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A constituição é algo que tem, como forma, um Flexível é a que pode ser livremente modificada
complexo de normas; como conteúdo, a conduta humana pelo legislador segundo o mesmo processo de elaboração
motivada das relações sociais; como fim, a realização dos das leis ordinárias.
valores que apontam para o existir da comunidade; e,
finalmente, como causa criadora e recriadora, o poder que Semirrígida é a que contém uma parte rígida e
emana do povo; não podendo ser compreendida e uma flexível.
interpretada, se não tiver em mente essa estrutura,
considerada como conexão de sentido, como é tudo aquilo
que integra um conjunto de valores.
3) Objeto: estabelecer a estrutura do Estado, a
2) Classificação das Constituições: organização de seus órgãos, o modo de aquisição do poder
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e a forma de seu exercício, limites de sua atuação, é que se chama de inconstitucionalidades da lei ou dos atos
assegurar os direitos e garantias dos indivíduos, fixar o do Poder Público;
regime político e disciplinar os fins socioeconômicos do
Estado, bem como os fundamentos dos direitos - Por omissão: verifica-se nos casos em que não
econômicos, sociais e culturais. sejam praticados atos requeridos pata tornar plenamente
aplicáveis normas constitucionais; não realizado um direito
por omissão do legislador, caracteriza-se como
4) Conteúdo: é variável no espaço e no tempo, inconstitucional; pressuposto para a propositura de uma
integrando a multiplicidade no “uno”das instituições ação de inconstitucionalidade por omissão.
econômicas, jurídicas, políticas e sociais na unidade
múltipla da lei fundamental do Estado.
9) Sistema de controle de constitucionalidade:
se estabelece, tecnicamente, para defender a supremacia
5) Elementos: por sua generalidade, revela em constitucional contra as inconstitucionalidades.
sua estrutura normativa as seguintes categorias:
a) Elementos orgânicos: que se contêm nas - Controle político: entrega a verificação de
normas que regulam a estrutura do Estado e do poder; inconstitucionalidade a órgãos de natureza política;
b) Limitativos: que se manifestam nas - Jurisdicional: é a faculdade no qual as
normas que consubstanciam o elenco dos direitos e constituições outorga ao Judiciário de declarar a
garantias fundamentais; limitam a ação dos poderes inconstitucionalidade de lei ou outros atos de Poder Público;
estatais e dão a tônica do Estado de Direito (individuais e Misto: realiza-se quando a constituição submete certas
suas garantias, de nacionalidade, políticos); categorias de lei ao controle político e outras ao controle
c) Sócio ideológico: consubstanciados nas jurisdicional.
normas sócio ideológicas, que revelam a caráter de
compromisso das constituições modernas entre o Estado
individualista e o social intervencionista; 10) Critérios e modos de exercício do controle
d) De estabilização constitucional: jurisdicional: são conhecidos dois critérios de controle:
consagrados nas normas destinadas a assegurar a solução Controle difuso: verifica-se quando se reconhece o seu
dos conflitos constitucionais, a defesa da constituição, do exercício a todos os componentes do Judiciário; controle
Estado e das instituições democráticas; concentrado: se só for deferido ao tribunal de cúpula do
e) Formais de aplicabilidade: são os que se Judiciário; subordina-se ao princípio geral de que não há
acham consubstanciados nas normas que estatuem regras juízo sem autor, rigorosamente seguido no sistema
de aplicação das constituições, assim, o preâmbulo, o brasileiro, como na maioria que possui controle difuso.
dispositivo que contém as clausulas de promulgação e as
disposições transitórias, assim, as normas definidoras dos
direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata. 11) Sistema brasileiro de controle de
constitucionalidade: é jurisdicional introduzido com a
Constituição de 1891, acolhendo o controle difuso por via
de exceção (cabe ao demandado arguir a
SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO inconstitucionalidade, apresentando sua defesa num caso
concreto), perdurando até a vigente; em vista da atual
6) Rigidez e supremacia constitucional: A constituição, temos a inconstitucionalidade por ação ou
rigidez decorre da maior dificuldade para sua modificação omissão; o controle é jurisdicional, combinando os critérios
do que as demais; dela emana o princípio da supremacia difuso e concentrado, este de competência do STF;
da constituição, colocando-a no vértice do sistema jurídico. portanto, temos o exercício do controle por via de exceção
e por ação direta de inconstitucionalidade e ainda a ação
declaratória de constitucionalidade; a ação direta de
7) Supremacia da Constituição Federal: por ser inconstitucionalidade compreende três modalidades:
rígida, toda autoridade só nela encontra fundamento e só Interventiva, genérica e a supridora de omissão. A
ela confere poderes e competências governamentais; constituição mantém a regra segundo a qual somente pelo
exerce, suas atribuições nos termos dela; sendo que todas voto da maioria absoluta de seus membros ou dos
as normas que integram a ordenação jurídica nacional só membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais
serão válidas se se conformarem com as normas declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do
constitucionais federais. Poder Público. (art. 97)
verificação da existência ou do vício alegado; a sentença é normativo federal impugnado em processos concretos; não
declaratória; faz coisa julgada somente no caso e entre as tem por objeto a verificação da constitucionalidade de lei ou
partes; no que tange ao caso concreto, a declaração surte ato estadual ou municipal, não há previsão dessa
efeitos ex tunc; no entanto a lei contínua eficaz e aplicável, possibilidade.
até que seja suspensa sua executoriedade pelo Senado;
ato que não revoga nem anula a lei, apenas lhe retira a
eficácia, daí por diante ex nunc. 14) Legitimação e competência para a ação:
segundo o art. 103,§ 4º, poderão propô-la o Presidente da
- Qual a eficácia da sentença proferida no República, a Mesa do Senado Federal, a Mesa da Câmara
processo de ação direta de inconstitucionalidade dos Deputados e o Procurador-Geral da República, e o STF
genérica?: Tem por objeto a própria questão de já decidiu que não cabe a intervenção do Advogado-Geral
inconstitucionalidade; qualquer decisão, que a decrete, da União no processo dessa ação.
deverá ter eficácia erga omnes (genérica) e obrigatória; a A competência para processar e julgar a ação
sentença aí faz coisa julgada material, que vincula as declaratória de constitucionalidade é exclusivamente do
autoridades aplicadoras da lei, que não poderão mais dar- STF.
lhe execução sob pena de arrostar a eficácia da coisa
julgada, uma vez que a declaração de inconstitucionalidade
em tese visa precisamente atingir o efeito imediato de 15) Efeitos da decisão da ação declaratória de
retirar a aplicabilidade da lei. constitucionalidade: segundo a art. 102, § 2º, as decisões
definitivas de mérito nessas ações, produzirão eficácia
- Efeito da sentença proferida no processo de contra todos e efeito vinculante aos demais órgãos do
ação de inconstitucionalidade interventiva: visa não Judiciário e do Executivo; terá efeito erga omnes, se
apenas obter a declaração de inconstitucionalidade, mas estendendo a todos os feitos em andamento, paralisando-
também restabelecer a ordem constitucional no Estado, ou os com o desfazimento dos efeitos das decisões neles
Município, mediante a intervenção; a sentença não será proferidas no primeiro caso ou a confirmação desses efeitos
meramente declaratória; não cabendo ao Senado à no segundo caso; o ato, dali por diante, é constitucional,
suspensão da execução do ato; a Constituição declara que sem possibilidade de qualquer outra declaração em
o decreto se limitará a suspender a execução do ato contrário; pelo efeito vinculante à função jurisdicional dos
impugnado, se essa medida bastar ao restabelecimento da demais órgãos do Judiciário, nenhum juízo ou Tribunal
normalidade; a decisão tem um efeito condenatório que poderá conhecer de ação ou processo em que se postule
fundamenta o decreto de intervenção; a condenação tem uma decisão contrária à declaração emitida no processo de
efeito constitutivo da sentença que faz coisa julgada ação declaratória de constitucionalidade pelo STF nem
material erga omnes. produzir validamente ato normativo em sentido contrário
àquela decisão.
- Efeito da declaração de inconstitucionalidade
por omissão: o efeito está no art. 103, § 2º da
Constituição, ao estatuir que, declarada a
inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar EMENDA À CONSTITUIÇÃO
efetiva norma constitucional, será dada ciência ao Poder Emenda é o processo formal de mudanças das
competente para a adoção das providências necessárias e, constituições rígidas, por meio de atuação de certos órgãos,
em se tratando de órgão administrativo, p ara fazê-lo em 30 mediante determinadas formalidades, estabelecidas nas
dias; a sentença que reconhece a inconstitucionalidade por próprias constituições para o exercício do poder reformador;
omissão é declaratória, mas não meramente, porque dela é a modificação de certos pontos, cuja estabilidade o
decorre um efeito ulterior de natureza mandamental no legislador constituinte não considerou tão grande como
sentido de exigir a adoção das providências necessárias ao outros mais valiosos, se bem que submetida a obstáculos e
suprimento da omissão. formalidades mais difíceis que os exigidos para a alteração
das leis ordinárias; é o único sistema de mudança formal da
AÇÃO DECLARATÓRIA DE Constituição.
CONSTITUCIONALIDADE
É uma ação que tem a característica de um meio 16) Sistema brasileiro: Apresentada a proposta,
paralisante de debates em torno de questões jurídicas será ela discutida e votada em cada Casa do Congresso
fundamentais de interesse coletivo; terá como pressuposto Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada
fático a existência de decisões de constitucionalidade, em quando obtiver, em ambos, três quintos (3/5) dos votos dos
processos concretos, contrárias à posição governamental; membros de cada uma delas (art. 60, § 2º); uma vez
seu exercício gera um processo constitucional contencioso, aprovada, a emenda será promulgada pelas Mesas da
de fato, porque visa desfazer decisões proferidas entre as Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o
partes, mediante sua propositura por uma delas; tem respectivo número de ordem; acrescenta-se que a matéria
natureza de meio de impugnação antes que de ação, com o constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por
mesmo objeto das contestações, sustentando a prejudicada não poderá ser objeto de nova proposta na
constitucionalidade da lei ou ato normativo. mesma sessão legislativa (art. 60, § 5º).
seu lugar, proceder às modificações na Constituição, que a Art. 2º São Poderes da União, independentes e
realidade exige; segundo o Prof. Manoel G. Ferreira Filho, harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o
poder constituinte de revisão “é aquele poder, inerente à Judiciário.
Constituição rígida que se destina a modificá-la, segundo o Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da
que a mesma estabelece; visa permitir a mudança da República Federativa do Brasil:
Constituição, adaptação da Constituição a novas I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
necessidades, a novos impulsos, a novas forças, sem que II - garantir o desenvolvimento nacional;
para tanto seja preciso recorrer à revolução, sem que seja III - erradicar a pobreza e a marginalização e
preciso recorrer ao poder constituinte originário”. reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos
de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas
de discriminação.
18) Limitações ao poder de reforma Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se
constitucional: é limitado, porque a própria norma nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:
constitucional lhe impõe procedimento e modo de agir, dos I - independência nacional;
quais não pode arredar sob pena de sua obra sair viciada, II - prevalência dos direitos humanos;
ficando sujeita ao sistema de controle de III - autodeterminação dos povos;
constitucionalidade, configura as limitações formais. IV - não intervenção;
V - igualdade entre os Estados;
A doutrina distribui as limitações em: VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos;
Limitações temporais: não são comumente VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
encontráveis na história constitucional brasileira; só a do IX - cooperação entre os povos para o progresso
Império estabeleceu esse tipo de limitação; visto que previa, da humanidade;
que somente após um certo tempo estabelecido, é que ela X - concessão de asilo político.
poderia ser reformada ( no caso 4 anos). Parágrafo único. A República Federativa do Brasil
buscará a integração econômica, política, social e cultural
Limitações circunstanciais: desde 1934 estatui- dos povos da América Latina, visando à formação de uma
se um tipo de limitação ao poder de reforma, qual seja a de comunidade latino-americana de nações.
que não se procederá à reforma na vigência do estado de TÍTULO II
sítio; a Cf vigente veda emendas na vigência de intervenção Dos Direitos e Garantias Fundamentais
federal, de estado de defesa ou estado de sítio (art. 60, § CAPÍTULO I
1º). DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem
Limitações materiais: distingue, materiais distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
explícitas (compreende-se que o constituinte originário brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
poderá, expressamente, excluir determinadas matérias ou inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
conteúdos da incidência do poder de reforma) e implícitas segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(ocorre quando são enumeradas matérias de direitos I - homens e mulheres são iguais em direitos e
fundamentais, insuscetíveis de emendas) obrigações, nos termos desta Constituição;
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de
fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
19) Controle de constitucionalidade da reforma III - ninguém será submetido à tortura nem a
constitucional: toda modificação, feita com desrespeito de tratamento desumano ou degradante;
procedimento especial estabelecido ou de preceito que não IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo
possa ser objeto de emenda, padecerá de vício de vedado o anonimato;
inconstitucionalidade formal ou material, e assim ficará V - é assegurado o direito de resposta,
sujeita ao controle de constitucionalidade pelo Judiciário, tal proporcional ao agravo, além da indenização por dano
como se dá com as leis ordinárias. material, moral ou à imagem;
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de
crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais
BRASIL DE 1988 de culto e a suas liturgias;
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação
TÍTULO I de assistência religiosa nas entidades civis e militares de
Dos Princípios Fundamentais internação coletiva;
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada VIII - ninguém será privado de direitos por motivo
pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política,
Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a
Direito e tem como fundamentos: todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa,
I - a soberania; fixada em lei;
II - a cidadania IX - é livre a expressão da atividade intelectual,
III - a dignidade da pessoa humana; artística, científica e de comunicação, independentemente
IV - os valores sociais do trabalho e da livre de censura ou licença;
iniciativa; X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a
V - o pluralismo político. honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
que o exerce por meio de representantes eleitos ou violação;
diretamente, nos termos desta Constituição. XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém
nela podendo penetrar sem consentimento do morador,
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salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros
prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação situados no País será regulada pela lei brasileira em
judicial; benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das não lhes seja mais favorável à lei pessoal do "de cujus";
comunicações telegráficas, de dados e das comunicações XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas defesa do consumidor;
hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos
investigação criminal ou instrução processual penal; públicos informações de seu interesse particular, ou de
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo
ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas
que a lei estabelecer; cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação do Estado;
e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao XXXIV - são a todos assegurados,
exercício profissional; independentemente do pagamento de taxas:
XV - é livre a locomoção no território nacional em a) o direito de petição aos Poderes Públicos em
tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; b) a obtenção de certidões em repartições
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de
armas, em locais abertos ao público, independentemente situações de interesse pessoal;
de autorização, desde que não frustrem outra reunião XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder
anteriormente convocada para o mesmo local, sendo Judiciário lesão ou ameaça a direito;
apenas exigido prévio aviso à autoridade competente; XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o
XVII - é plena a liberdade de associação para fins ato jurídico perfeito e a coisa julgada;
lícitos, vedada a de caráter paramilitar; XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a
a de cooperativas independem de autorização, sendo organização que lhe der a lei, assegurados:
vedada a interferência estatal em seu funcionamento; a) a plenitude de defesa;
XIX - as associações só poderão ser b) o sigilo das votações;
compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades c) a soberania dos veredictos;
suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro d) a competência para o julgamento dos crimes
caso, o trânsito em julgado; dolosos contra a vida;
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina,
ou a permanecer associado; nem pena sem prévia cominação legal;
XXI - as entidades associativas, quando XL - a lei penal não retroagirá, salvo para
expressamente autorizadas, têm legitimidade para beneficiar o réu;
representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente; XLI - a lei punirá qualquer discriminação
XXII - é garantido o direito de propriedade; atentatória dos direitos e liberdades fundamentais;
XXIII - a propriedade atenderá a sua função XLII - a prática do racismo constitui crime
social; inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para termos da lei;
desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e
interesse social, mediante justa e prévia indenização em insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura , o
dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição; tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e
XXV - no caso de iminente perigo público, a os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo
autoridade competente poderá usar de propriedade os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los,
particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se omitirem; (Regulamento)
se houver dano; XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a
em lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto ordem constitucional e o Estado Democrático;
de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua XLV - nenhuma pena passará da pessoa do
atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a
financiar o seu desenvolvimento; decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei,
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o
utilização, publicação ou reprodução de suas obras, limite do valor do patrimônio transferido;
transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; XLVI - a lei regulará a individualização da pena e
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: adotará, entre outras, as seguintes:
a) a proteção às participações individuais em obras a) privação ou restrição da liberdade;
coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, b) perda de bens;
inclusive nas atividades desportivas; c) multa;
b) o direito de fiscalização do aproveitamento d) prestação social alternativa;
econômico das obras que criarem ou de que participarem e) suspensão ou interdição de direitos;
aos criadores, aos intérpretes e às respectivas XLVII - não haverá penas:
representações sindicais e associativas; a) de morte, salvo em caso de guerra declarada,
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos nos termos do art. 84, XIX;
industriais privilégio temporário para sua utilização, bem b) de caráter perpétuo;
como proteção às criações industriais, à propriedade das c) de trabalhos forçados;
marcas, aos nomes de empresas e a outros signos d) de banimento;
distintivos, tendo em vista o interesse social e o e) cruéis;
desenvolvimento tecnológico e econômico do País;
XXX - é garantido o direito de herança;
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Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e XXVI - reconhecimento das convenções e acordos
rurais, além de outros que visem à melhoria de sua coletivos de trabalho;
condição social: XXVII - proteção em face da automação, na forma
I - relação de emprego protegida contra despedida da lei;
arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a
complementar, que preverá indenização compensatória, cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este
dentre outros direitos; está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das
involuntário; relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos
III - fundo de garantia do tempo de serviço; para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois
IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente anos após a extinção do contrato de trabalho; (Redação
unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais dada pela Emenda Constitucional nº 28, de 25/05/2000)
básicas e às de sua família com moradia, alimentação, a) (Revogada). (Redação dada pela Emenda
educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e Constitucional nº 28, de 25/05/2000)
previdência social, com reajustes periódicos que lhe b) (Revogada). (Redação dada pela Emenda
preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação Constitucional nº 28, de 25/05/2000)
para qualquer fim; XXX - proibição de diferença de salários, de
V - piso salarial proporcional à extensão e à exercício de funções e de critério de admissão por motivo
complexidade do trabalho; de sexo, idade, cor ou estado civil;
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em XXXI - proibição de qualquer discriminação no
convenção ou acordo coletivo; tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, portador de deficiência;
para os que percebem remuneração variável; XXXII - proibição de distinção entre trabalho
VIII - décimo terceiro salário com base na manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais
remuneração integral ou no valor da aposentadoria; respectivos;
IX – remuneração do trabalho noturno superior à XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou
do diurno; insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a
X - proteção do salário na forma da lei, menores de dezesseis anos, salvo na condição de
constituindo crime sua retenção dolosa; aprendiz, a partir de quatorze anos; (Redação dada pela
XI – participação nos lucros, ou resultados, Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador
participação na gestão da empresa, conforme definido em com vínculo empregatício permanente e o trabalhador
lei; avulso.
