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Nome: Ana Luiza Mazalotti Teixeira

Email: analu_mvk@hotmail.com

Equação do Calor

RESUMO

O fenômeno da condução de calor através de um cilindro pode ser analisado


matematicamente por meio do uso de equações diferenciais parciais. Utilizando argumentos
físicos pode-se mostrar como é realizada a formulação da equação do calor em um cilindro. O
estudo da equação do calor, não somente para o caso desde trabalho, mostra-se fundamental
em numerosos campos científicos, portanto a dedução do problema em coordenadas cilíndricas
oferece uma melhor compreensão a respeito desse importante assunto.

Palavras-chave: calor, Bessel, Laplaciano, cilindro.

INTRODUÇÃO

Na metade do século XVII, motivados pelo problema de vibração de cordas, matemáticos


debateram sobre a expansão de funções arbitrária em séries trigonométricas. D’Alambert,
Euler, Bernoulli e Lagrange desenvolveram a matemática da época e aproximaram do que é
hoje conhecido como Série de Fourier.
Utilizando a teoria dos antecessores, em 1807 Fourier submeteu seu primeiro trabalho a
Academia Francesa, onde formalizou e solucionou o problema da condução de calor. Seu
trabalho não foi aceito e um concurso foi feito para premiar quem solucionasse o problema. Em
1811, Fourier submeteu novamente seu trabalho, mas a banca julgadora mais uma vez resolveu
não publicá-lo, alegando falta de rigor. A publicação dos seus trabalhos só ocorreu mais tarde,
quando Fourier tornou-se secretário da Academia.

Assim, a teoria de Fourier foi reconhecida, porém não finalizado, pois novos problemas
surgiram do seu trabalho. Equações diferenciais, Análise, Integral e teoria dos conjuntos foram
algumas das áreas que desenvolveram-se ou aprimoraram-se depois da teoria de Fourier.

APLICAÇÃO

Hoje são conhecidas diversas variações da equação do calor. Na sua forma mais
conhecida, ela modela a condução de calor em um sólido homogêneo, isotrópico e que não
possua fontes de calor, e é escrita:

A equação do calor é de uma importância fundamental em numerosos e diversos


campos da ciência. Na matemática, são as equações parabólicas em derivadas parciais por
antonomásia. Na estatística, a equação do calor está vinculada com o estudo do movimento
browniano através da equação de Fokker–Planck. A equação de difusão, é uma versão mais
geral da equação do calor, e relaciona-se principalmente com o estudo de processos de difusão
química. A equação do calor é usado em probabilidade e descreve passeios aleatórios. É
aplicada em matemática financeira por esta razão.

É também importante em geometria Riemanniana e, portanto, topologia: foi adaptada


por Richard Hamilton quando definiu o fluxo de Ricci que foi posteriormente usado por Grigori
Perelman para resolver a conjectura de Poincaré topológica.

LAPLACIANO EM COORDENADAS POLARES

Seja o Laplaciano operador diferencial em duas dimensões dado por


2
𝜕2 𝜕2
∆= 𝛻 = 2 + 2
𝜕𝑥 𝜕𝑦

Que opera uma função u = u(x,y) de duas variáveis. Todavia muitas vezes trabalhar em
coordenadas cartesianas pode não ser a melhor forma de se abordar um problema. De acordo
com a geometria do problema a utilização das coordenadas polares pode facilitar a obtenção da
solução.

As coordenadas polares são dadas por

𝑥 = 𝑟𝑐𝑜𝑠⁡(𝜃)
{
𝑦 = 𝑟𝑠𝑒𝑛⁡(𝜃)

Ou ainda

𝑟 = √𝑥 2 + 𝑦 2
{ 𝑦
𝜃 = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔 ( )
𝑥

Com essa transformação, a antiga função u = u(x,y) passa a ser v = v(r,θ). Derivando-se u
utilizando-se a regra da cadeia, pode-se obter

