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Arquivologia
Os usuários estão, cada vez mais, demandando tecnologias que tor- informação que excedam as melhores características de alguns provedores
nem suas informações mais úteis. de conteúdo que estão aparecendo na Internet.
As empresas devem atentar para quatro pontos importantes no desen- Um modelo comum na Internet é o "super site", que é um modelo de
volvimento de uma estratégia de gerenciamento de informações: criação e distribuição de conteúdo. Serviços de notícias digitais baseados
À luz da expansão e evolução do espaço eletrônico de trabalho, a em- no modelo "super site" estão direcionados aos leitores que procuram por
presa deve pensar no gerenciador como um novo provedor de serviço de cobertura compreensível de um mercado e buscam mais de uma fonte de
informação, que será um componente chave na filtragem de informação informação para satisfazer suas necessidades. Informação é apenas um
externa. dos componentes de um serviço de "super site".
À medida que os usuários finais evoluem de iniciantes para especialis- Ele oferece também recursos adicionais, análises, serviços e fóruns.
tas, eles demandam acessos mais produtivos para muitos tipos e fontes de Exemplos de serviços de "super sites" incluem a edição interativa do Wall
informações. Street Journal http://www.wsj.com e Boston.com http://www.boston.com.
O sucesso do gerenciamento de recursos de informação requer a im- As Melhores Práticas dos Gerenciadores de Conteúdo:
plementação de um processo de auditoria que examina e verifica a situação Os gerenciadores de conteúdo de sucesso irão incorporar as melhores
das informações da empresa com o propósito de análise. características e conceitos dos "super sites" da Internet dentro de seus
A provisão de recursos de informação requer o planejamento de um próprios serviços de conteúdo de informação da empresa, que incluem:
canal efetivo de informações que leva em consideração componentes como O suporte de push e pull para mercado.
preço, seleção de fornecedores e seleção de conteúdo. Links contextuais de acordo com a necessidade do cliente.
Gerenciador de Conteúdo como um Provedor de Serviços de Informa- Serviços que são fáceis de usar.
ção: Como o acesso à informação externa através do desktop se tornou um
A capacidade dos usuários de acessarem informações externas dire- componente integrador do espaço eletrônico de trabalho, os gerenciadores
tamente via Internet, criou uma necessidade urgente nas empresas para de conteúdo irão se transformar em provedores de serviço de informação, o
desenvolver novas e melhores competências no gerenciamento e serviços que requer a identificação, compreensão e ainda distribuição de todas as
de distribuição de informação. Tradicionalmente, são os centros de recur- necessidades e expectativas do usuário final. Os gerenciadores de conteú-
sos de informação (CRI) ou a biblioteca, os únicos posicionados dentro da do de sucesso irão implementar um processo de gerenciamento de serviço
empresa para se tornar o provedor de serviço de conteúdo e para interme- para se tornar um provedor focado no mercado indo de encontro a essas
diar os recursos internos e externos, tendo como alvo as expectativas e novas expectativas do usuário.
necessidades do usuário. Se uma empresa não tem um CRI, esse trabalho Satisfazendo os Usuários:
deve ser criado através de um contrato de consultoria, terceirização ou
contratando um gerenciador de conteúdo com experiência em Internet e Com push e desktop broadcasting (DTB) fazendo a página de frente de
informações empresariais. quase todos jornais e revistas de negócios, as empresas querem saber
quando usar um ou outro provedor para distribuir as informações externas.
Uma vez que essa função esteja definida, o próximo passo é a adoção Devido a esses novos serviços não suportarem totalmente as fontes de
de uma disciplina de gerenciamento de serviço que requer habilidades informação que os usuários finais requerem nem as características comu-
analíticas e técnicas orientadas para o negócio. Adotando esse processo, o mente desenvolvidas nos serviços de alta qualidade, nenhum fornecedor
gerenciador de conteúdo garantirá o mais alto nível de satisfação do usuá- está pronto para a distribuição de informação externa para as empresas. Na
rio e o grande retorno dos investimentos em recursos de informação para a maioria dos casos, as empresas devem contatar seus especialistas internos
empresa. em distribuição de informação, freqüentemente encontrados no CRI ou na
Fornecer um serviço de alto valor para os clientes é um trabalho difícil biblioteca e aumentar suas listas de fornecedores.
mas não impossível. Requer uma metodologia estruturada e é um processo Dado que esses serviços não estão prontos para o mercado, é certo
contínuo. É a função essencial para o gerenciador de conteúdo como um querer saber por que existe tanto barulho sobre empresas de DTB. A razão
provedor de serviço.(figura 1 a seguir) é que os serviços desses fornecedores podem ser úteis e grátis para os
usuários. Eles apelam para o mercado de massa e isso é típico com tecno-
logias emergentes. Os produtos iniciais são relativamente imaturos em
relação à tecnologia que serve ao mercado profissionalmente treinado.
Compare a primeira versão do Microsoft Word com o processador de
texto Wang. Em 1983, Wang antecipou o Word. Entretanto, o Word era uma
nova forma para se processar texto que apelou para os usuários sem
treinamento no uso de Wang. O Word era barato, se comparado ao Wang,
e disponível para se adquirir em lojas de computadores locais. O Word e
outros processadores de texto compatíveis com o PC, rapidamente supera-
ram o Wang. Se a tecnologia push, ou DTB, provar ser uma tecnologia de
massa, as empresas podem esperar rápidas inovações. Os fornecedores
tentarão manter seus nomes pela propaganda e melhorar continuamente
suas capacidades para se distanciarem da competição com os outros
fornecedores.
Processo de Gerência de Serviço: A evolução da distribuição de informação ainda não ocorreu. Em cada
fase da evolução das necessidades dos usuá-rios, a distribuição do conteú-
A chave para se fornecer serviço de valor é a adoção de um processo
do se torna mais adequada para suas necessidades. Quando esse ciclo
de gerenciamento de serviço. Esse processo é direcionado para o mercado
terminar, o conteúdo e sua distribuição irão girar em torno do usuário.
e continuamente avalia as necessidades do usuário, expande a distribuição
de informações e os serviços de acesso, alinhando os serviços com a Quando os usuários evoluírem de iniciantes para especialistas, eles i-
missão e objetivos da empresa. rão rapidamente demandar tecnologia para tornar suas informações mais
úteis. Eles irão precisar de capacidade para tomar decisões mais rápidas e
Gerenciamento de serviço não é uma avaliação. É um processo em-
eficazes. Decisões melhores vêm de um acesso mais produtivo a muitas
presarial que cria um serviço de qualidade e melhora a relação com o
fontes de informação. A eficácia envolve o conceito de "o que você quer,
cliente. À medida que o gerenciamento de conteúdo vai passando para o
quando você quer" via entrega em tempo de real, melhores ferramentas de
papel de provedor de serviço de informação, será necessário designar um
agregação e capacidades de filtragem e de recuperação.
gerente de relacionamento com o cliente em tempo integral. Este terá
responsabilidade direta no processo de gerenciamento do serviço. As empresas devem trabalhar com seus especialistas ou gerentes de
informação para construir bons serviços de distribuição. Os fornecedores
No ambiente de desenvolvimento eletrônico, o gerenciador de conteú-
devem entender as necessidades dos especialistas e atualizar suas tecno-
do será o facilitador que permitirá o acesso aos conteúdos externos neces-
logias tendo isso em mente. Como o DTB terá muitos usos na empresa,
sários. De fato, a equipe de gerenciamento de conteúdo irá se tornar um
além da distribuição de informações externas, as empresas devem estar
provedor de serviço de conteúdo para o usuário e irá criar recursos de
predispostas a trabalhar com o propósito de distribuição de seus fornecedo- Vantagens na sua utilização
res. Os novos agregadores que estão trabalhando para uma boa qualidade
de informação final, devem rapidamente escolher entre se aliar ou competir As empresas que investem pela solução Gestão Documental
com fornecedores de DTB, pois o mercado para informação empresarial se conseguem um retorno elevado pois reduzem a quantidade de documentos
desenvolve rapidamente. em papel, há um ganho na produtividade devido a uma uniformização dos
processos e facilitando a implementação de normas de qualidade.
A distribuição de informações via multimídia, vídeo ao vivo e outros fa-
tores são capacidades que os usuários querem quando se tornam mais As vantagens na sua utilização são as seguintes:
familiarizados com a informação e eles têm que usá-las cada vez mais para
realizar seus trabalhos. Redução do custo do número de cópias, aumento de produtividade na
procura, no re-encaminhamento de documentos e redução do espaço de
O Verdadeiro Poder de se Fiscalizar uma Informação Externa: arquivo;
O conhecimento de uma empresa consiste nos seus recursos internos
e seus acessos a informações externas (e.g., informações empresariais Gestão de Informação Integrada é conseguida a partir da consolidação
impressas e eletrônicas). O sucesso de um gerenciamento de recursos de transparente dos documentos eletrônicos (originados pela aplicações
informação requer a implementação de um processo de fiscalização de Office) e de documentos com origem em papel;
todos os recursos conhecidos. Uniformização de Processos de reencaminhamento, aprovação,
O controle de informações externas não é um procedimento de inventá- arquivo e eliminação dos documentos, mantendo o histórico de versões dos
rio. É um exame e verificação da situação da informação com o propósito documentos;
de se analisá-las. Essa análise é usada para compreender, avaliar e, mais
recentemente, para tomar decisões. Gerenciadores de informação que Digitalização dos documentos;
vêem o controle somente como um inventário irão falhar em capitalizar o Descentralização e libertação do espaço físico, isto é, os documentos e
valor potencial que pode ter o departamento responsável pela distribuição e processos estão sempre disponíveis, independente do local onde o
acesso de informações externas. utilizador aceda aplicação;
O controle de informações externas é um processo de 3 passos:
Com o auxilio de um browser a pesquisa da informação dos
Coleta dos dados. Qualidade, coleta de dados relevantes é essencial
documentos está facilitada e rápida;
para conduzir análises válidas
Revendo os dados. Esse passo produz informação focada na relevân- Formação de um Backup que permite a recuperação da informação em
cia, no fluxo, no uso e no valor das informações externas para a empresa; caso de incêndio ou inundação do seu arquivo físico;
Convertendo as informações em benefícios. A análise das informações, As soluções de Gestão Documental têm mecanismos de controlo de
derivada da coleção de dados, cria conhecimento sobre o uso e o valor de acessos e segurança protegendo os seus documentos de acessos não
informações externas. Esse conhecimento traz benefícios para a empresa. autorizados.
A fiscalização do conhecimento externo é uma ferramenta poderosa
para se obter benefícios que podem estar escondidos mas que têm um Casos de aplicação
valor incrível para a empresa. Isso inclui: A Gestão Documental quer seja eletrônica ou em arquivo de papel está
presente em todas as organizações.
A habilidade para conduzir negócios de valor com fornecedores de in-
As soluções de Gestão Documental aplicam-se a um conjunto
formações externas.
alargados de áreas funcionais:
Um processo de abordagem empresarial mais forte. Administrativa e Financeira (documentos financeiros)
Uma medida para demonstrar o valor das informações externas para Qualidade (normas, procedimentos, auditorias e fichas de não
gerenciamento. conformidade)
A fiscalização de informações externas é mais que um processo de in- Produção (desenho técnicos, normas e procedimentos operacionais e
ventário. É o exame do valor das informações externas, fluxo e uso. Ele cria controlo de produção)
o conhecimento necessário para acrescentar valores incríveis para a em- Jurídica (contratos, propostas, concursos públicos e cadernos de
presa. encargos)
Serviços a Cliente (informações, apoiam técnico e documentos de
Gestão documental Cliente)
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. Marketing (estudos de mercado, brochuras e especificações de
produtos)
A gestão documental ou gestão de documentos é um ramo do arquivo Desenvolvimento (memórias descritivas, pesquisa e desenvolvimento)
documental responsável pela administração de documentos nas fases Recursos Humanos (contratos de pessoal, fichas técnicas e
corrente e intermediária (primeira e segunda idade). regulamento)
Em termos informáticos, a Gestão Documental é uma solução de ARQUIVOLOGIA
arquivo, organização e consulta de documentos em formato eletrônico onde Considerada disciplina, técnica e arte, a arquivologia é uma ciência au-
existe toda a informação de natureza documental trocada entre os xiliar da história. Fonte de consulta para todos os fins, um arquivo organiza-
utilizadores da aplicação. Esta solução permite a colaboração numa do constitui valioso patrimônio e pode documentar o passado de uma
organização através da partilha de documentos, beneficia e facilita os nação.
processos de negócio de uma empresa.
Arquivologia é o conjunto de conhecimentos sobre a organização de
A Gestão Documental integrada com outras soluções, como por arquivos, tanto no que se refere ao recolhimento e conservação de docu-
exemplo, a digitalização, fax e email permitem gerir toda a informação não mentos, títulos e textos de valor permanente e elaboração dos respectivos
estruturada (documentos) importante da organização. instrumentos de pesquisa, como no que toca à eliminação de peças de
Num processo de gestão documental o seu inicio ocorre com a valor transitório e controle dos arquivos em formação. Inclui também as
recepção do documento em que este passa pela fase de desmaterialização, tarefas dos arquivistas. O termo arquivística pode, de modo geral, ser
ou seja, digitalização do documento geralmente em formato papel para um empregado como sinônimo de arquivologia.
formato eletrônico. Numa segunda fase os documentos em formato Os arquivos de determinada origem constituem um todo orgânico de-
eletrônico são submetidos a uma classificação, de seguida há uma nominado fundo, grupo, núcleo ou corpo de arquivos, no qual se incluem
definição dos vários estádios do ciclo de vida do documento ao longo da documentos escritos e iconográficos, como os audiovisuais, discos, fitas
sua existência, como por exemplo, a publicação, aprovação, distribuição, magnéticas e filmes. Começam também a ser objeto da arquivologia os
reencaminhamento e dês atualizado (destruído). Por último, este processo arquivos eletrônicos. Os arquivos econômicos, de empresas comerciais,
disponibiliza ao utilizador um método de localização eficaz semelhante a de bancárias, industriais, desde que se revistam de importância histórica,
um sistema de busca, por exemplo, o Google. como ocorre, em alguns casos, com papéis de famílias e pessoas ilustres,
interessam à arquivística.
A preocupação dos governos e autoridades em conservar determina- Assim, o arquivo de uma empresa, por exemplo, reflete sua atividade,
dos documentos em lugares seguros por motivos de ordem administrativa, seu porte e seus objetivos. Documentos de natureza diversa, colecionados
jurídica ou militar, remonta à antiguidade, sobretudo no que diz respeito a com outros objetivos, não devem misturar-se com o arquivo principal, já que
títulos de propriedade. Os eruditos do Renascimento foram os primeiros a o tratamento que a eles se deve dar é diferente. Uma empresa. imobiliária
ocupar-se dos arquivos como fonte da história, dando início aos estudos de de porte médio forçosamente terá um arquivo composto de documentos
diplomática, que levariam à moderna crítica histórica. A partir da revolução relativos à atividade que desenvolve. Haverá contratos de locação, de
francesa, os arquivos tornaram-se bem público, proclamando-se o direito do imóveis residenciais e comerciais; opções de venda de casas, apartamen-
povo de acesso aos documentos, cuja preservação foi oficialmente reco- tos, terrenos; cartas pedindo informações; contratos de compra e venda;
nhecida como de responsabilidade do Estado. certidões; traslados; anúncios em jornais; relatórios e vistorias e outros
documentos ligados ao setor. Um catálogo de livros de uma editora, por
Uma arquivística essencialmente voltada para os diplomas medievais exemplo, foge ao objetivo dessa empresa e, naturalmente, não deve fazer
surgiu no século XIX, principalmente após a criação da École des Chartes parte do arquivo principal. Tratando-se, porém, de uma empresa ligada à
(Escola das Cartas), que passaria a formar arquivistas paleógrafos altamen- área educacional, a abordagem seria outra, pois catálogo de livros é fun-
te qualificados. Em meados do mesmo século lançaram-se as bases da damental a sua própria sobrevivência, enquanto certidões, traslados, op-
arquivística moderna, com os princípios do respect des fonds (todos os ções de compra de terrenos e outros documentos próprios do ramo imobili-
documentos originais de uma autoridade administrativa, corporação ou ário seriam afastados do arquivo principal.
família devem ser mantidos em grupos, separados segundo a natureza das
instituições que os criaram); da proveniência (os documentos públicos IMPORTÂNCIA
devem ser agrupados de acordo com as unidades administrativas que os
originaram); do respeito à ordem original (o arranjo dado aos documentos A importância dos arquivos é tão evidente que a própria Constituição
pelos órgãos criadores deve ser mantido nos arquivos gerais ou de custódia Federal, em seus artigos 215 e 216, determina:
permanente); e da centralização (unidade e indivisibilidade dos arquivos “Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos cul-
públicos nacionais). turais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a
Uma série de fatos novos, diretamente relacionados com os progressos valorização e a difusão das manifestações culturais.
da civilização, marcam a arquivologia na segunda metade do século XX. § 1° O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, in-
São eles, entre outros: adoção de arquitetura moderna e funcional nos dígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo
prédios de arquivos; uso de microfilmagem de substituição; programas de civilizatório nacional.
história oral; restauração de documentos pelo emprego de máquinas e
material sintético; intervenção dos arquivistas na gestão de papéis adminis- § 2° A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas de alta signi-
trativos e nos arquivos econômicos, pessoais e familiares; aparecimento de ficação para os diferentes segmentos étnicos nacionais.
depósitos intermediários de arquivos ou centros de pré-arquivamento; Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza
tentativas de aplicar as conquistas da eletrônica ao trabalho arquivístico. material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores
O grande problema da arquivologia contemporânea é o volume de pa- de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos forma-
péis criados e acumulados pelas administrações e a necessária eliminação dores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:
de documentos depois de avaliados. O arquivista desenvolve padrões de I — as formas de expressão;
avaliação, elabora planos de descarte, prepara tabelas e listas de material
repetitivo de descarte automático. As listas e tabelas de descarte especifi- II — os modos de criar, fazer e viver;
cam o período de retenção de documentos comuns à maioria dos serviços
III — as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
existentes, e tabelas especiais cogitam de cada administração em particu-
lar. O arquivista pode recorrer a especialistas para decidir quanto à destina- IV — as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços
ção dos documentos. destinados às manifestações artístico-culturais;
O primeiro tratado moderno de arquivística, de autoria dos holandeses V — os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artís-
Samuel Muller, Johan Adriaan Feith e Robert Fruin, data de 1898 e intitula- tico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.
se, em edição brasileira, Manual de arranjo e descrição de arquivos
(1960).©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda. § 1° O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e
protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros,
CONCEITO vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautela-
mento e preservação.