XII - salário-família pago em razão do dependente Parágrafo único. São assegurados à categoria dos
do trabalhador de baixa renda nos termos da lei; (Redação trabalhadores domésticos os direitos previstos nos incisos
dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII,
XIII - duração do trabalho normal não superior a XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições
oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a estabelecidas em lei e observada a simplificação do
compensação de horários e a redução da jornada, mediante cumprimento das obrigações tributárias, principais e
acordo ou convenção coletiva de trabalho; (vide Decreto-Lei acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas
nº 5.452, de 1943) peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV
XIV - jornada de seis horas para o trabalho e XXVIII, bem como a sua integração à previdência
realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo social. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 72,
negociação coletiva; de 2013)
XV - repouso semanal remunerado, Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical,
preferencialmente aos domingos; observado o seguinte:
XVI - remuneração do serviço extraordinário I - a lei não poderá exigir autorização do Estado
superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do normal; para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no
(Vide Del 5.452, art. 59 § 1º) órgão competente, vedadas ao Poder Público a
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, interferência e a intervenção na organização sindical;
pelo menos, um terço a mais do que o salário normal; II - é vedada a criação de mais de uma
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do organização sindical, em qualquer grau, representativa de
emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias; categoria profissional ou econômica, na mesma base
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em territorial, que será definida pelos trabalhadores ou
lei; empregadores interessados, não podendo ser inferior à
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, área de um Município;
mediante incentivos específicos, nos termos da lei; III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive
serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei; em questões judiciais ou administrativas;
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, IV - a assembleia geral fixará a contribuição que,
por meio de normas de saúde, higiene e segurança; em se tratando de categoria profissional, será descontada
XXIII - adicional de remuneração para as em folha, para custeio do sistema confederativo da
atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da representação sindical respectiva, independentemente da
lei; contribuição prevista em lei;
XXIV - aposentadoria; V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-
XXV - assistência gratuita aos filhos e se filiado a sindicato;
dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas
idade em creches e pré-escolas; (Redação dada pela negociações coletivas de trabalho;
Emenda Constitucional nº 53, de 2006) VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser
votado nas organizações sindicais;
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de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, § 3º Os partidos políticos têm direito a recursos do
de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na
meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato forma da lei.
eletivo e candidato à reeleição. § 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos
§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as de organização paramilitar.
seguintes condições: TÍTULO III
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá Da Organização do Estado
afastar-se da atividade; CAPÍTULO I
II - se contar mais de dez anos de serviço, será DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA
agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará Art. 18. A organização político-administrativa da
automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade. República Federativa do Brasil compreende a União, os
§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos
de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de autônomos, nos termos desta Constituição.
proteger a probidade administrativa, a moralidade para § 1º Brasília é a Capital Federal.
exercício de mandato considerada vida pregressa do § 2º Os Territórios Federais integram a União, e
candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições sua criação, transformação em Estado ou reintegração ao
contra a influência do poder econômico ou o abuso do Estado de origem serão reguladas em lei complementar.
exercício de função, cargo ou emprego na administração § 3º Os Estados podem incorporar-se entre si,
direta ou indireta. (Redação dada pela Emenda subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a
Constitucional de Revisão nº 4, de 1994) outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais,
§ 10. O mandato eletivo poderá ser impugnado mediante aprovação da população diretamente interessada,
ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei
diplomação, instruída a ação com provas de abuso do complementar.
poder econômico, corrupção ou fraude. § 4º A criação, a incorporação, a fusão e o
§ 11. A ação de impugnação de mandato tramitará desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual,
em segredo de justiça, respondendo o autor, na forma da dentro do período determinado por Lei Complementar
lei, se temerária ou de manifesta má-fé. Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após
cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal,
I - cancelamento da naturalização por sentença apresentados e publicados na forma da lei. (Redação dada
transitada em julgado; pela Emenda Constitucional nº 15, de 1996)
II - incapacidade civil absoluta; Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito
III - condenação criminal transitada em julgado, Federal e aos Municípios:
enquanto durarem seus efeitos; I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas,
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou
ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; manter com eles ou seus representantes relações de
V - improbidade administrativa, nos termos do art. dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a
37, § 4º. colaboração de interesse público;
Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral II - recusar fé aos documentos públicos;
entrará em vigor na data de sua publicação, não se III - criar distinções entre brasileiros ou
aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua preferências entre si.
vigência. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 4, CAPÍTULO II
de 1993) DA UNIÃO
CAPÍTULO V Art. 20. São bens da União:
DOS PARTIDOS POLÍTICOS I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe
Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e vierem a ser atribuídos;
extinção de partidos políticos, resguardados a soberania II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das
nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias
direitos fundamentais da pessoa humana e observados os federais de comunicação e à preservação ambiental,
seguintes preceitos: Regulamento definidas em lei;
I - caráter nacional; III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água
II - proibição de recebimento de recursos em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um
financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou de Estado, sirvam de limites com outros países, ou se
subordinação a estes; estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem
III - prestação de contas à Justiça Eleitoral; como os terrenos marginais e as praias fluviais;
IV - funcionamento parlamentar de acordo com a IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes
lei. com outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas
§ 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede
para definir sua estrutura interna, organização e de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço
funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o público e a unidade ambiental federal, e as referidas no art.
regime de suas coligações eleitorais, sem obrigatoriedade 26, II; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 46, de
de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, 2005)
estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos V - os recursos naturais da plataforma continental
estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária. e da zona econômica exclusiva;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 52, de 2006) VI - o mar territorial;
§ 2º Os partidos políticos, após adquirirem VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;
personalidade jurídica, na forma da lei civil, registrarão seus VIII - os potenciais de energia hidráulica;
estatutos no Tribunal Superior Eleitoral. IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios
arqueológicos e pré-históricos;
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XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos próprio; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19,
índios. de 1998)
§ 1º É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, XV - organizar e manter os serviços oficiais de
ao Distrito Federal e aos Municípios, bem como a órgãos da estatística, geografia, geologia e cartografia de âmbito
administração direta da União, participação no resultado da nacional;
exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo,
para fins de geração de energia elétrica e de outros de diversões públicas e de programas de rádio e televisão;
recursos minerais no respectivo território, plataforma XVII - conceder anistia;
continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, ou XVIII - planejar e promover a defesa permanente
compensação financeira por essa exploração. contra as calamidades públicas, especialmente as secas e
§ 2º A faixa de até cento e cinquenta quilômetros as inundações;
de largura, ao longo das fronteiras terrestres, designada XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento
como faixa de fronteira, é considerada fundamental para de recursos hídricos e definir critérios de outorga de direitos
defesa do território nacional, e sua ocupação e utilização de seu uso; (Regulamento)
serão reguladas em lei. XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento
Art. 21. Compete à União: urbano, inclusive habitação, saneamento básico e
I - manter relações com Estados estrangeiros e transportes urbanos;
participar de organizações internacionais; XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o
II - declarar a guerra e celebrar a paz; sistema nacional de viação;
III - assegurar a defesa nacional; XXII - executar os serviços de polícia marítima,
IV - permitir, nos casos previstos em lei aeroportuária e de fronteiras; (Redação dada pela Emenda
complementar, que forças estrangeiras transitem pelo Constitucional nº 19, de 1998)
território nacional ou nele permaneçam temporariamente; XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares
V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e de qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a
a intervenção federal; pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a
VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus
de material bélico; derivados, atendidos os seguintes princípios e condições:
VII - emitir moeda; a) toda atividade nuclear em território nacional
VIII - administrar as reservas cambiais do País e somente será admitida para fins pacíficos e mediante
fiscalizar as operações de natureza financeira, aprovação do Congresso Nacional;
especialmente as de crédito, câmbio e capitalização, bem b) sob-regime de permissão, são autorizadas a
como as de seguros e de previdência privada; comercialização e a utilização de radioisótopos para a
IX - elaborar e executar planos nacionais e pesquisa e usos médicos, agrícolas e industriais; (Redação
regionais de ordenação do território e de desenvolvimento dada pela Emenda Constitucional nº 49, de 2006)
econômico e social; c) sob-regime de permissão, são autorizadas a
X - manter o serviço postal e o correio aéreo produção, comercialização e utilização de radioisótopos de
nacional; meia-vida igual ou inferior a duas horas; (Redação dada
XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, pela Emenda Constitucional nº 49, de 2006)
concessão ou permissão, os serviços de telecomunicações, d) a responsabilidade civil por danos nucleares
nos termos da lei, que disporá sobre a organização dos independe da existência de culpa; (Redação dada pela
serviços, a criação de um órgão regulador e outros Emenda Constitucional nº 49, de 2006)
aspectos institucionais; (Redação dada pela Emenda XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do
Constitucional nº 8, de 15/08/95:) trabalho;
XII - explorar, diretamente ou mediante XXV - estabelecer as áreas e as condições para o
autorização, concessão ou permissão: exercício da atividade de garimpagem, em forma
a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e associativa.
imagens; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 8, Art. 22. Compete privativamente à União legislar
de 15/08/95:) sobre:
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o I - direito civil, comercial, penal, processual,
aproveitamento energético dos cursos de água, em eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do
articulação com os Estados onde se situam os potenciais trabalho;
hidro energéticos; II - desapropriação;
c) a navegação aérea, aeroespacial e a III - requisições civis e militares, em caso de
infraestrutura aeroportuária; iminente perigo e em tempo de guerra;
d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário IV - águas, energia, informática, telecomunicações
entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que e radiodifusão;
transponham os limites de Estado ou Território; V - serviço postal;
e) os serviços de transporte rodoviário VI - sistema monetário e de medidas, títulos e
interestadual e internacional de passageiros; garantias dos metais;
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres; VII - política de crédito, câmbio, seguros e
XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o transferência de valores;
Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios e a VIII - comércio exterior e interestadual;
Defensoria Pública dos Territórios; (Redação dada pela IX - diretrizes da política nacional de transportes;
Emenda Constitucional nº 69, de 2012) (Produção de X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial,
efeito) marítima, aérea e aeroespacial;
XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia XI - trânsito e transporte;
militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal, XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e
bem como prestar assistência financeira ao Distrito Federal metalurgia;
para a execução de serviços públicos, por meio de fundo XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização;
XIV - populações indígenas;
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XV - emigração e imigração, entrada, extradição e Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio
expulsão de estrangeiros; do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional.
XVI - organização do sistema nacional de emprego (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
e condições para o exercício de profissões; Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao
XVII - organização judiciária, do Ministério Público Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
do Distrito Federal e dos Territórios e da Defensoria Pública I - direito tributário, financeiro, penitenciário,
dos Territórios, bem como organização administrativa econômico e urbanístico;
destes; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 69, II - orçamento;
de 2012) (Produção de efeito) III - juntas comerciais;
XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e IV - custas dos serviços forenses;
de geologia nacionais; V - produção e consumo;
XIX - sistemas de poupança, captação e garantia VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da
da poupança popular; natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção
XX - sistemas de consórcios e sorteios; do meio ambiente e controle da poluição;
XXI - normas gerais de organização, efetivos, VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural,
material bélico, garantias, convocação e mobilização das artístico, turístico e paisagístico;
polícias militares e corpos de bombeiros militares; VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente,
XXII - competência da polícia federal e das polícias ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético,
rodoviária e ferroviária federais; histórico, turístico e paisagístico;
XXIII - seguridade social; IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência,
XXIV - diretrizes e bases da educação nacional; tecnologia, pesquisa, desenvolvimento e
XXV - registros públicos; inovação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza; 85, de 2015)
XXVII – normas gerais de licitação e contratação, X - criação, funcionamento e processo do juizado
em todas as modalidades, para as administrações públicas de pequenas causas;
diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, XI - procedimentos em matéria processual;
Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. XII - previdência social, proteção e defesa da
37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de saúde;
economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III; (Redação XIII - assistência jurídica e Defensoria pública;
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) XIV - proteção e integração social das pessoas
XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, portadoras de deficiência;
defesa marítima, defesa civil e mobilização nacional; XV - proteção à infância e à juventude;
XXIX - propaganda comercial. XVI - organização, garantias, direitos e deveres
Parágrafo único. Lei complementar poderá das polícias civis.
autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas § 1º No âmbito da legislação concorrente, a
das matérias relacionadas neste artigo. competência da União limitar-se-á a estabelecer normas
Art. 23. É competência comum da União, dos gerais.
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: § 2º A competência da União para legislar sobre
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das normas gerais não exclui a competência suplementar dos
instituições democráticas e conservar o patrimônio público; Estados.
II - cuidar da saúde e assistência pública, da § 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os
proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência; Estados exercerão a competência legislativa plena, para
III - proteger os documentos, as obras e outros atender a suas peculiaridades.
bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, § 4º A superveniência de lei federal sobre normas
as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos; gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for
IV - impedir a evasão, a destruição e a contrário.
descaracterização de obras de arte e de outros bens de CAPÍTULO III
valor histórico, artístico ou cultural; DOS ESTADOS FEDERADOS
V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se
educação, à ciência, à tecnologia, à pesquisa e à pelas Constituições e leis que adotarem, observados os
inovação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº princípios desta Constituição.
