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UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO

ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL


LABORATÓRIO DE IRRIGAÇÃO

RELAÇÃO SOLO-ÁGUA

Laboratório de Irrigação

Prof. Pedro Medeiros


1 – RETENÇÃO E CÁLCULO DA ÁGUA NO SOLO

COMPOSIÇÃO DO SOLO

SOLO – material poroso, constituído de três fases:


Sólida
Líquida
Gasosa

FRAÇÃO SÓLIDA = partículas minerais + substâncias orgânicas


FRAÇÃO LÍQUIDA = água ou solução do solo
FRAÇÃO GASOSA = ar do solo (vapor d’agua + CO2 + NH3 + ...)
1 – RETENÇÃO E CÁLCULO DA ÁGUA NO SOLO

A MATRIZ DO SOLO

Compostos minerais sólidos + compostos orgânicos = matriz do solo


Parte do solo não ocupado pela matriz = espaço poroso

Solo saturado = todo espaço poroso está ocupado com água


Solo não saturado = o espaço poroso contém ar + água

Porosidade total do solo = vol. de macroporos + vol. de microporos

Macroporos – poros com diâmetro maior que 0,01 mm. Têm a principal
função de aeração da matriz do solo, infiltração e condução da água.

Microporos – poros com diâmetro menor que 0,01 mm. São poros
capilares cuja principal função é a armazenagem de água no solo.
1 – RETENÇÃO E CÁLCULO DA ÁGUA NO SOLO

RELAÇÃO MASSA-VOLUME DOS CONSTITUINTES DO SOLO

Ma – massa de ar
Ma
Mw – massa de água
Mw
Va AR Ms – massa de sólidos
Mt
Vw
Mt – massa total de solo
ÁGUA
Ms
Vt Va – volume de ar
Vw – volume de água
Vs SÓLIDOS
Vs – volume de sólidos
Vt – volume total de solo
Mt = Ma + Mw + Ms
Vp – volume de poros
Ma ≅ 0 ⇒ Mt = Mw + Ms

Vt = Va + Vs + Vw

Vp = Va + Vw
1 – RETENÇÃO E CÁLCULO DA ÁGUA NO SOLO

(a) Massa específica das partículas sólidas do solo - Razão entre a massa de
solo seco (sólidos) e o volume ocupado pelas partículas sólidas.

Ms
ρp = → g. cm−3; kg . m−3
Vs

Massa específica das partículas para solos minerais


Feldspato = 2,5 a 2,6 g . cm-3
Mica = 2,7 a 3,0 g . cm-3
Quartzo = 2,5 a 2,8 g . cm-3
Minerais de argila = 2,2 a 2,6 g . cm-3
Média = 2,48 a 2,75 g cm-3 → 2,65 g . cm-3
Matéria orgânica = 1,3 a 1,5 g . cm-3
1 – RETENÇÃO E CÁLCULO DA ÁGUA NO SOLO

(b) Massa específica do solo - Razão entre a massa de solo seco (sólidos) e o
volume total ocupado pela amostra de solo (sólidos + água + ar).

Ms
ρg = → g. cm−3; kg. m−3
Vt

Massa específica dos solos minerais naturais


Solo arenoso = 1,6 a 1,8 g . cm-3
Solo franco-arenoso = 1,4 a 1,6 g . cm-3
Solo franco – argiloso = 1,3 a 1,4 g . cm-3
Solo argiloso = 1,0 a 1,3 g . cm-3
Solos orgânicos = 0,2 a 0,6 g . cm-3
1 – RETENÇÃO E CÁLCULO DA ÁGUA NO SOLO

(c) Porosidade do solo - Razão entre o volume total de poros (água + ar) e o
volume total ocupado pela amostra de solo (sólidos + água + ar).

