, está sujeito a vê-lo levado à hasta pública, para pagamento da
dívida que está a garantir.
Como esclarece ORLANDO GOMES, “o vínculo não se descola da coisa cujo valor está afetado ao pagamento
da dívida. Se o devedor a transmite a outrem, continua onerada, transferindo-se, com ela, o gravame.

6. Indivisibilidade do direito real de garantia (art. 1.421);


Art. 1.421. O pagamento de uma ou mais prestações da dívida não importa exoneração correspondente
da garantia, ainda que esta compreenda vários bens, salvo disposição expressa no título ou na quitação.

7. Proibição da cláusula comissória (art. 1.428).


Art. 1.428. É nula a cláusula que autoriza o credor pignoratício, anticrético ou hipotecário a ficar com o
objeto da garantia, se a dívida não for paga no vencimento.
Proibição de cláusula comissória. Cláusula comissória é a estipulação que autoriza o credor a ficar com a
coisa dada em garantia, caso a dívida não seja paga.
O credor com garantia real somente poderá excutir o bem, pagando-se com o produto da arrematação. O
que sobejar, será devolvido ao devedor.
A nulidade atinge a cláusula, mas não contamina todo o contrato, que prevalece no tocante às demais
estipulações, operando então como se a avença comissória inexistisse.

Parágrafo único. Após o vencimento, poderá o devedor dar a coisa em pagamento da dívida.
Anotações: Hipótese de dação em pagamento, que é feita espontaneamente pelo devedor.
Doutrina: Embora proibido o pacto que autoriza o credor a ficar com a coisa se a dívida não for paga no
vencimento, é permitido ao devedor, todavia, após o vencimento da obrigação, entregar em pagamento da dívida a
mesma coisa ao credor, que a aceita, liberando-o. Configura-se, neste caso, a dação em pagamento.

 VENCIMENTO:
Vencimento Normal: art. 1424, II.
Vencimento Antecipado: art. 1425.
Os artigos acima mencionados aplicam-se a todos os direitos reais de garantia.

Vencimento Antecipado: Anote-se que, ao estipularem a garantia, as partes podem estabelecer que, na
ocorrência de determinado fato por elas previsto, além dos mencionados no art. 1.425, que independem de
estipulação, torne-se logo exigível. É considerada, por exemplo, perfeitamente lícita a cláusula de vencimento
antecipado da dívida na hipótese de ser constituída nova hipoteca sobre o mesmo imóvel.

Art. 1.425. A dívida considera-se vencida:


I - se, deteriorando-se, ou depreciando-se o bem dado em segurança, desfalcar a garantia, e o devedor,
intimado, não a reforçar ou substituir;
Anotações: O próprio credor tem a possibilidade de verificar os bens; assim, quando o bem “some”, o credor
deverá intimar o devedor para que ele, de imediato, substitua a garantia ou pague o preço correspondente.
Doutrina: Trata-se de superveniente insuficiência da coisa dada em segurança. É obrigação do devedor
manter íntegro o objeto da garantia. Se este sofre uma degradação física, deteriorando-se, ou uma desvalorização
econômica, desvalorizando-se, incumbe-lhe o dever de colocar outra coisa em seu lugar. Não o fazendo, malgrado
intimado a fazê-lo, o credor terá a faculdade de excutir a garantia, mesmo não tendo chegado a obrigação ao seu
termo. Mas, “se a garantia real tiver sido constituída por terceiro, não fica obrigado este a substituí-la ou reforça- la,
salvo se tiver procedido culposamente ou a isto se obrigou por cláusula expressa” (art. 1.427).
Não interessa investigar a origem da insuficiência superveniente. Mesmo que decorra do fortuito ou da força
maior, pode o credor, com base no dispositivo legal em apreço, reclamar antecipado pagamento de seu crédito. O
que importa é que a insuficiência seja superveniente
II - se o devedor cair em insolvência ou falir;
III - se as prestações não forem pontualmente pagas, toda vez que deste modo se achar estipulado o
pagamento. Neste caso, o recebimento posterior da prestação atrasada importa renúncia do credor ao seu direito
de execução imediata;
Anotações: Hipótese de inadimplência.
IV - se perecer o bem dado em garantia, e não for substituído;
V - se se desapropriar o bem dado em garantia, hipótese na qual se depositará a parte do preço que for
necessária para o pagamento integral do credor.
Anotações: Hipótese em que o Poder Público desapropria uma área, indenizando-se o seu proprietário. A
primeira medida a ser tomada é separar a quantia necessária a garantia.
§1o Nos casos de perecimento da coisa dada em garantia, esta se sub-rogará na indenização do seguro, ou
no ressarcimento do dano, em benefício do credor, a quem assistirá sobre ela preferência até seu completo
reembolso.
Anotações: Em primeiro lugar, o valor do seguro ou da indenização deve ser destinado ao credor, apenas as
sobras serão repassadas ao devedor ou aos demais credores.
§2o Nos casos dos incisos IV e V, só se vencerá a hipoteca antes do prazo estipulado, se o perecimento, ou
a desapropriação recair sobre o bem dado em garantia, e esta (garantia) não abranger outras; subsistindo, no caso
contrário, a dívida reduzida, com a respectiva garantia sobre os demais bens, não desapropriados ou destruídos.
Anotações: É possível que um mesmo devedor dê garantia de hipoteca e penhor ao mesmo tempo: lavoura
de café em formação (bem móvel) + propriedade da fazenda. Assim, não há que se confundir as garantias, podendo
ser apenas uma cancelada, permanecendo-se a que subsistir. Assim, o vencimento antecipado do penhor não irá
influir na hipoteca e vice e versa.
Doutrina: Por conseguinte, quando houver outros bens dados em garantia e o perecimento, ou a
desapropriação, ocorrer em relação a apenas um deles, dar- se- á o vencimento antecipado apenas de uma parte da
dívida, proporcional ao bem destruído. O restante da dívida permanece seguro, escorado pelos demais bens que
compõem a garantia, devendo ser observado o prazo de vencimento inicialmente previsto.
Vale ressaltar que a norma legal, nesse caso, abre exceção, em favor do devedor, ao princípio da
indivisibilidade da garantia real, por reconhecer que o credor, ainda tendo garantia de parte da dívida, não tem
motivo para pleitear o pagamento antecipado de toda ela.

Art. 1.426. Nas hipóteses do artigo anterior, de vencimento antecipado da dívida, não se compreendem os
juros correspondentes ao tempo ainda não decorrido.
Doutrina: A antecipação do vencimento gera a exclusão dos juros compensatórios futuros, mas nada obsta
que, a partir desse vencimento antecipado, haja a incidência de juros moratórios, se vier o devedor a ser constituído
em mora.