85, de 2015) § 1º São reservadas aos Estados as competências
VI - proteger o meio ambiente e combater a que não lhes sejam vedadas por esta Constituição.
poluição em qualquer de suas formas; § 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora; mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado,
VIII - fomentar a produção agropecuária e na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para
organizar o abastecimento alimentar; a sua regulamentação. (Redação dada pela Emenda
IX - promover programas de construção de Constitucional nº 5, de 1995)
moradias e a melhoria das condições habitacionais e de § 3º Os Estados poderão, mediante lei
saneamento básico; complementar, instituir regiões metropolitanas,
X - combater as causas da pobreza e os fatores de aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por
marginalização, promovendo a integração social dos agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a
setores desfavorecidos; organização, o planejamento e a execução de funções
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as públicas de interesse comum.
concessões de direitos de pesquisa e exploração de Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados:
recursos hídricos e minerais em seus territórios; I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes,
XII - estabelecer e implantar política de educação emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na
para a segurança do trânsito. forma da lei, as decorrentes de obras da União;
Parágrafo único. Leis complementares fixarão
normas para a cooperação entre a União e os Estados, o
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II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que IV - para a composição das Câmaras Municipais,
estiverem no seu domínio, excluídas aquelas sob domínio será observado o limite máximo de: (Redação dada pela
da União, Municípios ou terceiros; Emenda Constitucional nº 58, de 2009) (Produção de
III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à efeito) (Vide ADIN 4307)
União; a) 9 (nove) Vereadores, nos Municípios de até
IV - as terras devolutas não compreendidas entre 15.000 (quinze mil) habitantes; (Redação dada pela
as da União. Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
Art. 27. O número de Deputados à Assembleia b) 11 (onze) Vereadores, nos Municípios de mais
Legislativa corresponderá ao triplo da representação do de 15.000 (quinze mil) habitantes e de até 30.000 (trinta mil)
Estado na Câmara dos Deputados e, atingido o número de habitantes; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
trinta e seis, será acrescido de tantos quantos forem os 58, de 2009)
Deputados Federais acima de doze. c) 13 (treze) Vereadores, nos Municípios com mais
§ 1º Será de quatro anos o mandato dos de 30.000 (trinta mil) habitantes e de até 50.000 (cinquenta
Deputados Estaduais, aplicando- sê-lhes as regras desta mil) habitantes; (Redação dada pela Emenda Constitucional
Constituição sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, nº 58, de 2009)
imunidades, remuneração, perda de mandato, licença, d) 15 (quinze) Vereadores, nos Municípios de mais
impedimentos e incorporação às Forças Armadas. de 50.000 (cinquenta mil) habitantes e de até 80.000
§ 2º O subsídio dos Deputados Estaduais será (oitenta mil) habitantes; (Incluída pela Emenda
fixado por lei de iniciativa da Assembleia Legislativa, na Constitucional nº 58, de 2009)
razão de, no máximo, setenta e cinco por cento daquele e) 17 (dezessete) Vereadores, nos Municípios de
estabelecido, em espécie, para os Deputados Federais, mais de 80.000 (oitenta mil) habitantes e de até 120.000
observado o que dispõem os arts. 39, § 4º, 57, § 7º, 150, II, (cento e vinte mil) habitantes; (Incluída pela Emenda
153, III, e 153, § 2º, I. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
Constitucional nº 19, de 1998) f) 19 (dezenove) Vereadores, nos Municípios de
§ 3º Compete às Assembleias Legislativas dispor mais de 120.000 (cento e vinte mil) habitantes e de até
sobre seu regimento interno, polícia e serviços 160.000 (cento sessenta mil) habitantes; (Incluída pela
administrativos de sua secretaria, e prover os respectivos Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
cargos. g) 21 (vinte e um) Vereadores, nos Municípios de
§ 4º A lei disporá sobre a iniciativa popular no mais de 160.000 (cento e sessenta mil) habitantes e de até
processo legislativo estadual. 300.000 (trezentos mil) habitantes; (Incluída pela Emenda
Art. 28. A eleição do Governador e do Vice- Constitucional nº 58, de 2009)
Governador de Estado, para mandato de quatro anos, h) 23 (vinte e três) Vereadores, nos Municípios de
realizar-se-á no primeiro domingo de outubro, em primeiro mais de 300.000 (trezentos mil) habitantes e de até 450.000
turno, e no último domingo de outubro, em segundo turno, (quatrocentos e cinquenta mil) habitantes; (Incluída pela
se houver, do ano anterior ao do término do mandato de Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
seus antecessores, e a posse ocorrerá em primeiro de i) 25 (vinte e cinco) Vereadores, nos Municípios de
janeiro do ano subsequente, observado, quanto ao mais, o mais de 450.000 (quatrocentos e cinquenta mil) habitantes
disposto no art. 77. (Redação dada pela Emenda e de até 600.000 (seiscentos mil) habitantes; (Incluída pela
Constitucional nº 16, de1997) Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
§ 1º Perderá o mandato o Governador que assumir j) 27 (vinte e sete) Vereadores, nos Municípios de
outro cargo ou função na administração pública direta ou mais de 600.000 (seiscentos mil) habitantes e de até
indireta, ressalvada a posse em virtude de concurso público 750.000 (setecentos cinquenta mil) habitantes; (Incluída
e observado o disposto no art. 38, I, IV e V. (Renumerado pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
do parágrafo único, pela Emenda Constitucional nº 19, de k) 29 (vinte e nove) Vereadores, nos Municípios de
1998) mais de 750.000 (setecentos e cinquenta mil) habitantes e
§ 2º Os subsídios do Governador, do Vice- de até 900.000 (novecentos mil) habitantes; (Incluída pela
Governador e dos Secretários de Estado serão fixados por Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
lei de iniciativa da Assembleia Legislativa, observado o que l) 31 (trinta e um) Vereadores, nos Municípios de
dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § mais de 900.000 (novecentos mil) habitantes e de até
2º, I. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) 1.050.000 (um milhão e cinquenta mil) habitantes; (Incluída
CAPÍTULO IV pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
Dos Municípios m) 33 (trinta e três) Vereadores, nos Municípios de
Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, mais de 1.050.000 (um milhão e cinquenta mil) habitantes e
votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez de até 1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habitantes;
dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara (Incluída pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios n) 35 (trinta e cinco) Vereadores, nos Municípios
estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do de mais de 1.200.000 (um milhão e duzentos mil)
respectivo Estado e os seguintes preceitos: habitantes e de até 1.350.000 (um milhão e trezentos e
I - eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos cinquenta mil) habitantes; (Incluída pela Emenda
Vereadores, para mandato de quatro anos, mediante pleito Constitucional nº 58, de 2009)
direto e simultâneo realizado em todo o País; o) 37 (trinta e sete) Vereadores, nos Municípios de
II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada 1.350.000 (um milhão e trezentos e cinquenta mil)
no primeiro domingo de outubro do ano anterior ao término habitantes e de até 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil)
do mandato dos que devam suceder, aplicadas às regras habitantes; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 58, de
do art. 77, no caso de Municípios com mais de duzentos mil 2009)
eleitores; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº p) 39 (trinta e nove) Vereadores, nos Municípios de
16, de1997) mais de 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) habitantes
III - posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no dia 1º e de até 1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habitantes;
de janeiro do ano subsequente ao da eleição; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
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§ 1o A Câmara Municipal não gastará mais de Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em
setenta por cento de sua receita com folha de pagamento, Municípios, reger-se-á por lei orgânica, votada em dois
incluído o gasto com o subsídio de seus Vereadores. turnos com interstício mínimo de dez dias, e aprovada por
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, de 2000) dois terços da Câmara Legislativa, que a promulgará,
§ 2o Constitui crime de responsabilidade do atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição.
Prefeito Municipal: (Incluído pela Emenda Constitucional nº § 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as
25, de 2000) competências legislativas reservadas aos Estados e
I - efetuar repasse que supere os limites definidos Municípios.
neste artigo; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, de § 2º A eleição do Governador e do Vice-
2000) Governador, observadas as regras do art. 77, e dos
II - não enviar o repasse até o dia vinte de cada Deputados Distritais coincidirá com a dos Governadores e
mês; ou (Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, de Deputados Estaduais, para mandato de igual duração.
2000) § 3º Aos Deputados Distritais e à Câmara
III - enviá-lo a menor em relação à proporção Legislativa aplica-se o disposto no art. 27.
fixada na Lei Orçamentária. (Incluído pela Emenda § 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo
Constitucional nº 25, de 2000) Governo do Distrito Federal, das polícias civil e militar e do
§ 3o Constitui crime de responsabilidade do corpo de bombeiros militar.
Presidente da Câmara Municipal o desrespeito ao § 1o Seção II
deste artigo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, de DOS TERRITÓRIOS
2000) Art. 33. A lei disporá sobre a organização
Art. 30. Compete aos Municípios: administrativa e judiciária dos Territórios.
I - legislar sobre assuntos de interesse local; § 1º Os Territórios poderão ser divididos em
II - suplementar a legislação federal e a estadual Municípios, aos quais se aplicará, no que couber, o
no que couber; disposto no Capítulo IV deste Título.
III - instituir e arrecadar os tributos de sua § 2º As contas do Governo do Território serão
competência, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo submetidas ao Congresso Nacional, com parecer prévio do
da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes Tribunal de Contas da União.
nos prazos fixados em lei; § 3º Nos Territórios Federais com mais de cem mil
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada habitantes, além do Governador nomeado na forma desta
a legislação estadual; Constituição, haverá órgãos judiciários de primeira e
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime segunda instância, membros do Ministério Público e
de concessão ou permissão, os serviços públicos de defensores públicos federais; a lei disporá sobre as eleições
interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem para a Câmara Territorial e sua competência deliberativa.
caráter essencial; CAPÍTULO VI
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira DA INTERVENÇÃO
da União e do Estado, programas de educação infantil e de Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no
ensino fundamental; (Redação dada pela Emenda Distrito Federal, exceto para:
Constitucional nº 53, de 2006) I - manter a integridade nacional;
VII - prestar, com a cooperação técnica e II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade
financeira da União e do Estado, serviços de atendimento à da Federação em outra;
saúde da população; III - pôr termo a grave comprometimento da ordem
VIII - promover, no que couber, adequado pública;
ordenamento territorial, mediante planejamento e controle IV - garantir o livre exercício de qualquer dos
do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano; Poderes nas unidades da Federação;
IX - promover a proteção do patrimônio histórico- V - reorganizar as finanças da unidade da
cultural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora Federação que:
federal e estadual. a) suspender o pagamento da dívida fundada por
Art. 31. A fiscalização do Município será exercida mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de força
pelo Poder Legislativo Municipal, mediante controle externo, maior;
e pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo b) deixar de entregar aos Municípios receitas
Municipal, na forma da lei. tributárias fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos
§ 1º O controle externo da Câmara Municipal será estabelecidos em lei;
exercido com o auxílio dos Tribunais de Contas dos VI - prover a execução de lei federal, ordem ou
Estados ou do Município ou dos Conselhos ou Tribunais de decisão judicial;
Contas dos Municípios, onde houver. VII - assegurar a observância dos seguintes
§ 2º O parecer prévio, emitido pelo órgão princípios constitucionais:
competente sobre as contas que o Prefeito deve a) forma republicana, sistema representativo e
anualmente prestar, só deixará de prevalecer por decisão regime democrático;
de dois terços dos membros da Câmara Municipal. b) direitos da pessoa humana;
§ 3º As contas dos Municípios ficarão, durante c) autonomia municipal;
sessenta dias, anualmente, à disposição de qualquer d) prestação de contas da administração pública,
contribuinte, para exame e apreciação, o qual poderá direta e indireta.
questionar-lhes a legitimidade, nos termos da lei. e) aplicação do mínimo exigido da receita
§ 4º É vedada a criação de Tribunais, Conselhos resultante de impostos estaduais, compreendida a
ou órgãos de Contas Municipais. proveniente de transferências, na manutenção e
CAPÍTULO V desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos
DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS de saúde. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
Seção I 29, de 2000)
DO DISTRITO FEDERAL
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Art. 35. O Estado não intervirá em seus III - o prazo de validade do concurso público será
Municípios, nem a União nos Municípios localizados em de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período;
Território Federal, exceto quando: IV - durante o prazo improrrogável previsto no
I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, edital de convocação, aquele aprovado em concurso
por dois anos consecutivos, a dívida fundada; público de provas ou de provas e títulos será convocado
II - não forem prestadas contas devidas, na forma com prioridade sobre novos concursados para assumir
da lei; cargo ou emprego, na carreira;
III – não tiver sido aplicado o mínimo exigido da V - as funções de confiança, exercidas
receita municipal na manutenção e desenvolvimento do exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo,
ensino e nas ações e serviços públicos de saúde; (Redação e os cargos em comissão, a serem preenchidos por
dada pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) servidores de carreira nos casos, condições e percentuais
IV - o Tribunal de Justiça der provimento à mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às
representação para assegurar a observância de princípios atribuições de direção, chefia e assessoramento; (Redação
indicados na Constituição Estadual, ou para prover a dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
execução de lei, de ordem ou de decisão judicial. VI - é garantido ao servidor público civil o direito à
Art. 36. A decretação da intervenção dependerá: livre associação sindical;
I - no caso do art. 34, IV, de solicitação do Poder VII - o direito de greve será exercido nos termos e
Legislativo ou do Poder Executivo coacto ou impedido, ou nos limites definidos em lei específica; (Redação dada pela
de requisição do Supremo Tribunal Federal, se a coação for Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
exercida contra o Poder Judiciário; VIII - a lei reservará percentual dos cargos e
II - no caso de desobediência a ordem ou decisão empregos públicos para as pessoas portadoras de
judiciária, de requisição do Supremo Tribunal Federal, do deficiência e definirá os critérios de sua admissão;
Superior Tribunal de Justiça ou do Tribunal Superior IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por
Eleitoral; tempo determinado para atender a necessidade temporária
III - de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de excepcional interesse público;
de representação do Procurador-Geral da República, na X - a remuneração dos servidores públicos e o
hipótese do art. 34, VII, e no caso de recusa à execução de subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser
lei federal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº fixados ou alterados por lei específica, observada a
45, de 2004) iniciativa privativa em cada caso, assegurada revisão geral
IV - (Revogado pela Emenda Constitucional nº 45, anual, sempre na mesma data e sem distinção de
de 2004) índices; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19,
§ 1º O decreto de intervenção, que especificará a de 1998) (Regulamento)
amplitude, o prazo e as condições de execução e que, se XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de
couber, nomeará o interventor, será submetido à cargos, funções e empregos públicos da administração
apreciação do Congresso Nacional ou da Assembleia direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer
Legislativa do Estado, no prazo de vinte e quatro horas. dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e
§ 2º Se não estiver funcionando o Congresso dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos
Nacional ou a Assembleia Legislativa, far-se-á convocação demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra
extraordinária, no mesmo prazo de vinte e quatro horas. espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou
§ 3º Nos casos do art. 34, VI e VII, ou do art. 35, não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra
IV, dispensada a apreciação pelo Congresso Nacional ou natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em
pela Assembleia Legislativa, o decreto limitar-se-á a espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal,
suspender a execução do ato impugnado, se essa medida aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do
bastar ao restabelecimento da normalidade. Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio
§ 4º Cessados os motivos da intervenção, as mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o
autoridades afastadas de seus cargos a estes voltarão, subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do
salvo impedimento legal. Poder Legislativo e o subsidio dos Desembargadores do
CAPÍTULO VII Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em
Seção I espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no
DISPOSIÇÕES GERAIS âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos
Art. 37. A administração pública direta e indireta de membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Defensores Públicos; (Redação dada pela Emenda
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de Constitucional nº 41, 19.12.2003)
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e XII - os vencimentos dos cargos do Poder
eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela Legislativo e do Poder Judiciário não poderão ser
Emenda Constitucional nº 19, de 1998) superiores aos pagos pelo Poder Executivo;
I - os cargos, empregos e funções públicas são XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de
acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de
estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na remuneração de pessoal do serviço público; (Redação
forma da lei; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
19, de 1998) XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por
II - a investidura em cargo ou emprego público servidor público não serão computados nem acumulados
depende de aprovação prévia em concurso público de para fins de concessão de acréscimos ulteriores; (Redação
provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes
lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão de cargos e empregos públicos são irredutíveis, ressalvado
declarado em lei de livre nomeação e exoneração; o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e nos arts. 39, §
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
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Art. 38. Ao servidor público da administração obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, XI.