Arquivos são conjuntos organizados de documentos, produzidos ou re-
cebidos e preservados por instituições públicas ou privadas, ou mesmo § 2° Cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão da do-
pessoas físicas, na constância e em decorrência de seus negócios, de suas cumentação governamental e as providências para franquear sua consulta
atividades específicas e no cumprimento de seus objetivos, qualquer que a quantos dela necessitem.
seja a informação ou a natureza do documento.
§ 3° A lei estabelecerá incentivos para a produção e o conhecimento
Os arquivos, portanto, podem ser públicos ou privados. de bens e valores culturais.
1. Arquivos públicos: são conjuntos de documentos produzidos ou re- § 4° Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão punidos, na
cebidos por órgãos governamentais, em nível federal, estadual ou munici- forma da lei.
pal, em decorrência de suas atividades administrativas, judiciárias ou
legislativas. Existem três espécies de arquivos públicos: correntes, tempo- § 5° Ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores de
rários e permanentes: reminiscências históricas dos antigos quilombos.”
• Correntes: conjuntos de documentos atuais, em curso, que são objeto No Brasil, o Arquivo Nacional, previsto na Constituição de 1824, foi cri-
de consultas e pesquisas frequentes. ado em 1836.
• Temporários: conjunto de documentos oriundos de arquivos correntes No passado, a preservação do patrimônio documental era encarada
que aguardam remoção para depósitos temporários. principalmente por seu valor histórico. Após a Segunda Guerra Mundial,
começaram a aparecer as primeiras preocupações com uma nova concep-
• Permanentes: são conjuntos de documentos de valor histórico, científi- ção arquivística, em que o documento perdia seu exclusivo enfoque históri-
co ou cultural que devem ser preservados indefinidamente. co. Surgiam outros aspectos relevantes, como a racionalização da informa-
ção, a eficiência administrativa e a finalidade prática na tomada de deci-
2. Arquivos privados: são conjuntos de documentos produzidos ou re-
sões.
cebidos por instituições não públicas, ou por pessoas físicas, devido a suas
atividades específicas. A difusão da informação de conteúdo técnico e científico, a nova men-
talidade que se introduz na administração pública, a necessidade de pes-
quisa constante e sistemática, objetivando particularmente a correta tomada O emprego de cartões ou fichas elimina a necessidade de cópias adi-
de decisão pela empresa privada, favoreceram o surgimento de um novo cionais dos documentos, porém exige anotações pormenorizadas para que
enfoque do arquivo, distante daquele critério eminentemente histórico. se possa fazer o acompanhamento. Como nas empresas de grande porte o
Como consequência, o conceito de arquivo ampliou-se de tal forma que sua número de cartões ou fichas é imenso, tal fato dificulta sobremaneira o
importância ultrapassou os limites que até há bem pouco tempo existiam. manuseio e, além disso, aumenta a possibilidade de falhas no acompa-
Atualmente, já não se conseguem restringir e delimitar o campo de atuação nhamento.
e a utilidade do arquivo. Sua importância e seu potencial de crescimento
são ilimitados. 2. Método alfabético: esse método também possibilita o uso de pastas
ou cartões. As pastas são colocadas em ordem alfabética. Nas margens
ORGANIZAÇÃO superiores das pastas, deverão constar: letra correspondente; números de
1 a 31, representando os dias do mês; e um indicador móvel que se deslo-
O arquivo precisa ser organizado de forma que proporcione condições ca na pasta, servindo para indicar o dia específico.
de segurança, precisão, simplicidade, flexibilidade e acesso:
Os documentos são postos nas pastas em ordem alfabética. Em cada
•Segurança: o arquivo deve apresentar condições mínimas de segu- pasta, os documentos são colocados em ordem cronológica e, à medida
rança, incluindo-se medidas de prevenção contra incêndio, extravio, roubo que os dias vão passando, os documentos são retirados e o indicador
e deterioração. Dependendo da natureza do arquivo, é importante cuidar do móvel vai-se deslocando até o fim, dia 31, retornando ao dia 1° no início de
sigilo, impedindo ou dificultando o livre acesso a documentos confidenciais. um novo mês.
•Precisão: o arquivo deve oferecer garantia de precisão na consulta a A possibilidade de uso de cartões ou fichas também existe, embora se-
documentos e assegurar a localização de qualquer documento arquivado, ja mais trabalhosa, pois exige a anotação de todos os pormenores do
ou de qualquer documento que tenha sido dele retirado. documento. Os cartões são colocados nas pastas alfabéticas respectivas,
•Simplicidade: o arquivo precisa ser simples e de fácil compreensão. As conforme o modelo descrito, e seu funcionamento também será o mesmo.
possibilidades de erros são reduzidas em arquivos simples e funcionais. O 3. Métodos modernos: surgiram com o próprio desenvolvimento das
número e a variedade de documentos não exigem necessariamente um empresas e da tecnologia, notadamente da informática. Existem, entretan-
arquivo complexo e de difícil entendimento. to, métodos que oferecem fichas já preparadas para os diversos controles,
•Flexibilidade: o arquivo deve acompanhar o desenvolvimento ou cres- como, por exemplo, de pessoal, de estoque, de contabilidade e outros.
cimento da empresa, ou órgão público, ajustando-se ao aumento do volume Alguns trazem equipamentos compactos em que as fichas ficam visíveis e
e à complexidade dos documentos a serem arquivados. As normas de os dados principais são lançados também na margem superior das fichas, à
classificação não devem ser muito rígidas, pois apenas dificultam a ativida- vista do manipulador, facilitando, assim, o manuseio e a consulta.
de de arquivamento. O computador trouxe consigo possibilidades ilimitadas que podem ser
•Acesso: o arquivo deve oferecer condições de consulta imediata, pro- adaptadas a qualquer empresa. As informações necessárias para o correto
porcionando pronta localização dos documentos. acompanhamento são fornecidas diariamente pelas impressoras, ou por
uma tela de terminal de microcomputador. A grande vantagem da utilização
A procura de documentos de todos os tipos aumentou muito nos últi- da informática, além da rapidez, é a redução da margem de erro.
mos anos, graças principalmente à necessidade cada vez maior de infor-
mações. O arquivo não se reduz apenas a guardar documentos; significa REFERÊNCIAS CRUZADAS
também uma fonte inesgotável de informações, que pretende atender a A expressão referências cruzadas é largamente usada pelas pessoas
todos e a todas as questões. que lidam com arquivos, enquanto entre os bibliotecários a palavra mais
empregada é remissão.
ARQUIVOS DE PROSSEGUIMENTO
A principal finalidade das referências cruzadas é a de informar a quem
for consultar o arquivo que determinado assunto ou nome está arquivado
Esses arquivos são muito importantes para a empresa, já que por meio em tal pasta. As referências cruzadas podem vir em pequenas fichas,
deles se podem acompanhar assuntos pendentes ou que aguardam provi- principalmente quando colocadas em índices. Quando, porém, guardadas
dências: cartas que esperam respostas; duplicatas a cobrar; faturas a nos próprios arquivos, devem estar escritas em folhas de papel e inseridas
pagar; apólices de seguro que devem ser renovadas; lembretes ou contro- nas respectivas pastas. Por exemplo, um fornecedor do Mappin provavel-
les para renovação de assinaturas de jornais ou revistas; contratos a serem mente terá uma pasta com esse nome no arquivo, apesar de a razão social
assinados; enfim, inúmeros assuntos que não devem ser simplesmente dessa loja de departamento ser “Casa Anglo Brasileira S:A.”. Recomenda-
arquivados e fatalmente esquecidos. O arquivo de prosseguimento possibi- se, nesse caso, que se escreva numa ficha ou folha de papel:
lita à secretária constante follow up.
É muito comum encontrar anotações como “Veja também”, indicando
Também conhecido como arquivo de andamento, ou de follow up, pre- que o assunto ou nome possui outras ligações importantes. Suponha-se
cisa ser organizado convenientemente e, para isso, existem métodos uma empresa que se dedica principalmente ao comércio exterior. E prová-
tradicionais, como o cronológico e o alfabético, e modernos, como o de vel que ela arquive os conhecimentos aéreos relativos à carga transportada
jogos de fichas prontas, o de equipamentos compactos, próprios para numa pasta de ‘Carga Aérea”. Entretanto, essas exportações são efetuadas
vários tipos de controle, ou os desenvolvidos pela informática. por uma companhia aérea, por exemplo, a VARIG. Nesse caso, recomen-
1. Método cronológico: em primeiro lugar, prepara-se um jogo de doze da-se que se abra uma pasta em nome de VARIG, em que poderão ser
guias com os nomes dos meses e depois um jogo de guias numeradas colocados, por exemplo, os horários dos vôos, inclusive dos vôos carguei-
de•1 a 31, representando os dias dos meses. Esse ultimo jogo deve ser ros, as cidades que ela serve, as conexões possíveis, as tarifas de carga
disposto apos a guia do mês em curso. À medida que os dias vão passan- aérea e outras informações pertinentes, e ainda uma observação: Veja
do, deve-se colocá-los nos mês seguinte. No caso de empresas com muito também Carga Aérea.
movimento de contas a receber e/ou a pagar, inclusive com prazos de 30, Igualmente no caso de siglas, deve-se fazer uma referência cruzada.
60 ou 90 dias, recomenda-se a utilização de três jogos de guias numera- Assim, pode-se abrir uma pasta para Cacex e fazer uma referência para
das, de modo que o acompanhamento seja trimestral e não mensal, ou, Carteira de Comércio Exterior, ou vice-versa. O importante é que a pasta
então, que se guardem os documentos em pastas separadas até o momen- fique com a forma mais conhecida e mais fácil. Por exemplo, talvez seja
to oportuno. preferível abrir uma pasta para “Instituto Nacional do Livro” e uma referên-
O método cronológico permite a utilização de pastas ou cartões. Ha- cia cruzada para “INL”, para não se fazer confusão com IML (Instituto
vendo opção pelo uso de pastas, será necessária uma cópia adicional de Médico Legal).
todos os documentos que exigem prosseguimento e que serão colocados De um lado, a referência cruzada é muito importante, pois ajuda e agili-
nas pastas por ordem alfabética dos nomes e, em seguida, arquivados za o funcionamento do arquivo, porém, de outro, deve-se tomar cuidado e
após as guias que correspondem às datas de acompanhamento. evitar o excesso de referências que acarretam volume muito grande de
papéis, congestionando, consequentemente, o arquivo.
TRANSFERÊNCIA • Transferências permanentes: são transferências realizadas em interva-
los irregulares, sem qualquer planejamento. Normalmente, acontecem
Há documentos que estão sujeitos ao fator tempo, isto é, há aqueles quando o acúmulo de papéis no arquivo ativo é tão grande que chega a
que têm valor de um ano; outros de dois, três, cinco ou mais anos; outros, atrapalhar o bom andamento do serviço. A transferência, então, irá a-
ainda, possuem valor permanente e nunca poderão ser destruídos. carretar grande perda de tempo, já que o arquivo inteiro terá de ser a-
Os documentos também podem ser analisados pela frequência de sua nalisado.
utilização: alguns são muito procurados, outros são consultados poucas • Transferências diárias: são as mais recomendáveis, porque mantêm
vezes, ou quase nunca, e ainda existem aqueles que, após a conclusão do em ordem os arquivos ativos. O trabalho poderá ser grandemente facili-
fato que os criou, não servirão para mais nada. tado se do documento já arquivado constar sua validade ou vencimen-
Com o passar do tempo, observa-se que os arquivos ficam sobrecarre- to, ou marcação indicando a data da transferência. Dessa forma, as
gados de papéis, dificultando o trabalho e, na maioria dos casos, a tendên- transferências podem ser feitas no mesmo instante em que se arquiva
cia é adquirir móveis novos, na tentativa de se resolver o problema de ou se consulta um documento qualquer.
espaço. Solução muito mais lógica, econômica e eficaz é a de eliminar ou Conservação e proteção de documentos
destruir o que não tem mais valor e transferir o que se encontra em desuso
ou desatualizado para local apropriado. Assim, transferência é a operação Determina-se o valor do documento levando em consideração todas as
que visa separar os documentos que ainda estão em uso, ou são bastante finalidades que possui e seu tempo de vigência, que muitas vezes se
consultados, daqueles que perderam sua utilidade prática, mas não seu subordina a imperativos da lei. Nesse sentido, pode-se organizar um qua-
valor. dro ou tabela de prazos de vigência para os diversos documentos, facilitan-
do sobremaneira o trabalho do arquivista. Os documentos são classificados
A transferência pretende: por seu valor em: permanentes - vitais, permanentes e temporários.
• liberar o arquivo de papéis sem utilidade prática atual; • Permanentes - vitais: são documentos que devem ser conservados
• manter espaço disponível e de fácil manuseio nos arquivos em uso ou indefinidamente, pois possuem importância vital para a empresa, isto é,
ativos; sem eles a empresa não tem condições de funcionar. Citam-se, entre
outros: contratos; escrituras; estatutos; livros de atas; livros de registros
• facilitar o trabalho de arquivar, localizar e consultar documentos nos de ações; cartas - patentes; fórmulas (químicas); procurações.
arquivos;
• Permanentes: são documentos que devem ser guardados indefinida-
• manter o arquivo em bom estado de conservação, aumentando sua mente, porém não têm importância vital. Como exemplo, podem-se re-
vida útil; e lacionar: rela tórios anuais; registros de empregados; livros e registros
• reduzir ou eliminar despesas desnecessárias com novos equipamen- contábeis; recibos de impostos e taxas; avaliações; e outros.
tos. • Temporários: são documentos que têm valor temporário de um, dois,
Portanto, as transferências de documentos devem ser cuidadosas e cri- cinco ou mais anos. Recomenda-se a confecção de um quadro ou ta-
teriosamente estudadas e planejadas, considerando as diferenças não bela, com anotação da vigência do documento que, naturalmente, se-
apenas quanto à frequência do uso ou da consulta, mas também quanto a guirá critérios determinados pela própria empresa. Assim, são temporá-
seu valor. rios: recibos; faturas; notas fiscais; contas a receber e a pagar; extratos
bancários; apólices de seguro; folhetos; correspondência; memorandos
Tipos de arquivo e outros.
No que se refere à frequência do uso ou consulta, existem três tipos de Os documentos considerados vitais para a empresa, além de serem
arquivos: arquivo ativo, arquivo inativo e arquivo morto. conservados indefinidamente, devem merecer cuidados especiais, notada-
mente de proteção contra incêndios, inundações, furtos, desabamentos e
Arquivo ativo: mantém arquivados os documentos e papéis de uso,
outros eventos. A perda ou destruição de tais documentos pode, em casos
consulta e referência constantes e atuais, ou que se encontram em fase de
extremos, significar até o fracasso total de uma empresa. Existem algumas
conclusão.
formas de proteger esses documentos:
Arquivo inativo: guarda documentos e papéis que oferecem menor fre- • Utilização de cofres a prova de fogo.
quência de uso, consulta ou referência.
• Preparação de cópias adicionais dos documentos e envio delas a
Arquivo morto: armazena documentos de frequência de uso, consulta
outros lugares para guarda, como cofres de bancos, cofres de filiais da
ou referência quase nulas. No entanto, não se deve considerar este arquivo
empresa, ou escritórios de advogados.
como um “depósito de lixo”, mesmo porque os documentos definidos como
inúteis ou imprestáveis devem ser destruídos. O arquivo morto precisa, • Microfilmagem de todos os documentos vitais e conservação dos
inclusive, ser organizado dentro das mesmas técnicas e regras que preva- microfilmes em local seguro.
lecem para o arquivo ativo, pois muitas vezes serão necessárias a imediata
localização e a consulta a papéis em desuso. A conservação e a proteção desses documentos devem ser acompa-
nhadas de um registro que especifique o modo, a data e o local para onde
Uma empresa que tenha, por exemplo, 50 anos de existência deverá foram encaminhados, de forma que possam ser localizados imediatamente.
manter em seu arquivo morto o registro de todos seus antigos empregados,
mesmo que entre eles existam alguns já aposentados ou falecidos. A CENTRALIZAÇÃO OU DESCENTRALIZAÇÃO?
destruição desses registros só será possível ou permitida no caso de se Trata-se de uma questão muito comum, principalmente nas grandes
proceder a uma completa microfilmagem. empresas. A centralização dos arquivos proporciona vantagens, mas
Destaque-se que se deve fazer anotação dos documentos transferidos existem desvantagens que naturalmente devem ser conhecidas antes de se
e, no caso de destruição, registro da data em que ocorreu a destruição e tomar uma decisão sobre o assunto. As principais vantagens da
referência ao conteúdo deles. centralização são as seguintes:
Há inúmeros tipos e modelos de equipamentos que podem ser utiliza- Sistema é um conjunto de princípios interligados, que orienta o que se
dos pelos três sistemas: horizontal, vertical e rotativo. A escolha de um dos deve fazer para atingir um fim específico. São três os sistemas de arquiva-
sistemas, assim como do equipamento propriamente dito, deve seguir os mento: direto, indireto e semi-indireto.
critérios apontados e outros que são considerados essenciais pela empresa • Direto: o arquivo pode ser consultado diretamente, sem necessida-
ou órgão público e que prevalecem numa boa administração. de de recorrer a um índice. Neste sistema, inclui-se, principalmente, o
1. Cadeado. método alfabético de arquivamento e suas variações.
2. Suporte regulável. • Indireto: o arquivo, neste caso, depende de um índice para ser
consultado. O sistema inclui, em especial, o método numérico de arquiva-
3. Índice alfabético. mento e suas variações.
4. Estrutura. • Semi-indireto: o arquivo pode ser consultado sem o auxílio de índi-
ces, mas com a utilização de tabelas em forma de cartão. Neste sistema,
5. Dispositivo antiimpacto.
encontra-se, por exemplo, o método automático, variedade do método
6. Pés antiderrapantes. alfanumérico.
ACESSÓRIOS A opção por um dos sistemas está intimamente ligada à empresa, a
seu campo de atividade, porte e objetivos de curto, médio ou longo prazos.