Art. 1.427. Salvo cláusula expressa, o terceiro que presta garantia real por dívida alheia não fica obrigado a
substituí-la, ou reforçá-la, quando, sem culpa sua, se perca, deteriore, ou desvalorize.
Garantia real outorgada por terceiro: Em regra, a garantia é oferecida por aquele que contrai a obrigação.
Mas não precisa ser necessariamente assim, podendo o bem que a compõe pertencer a terceiro que, por amizade ou
interesse, ofereça coisa sua em segurança da dívida de outrem.
Nesse caso, o terceiro não fica pessoalmente vinculado, não se transformando em codevedor nem em fiador,
pois não assume responsabilidade que possa atingir todo o seu patrimônio, a menos que o contrato reze o contrário.
Destarte, excutida a dívida, se o produto não for suficiente para a integral satisfação do credor, desonerar-se-
á o terceiro, não respondendo pelo saldo devedor que por acaso remanescer. Igualmente, se o objeto da garantia
vem a ser destruído, ou se desvaloriza, também desaparece ou se desvaloriza a garantia.
Duas exceções, todavia, prevê a lei. Em ambas fica o terceiro obrigado a restaurar a garantia. A primeira
delas é quando houver estipulação expressa em contrário no título; a segunda exceção ocorre quando a perda ou
desvalorização do objeto da garantia decorrer de culpa do próprio terceiro, hipótese em que estará obrigado a
reforçá-la ou substituí-la.

Art. 1.429. Os sucessores do devedor não podem remir parcialmente o penhor ou a hipoteca na proporção
dos seus quinhões; qualquer deles, porém, pode fazê-lo no todo.
Parágrafo único. O herdeiro ou sucessor que fizer a remição fica sub-rogado nos direitos do credor pelas
quotas que houver satisfeito.
Remir é libertar o bem do ônus que o grava, pagando-lhe o preço.

Art. 1.430. Quando, excutido o penhor, ou executada a hipoteca, o produto não bastar para pagamento da
dívida e despesas judiciais, continuará o devedor obrigado pessoalmente pelo restante.
Anotações: Continua como credor quirografário, isso é, sem garantia real.
Doutrina: A garantia real não exclui a pessoal. Extinta ou esgotada a primeira, pode o credor valer-se da
segunda, que é subsidiária daquela. Assim, se na hasta pública não se apurar quantia suficiente para pagamento da
dívida, incluindo-se o valor principal e as parcelas referentes à cláusula penal, aos juros, à correção monetária e aos
ônus da sucumbência, o credor poderá requerer a penhora de outros bens existentes no patrimônio do devedor, pelo
saldo. Mas nesse caso estará atuando na qualidade de credor quirografário.

DO PENHOR - arts. 1431 a 1472 C.C.

 CONCEITO: Art.1.431.
Art. 1.431. Constitui-se o penhor pela transferência efetiva da posse que, em garantia do débito ao credor
ou a quem o represente, faz o devedor, ou alguém por ele, de uma coisa móvel, suscetível de alienação.
Parágrafo único. No penhor rural, industrial, mercantil e de veículos, as coisas empenhadas continuam em
poder do devedor, que as deve guardar e conservar.
Anotações: A posse prevalecerá sempre em prol da produtividade. Apenas no penhor comum e no de títulos
de crédito é que a posse caberá ao credor.
Doutrina: Com base nesse dispositivo pode-se definir o penhor como o direito real que consiste na tradição de
uma coisa móvel, suscetível de alienação, realizada pelo devedor ou por terceiro ao credor, em garantia do débito.

 PERSONAGENS: Devedor Pignoratício e Credor Pignoratício

 CARACTERISTICAS:
1. DIREITO REAL DE GARANTIA com oponibilidade erga omnes, direito de sequela e preferência - art. 1.225,
VIII, CC.
Doutrina: Constitui-se mediante contrato, que deve ser levado ao Registro de Títulos e Documentos para
valer contra terceiros, ou, no caso do penhor rural, ao Registro de Imóveis.
Uma vez regularmente constituído, passa o credor a ter um direito que se liga à coisa (princípio da aderência
ou inerência) e a segue em poder de quem quer que a detenha (sequela), vinculando-a à satisfação da dívida. Se esta
não ocorrer, poderá excuti-la e pagar-se preferentemente, devolvendo ao devedor o eventual saldo.

2. ACESSÓRIO
É direito acessório, e, como tal, segue o destino da coisa principal. Uma vez extinta a dívida, extingue-se, de
pleno direito, o penhor; nula a obrigação principal, nulo será o penhor.

3. TRADIÇÃO
A entrega efetiva do bem é obrigatória em alguns casos.
Art. 1431 (...)
Parágrafo único. No penhor rural, industrial, mercantil e de veículos, as coisas empenhadas continuam em
poder do devedor, que as deve guardar e conservar.
Doutrina: só se perfecciona pela tradição do objeto ao credor. A lei, porém, criou penhores especiais,
dispensando a tradição, nos contratos de penhor rural, industrial, mercantil e de veículos.
O penhor figura entre os contratos que não se aperfeiçoam unicamente com o acordo de vontade das partes,
mas dependem da entrega do objeto. Não se trata, pois, de contrato consensual, mas de contrato real: exige, para se
aperfeiçoar, além do consentimento, a entrega (traditio) da coisa que lhe serve de objeto.

4. OBJETO
Bens móveis corpóreos ou incorpóreos (direitos, p.ex. direitos autorais).
Doutrina: O penhor recai, ordinariamente, sobre bens móveis, ou suscetíveis de mobilização. Tal
peculiaridade constitui um dos traços distintivos entre o aludido instituto e a hipoteca. Mas se aplica somente ao
penhor tradicional, visto que a lei criou penhores especiais que incidem sobre imóveis por acessão física e intelectual,
como o penhor rural e o industrial (tratores, máquinas, colheitas pendentes e outros objetos incorporados ao solo), e
ainda admite hipoteca sobre bens móveis, ou seja, sobre navios e aviões.
Quando o penhor incide sobre diversas coisas singulares, em garantia de um mesmo crédito, com cláusula de
sujeitar cada uma delas à satisfação integral do débito, recebe o nome de “penhor solidário”

5. ALIENABILIDADE e DISPOSIÇÃO – art. 1420.


O imóvel deve ser passível de ser alienado e o agente deve ter poder de disposição sobre o bem.
Art. 1.420. Só aquele que pode alienar poderá empenhar, hipotecar ou dar em anticrese; só os bens que se
podem alienar poderão ser dados em penhor, anticrese ou hipoteca.
(...)

6. PROPRIEDADE DO DEVEDOR ou de TERCEIROS - arts. 1.420 e 1.427.


Doutrina: Para que tenha validade a constituição do penhor é necessário que a coisa oferecida em garantia
pertença ao próprio devedor, pois é nulo o penhor de coisa alheia, salvo as hipóteses de domínio superveniente (CC,
art. 1.420, § 1º) e de garantia oferecida por terceira pessoa (art. 1.427).
Tendo em vista que o penhor se destina a assegurar a satisfação de uma dívida, é pressuposto seu a
circunstância de ser alienável a coisa empenhada, pois do contrário em nada aproveitaria ao credor.

7. CONTRATO SOLENE -> REGISTRO - art. 1432.


Art. 1.432. O instrumento do penhor deverá ser levado a registro, por qualquer dos contratantes; o do
penhor comum será registrado no Cartório de Títulos e Documentos.
Anotações: Usualmente, quem leva ao registro é o devedor.
Tipos de Registro: Aonde será realizado cada tipo de registro? Não são todos os penhores que serão
registrados no Cartório de Títulos e Documentos.
Penhor Comum: Cartório de Títulos e Documentos do domicílio do devedor.

