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Retículo Endoplasmático

- Formado por um sistema de membranas interconectadas na forma de tubos ramificados, às vezes na forma
de cisternas, que delimitam uma cavidade mais conhecida como luz.

 Retículo endoplasmático rugoso (RER) ou granular: ribossomos associados e uma estrutura na forma
de cisternas. Envolvido na produção, dobragem, controle de qualidade e despacho de proteínas. Evidente em
células acinosas do pâncreas.

Retículo endoplasmático liso (REL) ou agranular: estruturas predominantemente tubulares,


relacionadas a síntese de hormônios esteroides, à degradação do glicogênio ou a funções específicas (como
o controle do cálcio citoplasmático nas células musculares)
*célula musculares: RE = retículo sarcoplasmático. Nesta célula o retículo desempenha a função principal de
armazenar cálcio e controlar sua saída e remoção do citoplasma, onde participa da contração muscular.

O estado fisiológico das células determina a associação de ribossomos no retículo


A substituição do REL para RER pode ocorrer devido a respostas celulares, assim como o inverso.

RER  REL = eliminação de susbtâncias tóxicas


REL tem a capacidade de destoxificação.
RE É UMA ORGANELA DINÂMICA!

Características
 continuidade com o envoltório nuclear
Microssomos: fragmentos de estruturas tubulares e cisternas do RE, que podem ser identificados como
pequenas vesículas. Seu conteúdo corresponde bioquimicamente à luz do RE.

Composição química
 Membranas
Bicamada lipídica com proteínas associadas (lipídios: 30% e proteínas: 70%)
 Luz
Aquosa e de composição variada, dependendo do tipo celular. As substâncias mais abundantes na luz
correspondem principalmente aos principais produtos de secreção de cada tipo celular.

Aspectos funcionais
 Síntese, modificação e transporte de proteínas e lipídios. Estes componentes podem permanecer no
RE, seguir para outras organelas ou ser encaminhado para fora da célula por meio da secreção
(início da via biossintética-secretora da célula de RE).
 Sistema de canais se encontra em uma região isolado do citosol
 Na luz acontecem reações bioquímicas especificas, como formação de pontes disulfeto,
glicosilações e outras modificações estruturais.

Síntese proteica
RER apresenta-se bastante desenvolvido nas células com intensa síntese proteica destinadas à secreção.
A transferência de proteínas para a luz do RE ocorre durante a tradução pelos ribossomos, enquanto a
importação de proteínas em outras organelas ocorre pós-traducionalmente.

 Fases da síntese
Reconhecimento: ligação da PRS (partícula de reconhecimento do sinal) ao ribossomo e reconhecimento do
peptídeo sinal.
Direcionamento: a conformação adotada pela PRS facilita seu reconhecimento pelo seu receptor ancorado na
superfície do RE.
Associação: o ribossomo se ancora ao seu receptor e o peptídeo nascente se associa ao poro de
translocação.
Clivagem: a peptidase do sinal cliva o peptídeo sinal da estrutura da proteína.
Transferência: o peptídeo em formação é transferido vetorialmente através do poro para a luz do RE.
Integração de proteína transmembrana na membrana do RE
Sequência sinal interna: não clivada
2ª sequência interna hidrofóbica: sinal de parada de transferência

 Células com intensa síntese de proteínas para secreção (RER): células caliciformes (mucosa
intestinal) – produtores de muco (glicoproteína) para lubrificar e proteger o epitélio intestinal.
Células acinares do pâncreas exócrino – produtoreas de enzimas digestivas.

Proteínas residentes
A via biossintética secretora é denominada default, pois não há nenhuma sinalização específica. Qualquer
proteína sem sinalização tende a sair do RE em direção ao Golgi e a seguir para o meio extracelular.
As proteínas que devem permanecer no RE são devidamente sinalizadas pela sequência KDEL (sequência
C-terminal constituída de lisina, asparagina, ácido glutâmico e leucina). Podem ser encontradas variações
como HDEL, RDEL ou KEEL. As proteínas que apresentaram algo além dessa sequência são residentes no
RE mas não significa que são fisicamente retidas.
A sinalização KDEL é reconhecida por receptores de membrana em um compartimento intermediário entre o
RE e o Complexo de Golgi, na rede Golgi CIS.
As proteínas são direcionadas para o RE pelo transporte vesicular retrógado, este também permite que o RE
recupere parte dos seus lipídios que são utilizados nas vesículas de transporte de substâncias em direção ao
Golgi.