Acessórios são materiais que visam auxiliar o equipamento. A correta e O principal, antes de tudo, é compreender o verdadeiro potencial que o
eficiente utilização dos mesmos criará condições favoráveis para o anda- arquivo representa, considerando-se que é a memória viva da empresa.
mento do serviço.
Para ser eficaz, o sistema necessita de métodos que indiquem a ma-
A escolha acertada dos acessórios está diretamente ligada ao sistema neira de proceder, isto é, o que se deve fazer para alcançar o fim desejado.
e método de classificação e arquivamento empregados, assim como ao Os métodos de arquivamento serão analisados mais adiante.
conhecimento dos tipos e modelos existentes no mercado.
SISTEMA DE ARQUIVAMENTO EM ÓRGÃOS PÚBLICOS
Os principais acessórios são: pastas; guias; projeções; tiras de inser-
ção e notações. A administração de documentos oficiais pressupõe a existência de um
sistema de arquivamento. O conceito de sistema também é válido para os
1. Pastas: são pedaços de cartolina dobrada, que formam uma aresta órgãos da administração pública, e as três espécies, direto, indireto e semi-
comum chamada vinco. As pastas servem para agrupar e proteger os indireto, serão empregadas conforme os critérios estabelecidos previamen-
documentos comuns a um assunto e, normalmente, têm dimensões padro- te.
nizadas. Com relação ao vinco, as pastas podem ser normais ou sanfona-
das, para permitir o maior acúmulo de documentos; algumas possuem Nas instituições públicas, predomina um modelo de sistema de organi-
divisões internas. No que se refere à projeção, ela poderá ou não constar zação de arquivos em que o documento público é controlado desde sua
da pasta. As pastas suspensas, largamente usadas nos equipamentos produção. É conhecido como a “teoria das três idades”, concepção moder-
modernos, são semelhantes às convencionais, apenas com a particularida- na de arquivística, em que se distinguem três etapas quanto aos documen-
de de possuírem dois braços metálicos ou outro material que se apóia nos tos:
suportes laterais do arquivo.
• Corrente: os documentos circulam pelos canais decisórios, bus-
2. Guias: são pedaços de cartolinas do tamanho das pastas ou mesmo cando solução ou resposta. São os arquivos correntes.
menores, com uma saliência na parte superior, chamada projeção. As guias
• Temporária: os documentos apresentam interesse e são objeto de
servem para dividir as pastas ou documentos em grupos. As guias, quanto
consultas, embora os assuntos neles contidos já tenham sido solucionados
à projeção, podem ter, ou não, encaixes para as tiras de inserção. Nas
ou as respostas, obtidas. São os arquivos temporários.
guias, as projeções podem vir em posição central, em diferentes posições
ou, então, formando um jogo de, por exemplo, duas, três, quatro, cinco ou • Permanente: os documentos passam a ter valor cultural e científico.
mais posições. A diferença das posições possibilita ao arquivista ampla São os arquivos permanentes ou históricos.
visibilidade, o que facilita o arquivamento ou a localização de documentos.
A criação do arquivo temporário, por exemplo, segunda etapa do sis-
3.Projeções: são saliências colocadas na parte superior das pastas ou tema, foi um grande avanço e tomou-se peça fundamental dentro do siste-
das guias que recebem as anotações ou dizeres pertinentes. Servem para ma de arquivamento da administração pública. São inúmeras as vantagens
ajudar o arquivista a localizar os assuntos no arquivo. As projeções podem conseguidas: obtenção de mais espaços físicos pela retirada de documen-
ser de papelão, de material plástico ou de aço. Além disso, podem ser fixas tos dos arquivos correntes; redução ao essencial da quantidade de docu-
ou adaptáveis. Essas últimas não fazem parte das pastas ou das guias e mentos nos arquivos correntes; redução de pessoal e consequente econo-
podem ser colocadas posteriormente. mia de custos; controle de quantidade e da qualidade dos documentos;
melhor manutenção, uso e supervisão dos arquivos; e melhor critério de
4. Tiras de inserção: papeletas ou rótulos que, após receberem os dize-
preservação, controle e eliminação de documentos.
res ou inscrições correspondentes, deverão ser inseridas nas projeções das
pastas ou das guias. Servem para indicar a finalidade da pasta ou da guia.
Um sistema de arquivos moderno e bem organizado terá todas as con- escrivães do juízo registram o que se passa na audiência e que no fim
dições para oferecer subsídios a planos e decisões da administração públi- desta é assinado pelo juiz.
ca, seja mostrando as relações e planejamento do passado, seja evitando
duplicidade antieconômica de velhas iniciativas. De modo geral, significa o livro onde se registram, em ordem, os do-
cumentos apresentados numa repartição ou, então, os fatos e as decisões
Verifica-se, atualmente, enorme empenho dos órgãos do governo em ocorridos numa assembléia ou audiência. A principal função do protocolo é
desenvolver sistemas de informações altamente sofisticados, em que a autenticar a entrega de um documento, ou evidenciar a decisão ou o fato
informática assumiu posição de grande relevância. que deve ser registrado. Em linguagem diplomática, significa a própria
deliberação ou resolução que foi registrada na ata da reunião respectiva e
MÉTODOS DE ARQUIVAMENTO que acarretou uma espécie de convenção entre os participantes da assem-
Modernamente, o arquivo de informações tornou-se uma atividade que bléia ou congresso.
pode ser realizada eletronicamente através de computadores. A tarefa da Protocolo é a denominação geralmente atribuída a setores encarrega-
secretária, neste caso, consiste em registrar as informações em programas dos do recebimento, registro, distribuição e movimentação dos documentos
previa-mente estabelecidos. A empresa contrata um especialista em pro- em curso; denominação atribuída ao próprio número de registro dado ao
gramação (ou já dispõe dele em seu quadro de empregados), que deverá documento; Livro de registro de documentos recebidos e/ou expedidos.
preparar um programa segundo as necessidades da secretária. Enganam-
se os que acreditam que o uso do computador dispensa o estudo dos É de conhecimento comum o grande avanço que a humanidade teve
métodos tradicionais de classificação de informações. O programador nos últimos anos. Dentre tais avanços, incluem-se as áreas que vão desde
apenas executará um programa depois de ouvir a secretária sobre as reais a política até a tecnológica. Tais avanços contribuíram para o aumento da
necessidades do departamento. Assim sendo, ela deve conhecer os varia- produção de documentos. Cabe ressaltar que tal aumento teve sua impor-
dos métodos de classificação para propor soluções apropriadas. Acrescen- tância para a área da arquivística, no sentido de ter despertado nas pesso-
te-se que o estudo dos métodos aqui expostos permite a aquisição de as a importância dos arquivos. Entretanto, seja por descaso ou mesmo por
técnicas de classificação e simplificação de tarefas. Deixar de aprendê-los é falta de conhecimento, a acumulação de massas documentais desnecessá-
prejudicial até mesmo para o domínio de um pensamento claro e bem rias foi um problema que foi surgindo. Essas massas acabam por inviabili-
estruturado. Além disso, a secretária manipula informações escritas (docu- zar que os arquivos cumpram suas funções fundamentais. Para tentar
mentos), internas e externas, que ela precisa arquivar. sanar esse e outros problemas, que é recomendável o uso de um sistema
de protocolo.
Havendo um sistema de arquivamento já definido, a empresa ou órgão
público deverá decidir qual método de arquivamento irá empregar. O méto- Dentre os cinco setores distintos das atividades dos arquivos correntes
do estabelece o que é preciso fazer para alcançar o fim desejado pelo (Protocolo, Expedição, Arquivamento, Empréstimo e Consulta, Destinação)
sistema de arquivamento. vamos dar atenção especial ao Protocolo. É sabido que durante a sua
tramitação, os arquivos correntes podem exercer funções de protocolo
Um plano previamente estabelecido para a colocação e guarda de do- (recebimento, registro, distribuição, movimentação e expedição de docu-
cumentos facilita a pesquisa, a coleta de dados, a busca de informações e mentos), daí a denominação comum de alguns órgãos como Protocolo e
proporciona uma correta tomada de decisão. Arquivo. E é neste ponto que os problemas têm seu início. Geralmente, as
Os diversos métodos de arquivamento, que através dos anos foram pessoas que lidam com o recebimento de documentos não sabem, ou
desenvolvidos em todas as partes do mundo, podem ser utilizados tanto mesmo não foram orientadas sobre como proceder para o documento
nas empresas como nos órgãos governamentais. Todos são bons e apre- cumpra a sua função na instituição. Para que este problema inicial seja
sentam vantagens e desvantagens. O importante é que a decisão quanto resolvido, a implantação de um sistema de base de dados, de preferência
ao método leve em consideração o tamanho, a estrutura organizacional e simples e descentralizado, permitindo que, tão logo cheguem às institui-
os objetivos da empresa ou do órgão público; as pessoas normalmente ções, os documentos fossem registrados, pelas devidas pessoas, no seu
envolvidas; os serviços prestados; as informações comumente solicitadas; próprio setor de trabalho seria uma ótima alternativa. Tal ação diminuiria o
e os tipos de documento que devem ser arquivados. montante de documentos que chegam as instituições, cumprem suas
funções, mas sequer tiveram sua tramitação ou destinação registrada.
São três os principais métodos de arquivamento: alfabético, numérico e
alfanumérico. Algumas rotinas devem ser adotadas no registro documental, afim de
que não se perca o controle, bem como surjam problemas que facilmente
Esses métodos, por sua vez, formam a base a partir da qual se criaram poderiam ser evitados (como o preenchimento do campo Assunto, de muita
vários outros. importância, mas que na maioria das vezes é feito de forma errônea).
Métodos de arquivamento: Dentre as recomendações de recebimento e registro (SENAC. D. N. Técni-
cas de arquivo e protocolo.
• Método alfabético:
Receber as correspondências, separando as de caráter oficial da de
—específico ou por assunto; caráter particular, distribuindo as de caráter particular a seus destinatários.
—geográfico; Após essa etapa, os documentos devem seguir seu curso, a fim de
cumprirem suas funções. Para que isto ocorra, devem ser distribuídos e
—mnemônico;
classificados da forma correta, ou seja, chegar ao seu destinatário Para
—variadex. isto, recomenda-se (SENAC. D. N. Técnicas de arquivo e protocolo.
• Método numérico: Separar as correspondências de caráter ostensivo das de caráter sigi-
loso, encaminhado as de caráter sigiloso aos seus respectivos destinatá-
—simples; rios;
—dúplex. Tomar conhecimento das correspondências de caráter ostensivos por
• Método alfanumérico: meio da leitura, requisitando a existência de antecedentes, se existirem;
O termo “gestão de documentos” ou “administração de documentos” é Acidez do Papel - Os papéis brasileiros apresentam um índice de aci-
uma tradução do termo inglês “records management”. O primeiro é originá- dez elevado (pH 5 em média) e portanto uma permanência duvidosa.
rio da expressão franco-canadense gestion de documents e o segundo é Somemos ao elevado índice de acidez, o efeito das altas temperaturas
uma versão iberoamericana do conceito inglês. Entre essas duas variantes, predominante nos países tropicais e subtropicais e uma variação da umida-
o primeiro parece ser o mais difundido entre nós. de relativa, teremos um quadro bastante desfavorável na conservação de
documentos em papel. Dentre as causas de degradação do papel, pode-
O Dicionário de Terminologia Arquivística editado pelo Conselho Inter- mos citar as de origem intrínseca e as de origem extrínsecas.
nacional de Arquivos em 1984 define gestão de documentos como um
aspecto da administração geral relacionado com a busca de economia e Poluição Atmosférica - A celulose é atacada pelos ácidos, ainda que
eficácia na produção, manutenção, uso e destinação final dos documentos. nas condições de conservação mais favoráveis. A poluição atmosférica é
uma das principais causas da degradação química.
O Dicionário de Terminologia Arquivística, publicado em São Paulo em
1990 e reeditado em 1996, conceitua gestão de documentos como um Tintas - a tinta é um dos compostos mais importantes na documenta-
“conjunto de medidas e rotinas visando a racionalização e eficiência na ção. Foi e é usada para escrever em papéis, pergaminhos e materiais
criação, tramitação, classificação, uso primário e avaliação de arquivos”. similares, desde que o homem sentiu necessidade de registrar seu avanço
técnico e cultural, e é ainda indispensável para a criação de registros e para
No âmbito da legislação federal, “considera-se gestão de documentos o atividades relacionadas aos interesses de vida diária.
conjunto de procedimentos e operações referentes à sua produção, trami-
tação, uso, avaliação e arquivamento em fase corrente e intermediária, 3. BIOLÓGICOS
visando a sua eliminação ou recolhimento para guarda permanente” . Insetos - o ataque de insetos tem provocado graves danos a arquivos e
CONCEITO DE CONSERVAÇÃO E RESTAURAÇÃO bibliotecas, destruindo coleções e documentos preciosos. Os principais
insetos são:
Dentro de uma biblioteca, arquivo ou museu duas seções devem ser
enfocadas: a de conservação e a de restauração. Anobiídeos (brocas ou carunchos)
Thysanura (traça)
Blatta orientalis (barata)
Fungos - atuam decompondo a celulose, grande parte deles produzem mudanças fundamentais nos métodos de trabalho das pessoas que gera-
pigmentos que mancham o papel. vam a informação no momento desses desenvolvimentos e pelos séculos
Roedores - A luta contra ratos é mais difícil que a prevenção contra os seguintes. Essas tecnologias também mudaram profundamente a socieda-
insetos. Eles podem provocar desgastes de até 20% do total do documento. de em seu conjunto. Nós que vivemos sobre a terra nesse momento somos
testemunhas de desenvolvimentos que se desenrolam a uma velocidade
4. AMBIENTAIS impressionante.
Ventilação - é um outro fator a considerar como elemento que favorece Histórico recente
o desenvolvimento dos agentes biológicos, quando há pouca aeração.
Durante os anos de 1960 assiste-se à implantação de computadores
Poeira - um outro fator que pode favorecer o desenvolvimento dos a- nos governos e corporações mais importantes. Muito caros, esses apare-
gentes biológicos sobre os materiais gráficos, é a presença de pó. lhos são sensíveis à temperatura e precisam ser instalados nos locais
5. HUMANOS talhados sob medida e com acesso controlado. Os computadores não são
muito “inteligentes”, mas o que interessa é que podem calcular com muita
O Homem, ao lado dos insetos e microrganismos é um outro inimigo rapidez. Somente hoje os computadores começam a ser capazes de tratar
dos livros e documentos, embora devêssemos imaginar que ele seria ser o de atividades mais “inteligentes”.
mais cuidadoso guardião dos mesmos.
Ao mesmo tempo, as organizações de menor tamanho buscam a má-
Gestão documental quina de escrever elétrica, que se espalha durante os anos de 1960 e 1970.
Por volta do fim dos anos de 1970 assiste-se à chegada de aparelhos
A gestão documental ou gestão de documentos é um ramo da
dedicados ao tratamento de textos. Ainda uma vez, os preços são tão
arquivística responsável pela administração de documentos nas fases
elevados que somente as organizações bastante importantes têm condi-
corrente e intermediária (primeira e segunda idade).
ções de usar essas máquinas. Ao mesmo tempo, as máquinas de escrever
Em termos informáticos, a Gestão Documental é uma solução de eletrônicas chegam ao mercado, mas sua utilização não se torna muito
arquivo, organização e consulta de documentos em formato eletrônico onde difundida em razão da chegada quase simultânea dos microcomputadores.
existe toda a informação de natureza documental trocada entre os
O aparecimento dos microcomputadores em 1980 muda radicalmente o
utilizadores da aplicação. Esta solução permite a colaboração numa
quadro tecnológico. O computador pessoal custa menos que um automóvel.
organização através da partilha de documentos, beneficia e facilita os
Hoje um computador custa muito menos que um carro e é capaz de execu-
processos de negócio de uma empresa. A Gestão Documental integrada
tar as importantes operações que os grandes computadores do tipo main-
com outras soluções, como por exemplo, a digitalização, fax e email
frame não realizavam nos anos de 1960 e 1970. O novo ambiente, que se
permitem gerir toda a informação não estruturada (documentos) importante
instala rapidamente, cria um problema de escala para os aparelhos admi-
da organização. Num processo de gestão documental o seu inicio é quando
nistrativos, que se vêem impossibilitados de seguir tantos desenvolvimen-
há a recepção do documento em que este passa pela fase de
tos.
desmaterialização, ou seja, digitalização do documento geralmente em
formato papel para um formato eletrônico. Numa segunda fase os Por exemplo, a política do NARA ( National Archives and Records Ad-
documentos em formato eletrônico são submetidos a uma classificação, de ministration, nos Estados Unidos) sobre os arquivos ordinolingues está tão
seguida há uma definição dos vários estádios do ciclo de vida do mal estabelecida (aproximadamente 25 anos após o começo da informati-
documento ao longo da sua existência, como por exemplo, a publicação, zação), que a chegada da microinformática nos obriga a interrogar sobre a
aprovação, distribuição, reencaminhamento e desactualizado (destruído). pertinência dessa política (Bergeron 1992,54).
Por último, este processo disponibiliza ao utilizador um método de
localização eficaz semelhante a um browser, por exemplo, o Google. Aliás, os exemplos de perdas de arquivos eletrônicos importantes se
multiplicam: os dados do recenseamento americano de 1960, a primeira
AUTOMAÇÃO mensagem de correio eletrônico em 1964, os dados sobre as florestas do
Brasil capturadas por satélite nos anos de 1970, os dados da NASA, e
O novo mundo dos arquivos – automação assim por diante. Os exemplos americanos são característicos da situação
.James M. Turner – U. de Montreal por toda parte do mundo.