8. NULO O PACTO COMISSÓRIO - art. 1428.

9. DIREITO REAL UNO E INDIVISIVEL - art. 1.421.

10. TEMPORÁRIO: Não pode ultrapassar o prazo estabelecido em contrato.

 ESPÉCIES DE PENHOR:
a) PENHOR CONVENCIONAL ou COMUM – ART. 1431 - TRADIÇÃO.
Contrato solene -> REGISTRO.

b) PENHOR LEGAL: ART. 1.467 e ss.


Visa proteger/beneficiar determinados credores.
Não é necessário instrumento público ou particular, nem tampouco registro, é necessária apenas sua
homologação judicial ou extrajudicial.

Art. 1.467. São credores pignoratícios, independentemente de convenção:


I - os hospedeiros, ou fornecedores de pousada ou alimento, sobre as bagagens, móveis, jóias ou dinheiro
que os seus consumidores ou fregueses tiverem consigo nas respectivas casas ou estabelecimentos, pelas
despesas ou consumo que aí tiverem feito;
Doutrina: O automóvel de passeio, o utilitário e a motocicleta, que o devedor traz consigo e coloca na
garagem do estabelecimento, são passíveis de penhor. O objeto do penhor legal são todas as coisas móveis
alienáveis e penhoráveis, que se encontrem em poder do hóspede ou freguês, sendo próprias.
II - o dono do prédio rústico ou urbano, sobre os bens móveis que o rendeiro ou inquilino tiver
guarnecendo o mesmo prédio, pelos aluguéis ou rendas.

Art. 1.468. A conta das dívidas enumeradas no inciso I do artigo antecedente será extraída conforme a
tabela impressa, prévia e ostensivamente exposta na casa, dos preços de hospedagem, da pensão ou dos gêneros
fornecidos, sob pena de nulidade do penhor.
Doutrina: Comina a lei a pena de nulidade do penhor, se a conta não se faz à vista da tabela impressa e que
se encontrava prévia e ostensivamente exposta na casa.
Art. 1.469. Em cada um dos casos do art. 1.467, o credor poderá tomar em garantia um ou mais objetos
até o valor da dívida.

Art. 1.470. Os credores, compreendidos no art. 1.467, podem fazer efetivo o penhor, antes de recorrerem
à autoridade judiciária, sempre que haja perigo na demora, dando aos devedores comprovante dos bens de que
se apossarem.

Art. 1.471. Tomado o penhor, requererá o credor, ato contínuo, a sua homologação judicial.

Art. 1.472. Pode o locatário impedir a constituição do penhor mediante caução idônea.

CPC - Art. 703. Tomado o penhor legal nos casos previstos em lei, requererá o credor, ato contínuo, a
homologação.
Anotações: “ato contínuo” entende a doutora que a homologação deve ser realizada no primeiro dia útil
seguinte.
Doutrina: Não basta, como já foi dito, que o credor tome posse dos objetos, nos casos previstos em lei. Exige-
se a complementação do ato, por meio da homologação judicial, para que se obtenha a sua legalização e a
constituição do direito real de garantia. Ocorrendo hipótese de penhor legal, o credor que deixar de requerer-lhe a
homologação, nos termos da lei civil, cometerá esbulho, desde que não restitua o objeto apreendido.

§1o Na petição inicial, instruída com o contrato de locação ou a conta pormenorizada das despesas, a
tabela dos preços e a relação dos objetos retidos, o credor pedirá a citação do devedor para pagar ou contestar na
audiência preliminar que for designada.

§2o A homologação do penhor legal poderá ser promovida pela via extrajudicial mediante requerimento,
que conterá os requisitos previstos no § 1o deste artigo, do credor a notário de sua livre escolha.
Anotações: Novidade do NCPC.
“Notário” = titular do cartório tabelionato, o “tabelião”.

§3o Recebido o requerimento, o notário promoverá a notificação extrajudicial do devedor para, no prazo
de 5 (cinco) dias, pagar o débito ou impugnar sua cobrança, alegando por escrito uma das causas previstas no art.
704, hipótese em que o procedimento será encaminhado ao juízo competente para decisão.
Anotações: O notário irá encaminhar para o juízo competente.

§4o Transcorrido o prazo sem manifestação do devedor, o notário formalizará a homologação do penhor
legal por escritura pública.
Anotações: Se não for feito por escritura pública a homologação é nula.

CPC - Art. 704. A defesa só pode consistir em:


I - nulidade do processo;
II - extinção da obrigação;
III - não estar a dívida compreendida entre as previstas em lei ou não estarem os bens sujeitos a penhor
legal;
IV - alegação de haver sido ofertada caução idônea, rejeitada pelo credor.

c) PENHOR ESPECIAL - Penhor rural, mercantil, industrial, de direitos e títulos de crédito e veículos.
Anotações: Serão analisados em momento oportuno.

Informações importantes: Revisão


- O penhor comum é registrado no Cartório de T. e Documentos do domicílio do devedor.
- O penhor legal não precisa de registro, mas apenas de homologação, havendo a possibilidade da
homologação extrajudicial através dos tabelionatos.

 DIREITOS DO CREDOR PIGNORATICIO – Arts. 1.433 e 1.434


Art. 1.433. O credor pignoratício tem direito:
I - à posse da coisa empenhada;
II - à retenção dela, até que o indenizem das despesas devidamente justificadas, que tiver feito, não sendo
ocasionadas por culpa sua;
III - ao ressarcimento do prejuízo que houver sofrido por vício da coisa empenhada;
IV - a promover a execução judicial, ou a venda amigável, se lhe permitir expressamente o contrato, ou lhe
autorizar o devedor mediante procuração;
V - a apropriar-se dos frutos da coisa empenhada que se encontra em seu poder;
VI - a promover a venda antecipada, mediante prévia autorização judicial, sempre que haja receio fundado
de que a coisa empenhada se perca ou deteriore, devendo o preço ser depositado. O dono da coisa empenhada
pode impedir a venda antecipada, substituindo-a, ou oferecendo outra garantia real idônea.

Art. 1.434. O credor não pode ser constrangido a devolver a coisa empenhada, ou uma parte dela, antes
de ser integralmente pago, podendo o juiz, a requerimento do proprietário, determinar que seja vendida apenas
uma das coisas, ou parte da coisa empenhada, suficiente para o pagamento do credor.

1) Investir na posse da coisa empenhada, transmitida pelo devedor (inc. I);


Anotações: Passa a ter a posse direta do bem, devendo agir como se dono fosse. Assim, qualquer dano à
integridade do objeto que está na posse do credor será de sua responsabilidade.
Doutrina: A posse do bem empenhado é da essência do penhor. Todavia, como já comentado, tal asserção só
vale para o penhor comum, pois o legislador a dispensa nos casos de penhor rural, industrial, mercantil e de veículos.