𝑢𝑥 = 𝑢𝑟 𝑟𝑥 + 𝑢𝜃 𝜃𝑥

Derivando-se novamente

𝑢𝑥𝑥 = (𝑢| |𝑟)𝑥 𝑟𝑥 + 𝑢𝑟 𝑟𝑥𝑥 + (𝑢| |𝜃)𝑥 𝜃𝑥 + 𝑢𝜃 𝜃𝑥𝑥

Utilizando novamente a regra da cadeia

𝑢𝑥𝑥 = (𝑢| |𝑟𝑟𝑟𝑥 + 𝑢𝑟𝜃 𝜃𝑥 )𝑟𝑥 + 𝑢𝑟 𝑟𝑥𝑥 + (𝑢| |𝜃𝑟𝑟𝑥 + 𝑢𝜃𝜃 𝜃𝑥 )𝜃𝑥 + 𝑢𝜃 𝜃𝑥𝑥

Admitindo-se que u(x,y) é de classe C 2, pelo teorema de Schwarz

𝑢𝑟𝜃 = 𝑢𝜃𝑟

Logo, podemos escrever uxx como

𝑢𝑥𝑥 = 𝑢𝑟𝑟 (𝑟𝑥 )2 + 2𝑢𝑟𝜃 𝑟𝑥 𝜃𝑥 + 𝑢𝜃𝜃 (𝜃𝑥 )2 + 𝑢𝑟 𝑟𝑥𝑥 + 𝑢𝜃 𝜃𝑥𝑥

Analogamente se obtém uyy como


2 2
𝑢𝑦𝑦 = 𝑢𝑟𝑟 (𝑟𝑦 ) + 2𝑢𝑟𝜃 𝑟𝑦 𝜃𝑦 + 𝑢𝜃𝜃 (𝜃𝑦 ) + 𝑢𝑟 𝑟𝑦𝑦 + 𝑢𝜃 𝜃𝑦𝑦

Segundo a definição do Laplaciano


∆𝑢 = 𝑢𝑥𝑥 + 𝑢𝑦𝑦
2 2 2
= ((𝑟𝑥 )2 + (𝑟𝑦 ) ) 𝑢𝑟𝑟 + 2(𝑟𝑥 𝜃𝑥 + 𝑟𝑦 𝜃𝑦 )𝑢𝑟𝜃 + ((𝜃𝑦 ) + (𝜃𝑦 ) ) 𝑢𝜃𝜃 + (𝑟𝑥𝑥 + 𝑟𝑦𝑦 )𝑢𝑟
+ (𝜃𝑥𝑥 + 𝜃𝑦𝑦 )𝑢𝜃

Agora basta resolver as derivadas


2 2
2 𝑥 𝑦
(𝑟𝑥 )2 + (𝑟𝑦 ) = ( ) +( ) =1
√𝑥 2 + 𝑦 2 √𝑥 2 + 𝑦 2

𝑥 −𝑦 𝑦 𝑥
𝑟𝑥 𝜃𝑥 + 𝑟𝑦 𝜃𝑦 = ( 2 )+ ( 2 )=0
√𝑥 2 + 𝑦2 𝑥 + 𝑦2 2
√𝑥 + 𝑦 2 𝑥 + 𝑦2

2 2 −𝑦 2 𝑥 2 1
(𝜃𝑦 ) + (𝜃𝑦 ) = ( 2 2
) + ( 2 2
) = 2
𝑥 +𝑦 𝑥 +𝑦 𝑟

𝑥2 + 𝑦2 1
𝑟𝑥𝑥 + 𝑟𝑦𝑦 = 3 =
𝑟
(𝑥 2 + 𝑦 2 )2

2𝑥𝑦 − 2𝑥𝑦
𝜃𝑥𝑥 + 𝜃𝑦𝑦 = =0
(𝑥 2 + 𝑦 2 )2

Portanto o operador Laplaciano em coordenadas polares se resume a

1 1
∆𝑢 = 𝛻 2 𝑢 = 𝑢𝑟𝑟 + 𝑢𝑟 + 2 𝑢𝜃𝜃
𝑟 𝑟
LAPLACIANO EM COORDENADAS CILÍNDRICAS

Analogamente às coordenadas polares, a transformação das coordenadas cartesianas


para as cilíndricas é dada por

𝑥 = 𝑟𝑐𝑜𝑠⁡(𝜃)
{𝑦 = 𝑟𝑠𝑒𝑛⁡(𝜃)
𝑧=𝑧

Portanto, como já se calculou uxx e uyy , basta calcular-se uzz . Como não houve qualquer
transformação na variável z, o Laplaciano de uma função u(x,y,z) em coordenadas cilíndricas fica
como

1 1
∆𝑢 = 𝛻 2 𝑢 = 𝑢𝑟𝑟 + 𝑢𝑟 + 2 𝑢𝜃𝜃 + 𝑢𝑧𝑧
𝑟 𝑟

FUNÇÕES DE BESSEL

Equação diferencial de Bessel

As funções de Bessel surgem como soluções da equação diferencial

𝑥 2 𝑦 ′′ + 𝑥𝑦 ′ + (𝑥 2 − 𝑛2 )𝑦 = 0 n≥0 (1)

chamada equação diferencial de Bessel. A solução geral de (1) é dada por

𝑦 = 𝑐1 𝐽𝑛 (𝑥) + 𝑐2 𝑌𝑛 (𝑥) (2)

A solução Jn(x), que tem limite finito quando x tende a zero, é chamada função de Bessel
de primeira espécie de ordem n. A solução Yn(x), que não tem limite finito (é não-limitada)
quando x tende a zero, é chamada função de Bessel de segunda espécie de ordem n, ou função
de Neumann.