Para bem se entender a problemática atual dos arquivos, é preciso Atualmente a capacidade dos computadores muda de modo radical e
compreender o século XX sob o ponto de vista da extraordinária rapidez da muito velozmente, abalando assim os fundamentos teóricos do arquivismo.
evolução tecnológica. É suficiente lembrar que diversos atores, cada um Nós transferimos para o ambiente informatizado as políticas desenvolvidas
tendo uma influência profunda sobre a sociedade humana, se instalaram no para os documentos sobre papel, mas a complexificação das tecnologias e
cenário tecnológico durante esse período: por exemplo, a eletricidade, o a influência dessas últimas sobre nossos métodos de trabalho foram de tal
rádio, o telefone, o automóvel, o cinema, a máquina de escrever, para ordem que essas políticas não são mais suficientes. O documento eletrôni-
nomear somente alguns. A partir da Segunda Guerra Mundial, assiste-se à co tornou-se um conjunto de relações ou de trechos de informação, poden-
chegada da fotocopiadora, a eletrônica, a televisão, os satélites, e sobretu- do residir em diferentes arquivos (Bergeron 1992, 53). Por exemplo, o
do os computadores. A partir da década de 1970, a telemática, ou seja, o relatório anual de uma companhia pode consistir em arquivos de texto,
computador conectado a outros computadores via linhas telefônicas, mudou cada um redigido por uma pessoa diferente, empregando um processador
profundamente as possibilidades de comunicação de documentos. Desde textual diferente num ambiente informático diverso. Pode-se encontrar na
1990, a Internet e a World Wide Web não cessam de nos espantar por relação das fotos e outros gráficos criados com outros sistemas operacio-
causa do desenvolvimento quase cotidiano de novas possibilidades de nais, assim como os quadros estatísticos criados com diferentes sistemas
interação no mundo da informação. operacionais, e ainda gráficos gerados por outros sistemas, tudo reunido
em um documento eletrônico colocado em página para a impressão sobre
Depois de muitos anos, a disciplina de arquivística conheceu desenvol- papel ainda por outro sistema operacional, e ainda com uma versão diversa
vimentos importantes no estabelecimento da teoria, nas técnicas de organi- para ser instalada no Web. O leitor recebe um simples documento em
zação e nos métodos de trabalho. Constata-se, entretanto, que apesar de papel, mas o arquivista responsável pelo documento eletrônico deve pensar
nossa disciplina ainda não estar estabilizada definitivamente, desde já é a organização para a armazenagem, a marcação e a preservação de todos
preciso rever seus fundamentos teóricos e estabelecer um novo paradigma esses arquivos, bem como a relação entre eles.
para a disciplina em função das novas tecnologias da informação.
Outro problema de capacidade: não se pode mais conservar a informa-
É útil observar nesse contexto que não há nada de novo. Pode-se ção apenas em formato linear. O hipertexto e as ligações hipertextuais e
constatar que são sempre as mudanças tecnológicas que determinam a hipermidiáticas, assim como as estruturas relacionais das bases de dados,
maneira de se realizar nosso trabalho de organização da informação. O acrescentam uma outra dimensão e complexificam mais o problema. Por
surgimento de novas e importantes tecnologias no campo da informação, outro lado, a chegada dos arquivos multimídia torna mais complexos do que
como nos casos do papel e da prensa de Gutenberg, causaram também nunca os arquivos eletrônicos (Bergeron 1992,53).
Outros fatores importantes que contribuem para as mudanças funda- gerir o fichário informático (por exemplo, as informações técnicas concer-
mentais nas teorias e nas práticas, quando se trabalha com os documentos nentes ao formato do fichário), etc.. Porém, é sobretudo a normalização dos
eletrônicos, são a dependência diante da mídia e dos aparelhos, a impossi- metadados que é de uma importância capital nesse contexto. Se se deseja
bilidade de entrevistar os aparelhos, a volatilidade da informação, sua permitir o acesso a muita informação via redes, tem-se todo o interesse em
segurança e sua integridade, e a proliferação de formatos proprietários, de normalizar práticas de descrição e de organização, senão o usuário será
sistemas de exploração, de sistemas operacionais, de versões desses obrigado a aprender a linguagem de cada novo sistema com o qual deseja
sistemas operacionais, bem como o preço do desenvolvimento de tudo trabalhar.
isso.
Muitas iniciativas nesse sentido foram empreendidas, por exemplo, as
Breve, no espaço de trinta anos, a natureza da matéria de que tratam Regras para a Descrição dos Documentos de Arquivos (RDDA, no Cana-
os arquivistas terá mudado radicalmente. Deve-se já distinguir o conceito dá), a Encoded Archival Description (EAD, nos Estados Unidos), a Standart
de suporte daquele de informação. Antes, como a informação estava sem- Generalized Markup Language (SGML, norma ISO 8879), e a Duplin Core,
pre integrada ao suporte, tratavam-se os dois ao mesmo tempo e pensa- a Wrawick Framework e seus sucessores (15 elementos de base para a
vam-se nos dois como sendo uma coisa só: um documento. Para adaptar a comunicação de documentos em rede). Resta ainda muito trabalho a fazer,
expressão de Negroponte (1995), antes tratavam-se dos átomos, hoje especialmente o aperfeiçoamento das normas e sua implantação universal
tratam-se dos bits. de forma independente dos sistemas operacionais e do material informáti-
co. O que nos permite ser otimistas é que, a longo prazo, seremos os
Questões atuais conservadores de documentos altamente estruturados e onde as informa-
Para os fins de nossa apresentação hoje, dividimos as questões em ções concernentes à estrutura e à organização desses documentos "via-
cinco categorias: os documentos e seus suportes, a interconectividade, a jem" através das redes com os documentos como parte integrante de tudo
normalização, a conversão e a preservação. Os documentos e seus supor- isso, não importando onde estão os diversos destinatários eletrônicos pelo
tes: A tendência para a numerização faz com que quase a totalidade dos mundo afora. Com a sistematização das práticas, passa-se de um mundo
arquivos seja já criado em formato informático. É claro, pode-se encontrar tecnológico caótico a um mundo ordenado.
exceções; entretanto, essa tendência é clara. Ora, o antigo papel pode Para chegar a um mundo no qual toda a informação está em formato
durar milhares de anos, mesmo em más condições. Pode-se maltratá-lo e eletrônico e acessível a quem possua um computador e uma ligação com
mesmo assim ler facilmente o texto que está relatado sobre o papel. Ao as redes, precisaria considerar a conversão maciça dos fichários já existen-
contrário, os suportes eletrônicos são muito instáveis, mesmo nas melhores tes, senão não se poderia consultar as informações mais recentes. Como
condições. A duração dos suportes eletrônicos é suficiente para muitas assinalava Clifford Lynch, este importante observador das atividades das
situações, é claro, mas pouca para a conservação a longo prazo dos arqui- grandes redes, se se confia nas informações disponíveis em linha, teremos
vos. O problema é tributário do fato de que nossa tendência é adotar, para a impressão de que a história da raça humana sobre a terra começou em
fins de gestão da informação, as tecnologias criadas para outros fins. 1970. Que fazer então com as informações acumuladas em nossos depósi-
Para conjugar-se ao problema da longevidade dos suportes, tem-se re- tos depois de séculos?
corrido ao repiquage. Periodicamente, copia-se o sinal eletrônico sobre um É preciso demonstrar se a conversão dos fichários existentes é desejá-
suporte novo a fim de assegurar sua sobrevida. Todavia, hoje, os desenvol- vel, se ela é necessária, se ela é possível. No momento, entretanto, há
vimentos tecnológicos estão de tal forma rápidos, que esta prática não é obstáculos importantes, especialmente as infra-estruturas atuais, o estado
mais suficiente. Agora a mudança que precisa ser vista é a "migração", ou das tecnologias e os custos necessários. Tomemos por exemplo o estado
seja, a prática não somente de copiar um documento eletrônico antigo dos numériseurs e os sistemas operacionais de reconhecimento ótico de
sobre um suporte novo, mas também de o converter a uma versão mais caracteres (ROC). O alvo desses últimos é permitir a conversão de docu-
recente do sistema operacional empregado para o conceber, ou ainda em mentos impressos sobre papel e fichários tratáveis por computador e isso a
um outro sistema operacional mais normalizado e capaz de o ler, a fim de custo abordável. Mas os melhores sistemas operacionais atuais não fazem
assegurar sua consultabilidade a longo prazo. prova de uma taxa de resultados além de 97% ou 98% (Linke 1997, 70).
A interconectividade, representada atualmente pela Internet e pelo Em princípio, isso pode parecer muito elevado, mas quando se considera
Word Wibe Web, acrescenta uma dimensão nova à problemática. Não que aquilo se traduz por cerca de trinta erros por folha A4 datilografada em
somente pode-se conectar dois computadores via rede telefônica, mas vê- espaço duplo, compreende-se facilmente que a intervenção humana é
se hoje redes inteiras de computadores interligadas em uma vasta super- necessária para efetuar a correção de cada página antes que a possamos
rede em escala mundial. Vê-se nesse contexto do desenvolvimento da considerar como consultável.
Infovia, numerosas vantagens para os depósitos dos arquivos: por exemplo, Por outro lado, seria necessário prever muitas vezes não apenas a
a visibilidade, a difusão ampla das fontes, a facilidade de consulta pelos conversão de textos em octetos, mas também uma restruturação dos
usuários, a possibilidade do teletrabalho para os arquivistas. Mas até onde dados. Por exemplo, um fichário de informação estocado sobre fichas de
deveria ir esta presença? Dever-se-ia contentar com informações gerais cartão tomará sem dúvida a forma de uma base de dados. É preciso não
num resumo das fontes, ou seria melhor colocar em linha os instrumentos somente prever os campos evidentes nas estruturas, mas também de
de pesquisa, os planos de classificação, os calendários de conservação, e outros para acomodar a informação analógica e aquela que pode ser a-
eventualmente o texto inteiro de documentos manuscritos? Dever-se-ia crescentada à mão sobre as fichas, senão há perda de informações.
fornecer o acesso via as redes às nossas bases de dados, aos documentos
eletrônicos, às imagens de documentos manuscritos? Consideremos igualmente o caso da dimensão dos fichários de ima-
gens de páginas, fichários onde o texto não é tratável por computadores,
Por outro lado, esse novo mundo nos apresenta um problema filosófi- mas que se pode ler sobre uma tela. A uma resolução de 400 pontos por
co: sobre a Infovia, há uma verdadeira distinção entre arquivos numéricos e polegada (ppp), se conta em torno de 85Ko/página. Porém, quando melho-
bibliotecas numéricas ( “ arquivos digitais” e “bibliotecas digitais”)? Se todos ra-se a resolução para 600 ppp, ele nos custa em espaço de estocagem
os textos são conservados em formato eletrônico, em que a cópia original é cerca de 500 Ko/página. Para atender a resolução do microfilme, precisaria
estocada num computador para consulta através das redes, ou seja, se um escanear a 1000 ppp. A título de exemplo desse problema à escala de um
documento de arquivo torna-se um fichário informático e se um livro torna- arquivo, nota-se que para contar o estado civil dos habitantes de Québec,
se também um fichário informático, podemos ainda distinguir as bibliotecas em torno de 18 milhões de certidões, ele custará 650 Go de espaço de
dos arquivos ( Preserving digital information 1996, 7)? Esse problema estocagem para registrar somente as imagens desses dados, que não
demonstra a que ponto as mudanças tecnológicas são profundas. estarão ainda em formato de fichários manipuláveis para uso, sem falar nos
Nesse complexo contexto , os metadados, essas camadas de dados trinta meses de trabalho para efetuar essa pesquisa (Lubkov 1997, 42).
adicionais que utilizamos para descrever e organizar os dados contidos nos Para disfarçar os problemas desses fichários de imagens que permitem
documentos eletrônicos, ganham muita importância. Há múltiplos tipos de ao usuário ver a colocação de um texto na página, mas que não o permite
metadados: para a apresentação do documento (por exemplo, os sinais de manipular os dados, desenvolve-se atualmente linguagens de descrição de
estilos, de caracteres itálicos), para exprimir suas relações com outros páginas. Isto acrescentou uma camada de metadados, permitindo afixar o
documentos (por exemplo, de linhas, de pontos), para exprimir a cataloga- texto com a sua colocação na página exigida, e substituirão, pode-se espe-
ção, a classificação, a indexação ( os pontos de acesso para o tema), para rar, esses sistemas operacionais intermitentes tal como o Acrobat d’Adobe,
que oferece uma colocação em página que exige muita memória informáti- A questão da “prisão ASCIL”, expressão de Mitchell Kapor para desig-
ca, mas que está sempre em forma de ficha não manipulável, como uma nar o problema das línguas não inglesas que lutam para ostentar suas
telecópia. marcas diacríticas no meio informático, é extremamente importante no
contexto das redes. A “consortium Unicode” trabalha há vários anos para
Os problemas associados à imagem fixa e em movimento são ainda desenvolver um código informático que dê conta de todas as línguas escri-
mais importantes. A questão mais notável associada a esse gênero de tas, mas esse código toma 16 bits de memória para cada caracter compa-
documentos é a dimensão dos fichários quando esses documentos são rado a 7 ou 8 para os dados codificados em ASCIL, e os produtores de
informatizados. Para a imagem fixa, não há mais problema com as simples sistemas operacionais não os adotam muito rapidamente. Todavia, com o
imagens em preto e branco, mas cada pixel que compõe a imagem tem desenvolvimento das soluções a baixo custo dos problemas de estocagem
necessidade de muito mais profundidade para exprimir as cores, e assim e de tratamento, este problema importante vai, sem dúvida, ser solucionado
mais memória informática. Para uma imagem em torno de 20 cm por 25 cm, num futuro não muito distante. Um passo importante: a “World Wide Web
é preciso mais ou menos 1Mo de memória. Para a imagem em movimento, Consortium” vem de anunciar (julho 1997) a publicação da primeira versão
sem compressão, necessita-se 40 Mo/imagens. A taxa de affichage do filme de trabalho da HTML 4, a qual adota como jogo de caracteres a “Unicode”.
é de 24 imagens/segundo, e do vídeo, 30 imagens/segundo. O custo em
memória para estocar um filme de 90 minutos é então de 960 Mo por Ao nível dos suportes físicos, o obstáculo principal é sua instabilidade.
segundo de filme, e então de 59,6 Go por minuto e de 3,5 To/hora, ou seja, É necessário encontrar soluções neste nível para evitar que estejamos
aproximadamente 5 To por 90 minutos de filme. eternamente condenados a substituir a intervalos relativamente curtos a
totalidade de arquivos que possuímos. No momento, não há nada além de
A título de exemplo do que estes algarismos representam em um caso tecnologias experimentais, mas é preciso crer que o problema será resolvi-
concreto, pode-se notar que o sistema “Cineon de Kodak”, um dos poucos do eventualmente. Passa-se sob silêncio os problemas de deterioração
sistemas disponíveis para a numeração da imagem em movimento, neces- química e biológica.
sitaria de 33 grossos cassetes para estocar este filme, ao custo de 13.000 $
US pela fita magnética somente! Além disto, o sistema necessitaria de 110 Ao nível do endocage, assinalemos os problemas de integridade e au-
horas para converter a imagem em movimento do formato analógico ao tenticidade dos dados. Os arquivistas precisam ter confiança de que os
formato numérico. Isto se traduz por mais de uma hora de tratamento por documentos informáticos dos quais eles têm a guarda não podem ser
minuto de filme. Não falamos ainda de custos de tratamento. E com tudo alterados, e que o documento que eles oferecem aos usuários por consulta
isso, seria necessário transplantar cassetes em dez ou vinte anos para é o mesmo que eles receberam por arquivo.
evitar a perda de todo esse trabalho!
Ao nível dos sistemas operacionais, tem-se a necessidade de desen-
Como os suportes numéricos não são confiáveis para a conservação a volver os sistemas melhor integrados às necessidades dos arquivistas e
longo prazo, enaltece-se às vezes a impressão sobre papéis do código dos usuários, tanto ao nível das linhas diretas entre os sistemas de gestão
informático codificado em algarismos 1 e 0, em razão das propriedades de e documentos quanto ao nível da interação pessoa-máquina. Visto desta
conservação a longo praz do papel. Mais tarde um sistema operacional de última perspectiva, os sistemas operacionais disponíveis atualmente são
reconhecimento ótico de caracteres lerá o código para reconstituir o fichário bastante penosos, não recorrem senão de maneira muito primitiva aos
informático. Para a imagem em movimento, esta prática não será nada aparelhos cognitivos dos usuários.
prática, pois um cálculo rápido nos dá os algarismos seguintes, baseados
sobre um sistema que permite a resolução comandada de 320 milhões de Como vimos, a conversão dos fichários permanece um problema im-
pixels por imagem: a 24 imagens/segundo, serão necessários aproximada- portante por várias razões. Podemos assinalar particularmente as dificulda-
mente 8 bilhões de pixels/segundo de filme 35mm. No ritmo de 6000 des de conversão de fichários de ordem técnica e aqueles de ordem eco-
bits/página (quando se datilografa com entrelinha simples, calcula-se 3000), nômica. Além disso, teríamos vantagem em considerar como inaceitável a
contaremos 5600 páginas (uma pilha de aproximadamente 5m) por cada prática atual de versar os dados nos sistemas de informação sem controle
segundo de filme, e portanto 180 m3 por minuto de filme, vale dizer, 16 km de qualidade, ao dizer que se fará correções mais tarde. Muito frequente-
de espaço para estocar nosso filme de 90 minutos! Decididamente, não se mente vimos que as condições econômicas não permitem essas correções.
poderá considerar a numeração das coleções de imagem em movimento As pessoas que administram os orçamentos têm a impressão de que os
antes de encontrar maneiras mais econômicas de estocar os fichários trabalhos estão completos, e são os usuários que sofrem a utilização des-
assim criados. ses dados não verificados e não corrigidos. Como é o caso em qualquer
ouro lugar, o controle de qualidade é importante no arquivamento de dados
Considerando a preservação e a conservação dos arquivos eletrônicos, eletrônicos.
podemos nos voltar um pouco para as conclusões do grupo de trabalho
sobre a preservação dos arquivos numéricos (Preserving digital information Terminando, analisaremos o problema considerável da pilha de fichá-
1996, 37). Este grupo de trabalho conclui que a responsabilidade primeira rios necessária para a estocagem de imagens em movimento quando estas
para a informação numérica permanece com os criadores, os fornecedores últimas são numerosas, os problemas arquivísticos associados à compre-
e, eventualmente, os proprietários. Além disso, o grupo enaltece a criação ensão de imagens para melhor estocá-las, o trabalho considerável requeri-
de uma infra-estrutura muito profunda (deep infrastructure) capaz de supor- do para efetuar os trabalhos de conversão, os custos implicados nesse
tar um sistema distribuído de dados. Na disposição de uma tal estrutura, processo, e o problema ao nível da infra-estrutura incapaz de tratar conve-
criar-se-á um processo de certificação de organizações capazes de estocar, nientemente esses enormes fichários.