2) Invocar a proteção possessória;

3) Reter o objeto até o total pagamento da dívida ou até ser reembolsado das despesas devidamente
justificadas, não ocasionadas por sua culpa (inc. II);
Doutrina: O direito de retenção é exercido como decorrência da posse que foi transferida ao credor. Destina-
se a assegurar a este o ressarcimento das despesas que realizou, desde que devidamente justificadas e não tenham
sido ocasionadas por culpa sua. Consideram-se devidamente justificadas as necessárias à conservação, guarda e
defesa da coisa empenhada.
Se as despesas foram realizadas para sanar estragos causados por uso não autorizado, ou decorrentes de
negligência na guarda da coisa, prejudicado ficará o direito de retenção.

4) Excutir o bem gravado, dada a proibição do pacto comissório, ou, venda amigável, com expressa
autorização do devedor (inc. IV);
Doutrina: Urge ressaltar que, na hipótese de venda amigável da coisa, o credor não pode adquiri-la para si
mesmo, pois tal operação configuraria um pacto comissório. Mas na hipótese de excussão do penhor mediante a
execução judicial, poderá requerer a sua adjudicação, na forma regulada na lei processual.

5) Ser pago preferencialmente;

6) Exigir reforço de garantia, em caso de deteriorização ou perecimento do bem;

7) Ser ressarcido pelo devedor de qualquer dano ou prejuízo sofrido em virtude de algum vicio do objeto
dado em penhor (inc. III);
Anotações: P.ex.: um quadro dado em garantia tem um fungo que deteriora a obra e sua parede.
Doutrina: como na hipótese mencionada por CAIO MÁRIO DA SILVA PEREIRA, de contagiar-se o rebanho do
credor de enfermidade portada pelo gado empenhado, com conhecimento do devedor, estendendo-se até aí o poder
de retenção do penhor.

8) Receber o valor do seguro dos bens apenhados, no caso de perecimento; a indenização pelo causador da
perda ou deteriorização do bem, indenização pela desapropriação ou requisição dos bens (ou animais) em caso de
necessidade publica;

9) Apropriar-se dos frutos dos bens apenhados em seu poder, para cobrir despesas de guarda e conservação
(inc. V);
Anotações: P.ex.: X dá em garantia um quadro de Portinari; se esse quadro for requisitado em uma
exposição, o devedor cobrará “aluguel”, que servirá para abater as despesas.
Doutrina: A apropriação dos frutos pelo credor constitui, além de um reforço da garantia que lhe foi
concedida, um adiantamento das parcelas que lhe são devidas. Efetivamente, logo adiante, ao tratar das obrigações
do credor pignoratício, o art. 1.435, III, determina que o valor dos frutos por ele apropriados seja imputado nas
despesas de guarda e conservação, nos juros e no capital da obrigação garantida, sucessivamente.
Nada obsta que a ordem na qual as dívidas deverão ser quitadas com o valor dos frutos apropriados pelo
credor, estabelecida pela imputação legal, seja modificada pela vontade das partes, uma vez que a norma é de
ordem privada.

10) Promover a venda antecipada do bem apenhado, mediante prévia autorização judicial, quando houver
receio fundado de deterioração do bem (o valor deve ser depositado em juízo). O dono da coisa poderá impedir a
venda caso faça a substituição do bem (inc. VI);
Anotações: O credor primeiramente notificará o devedor para substituir o bem, se isso não for feito se
procederá a alienação judicial.
Doutrina: A venda antecipada da coisa empenhada só pode ser realizada se houver receio fundado de que
venha a se perder ou deteriorar, como nas hipóteses, por exemplo, de o penhor recair sobre produto perecível, como
gêneros alimentícios.
A avaliação desse requisito não fica sujeita ao alvedrio do credor, cabendo ao juiz, a quem a autorização foi
requerida, a decisão.
Ouvido o dono da coisa, este pode impedir a venda antecipada, promovendo a sua substituição, ou
oferecendo outra garantia real idônea. Observe-se que o dispositivo em apreço dispõe que é o dono da coisa, e não o
devedor, que pode se opor à venda antecipada, uma vez que a garantia da obrigação principal pode se fazer por
terceiro. Em se tratando de substituição de garantia, o credor só está obrigado a aceitar outra se for também de
natureza real.

11) Não pode ser constrangido a devolver o bem apenhado, antes do pagamento integral da dívida. O juiz
pode determinar venda de parte dos bens (art. 1.434).
Anotações: Pelo princípio da indivisibilidade o credor não é obrigado a liberar parte da garantia, mas, caso
seja constrangido poderá pedir a alienação antecipada dos bens.
Doutrina: A primeira parte do dispositivo reafirma o princípio da indivisibilidade da garantia real, consagrado
no art. 1.421 do mesmo diploma, enfatizando que o credor não pode ser obrigado nem mesmo à restituição parcial,
enquanto não houver recebido o pagamento integral. O pagamento parcial, como já mencionado, não reduz a
garantia na proporção do adimplemento.
A solução legal procura equilibrar as esferas de interesse, facultando ao devedor o direito de requerer
autorização ao juiz para a venda de uma das coisas, quando várias foram dadas em garantia, ou de parte da única
empenhada, para com isso obter numerário suficiente para cumprir o restante da obrigação, pagando o valor ainda
devido ao credor.
Nessa consonância, se o devedor já efetuou, por exemplo, o pagamento de 80% da dívida e vários são os
bens dados em garantia, embora o credor não possa ser constrangido a devolver qualquer deles enquanto não
receber o pagamento do saldo correspondente a 20% do débito, ainda remanescente, poderá o juiz, com supedâneo
na inovação ora comentada, autorizar a venda de apenas um, cujo valor se mostrar suficiente para satisfazer o
direito do credor.

 DOS DEVERES DO CREDOR PIGNORATICIO – art. 1435


Art. 1.435. O credor pignoratício é obrigado:
I - à custódia da coisa, como depositário, e a ressarcir ao dono a perda ou deterioração de que for culpado,
podendo ser compensada na dívida, até a concorrente quantia, a importância da responsabilidade;
II - à defesa da posse da coisa empenhada e a dar ciência, ao dono dela, das circunstâncias que tornarem
necessário o exercício de ação possessória;
III - a imputar o valor dos frutos, de que se apropriar (art. 1.433, inciso V) nas despesas de guarda e
conservação, nos juros e no capital da obrigação garantida, sucessivamente;
IV - a restituí-la, com os respectivos frutos e acessões, uma vez paga a dívida;
V - a entregar o que sobeje do preço, quando a dívida for paga, no caso do inciso IV do art. 1.433.

1) Não usar a coisa, já que figura como mero depositário do bem empenhado.
2) Custodiar, conservando como depositário, com cuidados normais como se fosse proprietário do bem,
comunicando ao devedor, quando houver riscos de perecimento.
3) Ressarcir o devedor da perda ou deterioração de que for culpado, podendo ser abatido na dívida, a
importância de responsabilidade do credor.
4) Defender a posse da coisa empenhada, dando ciência ao dono dele das circunstâncias que tornaram
necessária o exercício da ação possessória.
5) Atribuir valor aos frutos de que se apropriar, nas despesas de guarda e conservação, nos juros e no capital
da obrigação garantida, sucessivamente.
Anotações: P.ex.: Requerimento para autorização da exposição de quadro, devendo o dinheiro recebido na
exposição ser abatido nas despesas de conservação.
6) Restituir o bem gravado, quando do adimplemento total da dívida, com os respectivos frutos e acessões.
7) Entregar as sobras apuradas na excussão judicial ou na venda amigável.