Se a variável independente x em (1) é substituída por λx, (λ constante), a equação


resultante é

𝑥 2 𝑦 ′′ + 𝑥𝑦 ′ + (𝜆2 𝑥 2 − 𝑛2 )𝑦 = 0 (3)
com solução geral

𝑦 = 𝑐1 𝐽𝑛 (𝜆𝑥) + 𝑐2 𝑌𝑛 (𝜆𝑥) (4)

A equação diferencial (1) ou (3) é obtida, por exemplo, a partir da equação de Laplace
expressa em coordenadas cilíndricas (ρ, Φ, z).

O Método de Frobenius

Um método importante para a obtenção de soluções de equações diferenciais tais como


a de Bessel, é o método de Frobenius. Nesse método, supomos uma solução da forma

𝑦 = ∑ 𝑐𝑘 𝑥 𝑘+𝛽 (5)
𝑘=−∞

Onde ck, = 0, para k<0, de modo que (5) começa efetivamente com o termo contendo c 0, que se
supõe diferente de zero.

Levando (5) em uma equação diferencial dada, podemos obter uma equação β
(constante) (chamada equação indicial), bem como equações que podem servir para determinar
as constantes ck.

Funções de Bessel de primeira espécie

Define-se a função de Bessel de primeira espécie de ordem n como

𝑥𝑛 𝑥2 𝑥4
𝐽𝑛 (𝑥) = {1 − + − ⋯} (6)
2𝑛 Г(𝑛 + 1) 2(2𝑛 + 2) 2 × 4(2𝑛 + 2)(2𝑛 + 4)

Ou

∞ 𝑥 𝑛+2𝑟
(−1)𝑟 ( )
𝐽𝑛 (𝑥) = ∑ 2 (7)
𝑟! Г(𝑛 + 𝑟 + 1)
𝑟=0
onde (n+1) é a função gama. Se n é inteiro positivo Г(n+1) = n!, Г(1) = 1. Para n=0, (6) se torna

𝑥2 𝑥4
𝐽0 (𝑥) = 1 − + −⋯ (8)
22 22 42

A série (6) ou (7) converge qualquer que seja x. Se n é metade de um inteiro ímpar, Jn(x)
pode-se exprimir em termos de senos e cossenos Pode-se definir uma função J-n(x) n>0,
substituindo-se n por –n em (6) ou (7), Se n é inteiro, então pode-se mostrar que

𝐽−𝑛 (𝑥) = (−1)𝑛 𝐽𝑛 (𝑥) (9)

Se n não é inteiro Jn(x) e J-n(x) são linearmente independentes, e neste caso a solução
geral de (1) é

𝑦 = 𝐴𝐽𝑛 (𝑥) + 𝐵𝐽−𝑛 (𝑥) n ≠ 0,1,2,3,4,5,6,... (10)

Funções de Bessel de segunda espécie

Define-se a função de Bessel de segunda espécie de ordem n como

𝐽𝑛 (𝑥)𝑐𝑜𝑠𝑛𝜋 − 𝐽−𝑛 (𝑥)


n ≠0,1,2,3,...
𝑠𝑒𝑛𝑛𝜋
𝑌𝑛 (𝑥) = (11)
𝐽𝑝 (𝑥)𝑐𝑜𝑠𝑝𝜋 − 𝐽−𝑝 (𝑥)
𝑙𝑖𝑚 n =0,1,2,3,...
𝑝→𝑛 𝑠𝑒𝑛𝑝𝜋

Quando n = 0,1,2,3,4..., obtemos o seguinte desenvolvimento em série para Yn(x):

𝑛−1 𝑥 2𝑘−𝑛
2 𝑥 1 (𝑛 − 𝑘 − 1)! ( )
𝑌𝑛 (𝑥) = {𝑙𝑛 ( ) + 𝛾} 𝐽𝑛 (𝑥) − ∑ 2
𝜋 2 𝜋 𝑘!
𝑘=0
(12)
∞ 𝑥 2𝑘−𝑛
1 (2)
− ∑(−1)𝑘 {𝜙(𝑘) + 𝜙(𝑛 + 𝑘)}
𝜋 𝑘! (𝑛 + 𝑘)!
𝑘=0
onde γ = 0,5772156... é a constante de Euler.