direta, autárquica e fundacional, no exercício de mandato (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
eletivo, aplicam-se as seguintes disposições: (Redação § 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) publicarão anualmente os valores do subsídio e da
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual remuneração dos cargos e empregos públicos. (Incluído
ou distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
função; § 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado e dos Municípios disciplinará a aplicação de recursos
do cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar orçamentários provenientes da economia com despesas
pela sua remuneração; correntes em cada órgão, autarquia e fundação, para
III - investido no mandato de Vereador, havendo aplicação no desenvolvimento de programas de qualidade e
compatibilidade de horários, perceberá as vantagens de produtividade, treinamento e desenvolvimento,
seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da modernização, reaparelhamento e racionalização do serviço
remuneração do cargo eletivo, e, não havendo público, inclusive sob a forma de adicional ou prêmio de
compatibilidade, será aplicada a norma do inciso anterior; produtividade. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19,
IV - em qualquer caso que exija o afastamento de 1998)
para o exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço § 8º A remuneração dos servidores públicos
será contado para todos os efeitos legais, exceto para organizados em carreira poderá ser fixada nos termos do §
promoção por merecimento; 4º. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
V - para efeito de benefício previdenciário, no caso Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos
de afastamento, os valores serão determinados como se no da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
exercício estivesse. Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é
Seção II assegurado regime de previdência de caráter contributivo e
DOS SERVIDORES PÚBLICOS solidário, mediante contribuição do respectivo ente público,
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998) dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas,
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e
os Municípios instituirão, no âmbito de sua competência, atuarial e o disposto neste artigo. (Redação dada pela
regime jurídico único e planos de carreira para os Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
servidores da administração pública direta, das autarquias e § 1º Os servidores abrangidos pelo regime de
das fundações públicas. (Vide ADIN nº 2.135-4) previdência de que trata este artigo serão aposentados,
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e calculados os seus proventos a partir dos valores fixados na
os Municípios instituirão conselho de política de forma dos §§ 3º e 17: (Redação dada pela Emenda
administração e remuneração de pessoal, integrado por Constitucional nº 41, 19.12.2003)
servidores designados pelos respectivos I - por invalidez permanente, sendo os proventos
Poderes. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº proporcionais ao tempo de contribuição, exceto se
19, de 1998) (Vide ADIN nº 2.135-4) decorrente de acidente em serviço, moléstia profissional ou
§ 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos doença grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei;
demais componentes do sistema remuneratório observará: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41,
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) 19.12.2003)
I - a natureza, o grau de responsabilidade e a II - compulsoriamente, com proventos
complexidade dos cargos componentes de cada carreira; proporcionais ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta)
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) anos de idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade,
II - os requisitos para a investidura; (Incluído pela na forma de lei complementar; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998) Emenda Constitucional nº 88, de 2015)
III - as peculiaridades dos cargos. (Incluído pela III - voluntariamente, desde que cumprido tempo
Emenda Constitucional nº 19, de 1998) mínimo de dez anos de efetivo exercício no serviço público
§ 2º A União, os Estados e o Distrito Federal e cinco anos no cargo efetivo em que se dará a
manterão escolas de governo para a formação e o aposentadoria, observadas as seguintes condições:
aperfeiçoamento dos servidores públicos, constituindo-se a (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de
participação nos cursos um dos requisitos para a promoção 15/12/98)
na carreira, facultada, para isso, a celebração de convênios a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de
ou contratos entre os entes federados. (Redação dada pela contribuição, se homem, e cinquenta e cinco anos de idade
Emenda Constitucional nº 19, de 1998) e trinta de contribuição, se mulher; (Redação dada pela
§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)
público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, b) sessenta e cinco anos de idade, se homem, e
XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei sessenta anos de idade, se mulher, com proventos
estabelecer requisitos diferenciados de admissão quando a proporcionais ao tempo de contribuição. (Redação dada
natureza do cargo o exigir. (Incluído pela Emenda pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)
Constitucional nº 19, de 1998) § 2º - Os proventos de aposentadoria e as
§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato pensões, por ocasião de sua concessão, não poderão
eletivo, os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e exceder a remuneração do respectivo servidor, no cargo
Municipais serão remunerados exclusivamente por subsídio efetivo em que se deu a aposentadoria ou que serviu de
fixado em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer referência para a concessão da pensão. (Redação dada
gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)
representação ou outra espécie remuneratória, obedecido, § 3º Para o cálculo dos proventos de
em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI. (Incluído aposentadoria, por ocasião da sua concessão, serão
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) consideradas as remunerações utilizadas como base para
§ 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal as contribuições do servidor aos regimes de previdência de
e dos Municípios poderá estabelecer a relação entre a que tratam este artigo e o art. 201, na forma da lei.
maior e a menor remuneração dos servidores públicos,
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IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da
Presidente da República e apreciar os relatórios sobre a Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da
execução dos planos de governo; mesma natureza conexos com aqueles; (Redação dada
X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por pela Emenda Constitucional nº 23, de 02/09/99)
qualquer de suas Casas, os atos do Poder Executivo, II processar e julgar os Ministros do Supremo
incluídos os da administração indireta; Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de
XI - zelar pela preservação de sua competência Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o
legislativa em face da atribuição normativa dos outros Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da
Poderes; União nos crimes de responsabilidade; (Redação dada pela
XII - apreciar os atos de concessão e renovação Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
de concessão de emissoras de rádio e televisão; III - aprovar previamente, por voto secreto, após
XIII - escolher dois terços dos membros do arguição pública, a escolha de:
Tribunal de Contas da União; a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta
XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo Constituição;
referentes a atividades nucleares; b) Ministros do Tribunal de Contas da União
XV - autorizar referendo e convocar plebiscito; indicados pelo Presidente da República;
XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração c) Governador de Território;
e o aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa e d) Presidente e diretores do banco central;
lavra de riquezas minerais; e) Procurador-Geral da República;
XVII - aprovar, previamente, a alienação ou f) titulares de outros cargos que a lei determinar;
concessão de terras públicas com área superior a dois mil e IV - aprovar previamente, por voto secreto, após
quinhentos hectares. arguição em sessão secreta, a escolha dos chefes de
Art. 50. A Câmara dos Deputados e o Senado missão diplomática de caráter permanente;
Federal, ou qualquer de suas Comissões, poderão V - autorizar operações externas de natureza
convocar Ministro de Estado ou quaisquer titulares de financeira, de interesse da União, dos Estados, do Distrito
órgãos diretamente subordinados à Presidência da Federal, dos Territórios e dos Municípios;
República para prestarem, pessoalmente, informações VI - fixar, por proposta do Presidente da República,
sobre assunto previamente determinado, importando crime limites globais para o montante da dívida consolidada da
de responsabilidade a ausência sem justificação adequada. União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
(Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº VII - dispor sobre limites globais e condições para
2, de 1994) as operações de crédito externo e interno da União, dos
§ 1º Os Ministros de Estado poderão comparecer Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas
ao Senado Federal, à Câmara dos Deputados, ou a autarquias e demais entidades controladas pelo Poder
qualquer de suas Comissões, por sua iniciativa e mediante Público federal;
entendimentos com a Mesa respectiva, para expor assunto VIII - dispor sobre limites e condições para a
de relevância de seu Ministério. concessão de garantia da União em operações de crédito
§ 2º As Mesas da Câmara dos Deputados e do externo e interno;
Senado Federal poderão encaminhar pedidos escritos de IX - estabelecer limites globais e condições para o
informações a Ministros de Estado ou a qualquer das montante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito
pessoas referidas no caput deste artigo, importando em Federal e dos Municípios;
crime de responsabilidade a recusa, ou o não - X - suspender a execução, no todo ou em parte, de
atendimento, no prazo de trinta dias, bem como a prestação lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do
de informações falsas. (Redação dada pela Emenda Supremo Tribunal Federal;
Constitucional de Revisão nº 2, de 1994) XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto
Seção III secreto, a exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da
DA CÂMARA DOS DEPUTADOS República antes do término de seu mandato;
Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos XII - elaborar seu regimento interno;
Deputados: XIII - dispor sobre sua organização,
I - autorizar, por dois terços de seus membros, a funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção
instauração de processo contra o Presidente e o Vice- dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a
Presidente da República e os Ministros de Estado; iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração,
II - proceder à tomada de contas do Presidente da observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes
República, quando não apresentadas ao Congresso orçamentárias; (Redação dada pela Emenda Constitucional
Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da nº 19, de 1998)
sessão legislativa; XIV - eleger membros do Conselho da República,
III - elaborar seu regimento interno; nos termos do art. 89, VII.
IV – dispor sobre sua organização, funcionamento, XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do
polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, Sistema Tributário Nacional, em sua estrutura e seus
empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei componentes, e o desempenho das administrações
para fixação da respectiva remuneração, observados os tributárias da União, dos Estados e do Distrito Federal e dos
parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias; Municípios. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) 19.12.2003)
V - eleger membros do Conselho da República, Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I
nos termos do art. 89, VII. e II, funcionará como Presidente o do Supremo Tribunal
Seção IV Federal, limitando-se a condenação, que somente será
DO SENADO FEDERAL proferida por dois terços dos votos do Senado Federal, à
Art. 52. Compete privativamente ao Senado perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para o
Federal: exercício de função pública, sem prejuízo das demais
I - processar e julgar o Presidente e o Vice- sanções judiciais cabíveis.
Presidente da República nos crimes de responsabilidade,
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Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício
Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o
Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e último dia daquele em que foi editada.(Incluído pela
nos casos previstos nesta Constituição. Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
§ 1º São de iniciativa privativa do Presidente da § 3º As medidas provisórias, ressalvado o disposto
República as leis que: nos §§ 11 e 12 perderão eficácia, desde a edição, se não
I - fixem ou modifiquem os efetivos das Forças forem convertidas em lei no prazo de sessenta dias,
Armadas; prorrogável, nos termos do § 7º, uma vez por igual período,
II - disponham sobre: devendo o Congresso Nacional disciplinar, por decreto
a) criação de cargos, funções ou empregos legislativo, as relações jurídicas delas decorrentes. (Incluído
públicos na administração direta e autárquica ou aumento pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
de sua remuneração; § 4º O prazo a que se refere o § 3º contar-se-á da
b) organização administrativa e judiciária, matéria publicação da medida provisória, suspendendo-se durante
tributária e orçamentária, serviços públicos e pessoal da os períodos de recesso do Congresso Nacional.(Incluído
administração dos Territórios; pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
c) servidores públicos da União e Territórios, seu § 5º A deliberação de cada uma das Casas do
regime jurídico, provimento de cargos, estabilidade e Congresso Nacional sobre o mérito das medidas provisórias
aposentadoria; (Redação dada pela Emenda Constitucional dependerá de juízo prévio sobre o atendimento de seus
nº 18, de 1998) pressupostos constitucionais. (Incluído pela Emenda
d) organização do Ministério Público e da Constitucional nº 32, de 2001)
Defensoria Pública da União, bem como normas gerais § 6º Se a medida provisória não for apreciada em
para a organização do Ministério Público e da Defensoria até quarenta e cinco dias contados de sua publicação,
Pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios; entrará em regime de urgência, subsequentemente, em
e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da cada uma das Casas do Congresso Nacional, ficando
administração pública, observado o disposto no art. 84, sobrestadas, até que se ultime a votação, todas as demais
VI; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de deliberações legislativas da Casa em que estiver
2001) tramitando. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de
f) militares das Forças Armadas, seu regime 2001)
jurídico, provimento de cargos, promoções, estabilidade, § 7º Prorrogar-se-á uma única vez por igual
remuneração, reforma e transferência para a reserva. período a vigência de medida provisória que, no prazo de
(Incluída pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998) sessenta dias, contado de sua publicação, não tiver a sua
§ 2º A iniciativa popular pode ser exercida pela votação encerrada nas duas Casas do Congresso Nacional.
apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado § 8º As medidas provisórias terão sua votação
nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com iniciada na Câmara dos Deputados. (Incluído pela Emenda
não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada Constitucional nº 32, de 2001)
um deles. § 9º Caberá à comissão mista de Deputados e
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Senadores examinar as medidas provisórias e sobre elas
Presidente da República poderá adotar medidas emitir parecer, antes de serem apreciadas, em sessão
provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de separada, pelo plenário de cada uma das Casas do
imediato ao Congresso Nacional. (Redação dada pela Congresso Nacional. (Incluído pela Emenda Constitucional
Emenda Constitucional nº 32, de 2001) nº 32, de 2001)
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias § 10. É vedada a reedição, na mesma sessão
sobre matéria: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, legislativa, de medida provisória que tenha sido rejeitada ou
de 2001) que tenha perdido sua eficácia por decurso de prazo.
I – relativa a: (Incluído pela Emenda Constitucional (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
nº 32, de 2001) § 11. Não editado o decreto legislativo a que se
a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, refere o § 3º até sessenta dias após a rejeição ou perda de
partidos políticos e direito eleitoral; (Incluído pela Emenda eficácia de medida provisória, as relações jurídicas
Constitucional nº 32, de 2001) constituídas e decorrentes de atos praticados durante sua
b) direito penal, processual penal e processual vigência conservar-se-ão por ela regidas. (Incluído pela
civil; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
c) organização do Poder Judiciário e do Ministério § 12. Aprovado projeto de lei de conversão
Público, a carreira e a garantia de seus membros; (Incluído alterando o texto original da medida provisória, esta manter-
pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) se-á integralmente em vigor até que seja sancionado ou
d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, vetado o projeto. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
orçamento e créditos adicionais e suplementares, 32, de 2001)
ressalvado o previsto no art. 167, § 3º; (Incluído pela Art. 63. Não será admitido aumento da despesa
Emenda Constitucional nº 32, de 2001) prevista:
II – que vise a detenção ou sequestro de bens, de I - nos projetos de iniciativa exclusiva do
poupança popular ou qualquer outro ativo financeiro; Presidente da República, ressalvado o disposto no art. 166,
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) § 3º e § 4º;
III – reservada a lei complementar; (Incluído pela II - nos projetos sobre organização dos serviços
Emenda Constitucional nº 32, de 2001) administrativos da Câmara dos Deputados, do Senado
IV – já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Federal, dos Tribunais Federais e do Ministério Público.
Congresso Nacional e pendente de sanção ou veto do Art. 64. A discussão e votação dos projetos de lei
Presidente da República. (Incluído pela Emenda de iniciativa do Presidente da República, do Supremo
Constitucional nº 32, de 2001) Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores terão início na
§ 2º Medida provisória que implique instituição ou Câmara dos Deputados.
majoração de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I,
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Nacional, prestando o compromisso de manter, defender e XII - conceder indulto e comutar penas, com
cumprir a Constituição, observar as leis, promover o bem audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei;
geral do povo brasileiro, sustentar a união, a integridade e a XIII - exercer o comando supremo das Forças
independência do Brasil. Armadas, nomear os Comandantes da Marinha, do Exército
Parágrafo único. Se, decorridos dez dias da data e da Aeronáutica, promover seus oficiais-generais e nomeá-
fixada para a posse, o Presidente ou o Vice-Presidente, los para os cargos que lhes são privativos; (Redação dada
salvo motivo de força maior, não tiver assumido o cargo, pela Emenda Constitucional nº 23, de 02/09/99)
este será declarado vago. XIV - nomear, após aprovação pelo Senado
Art. 79. Substituirá o Presidente, no caso de Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos
impedimento, e suceder-lhe-á, no de vaga, o Vice- Tribunais Superiores, os Governadores de Territórios, o
Presidente. Procurador-Geral da República, o presidente e os diretores
Parágrafo único. O Vice-Presidente da República, do banco central e outros servidores, quando determinado
além de outras atribuições que lhe forem conferidas por lei em lei;
complementar, auxiliará o Presidente, sempre que por ele XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os
convocado para missões especiais. Ministros do Tribunal de Contas da União;
Art. 80. Em caso de impedimento do Presidente e XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos
do Vice-Presidente, ou vacância dos respectivos cargos, nesta Constituição, e o Advogado-Geral da União;
serão sucessivamente chamados ao exercício da XVII - nomear membros do Conselho da
Presidência o Presidente da Câmara dos Deputados, o do República, nos termos do art. 89, VII;
Senado Federal e o do Supremo Tribunal Federal. XVIII - convocar e presidir o Conselho da
Art. 81. Vagando os cargos de Presidente e Vice- República e o Conselho de Defesa Nacional;
Presidente da República, far-se-á eleição noventa dias XIX - declarar guerra, no caso de agressão
depois de aberta a última vaga. estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou
§ 1º - Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das
do período presidencial, a eleição para ambos os cargos sessões legislativas, e, nas mesmas condições, decretar,
será feita trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso total ou parcialmente, a mobilização nacional;
Nacional, na forma da lei. XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo
§ 2º - Em qualquer dos casos, os eleitos deverão do Congresso Nacional;
completar o período de seus antecessores. XXI - conferir condecorações e distinções
Art. 82. O mandato do Presidente da República é honoríficas;
de quatro anos e terá início em primeiro de janeiro do ano XXII - permitir, nos casos previstos em lei
seguinte ao da sua eleição. (Redação dada pela Emenda complementar, que forças estrangeiras transitem pelo
Constitucional nº 16, de 1997) território nacional ou nele permaneçam temporariamente;
Art. 83. O Presidente e o Vice-Presidente da XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano
República não poderão, sem licença do Congresso plurianual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as
Nacional, ausentar-se do País por período superior a quinze propostas de orçamento previstos nesta Constituição;
dias, sob pena de perda do cargo. XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso
Seção II Nacional, dentro de sessenta dias após a abertura da
Das Atribuições do Presidente da República sessão legislativa, as contas referentes ao exercício
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da anterior;
República: XXV - prover e extinguir os cargos públicos
I - nomear e exonerar os Ministros de Estado; federais, na forma da lei;
II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, XXVI - editar medidas provisórias com força de lei,
a direção superior da administração federal; nos termos do art. 62;
III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta
casos previstos nesta Constituição; Constituição.