 DOS DIREITOS DO DEVEDOR PIGNORATICIO:


1) Não perder a propriedade da coisa que der em penhor, bem como dos respectivos frutos e acessões.
2) Conservar a posse indireta do bem empenhado, apesar de transferi-lo ao credor
3) Impedir que o credor faça uso da coisa gravada
4) Exigir do credor o ressarcimento de prejuízos que vier a sofrer com a perda ou deterioração do bem por
culpa deste
5) Receber o remanescente do preço apurado na venda judicial
6) Reaver o bem dado em garantia, quando houver adimplemento total do débito;
7) Utilizar-se dos remédios jurídicos, quando o credor se recusar a devolver o bem objeto do penhor, mesmo
depois do pagamento da dívida

 DEVERES DO DEVEDOR PIGNORATICIO:


1) Pagar a dívida, bem como cumprir todas as condições estabelecidas no contrato constitutivo;
2) Entregar o bem objeto do penhor ao credor;
3) Exibir todos os bens empenhados, na execução do penhor, sob pena de sofrer prisão administrativa.
4) Pagar todas as despesas feitas pelo credor (como guarda, conservação e defesa do bem objeto do
penhor).
5) Indenizar o credor pelos prejuízos sofridos em razão de vicio ou defeitos ocultos do bem empenhado.
6) Fazer o reforço da garantia, nos casos em que for necessário (desvalorização ou deterioração)
7) Obter licença do credor, para alienar o bem onerado, sob pena de sofrer sanção penal.

 EXTINÇÃO DO PENHOR – art. 1.436 e 1.437 -> averbação


Art. 1.436. Extingue-se o penhor:
I - extinguindo-se a obrigação;
II - perecendo a coisa;
III - renunciando o credor;
IV - confundindo-se na mesma pessoa as qualidades de credor e de dono da coisa;
V - dando-se a adjudicação judicial, a remissão ou a venda da coisa empenhada, feita pelo credor ou por
ele autorizada.
§1º Presume-se a renúncia do credor quando consentir na venda particular do penhor sem reserva de
preço, quando restituir a sua posse ao devedor, ou quando anuir à sua substituição por outra garantia.
§2º Operando-se a confusão tão-somente quanto a parte da dívida pignoratícia, subsistirá inteiro o penhor
quanto ao resto.
Art. 1.437. Produz efeitos a extinção do penhor depois de averbado o cancelamento do registro, à vista da
respectiva prova.

1) EXTINÇÃO DA DÍVIDA e ESCOAMENTO DO PRAZO.


2) PERECIMENTO DO OBJETO EMPENHADO
3) RENUNCIA DO CREDOR (remissão) - Art. 1.436 ... § 1o Presume-se a renúncia do credor quando consentir
na venda particular do penhor sem reserva de preço, quando restituir a sua posse ao devedor, ou quando anuir à
sua substituição por outra garantia.
4) CONFUSÃO – Art. 1.436 ... § 2º Operando-se a confusão tão somente quanto á parte da dívida
pignoratícia, subsistirá inteiro o penhor quanto ao resto.
5) ADJUDICAÇÃO JUDICIAL
6) REMIÇÃO
7) VENDA DA COISA EMPENHADA, FEITA PELO CREDOR OU POR ELE AUTORIZADA.
8) RESOLUÇÃO DA PROPRIEDADE
9) NULIDADE DA OBRIGAÇÃO PRINCIPAL
10) REIVINDICAÇÃO DO BEM GRAVADO

DO PENHOR RURAL
Art. 1.438 a 1.446
É considerado penhor especial, pois é destinado a um grupo de pessoas que cumpre função social,
abarcando tanto o agricultor, quanto o pecuarista.
O penhor rural é registrado de forma diferente, ou seja, no Cartório de Registro de Imóveis no LIVRO 3
AUXILIAR.
Anotações: X, agricultor deu em garantia 100 cabeças de gado situadas em Goiânia, 200 sacas de café
situadas em Patrocínio Paulista e uma colheitadeira, situada em Cristais Paulista. É necessário fazer o registro em
TODAS as comarcas. Tantos quantos bens forem dados em garantia, serão feitos os respectivos registros.
Art. 1.438. Constitui-se o penhor rural mediante instrumento público ou particular, registrado no Cartório
de Registro de Imóveis da circunscrição em que estiverem situadas as coisas empenhadas.
Parágrafo único. Prometendo pagar em dinheiro a dívida, que garante com penhor rural, o devedor
poderá emitir, em favor do credor, cédula rural pignoratícia, na forma determinada em lei especial (Dec. 411).

TRADIÇÃO: DISPENSADA, desdobramento da posse.

Art. 1.439. O penhor agrícola e o penhor pecuário não podem ser convencionados por prazos superiores
aos das obrigações garantidas.
Anotações: Assim, as garantias devem ser dadas respeitando-se a dívida, observando-se, contudo, o prazo
máximo de 15 anos.
§1o Embora vencidos os prazos, permanece a garantia, enquanto subsistirem os bens que a constituem.
§2o A prorrogação deve ser averbada à margem do registro respectivo, mediante requerimento do credor
e do devedor.
Anotações: O aditivo deve ser averbado no registro; assim, toda e qualquer mudança na garantia deve ser
averbada frente ao registro.

Art. 1.440. Se o prédio estiver hipotecado, o penhor rural poderá constituir-se independentemente da
anuência do credor hipotecário, mas não lhe prejudica o direito de preferência, nem restringe a extensão da
hipoteca, ao ser executada.
Anotações: Pode se dar em penhor e hipoteca ao mesmo tempo pois o objeto do penhor são os bens que
estão naquela propriedade, ou seja, uma não interfere na outra. O credor da hipoteca não será prejudicado se os
bens que forem empenhados estiverem naquele imóvel, pois são apenas bens móveis que se encontram no imóvel
hipotecado.

Art. 1.441. Tem o credor direito a verificar o estado das coisas empenhadas, inspecionando-as onde se
acharem, por si ou por pessoa que credenciar.
A qualquer tempo é permitido ao credor pignoratício e hipotecário verificar a situação dos bens dados em garantia.

DO PENHOR AGRÍCOLA
Art. 1.442 a 1.443
Art. 1.442. Podem ser objeto de penhor:
I - máquinas e instrumentos de agricultura;
II - colheitas pendentes, ou em via de formação;
III - frutos acondicionados ou armazenados;
IV - lenha cortada e carvão vegetal;
V - animais do serviço ordinário de estabelecimento agrícola.