1 1 1
𝜙(𝑝) = 1 + + + ⋯ + 𝜙(0) = 0 (13)
2 3 𝑝

Função Geratriz de Jn(x)

A função

𝜋 1
(𝜏− )
𝑒2 𝑡 = ∑ 𝐽𝑛 (𝑥)𝑡 𝑛 (12)
𝑛=−∞

é a função geratriz da função de Bessel de primeira espécie de ordem inteira. È d grande


utilidade na obtenção de propriedades dessas funções para valores inteiros de n – propriedades
que, freqüentemente, podem ser provadas para todos os valores de n.

Fórmulas de Recorrência

Os resultados abaixo valem para todo n:


2𝑛
𝐽𝑛+1 (𝑥) = 𝜋 𝑛
𝐽 (𝑥) − 𝐽𝑛−1 (𝑥)

1
𝐽′𝑛 (𝑥) = [𝐽𝑛−1 (𝑥) − 𝐽𝑛+1 (𝑥)]
2

𝑥𝐽′𝑛 (𝑥) = 𝑛𝐽𝑛 (𝑥) − 𝑥𝐽𝑛+1 (𝑥)

𝑥𝐽′𝑛 (𝑥) = 𝑥𝐽𝑛−1 (𝑥) − 𝑛𝐽𝑛 (𝑥)

𝑑 𝑛
[𝑥 𝐽𝑛 (𝑥)] = 𝑥 𝑛 𝐽𝑛−1 (𝑥)
𝑑𝑥
𝑑 −𝑛
[𝑥 𝐽𝑛 (𝑥)] = −𝑥 −𝑛 𝐽𝑛+1 (𝑥)
𝑑𝑥

Se n é inteiro, tais resultados podem ser demonstrados utilizando a função geratriz.


Observe que os resultados 3 e 4 são equivalentes a 5 e 6, respectivamente.

As funções Yn(x) satisfazem precisamente as mesmas relações, com Yn(x) substituindo


Jn(x).
Funções relacionadas com as funções de Bessel

As funções Hankel de primeira e segunda espécies definem-se, respectivamente, por

𝐻𝑛1 (𝑥) = 𝐽𝑛 (𝑥) + 𝑖𝑌𝑛 (𝑥)


(15)
𝐻𝑛2 (𝑥) = 𝐽𝑛 (𝑥) − 𝑖𝑌𝑛 (𝑥)

Funções de Bessel modificadas. Define-se a função de Bessel modificada de primeira


espécie de ordem n como
−𝑛𝜋𝑖
𝐼𝑛 (𝑥) = 𝑖 −𝑛 𝐽𝑛 (𝑖𝑥) + 𝑒 2 𝐽𝑛 (𝑖𝑥) (16)

Se n é inteiro,

𝐼−𝑛 (𝑥) = 𝐼𝑛 (𝑥) (17)

mas se n não é inteiro, In(x) e I-n(x) são linearmente independentes.

A função de Bessel modificada de segunda espécie de ordem n é definida como

𝜋 𝐼−𝑛 (𝑥) − 𝐼𝑛 (𝑥)


[ ] n ≠0,1,2,3,...
2 𝑠𝑒𝑛𝑛𝜋
𝐾𝑛 (𝑥) = (18)
𝑙𝑖𝑚 𝜋 𝐼 (𝑥) − 𝐼 (𝑥)
𝑝→𝑛 −𝑝 𝑝
[ ] n =0,1,2,3,...
2 𝑠𝑒𝑛𝑝𝜋

Essas funções verificam a equação diferencial

𝑥 2 𝑦 ′′ + 𝑥𝑦 ′ + (𝑥 2 − 𝑛2 )𝑦 = 0 (19)

e a solução geral desta equação é

𝑦 = 𝑐1 𝐼𝑛 (𝑥) + 𝑐2 𝐾𝑛 (𝑥) (20)


ou, se n ≠ 0,1,2,3,4,...,

𝑦 = 𝐴𝐼𝑛 (𝑥) + 𝐵𝐼−𝑛 (𝑥) (21)

Funções Ber, Bei, Ker, Kei. As funções Bern(x) e Bein(x) são respectivamente as partes real
3
e imaginária de 𝐽𝑛 (𝑖 2 𝑥), onde

3 3𝜋𝑖 √2
𝑖2 = 𝑒 4 = (−1 + 𝑖), 𝑖. 𝑒,
2 (22)
3
𝐽𝑛 (𝑖| | 2 𝑥) = 𝐵𝑒𝑟𝑛 (𝑥) + 𝑖𝐵𝑒𝑖𝑛 (𝑥)

As funções Kern(x) e Kein(x) são respectivamente as partes real e imaginária de


−𝑛𝜋𝑖 1 1 𝜋𝑖
√2
𝑒 2 𝐾𝑛 (𝑖 2 𝑥), onde 𝑖 2 = 𝑒 4 = (−1 + 𝑖), 𝑖. 𝑒,
2

−𝑛𝜋𝑖 1
𝑒 2 𝐾𝑛 (𝑖 2 𝑥) = 𝐾𝑒𝑟𝑛 (𝑥) + 𝑖𝐾𝑒𝑖𝑛 (𝑥) (23)