Modificação de proteínas
1. Glicosilação – ligada à asparagina (N)
 Transferência de oligossacarídeo ancorado ao lipídeo dolicol para (NH2) da asparagina durante a
tradução - formação das glicoproteínas.
 Importância: enovelamento correto da proteína. Proteínas são mantidas no RE até atingirem o
enovelamento correto.

2. Pontes dissulfeto: ligação entre cisteínas


 Encontrada em proteínas secretadas ou proteínas transmembrana (porções expostas ao meio
extracelular)
 Enzima Dissulfeto Isomerase (PDI) – formação das pontes e correção da conformação proteica.
Formadas na luz do RE
 Contribui para a conformação final das proteínas.

3. Âncoras de glicosil-fosfatidilinositol (GPI)


 Importantes na sinalização celular
 Utilizadas por parasitas (tripanossomatídeos) para evasão do sistema imune do hospedeiro.
 A clivagem da âncora libera a proteína da sua interação com a membrana de forma rápida, eficaz e
econômica.

4. Dessaturação de ácidos graxos


Formação de duplas ligações na dessaturação ocorre por desidrogenação do substrato. Há a participação da
cadeia transportadora de elétrons do citocromo b5, presente na membrana. Acontece principalmente com
células adiposas e hepáticas.
Destoxificação
 Permite que substâncias insolúveis em água sejam eliminadas do organismo.
 Reações de oxidação envolvendo enzimas da família citocromo p450 + reações de conjugação tornam
os produtos solúveis em água (assim as drogas podem ser eliminadas pela urina).
 A presença de drogas ocasiona o aumento da quantidade de enzimas responsáveis pelo processo,
assim como o aumento da área do REL.
citocromo P450 e NADPH redutase nas membranas do REL.

Glicogenólise
Degradação do glicogênio acumulado em grânulos no citoplasma é realizada por regiões do RE pela ação da
enzima glicose-6-fosfatase -> desfosforilação final da glicose no processo de degradação para disponibilizar
glicose.

Reservatório de cálcio – contração muscular


Luz do RE: proteínas ligadoras de cálcio -> reservatório
Cálcio é um mensageiro citoplasmático para diversos evento da célula, como secreção e proliferação.
Retículo sarcoplasmático: a membrana do RE das células musculares é, em sua grande maioria, composta
por proteínas que atuam transporte regulado de cálcio (complexos enzimáticos e cadeias transportadores de
elétrons).
Liberação do cálcio para o citoplasma provoca a contração muscular. O rápido bombeamento de volta para o
reservatório (retículo) auxilia no relaxamento muscular. Bombeamento é mediado por bombas de cálcio
dependentes de ATP.

Controle de qualidade
Proteínas mal enoveladas -> ativação da resposta
Sensores de proteínas mal enoveladas: IRE1, PERK e ATF6 (ficam na membrana do RE)
Tradução/liberação da proteína reguladora da transcrição -> ativação de genes para aumentar a capacidade
de enovelamento de proteínas no RE.
 Esses rejeitos são armazenados no lúmen ou enviados para reciclagem para eventual quebra de
aminoácidos. Um tipo de enfisema (um problema pulmonar) é causado pelo controle de qualidade
do RE, rejeitando continuamente uma proteína incorretamente dobrada. A proteína é dobrada
erroneamente como resultado de uma mutação pontual.
 Fibrose cística: ausência da fenilanalina, que participa da construção da proteína.

Estresse do retículo
Exportação e degradação das proteínas mal enoveladas no citosol
Inativação dos proteossomos -> autofagia -> degeneração
Síntese de fosfolipídeos
 Dois ácidos graxos são ligados a um glicerolfosfato, produzindo o ácido fosfatídico. Reação catalisada
pela aciltransferase (membrana).
 Crescimento da face citoplasmática da membrana no RE, onde se encontram as enzimas responsáveis
pela síntese.
 Diferenciação da cabeça polar dos fosfolipídios pela iserção de inositol, serina, etalonima ou colina,
formando diferentes fosfolipídios.

Papel dos transportadores de lipídios na síntese de biomembranas

Síntese de colesterol e hormônios esteroides


Colesterol: precursor acetil-CoA (depois de produzido, é enviado para outras membranas celulares.
Hormônios: precursor colesterol. Sua síntese ocorre na mitocôndria.
 colesterol + proteínas transportadoras -> membranas mitocondriais -> hidroxilação e clivagem lateral ->
pregnenolona -> proteínas transportadoras -> RE -> hidroxilação e clivagem lateral -> hormônios.

Doenças relacionadas
Artrite reumatoide, esclerose sistêmica, TRAPS, miosite.

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