Vp Va + Vw Vt − Vs
P= = = → cm−3 de poros . cm−3 de solo
Vt Vt Vt

Valores representativos de porosidade


Solo arenoso = 0,396 a 0,321 cm-3 . cm-3
Solo franco-arenoso = 0,472 a 0,396 cm-3 . cm-3
Solo franco – argiloso = 0,509 a 0,472 cm-3 . cm-3
Solo argiloso = 0,623 a 0,509 cm-3 . cm-3
Solos orgânicos = 0,857 a 0,571 cm-3 . cm-3
1 – RETENÇÃO E CÁLCULO DA ÁGUA NO SOLO

(c) Porosidade livre de água (porosidade de aeração) - Razão entre o volume


ar (Vp – Vw) e o volume total ocupado pela amostra de solo (sólidos +
água + ar).

Va Vp − Vw
Pr = = =P −θ → cm−3 de ar . cm−3 de solo
Vt Vt

θ − umidade do solo (cm− 3 de água . cm− 3 de solo)

(d) Umidade do solo


Umidade à base de massa seca – É a razão entre a massa de água e a
massa de sólidos (solo seco) existente em uma amostra de solo.

Mw Mt − Ms
U= = → g de água . g−1 de sólidos
Ms Ms
1 – RETENÇÃO E CÁLCULO DA ÁGUA NO SOLO

Umidade à base de volume – É a razão entre o volume de e o volume de


solo (sólidos + água + ar) existente em uma amostra de solo.

Vw Vw
θ= = → cm3 de água. cm−3 de solo
Vt Vs + Vw + Va

DETERMINAÇÃO DA UMIDADE DO SOLO

(a) Métodos gravimétricos


Método da estufa – é um método gravimétrico direto e serve como padrão
para calibrar outros métodos.

Mw Mt − Ms
U= = → g de água . g−1 de sólidos
Ms Ms

Inconveniências para irrigação – só permite conhecer a umidade do solo,


no mínimo, 24 horas após a amostragem, além de exigir balança e estufa.
1 – RETENÇÃO E CÁLCULO DA ÁGUA NO SOLO

Método das pesagens – é um método gravimétrico direto, apresentando


bons resultados práticos.
dp
Ubu = (M − M') → g de água / 100 g de solo úmido
dp − 1

Ubu
U= → g de água . g−1 de sólidos
100 − Ubu

Métodos eletrométricos – métodos baseados na resistência elétrica entre


dois eletrodos inseridos em um bloco de gesso. Quando enterrados no
solo os blocos de gesso absorvem água e entram em equilíbrio com a
umidade do solo. A resistência elétrica diminui com o aumento da umidade
do solo.

Método da sonda de nêutrons


Método do TDR
1 – RETENÇÃO E CÁLCULO DA ÁGUA NO SOLO

Método tensiométrico – é um método direto para a determinação do


potencial matricial da água no solo e indireto para a determinação da
umidade do solo. Para medir o potencial matricial da água no solo
utiliza-se o tensiômetro.
1 – RETENÇÃO E CÁLCULO DA ÁGUA NO SOLO

A umidade do solo é obtida indiretamente utilizando-se a curva


de retenção de água no solo, ou curva característica, obtida em
laboratório.

45
40
Umidade (% massa seca)

35
30
25
20
15
10
5
0
0,01 0,1 1 10 100

Potencial mátrico (atm)


1 – RETENÇÃO E CÁLCULO DA ÁGUA NO SOLO
ARMAZENAMENTO DE ÁGUA NO SOLO
Interesse para irrigação – expressar a quantidade de água existente no
solo, em determinado momento, em termos de altura (lâmina de água).
Para isso, considera-se o solo como um reservatório.
Lâmina de água armazenada no solo (h)
Volume de água: Vw = x.y.h

Vw cm3 de água
h= = 2
ou cm
x.y cm de solo

Vw Vw x . y .h h
θ= = = =
Vt x.y.z x.y.z z

h = θ . z → cm de água perfil homogêneo

n
perfil de umidade não
h= ∑ θi . ∆zi homogêneo
i =1
1 – RETENÇÃO E CÁLCULO DA ÁGUA NO SOLO