Art. 1.443. O penhor agrícola que recai sobre colheita pendente, ou em via de formação, abrange a
imediatamente seguinte, no caso de frustrar-se ou ser insuficiente a que se deu em garantia.
Anotações: X dá em garantia colheita em formação, estimada em 10 mil sacas de café. Entretanto, devido a
uma tempestade foram colhidas apenas 5 mil sacas, assim, a saca posterior servirá de garantia para a dívida.
Parágrafo único. Se o credor não financiar a nova safra, poderá o devedor constituir com outrem novo
penhor, em quantia máxima equivalente à do primeiro; o segundo penhor terá preferência sobre o primeiro,
abrangendo este apenas o excesso apurado na colheita seguinte.
Anotações: Se o credor perceber que não será colhido o que estava previsto em contrato, deverá fazer
imediatamente novo penhor sobre a próxima colheita, caso não o faça, o devedor poderá dá-la em garantia a nova
dívida.

DO PENHOR PECUÁRIO
Art. 1.444 a 1.446

Art. 1.444. Podem ser objeto de penhor os animais que integram a atividade pastoril, agrícola ou de
lacticínios.
Art. 1.445. O devedor não poderá alienar os animais empenhados sem prévio consentimento, por escrito,
do credor.
Parágrafo único. Quando o devedor pretende alienar o gado empenhado ou, por negligência, ameace
prejudicar o credor, poderá este requerer se depositem os animais sob a guarda de terceiro, ou exigir que se lhe
pague a dívida de imediato.
Art. 1.446. Os animais da mesma espécie, comprados para substituir os mortos, ficam sub-rogados no
penhor.
Parágrafo único. Presume-se a substituição prevista neste artigo, mas não terá eficácia contra terceiros, se
não constar de menção adicional ao respectivo contrato, a qual deverá ser averbada.

DO PENHOR INDUSTRIAL E MERCANTIL


Art. 1.447 a 1.450
Art. 1.447. Podem ser objeto de penhor máquinas, aparelhos, materiais, instrumentos, instalados e em
funcionamento, com os acessórios ou sem eles; animais, utilizados na indústria; sal e bens destinados à
exploração das salinas; produtos de suinocultura, animais destinados à industrialização de carnes e derivados;
matérias-primas e produtos industrializados.
Parágrafo único. Regula-se pelas disposições relativas aos armazéns gerais o penhor das mercadorias neles
depositadas.

Art. 1.448. Constitui-se o penhor industrial, ou o mercantil, mediante instrumento público ou particular,
registrado no Cartório de Registro de Imóveis da circunscrição onde estiverem situadas as coisas empenhadas.
Anotações: Registro no LIVRO 3 AUXULIAR. Na comarca de localização dos bens.
Parágrafo único. Prometendo pagar em dinheiro a dívida, que garante com penhor industrial ou mercantil,
o devedor poderá emitir, em favor do credor, cédula do respectivo crédito, na forma e para os fins que a lei
especial determinar.

Art. 1.449. O devedor não pode, sem o consentimento por escrito do credor, alterar as coisas empenhadas
ou mudar-lhes a situação, nem delas dispor. O devedor que, anuindo o credor, alienar as coisas empenhadas,
deverá repor outros bens da mesma natureza, que ficarão sub-rogados no penhor.

Art. 1.450. Tem o credor direito a verificar o estado das coisas empenhadas, inspecionando-as onde se
acharem, por si ou por pessoa que credenciar.

PENHOR DE DIREITOS E TÍTULOS DE CRÉDITO


Art. 1.451 a 1.460

Art. 1.451. Podem ser objeto de penhor direitos, suscetíveis de cessão, sobre coisas móveis.
Art. 1.452. Constitui-se o penhor de direito mediante instrumento público ou particular, registrado no
Registro de Títulos e Documentos.
Parágrafo único. O titular de direito empenhado deverá entregar ao credor pignoratício os documentos
comprobatórios desse direito, salvo se tiver interesse legítimo em conservá-los.
Art. 1.453. O penhor de crédito não tem eficácia senão quando notificado ao devedor; por notificado tem-
se o devedor que, em instrumento público ou particular, declarar-se ciente da existência do penhor.
Art. 1.454. O credor pignoratício deve praticar os atos necessários à conservação e defesa do direito
empenhado e cobrar os juros e mais prestações acessórias compreendidas na garantia.
Art. 1.455. Deverá o credor pignoratício cobrar o crédito empenhado, assim que se torne exigível. Se este
consistir numa prestação pecuniária, depositará a importância recebida, de acordo com o devedor pignoratício, ou
onde o juiz determinar; se consistir na entrega da coisa, nesta se sub-rogará o penhor.
Parágrafo único. Estando vencido o crédito pignoratício, tem o credor direito a reter, da quantia recebida, o que
lhe é devido, restituindo o restante ao devedor; ou a excutir a coisa a ele entregue.
Art. 1.456. Se o mesmo crédito for objeto de vários penhores, só ao credor pignoratício, cujo direito
prefira aos demais, o devedor deve pagar; responde por perdas e danos aos demais credores o credor preferente
que, notificado por qualquer um deles, não promover oportunamente a cobrança.
Art. 1.457. O titular do crédito empenhado só pode receber o pagamento com a anuência, por escrito, do
credor pignoratício, caso em que o penhor se extinguirá.
Art. 1.458. O penhor, que recai sobre título de crédito, constitui-se mediante instrumento público ou
particular ou endosso pignoratício, com a tradição do título ao credor, regendo-se pelas Disposições Gerais deste
Título e, no que couber, pela presente Seção.
Art. 1.459. Ao credor, em penhor de título de crédito, compete o direito de:
I - conservar a posse do título e recuperá-la de quem quer que o detenha;
II - usar dos meios judiciais convenientes para assegurar os seus direitos, e os do credor do título
empenhado;
III - fazer intimar ao devedor do título que não pague ao seu credor, enquanto durar o penhor;
IV - receber a importância consubstanciada no título e os respectivos juros, se exigíveis, restituindo o título
ao devedor, quando este solver a obrigação.
Art. 1.460. O devedor do título empenhado que receber a intimação prevista no inciso III do artigo
antecedente, ou se der por ciente do penhor, não poderá pagar ao seu credor. Se o fizer, responderá
solidariamente por este, por perdas e danos, perante o credor pignoratício.
Parágrafo único. Se o credor der quitação ao devedor do título empenhado, deverá saldar imediatamente
a dívida, em cuja garantia se constituiu o penhor.

DO PENHOR DE VEÍCULOS
Art. 1.461 a 1.466

Art. 1.461. Podem ser objeto de penhor os veículos empregados em qualquer espécie de transporte ou
condução.
Art. 1.462. Constitui-se o penhor, a que se refere o artigo antecedente, mediante instrumento público ou
particular, registrado no Cartório de Títulos e Documentos do domicílio do devedor, e anotado no certificado de
propriedade.
Parágrafo único. Prometendo pagar em dinheiro a dívida garantida com o penhor, poderá o devedor
emitir cédula de crédito, na forma e para os fins que a lei especial determinar.
Art. 1.463. Não se fará o penhor de veículos sem que estejam previamente segurados contra furto, avaria,
perecimento e danos causados a terceiros.
Art. 1.464. Tem o credor direito a verificar o estado do veículo empenhado, inspecionando-o onde se
achar, por si ou por pessoa que credenciar.
Art. 1.465. A alienação, ou a mudança, do veículo empenhado sem prévia comunicação ao credor importa
no vencimento antecipado do crédito pignoratício.
Art. 1.466. O penhor de veículos só se pode convencionar pelo prazo máximo de dois anos, prorrogável até
o limite de igual tempo, averbada a prorrogação à margem do registro respectivo.