Essas funções são úteis em relação à equação

𝑥 2 𝑦 ′′ + 𝑥𝑦 ′ + (𝑖𝑥 2 − 𝑛2 )𝑦 = 0 (24)

que surge na engenharia elétrica e em outros campos da técnica. A solução geral desta equação
é
3 1
𝑦 = 𝑐1 𝐽𝑛 (𝑖 2 𝑥) + 𝑐2 𝐾𝑛 (𝑖 2 𝑥)
(25)

Se n = 0, costuma denotar-se Bern(x), Bein(x), Kern(x) e Kein(x) por Ber (x), Bei(x), Ker(x),
Kei (x), respectivamente.
Equações transformáveis na equação de Bessel

A equação:

𝑥 2 𝑦 ′′ + (2𝑘 + 1)𝑥𝑦 ′ + (𝛼 2 𝑥 2𝑟 − 𝛽 2 )𝑦 = 0 (26)

onde k, α, r, β são constantes, admite a solução geral

𝑦 = 𝑥 −𝑘 [𝑐1 𝐽𝑘⁄𝑟 (𝛼 𝑥 𝑟 ⁄𝑟) + 𝑐2 𝑌𝑘⁄𝑟 (𝛼 𝑥 𝑟 ⁄𝑟)] (27)

onde 𝑘 = √𝑘 2 − 𝛽 2. Se α = 0, a equação é uma equação de Cauchy ou Euler e tem como solução

𝑦 = 𝑥 −𝑘 [𝑐3 𝑥 𝑘 + 𝑐4 𝑥 −𝑘 ] (28)

Fórmulas assintóticas para funções de Bessel

Para grandes valores de x temos as seguintes fórmulas assintóticas:

2 𝜋 𝑛𝜋
𝐽𝑛 (𝑥)⁡√ 𝑐𝑜𝑠 (𝑥 − − ),
𝜋𝑥 4 2
(29)
2 𝜋 𝑛𝜋
𝑌𝑛 (𝑥)⁡√ 𝑠𝑒𝑛 (𝑥 − − ),
𝜋𝑥 4 2

Zeros das funções de Bessel

Pode-se mostrar que, n é real, Jn(x) = 0 tem um número infinito de raízes todas reais. A
diferença entre raízes sucessivas tende a π na medida em que as raízes aumentam de valor. Este
fato pode ser constatado pela expressão (29). Pode-se ver também que as raízes de Jn(x) = 0 (os
zeros de Jn(s) estão entre as raízes de Jn-1(x) =0 e as de Jn+1 (x) = 0. Observações análogas valem
para Yn(x).

Ortogonalidade das funções de Bessel de primeira espécie


Se λ e μ são duas constantes diferentes, pode-se mostrar que

1
𝜇𝐽𝑛 (𝜆)𝐽′𝑛 (𝜇) − 𝜆𝐽𝑛 (𝜇)𝐽′𝑛 (𝜆)
∫ 𝑥𝐽𝑛 (𝜆𝑥) 𝐽𝑛 (𝜇𝑥)𝑑𝑥 = (30)
0 𝜆2 − 𝜇2

enquanto que

1
1 2 𝑛2 2
∫ 𝑥𝐽𝑛2 (𝜆𝑥) 𝑑𝑥 = [𝐽′𝑛 (𝜆) + (1 − 2 ) 𝐽𝑛 (𝜆)] (31)
0 2 𝜆
De (30) pode-se ver que, se λ e μ são duas raízes distintas quaisquer da equação

𝑅𝐽𝑛 (𝑥) + 𝑆𝑥𝐽′𝑛 (𝑥) = 0 (32)

onde R e S são constantes, então

1
∫ 𝑥𝐽𝑛 (𝜆𝑥) 𝐽𝑛 (𝜇𝑥)𝑑𝑥 = 0 (33)
0

o que equivale afirmar que as funções √𝑥𝐽𝑛 (𝜆𝑥)e √𝑥𝐽𝑛 (𝜇𝑥) são ortogonais em (0,1). Notes-se
como casos especiais de (32), λ e μ podem ser duas raízes distintas de Jn(x) = 0 ou de J’n(x)=0.
Pode-se dizer também que as funções 𝐽𝑛 (𝜆𝑥)e 𝐽𝑛 (𝜇𝑥) são ortogonais em relação à função
densidade (função peso) x.

