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Princípio de Huygens
cada ponto de uma frente de ondas é um centro emissor de ondas esféricas (no espaço e
circulares no plano) com a mesma freqüência da fonte original.
Assim, as frentes de onda são o resultado da superposição de “ondículas”, tal como ilustra a
figura 1 para uma situação geral (do lado esquerdo) e para o caso particular da onda plana
(do lado direito).
Figura 1
Nesta figura, AB é uma frente de onda num determinado instante, t. A frente de onda num
instante posterior t+∆t pode ser vista como a superfície envoltória de todas as ondículas
originadas em cada ponto da frente AB. O Princípio de Huygens pode ser visualizado num
tanque de ondas (fig. 2). Com um agitador produzem-se ondas planas no tanque no qual foi
colocado uma barreira, que tem a largura do recipiente, com uma fenda muito estreita.
1
Apesar da existência da barreira, surgem ondas do outro lado. A onda que aparece do lado
direito da barreira pode ser vista como a ondícula produzida pelo ponto da frente de onda
plana incidente que não encontra qualquer obstáculo à sua frente. Mas a abertura na
barreira tem de ser muito estreita para que, do lado direito, as ondas sejam circulares!
Figura 2
a << λ
É muito importante que a abertura a seja estreita (a deve ser menor do que λ). Se assim não
fosse, do lado direito do obstáculo a onda já não seria circular.
Vimos, na aula, que as ondas podem se interferir (sobrepor), sendo a perturbação resultante
dessa interferência, a soma das perturbações devidas a cada onda. Historicamente, foi
precisamente o fenômeno da interferência que serviu para demonstrar inequivocamente o
caráter ondulatório da luz. Consideremos que uma onda plana incide num anteparo onde há
dois pequenos orifícios. De acordo com o princípio de Huygens, cada um dos orifícios é
uma fonte de ondas esféricas (de fato, circulares, em duas dimensões). A experiência pode
ser feita num tanque de ondas e o resultado é o que se mostra na fig. 3.
2
Figura 3
Figura 4
mín m=+1
máx m=+1
mín m=0
O máx m=0
mín m=0
máx m=-1
mín m=-1
vale
alvo
Figura 4
3
Colocado um alvo a uma grande distância, D, das fendas, o resultado vai ser o
aparecimento no alvo de “figuras de interferência” que, no caso da luz, será uma seqüência
de zonas claras e escuras. Por grande distância queremos significar D >> d. A fig. 4
mostra que na direção que passa pelo ponto médio dos orifícios, a interferência é
construtiva (ponto O no alvo). Em suma, espera-se que o padrão de interferência num alvo
seja uma seqüência de zonas claras e escuras de acordo com o esquema da fig. 5 abaixo (o
ponto O é o centro da imagem no alvo).
Figura 5
Figura 6
L1 − L2 = mλ , m = 0,±1,±2,... (1)
4
aparecendo um máximo de intensidade luminosa. Este critério impõe, de imediato, que O
seja um ponto com interferência construtiva (m = 0). Insistimos no fato de o lado esquerdo
da Fig. 6 não estar em escala: de fato, as linhas AP e BP na realidade são praticamente
paralelas. O ângulo θ é, portanto, muito pequeno: θ ≈ 0. O triângulo APC é isósceles: os
ângulos internos nos vértices A e C são iguais, sendo estes ângulos muito próximos de 90º.
Assim, é boa aproximação considerar que o triângulo ABC é retângulo em C como se
mostra na parte direita da Fig. 6. Note-se que o ângulo θ nesse triângulo é igual ao ângulo
que a direção do ponto P, relativamente ao ponto médio dos orifícios A e B, faz com a
direção horizontal. O segmento B C = L1 − L2 é um cateto desse triângulo, tendo-se
B C = L1 − L2 = d senθ . (2)
λ 2m + 1
d senθ = mλ + = λ m = 0,±1,±2,... (condição de mínimo). (4)
2 2
onde ymax é a ordenada do ponto P onde há um máximo de intensidade. Das expressões (3)
e (5) obtém-se, finalmente,
λD
y max = m m = 0,±1,±2,.... (6)
d
Esta expressão indica-nos onde estão os pontos sobre o alvo para os quais a interferência é
construtiva. A posição no alvo é dada pela coordenada y, sendo o ponto O escolhido para
origem (ver fig. 6). Analogamente, com as duas eqs. (4) e (5), encontramos que os pontos
sobre o alvo para os quais a interferência é destrutiva estão localizados em
5
1 λD
y min = m + m = 0,±1,±2,.... (7)
2 d
λD
∆y = (8)
d
[note que dois máximos (ou mínimos) consecutivos correspondem a dois valores
seqüenciais de m na expressão (6) (ou na expressão (7))].
A Fig. 7 é uma imagem real de três casos de interferência de luz por duas fendas
separadas de distâncias diferentes. Este padrão de faixas claras e escuras projetado numa
tela é chamado franjas de interferência (máximo de intensidade = franja clara e mínimo de
intensidade = franja escura). Na figura, da esquerda para a direita, separação entre duas
franjas claras (ou escuras) consecutivas, ∆y, aumenta a medida que a separação entre as
fendas, d, diminui.
