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A Evolução dos Filmes de Terror Conforme as Mudanças Sociais

Luann Georgy Oliveira Queiroz

A busca por entretenimento é algo sempre presente na vida do ser humano.


Diante das diferentes rotinas a qual homens e mulheres são submetidos diariamente
surge a necessidade de um tempo no qual seja possível se entreter, seja isso através de
um esporte, de um momento de descanso ou até mesmo assistindo a um filme. Em
relação ao cinema, por esse abranger diversos gêneros diferentes e por sempre se
modernizar, o mesmo consegue atrair um alto número de seguidores, garantindo que se
mantenha vivo por diversas gerações. Diferente de alguns gêneros que possuem um
modelo mais rígido e um roteiro atemporal (pode-se citar os filmes de faroeste como
exemplo), os filmes de terror, existentes desde os primórdios do cinema, possuem a
difícil responsabilidade de se adaptar as mudanças sociais como um todo e assim manter
sua eficiência diante do que são propostos. Dessa forma, surge a pergunta: como os
filmes desse gênero cinematográfico vêm evoluindo com o passar dos anos?
Assim como, por exemplo, os filmes de romance, que se transformam seguindo
as mudanças sociais de comportamento, e consequentemente de como o romance é feito
e encarado hoje em dia, os filmes de terror necessitam de um aperfeiçoamento na sua
“fórmula do susto”, visto que manter essa fórmula eficiente não se torna tão fácil como
antigamente. A evolução tecnológica, que proporciona uma maior adaptação do
espectador ao novo e ao desconhecido, e o próprio aumento do contato de pessoas com
diversos casos de violência, mesmo que às vezes apenas através da mídia, gera um
público mais „frio‟ e muitas vezes com uma maior dificuldade em sentir medo.
O primeiro filme de terror, The Haunted Castle (1896), foi criado por Georges
Méliès possuindo apenas dois minutos, mas causando um forte impacto para o público
daquela época que via pela primeira vez a retratação de cenas assustadoras na Sétima
Arte. Obviamente esse impacto não é o mesmo quando essa produção é vista por um
espectador contemporâneo. A partir do século XX, mais filmes desse gênero foram
surgindo, sofrendo uma forte influência de personagens oriundos da literatura, como os
filmes Nosferatu (1922), Drácula (1931) e Frankenstein (1931). Com o fim da II Guerra
Mundial em 1945, filmes que apresentavam grandes monstros como os principais
vilões, como Godzilla (1954), foram ganhando mais espaço, sendo isso uma resposta ao
medo gerado devido a utilização de armas nucleares. No entanto, a partir da década de
1960 o gênero terror psicológico ganhou mais espaço como uma alternativa à fórmula já
quase saturada de utilização de monstros e criaturas. Psycho (1960), The Birds (1963) e
Rosemary's Baby (1968) são exemplos de filmes desse tipo. Já a década de 1970 e 1980
foi marcada pela presença do movimento hippie e consequentemente por jovens
buscando por liberdade, como por exemplo, em grupos religiosos. Dessa maneira, o
cinema adaptou-se apresentando filmes de exorcismos, demônios, espíritos etc, como
The Exorcist (1973) e The Omen (1976). Foi também nessas épocas onde filmes que
apresentavam seriais killers perseguindo um grupo de jovens ganhou um maior
destaque, se baseando em casos reais de violência. O período menos eficiente em fazer
bons filmes de terror, início da década de 90, se destacou pela presença de vários
remakes de filmes de épocas passadas, diferente do que ocorreu próximo a virada do
milênio. Aflorado pelo medo das pessoas em relação ao fim do mundo, no final dos 90
várias produções apocalíticas foram desenvolvidas como Twelve Monkeys (1995),
Armageddon (1998) e End of Days (1999). Esse contexto apolítico permaneceu no íncio
dos anos 2000 principalmente devido ao ataque terrorista das Torres Gêmeas
evidenciando certa fragilidade de grandes países e um possível surgimento de guerras,
destacam-se filmes como 28 Days Later (2002) e Dawn of the Dead (2004). O novo
milênio também se caracterizou pela produção e popularização de remakes do terror
asiático (The Ring, 2002) e de filmes com cenas de tortura (Hostel, 2005), uma resposta
a necessidade de mudança no estilo de filmes. Finalmente, nos dias de hoje percebe-se
uma maior adaptação ao crescimento tecnológico com vários filmes de terror utilizando
efeitos especiais cada vez mais realísticos e inserindo, dentro do roteiro, redes sociais,
equipamentos mais modernos, narrativas mais atuais, além de eliminar certas situações
improváveis atualmente como, por exemplo, a isolação e falta de comunicação de certo
personagem (redes sociais facilitam a interação entre as pessoas). Filmes com algumas
dessas características podem ser citados: Unfriended (2015), The Purge (2013) e
Chatroom (2010).
Como foi evidenciado, semelhante a quase tudo, o cinema necessita de evolução
e de adaptação. As mudanças existentes na tecnologia, na sociedade e no mundo como
um todo fortalece a necessidade dessa metamorfose. Atualmente a grande popularização
do cinema também gera um aumento considerável na produção de diversos filmes,
garantindo produções de terror com diversas temáticas diferentes e agradando assim a
variados tipos de público. Nota-se a procura por um tom mais realístico, algo não tão
simples, com o intuito de convencer o espectador e assim manter o gênero vivo.

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