QUANTIDADE DE ÁGUA QUE SE DEVE ADICIONAR AO SOLO PARA


ELEVAR SUA UMIDADE A UM VALOR DE INTERESSE

Solo com perfil de umidade homogêneo: ∆h = z (θr − θa )

Solo com perfil de umidade não homogêneo:

n
∆h = ∑ (θr,i − θa,i). ∆zi
i=1

θi = umidade média na camada i

∆zi = profundidade da camada i


2 – DISPONIBILIDADE DE ÁGUA DO SOLO PARA AS PLANTAS

CONCEITO CLÁSSICO – Experiências nas décadas de 30 e 40 do século


passado possibilitaram formar o seguinte conceito (estático) de água
disponível: Água disponível (AD) é a quantidade de água retida no solo
entre os potenciais de -1/3 de atm (capacidade de campo, CC) e -15 atm
(ponto de murcha permanente, PMP). Assim:

AD = (θCC − θPMP ) → cm3 . cm−3

AD = z (θCC − θPMP ) → cm

Pressupostos: (a) a água que se movimenta no solo com umidade entre


a capacidade de campo e a saturação (potenciais maiores que -1/3 atm)
não está disponível para as plantas, perdendo-se por drenagem profunda;
(b) as plantas não conseguem retirar água do solo sob potenciais
menores que -15 atm.
2 – DISPONIBILIDADE DE ÁGUA DO SOLO PARA AS PLANTAS

CONCEITO MODERNO – toda vez que o fluxo de água do solo para a raiz
é de uma intensidade tal que supre a demanda de água da planta e da
atmosfera, á água é disponível; a planta entra em déficit de água ou
murcha, quando o fluxo deixa de suprir essa demanda.
2 – DISPONIBILIDADE DE ÁGUA DO SOLO PARA AS PLANTAS

Para fins de irrigação : considera-se o solo como um reservatório de água


(conceito clássico).
CAPACIDADE DE CAMPO – É o teor de água mantido no solo depois que
o excesso de água gravitacional tenha drenado e a taxa de movimento
descendente tenha sensivelmente diminuído.
Métodos de determinação:
Em laboratório – pela curva de
retenção de água no solo

Potenciais mátricos típicos:


Textura arenosa: 0,05 atm
Textura média: 0,1 atm
Textura argilosa = 0,3 atm
2 – DISPONIBILIDADE DE ÁGUA DO SOLO PARA AS PLANTAS
Em campo – a CC é definida em uma curva de variação da umidade em função do
tempo, quando a drenagem é suficientemente lenta e pode ser desprezada.

Valores típicos de CC (%massa seca):


Textura arenosa: 10 a 20
Textura franco-arenosa: 15 a 27
Textura franco-argilosa: 31 a 42
Textura argilosa: 39 a 49
2 – DISPONIBILIDADE DE ÁGUA DO SOLO PARA AS PLANTAS

PONTO DE MURCHA PERMANENTE – É o teor de água no solo em que


a planta em crescimento sofre murcha e não mais se recupera, mesmo
mantida em ambiente escuro com atmosfera saturada, a menos que seja
fornecida água.

Para fins de irrigação o PMP é definido como o teor de água


mantido em um solo submetido à tensão de – 15 atm.

CÁLCULO DA ÁGUA DISPONÍVEL


Disponibilidade total de água do solo

DTA =
(UCC % − UPMP %) dg → mm de água / cm de solo
10
2 – DISPONIBILIDADE DE ÁGUA DO SOLO PARA AS PLANTAS

Capacidade total de água disponível do solo

CAD =
(UCC % − UPMP %) dg . z → mm de água
10

Capacidade real de água disponível do solo

CRA =
(UCC % − UPMP %) dg . z . f → mm de água
10

f – é a fração da capacidade total de água disponível do solo que a


planta pode utilizar sem configurado um déficit hídrico

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