de migrar e abastecer o acesso às coleções numéricas. Estas organizações Soluções a longo prazo Apesar dos numerosos e importantes proble-
certificadas teriam o direito legal de intervir pela salvaguarda de documen- mas associados atualmente aos arquivos automatizados, podemos ainda
tos depositados alhures, em caso de perigo de destruição, seja por uma assim esperar ver melhoras consideráveis a curto, médio e longo prazo. A
ameaça física à integridade dos documentos, seja por uma mudança de importância dos trabalhos em curso nos deixa crer que se verá o controle
políticas de conservação em outro lugar, devido à privatização de um dos dados desde sua criação até sua disposição eventual, seja por elimina-
arquivo, por exemplo. ção, seja por sua instituição como arquivos permanentes. Nossos métodos,
Obstáculos à automação nossos processos, nossas práticas, nossas normas serão estabilzadas
eventualmente. O turbilhão tecnológico no qual nos encontramos atualmen-
Nesta parte, resume-se brevemente alguns obstáculos atuais à auto- te dará lugar aos métodos normalizados, sobre os quais trabalhamos
mação dos arquivos. Em nível das infra-estruturas, a banda frequentada atualmente.
terá necessidade de ser acrescida consideravelmente antes que se possa
responder convenientemente às necessidades dos usuários cujo número No que concerne aos computadores, esses instrumentos de trabalho
não cessa de crescer. Devemos prever eventualmente o acesso universal à tão importantes à nossa vida, veremos bem eventualmente a chegada de
Internet e seus sucessores, como é o caso do correio à escala internacio- computadores melhor “educados” para responder a nossas necessidades.
nal, ou ainda do telefone. Lembremos que no momento somente uma Eles serão capazes de detectar um problema de funcionamento que expe-
ínfima parte da população global está em linha, e que mesmo nos países rimentamos, por exemplo, e intervir de maneira interativa para nos apontar
industrializados falamos apenas de dez ou quinze por cento da população. as soluções possíveis. Veremos disponíveis em linha de demonstrações
vídeo para nos mostrar como executar tal função, como executar tal tarefa,
efetuar tal manobra informática. Além disso, o desenvolvimento de tipos de
memória viva e morta que não se apagam automaticamente ou que não se DESPACHO – Decisão proferida pela autoridade administrativa em ca-
corrompem em função de uma falha de eletricidade nos permite assegurar so que lhe é submetido à apreciação; o despacho pode ser favorável ou
nossos temores psicológicos face a nossas relações com esses instrumen- desfavorável à pretensão solicitada pelo administrador, servidor público ou
tos que têm uma importância tão grande em nossas vidas. Veremos even- não.
tualmente a automatização de procedimentos de salvaguarda, de formação
de usuários, de migração de dados e de outras funções arquivistas. Final- DILIGÊNCIA – É o ato pelo qual um processo que, tendo deixado de
mente, com o tempo assistiremos sem dúvida ao desenvolvimento de atender as formalidades indispensáveis ou de cumprir alguma disposição
suportes informáticos tão inabaláveis quanto o velho papel. legal, é devolvido ao órgão que assim procedeu, a fim de corrigir ou sanar
as falhas apontadas.
Terminando, será bom lembrar que nós nos encontramos atualmente
no meio desse turbilhão tecnológico, que o papel que representamos neste DISTRIBUIÇÃO - É a remessa do processo às unidades que decidirão
momento é de uma grande importância histórica, pois é a presente geração sobre a matéria nele tratada.
de arquivistas que assegura a transição entre dois mundos tecnológicos DOCUMENTO - É toda informação registrada em um suporte material,
fundamentalmente diferentes um do outro. É na gestão dessa transição que suscetível de consulta, estudo, prova e pesquisa, pois comprova fatos,
nós podemos tirar vantagem de nossas atividades para os próximos anos. fenômenos, formas de vida e pensamentos do homem numa determinada
Tradução de Andréa Araújo do Vale, Carla da Silva Miguelote e Rejane época ou lugar.
Moreira.
De acordo com seus diversos elementos, formas e conteúdos, os do-
PROCEDIMENTOS GERAIS PARA UTILIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE cumentos podem ser caracterizados segundo o gênero, a espécie e a
PROTOCOLO natureza, conforme descrito a seguir.
1. OBJETIVO a) Caracterização quanto ao gênero
Esta norma tem por objetivo equalizar os procedimentos gerais referen- Documentos textuais: São os documentos manuscritos, datilografados
tes à gestão de processos e correspondência, com a finalidade de criar ou impressos;
bases para a implantação de sistemas informatizados unificados no âmbito
Documentos cartográficos: São os documentos em formatos e dimen-
a que se destina.
sões variáveis, contendo representações geográficas arquitetônicas ou de
2. CONCEITOS E DEFINIÇÕES engenharia. Ex.: mapas, plantas e perfis;
Para efeito desta norma, foram utilizados os seguintes conceitos e de- Documentos iconográficos: São documentos em suporte sintético, em
finições: papel emulsionado, contendo imagens estáticas. Ex.: fotografias (diapositi-
vos, ampliações e negativos fotográficos), desenhos e gravuras;
AUTUAÇÃO E/OU FORMAÇÃO DE PROCESSO - É o termo que ca-
racteriza a abertura do processo. Na formação do processo deverão ser Documentos filmográficos: São documentos em películas cinematográ-
observados os documentos cujo conteúdo esteja relacionado a ações e ficas e fitas magnéticas de imagem (tapes), conjugadas ou não a trilhas
operações contábeis financeiras, ou requeira análises, informações, despa- sonoras, com bitolas e dimensões variáveis, contendo imagens em movi-
chos e decisões de diversas unidades organizacionais de uma instituição. mento. Ex.: filmes e fitas vídeomagnéticas;
CORRESPONDÊNCIA - É toda espécie de comunicação escrita, que Documentos sonoros: São os documentos com dimensões e rotações
circula nos órgãos ou entidades, à exceção dos processos. variáveis, contendo registros fonográficos. Ex.: discos e fitas audiomagnéti-
cas;
Quanto à natureza: A correspondência classifica-se em interna e exter-
na, oficial e particular, recebida e expedida. Documentos micrográficos: São documentos em suporte fílmico resul-
tante da microrreprodução de imagens, mediante utilização de técnicas
a) Interna e externa específicas. Ex.: rolo, microficha, jaqueta e cartão-janela;
A correspondência interna é mantida entre as unidades do órgão ou Documentos informáticos: São os documentos produzidos, tratados e
entidade. armazenados em computador. Ex.: disco flexível (disquete), disco rígido
A correspondência externa é mantida entre os órgãos ou entidades da (Winshester) e disco óptico.
Administração Pública Federal. b) Caracterização quanto à espécie
b) Oficial e particular Atos normativos: Expedidos por autoridades administrativas, com a fi-
A correspondência oficial é a espécie formal de comunicação mantida nalidade de dispor e deliberar sobre matérias específicas. Ex.: medida
entre os órgãos ou entidades da Administração Pública Federal ou destes provisória, decreto, estatuto, regimento, regulamento, resolução, portaria,
para outros órgãos públicos ou empresas privadas. instrução normativa, ordem de serviço, decisão, acórdão, despacho decisó-
rio, lei;
A correspondência particular é a espécie informal de comunicação utili-
zada entre autoridades ou servidores e instituições ou pessoas estranhas à Atos enunciativos: São os opinativos, que esclarecem os assuntos, vi-
Administração Pública Federal. sando a fundamentar uma solução. Ex.: parecer, relatório, voto, despacho
interlocutório;
c) Recebida e expedida
Atos de assentamento: São os configurados por registros, consubstan-
A correspondência recebida é aquela de origem interna ou externa re- ciando assentamento sobre fatos ou ocorrências. Ex.: apostila, ata, termo,
cebida pelo protocolo central ou setorial do órgão ou entidade. auto de infração;
A expedição é a remessa da correspondência interna ou externa no Atos comprobatórios: São os que comprovam assentamentos, decisões
âmbito da Administração Pública Federal. etc. Ex.: traslado, certidão, atestado, cópia autêntica ou idêntica;
DESAPENSAÇÃO - É a separação física de processos apensados. Atos de ajuste: São representados por acordos em que a Administra-
ção Pública Federal, Estadual ou Municipal - é parte. Ex: tratado, convênio,
DESENTRANHAMENTO DE PEÇAS - É a retirada de peças de um
contrato, termos (transação, ajuste etc.) e,
processo, que poderá ocorrer quando houver interesse da Administração ou
a pedido do interessado. Atos de correspondência: Objetivam a execução dos atos normativos,
em sentido amplo. Ex: aviso, ofício, carta, memorando, mensagem, edital,
DESMEMBRAMENTO – É a separação de parte da documentação de
intimação, exposição de motivos, notificação, telegrama, telex, telefax,
um ou mais processos para formação de novo processo; o desmembra-
alvará, circular.
mento de processo dependerá de autorização e instruções específicas do
órgão interessado. c) Caracterização quanto à natureza
Documentos Secretos: São os que requerem rigorosas medidas de se- Nome:
gurança e cujo teor ou característica possam ser do conhecimento de Cargo ou função:
servidores que, embora sem ligação íntima com seu estudo e manuseio, Unidade:
sejam autorizados a deles tomarem conhecimento em razão de sua res- Órgão:
ponsabilidade funcional; Endereço:
CEP:
Documentos Urgentes: São os documentos cuja tramitação requer Espécie: nº. /Ano:
maior celeridade que a rotineira. Ex.: Pedidos de informação oriundos do
Poder Executivo, do Poder Judiciário e das Casas do Congresso Nacional; Destinatário
mandados de segurança; licitações judiciais ou administrativas; pedidos de Pronome de tratamento
exoneração ou dispensa; demissão; auxílio - funeral; diárias para afasta- Nome:
mento da Instituição; folhas de pagamento; outros que, por conveniência da Cargo ou função:
Administração ou por força de lei, exijam tramitação preferencial. Unidade:
Documentos Ostensivos: São documentos cujo acesso é irrestrito; Órgão:
Endereço:
Documentos Reservados: São aqueles cujo assunto não deva ser do CEP:
conhecimento do público em geral.
O protocolo central receberá a correspondência e verificará se o desti-
RECEBIMENTO, REGISTRO E DISTRIBUIÇÃO DE DOCUMENTOS natário ou a unidade pertencem ou não ao órgão ou entidade; em caso
Ao receber a correspondência e proceder à abertura do envelope, o negativo, devolverá a correspondência ao remetente, apondo o carimbo, e
protocolo setorial deverá observar: identificando o motivo da devolução.
a) se está assinado pelo próprio remetente, por seu representante legal As unidades de protocolo central remeterão a correspondência lacrada,
ou procurador, caso em que deverá ser anexado o instrumento de procura- ao protocolo setorial da unidade à qual pertença o destinatário, controlando
ção; por meio de sistema próprio.
c) se contém o comprovante de recebimento, e providenciar a respecti- O controle da expedição de correspondência caberá ao respectivo pro-
va devolução; tocolo setorial, responsável pela numeração, que deverá ser sequencial,
numérico-cronológica e iniciada a cada ano.
d) se a correspondência será autuada ou não;
O protocolo central do órgão ou da entidade manterá um controle da
A seguir, tratar o documento conforme os procedimentos descritos a- expedição de correspondência, a fim de informar aos usuários, sua locali-
baixo, destinados à correspondência ou processo, conforme o caso. zação, em tempo real.
Nenhuma correspondência poderá permanecer por mais de 24h (vinte
e quatro horas) nos protocolos, salvo aquelas recebidas às sextas-feiras,
LEI Nº 12.527, DE 18 DE NOVEMBRO DE 2011.
véspera de feriados ou pontos facultativos.
Regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5 o,
4. PROCEDIMENTOS COM RELAÇÃO À CORRESPONDÊNCIA no inciso II do § 3o do art. 37 e no § 2o do art. 216 da Constituição
a) Toda correspondência oficial expedida deverá conter, para sua iden- Federal; altera a Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990; revoga
tificação em sistema próprio, a espécie do documento e o órgão emissor, a Lei no 11.111, de 5 de maio de 2005, e dispositivos da Lei
seguido da sigla da unidade, do número de ordem, destinatário, assunto e no 8.159, de 8 de janeiro de 1991; e dá outras providências.
da data da emissão.
A correspondência oficial expedida será encaminhada por intermédio A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso
do protocolo central do órgão ou entidade, por meio dos serviços da empre- Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
sa de correios, ou utilizando-se de meios próprios para efetuar a entrega.
CAPÍTULO I
A correspondência oficial interna será encaminhada por intermédio do
protocolo setorial; DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 1o Esta Lei dispõe sobre os procedimentos a serem observa-
Toda correspondência oficial expedida será acondicionada em envelo- dos pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, com o fim de garan-
pe, contendo, no canto superior esquerdo, o nome, cargo, endereço do tir o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5o, no inciso II
destinatário, a espécie e número da correspondência, bem como nome e do § 3º do art. 37 e no § 2º do art. 216 da Constituição Federal.
endereço do remetente, a fim de, em caso de devolução, a empresa de Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei:
correios o localize, conforme modelo a seguir: I - os órgãos públicos integrantes da administração direta dos Po-
deres Executivo, Legislativo, incluindo as Cortes de Contas, e Judiciário e
Ex.: Ressalta-se que o documento oficial faz referência ao cargo do
do Ministério Público;
destinatário e não à pessoa que o ocupa; portanto, quando um documento
II - as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, as
oficial for encaminhado para um destinatário que não ocupe mais o cargo,
sociedades de economia mista e demais entidades controladas direta ou
deverá ser aberto, para as providências cabíveis.
indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
b) A correspondência particular não será expedida pelas unidades de Art. 2o Aplicam-se as disposições desta Lei, no que couber, às en-
protocolo central ou setorial do órgão ou entidade. tidades privadas sem fins lucrativos que recebam, para realização de ações
de interesse público, recursos públicos diretamente do orçamento ou medi-
A correspondência de caráter particular recebida pelas unidades de ante subvenções sociais, contrato de gestão, termo de parceria, convênios,
protocolo central ou setorial deverá ser encaminhada diretamente ao desti- acordo, ajustes ou outros instrumentos congêneres.
natário. Parágrafo único. A publicidade a que estão submetidas as entida-
c) Correspondência Recebida e expedida des citadas no caput refere-se à parcela dos recursos públicos recebidos e
à sua destinação, sem prejuízo das prestações de contas a que estejam
Correspondência Recebida legalmente obrigadas.
Art. 3o Os procedimentos previstos nesta Lei destinam-se a asse-
A correspondência recebida será entregue no protocolo central de cada
gurar o direito fundamental de acesso à informação e devem ser executa-
órgão ou entidade da Administração Pública Federal, para posterior distri-
dos em conformidade com os princípios básicos da administração pública e
buição.
com as seguintes diretrizes:
Remetente
I - observância da publicidade como preceito geral e do sigilo como cos ou tecnológicos cujo sigilo seja imprescindível à segurança da socieda-
exceção; de e do Estado.
II - divulgação de informações de interesse público, independente- § 2o Quando não for autorizado acesso integral à informação por
mente de solicitações; ser ela parcialmente sigilosa, é assegurado o acesso à parte não sigilosa
III - utilização de meios de comunicação viabilizados pela tecnolo- por meio de certidão, extrato ou cópia com ocultação da parte sob sigilo.
gia da informação; § 3o O direito de acesso aos documentos ou às informações neles
IV - fomento ao desenvolvimento da cultura de transparência na contidas utilizados como fundamento da tomada de decisão e do ato admi-
administração pública; nistrativo será assegurado com a edição do ato decisório respectivo.
V - desenvolvimento do controle social da administração pública. § 4o A negativa de acesso às informações objeto de pedido formu-
Art. 4o Para os efeitos desta Lei, considera-se: lado aos órgãos e entidades referidas no art. 1o, quando não fundamenta-
I - informação: dados, processados ou não, que podem ser utiliza- da, sujeitará o responsável a medidas disciplinares, nos termos do art. 32
dos para produção e transmissão de conhecimento, contidos em qualquer desta Lei.
meio, suporte ou formato; § 5o Informado do extravio da informação solicitada, poderá o inte-
II - documento: unidade de registro de informações, qualquer que ressado requerer à autoridade competente a imediata abertura de sindicân-
seja o suporte ou formato; cia para apurar o desaparecimento da respectiva documentação.
III - informação sigilosa: aquela submetida temporariamente à res- § 6o Verificada a hipótese prevista no § 5o deste artigo, o respon-
trição de acesso público em razão de sua imprescindibilidade para a segu- sável pela guarda da informação extraviada deverá, no prazo de 10 (dez)
rança da sociedade e do Estado; dias, justificar o fato e indicar testemunhas que comprovem sua alegação.