Figura 7
6
Figura 8
Todos já devem ter percebido de que não existe uma fronteira nítida entre luz e
sombra, o que se deve a efeitos de difração. De fato, se olharmos atentamente para a
sombra projetada por um objeto quando é iluminado, mesmo que os seus contornos sejam
muito bem definidos, veremos sempre uma zona de penumbra entre a parte de sombra e a
parte iluminada.
A fig. 9 mostra uma caixa onde se abriu numa face uma fenda de largura a. Como
essa face da caixa é iluminada com uma fonte de luz distante, o feixe de luz pode ser
considerado de raios paralelos. Na face oposta observa-se uma mancha iluminada que tem
exatamente a dimensão da fenda e, à primeira vista, não se notam efeitos de difração.
Figura 9
7
Figura 10
Figura 11
Se a experiência for feita com luz, tal como no caso da Fig. 12, mas tendo a fenda largura
a ~ λ , o resultado é o aparecimento de uma seqüência de zonas claras e de zonas escuras,
sendo certo que, em frente da fenda, e como seria de esperar, há um máximo de intensidade
luminosa. A Fig. 12 mostra o padrão de iluminação que se obtém num alvo. O máximo
8
central é o de maior intensidade, mas existem outros máximos, de um e do outro lado do
máximo central, com intensidades que vão diminuindo gradualmente.
a a
Figura 12
Vamos mais abaixo fazer o estudo pormenorizado da difração por uma fenda para
mostrar que a separação entre o primeiro mínimo e o centro da imagem é λD / a , sendo D
a distância da fenda ao alvo. Na montagem de Young falávamos em interferência de ondas
e agora utilizamos predominantemente o termo difração. De fato, há quem não distinga os
dois termos, isto é, os utilize indistintamente para descrever o mesmo fenômeno. Contudo,
se há distinção, ela reside no número de ondas que se superpõem. No caso da experiência
de Young fala-se preferencialmente em interferência porque só há duas ondas em
superposição. Mas já quando há muitas fendas e muitas ondas superpondo-se utiliza-se
preferivelmente o termo difração. De resto, acima foi introduzido o termo “rede de
difração”. O fenômeno a que se refere a Fig. 11 é apropriadamente designado por difração
já que o padrão observado num alvo (Fig. 12) é descrito convenientemente, como veremos
em seguida, como uma superposição de muitas ondas (ou melhor, ondículas de Huygens).
A Fig. 13 mostra ondas planas incidindo numa barreira onde existe uma fenda de
largura a. Podemos imaginar nessa fenda um número N arbitrariamente elevado de pontos
que são fonte de ondículas de Huygens e, sem perda de generalidade, podemos considerar
que N é um número par. No caso da Fig. 13 representamos 10 pontos para concretizar as
idéias. A linha que passa pelo centro da fenda, que intercepta o alvo no ponto O, divide
esses pontos em dois grupos: de 1 a N/2 e de N/2+1 a N (em concreto, de 1 a 5, e de 6 a
10).
9
a/2
Figura 13
Ora, a superposição das ondas geradas nos pontos 1 e N/2+1 (ponto 6 na Fig. 13) é igual ao
que estudamos na experiência de Young. Supõe-se que o alvo está muito longe da fenda (D
>> a) e que, portanto, os dois raios que partem dos pontos 1 e 6 para o ponto P são
paralelos. Esta aproximação decorre de θ ≈ 0) (a Fig. 13 não está em escala!). Vejamos
qual é a localização do ponto P que queremos que seja o ponto onde se dá a primeira
interferência destrutiva acima do ponto O. A condição de interferência destrutiva é que a
diferença dos caminhos ópticos dos raios que saem de 1 e 6, que designamos por l, seja um
meio-comprimento de onda:
λ
l= (condição de mínimo). (9)
2
Esta é a condição para o primeiro mínimo. Por outro lado, o comprimento l é dado por
a
l= senθ (10)
2
pois l é o comprimento de um cateto do triângulo retângulo cuja hipotenusa mede a/2. Das
eqs. (9) e (10) vem
λ a
= senθ
2 2
λ
senθ = . (11)
a
Se dividirmos a fenda em 4 grupos, e não em dois, e raciocinarmos de maneira análoga,
encontramos que na tela haverá uma franja escura quando:
2λ
senθ = . (12)
a
Da mesma forma, podemos dividir a fenda em 6 grupos, e mostrar que a franja escura
aparece no alvo quando
10
3λ
senθ = .
a
Portanto, a condição geral para interferência destrutiva é
λ
senθ = m m = ±1,±2,±3,... (13)
a
A equação (13) dá os valores de θ para os quais se forma no alvo uma franja escura.
Voltando a fig. 13 e dado que θ é pequeno tem-se:
x
senθ ≈ tanθ = . (14)
D
λD
x min = m m = ±1,±2,±3,... (15)
a
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