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, Parágrafo único. O Presidente da República
bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel poderá delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI,
execução; XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao
V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente; Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da
VI – dispor, mediante decreto, sobre: (Redação União, que observarão os limites traçados nas respectivas
dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) delegações.
a) organização e funcionamento da administração Seção III
federal, quando não implicar aumento de despesa nem Da Responsabilidade do Presidente da República
criação ou extinção de órgãos públicos; (Incluída pela Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do
Emenda Constitucional nº 32, de 2001) Presidente da República que atentem contra a Constituição
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando Federal e, especialmente, contra:
vagos; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 32, de I - a existência da União;
2001) II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder
VII - manter relações com Estados estrangeiros e Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes
acreditar seus representantes diplomáticos; constitucionais das unidades da Federação;
VIII - celebrar tratados, convenções e atos III - o exercício dos direitos políticos, individuais e
internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional; sociais;
IX - decretar o estado de defesa e o estado de IV - a segurança interna do País;
sítio; V - a probidade na administração;
X - decretar e executar a intervenção federal; VI - a lei orçamentária;
XI - remeter mensagem e plano de governo ao VII - o cumprimento das leis e das decisões
Congresso Nacional por ocasião da abertura da sessão judiciais.
legislativa, expondo a situação do País e solicitando as
providências que julgar necessárias;
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Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em II - as questões relevantes para a estabilidade das
lei especial, que estabelecerá as normas de processo e instituições democráticas.
julgamento. § 1º O Presidente da República poderá convocar
Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente Ministro de Estado para participar da reunião do Conselho,
da República, por dois terços da Câmara dos Deputados, quando constar da pauta questão relacionada com o
será ele submetido a julgamento perante o Supremo respectivo Ministério.
Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou perante § 2º A lei regulará a organização e o
o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade. funcionamento do Conselho da República.
§ 1º O Presidente ficará suspenso de suas Subseção II
funções: Do Conselho de Defesa Nacional
I - nas infrações penais comuns, se recebida a Art. 91. O Conselho de Defesa Nacional é órgão
denúncia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal; de consulta do Presidente da República nos assuntos
II - nos crimes de responsabilidade, após a relacionados com a soberania nacional e a defesa do
instauração do processo pelo Senado Federal. Estado democrático, e dele participam como membros
§ 2º Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, natos:
o julgamento não estiver concluído, cessará o afastamento I - o Vice-Presidente da República;
do Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do II - o Presidente da Câmara dos Deputados;
processo. III - o Presidente do Senado Federal;
§ 3º Enquanto não sobrevier sentença IV - o Ministro da Justiça;
condenatória, nas infrações comuns, o Presidente da V - o Ministro de Estado da Defesa; (Redação
República não estará sujeito a prisão. dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999)
§ 4º O Presidente da República, na vigência de VI - o Ministro das Relações Exteriores;
seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos VII - o Ministro do Planejamento.
estranhos ao exercício de suas funções. VIII - os Comandantes da Marinha, do Exército e
Seção IV da Aeronáutica. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 23,
DOS MINISTROS DE ESTADO de 1999)
Art. 87. Os Ministros de Estado serão escolhidos § 1º Compete ao Conselho de Defesa Nacional:
dentre brasileiros maiores de vinte e um anos e no exercício I - opinar nas hipóteses de declaração de guerra e
dos direitos políticos. de celebração da paz, nos termos desta Constituição;
Parágrafo único. Compete ao Ministro de Estado, II - opinar sobre a decretação do estado de defesa,
além de outras atribuições estabelecidas nesta Constituição do estado de sítio e da intervenção federal;
e na lei: III - propor os critérios e condições de utilização de
I - exercer a orientação, coordenação e supervisão áreas indispensáveis à segurança do território nacional e
dos órgãos e entidades da administração federal na área de opinar sobre seu efetivo uso, especialmente na faixa de
sua competência e referendar os atos e decretos assinados fronteira e nas relacionadas com a preservação e a
pelo Presidente da República; exploração dos recursos naturais de qualquer tipo;
II - expedir instruções para a execução das leis, IV - estudar, propor e acompanhar o
decretos e regulamentos; desenvolvimento de iniciativas necessárias a garantir a
III - apresentar ao Presidente da República independência nacional e a defesa do Estado democrático.
relatório anual de sua gestão no Ministério; § 2º A lei regulará a organização e o
IV - praticar os atos pertinentes às atribuições que funcionamento do Conselho de Defesa Nacional.
lhe forem outorgadas ou delegadas pelo Presidente da CAPÍTULO III
República. DO PODER JUDICIÁRIO
Art. 88. A lei disporá sobre a criação e extinção de Seção I
Ministérios e órgãos da administração pública. (Redação DISPOSIÇÕES GERAIS
dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário:
Seção V I - o Supremo Tribunal Federal;
DO CONSELHO DA REPÚBLICA E DO CONSELHO DE I-A o Conselho Nacional de Justiça; (Incluído pela
DEFESA NACIONAL Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Subseção I II - o Superior Tribunal de Justiça;
Do Conselho da República II-A - o Tribunal Superior do
Art. 89. O Conselho da República é órgão superior Trabalho; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 92,
de consulta do Presidente da República, e dele participam: de 2016)
I - o Vice-Presidente da República; III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes
II - o Presidente da Câmara dos Deputados; Federais;
III - o Presidente do Senado Federal; IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho;
IV - os líderes da maioria e da minoria na Câmara V - os Tribunais e Juízes Eleitorais;
dos Deputados; VI - os Tribunais e Juízes Militares;
V - os líderes da maioria e da minoria no Senado VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do
Federal; Distrito Federal e Territórios.
VI - o Ministro da Justiça; § 1º O Supremo Tribunal Federal, o Conselho
VII - seis cidadãos brasileiros natos, com mais de Nacional de Justiça e os Tribunais Superiores têm sede na
trinta e cinco anos de idade, sendo dois nomeados pelo Capital Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
Presidente da República, dois eleitos pelo Senado Federal 45, de 2004)
e dois eleitos pela Câmara dos Deputados, todos com § 2º O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais
mandato de três anos, vedada a recondução. Superiores têm jurisdição em todo o território nacional.
Art. 90. Compete ao Conselho da República (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
pronunciar-se sobre: Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do
I - intervenção federal, estado de defesa e estado Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da
de sítio; Magistratura, observados os seguintes princípios:
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I - ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de que couber, ao disposto nas alíneas a , b , c e e do inciso II;
juiz substituto, mediante concurso público de provas e (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder
Brasil em todas as fases, exigindo-se do bacharel em Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as
direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica e decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a
obedecendo-se, nas nomeações, à ordem de classificação; presença, em determinados atos, às próprias partes e a
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais
II - promoção de entrância para entrância, a preservação do direito à intimidade do interessado no
alternadamente, por antiguidade e merecimento, atendidas sigilo não prejudique o interesse público à informação;
as seguintes normas: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
a) é obrigatória a promoção do juiz que figure por X as decisões administrativas dos tribunais serão
três vezes consecutivas ou cinco alternadas em lista de motivadas e em sessão pública, sendo as disciplinares
merecimento; tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus membros;
b) a promoção por merecimento pressupõe dois (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
anos de exercício na respectiva entrância e integrar o juiz a XI nos tribunais com número superior a vinte e
primeira quinta parte da lista de antiguidade desta, salvo se cinco julgadores, poderá ser constituído órgão especial,
não houver com tais requisitos quem aceite o lugar vago; com o mínimo de onze e o máximo de vinte e cinco
c) aferição do merecimento conforme o membros, para o exercício das atribuições administrativas e
desempenho e pelos critérios objetivos de produtividade e jurisdicionais delegadas da competência do tribunal pleno,
presteza no exercício da jurisdição e pela frequência e provendo-se metade das vagas por antiguidade e a outra
aproveitamento em cursos oficiais ou reconhecidos de metade por eleição pelo tribunal pleno; (Redação dada pela
aperfeiçoamento; (Redação dada pela Emenda Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Constitucional nº 45, de 2004) XII a atividade jurisdicional será ininterrupta, sendo
d) na apuração de antiguidade, o tribunal somente vedado férias coletivas nos juízos e tribunais de segundo
poderá recusar o juiz mais antigo pelo voto fundamentado grau, funcionando, nos dias em que não houver expediente
de dois terços de seus membros, conforme procedimento forense normal, juízes em plantão permanente; (Incluído
próprio, e assegurada ampla defesa, repetindo-se a votação pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
até fixar-se a indicação; (Redação dada pela Emenda XIII o número de juízes na unidade jurisdicional
Constitucional nº 45, de 2004) será proporcional à efetiva demanda judicial e à respectiva
e) não será promovido o juiz que, população; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de
injustificadamente, retiver autos em seu poder além do 2004)
prazo legal, não podendo devolvê-los ao cartório sem o XIV os servidores receberão delegação para a
devido despacho ou decisão; (Incluída pela Emenda prática de atos de administração e atos de mero expediente
Constitucional nº 45, de 2004) sem caráter decisório; (Incluído pela Emenda Constitucional
III o acesso aos tribunais de segundo grau far-se-á nº 45, de 2004)
por antiguidade e merecimento, alternadamente, apurados XV a distribuição de processos será imediata, em
na última ou única entrância; (Redação dada pela Emenda todos os graus de jurisdição. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004) Constitucional nº 45, de 2004)
IV previsão de cursos oficiais de preparação, Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais
aperfeiçoamento e promoção de magistrados, constituindo Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados, e do
etapa obrigatória do processo de vitaliciamento a Distrito Federal e Territórios será composto de membros, do
participação em curso oficial ou reconhecido por escola Ministério Público, com mais de dez anos de carreira, e de
nacional de formação e aperfeiçoamento de magistrados; advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada,
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) com mais de dez anos de efetiva atividade profissional,
V - o subsídio dos Ministros dos Tribunais indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação
Superiores corresponderá a noventa e cinco por cento do das respectivas classes.
subsídio mensal fixado para os Ministros do Supremo Parágrafo único. Recebidas as indicações, o
Tribunal Federal e os subsídios dos demais magistrados tribunal formará lista tríplice, enviando-a ao Poder
serão fixados em lei e escalonados, em nível federal e Executivo, que, nos vinte dias subsequentes, escolherá um
estadual, conforme as respectivas categorias da estrutura de seus integrantes para nomeação.
judiciária nacional, não podendo a diferença entre uma e Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias:
outra ser superior a dez por cento ou inferior a cinco por I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será
cento, nem exceder a noventa e cinco por cento do subsídio adquirida após dois anos de exercício, dependendo a perda
mensal dos Ministros dos Tribunais Superiores, obedecido, do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o
em qualquer caso, o disposto nos arts. 37, XI, e 39, § 4º; juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) judicial transitada em julgado;
VI - a aposentadoria dos magistrados e a pensão II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse
de seus dependentes observarão o disposto no art. 40; público, na forma do art. 93, VIII;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o
VII o juiz titular residirá na respectiva comarca, disposto nos arts. 37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e
salvo autorização do tribunal; (Redação dada pela Emenda 153, § 2º, I. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
Constitucional nº 45, de 2004) 19, de 1998)
VIII o ato de remoção, disponibilidade e Parágrafo único. Aos juízes é vedado:
aposentadoria do magistrado, por interesse público, fundar- I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro
se-á em decisão por voto da maioria absoluta do respectivo cargo ou função, salvo uma de magistério;
tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça, assegurada II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou
ampla defesa; (Redação dada pela Emenda Constitucional participação em processo;
nº 45, de 2004) III - dedicar-se à atividade político-partidária.
VIII-A a remoção a pedido ou a permuta de IV receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios
magistrados de comarca de igual entrância atenderá, no ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou
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de obrigações definidas em leis como de pequeno valor que § 13. O credor poderá ceder, total ou parcialmente,
as Fazendas referidas devam fazer em virtude de sentença seus créditos em precatórios a terceiros,
judicial transitada em julgado. (Redação dada pela Emenda independentemente da concordância do devedor, não se
Constitucional nº 62, de 2009). aplicando ao cessionário o disposto nos §§ 2º e 3º. (Incluído
§ 4º Para os fins do disposto no § 3º, poderão ser pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
fixados, por leis próprias, valores distintos às entidades de § 14. A cessão de precatórios somente produzirá
direito público, segundo as diferentes capacidades efeitos após comunicação, por meio de petição
econômicas, sendo o mínimo igual ao valor do maior protocolizada, ao tribunal de origem e à entidade devedora.
benefício do regime geral de previdência social. (Redação (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009). § 15. Sem prejuízo do disposto neste artigo, lei
§ 5º É obrigatória a inclusão, no orçamento das complementar a esta Constituição Federal poderá
entidades de direito público, de verba necessária ao estabelecer regime especial para pagamento de crédito de
pagamento de seus débitos, oriundos de sentenças precatórios de Estados, Distrito Federal e Municípios,
transitadas em julgado, constantes de precatórios dispondo sobre vinculações à receita corrente líquida e
judiciários apresentados até 1º de julho, fazendo-se o forma e prazo de liquidação. (Incluído pela Emenda
pagamento até o final do exercício seguinte, quando terão Constitucional nº 62, de 2009).