DA HIPOTECA
Arts. 1.473 a 1.505

Hipoteca vem do grego hypotheke = hypo (por baixo) + titheni (eu ponho)

 Conceito: “Direito real que grava bem imóvel ou bem que a lei entende por hipotecável, pertencente ao
devedor ou a terceiros, sem transmissão de posse ao credor, tendo direito de preferência, e conferindo a
este o direito de promover a sua venda judicial.” (Pontes de Miranda)
Anotações: A venda judicial é feita por meio de leilão público quando da execução da hipoteca.
 Repercussões Práticas: Utilidade ao estimular o DESENVOLVIMENTO ECONOMICO, ABERTURA DE CRÉDITOS,
EXECUÇÃO DE PLANOS HABITACIONAIS, REALIZAÇÃO DE NEGÓCIOS E A MOVIMENTAÇÃO DAS RIQUEZAS
LIGADAS AO SOLO.

 Características:
a) DIREITO REAL DE GARANTIA: Vincula imediatamente o bem gravado que fica sujeito a solução do débito,
sendo OPONÍVEL ERGA OMNES, gerando para o credor o DIREITO DE SEQUELA e a EXCUSSÃO da coisa onerada, para
se pagar, preferencialmente, com sua venda judicial.
Anotações: Excussão da coisa onerada: executa-se a hipoteca, vendendo o bem em leilão para saldar o seu
crédito.

b) NATUREZA CIVIL (e não processual civil): Arts. 1473 a 1505; pouco importa a qualificação das pessoas do
devedor, credor e a natureza (civil ou comercial) da dívida que se pretende garantir.
c) DOIS SUJEITOS: ATIVO (credor hipotecário) e o PASSIVO (devedor hipotecário
d) OBJETO GRAVADO DEVE SER DE PROPRIEDADE DO DEVEDOR OU DE 3ºs.

 POSSE: Desapossado por via judicial e mediante excussão hipotecaria.

 CLÁUSULA COMISSÓRIA: Proibida pelo art. 1.428 CC.


Art. 1.428. É nula a cláusula que autoriza o credor pignoratício, anticrético ou hipotecário a ficar com o
objeto da garantia, se a dívida não for paga no vencimento.
Parágrafo único. Após o vencimento, poderá o devedor dar a coisa em pagamento da dívida.

 INDIVISIBILIDADE: Art. 1421 CC.


Art. 1.421. O pagamento de uma ou mais prestações da dívida não importa exoneração correspondente da
garantia, ainda que esta compreenda vários bens, salvo disposição expressa no título ou na quitação.

 CARÁTER ACESSÓRIO: É UM DIREITO REAL PARA ASSEGURAR A EFICÁCIA DE UM DIREITO PESSOAL.


 CONTRATO SOLENE: Por instrumento particular ou público, registrado no Registro Imobiliário da localização
do imóvel.
Art. 1.492. As hipotecas serão registradas no cartório do lugar do imóvel, ou no de cada um deles, se o
título se referir a mais de um.
Parágrafo único. Compete aos interessados (devedor ou credor), exibido o título, requerer o registro da
hipoteca.

 PUBLICIDADE: Dada pelo registro do título constitutivo.


 DIREITO DE PREFERÊNCIA
Art. 1.422. O credor hipotecário e o pignoratício têm o direito de excutir a coisa hipotecada ou
empenhada, e preferir, no pagamento, a outros credores, observada, quanto à hipoteca, a prioridade no registro.
Excutir: Executar o contrato e levar o bem dado em garantia a leilão.

 DIREITO DE SEQUELA: Efeito de promover-lhe a retomada.

 ESPECIALIDADE: Assenta-se no princípio de especialização.


Anotações: A situação fática deve ser idêntica a situação jurídica.

 REQUISITOS:
 Subjetivos:
a) Capacidade civil;
b) Capacidade de alienar do devedor; pessoalmente ou por procuração especifica por escritura pública.
Obs.:
CONJUGES: Devedor casado, salvo separação legal de bens, deve haver outorga uxória;
CONDOMINOS: Só pode ser dado em garantia a parte que pode ser alienada pelo condômino, ou seja, a
parte que lhe pertence, e não o todo;
MENORES: Autorização judicial;
FALIDOS: Não poderão dar garantia real por falta de administração e disposição dos bens; e
RECURAÇÃO JUDICIAL: somente com autorização judicial.
 Formais:
a) Convencional: Instrumento Público/Particular -> REGISTRO
b) Legal: Sentença de especialização -> REGISTRO
c) Judicial: Mandado -> REGISTRO
d) Cédulas (Art. 1486): Títulos representativos de operações de financiamentos -> REGISTRO
Art. 1.486. Podem o credor e o devedor, no ato constitutivo da hipoteca, autorizar a emissão da
correspondente cédula hipotecária, na forma e para os fins previstos em lei especial.

 Objetivos: Bens imóveis alienáveis e móveis (navios, aeronaves)


Art. 1.473. Podem ser objeto de hipoteca:
I - os imóveis e os acessórios dos imóveis conjuntamente com eles;
II - o domínio direto;
III - o domínio útil;
IV - as estradas de ferro;
V - os recursos naturais a que se refere o art. 1.230, independentemente do solo onde se acham;
Art. 1.230. A propriedade do solo não abrange as jazidas, minas e demais recursos minerais, os potenciais de
energia hidráulica, os monumentos arqueológicos e outros bens referidos por leis especiais.
Parágrafo único. O proprietário do solo tem o direito de explorar os recursos minerais de emprego imediato na
construção civil, desde que não submetidos a transformação industrial, obedecido o disposto em lei especial.
Anotações: Os recursos naturais estão ligados a hipoteca e não ao penhor pois estão ligados ao solo.
VI - os navios;
VII - as aeronaves.
VIII - o direito de uso especial para fins de moradia; Alterado pela Lei nº 13.465/17
IX - o direito real de uso; Alterado pela Lei nº 13.465/17
X - a propriedade superficiária.
§1º A hipoteca dos navios e das aeronaves reger-se-á pelo disposto em lei especial.
§2º Os direitos de garantia instituídos nas hipóteses dos incisos IX e X do caput deste artigo ficam
limitados à duração da concessão ou direito de superfície, caso tenham sido transferidos por período
determinado.

Obs.: REGISTROS ESPECIAIS: Navios (Registro no Tribunal Marítimo) Aeronaves (Registro Aeronáutico
Brasileiro).