Séries de funções de Bessel de primeira espécie

Tal como no caso das séries de Fourier, pode-se mostrar qie se F(x) e f’(x) são
seccionalmente contínuas, então em todo ponto de continuidade de f(x) no intervalo 0<x<1
existirá um desenvolvimento em série de Bessel da forma

𝑓(𝑥) = 𝐴1 𝐽𝑛 (𝜆1 𝑥) + 𝐴2 𝐽𝑛 (𝜆2 𝑥) + ⋯ = ∑ 𝐴𝑝 𝐽𝑛 (𝜆𝑝 𝑥) (34)


𝑝=1
onde 𝜆1 ,𝜆2 ,𝜆3 ,𝜆4 ,𝜆5 , ... são as raízes positivas de (32) com R/S ≥ 0, S ≠ 0 e

2𝜆2𝑝 1
𝐴𝑝 = ∫ 𝑥𝐽𝑛 (𝜆𝑝 𝑥)𝑓(𝑥)𝑑𝑥 (35)
𝑅2
(𝜆2𝑝 − 𝑛2 + 2 ) 𝐽𝑛2 (𝜆𝑝 ) 0
𝑆

1
Em qualquer ponto de descontinuidade, a série à direita de (34) converge para 2 [𝑓(𝑥 + 0) +
𝑓(𝑥 − 0)], expressão que pode ser utilizada em lugar do membro esquerdo de (34).

Se S = 0, de modo que 𝜆1 ,𝜆2 ,𝜆3 ,𝜆4 ,𝜆5 , ... são as raízes de Jn(x) = 0,
1
2
𝐴𝑝 = 2
∫ 𝑥𝐽𝑛 (𝜆𝑝 𝑥)𝑓(𝑥)𝑑𝑥 (36)
𝐽𝑛+1 (𝜆𝑝 ) 0

Se R = 0 e n = 0, então a série (34) começa com o termo constante


1
𝐴1 = 2 ∫ 𝑥𝑓(𝑥)𝑑𝑥 (37)
0

Neste caso, as raízes positivas são as de J’n(x) = 0.

Ortogonalidade e séries de funções de Bessel de segunda espécie

Os resultados acima, relativos às funções de Bessel de primeira espécie, podem ser


estendidos às funções de Bessel de segunda espécie.
PROBLEMA PROPOSTO

Seja um cilindro oco muito longo, de raio interno 𝑎 e raio externo 𝑏,é feito com material
condutor com difusividade 𝛼. Se as superfícies interior e exterior são mantidas à temperatura de
0 ºC e 100 ºC, enquanto a temperatura inicial é 𝑓(𝑟) (sendo 𝑟 o raio). Determine a temperatura
em um ponto qualquer,em um instante arbitrário 𝑡.
A figura ilustra esquematicamente o problema. Deseja-se saber como pode descrever a
temperatura no cilindro em coordenadas cilíndricas, ou seja, busca-se uma função

𝑢(𝑟, 𝜃, 𝑧; 𝑡)

Levando-se em conta a simetria do problema e que este é regido pela equação do calor, o
que se almeja de fato é descobrir como a temperatura se distribui ao longo do tempo entre os
raios interno (a) e externo do cilindro (b), portanto 𝑎 ≤ 𝑟 ≤ 𝑏.

SOLUÇÃO

Denotemos por 𝑓(𝑟) a função que determina a temperatura inicial de um ponto


qualquer no instante inicial 𝑡 = 0 dentro de 𝑎 ≤ 𝑟 ≤ 𝑏. Pela simetria do problema, observa-se
que a temperatura jamais varia com as variáveis 𝑧 ou 𝜃.

Utilizando a equação do Calor


𝜕𝑢
𝛻2𝑢 − 𝛼 =0
𝜕𝑡

Em coordenadas cilíndricas e fazendo as considerações necessárias

𝑢 = 𝑢(𝑟, 𝑡)

𝜕𝑢 1 𝜕 𝜕𝑢
= 𝛼( (𝑟 )) (1)
𝜕𝑡 𝑟 𝜕𝑟 𝜕𝑟

Onde as condições de contorno são

𝑢(𝑎, 𝑡) = 0°𝐶

𝑢(𝑏, 𝑡) = 100℃

𝑢(𝑟, 0) = 𝑓(𝑟)

|𝑢(𝑟, 𝑡)| < 𝑀

Ou seja, a temperatura para um ponto qualquer no cilindro oco em um instante


arbitrário pode ser escrita como uma combinação de

𝑢(𝑟, 𝑡) = 𝑢0 (𝑟, 𝑡) + 𝑢100 (𝑟)

Onde 𝑢0 (𝑟, 𝑡) é a solução homogênea, em que as temperaturas externa e interna do


cilindro são 0° C, e 𝑢100 (𝑟) é a solução particular em que a temperatura do raio externo é 100° C
e independe do tempo t.