seus valores atualizados monetariamente. (Redação dada § 16. A seu critério exclusivo e na forma de lei, a
pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009). União poderá assumir débitos, oriundos de precatórios, de
§ 6º As dotações orçamentárias e os créditos Estados, Distrito Federal e Municípios, refinanciando-os
abertos serão consignados diretamente ao Poder Judiciário, diretamente. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de
cabendo ao Presidente do Tribunal que proferir a decisão 2009)
exequenda determinar o pagamento integral e autorizar, a § 17. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
requerimento do credor e exclusivamente para os casos de Municípios aferirão mensalmente, em base anual, o
preterimento de seu direito de precedência ou de não comprometimento de suas respectivas receitas correntes
alocação orçamentária do valor necessário à satisfação do líquidas com o pagamento de precatórios e obrigações de
seu débito, o sequestro da quantia respectiva. (Redação pequeno valor. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009). 94, de 2016)
§ 7º O Presidente do Tribunal competente que, por § 18. Entende-se como receita corrente líquida,
ato comissivo ou omissivo, retardar ou tentar frustrar a para os fins de que trata o § 17, o somatório das receitas
liquidação regular de precatórios incorrerá em crime de tributárias, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de
responsabilidade e responderá, também, perante o contribuições e de serviços, de transferências correntes e
Conselho Nacional de Justiça. (Incluído pela Emenda outras receitas correntes, incluindo as oriundas do § 1º do
Constitucional nº 62, de 2009). art. 20 da Constituição Federal, verificado no período
§ 8º É vedada a expedição de precatórios compreendido pelo segundo mês imediatamente anterior ao
complementares ou suplementares de valor pago, bem de referência e os 11 (onze) meses precedentes, excluídas
como o fracionamento, repartição ou quebra do valor da as duplicidades, e deduzidas: (Incluído pela Emenda
execução para fins de enquadramento de parcela do total Constitucional nº 94, de 2016)
ao que dispõe o § 3º deste artigo. (Incluído pela Emenda I - na União, as parcelas entregues aos Estados,
Constitucional nº 62, de 2009). ao Distrito Federal e aos Municípios por determinação
§ 9º No momento da expedição dos precatórios, constitucional; (Incluído pela Emenda Constitucional nº
independentemente de regulamentação, deles deverá ser 94, de 2016)
abatido, a título de compensação, valor correspondente aos II - nos Estados, as parcelas entregues aos
débitos líquidos e certos, inscritos ou não em dívida ativa e Municípios por determinação constitucional; (Incluído
constituídos contra o credor original pela Fazenda Pública pela Emenda Constitucional nº 94, de 2016)
devedora, incluídas parcelas vincendas de parcelamentos, III - na União, nos Estados, no Distrito Federal e
ressalvados aqueles cuja execução esteja suspensa em nos Municípios, a contribuição dos servidores para custeio
virtude de contestação administrativa ou judicial. (Incluído de seu sistema de previdência e assistência social e as
pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009). receitas provenientes da compensação financeira referida
§ 10. Antes da expedição dos precatórios, o no § 9º do art. 201 da Constituição Federal. (Incluído pela
Tribunal solicitará à Fazenda Pública devedora, para Emenda Constitucional nº 94, de 2016)
resposta em até 30 (trinta) dias, sob pena de perda do § 19. Caso o montante total de débitos decorrentes
direito de abatimento, informação sobre os débitos que de condenações judiciais em precatórios e obrigações de
preencham as condições estabelecidas no § 9º, para os fins pequeno valor, em período de 12 (doze) meses, ultrapasse
nele previstos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, a média do comprometimento percentual da receita
de 2009). corrente líquida nos 5 (cinco) anos imediatamente
§ 11. É facultada ao credor, conforme estabelecido anteriores, a parcela que exceder esse percentual poderá
em lei da entidade federativa devedora, a entrega de ser financiada, excetuada dos limites de endividamento de
créditos em precatórios para compra de imóveis públicos do que tratam os incisos VI e VII do art. 52 da Constituição
respectivo ente federado. (Incluído pela Emenda Federal e de quaisquer outros limites de endividamento
Constitucional nº 62, de 2009). previstos, não se aplicando a esse financiamento a vedação
§ 12. A partir da promulgação desta Emenda de vinculação de receita prevista no inciso IV do art. 167 da
Constitucional, a atualização de valores de requisitórios, Constituição Federal. (Incluído pela Emenda
após sua expedição, até o efetivo pagamento, Constitucional nº 94, de 2016)
independentemente de sua natureza, será feita pelo índice § 20. Caso haja precatório com valor superior a
oficial de remuneração básica da caderneta de poupança, 15% (quinze por cento) do montante dos precatórios
e, para fins de compensação da mora, incidirão juros apresentados nos termos do § 5º deste artigo, 15% (quinze
simples no mesmo percentual de juros incidentes sobre a por cento) do valor deste precatório serão pagos até o final
caderneta de poupança, ficando excluída a incidência de do exercício seguinte e o restante em parcelas iguais nos
juros compensatórios. (Incluído pela Emenda Constitucional cinco exercícios subsequentes, acrescidas de juros de mora
nº 62, de 2009). e correção monetária, ou mediante acordos diretos, perante
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IX - confederação sindical ou entidade de classe VII um juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal
de âmbito nacional. de Justiça; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de
§ 1º O Procurador-Geral da República deverá ser 2004)
previamente ouvido nas ações de inconstitucionalidade e VIII um juiz de Tribunal Regional do Trabalho,
em todos os processos de competência do Supremo indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho; (Incluído pela
Tribunal Federal. Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 2º Declarada a inconstitucionalidade por omissão IX um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal
de medida para tornar efetiva norma constitucional, será Superior do Trabalho; (Incluído pela Emenda Constitucional
dada ciência ao Poder competente para a adoção das nº 45, de 2004)
providências necessárias e, em se tratando de órgão X um membro do Ministério Público da União,
administrativo, para fazê-lo em trinta dias. indicado pelo Procurador-Geral da República; (Incluído pela
§ 3º Quando o Supremo Tribunal Federal apreciar Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
a inconstitucionalidade, em tese, de norma legal ou ato XI um membro do Ministério Público estadual,
normativo, citará, previamente, o Advogado-Geral da União, escolhido pelo Procurador-Geral da República dentre os
que defenderá o ato ou texto impugnado. nomes indicados pelo órgão competente de cada instituição
§ 4.º (Revogado pela Emenda Constitucional nº 45, estadual; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de
de 2004) 2004)
Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de XII dois advogados, indicados pelo Conselho
ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; (Incluído pela
dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua XIII dois cidadãos, de notável saber jurídico e
publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em reputação ilibada, indicados um pela Câmara dos
relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à Deputados e outro pelo Senado Federal. (Incluído pela
administração pública direta e indireta, nas esferas federal, Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou § 1º O Conselho será presidido pelo Presidente do
cancelamento, na forma estabelecida em lei. (Incluído pela Supremo Tribunal Federal e, nas suas ausências e
Emenda Constitucional nº 45, de 2004) impedimentos, pelo Vice-Presidente do Supremo Tribunal
§ 1º A súmula terá por objetivo a validade, a Federal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 61,
interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca de 2009)
das quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou § 2º Os demais membros do Conselho serão
entre esses e a administração pública que acarrete grave nomeados pelo Presidente da República, depois de
insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado
sobre questão idêntica. (Incluído pela Emenda Federal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 61,
Constitucional nº 45, de 2004) de 2009)
§ 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido § 3º Não efetuadas, no prazo legal, as indicações
em lei, a aprovação, revisão ou cancelamento de súmula previstas neste artigo, caberá a escolha ao Supremo
poderá ser provocada por aqueles que podem propor a Tribunal Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
ação direta de inconstitucionalidade.(Incluído pela Emenda 45, de 2004)
Constitucional nº 45, de 2004) § 4º Compete ao Conselho o controle da atuação
§ 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que administrativa e financeira do Poder Judiciário e do
contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-
aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal lhe, além de outras atribuições que lhe forem conferidas
que, julgando-a procedente, anulará o ato administrativo ou pelo Estatuto da Magistratura: (Incluído pela Emenda
cassará a decisão judicial reclamada, e determinará que Constitucional nº 45, de 2004)
outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula, I - zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo
conforme o caso. (Incluído pela Emenda Constitucional nº cumprimento do Estatuto da Magistratura, podendo expedir
45, de 2004) atos regulamentares, no âmbito de sua competência, ou
Art. 103-B. O Conselho Nacional de Justiça recomendar providências; (Incluído pela Emenda
compõe-se de 15 (quinze) membros com mandato de 2 Constitucional nº 45, de 2004)
(dois) anos, admitida 1 (uma) recondução, sendo: (Redação II - zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de
dada pela Emenda Constitucional nº 61, de 2009) ofício ou mediante provocação, a legalidade dos atos
I - o Presidente do Supremo Tribunal Federal; administrativos praticados por membros ou órgãos do
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 61, de 2009) Poder Judiciário, podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar
II um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, prazo para que se adotem as providências necessárias ao
indicado pelo respectivo tribunal; (Incluído pela Emenda exato cumprimento da lei, sem prejuízo da competência do
Constitucional nº 45, de 2004) Tribunal de Contas da União; (Incluído pela Emenda
III um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, Constitucional nº 45, de 2004)
indicado pelo respectivo tribunal; (Incluído pela Emenda III receber e conhecer das reclamações contra
Constitucional nº 45, de 2004) membros ou órgãos do Poder Judiciário, inclusive contra
IV um desembargador de Tribunal de Justiça, seus serviços auxiliares, serventias e órgãos prestadores
indicado pelo Supremo Tribunal Federal; (Incluído pela de serviços notariais e de registro que atuem por delegação
Emenda Constitucional nº 45, de 2004) do poder público ou oficializados, sem prejuízo da
V um juiz estadual, indicado pelo Supremo competência disciplinar e correcional dos tribunais,
Tribunal Federal; (Incluído pela Emenda Constitucional nº podendo avocar processos disciplinares em curso e
45, de 2004) determinar a remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria
VI um juiz de Tribunal Regional Federal, indicado com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de
pelo Superior Tribunal de Justiça; (Incluído pela Emenda serviço e aplicar outras sanções administrativas,
Constitucional nº 45, de 2004) assegurada ampla defesa; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)
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outras funções, regulamentar os cursos oficiais para o II - as causas entre Estado estrangeiro ou
ingresso e promoção na carreira; (Incluído pela Emenda organismo internacional e Município ou pessoa domiciliada
Constitucional nº 45, de 2004) ou residente no País;
II - o Conselho da Justiça Federal, cabendo-lhe III - as causas fundadas em tratado ou contrato da
exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa e União com Estado estrangeiro ou organismo internacional;
orçamentária da Justiça Federal de primeiro e segundo IV - os crimes políticos e as infrações penais
graus, como órgão central do sistema e com poderes praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da
correcionais, cujas decisões terão caráter vinculante. União ou de suas entidades autárquicas ou empresas
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a
Seção IV competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;
DOS TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS E DOS JUÍZES V - os crimes previstos em tratado ou convenção
FEDERAIS internacional, quando, iniciada a execução no País, o
Art. 106. São órgãos da Justiça Federal: resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou
I - os Tribunais Regionais Federais; reciprocamente;
II - os Juízes Federais. V-A as causas relativas a direitos humanos a que
Art. 107. Os Tribunais Regionais Federais se refere o § 5º deste artigo; (Incluído pela Emenda
compõem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados, Constitucional nº 45, de 2004)
quando possível, na respectiva região e nomeados pelo VI - os crimes contra a organização do trabalho e,
Presidente da República dentre brasileiros com mais de nos casos determinados por lei, contra o sistema financeiro
trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo: e a ordem econômico-financeira;
I - um quinto dentre advogados com mais de dez VII - os habeas corpus, em matéria criminal de sua
anos de efetiva atividade profissional e membros do competência ou quando o constrangimento provier de
Ministério Público Federal com mais de dez anos de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a
carreira; outra jurisdição;
II - os demais, mediante promoção de juízes VIII - os mandados de segurança e os habeas data
federais com mais de cinco anos de exercício, por contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de
antiguidade e merecimento, alternadamente. competência dos tribunais federais;
§ 1º A lei disciplinará a remoção ou a permuta de IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou
juízes dos Tribunais Regionais Federais e determinará sua aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar;
jurisdição e sede. (Renumerado do parágrafo único, pela X - os crimes de ingresso ou permanência irregular
Emenda Constitucional nº 45, de 2004) de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o
§ 2º Os Tribunais Regionais Federais instalarão a "exequatur", e de sentença estrangeira, após a
justiça itinerante, com a realização de audiências e demais homologação, as causas referentes à nacionalidade,
funções da atividade jurisdicional, nos limites territoriais da inclusive a respectiva opção, e à naturalização;
respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos XI - a disputa sobre direitos indígenas.
e comunitários. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, § 1º As causas em que a União for autora serão
de 2004) aforadas na seção judiciária onde tiver domicílio a outra
§ 3º Os Tribunais Regionais Federais poderão parte.
funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras § 2º As causas intentadas contra a União poderão
regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do ser aforadas na seção judiciária em que for domiciliado o
jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo. autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) origem à demanda ou onde esteja situada a coisa, ou,
Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais ainda, no Distrito Federal.
Federais: § 3º Serão processadas e julgadas na justiça
I - processar e julgar, originariamente: estadual, no foro do domicílio dos segurados ou
a) os juízes federais da área de sua jurisdição, beneficiários, as causas em que forem parte instituição de
incluídos os da Justiça Militar e da Justiça do Trabalho, nos previdência social e segurado, sempre que a comarca não
crimes comuns e de responsabilidade, e os membros do seja sede de vara do juízo federal, e, se verificada essa
Ministério Público da União, ressalvada a competência da condição, a lei poderá permitir que outras causas sejam
Justiça Eleitoral; também processadas e julgadas pela justiça estadual.
b) as revisões criminais e as ações rescisórias de § 4º Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso
julgados seus ou dos juízes federais da região; cabível será sempre para o Tribunal Regional Federal na
c) os mandados de segurança e os habeas data área de jurisdição do juiz de primeiro grau.
contra ato do próprio Tribunal ou de juiz federal; § 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos
d) os habeas corpus, quando a autoridade coatora humanos, o Procurador-Geral da República, com a
for juiz federal; finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações
e) os conflitos de competência entre juízes federais decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos
vinculados ao Tribunal; dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o
II - julgar, em grau de recurso, as causas decididas Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito
pelos juízes federais e pelos juízes estaduais no exercício ou processo, incidente de deslocamento de competência
da competência federal da área de sua jurisdição. para a Justiça Federal. (Incluído pela Emenda
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e Constitucional nº 45, de 2004)
julgar: Art. 110. Cada Estado, bem como o Distrito
I - as causas em que a União, entidade autárquica Federal, constituirá uma seção judiciária que terá por sede
ou empresa pública federal forem interessadas na condição a respectiva Capital, e varas localizadas segundo o
de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de estabelecido em lei.
falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Parágrafo único. Nos Territórios Federais, a
Eleitoral e à Justiça do Trabalho; jurisdição e as atribuições cometidas aos juízes federais
caberão aos juízes da justiça local, na forma da lei.
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§ 5º Compete aos juízes de direito do juízo militar Art. 128. O Ministério Público abrange:
processar e julgar, singularmente, os crimes militares I - o Ministério Público da União, que compreende:
cometidos contra civis e as ações judiciais contra atos a) o Ministério Público Federal;
disciplinares militares, cabendo ao Conselho de Justiça, sob b) o Ministério Público do Trabalho;
a presidência de juiz de direito, processar e julgar os c) o Ministério Público Militar;
demais crimes militares. (Incluído pela Emenda d) o Ministério Público do Distrito Federal e
Constitucional nº 45, de 2004) Territórios;
§ 6º O Tribunal de Justiça poderá funcionar II - os Ministérios Públicos dos Estados.
descentralizada mente, constituindo Câmaras regionais, a § 1º O Ministério Público da União tem por chefe o
fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça Procurador-Geral da República, nomeado pelo Presidente
em todas as fases do processo. (Incluído pela Emenda da República dentre integrantes da carreira, maiores de
Constitucional nº 45, de 2004) trinta e cinco anos, após a aprovação de seu nome pela
§ 7º O Tribunal de Justiça instalará a justiça maioria absoluta dos membros do Senado Federal, para
itinerante, com a realização de audiências e demais mandato de dois anos, permitida a recondução.
funções da atividade jurisdicional, nos limites territoriais da § 2º A destituição do Procurador-Geral da
respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos República, por iniciativa do Presidente da República, deverá
e comunitários. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, ser precedida de autorização da maioria absoluta do
de 2004) Senado Federal.
Art. 126. Para dirimir conflitos fundiários, o Tribunal § 3º Os Ministérios Públicos dos Estados e o do
de Justiça proporá a criação de varas especializadas, com Distrito Federal e Territórios formarão lista tríplice dentre
competência exclusiva para questões agrárias. (Redação integrantes da carreira, na forma da lei respectiva, para
dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) escolha de seu Procurador-Geral, que será nomeado pelo
Parágrafo único. Sempre que necessário à Chefe do Poder Executivo, para mandato de dois anos,
eficiente prestação jurisdicional, o juiz far-se-á presente no permitida uma recondução.
local do litígio. § 4º Os Procuradores-Gerais nos Estados e no
CAPÍTULO IV Distrito Federal e Territórios poderão ser destituídos por
DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA deliberação da maioria absoluta do Poder Legislativo, na
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 80, de 2014) forma da lei complementar respectiva.