 EFEITOS:
Com o Registro da Hipoteca:
- Cria-se um vínculo real, oponível erga omnes, entre o credor e o imóvel gravado;
- Adere-se ao imóvel e estende-se às benfeitorias e acessões;
- Assegura o cumprimento das obrigações acessórias (juros, correção monetária, custas processuais,
honorários advocatícios etc.);
- Reconhece-se a preferência ao credor hipotecário:
Art. 1.422. O credor hipotecário e o pignoratício têm o direito de excutir a coisa hipotecada ou
empenhada, e preferir, no pagamento, a outros credores, observada, quanto à hipoteca, a prioridade no registro.
- Direito de sequela
- Hipoteca Convencional: 30 ANOS (Perempção Legal):
Art. 1.485. Mediante simples averbação, requerida por ambas as partes, poderá prorrogar-se a hipoteca,
até 30 (trinta) anos da data do contrato. Desde que perfaça esse prazo, só poderá subsistir o contrato de hipoteca
reconstituindo-se por novo título e novo registro; e, nesse caso, lhe será mantida a precedência, que então lhe
competir.
- Alienação:
Art. 1.475. É nula a cláusula que proíbe ao proprietário alienar imóvel hipotecado.
Parágrafo único. Pode convencionar-se que vencerá o crédito hipotecário, se o imóvel for alienado.

 DAS MODALIDADES DE HIPOTECAS:

HIPOTECA CONVENCIONAL
Art. 1.474. A hipoteca abrange todas as acessões, melhoramentos ou construções do imóvel. Subsistem os
ônus reais constituídos e registrados, anteriormente à hipoteca, sobre o mesmo imóvel.
Art. 1.476. O dono do imóvel hipotecado pode constituir outra hipoteca sobre ele, mediante novo título,
em favor do mesmo ou de outro credor.
Art. 1.477. Salvo o caso de insolvência do devedor, o credor da segunda hipoteca, embora vencida, não
poderá executar o imóvel antes de vencida a primeira.
Parágrafo único. Não se considera insolvente o devedor por faltar ao pagamento das obrigações
garantidas por hipotecas posteriores à primeira.
IMPORTANTE!!

Art. 1.478. Se o devedor da obrigação garantida pela primeira hipoteca não se oferecer, no vencimento,
para pagá-la, o credor da segunda pode promover-lhe a extinção, consignando a importância e citando o primeiro
credor para recebê-la e o devedor para pagá-la; se este não pagar, o segundo credor, efetuando o pagamento, se
sub-rogará nos direitos da hipoteca anterior, sem prejuízo dos que lhe competirem contra o devedor comum.
Parágrafo único. Se o primeiro credor estiver promovendo a execução da hipoteca, o credor da segunda
depositará a importância do débito e as despesas judiciais.
Art. 1.479. O adquirente do imóvel hipotecado, desde que não se tenha obrigado pessoalmente a pagar as
dívidas aos credores hipotecários, poderá exonerar-se da hipoteca, abandonando-lhes o imóvel.
Art. 1.480. O adquirente notificará o vendedor e os credores hipotecários, deferindo-lhes, conjuntamente,
a posse do imóvel, ou o depositará em juízo.
Parágrafo único. Poderá o adquirente exercer a faculdade de abandonar o imóvel hipotecado, até as vinte
e quatro horas subsequentes à citação, com que se inicia o procedimento executivo.
Art. 1.481. Dentro em trinta dias, contados do registro do título aquisitivo, tem o adquirente do imóvel
hipotecado o direito de remi-lo, citando os credores hipotecários e propondo importância não inferior ao preço
por que o adquiriu.
§ 1o Se o credor impugnar o preço da aquisição ou a importância oferecida, realizar-se-á licitação,
efetuando-se a venda judicial a quem oferecer maior preço, assegurada preferência ao adquirente do imóvel.
§ 2o Não impugnado pelo credor, o preço da aquisição ou o preço proposto pelo adquirente, haver-se-á
por definitivamente fixado para a remissão do imóvel, que ficará livre de hipoteca, uma vez pago ou depositado o
preço.
§ 3o Se o adquirente deixar de remir o imóvel, sujeitando-o a execução, ficará obrigado a ressarcir os
credores hipotecários da desvalorização que, por sua culpa, o mesmo vier a sofrer, além das despesas judiciais da
execução.
§ 4o Disporá de ação regressiva contra o vendedor o adquirente que ficar privado do imóvel em
conseqüência de licitação ou penhora, o que pagar a hipoteca, o que, por causa de adjudicação ou licitação,
desembolsar com o pagamento da hipoteca importância excedente à da compra e o que suportar custas e
despesas judiciais.
Obs.: A remição só é permitida para o adquirente do imóvel.
Artigos 1.482 e 1.483 – Revogados pelo NCPC (tratava da remição), entrou em seu lugar o art. 876, NCPC:
Art. 876 É lícito ao exequente, oferecendo preço não inferior ao da avaliação, requerer que lhe sejam
adjudicados os bens penhorados.

 DA DIVISÃO ou FRACIONAMENTO DA HIPOTECA


Art. 1.488. Se o imóvel, dado em garantia hipotecária, vier a ser loteado, ou se nele se constituir
condomínio edilício, poderá o ônus ser dividido, gravando cada lote ou unidade autônoma, se o requererem ao
juiz o credor, o devedor ou os donos, obedecida a proporção entre o valor de cada um deles e o crédito.
§ 1o O credor só poderá se opor ao pedido de desmembramento do ônus, provando que o mesmo importa
em diminuição de sua garantia.
§ 2o Salvo convenção em contrário, todas as despesas judiciais ou extrajudiciais necessárias ao
desmembramento do ônus correm por conta de quem o requerer.
§ 3o O desmembramento do ônus não exonera o devedor originário da responsabilidade a que se refere o
art. 1.430, salvo anuência do credor.
Art. 1.430. Quando, excutido o penhor, ou executada a hipoteca, o produto não bastar para pagamento da
dívida e despesas judiciais, continuará o devedor obrigado pessoalmente pelo restante.
-> Credor Quirografário.

DA HIPOTECA LEGAL:
Art. 1.489. A lei confere hipoteca:
I - às pessoas de direito público interno (art. 41) sobre os imóveis pertencentes aos encarregados da
cobrança, guarda ou administração dos respectivos fundos e rendas;
II - aos filhos, sobre os imóveis do pai ou da mãe que passar a outras núpcias, antes de fazer o inventário
do casal anterior;
III - ao ofendido, ou aos seus herdeiros, sobre os imóveis do delinqüente, para satisfação do dano causado
pelo delito e pagamento das despesas judiciais;
IV - ao co-herdeiro, para garantia do seu quinhão ou torna da partilha, sobre o imóvel adjudicado ao
herdeiro reponente;
V - ao credor sobre o imóvel arrematado, para garantia do pagamento do restante do preço da
arrematação.
Art. 1.490. O credor da hipoteca legal, ou quem o represente, poderá, provando a insuficiência dos
imóveis especializados, exigir do devedor que seja reforçado com outros.
Art. 1.491. A hipoteca legal pode ser substituída por caução de títulos da dívida pública federal ou
estadual, recebidos pelo valor de sua cotação mínima no ano corrente; ou por outra garantia, a critério do juiz, a
requerimento do devedor.

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