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Um efeito significativo do processo de mudança nas relações de trabalho pode ser evidenciado por
meio da disseminação progressiva da Síndrome de Burnout entre os trabalhadores. O conjunto de
sintomas denominado Burnout é considerado um tipo de stress ocupacional por tratar-se de uma
Síndrome desencadeada pelas relações geradas no trabalho assistencial (NUNES SOBRINHO,
2002; REINHOLD, 2002).
Abreu et al (2002) concordam com esta opinião, pois, segundo os autores, Síndrome de Burnout
não é o mesmo que stress ocupacional. Eles explicam que o Burnout é resultado de um prolongado
processo de tentativas de lidar com determinadas condições de stress. Desta forma, o stress pode
ser visto apenas como um determinante para a Síndrome de Burnout.
Apesar das divergências, todos os autores são unânimes quanto ao fato de a Síndrome ser
caracterizada como uma resposta ao stress laboral crônico e estar vinculada a sintomas negativos
de ordem prática e emocional, envolvendo sentimentos de frustração relacionados ao trabalho.
(BORRITZ 2006; CARLOTTO & PALAZZO, 2005; GARCIA & BENEVIDES-PEREIRA, 2003; Abreu
et al, 2002; REINHOLD, 2002; DWORKIN, 2001).
O conceito de Burnout se desenvolveu nos Estados Unidos, na década de 70. Anteriormente, outros
termos, como "alta exigência", "astenia neurocirculatória" e "fadiga industrial" também foram
relacionados ao estado de esgotamento do trabalhador. Embora Christina Maslach e Herbert
Freudenberger tenham sido apontados como pioneiros nos estudos sobre a Síndrome, Novaes
(2004) citando Benevides-Pereira (2002), aponta que o termo foi adotado primeiramente por
Brandley (1969), que teria utilizado o termo “staff Burnout”, referindo-se ao fenômeno
psicológico que ocorre com trabalhadores assistenciais. Freudenberger (1974) aplicou o termo
Burnout no sentido que é usado hoje (NOVAES, 2004; CARLOTTO, 2002; CODO, 1999).
O trabalho passa, então, a ser considerado, apenas, pelo seu valor de troca, de
“coisificação”. O aluno e todo o universo que compõe sua atividade profissional
passam a ter um tratamento de objeto, descaracterizando totalmente a profissão. É esta perda do
sentido do trabalho que se constitui num dos principais fatores responsáveis pelos inúmeros casos
de absenteísmo e afastamento do professor. Como aponta MALAGRIS (2004, p.203) “...
como o Burnout costuma surgir em áreas onde as pessoas têm mais aspirações, a frustração e a
decepção são muito grandes, ocorrendo a perda do sentido no trabalho.”
5. Distúrbios gastrintestinais,
7. Dificuldades respiratórias.
O número das pesquisas empreendidas sobre a extensão dos efeitos da Síndrome de Burnout, na
saúde dos professores, é muito significativo. O mesmo se repete nas investigações voltadas a
outras áreas, como a medicina, psicologia, psiquiatria, ergonomia organizacional (SILVEIRA, et al,
2005; Oliveira. & Slavutzky,2005; SPIES, 2004; PEREIRA & JIMENEZ; 2003, VOLPATO, 2003).
Oliveira & Slavutzky (2005), em A Síndrome de Burnout nos Cirurgiões-Dentistas de Porto Alegre,
investigou-se o nível de Burnout, em uma amostra de 169 cirurgiões-dentistas de Porto Alegre/RS.
Como instrumento para coleta de dados foi utilizado um questionário auto-aplicativo, (MBI) Maslach
Burnout Inventory. “Ao final da pesquisa foi constatado que os participantes apresentaram
baixos índices nas dimensões: “Esgotamento emocional”,
“Despersonalização” e “ Realização pessoal”, não sendo detectadas
taxas altas de Burnout.
A pesquisa Burnout in occupational therapy: an analysis focused on the level of individual and
organizacional consequences (GUTIÉRREZ et al, 2004) teve como objetivo a análise dos diferentes
tipos de desgaste profissional, tomando como referência os fatores organizacionais e a Síndrome de
Burnout. A amostra foi composta de 110 terapeutas ocupacionais da região autônoma de Madrid
que atuavam em instituições que ofereciam serviço de terapia ocupacional. Destes, 89% pertenciam
ao gênero feminino e 10%, ao gênero masculino. Os instrumentos para a coleta de dados foram:
revisão bibliográfica, entrevistas e um inventário que analisa o índice de Burnout em profissionais de
enfermagem (CDPE) Cuestionario de Desgaste Profesional de Enfermería (MORENO-JIMÉNEZ, et
al, 2000). Os resultados da pesquisa revelaram associações altamente significativas entre a
Síndrome de Burnout e conseqüências adversas relacionadas à saúde e ao campo interpessoal dos
participantes. Além disto, indicou a relevância dos fatores relacionados com a sobrecarga do
trabalho, as características da tarefa, a falta de amparo e com o reconhecimento por parte dos
colegas.
Através da revisão bibliográfica, ficam evidentes os efeitos danosos da Síndrome de Burnout sobre
a saúde do professor, colaborando para seu adoecimento e o impossibilitando de realizar
plenamente suas tarefas. Neste contexto, é necessária uma reflexão sobre alguns dos fatores que
contribuem para o desenvolvimento da Síndrome.
Referências:
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amostra de professores de instituições particulares. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 9, n. 3, p.
499-505, set./dez. 2004.
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