IV - informação pessoal: aquela relacionada à pessoa natural iden- Art. 8o É dever dos órgãos e entidades públicas promover, inde-
tificada ou identificável; pendentemente de requerimentos, a divulgação em local de fácil acesso, no
V - tratamento da informação: conjunto de ações referentes à pro- âmbito de suas competências, de informações de interesse coletivo ou
dução, recepção, classificação, utilização, acesso, reprodução, transporte, geral por eles produzidas ou custodiadas.
transmissão, distribuição, arquivamento, armazenamento, eliminação, § 1o Na divulgação das informações a que se refere o caput, deve-
avaliação, destinação ou controle da informação; rão constar, no mínimo:
VI - disponibilidade: qualidade da informação que pode ser conhe- I - registro das competências e estrutura organizacional, endereços
cida e utilizada por indivíduos, equipamentos ou sistemas autorizados; e telefones das respectivas unidades e horários de atendimento ao público;
VII - autenticidade: qualidade da informação que tenha sido produ- II - registros de quaisquer repasses ou transferências de recursos
zida, expedida, recebida ou modificada por determinado indivíduo, equipa- financeiros;
mento ou sistema; III - registros das despesas;
VIII - integridade: qualidade da informação não modificada, inclusi- IV - informações concernentes a procedimentos licitatórios, inclusi-
ve quanto à origem, trânsito e destino; ve os respectivos editais e resultados, bem como a todos os contratos
IX - primariedade: qualidade da informação coletada na fonte, com celebrados;
o máximo de detalhamento possível, sem modificações. V - dados gerais para o acompanhamento de programas, ações,
Art. 5o É dever do Estado garantir o direito de acesso à informa- projetos e obras de órgãos e entidades; e
ção, que será franqueada, mediante procedimentos objetivos e ágeis, de VI - respostas a perguntas mais frequentes da sociedade.
forma transparente, clara e em linguagem de fácil compreensão. § 2o Para cumprimento do disposto no caput, os órgãos e entida-
CAPÍTULO II des públicas deverão utilizar todos os meios e instrumentos legítimos de
DO ACESSO A INFORMAÇÕES E DA SUA DIVULGAÇÃO que dispuserem, sendo obrigatória a divulgação em sítios oficiais da rede
Art. 6o Cabe aos órgãos e entidades do poder público, observadas mundial de computadores (internet).
as normas e procedimentos específicos aplicáveis, assegurar a: § 3o Os sítios de que trata o § 2o deverão, na forma de regulamen-
I - gestão transparente da informação, propiciando amplo acesso a to, atender, entre outros, aos seguintes requisitos:
ela e sua divulgação; I - conter ferramenta de pesquisa de conteúdo que permita o aces-
II - proteção da informação, garantindo-se sua disponibilidade, au- so à informação de forma objetiva, transparente, clara e em linguagem de
tenticidade e integridade; e fácil compreensão;
III - proteção da informação sigilosa e da informação pessoal, ob- II - possibilitar a gravação de relatórios em diversos formatos ele-
servada a sua disponibilidade, autenticidade, integridade e eventual restri- trônicos, inclusive abertos e não proprietários, tais como planilhas e texto,
ção de acesso. de modo a facilitar a análise das informações;
Art. 7o O acesso à informação de que trata esta Lei compreende, III - possibilitar o acesso automatizado por sistemas externos em
entre outros, os direitos de obter: formatos abertos, estruturados e legíveis por máquina;
I - orientação sobre os procedimentos para a consecução de aces- IV - divulgar em detalhes os formatos utilizados para estruturação
so, bem como sobre o local onde poderá ser encontrada ou obtida a infor- da informação;
mação almejada; V - garantir a autenticidade e a integridade das informações dispo-
II - informação contida em registros ou documentos, produzidos ou níveis para acesso;
acumulados por seus órgãos ou entidades, recolhidos ou não a arquivos VI - manter atualizadas as informações disponíveis para acesso;
públicos; VII - indicar local e instruções que permitam ao interessado comu-
III - informação produzida ou custodiada por pessoa física ou enti- nicar-se, por via eletrônica ou telefônica, com o órgão ou entidade detentora
dade privada decorrente de qualquer vínculo com seus órgãos ou entida- do sítio; e
des, mesmo que esse vínculo já tenha cessado; VIII - adotar as medidas necessárias para garantir a acessibilidade
IV - informação primária, íntegra, autêntica e atualizada; de conteúdo para pessoas com deficiência, nos termos do art. 17 da Lei
V - informação sobre atividades exercidas pelos órgãos e entida- no 10.098, de 19 de dezembro de 2000, e do art. 9o da Convenção sobre os
des, inclusive as relativas à sua política, organização e serviços; Direitos das Pessoas com Deficiência, aprovada pelo Decreto Legislativo
VI - informação pertinente à administração do patrimônio público, no 186, de 9 de julho de 2008.
utilização de recursos públicos, licitação, contratos administrativos; e § 4o Os Municípios com população de até 10.000 (dez mil) habi-
VII - informação relativa: tantes ficam dispensados da divulgação obrigatória na internet a que se
a) à implementação, acompanhamento e resultados dos progra- refere o § 2o, mantida a obrigatoriedade de divulgação, em tempo real, de
mas, projetos e ações dos órgãos e entidades públicas, bem como metas e informações relativas à execução orçamentária e financeira, nos critérios e
indicadores propostos; prazos previstos no art. 73-B da Lei Complementar no 101, de 4 de maio de
b) ao resultado de inspeções, auditorias, prestações e tomadas de 2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal).
contas realizadas pelos órgãos de controle interno e externo, incluindo Art. 9o O acesso a informações públicas será assegurado median-
prestações de contas relativas a exercícios anteriores. te:
§ 1o O acesso à informação previsto no caput não compreende as I - criação de serviço de informações ao cidadão, nos órgãos e en-
informações referentes a projetos de pesquisa e desenvolvimento científi- tidades do poder público, em local com condições apropriadas para:
a) atender e orientar o público quanto ao acesso a informações;
b) informar sobre a tramitação de documentos nas suas respecti- Art. 14. É direito do requerente obter o inteiro teor de decisão de
vas unidades; negativa de acesso, por certidão ou cópia.
c) protocolizar documentos e requerimentos de acesso a informa- Seção II
ções; e Dos Recursos
II - realização de audiências ou consultas públicas, incentivo à par- Art. 15. No caso de indeferimento de acesso a informações ou às
ticipação popular ou a outras formas de divulgação. razões da negativa do acesso, poderá o interessado interpor recurso contra
CAPÍTULO III a decisão no prazo de 10 (dez) dias a contar da sua ciência.
DO PROCEDIMENTO DE ACESSO À INFORMAÇÃO Parágrafo único. O recurso será dirigido à autoridade hierarquica-
Seção I mente superior à que exarou a decisão impugnada, que deverá se manifes-
Do Pedido de Acesso tar no prazo de 5 (cinco) dias.
Art. 10. Qualquer interessado poderá apresentar pedido de acesso Art. 16. Negado o acesso a informação pelos órgãos ou entidades
a informações aos órgãos e entidades referidos no art. 1o desta Lei, por do Poder Executivo Federal, o requerente poderá recorrer à Controladoria-
qualquer meio legítimo, devendo o pedido conter a identificação do reque- Geral da União, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias se:
rente e a especificação da informação requerida. I - o acesso à informação não classificada como sigilosa for nega-
§ 1o Para o acesso a informações de interesse público, a identifi- do;
cação do requerente não pode conter exigências que inviabilizem a solicita- II - a decisão de negativa de acesso à informação total ou parcial-
ção. mente classificada como sigilosa não indicar a autoridade classificadora ou
§ 2o Os órgãos e entidades do poder público devem viabilizar al- a hierarquicamente superior a quem possa ser dirigido pedido de acesso ou
ternativa de encaminhamento de pedidos de acesso por meio de seus sítios desclassificação;
oficiais na internet. III - os procedimentos de classificação de informação sigilosa esta-
§ 3o São vedadas quaisquer exigências relativas aos motivos de- belecidos nesta Lei não tiverem sido observados; e
terminantes da solicitação de informações de interesse público. IV - estiverem sendo descumpridos prazos ou outros procedimen-
Art. 11. O órgão ou entidade pública deverá autorizar ou conceder tos previstos nesta Lei.
o acesso imediato à informação disponível. § 1o O recurso previsto neste artigo somente poderá ser dirigido à
§ 1o Não sendo possível conceder o acesso imediato, na forma Controladoria-Geral da União depois de submetido à apreciação de pelo
disposta no caput, o órgão ou entidade que receber o pedido deverá, em menos uma autoridade hierarquicamente superior àquela que exarou a
prazo não superior a 20 (vinte) dias: decisão impugnada, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias.
I - comunicar a data, local e modo para se realizar a consulta, efe- § 2o Verificada a procedência das razões do recurso, a Controla-
tuar a reprodução ou obter a certidão; doria-Geral da União determinará ao órgão ou entidade que adote as
II - indicar as razões de fato ou de direito da recusa, total ou parci- providências necessárias para dar cumprimento ao disposto nesta Lei.
al, do acesso pretendido; ou § 3o Negado o acesso à informação pela Controladoria-Geral da
III - comunicar que não possui a informação, indicar, se for do seu União, poderá ser interposto recurso à Comissão Mista de Reavaliação de
conhecimento, o órgão ou a entidade que a detém, ou, ainda, remeter o Informações, a que se refere o art. 35.
requerimento a esse órgão ou entidade, cientificando o interessado da Art. 17. No caso de indeferimento de pedido de desclassificação
remessa de seu pedido de informação. de informação protocolado em órgão da administração pública federal,
§ 2o O prazo referido no § 1o poderá ser prorrogado por mais 10 poderá o requerente recorrer ao Ministro de Estado da área, sem prejuízo
(dez) dias, mediante justificativa expressa, da qual será cientificado o das competências da Comissão Mista de Reavaliação de Informações,
requerente. previstas no art. 35, e do disposto no art. 16.
§ 3o Sem prejuízo da segurança e da proteção das informações e § 1o O recurso previsto neste artigo somente poderá ser dirigido
do cumprimento da legislação aplicável, o órgão ou entidade poderá ofere- às autoridades mencionadas depois de submetido à apreciação de pelo
cer meios para que o próprio requerente possa pesquisar a informação de menos uma autoridade hierarquicamente superior à autoridade que exarou
que necessitar. a decisão impugnada e, no caso das Forças Armadas, ao respectivo Co-
§ 4o Quando não for autorizado o acesso por se tratar de informa- mando.
ção total ou parcialmente sigilosa, o requerente deverá ser informado sobre § 2o Indeferido o recurso previsto no caput que tenha como objeto
a possibilidade de recurso, prazos e condições para sua interposição, a desclassificação de informação secreta ou ultrassecreta, caberá recurso à
devendo, ainda, ser-lhe indicada a autoridade competente para sua apreci- Comissão Mista de Reavaliação de Informações prevista no art. 35.
ação. Art. 18. Os procedimentos de revisão de decisões denegatórias
§ 5o A informação armazenada em formato digital será fornecida proferidas no recurso previsto no art. 15 e de revisão de classificação de
nesse formato, caso haja anuência do requerente. documentos sigilosos serão objeto de regulamentação própria dos Poderes
§ 6o Caso a informação solicitada esteja disponível ao público em Legislativo e Judiciário e do Ministério Público, em seus respectivos âmbi-
formato impresso, eletrônico ou em qualquer outro meio de acesso univer- tos, assegurado ao solicitante, em qualquer caso, o direito de ser informado
sal, serão informados ao requerente, por escrito, o lugar e a forma pela qual sobre o andamento de seu pedido.
se poderá consultar, obter ou reproduzir a referida informação, procedimen- Art. 19. (VETADO).
to esse que desonerará o órgão ou entidade pública da obrigação de seu § 1o (VETADO).
fornecimento direto, salvo se o requerente declarar não dispor de meios § 2o Os órgãos do Poder Judiciário e do Ministério Público infor-
para realizar por si mesmo tais procedimentos. marão ao Conselho Nacional de Justiça e ao Conselho Nacional do Ministé-
Art. 12. O serviço de busca e fornecimento da informação é gratui- rio Público, respectivamente, as decisões que, em grau de recurso, nega-
to, salvo nas hipóteses de reprodução de documentos pelo órgão ou enti- rem acesso a informações de interesse público.
dade pública consultada, situação em que poderá ser cobrado exclusiva- Art. 20. Aplica-se subsidiariamente, no que couber, a Lei no 9.784,
mente o valor necessário ao ressarcimento do custo dos serviços e dos de 29 de janeiro de 1999, ao procedimento de que trata este Capítulo.
materiais utilizados. CAPÍTULO IV
Parágrafo único. Estará isento de ressarcir os custos previstos DAS RESTRIÇÕES DE ACESSO À INFORMAÇÃO
no caput todo aquele cuja situação econômica não lhe permita fazê-lo sem Seção I
prejuízo do sustento próprio ou da família, declarada nos termos da Lei Disposições Gerais
no 7.115, de 29 de agosto de 1983. Art. 21. Não poderá ser negado acesso à informação necessária à
Art. 13. Quando se tratar de acesso à informação contida em do- tutela judicial ou administrativa de direitos fundamentais.
cumento cuja manipulação possa prejudicar sua integridade, deverá ser Parágrafo único. As informações ou documentos que versem so-
oferecida a consulta de cópia, com certificação de que esta confere com o bre condutas que impliquem violação dos direitos humanos praticada por
original. agentes públicos ou a mando de autoridades públicas não poderão ser
Parágrafo único. Na impossibilidade de obtenção de cópias, o inte- objeto de restrição de acesso.
ressado poderá solicitar que, a suas expensas e sob supervisão de servidor Art. 22. O disposto nesta Lei não exclui as demais hipóteses legais
público, a reprodução seja feita por outro meio que não ponha em risco a de sigilo e de segredo de justiça nem as hipóteses de segredo industrial
conservação do documento original. decorrentes da exploração direta de atividade econômica pelo Estado ou
por pessoa física ou entidade privada que tenha qualquer vínculo com o Parágrafo único. A pessoa física ou entidade privada que, em ra-
poder público. zão de qualquer vínculo com o poder público, executar atividades de trata-
Seção II mento de informações sigilosas adotará as providências necessárias para
Da Classificação da Informação quanto ao Grau e Prazos de Sigilo que seus empregados, prepostos ou representantes observem as medidas
Art. 23. São consideradas imprescindíveis à segurança da socie- e procedimentos de segurança das informações resultantes da aplicação
dade ou do Estado e, portanto, passíveis de classificação as informações desta Lei.
cuja divulgação ou acesso irrestrito possam: Seção IV
I - pôr em risco a defesa e a soberania nacionais ou a integridade Dos Procedimentos de Classificação, Reclassificação e Desclassificação
do território nacional; Art. 27. A classificação do sigilo de informações no âmbito da ad-
II - prejudicar ou pôr em risco a condução de negociações ou as re- ministração pública federal é de competência:
lações internacionais do País, ou as que tenham sido fornecidas em caráter I - no grau de ultrassecreto, das seguintes autoridades:
sigiloso por outros Estados e organismos internacionais; a) Presidente da República;
III - pôr em risco a vida, a segurança ou a saúde da população; b) Vice-Presidente da República;
IV - oferecer elevado risco à estabilidade financeira, econômica ou c) Ministros de Estado e autoridades com as mesmas prerrogati-
monetária do País; vas;
V - prejudicar ou causar risco a planos ou operações estratégicos d) Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica; e
das Forças Armadas; e) Chefes de Missões Diplomáticas e Consulares permanentes no
VI - prejudicar ou causar risco a projetos de pesquisa e desenvol- exterior;
vimento científico ou tecnológico, assim como a sistemas, bens, instalações II - no grau de secreto, das autoridades referidas no inciso I, dos ti-
ou áreas de interesse estratégico nacional; tulares de autarquias, fundações ou empresas públicas e sociedades de
VII - pôr em risco a segurança de instituições ou de altas autorida- economia mista; e
des nacionais ou estrangeiras e seus familiares; ou III - no grau de reservado, das autoridades referidas nos incisos I e
VIII - comprometer atividades de inteligência, bem como de inves- II e das que exerçam funções de direção, comando ou chefia, nível DAS
tigação ou fiscalização em andamento, relacionadas com a prevenção ou 101.5, ou superior, do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores, ou de
repressão de infrações. hierarquia equivalente, de acordo com regulamentação específica de cada
Art. 24. A informação em poder dos órgãos e entidades públicas, órgão ou entidade, observado o disposto nesta Lei.
observado o seu teor e em razão de sua imprescindibilidade à segurança § 1o A competência prevista nos incisos I e II, no que se refere à
da sociedade ou do Estado, poderá ser classificada como ultrassecreta, classificação como ultrassecreta e secreta, poderá ser delegada pela
secreta ou reservada. autoridade responsável a agente público, inclusive em missão no exterior,
§ 1o Os prazos máximos de restrição de acesso à informação, vedada a subdelegação.
conforme a classificação prevista no caput, vigoram a partir da data de sua § 2o A classificação de informação no grau de sigilo ultrassecreto
produção e são os seguintes: pelas autoridades previstas nas alíneas “d” e “e” do inciso I deverá ser
I - ultrassecreta: 25 (vinte e cinco) anos; ratificada pelos respectivos Ministros de Estado, no prazo previsto em
II - secreta: 15 (quinze) anos; e regulamento.
III - reservada: 5 (cinco) anos. § 3o A autoridade ou outro agente público que classificar informa-
§ 2o As informações que puderem colocar em risco a segurança ção como ultrassecreta deverá encaminhar a decisão de que trata o art. 28
do Presidente e Vice-Presidente da República e respectivos cônjuges e à Comissão Mista de Reavaliação de Informações, a que se refere o art. 35,
filhos(as) serão classificadas como reservadas e ficarão sob sigilo até o no prazo previsto em regulamento.
término do mandato em exercício ou do último mandato, em caso de reelei- Art. 28. A classificação de informação em qualquer grau de sigilo
ção. deverá ser formalizada em decisão que conterá, no mínimo, os seguintes
§ 3o Alternativamente aos prazos previstos no § 1o, poderá ser es- elementos:
tabelecida como termo final de restrição de acesso a ocorrência de deter- I - assunto sobre o qual versa a informação;
minado evento, desde que este ocorra antes do transcurso do prazo máxi- II - fundamento da classificação, observados os critérios estabele-
mo de classificação. cidos no art. 24;
§ 4o Transcorrido o prazo de classificação ou consumado o evento III - indicação do prazo de sigilo, contado em anos, meses ou dias,
que defina o seu termo final, a informação tornar-se-á, automaticamente, de ou do evento que defina o seu termo final, conforme limites previstos no art.
acesso público. 24; e
§ 5o Para a classificação da informação em determinado grau de IV - identificação da autoridade que a classificou.
sigilo, deverá ser observado o interesse público da informação e utilizado o Parágrafo único. A decisão referida no caput será mantida no
critério menos restritivo possível, considerados: mesmo grau de sigilo da informação classificada.
I - a gravidade do risco ou dano à segurança da sociedade e do Art. 29. A classificação das informações será reavaliada pela auto-
Estado; e ridade classificadora ou por autoridade hierarquicamente superior, mediante
II - o prazo máximo de restrição de acesso ou o evento que defina provocação ou de ofício, nos termos e prazos previstos em regulamento,
seu termo final. com vistas à sua desclassificação ou à redução do prazo de sigilo, obser-
Seção III vado o disposto no art. 24.
