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modo formal / material

foro» (os dois nomes referem Vénus). Mesmo dos por palavras ou expressões pertencentes a
assim, a única conclusão inevitável do argumen- essa linguagem) e atribuir-lhes determinadas
to de Frege é a de que a análise dos nomes exige propriedades apropriadas. Assim, as seguintes
algo mais do que a análise da sua referência. De afirmações, as quais são paralelas às afirmações
qualquer forma, a distinção entre Sinn e Bedeu- 1, 2, e 3, são exemplos de afirmações executadas
tung tem inspirado proveitosamente a maior par- no modo material: «Roma é uma bela cidade»,
te da filosofia da linguagem contemporânea. Ver «Vermelho é uma cor», «A neve é branca».
também SENTIDO/REFERÊNCIA. SFB Em suma, no modo material, menciona-se
um item extralinguístico (usando-se para tal
Frege, G. 1892. On Sense and Reference. In P. Geach uma palavra ou expressão que designe o item
e M. Black, orgs., Translations from the Philoso- extralinguístico em questão) e predica-se dele
phical Writings of Gottlob Frege. Oxford: Black- uma certa característica.
well, 1952. Por vezes, afirmações feitas no modo mate-
rial são tomadas como equivalentes, num
modo formal / material A distinção entre um determinado sentido, a certas afirmações cor-
modo formal e um modo material de falar respondentes feitas no modo formal. Por
acerca de algo foi pela primeira vez introduzi- exemplo, alguns filósofos (por exemplo, Car-
da, nestes termos, pelo lógico e filósofo alemão nap) considerariam as seguintes afirmações
Rudolph Carnap; e corresponde, aproximada- equivalentes: 5) A classe dos seres humanos e a
mente, à distinção USO/MENÇÃO. classe dos bípedes sem penas são idênticas; 5')
Falar no modo formal é falar, numa certa Os predicados «é um ser humano» e «é um
linguagem, acerca de itens linguísticos (pala- bípede sem penas» são co-extensionais.
vras, expressões, ou frases pertencentes a uma Transita-se aqui do modo material de falar
linguagem — aquela ou outra) e atribuir-lhes acerca de um certo par de classes e de uma certa
determinadas propriedades apropriadas (por relação entre elas (a identidade) para o modo
exemplo, propriedades ortográficas ou semân- formal de falar acerca de um certo par de predi-
ticas). Assim, as seguintes afirmações são cados monádicos, os quais têm aquelas classes
exemplos de afirmações feitas no modo formal: como suas extensões, e de uma certa relação
1) «Roma» é o nome de uma bela cidade; 2) entre eles (a co-extensionalidade). E o mesmo
«Vermelho» tem três sílabas; 3) «A neve é poderia ser dito acerca da seguinte transição do
branca» é uma frase verdadeira. modo material de falar acerca de uma proprie-
Aqui, a linguagem na qual as afirmações são dade para o modo formal de falar acerca de um
feitas, a METALINGUAGEM, coincide com a lin- predicado que a exprime: 6) A propriedade de
guagem à qual pertencem os itens linguísticos ser sábio é exemplificada por Sócrates; 6') O
acerca dos quais se está a falar, a LINGUAGEM predicado «é sábio» aplica-se a Sócrates.
OBJECTO: trata-se da língua portuguesa em Naturalmente, um filósofo que seja céptico
ambos os casos; mas isso pode não acontecer, tal em relação à existência de universais como
como é ilustrado pela seguinte afirmação: 1) «A propriedades, por exemplo, alguém com fortes
neve é branca» is a true Portuguese sentence. inclinações nominalistas, poderia rejeitar qual-
Em suma, no modo formal, menciona-se um quer equivalência entre 6 e 6' e preferir o modo
item linguístico, usando-se para tal uma desig- formal utilizado nesta última. Ver também
nação (por exemplo, uma citação) ou uma des- USO/MENÇÃO, METALINGUAGEM. JB
crição do item linguístico em questão, e predi-
ca-se dele uma certa característica. modo Ver SILOGISMO.
Por outro lado, falar no modo material é
falar, numa certa linguagem, acerca de itens modus ponendo tollens Princípio válido de
extralinguísticos (por exemplo, objectos referi- inferência que estabelece que, dadas como

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