Assim sendo, realizar-se-á primeiro a solução para 𝑢0 (𝑟, 𝑡) homogênea associada.

Pela separação de variáveis

Façamos 𝑢 = 𝑅(𝑟)𝑇(𝑡) = 𝑅𝑇, em (1)

𝜕𝑅𝑇 𝜕 2 𝑅𝑇 1 𝜕𝑅𝑇
= 𝛼( 2 + )
𝜕𝑡 𝜕𝑟 𝑟 𝜕𝑟

1
𝑅𝑇 ′ = 𝛼 (𝑇𝑅 ′′ + 𝑟 𝑇𝑅 ′ ) (÷ 𝛼𝑅𝑇)

𝑇 }}⁡over⁡{αT}⁡=⁡{{R}⁡^⁡{''}}⁡over⁡{R}⁡+⁡{1}⁡over⁡{r}⁡{{R}⁡^⁡{'}}⁡over⁡{R}⁡=-⁡{λ}⁡^⁡{2

Então

𝑇′
= −𝜆2 ⇒ 𝑇 ′ + 𝛼𝜆2 𝑇 = 0(2)
𝛼𝑇
𝑅 ′′ 1 𝑅 ′
+ = −𝜆2
𝑅 𝑟𝑅
𝑅′
𝑅 + + 𝑅𝜆2 = 0(3)
′′
𝑟

Que resultam em
2
𝑇 = 𝑐1 𝑒 −𝛼𝑡𝜆 , 𝑅 = 𝐴1 𝐽0 (𝜆𝑟) + 𝐵1 𝑌0 (𝜆𝑟)

Como 𝑢 = 𝑅𝑇, 𝑡𝑒𝑚𝑜𝑠


2
𝑢(𝑟, 𝑡) = ∑ 𝑒 −𝛼𝑡𝜆 [𝑎1 𝐽0 (𝜆𝑟) + 𝑏1 𝑌0 (𝜆𝑟)](4)
𝜆

Aplicando-se as condições de contorno para 𝑢0 (𝑟, 𝑡) em que 𝑢(𝑎, 𝑡) = 0𝑒𝑢(𝑏, 𝑡) = 0,


obtem-se

𝑎1 𝐽0 (𝜆𝑎) + 𝑏1 𝑌0 (𝜆𝑎) = 0, 𝑎1 𝐽0 (𝜆𝑏) + 𝑏1 𝑌0 (𝜆𝑏) = 0(5)

Estas equações nos levam à

𝑌0 (𝜆𝑎)𝐽0 (𝜆𝑏) − 𝐽0 (𝜆𝑎)𝑌0 (𝜆𝑏) = 0(6)


−𝑎1 𝐽0 (𝜆𝑎)
De (5) 𝑏1 = 𝑌0 (𝜆𝑎)

Deste modo,a eq.(4) pode ser escrita como:


2
𝑢(𝑟, 𝑡) = ∑ 𝐶𝑒 −𝛼𝑡𝜆 [𝑌0 (𝜆𝑎)𝐽0 (𝜆𝑟) − 𝐽0 (𝜆𝑎)𝑌0 (𝜆𝑟)]
𝜆

𝜆 = 𝜆𝑚

2
𝑢(𝑟, 𝑡) = ∑ 𝐶𝑚 𝑒 −𝛼𝑡𝜆𝑚 𝑢0 (𝜆𝑚 𝑟)(7)
𝑚=1

𝑢0 (𝜆𝑚 𝑟) = 𝑌0 (𝜆𝑚 𝑎)𝐽0 (𝜆𝑚 𝑟) − 𝐽0 (𝜆𝑚 𝑎)𝑌0 (𝜆𝑚 𝑟)

Do fato, de que 𝑢(𝑟, 0) = 𝑓(𝑟) e utilizando a eq. (7):


𝑓(𝑟) = ∑ 𝐶𝑚 𝑢0 (𝜆𝑚 𝑟)
𝑚=1
𝑏
∫𝑎 𝑟𝑓(𝑟)𝑢0 (𝜆𝑚 𝑟)𝑑𝑟
𝐶𝑚 = 𝑏
∫𝑎 𝑟[𝑢0 (𝜆𝑚 𝑟)]2 𝑑𝑟

Logo, a solução é
∞ 𝑏
∫ 𝑟𝑓(𝑟)𝑢0 (𝜆𝑚 𝑟)𝑑𝑟 −𝛼𝑡𝜆 2
𝑢(𝑟, 𝑡) = ∑ ( 𝑎 𝑏 )𝑒 𝑚 𝑢 (𝜆 𝑟)
0 𝑚
∫𝑎 𝑟[𝑢 (𝜆 𝑟)]2 𝑑𝑟
𝑚=1 0 𝑚