Da Proteção e do Controle de Informações Sigilosas § 1o O regulamento a que se refere o caput deverá considerar as
Art. 25. É dever do Estado controlar o acesso e a divulgação de in- peculiaridades das informações produzidas no exterior por autoridades ou
formações sigilosas produzidas por seus órgãos e entidades, assegurando agentes públicos.
a sua proteção. § 2o Na reavaliação a que se refere o caput, deverão ser exami-
§ 1o O acesso, a divulgação e o tratamento de informação classifi- nadas a permanência dos motivos do sigilo e a possibilidade de danos
cada como sigilosa ficarão restritos a pessoas que tenham necessidade de decorrentes do acesso ou da divulgação da informação.
conhecê-la e que sejam devidamente credenciadas na forma do regulamen- § 3o Na hipótese de redução do prazo de sigilo da informação, o
to, sem prejuízo das atribuições dos agentes públicos autorizados por lei. novo prazo de restrição manterá como termo inicial a data da sua produ-
§ 2o O acesso à informação classificada como sigilosa cria a obri- ção.
gação para aquele que a obteve de resguardar o sigilo. Art. 30. A autoridade máxima de cada órgão ou entidade publica-
§ 3o Regulamento disporá sobre procedimentos e medidas a se- rá, anualmente, em sítio à disposição na internet e destinado à veiculação
rem adotados para o tratamento de informação sigilosa, de modo a protegê- de dados e informações administrativas, nos termos de regulamento:
la contra perda, alteração indevida, acesso, transmissão e divulgação não I - rol das informações que tenham sido desclassificadas nos últi-
autorizados. mos 12 (doze) meses;
Art. 26. As autoridades públicas adotarão as providências neces- II - rol de documentos classificados em cada grau de sigilo, com
sárias para que o pessoal a elas subordinado hierarquicamente conheça as identificação para referência futura;
normas e observe as medidas e procedimentos de segurança para trata-
mento de informações sigilosas.
III - relatório estatístico contendo a quantidade de pedidos de in- § 2o Pelas condutas descritas no caput, poderá o militar ou agente
formação recebidos, atendidos e indeferidos, bem como informações gené- público responder, também, por improbidade administrativa, conforme o
ricas sobre os solicitantes. disposto nas Leis nos 1.079, de 10 de abril de 1950, e 8.429, de 2 de junho
§ 1o Os órgãos e entidades deverão manter exemplar da publica- de 1992.
ção prevista no caput para consulta pública em suas sedes. Art. 33. A pessoa física ou entidade privada que detiver informa-
§ 2o Os órgãos e entidades manterão extrato com a lista de infor- ções em virtude de vínculo de qualquer natureza com o poder público e
mações classificadas, acompanhadas da data, do grau de sigilo e dos deixar de observar o disposto nesta Lei estará sujeita às seguintes san-
fundamentos da classificação. ções:
Seção V I - advertência;
Das Informações Pessoais II - multa;
Art. 31. O tratamento das informações pessoais deve ser feito de III - rescisão do vínculo com o poder público;
forma transparente e com respeito à intimidade, vida privada, honra e IV - suspensão temporária de participar em licitação e impedimento
imagem das pessoas, bem como às liberdades e garantias individuais. de contratar com a administração pública por prazo não superior a 2 (dois)
§ 1o As informações pessoais, a que se refere este artigo, relati- anos; e
vas à intimidade, vida privada, honra e imagem: V - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a ad-
I - terão seu acesso restrito, independentemente de classificação ministração pública, até que seja promovida a reabilitação perante a própria
de sigilo e pelo prazo máximo de 100 (cem) anos a contar da sua data de autoridade que aplicou a penalidade.
produção, a agentes públicos legalmente autorizados e à pessoa a que elas § 1o As sanções previstas nos incisos I, III e IV poderão ser apli-
se referirem; e cadas juntamente com a do inciso II, assegurado o direito de defesa do
II - poderão ter autorizada sua divulgação ou acesso por terceiros interessado, no respectivo processo, no prazo de 10 (dez) dias.
diante de previsão legal ou consentimento expresso da pessoa a que elas § 2o A reabilitação referida no inciso V será autorizada somente
se referirem. quando o interessado efetivar o ressarcimento ao órgão ou entidade dos
§ 2o Aquele que obtiver acesso às informações de que trata este prejuízos resultantes e após decorrido o prazo da sanção aplicada com
artigo será responsabilizado por seu uso indevido. base no inciso IV.
§ 3o O consentimento referido no inciso II do § 1o não será exigido § 3o A aplicação da sanção prevista no inciso V é de competência
quando as informações forem necessárias: exclusiva da autoridade máxima do órgão ou entidade pública, facultada a
I - à prevenção e diagnóstico médico, quando a pessoa estiver físi- defesa do interessado, no respectivo processo, no prazo de 10 (dez) dias
ca ou legalmente incapaz, e para utilização única e exclusivamente para o da abertura de vista.
tratamento médico; Art. 34. Os órgãos e entidades públicas respondem diretamente
II - à realização de estatísticas e pesquisas científicas de evidente pelos danos causados em decorrência da divulgação não autorizada ou
interesse público ou geral, previstos em lei, sendo vedada a identificação da utilização indevida de informações sigilosas ou informações pessoais,
pessoa a que as informações se referirem; cabendo a apuração de responsabilidade funcional nos casos de dolo ou
III - ao cumprimento de ordem judicial; culpa, assegurado o respectivo direito de regresso.
IV - à defesa de direitos humanos; ou Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se à pessoa física
V - à proteção do interesse público e geral preponderante. ou entidade privada que, em virtude de vínculo de qualquer natureza com
§ 4o A restrição de acesso à informação relativa à vida privada, órgãos ou entidades, tenha acesso a informação sigilosa ou pessoal e a
honra e imagem de pessoa não poderá ser invocada com o intuito de submeta a tratamento indevido.
prejudicar processo de apuração de irregularidades em que o titular das CAPÍTULO VI
informações estiver envolvido, bem como em ações voltadas para a recupe- DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
ração de fatos históricos de maior relevância. Art. 35. (VETADO).
§ 5o Regulamento disporá sobre os procedimentos para tratamen- § 1o É instituída a Comissão Mista de Reavaliação de Informa-
to de informação pessoal. ções, que decidirá, no âmbito da administração pública federal, sobre o
CAPÍTULO V tratamento e a classificação de informações sigilosas e terá competência
DAS RESPONSABILIDADES para:
Art. 32. Constituem condutas ilícitas que ensejam responsabilida- I - requisitar da autoridade que classificar informação como ultras-
de do agente público ou militar: secreta e secreta esclarecimento ou conteúdo, parcial ou integral da infor-
I - recusar-se a fornecer informação requerida nos termos desta mação;
Lei, retardar deliberadamente o seu fornecimento ou fornecê-la intencio- II - rever a classificação de informações ultrassecretas ou secretas,
nalmente de forma incorreta, incompleta ou imprecisa; de ofício ou mediante provocação de pessoa interessada, observado o
II - utilizar indevidamente, bem como subtrair, destruir, inutilizar, disposto no art. 7o e demais dispositivos desta Lei; e
desfigurar, alterar ou ocultar, total ou parcialmente, informação que se III - prorrogar o prazo de sigilo de informação classificada como ul-
encontre sob sua guarda ou a que tenha acesso ou conhecimento em razão trassecreta, sempre por prazo determinado, enquanto o seu acesso ou
do exercício das atribuições de cargo, emprego ou função pública; divulgação puder ocasionar ameaça externa à soberania nacional ou à
III - agir com dolo ou má-fé na análise das solicitações de acesso à integridade do território nacional ou grave risco às relações internacionais
informação; do País, observado o prazo previsto no § 1o do art. 24.
IV - divulgar ou permitir a divulgação ou acessar ou permitir acesso § 2o O prazo referido no inciso III é limitado a uma única renova-
indevido à informação sigilosa ou informação pessoal; ção.
V - impor sigilo à informação para obter proveito pessoal ou de ter- § 3o A revisão de ofício a que se refere o inciso II do § 1 o deverá
ceiro, ou para fins de ocultação de ato ilegal cometido por si ou por outrem; ocorrer, no máximo, a cada 4 (quatro) anos, após a reavaliação prevista no
VI - ocultar da revisão de autoridade superior competente informa- art. 39, quando se tratar de documentos ultrassecretos ou secretos.
ção sigilosa para beneficiar a si ou a outrem, ou em prejuízo de terceiros; e § 4o A não deliberação sobre a revisão pela Comissão Mista de
VII - destruir ou subtrair, por qualquer meio, documentos concer- Reavaliação de Informações nos prazos previstos no § 3o implicará a
nentes a possíveis violações de direitos humanos por parte de agentes do desclassificação automática das informações.
Estado. § 5o Regulamento disporá sobre a composição, organização e
§ 1o Atendido o princípio do contraditório, da ampla defesa e do funcionamento da Comissão Mista de Reavaliação de Informações, obser-
devido processo legal, as condutas descritas no caput serão consideradas: vado o mandato de 2 (dois) anos para seus integrantes e demais disposi-
I - para fins dos regulamentos disciplinares das Forças Armadas, ções desta Lei.
transgressões militares médias ou graves, segundo os critérios neles esta- Art. 36. O tratamento de informação sigilosa resultante de trata-
belecidos, desde que não tipificadas em lei como crime ou contravenção dos, acordos ou atos internacionais atenderá às normas e recomendações
penal; ou constantes desses instrumentos.
II - para fins do disposto na Lei no 8.112, de 11 de dezembro de Art. 37. É instituído, no âmbito do Gabinete de Segurança Institu-
1990, e suas alterações, infrações administrativas, que deverão ser apena- cional da Presidência da República, o Núcleo de Segurança e Credencia-
das, no mínimo, com suspensão, segundo os critérios nela estabelecidos. mento (NSC), que tem por objetivos:
I - promover e propor a regulamentação do credenciamento de se- “Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsabilizado civil, penal
gurança de pessoas físicas, empresas, órgãos e entidades para tratamento ou administrativamente por dar ciência à autoridade superior ou, quan-
de informações sigilosas; e do houver suspeita de envolvimento desta, a outra autoridade compe-
II - garantir a segurança de informações sigilosas, inclusive aque- tente para apuração de informação concernente à prática de crimes ou
las provenientes de países ou organizações internacionais com os quais a improbidade de que tenha conhecimento, ainda que em decorrência do
República Federativa do Brasil tenha firmado tratado, acordo, contrato ou exercício de cargo, emprego ou função pública.”
qualquer outro ato internacional, sem prejuízo das atribuições do Ministério
das Relações Exteriores e dos demais órgãos competentes. Art. 45. Cabe aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios,
Parágrafo único. Regulamento disporá sobre a composição, orga- em legislação própria, obedecidas as normas gerais estabelecidas nesta
nização e funcionamento do NSC. Lei, definir regras específicas, especialmente quanto ao disposto no art.
Art. 38. Aplica-se, no que couber, a Lei no 9.507, de 12 de novem- 9o e na Seção II do Capítulo III.
bro de 1997, em relação à informação de pessoa, física ou jurídica, cons- Art. 46. Revogam-se:
tante de registro ou banco de dados de entidades governamentais ou de I - a Lei no 11.111, de 5 de maio de 2005; e
caráter público. II - os arts. 22 a 24 da Lei no 8.159, de 8 de janeiro de 1991.
Art. 39. Os órgãos e entidades públicas deverão proceder à reava- Art. 47. Esta Lei entra em vigor 180 (cento e oitenta) dias após a
liação das informações classificadas como ultrassecretas e secretas no data de sua publicação.
prazo máximo de 2 (dois) anos, contado do termo inicial de vigência desta
Lei. DECRETO Nº 7.724, DE 16 DE MAIO DE 2012
§ 1o A restrição de acesso a informações, em razão da reavalia- Regulamenta a Lei no 12.527, de 18 de novembro de 2011, que dispõe sobre
ção prevista no caput, deverá observar os prazos e condições previstos o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do caput do art. 5o, no inciso
nesta Lei. II do § 3o do art. 37 e no § 2o do art. 216 da Constituição.
§ 2o No âmbito da administração pública federal, a reavaliação A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe
prevista no caput poderá ser revista, a qualquer tempo, pela Comissão confere o art. 84, caput, incisos IV e VI, alínea “a”, da Constituição, e tendo
Mista de Reavaliação de Informações, observados os termos desta Lei. em vista o disposto na Lei no 12.527, de 18 de novembro de 2011,
§ 3o Enquanto não transcorrido o prazo de reavaliação previsto DECRETA:
no caput, será mantida a classificação da informação nos termos da legisla- CAPÍTULO I
ção precedente. DISPOSIÇÕES GERAIS
§ 4o As informações classificadas como secretas e ultras secretas Art. 1o Este Decreto regulamenta, no âmbito do Poder Executivo fe-
não reavaliadas no prazo previsto no caput serão consideradas, automati- deral, os procedimentos para a garantia do acesso à informação e para a
camente, de acesso público. classificação de informações sob restrição de acesso, observados grau e
Art. 40. No prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da vigência desta prazo de sigilo, conforme o disposto na Lei no 12.527, de 18 de novembro de
Lei, o dirigente máximo de cada órgão ou entidade da administração públi- 2011, que dispõe sobre o acesso a informações previsto no inciso XXXIII
ca federal direta e indireta designará autoridade que lhe seja diretamente do caput do art. 5o, no inciso II do § 3o do art. 37 e no § 2o do art. 216 da
subordinada para, no âmbito do respectivo órgão ou entidade, exercer as Constituição.
seguintes atribuições: Art. 2o Os órgãos e as entidades do Poder Executivo federal asse-
I - assegurar o cumprimento das normas relativas ao acesso a in- gurarão, às pessoas naturais e jurídicas, o direito de acesso à informação,
formação, de forma eficiente e adequada aos objetivos desta Lei; que será proporcionado mediante procedimentos objetivos e ágeis, de forma
II - monitorar a implementação do disposto nesta Lei e apresentar transparente, clara e em linguagem de fácil compreensão, observados os
relatórios periódicos sobre o seu cumprimento; princípios da administração pública e as diretrizes previstas na Lei no 12.527,
III - recomendar as medidas indispensáveis à implementação e ao de 2011.
aperfeiçoamento das normas e procedimentos necessários ao correto Art. 3o Para os efeitos deste Decreto, considera-se:
cumprimento do disposto nesta Lei; e I - informação - dados, processados ou não, que podem ser utiliza-
IV - orientar as respectivas unidades no que se refere ao cumpri- dos para produção e transmissão de conhecimento, contidos em qualquer
mento do disposto nesta Lei e seus regulamentos. meio, suporte ou formato;
Art. 41. O Poder Executivo Federal designará órgão da adminis-
tração pública federal responsável: II - dados processados - dados submetidos a qualquer operação ou
I - pela promoção de campanha de abrangência nacional de fo- tratamento por meio de processamento eletrônico ou por meio automatizado
mento à cultura da transparência na administração pública e conscientiza- com o emprego de tecnologia da informação;
ção do direito fundamental de acesso à informação;
III - documento - unidade de registro de informações, qualquer que
II - pelo treinamento de agentes públicos no que se refere ao de-
seja o suporte ou formato;
senvolvimento de práticas relacionadas à transparência na administração
pública; IV - informação sigilosa - informação submetida temporariamente à
III - pelo monitoramento da aplicação da lei no âmbito da adminis- restrição de acesso público em razão de sua imprescindibilidade para a
tração pública federal, concentrando e consolidando a publicação de infor- segurança da sociedade e do Estado, e aquelas abrangidas pelas demais
mações estatísticas relacionadas no art. 30; hipóteses legais de sigilo;
IV - pelo encaminhamento ao Congresso Nacional de relatório a-
nual com informações atinentes à implementação desta Lei. V - informação pessoal - informação relacionada à pessoa natural i-
Art. 42. O Poder Executivo regulamentará o disposto nesta Lei no dentificada ou identificável, relativa à intimidade, vida privada, honra e ima-
prazo de 180 (cento e oitenta) dias a contar da data de sua publicação. gem;
Art. 43. O inciso VI do art. 116 da Lei no 8.112, de 11 de dezembro VI - tratamento da informação - conjunto de ações referentes à pro-
de 1990, passa a vigorar com a seguinte redação: dução, recepção, classificação, utilização, acesso, reprodução, transporte,
transmissão, distribuição, arquivamento, armazenamento, eliminação, avalia-
“Art. 116. ção, destinação ou controle da informação;
...................................................................
VII - disponibilidade - qualidade da informação que pode ser conhe-
cida e utilizada por indivíduos, equipamentos ou sistemas autorizados;
VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em razão do cargo ao
conhecimento da autoridade superior ou, quando houver suspeita de VIII - autenticidade - qualidade da informação que tenha sido produ-
envolvimento desta, ao conhecimento de outra autoridade competente zida, expedida, recebida ou modificada por determinado indivíduo, equipa-
para apuração; mento ou sistema;
IX - integridade - qualidade da informação não modificada, inclusive
Art. 44. O Capítulo IV do Título IV da Lei no 8.112, de 1990, passa a vigorar quanto à origem, trânsito e destino;
acrescido do seguinte art. 126-A:
X - primariedade - qualidade da informação coletada na fonte, com o II - programas, projetos, ações, obras e atividades, com indicação da
máximo de detalhamento possível, sem modificações; unidade responsável, principais metas e resultados e, quando existentes,
indicadores de resultado e impacto;
XI - informação atualizada - informação que reúne os dados mais re-
centes sobre o tema, de acordo com sua natureza, com os prazos previstos III - repasses ou transferências de recursos financeiros;
em normas específicas ou conforme a periodicidade estabelecida nos siste-
mas informatizados que a organizam; e IV - execução orçamentária e financeira detalhada;
XII - documento preparatório - documento formal utilizado como fun- V - licitações realizadas e em andamento, com editais, anexos e re-
damento da tomada de decisão ou de ato administrativo, a exemplo de pare- sultados, além dos contratos firmados e notas de empenho emitidas;
ceres e notas técnicas. VI - remuneração e subsídio recebidos por ocupante de cargo, pos-
Art. 4o A busca e o fornecimento da informação são gratuitos, res- to, graduação, função e emprego público, incluindo auxílios, ajudas de
salvada a cobrança do valor referente ao custo dos serviços e dos materiais custo, jetons e quaisquer outras vantagens pecuniárias, bem como proven-
utilizados, tais como reprodução de documentos, mídias digitais e postagem. tos de aposentadoria e pensões daqueles que estiverem na ativa, de ma-
Parágrafo único. Está isento de ressarcir os custos dos serviços e neira individualizada, conforme ato do Ministério do Planejamento, Orça-
dos materiais utilizados aquele cuja situação econômica não lhe permita fazê- mento e Gestão;
lo sem prejuízo do sustento próprio ou da família, declarada nos termos da Lei VII - respostas a perguntas mais frequentes da sociedade; e
no 7.115, de 29 de agosto de 1983.