SEÇÃO I § 5º Leis complementares da União e dos Estados,
DO MINISTÉRIO PÚBLICO cuja iniciativa é facultada aos respectivos Procuradores-
Art. 127. O Ministério Público é instituição Gerais, estabelecerão a organização, as atribuições e o
permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, estatuto de cada Ministério Público, observadas,
incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime relativamente a seus membros:
democrático e dos interesses sociais e individuais I - as seguintes garantias:
indisponíveis. a) vitaliciedade, após dois anos de exercício, não
§ 1º São princípios institucionais do Ministério podendo perder o cargo senão por sentença judicial
Público a unidade, a indivisibilidade e a independência transitada em julgado;
funcional. b) inamovibilidade, salvo por motivo de interesse
§ 2º Ao Ministério Público é assegurada autonomia público, mediante decisão do órgão colegiado competente
funcional e administrativa, podendo, observado o disposto do Ministério Público, pelo voto da maioria absoluta de seus
no art. 169, propor ao Poder Legislativo a criação e extinção membros, assegurada ampla defesa; (Redação dada pela
de seus cargos e serviços auxiliares, provendo-os por Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
concurso público de provas ou de provas e títulos, a política c) irredutibilidade de subsídio, fixado na forma do
remuneratória e os planos de carreira; a lei disporá sobre art. 39, § 4º, e ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI,
sua organização e funcionamento. (Redação dada pela 150, II, 153, III, 153, § 2º, I; (Redação dada pela Emenda
Emenda Constitucional nº 19, de 1998) Constitucional nº 19, de 1998)
§ 3º O Ministério Público elaborará sua proposta II - as seguintes vedações:
orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de a) receber, a qualquer título e sob qualquer
diretrizes orçamentárias. pretexto, honorários, percentagens ou custas processuais;
§ 4º Se o Ministério Público não encaminhar a b) exercer a advocacia;
respectiva proposta orçamentária dentro do prazo c) participar de sociedade comercial, na forma da
estabelecido na lei de diretrizes orçamentárias, o Poder lei;
Executivo considerará, para fins de consolidação da d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer
proposta orçamentária anual, os valores aprovados na lei outra função pública, salvo uma de magistério;
orçamentária vigente, ajustados de acordo com os limites e) exercer atividade político-partidária; (Redação
estipulados na forma do § 3º. (Incluído pela Emenda dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Constitucional nº 45, de 2004) f) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou
§ 5º Se a proposta orçamentária de que trata este contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou
artigo for encaminhada em desacordo com os limites privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei.
estipulados na forma do § 3º, o Poder Executivo procederá (Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
aos ajustes necessários para fins de consolidação da § 6º Aplica-se aos membros do Ministério Público o
proposta orçamentária anual. (Incluído pela Emenda disposto no art. 95, parágrafo único, V. (Incluído pela
Constitucional nº 45, de 2004) Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 6º Durante a execução orçamentária do Art. 129. São funções institucionais do Ministério
exercício, não poderá haver a realização de despesas ou a Público:
assunção de obrigações que extrapolem os limites I - promover, privativamente, a ação penal pública,
estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, exceto se na forma da lei;
previamente autorizadas, mediante a abertura de créditos II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos
suplementares ou especiais. (Incluído pela Emenda e dos serviços de relevância pública aos direitos
Constitucional nº 45, de 2004)
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pessoas jurídicas administrativas que integram a específica, para a realização de atividades, obras ou
Administração Pública, a atividade jurídica não contenciosa serviços descentralizados da entidade estatal que as criou.
que exerce e os bens de que se utiliza para a consecução Funcionam e operam na forma estabelecida na Lei
de seus fins, de natureza pública2. instituidora e nos termos do seu regulamento. As autarquias
podem desempenhar atividades econômicas, educacionais,
Natureza e Fins da Administração Pública previdenciárias e quaisquer outras outorgadas pela
entidade estatal-matriz, mas sem subordinação hierárquica,
A natureza da administração pública é a de múnus sujeitas apenas ao controle finalístico de sua administração
público para quem exerce, isto é, a de um encargo de e da conduta de seus dirigentes.
defesa, conservação e aprimoramento dos bens, serviços e
interesses da coletividade. Entidades Fundacionais
Por seu turno, os fins da administração pública São pessoas jurídicas de Direito Público ou
resumem-se num único objetivo: o bem comum da pessoas jurídicas de Direito Privado, devendo a Lei definir
coletividade administrada. Toda a atividade do as respectivas áreas de atuação, conforme o inc. XIX do
administrador público deve ser orientada para esse objetivo. art. 37 da CF/88, na nova redação dada pela EC nº 19/98.
Se dele o administrador se afasta ou desvia, trai o mandato No primeiro caso elas são criadas por Lei, à semelhança
de que está investido, porque a comunidade não instituiu a das autarquias, e no segundo caso, a Lei apenas autoriza a
Administração senão como meio de atingir o bem-estar sua criação, devendo o Poder Executivo tomar as
social. Ilícito e imoral, será todo ato administrativo praticado providências necessárias à sua instituição.
que não for praticado no interesse da coletividade. Lembramos que, quando Constituição
Federal de 1988 refere-se à Administração
Administração Pública e Governo Direta, Autárquica e Fundacional, quer se referir apenas às
Deixando de lado o que a Doutrina chama de pessoas jurídicas de Direito Público, vale dizer, União,
sentido formal e sentido material de Administração Pública Estados-Membros, Distrito Federal, Municípios e suas
e Governo, focaremos nosso estudo numa visão objetiva, a autarquias e fundações públicas, estas somente quando de
qual sintetiza a essência de tais aspectos doutrinários. Direito Público, porque instituídas (criadas) diretamente por
Nesse sentido, numa visão global, a Administração é, pois, Lei específica. Não, portanto, às de Direito Privado, assim
todo o aparelhamento do Estado preordenado à realização entendidas as fundações cujas instituições decorrem de
de serviços, visando à satisfação das necessidades autorização (não de criação) legal específica do Poder
coletivas. Público.
A Administração não pratica atos de Governo;
pratica, tão-somente, atos de execução, com maior ou Entidades Empresariais
menor autonomia funcional, segundo a competência do São pessoas jurídicas de Direito Privado,
órgão e de seus agentes. São os chamados atos instituídas sob a forma de sociedade de economia mista ou
administrativos, que por sua variedade e importância, serão empresa pública, com a finalidade de prestar serviço
abordados em separado. público que possa ser explorado no modo empresarial, ou
Comparativamente, podemos dizer que Governo é de exercer atividade econômica de relevante interesse
uma atividade política e discricionária; Administração e uma coletivo. Sua criação deve ser autorizada por lei específica,
atividade neutra, normalmente vinculada à lei ou à norma cabendo ao Poder Executivo as providências
técnica. Governo é conduta independente; Administração é complementares para a sua instituição.
conduta hierarquizada. Por fim, Administração é o
instrumental de que dispõe o Estado para por em prática as Entidades Paraestatais
opções políticas do Governo Portanto, Governo e São pessoas jurídicas de Direito Privado que, por
Administração como criações abstratas da Constituição e lei, são autorizadas a prestar serviços ou realizar atividades
das Leis, atuam por intermédio de suas entidades (Pessoas de interesse coletivo ou público, mas, não exclusivo de
Jurídicas), de seus órgãos (Centros de Decisões) e de seus Estado. São espécies de entidades paraestatais os serviços
agentes (Pessoas Físicas investidas em Cargos e sociais autônomos (SESI, SENAI, SESC e outros) e
Funções). recentemente, as Organizações Sociais (OS’s) e as
Organizações Sociais Civis de Interesse Público (OSCIP’s).
As entidades paraestatais são autônomas,
Entidades Políticas e Administrativas administrativa e financeiramente, têm patrimônio próprio e
Entidade é pessoa jurídica, pública ou privada4; operam em regime de iniciativa particular, na forma de seus
órgão é elemento despersonalizado incumbido da estatutos, ficando sujeitas apenas à supervisão do órgão da
realização das atividades da entidade a que pertence, entidade estatal a que se encontrem vinculadas, para o
através de seus agentes. Na sistemática administrativa controle de desempenho estatutário. São os denominados
brasileira, as entidades classificam-se em estatais, entes de cooperação com o Estado.
autárquicas, fundacionais, empresariais e paraestatais.
Órgãos e Agentes Públicos
Entidades Estatais Órgãos são centros de competência instituídos
São pessoas jurídicas de Direito Público que para o desempenho de funções estatais, através de seus
integram a estrutura do constitucional do Estado e têm agentes, cuja atuação é imputada à pessoa jurídica a que
poderes políticos e administrativos, tais como a União, os pertencem.
Estados-Membros, os Municípios e o Distrito Federal. A São unidades de ação com atribuições específicas
União é soberana, as demais entidades estatais têm na organização estatal. Cada órgão como centro de
apenas autonomia política, administrativa e financeira, mas competência governamental ou administrativa, tem
não dispõem de soberania, que é privativa da Federação. necessariamente funções, cargo e agentes, mas é distinto
desses elementos, que podem ser modificados,,
Entidades Autárquicas substituídos ou retirados sem supressão da unidade
São pessoas jurídicas de Direito Público, de orgânica. Isto explica por que a alteração de funções, ou a
natureza meramente administrativa, criadas por Lei
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vacância dos cargos, ou a mudança de seus titulares, não lícito fazer tudo que a lei não proíbe, na Administração
acarreta a extinção do órgão. Pública só é permitido fazer tudo o que a lei autorize. A lei
Os órgãos integram a estrutura do Estado e das para o particular significa “pode fazer assim”; para o
demais pessoas jurídicas como parte desses corpos vivos, administrador público significa “deve fazer assim”.
dotados de vontade e capazes de exercer direitos e contrair
obrigações para a consecução de seus fins institucionais. Moralidade
Por isso mesmo, os órgãos não têm personalidade jurídica A Moralidade administrativa constitui, hoje em dia,
nem vontade própria, que são atributos do corpo e não das pressuposto de validade de todo ato da Administração
partes, mas, na área de suas atribuições e nos limites de Pública (CF, Art.37, caput). Não se trata da moral comum,
sua competência funcional expressam a vontade através de mas sim, de uma moral jurídica entendida como o “conjunto
seus agentes (pessoa física). de regras tiradas da disciplina interior da Administração”.
Agentes Públicos, são todas as pessoas físicas O Agente Administrativo, como ser humano dotado
incumbidas, definitiva ou transitoriamente, do exercício de da capacidade de atuar, deve, necessariamente, distinguir o
alguma função estatal. Os agentes normalmente Bem do Mal, o honesto do desonesto. E, ao atuar, não
desempenham funções no órgão, distribuídos entre cargos poderá desprezar o elemento ético de sua conduta. Assim,
de que são titulares, mas, excepcionalmente podem exercer não terá que decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo
funções sem cargo. do injusto, o conveniente do inconveniente, o oportuno do
Nesse sentido, cargos, são apenas os lugares inoportuno, mas também entre o honesto do desonesto.
criados no órgão para serem providos por agentes que Por consequência de Direito e de Moral, o ato
exercerão suas funções na forma legal. O cargo é lotado no administrativo não terá que obedecer somente à lei jurídica,
órgão e agente é investido no cargo. Por aí se vê que o mas também à ética da própria instituição, porque nem tudo
cargo integra o órgão, ao passo que o agente, como ser que é legal é honesto. A moral comum é imposta ao homem
humano, unicamente titulariza o cargo para servir ao órgão. para a sua conduta externa; a moral administrativa é
Órgão, função e cargo são abstrações da lei; agente é a imposta ao agente público para a sua conduta interna,
pessoa humana, real, que infunde vida, vontade e ação a segundo as exigências da instituição a que serve e a
essas abstrações da lei. finalidade de sua ação: o bem comum.
As funções por seu turno, são os encargos O certo é que, a moralidade do ato administrativo
atribuídos aos órgãos, cargos e agentes. O órgão juntamente com a sua legalidade, e finalidade, além da sua
geralmente recebe uma função in genere e a repassa aos adequação aos demais princípios constituem pressupostos
seus cargos in espécie, ou a transfere diretamente a de validade sem os quais toda a atividade pública será
agentes sem cargos, com a necessária parcela de Poder ilegítima.
público para o seu exercício. O inegável é que a moralidade administrativa
integra o Direito como elemento indissociável na sua
aplicação e na sua finalidade, erigindo-se em fator de
Princípios Básicos da Administração Pública legalidade. Daí por que o TJSP decidiu com inegável
Os princípios básicos da Administração estão acerto, que “o controle jurisdicional se restringe ao exame
consubstanciados em doze regras de observância da legalidade do ato administrativo; mas por legalidade ou
obrigatória e permanente para o bom administrador, são legitimidade se entende não só a conformação do ato com
elas: a lei, como também com a moral administrativa e com o
interesse coletivo”6.
1. Legalidade;
2. Moralidade; Impessoalidade ou Finalidade
3. Impessoalidade ou Finalidade; O princípio da impessoalidade, referido na CF/88,
4. Publicidade; nada mais é que o clássico princípio da finalidade, o qual
5. Eficiência; impõe ao administrador público que só pratique o ato para o
6. Razoabilidade; seu fim legal. E o fim legal é unicamente aquele que a
7. Proporcionalidade; norma de Direito indica expressa ou virtualmente como
8. Ampla Defesa; objetivo do ato, de forma impessoal.
9. Contraditório; Esse princípio também deve ser entendido para
10. Segurança Jurídica; excluir a promoção pessoal de autoridades ou servidores
11. Motivação; públicos sobre suas realizações administrativas (CF, art.37,
12. Supremacia do Interesse Público. § 1º). O que o princípio da finalidade veda é a prática de ato
administrativo sem interesse público ou conveniência para a
Os cinco primeiros estão expressamente previstos Administração, visando unicamente a satisfazer interesses
no art.37, caput, da CF/88; e os demais, embora não privados, por favoritismo ou perseguição dos agentes
mencionados, decorrem do nosso regime político, tanto governamentais, sob a forma de desvio de finalidade. Esse
que, ao lado daqueles, foram textualmente enumerados desvio de conduta dos agentes públicos, constitui uma das
pelo art.2º da Lei federal nº 9.784/99. formas mais insidiosas do denominado abuso de poder.
Como se percebe, parece-nos que a razoabilidade ser observado, mesmo quando as atividades ou serviços
envolve a proporcionalidade. E vice-versa. Registre-se, sejam delegadas aos particulares.
ainda, que a razoabilidade não pode ser lançada como
instrumento de substituição da vontade da lei pela vontade PODERES ADMINISTRATIVOS
do julgador ou intérprete. Para bem entender o Interesse Público, a
Administração é dotada de poderes administrativos –
Publicidade distintos dos poderes políticos – consentâneos e
proporcionais aos encargos que lhe são atribuídos. Tais
Publicidade é a divulgação oficial dos atos para poderes são verdadeiros instrumentos de trabalho,
conhecimento público e início dos seus efeitos externos. adequados à realização das tarefas administrativas. Daí
Daí por que as leis, atos e contratos administrativos que serem considerados poderes instrumentais, diversamente
produzem consequências jurídicas fora dos órgãos que os dos poderes políticos, que são estruturais e orgânicos,
emitem exigem publicidade para adquirirem validade porque compõem a estrutura do Estado e integram a
universal, isto é, perante as partes e terceiros. organização constitucional.
A publicidade ao é elemento formativo do ato; é Em sua diversidade, são classificados, consoante
requisito de eficácia e moralidade. Por isso mesmo os atos a liberdade da Administração para a prática dos seus atos,
irregulares não se convalidam com a publicação, nem os a saber:
regulares a dispensam para a sua exequibilidade, quando a a). Poder Vinculado;
lei ou regulamento o exige. b). Poder Discricionário;
Em princípio o ato administrativo deve ser c). Poder Hierárquico;
publicado, porque pública é a Administração que o realiza, d). Poder Disciplinar;
somente se admitindo sigilo nos casos de segurança e). Poder Regulamentar;
nacional, investigações policiais ou interesse superior da f). Poder de Polícia.
Administração a ser preservado em processo previamente
declarado sigiloso nos termos da Lei nº 8.159/91 e Dec.nº Esses poderes são inerentes à Administração de
2.134/97. todas as entidades estatais – União, Estados, Distrito
Federal e Municípios – na proporção e limites de suas
Eficiência competências institucionais, e podem ser usados isolado e
Esse princípio exige que a atividade administrativa cumulativamente para a consecução do mesmo ato. Tal o
seja exercida com presteza, perfeição e rendimento que ocorre, p.ex., com o ato de polícia administrativa, que
funcional. É o mais moderno princípio da função normalmente precedido de uma regulamentação do
administrativa, que já não se contenta em ser Executivo (poder regulamentar), em que a autoridade
desempenhado apenas com legalidade, exigindo resultados escalona a distribui as funções dos agentes fiscalizadores
positivos para o Serviço Público e satisfatório atendimento (poder hierárquico), concedendo-lhes atribuições vinculadas
das necessidades da comunidade e de seus membros. (poder vinculado) ou discricionárias (poder discricionário),
para a imposição de sanções aos infratores (poder de
Segurança Jurídica polícia).