Quanto à solução particular 𝑢100 (𝑟), tem-se a equação

1 𝜕 𝜕𝑢
0 = 𝛼( (𝑟 ))
𝑟 𝜕𝑟 𝜕𝑟

Temperatura estacionaria. Portanto esta equação pode ser considerada ordinária pois as
derivadas são apenas com respeito a 𝑟. Com isso

𝑑 𝑑𝑢
(𝑟 ) = 0
𝑑𝑟 𝑑𝑟
𝑑𝑢
𝑟 = 𝑐1
𝑑𝑟
𝑑𝑟
∫ 𝑑𝑢 = ∫ 𝑐1
𝑟

𝑢 = 𝑐1 𝑙𝑛(|𝑟|) + 𝐾 =

Como 𝑟 ≥ 0, tem-se como solução

𝑢100 (𝑟) = 𝑐1 𝑙𝑛(𝑐2 𝑟)

Aplicando-se as condições de contorno para 𝑢100 (𝑟) em que 𝑢(𝑎) = 0°𝐶 e 𝑢(𝑏) = 100°𝐶

𝑢100 (𝑎) = 0 = 𝑐1 𝑙𝑛(𝑐2 𝑎)

Ou que

1
𝑐2 𝑎 = 1 ∴ 𝑐2 =
𝑎

E a segunda condição

𝑏
𝑢100 (𝑏) = 100 = 𝑐1 𝑙𝑛 ( )
𝑎

Portanto
100
𝑐1 =
𝑏
𝑙𝑛 ( )
𝑎

Com as constantes determinadas, pode-se escrever

100 𝑟
𝑢100 (𝑟) = 𝑙𝑛 ( )
𝑏 𝑎
𝑙𝑛 (𝑎)

Para escrever a solução final basta lembrar que

𝑢(𝑟, 𝑡) = 𝑢0 (𝑟, 𝑡) + 𝑢100 (𝑟)

Ou seja, a solução final do problema proposto é

∞ 𝑏
100 𝑟 ∫ 𝑟𝑓(𝑟)𝑢0 (𝜆𝑚 𝑟)𝑑𝑟 −𝛼𝑡𝜆 2
𝑢(𝑟, 𝑡) = 𝑙𝑛 ( ) + ∑ ( 𝑎 𝑏 )𝑒 𝑚 𝑢 (𝜆 𝑟)
0 𝑚
𝑏 𝑎 2
∫𝑎 𝑟[𝑢0 (𝜆𝑚 𝑟)] 𝑑𝑟
𝑙𝑛 (𝑎) 𝑚=1

É a função que descreve a temperatura para qualquer ponto dentro de um cilindro oco
com raios a interno e b externo as temperaturas 0º C e 100 º C, respectivamente, para qualquer
instante de tempo 𝑡 ≥ 0. O caráter exponencial do tempo na solução homogênea garante que a
distribuição tende a estacionaria conforme o tempo flui. Ou seja

𝑙𝑖𝑚 𝑢(𝑟, 𝑡) = 𝑢100 (𝑟)


𝑡→∞

Esta característica da solução vem como conseqüência da equação do calor, mostrando


dessa forma a irreversibilidade desse processo.
Distribuição estacionaria de temperatura em cilindro oco como o descrito no problema. A
figura ajuda a mostrar como a temperatura varia de forma logarítmica. OBS: o gráfico foi
traçado com raios interno 𝑎 = 2 e externo 𝑏 = 5 e o eixo 𝑧 significa 𝑢100 (𝑟).

CONCLUSÃO

Conforme analisado nesta obra, a equação do calor é de suma importância para a Física
e a Engenharia. Visto que é ferramenta para solucionar inúmeros problemas.Neste artigo foi
exposta a teoria que embasa,a referida equação,como também um exemplo prático.
AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer ao professor Altair Souza de Assis pela assistência dada na


realização deste artigo bem como as discussões proveitosas para o entendimento dos conceitos
e de suas aplicações às ciências naturais aqui abordados.

REFERÊNCIAS

1 - Murray R. Spiegel, Análise de Fourier, Coleção Schaum, Editora McGraw - Hill do Brasil
Ltda,1976
2 - D. Kreider, D. R. Ostberg, R. C. Kuller, e F. W. Perkins, Introdução a Análise Linear, Volume 3,
Ao Livro Técnico S/A e Editora UNB, RJ, 1972.

3 - Stanley J. Farlow, Partial Differential Equations for Scientists and Engineers, John Wiley &
Sons Inc., 1982.

4- E. Butkov, Física Matemática, Guanabara Dois, RJ, 1978.

5 – A. S. de Assis, Notas de Aula de Métodos I, 2010

https://metodosmatematicosuff.wordpress.com/

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