CAPÍTULO II VIII - contato da autoridade de monitoramento, designada nos termos
DA ABRANGÊNCIA do art. 40 da Lei no 12.527, de 2011, e telefone e correio eletrônico do Serviço
de Informações ao Cidadão - SIC.
Art. 5o Sujeitam-se ao disposto neste Decreto os órgãos da admi- § 4o As informações poderão ser disponibilizadas por meio de fer-
nistração direta, as autarquias, as fundações públicas, as empresas públi- ramenta de redirecionamento de página na Internet, quando estiverem dispo-
cas, as sociedades de economia mista e as demais entidades controladas níveis em outros sítios governamentais.
direta ou indiretamente pela União. § 5o No caso das empresas públicas, sociedades de economia mista e
§ 1o A divulgação de informações de empresas públicas, sociedade demais entidades controladas pela União que atuem em regime de concor-
de economia mista e demais entidades controladas pela União que atuem em rência, sujeitas ao disposto no art. 173 da Constituição, aplica-se o disposto
regime de concorrência, sujeitas ao disposto no art. 173 da Constituição, no § 1o do art. 5o.
estará submetida às normas pertinentes da Comissão de Valores Mobiliários, § 6o O Banco Central do Brasil divulgará periodicamente informações
a fim de assegurar sua competitividade, governança corporativa e, quando relativas às operações de crédito praticadas pelas instituições financeiras,
houver, os interesses de acionistas minoritários. inclusive as taxas de juros mínima, máxima e média e as respectivas tarifas
bancárias.
§ 2o Não se sujeitam ao disposto neste Decreto as informações § 7o A divulgação das informações previstas no § 3o não exclui ou-
relativas à atividade empresarial de pessoas físicas ou jurídicas de direito tras hipóteses de publicação e divulgação de informações previstas na legis-
privado obtidas pelo Banco Central do Brasil, pelas agências reguladoras lação.
ou por outros órgãos ou entidades no exercício de atividade de controle, Art. 8o Os sítios na Internet dos órgãos e entidades deverão, em
regulação e supervisão da atividade econômica cuja divulgação possa cumprimento às normas estabelecidas pelo Ministério do Planejamento,
representar vantagem competitiva a outros agentes econômicos. Orçamento e Gestão, atender aos seguintes requisitos, entre outros:
Art. 6o O acesso à informação disciplinado neste Decreto não se a- I - conter formulário para pedido de acesso à informação;
plica:
II - conter ferramenta de pesquisa de conteúdo que permita o acesso
I - às hipóteses de sigilo previstas na legislação, como fiscal, bancá- à informação de forma objetiva, transparente, clara e em linguagem de fácil
rio, de operações e serviços no mercado de capitais, comercial, profissional, compreensão;
industrial e segredo de justiça; e
III - possibilitar gravação de relatórios em diversos formatos eletrôni-
II - às informações referentes a projetos de pesquisa e desenvolvi- cos, inclusive abertos e não proprietários, tais como planilhas e texto, de
mento científicos ou tecnológicos cujo sigilo seja imprescindível à segurança modo a facilitar a análise das informações;
da sociedade e do Estado, na forma do §1o do art. 7o da Lei no 12.527, de
2011. IV - possibilitar acesso automatizado por sistemas externos em for-
matos abertos, estruturados e legíveis por máquina;
CAPÍTULO III
DA TRANSPARÊNCIA ATIVA V - divulgar em detalhes os formatos utilizados para estruturação da
Art. 7o É dever dos órgãos e entidades promover, independente de informação;
requerimento, a divulgação em seus sítios na Internet de informações de VI - garantir autenticidade e integridade das informações disponíveis
interesse coletivo ou geral por eles produzidas ou custodiadas, observado o para acesso;
disposto nos arts. 7o e 8o da Lei no 12.527, de 2011.
§ 1o Os órgãos e entidades deverão implementar em seus sítios na VII - indicar instruções que permitam ao requerente comunicar-se,
Internet seção específica para a divulgação das informações de que trata por via eletrônica ou telefônica, com o órgão ou entidade; e
o caput. VIII - garantir a acessibilidade de conteúdo para pessoas com defici-
§ 2o Serão disponibilizados nos sítios na Internet dos órgãos e enti- ência.
dades, conforme padrão estabelecido pela Secretaria de Comunicação Social CAPÍTULO IV
da Presidência da República: DA TRANSPARÊNCIA PASSIVA
I - banner na página inicial, que dará acesso à seção específica de Seção I
que trata o § 1o; e Do Serviço de Informação ao Cidadão
Art. 9o Os órgãos e entidades deverão criar Serviço de Informações
II - barra de identidade do Governo federal, contendo ferramenta de ao Cidadão - SIC, com o objetivo de:
redirecionamento de página para o Portal Brasil e para o sítio principal sobre I - atender e orientar o público quanto ao acesso à informação;
a Lei no 12.527, de 2011.
§ 3o Deverão ser divulgadas, na seção específica de que trata o § II - informar sobre a tramitação de documentos nas unidades; e
1o, informações sobre: III - receber e registrar pedidos de acesso à informação.
Parágrafo único. Compete ao SIC:
I - estrutura organizacional, competências, legislação aplicável, prin-
cipais cargos e seus ocupantes, endereço e telefones das unidades, horá- I - o recebimento do pedido de acesso e, sempre que possível, o for-
rios de atendimento ao público; necimento imediato da informação;
II - o registro do pedido de acesso em sistema eletrônico específico e comprometer sua regular tramitação, será adotada a medida prevista no
a entrega de número do protocolo, que conterá a data de apresentação do inciso II do § 1o.
pedido; e § 3o Quando a manipulação puder prejudicar a integridade da infor-
mação ou do documento, o órgão ou entidade deverá indicar data, local e
III - o encaminhamento do pedido recebido e registrado à unidade modo para consulta, ou disponibilizar cópia, com certificação de que confere
responsável pelo fornecimento da informação, quando couber. com o original.
Art. 10. O SIC será instalado em unidade física identificada, de fácil § 4o Na impossibilidade de obtenção de cópia de que trata o § 3o, o
acesso e aberta ao público. requerente poderá solicitar que, às suas expensas e sob supervisão de
§ 1o Nas unidades descentralizadas em que não houver SIC será servidor público, a reprodução seja feita por outro meio que não ponha em
oferecido serviço de recebimento e registro dos pedidos de acesso à informa- risco a integridade do documento original.
ção. Art. 16. O prazo para resposta do pedido poderá ser prorrogado por
§ 2o Se a unidade descentralizada não detiver a informação, o pedi- dez dias, mediante justificativa encaminhada ao requerente antes do término
do será encaminhado ao SIC do órgão ou entidade central, que comunicará do prazo inicial de vinte dias.
ao requerente o número do protocolo e a data de recebimento do pedido, a Art. 17. Caso a informação esteja disponível ao público em formato
partir da qual se inicia o prazo de resposta. impresso, eletrônico ou em outro meio de acesso universal, o órgão ou enti-
Seção II dade deverá orientar o requerente quanto ao local e modo para consultar,
Do Pedido de Acesso à Informação obter ou reproduzir a informação.
Art. 11. Qualquer pessoa, natural ou jurídica, poderá formular pedido Parágrafo único. Na hipótese do caput o órgão ou entidade desobri-
de acesso à informação. ga-se do fornecimento direto da informação, salvo se o requerente declarar
§ 1o O pedido será apresentado em formulário padrão, disponibiliza- não dispor de meios para consultar, obter ou reproduzir a informação.
do em meio eletrônico e físico, no sítio na Internet e no SIC dos órgãos e Art. 18. Quando o fornecimento da informação implicar reprodução
entidades. de documentos, o órgão ou entidade, observado o prazo de resposta ao
§ 2o O prazo de resposta será contado a partir da data de apresen- pedido, disponibilizará ao requerente Guia de Recolhimento da União - GRU
tação do pedido ao SIC. ou documento equivalente, para pagamento dos custos dos serviços e dos
§ 3o É facultado aos órgãos e entidades o recebimento de pedidos materiais utilizados.
de acesso à informação por qualquer outro meio legítimo, como contato Parágrafo único. A reprodução de documentos ocorrerá no prazo de
telefônico, correspondência eletrônica ou física, desde que atendidos os dez dias, contado da comprovação do pagamento pelo requerente ou da
requisitos do art. 12. entrega de declaração de pobreza por ele firmada, nos termos da Lei
§ 4o Na hipótese do § 3o, será enviada ao requerente comunicação no 7.115, de 1983, ressalvadas hipóteses justificadas em que, devido ao
com o número de protocolo e a data do recebimento do pedido pelo SIC, a volume ou ao estado dos documentos, a reprodução demande prazo superior.
partir da qual se inicia o prazo de resposta. Art. 19. Negado o pedido de acesso à informação, será enviada ao
Art. 12. O pedido de acesso à informação deverá conter: requerente, no prazo de resposta, comunicação com:
I - nome do requerente; I - razões da negativa de acesso e seu fundamento legal;
II - número de documento de identificação válido; II - possibilidade e prazo de recurso, com indicação da autoridade
III - especificação, de forma clara e precisa, da informação requerida; que o apreciará; e
e III - possibilidade de apresentação de pedido de desclassificação da
informação, quando for o caso, com indicação da autoridade classificadora
IV - endereço físico ou eletrônico do requerente, para recebimento de
que o apreciará.
comunicações ou da informação requerida.
Art. 13. Não serão atendidos pedidos de acesso à informação: §1o As razões de negativa de acesso a informação classificada indi-
carão o fundamento legal da classificação, a autoridade que a classificou e o
I - genéricos; código de indexação do documento classificado.
II - desproporcionais ou desarrazoados; ou § 2o Os órgãos e entidades disponibilizarão formulário padrão para
apresentação de recurso e de pedido de desclassificação.
III - que exijam trabalhos adicionais de análise, interpretação ou con-
solidação de dados e informações, ou serviço de produção ou tratamento de Art. 20. O acesso a documento preparatório ou informação nele con-
dados que não seja de competência do órgão ou entidade. tida, utilizados como fundamento de tomada de decisão ou de ato administra-
Parágrafo único. Na hipótese do inciso III do caput, o órgão ou enti- tivo, será assegurado a partir da edição do ato ou decisão.
dade deverá, caso tenha conhecimento, indicar o local onde se encontram as Parágrafo único. O Ministério da Fazenda e o Banco Central do Bra-
informações a partir das quais o requerente poderá realizar a interpretação, sil classificarão os documentos que embasarem decisões de política econô-
consolidação ou tratamento de dados. mica, tais como fiscal, tributária, monetária e regulatória.
Art. 14. São vedadas exigências relativas aos motivos do pedido de Seção IV
acesso à informação. Dos Recursos
Seção III Art. 21. No caso de negativa de acesso à informação ou de não
Do Procedimento de Acesso à Informação fornecimento das razões da negativa do acesso, poderá o requerente
Art. 15. Recebido o pedido e estando a informação disponível, o a- apresentar recurso no prazo de dez dias, contado da ciência da decisão, à
cesso será imediato. autoridade hierarquicamente superior à que adotou a decisão, que deverá
§ 1o Caso não seja possível o acesso imediato, o órgão ou entidade apreciá-lo no prazo de cinco dias, contado da sua apresentação.
deverá, no prazo de até vinte dias: Parágrafo único. Desprovido o recurso de que trata o caput, poderá
o requerente apresentar recurso no prazo de dez dias, contado da ciência
I - enviar a informação ao endereço físico ou eletrônico informado; da decisão, à autoridade máxima do órgão ou entidade, que deverá se
II - comunicar data, local e modo para realizar consulta à informação, manifestar em cinco dias contados do recebimento do recurso.
efetuar reprodução ou obter certidão relativa à informação; Art. 22. No caso de omissão de resposta ao pedido de acesso à
informação, o requerente poderá apresentar reclamação no prazo de dez
III - comunicar que não possui a informação ou que não tem conhe- dias à autoridade de monitoramento de que trata o art. 40 da Lei no 12.527,
cimento de sua existência; de 2011, que deverá se manifestar no prazo de cinco dias, contado do
recebimento da reclamação.
IV - indicar, caso tenha conhecimento, o órgão ou entidade respon-
§ 1o O prazo para apresentar reclamação começará trinta dias a-
sável pela informação ou que a detenha; ou
pós a apresentação do pedido.
V - indicar as razões da negativa, total ou parcial, do acesso. § 2o A autoridade máxima do órgão ou entidade poderá designar
§ 2o Nas hipóteses em que o pedido de acesso demandar manuseio outra autoridade que lhe seja diretamente subordinada como responsável
de grande volume de documentos, ou a movimentação do documento puder pelo recebimento e apreciação da reclamação.
Art. 23. Desprovido o recurso de que trata o parágrafo único do a) Presidente da República;
art. 21 ou infrutífera a reclamação de que trata o art. 22, poderá o requeren- b) Vice-Presidente da República;
te apresentar recurso no prazo de dez dias, contado da ciência da decisão, c) Ministros de Estado e autoridades com as mesmas prerrogativas;
à Controladoria-Geral da União, que deverá se manifestar no prazo de d) Comandantes da Marinha, do Exército, da Aeronáutica; e
cinco dias, contado do recebimento do recurso. e) Chefes de Missões Diplomáticas e Consulares permanentes no
§ 1o A Controladoria-Geral da União poderá determinar que o ór- exterior;
gão ou entidade preste esclarecimentos.
§ 2o Provido o recurso, a Controladoria-Geral da União fixará pra- II - no grau secreto, das autoridades referidas no inciso I do caput,
zo para o cumprimento da decisão pelo órgão ou entidade. dos titulares de autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de
Art. 24. No caso de negativa de acesso à informação, ou às ra- economia mista; e
zões da negativa do acesso de que trata o caput do art. 21, desprovido o III - no grau reservado, das autoridades referidas nos incisos I e II
recurso pela Controladoria-Geral da União, o requerente poderá apresentar, do caput e das que exerçam funções de direção, comando ou chefia do
no prazo de dez dias, contado da ciência da decisão, recurso à Comissão Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, nível DAS 101.5 ou
Mista de Reavaliação de Informações, observados os procedimentos pre- superior, e seus equivalentes.
vistos no Capítulo VI. § 1o É vedada a delegação da competência de classificação nos
CAPÍTULO V graus de sigilo ultrassecreto ou secreto.
DAS INFORMAÇÕES CLASSIFICADAS EM GRAU DE SIGILO § 2o O dirigente máximo do órgão ou entidade poderá delegar a
Seção I competência para classificação no grau reservado a agente público que
Da Classificação de Informações quanto ao Grau e Prazos de Sigilo exerça função de direção, comando ou chefia.
Art. 25. São passíveis de classificação as informações consideradas § 3o É vedada a subdelegação da competência de que trata o § 2o.
imprescindíveis à segurança da sociedade ou do Estado, cuja divulgação ou § 4o Os agentes públicos referidos no § 2o deverão dar ciência do
acesso irrestrito possam: ato de classificação à autoridade delegante, no prazo de noventa dias.
I - pôr em risco a defesa e a soberania nacionais ou a integridade do § 5o A classificação de informação no grau ultrassecreto pelas auto-
território nacional; ridades previstas nas alíneas “d” e “e” do inciso I do caput deverá ser ratifica-
da pelo Ministro de Estado, no prazo de trinta dias.
II - prejudicar ou pôr em risco a condução de negociações ou as re- § 6o Enquanto não ratificada, a classificação de que trata o §
lações internacionais do País; o
5 considera-se válida, para todos os efeitos legais.
Seção II
III - prejudicar ou pôr em risco informações fornecidas em caráter si- Dos Procedimentos para Classificação de Informação
giloso por outros Estados e organismos internacionais; Art. 31. A decisão que classificar a informação em qualquer grau de
IV - pôr em risco a vida, a segurança ou a saúde da população; sigilo deverá ser formalizada no Termo de Classificação de Informação - TCI,
conforme modelo contido no Anexo, e conterá o seguinte:
V - oferecer elevado risco à estabilidade financeira, econômica ou
monetária do País; I - código de indexação de documento;
29. O órgão vinculado ao Arquivo Nacional que define a política nacional 38. Nos arquivos, a guarda e conservação dos documentos visando à sua
de arquivos é o: utilização são características da:
a) SINARQ; a) criação
b) ABARQ; b) função
c) REBARQ; c) finalidade
d) COLMARQ; d) localização
e) CONARQ. e) importância
30. Quanto ao gênero, os microfilmes são documentos classificados 39. A centralização dos arquivos correntes não é apenas a reunião da
como: documentação em único local, como também a concentração de todas
a) cartográficos as atividades de controle de documentos. O órgão encarregado dessa
b) iconográficos centralização é o protocolo que concentra as seguintes atividades:
c) audiovisuais a) arquivo, controle, análise e eliminação
d) textuais b) expedição, controle, retenção e expurgo
c) avaliação, levantamento, movimentação e descarte
31. Ao usar o Método Numérico Simples, os correspondentes eventuais d) recebimento, registro, distribuição e movimentação
terão a sua documentação arquivada em pastas, que constituirão uma e) planejamento, análise, implantação e acompanhamento
série à parte, chamadas de:
a) especiais
b) reservadas 40. O método cronológico é adotado em quase todas as repartições
c) miscelâneas públicas. Numera-se o documento depois de autuado, colocando-o
d) confidenciais
numa capa de cartolina. Além do número, são transcritas outras in-
formações. Esse documento denomina-se:
a) catálogo
b) protocolo
c) inventário
d) repertório
e) processo
GABARITO:
01 A 11 C 21 D 31 C 41 C
2 D 12 E 22 A 32 C 42 B
3 C 13 E 23 D 33 D 43 A
4 B 14 A 24 B 34 B 44 B
5 A 15 B 25 B 35 D 45 E
6 D 16 E 26 C 36 D
7 C 17 B 27 E 37 A
8 E 18 A 28 B 38 B
9 B 19 C 29 E 39 D
10 A 20 B 30 C 40 E
Conforme a Lei 9.610/98, é proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial
sem a autorização prévia e expressa do autor (artigo 29). Todos os direitos reservados.