Esse princípio é entendido como da boa-fé dos
administrados ou da proteção e confiança. A ele está Poder Vinculado
visceralmente ligada a exigência de maior estabilidade das Poder Vinculado é aquele que o Direito Positivo –
situações jurídicas, mesmo daquelas que na origem a lei - confere à Administração Pública para a prática de ato
apresentam vícios de ilegalidade. de sua competência, determinando os elementos e
requisitos necessários à sua formalização.
Motivação Dificilmente encontraremos um ato administrativo
É um princípio que está visceralmente inserido em inteiramente vinculado, porque haverá sempre aspectos
nosso regime político, após a promulgação da Constituição sobre os quais a Administração terá opções na sua
Federal de 1988. Sendo assim, uma exigência do Direito realização. Mas o que caracteriza o ato vinculado é a
Público e da legalidade governamental. predominância de especificações da lei sobre os elementos
Pela motivação o administrador público justifica a deixados livres para a Administração.
sua ação administrativa, indicando os fatos (pressupostos Elementos vinculados serão sempre a
de fato) que ensejaram o ato e os preceitos jurídicos competência, a finalidade e a forma, além de outros que a
(pressupostos de direito) que autorizam a sua prática. norma legal indicar para a consecução do ato. Realmente
Evidente que, em certos atos oriundos do chamado Poder ninguém pode exercer Poder Administrativo sem
Discricionário a justificação será dispensável, bastando competência legal, ou desviado do seu objetivo público, ou
apenas evidenciar a competência para o exercício desse com preterição de requisitos ou de procedimentos
poder e a conformação do ato com o interesse público. estabelecidos em lei, regulamento ou edital. Relegando
qualquer desses elementos, além de outros que a norma
Ampla Defesa e Contraditório exigir, o ato é nulo, e assim pode ser declarado pela própria
A disposição constitucional constante no Art.5º, LV, Administração ou pelo Judiciário, porque a vinculação é
assegura “aos litigantes em processo(...) administrativo, o matéria de legalidade.
contraditório a ampla defesa, com os meios e recursos a ela
inerentes”. Poder Discricionário
Poder discricionário é o que o Direito concede à
Interesse Público ou Supremacia do Interesse Administração, de modo explícito ou implícito, para a prática
Público de atos administrativos com liberdade na escolha de sua
O princípio do interesse público está intimamente conveniência, oportunidade e conteúdo.
ligado ao da finalidade. A primazia do interesse público Convém lembrar que o poder discricionário não se
sobre o privado é inerente à atuação estatal e domina-a, na confunde com poder arbitrário. Discricionariedade e arbítrio
medida em que a existência do Estado Justifica-se pela são atitudes inteiramente diversas. Discricionariedade é
busca do interesse geral. Em razão dessa inerência, deve liberdade de ação administrativa, dentro dos limites
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permitidos em lei; arbítrio é ação contrária ou excedente da O poder regulamentar é a faculdade de que dispõe
lei. Ato discricionário, quando autorizado pelo Direito, é os Chefes do Executivo (Presidente da República,
legal e válido; ato arbitrário é sempre ilegítimo e inválido. Governadores e Prefeitos) de explicar a lei para a sua
A atividade discricionária encontra plena correta execução, ou de expedir Decreto autônomo sobre
justificativa na impossibilidade de o legislador catalogar na matéria de sua competência ainda não disciplinada por lei.
lei todos os atos que a prática administrativa exige. O ideal É um poder inteiramente privativo do Chefe do
seria que a lei regulasse minuciosamente a ação Executivo (CF,art.84,IV), e, por isso mesmo, indelegável a
administrativa, modelando cada um dos atos a serem qualquer pessoa subordinada.
praticados pelo administrador, mas como isto não é Os vazios da lei e a imprevisibilidade de certos
possível, dada, a multiplicidade e diversidade dos fatos que fatos e circunstâncias que surgem, a reclamar providências
pedem pronta solução ao Poder Público, o legislador imediatas da Administração, impõem se reconheça ao
somente regula a prática de alguns atos administrativos que Chefe do Executivo o poder de regulamentar, através de
reputa de maior relevância deixando o cometimento dos Decreto as normas legislativas incompletas, ou de prover
demais ao prudente critério do administrador. situações não previstas pelo legislador, mas ocorrentes na
Mas, embora não cuidando de todos os aspectos prática administrativa. O essencial é que o Executivo, ao
dos atos relegados à faculdade discricionária, o legislador expedir regulamento autônomo ou de execução de lei –,
subordina-se a um mínimo legal, consistente na estrita não invada as chamadas “reservas da lei”, ou seja, aquelas
observância, por parte de quem os vai praticar, da matérias só disciplináveis por lei, e tais são, em princípio,
competência, da forma, e da finalidade, deixando o mais à as que afetam as garantias e os direitos individuais
livre escolha do agente administrativo. Em tal hipótese, assegurados pela Constituição (art.5º).
executa a lei vinculadamente, quanto aos elementos que
ela discrimina, e discricionariamente, quanto aos aspectos Regulamento é ato administrativo geral e
em que ela admite opção. normativo, expedido privativamente pelo Chefe do
Se o administrador se desviar desse roteiro, Executivo (Federal, Estadual, Distrital ou Municipal), através
praticando ato que, embora discricionário, busque outro de Decreto, com o fim de explicar o modo e a forma de
objetivo, incidirá em ilegalidade, por desvio de poder ou de execução da lei (regulamento de execução) ou prover
finalidade, que poderá ser reconhecido e declarado pela situações ainda não disciplinadas em lei (regulamento
própria Administração ou pelo Poder Judiciário. Erro é autônomo ou independente).
considerar que o ato discricionário é imune à apreciação
judicial, pois só a Justiça poderá dizer da legalidade da Poder de Polícia
invocada discricionariedade e dos limites de opção do Dentre os poderes administrativos figura, com
agente administrativo. especial destaque o chamado poder de polícia
O que o Judiciário não pode é, no ato administrativa, que a Administração Pública exerce sobre
discricionário, substituir o discricionarismo do administrador todas as atividades e bens que afetam ou possam afetar a
pelo do Juiz. Mas pode sempre proclamar as nulidades e coletividade. Pra esse policiamento há competências
coibir os abusos da Administração. exclusivas e concorrentes das três esferas estatais, dada a
descentralização político-administrativa decorrente do
Poder Hierárquico nosso sistema constitucional.
Esse poder é o que dispõe o Executivo para Em princípio, tem competência para policiar a
distribuir e escalonar as funções de seus órgãos, ordenar e entidade que dispõe do poder de regular a matéria. Assim
rever a atuação dos seus agentes, estabelecendo relação sendo, os assuntos de interesse nacional ficam sujeitos a
de subordinação entre os servidores do seu quadro de regulamentação e policiamento da União; as matérias de
pessoal. interesse regional sujeitam-se às normas e à polícia
Poder hierárquico e poder disciplinar não se estadual; e os assuntos de interesse local subordinam-se
confundem, mas andam juntos, por serem os sustentáculos aos regulamentos edilícios e ao policiamento administrativo
de toda organização administrativa. municipal.
O poder hierárquico tem por objetivo ordenar, Sendo assim podemos conceituar o poder de
coordenar, controlar e corrigir as atividades, no âmbito polícia como a faculdade de que dispõe a Administração
interno da Administração Pública. pública para condicionar e restringir o uso e gozo de bens,
Nesse sentido, do poder hierárquico decorrem atividades e direitos individuais, em benefício da
faculdades implícitas para o superior tais como: dar ordens coletividade ou do próprio Estado.
e fiscalizar o seu cumprimento, a de delegar e avocar De forma mais clara, podemos dizer que o poder
atribuições e a de rever os atos dos inferiores. de polícia é o mecanismo de frenagem de que dispõe a
Administração Pública para conter os abusos de direito
Poder Disciplinar individual. Por este mecanismo, que faz parte de toda
É a faculdade de punir internamente as Administração, o Estado detém a atividade dos particulares
infrações funcionais dos servidores e demais pessoas que se revelar contrária, nociva ou inconveniente ao bem-
sujeitas à disciplina dos órgãos e serviços da estar social, ao desenvolvimento e à segurança pública.
Administração. É uma supremacia especial que o Estado A legislação pátria, bem conceituou o poder de
exerce sobre todos aqueles que se vinculam à polícia, veja-se o art.78 do CTN: “considera-se poder de
Administração por relações de qualquer natureza, polícia a atividade da Administração Pública que, limitando
subordinando-se às normas de funcionamento do serviço ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a
ou do estabelecimento que passam a integrar definitiva ou prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse
transitoriamente. público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos
A punição disciplinar e a criminal têm fundamentos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao
diversos, e diversa é a natureza das penas. A diferença não exercício de atividades econômicas dependentes de
é de grau, mas, de substância. concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade
pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos
Poder Regulamentar individuais e coletivos”.
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Esse comportamento especial, regido por presente na vida do administrador público, sendo mais
princípios básicos administrativos, no Brasil foi aparecendo rigorosa que a ética comum.
nas leis infraconstitucionais. Posteriormente, em 1988, os Por exemplo, comete ato imoral o Prefeito
constituintes escreveram no art. 37 da CF um capítulo Municipal que empregar a sua verba de representação em
sobre a Administração Pública, cujos princípios são negócios alheios à sua condição de Administrador Público,
elencados a seguir: pois, é sabido que o administrador público tem que ser
1) Princípio da Legalidade: segundo ele, todos os honesto, tem que ter probidade e, que todo ato
atos da Administração têm que estar em conformidade com administrativo, além de ser legal, tem que ser moral, sob
os princípios legais. pena de sua nulidade.
Este princípio observa não só as leis, mas também Nos casos de improbidade administrativa, os
os regulamentos que contém as normas administrativas governantes podem ter suspensos os seus direitos
contidas em grande parte do texto Constitucional. Quando políticos, além da perda do cargo para a Administração,
a Administração Pública se afasta destes comandos, pratica seguindo-se o ressarcimento dos bens e a nulidade do ato
atos ilegais, produzindo, por consequência, atos nulos e ilicitamente praticado. Há um sistema de fiscalização ou
respondendo por sanções por ela impostas (Poder mecanismo de controle de todos os atos administrativos
Disciplinar). Os servidores, ao praticarem estes atos, praticados. Por exemplo, o Congresso Nacional exerce
podem até ser demitidos. esse controle através de uma fiscalização contábil externa
Um administrador de empresa particular pratica ou interna sobre toda a Administração Pública.
tudo aquilo que a lei não proíbe. Já o administrador 5) Princípio da Publicidade: é a divulgação oficial
público, por ser obrigado ao estrito cumprimento da lei e do ato da Administração para a ciência do público em geral,
dos regulamentos, só pode praticar o que a lei permite. É a com efeito de iniciar a sua atuação externa, ou seja, de
lei que distribui competências aos administradores. gerar efeitos jurídicos. Esses efeitos jurídicos podem ser
2) Princípio da Impessoalidade: no art. 37 da CF o de direitos e de obrigações.
legislador fala também da impessoalidade. No campo do Por exemplo, o Prefeito Municipal, com o objetivo
Direito Administrativo esta palavra foi uma novidade. O de preencher determinada vaga existente na sua
legislador não colocou a palavra finalidade. Administração, nomeia alguém para o cargo de Procurador
Surgiram duas correntes para definir Municipal. No entanto, para que esse ato de nomeação
“impessoalidade”: tenha validade, ele deve ser publicado. E após a sua
Impessoalidade relativa aos administrados: publicação, o nomeado terá 30 dias para tomar posse. Esse
segundo esta corrente, a Administração só pode praticar princípio da publicidade é uma generalidade. Todos os atos
atos impessoais se tais atos vão propiciar o bem comum (a da Administração têm que ser públicos.
coletividade). A explicação para a impessoalidade pode ser
buscada no próprio texto Constitucional através de uma A publicidade dos atos administrativos sofre as
interpretação sistemática da mesma. Por exemplo, de seguintes exceções: nos casos de segurança nacional:
acordo com o art. 100 da CF, “à exceção dos créditos de seja ela de origem militar, econômica, cultural etc.. Nestas
natureza alimentícia, os pagamentos devidos pela Fazenda situações, os atos não são tornados públicos. Por exemplo,
.....far-se-ão na ordem cronológica de apresentação dos os órgãos de espionagem não fazem publicidade de seus
precatórios ..” . Não se pode pagar fora desta ordem, pois, atos; nos casos de investigação policial: onde o Inquérito
do contrário, a Administração Pública estaria praticando ato Policial é extremamente sigiloso (só a ação penal que é
de impessoalidade; pública); nos casos dos atos internos da Adm. Pública:
Impessoalidade relativa à Administração: segundo nestes, por não haver interesse da coletividade, não há
esta corrente, os atos impessoais se originam da razão para serem públicos.
Administração, não importando quem os tenha praticado. Por outro lado, embora os processos
Esse princípio deve ser entendido para excluir a promoção administrativos devam ser públicos, a publicidade se
pessoal de autoridade ou serviços públicos sobre suas restringe somente aos seus atos intermediários, ou seja, a
relações administrativas no exercício de fato, pois, de determinadas fases processuais.
acordo com os que defendem esta corrente, os atos são Por outro lado, a Publicidade, ao mesmo tempo em
dos órgãos e não dos agentes públicos; que inicia os atos, também possibilita àqueles que deles
3) Princípio da Finalidade: relacionado com a tomam conhecimento, de utilizarem os remédios
impessoalidade relativa à Administração, este princípio constitucionais contra eles. Assim, com base em diversos
orienta que as normas administrativas tem que ter sempre incisos do art. 5° da CF, o interessado poderá se utilizar:
como objetivo o interesse público.
Assim, se o agente público pratica atos em do Direito de Petição;
conformidade com a lei, encontra-se, indiretamente, com a do Mandado de Segurança (remédio
finalidade, que está embutida na própria norma. Por heroico contra atos ilegais envoltos de abuso de poder);
exemplo, em relação à finalidade, uma reunião, um comício da Ação Popular;
ou uma passeata de interesse coletivo, autorizadas pela Habeas Data;
Administração Pública, poderão ser dissolvidas, se se Habeas Corpus.
tornarem violentas, a ponto de causarem problemas à
coletividade (desvio da finalidade). A publicidade dos atos administrativos é feita tanto
Nesse caso, quem dissolve a passeata, pratica na esfera federal (através do Diário Oficial Federal) como
um ato de interesse público da mesma forma que aquele na estadual (através do Diário Oficial Estadual) ou
que a autoriza. O desvio da finalidade pública também pode municipal (através do Diário Oficial do Município). Nos
ser encontrado nos casos de desapropriação de imóveis Municípios, se não houver o Diário Oficial Municipal, a
pelo Poder Público, com finalidade pública, através de publicidade poderá ser feita através dos jornais de grande
indenizações ilícitas; circulação ou afixada em locais conhecidos e determinados
4) Princípio da Moralidade: este princípio está pela Administração.
diretamente relacionado com os próprios atos dos cidadãos Por último, a Publicidade deve ter objetivo
comuns em seu convívio com a comunidade, ligando-se à educativo, informativo e de interesse social, não podendo
moral e à ética administrativa, estando esta última sempre
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ser utilizados símbolos, imagens etc. que caracterizem a Serviço público também não é obra, pois esta tem
promoção pessoal do Agente Administrativo. início, meio e fim, não é contínua.
É muito comum que a obra seja necessária para a
Modalidades e formas de prestação do serviço prestação de um serviço, mas ainda assim ela não se
público confunde com o próprio serviço, que é contínuo, não tem
fim.
CENTRALIZAÇÃO: é a prestação de serviços
diretamente pela pessoa política prevista O serviço público também não se confunde com a
constitucionalmente, sem delegação a outras pessoas. Diz- exploração de atividade econômica pelo Estado, pois esta é
se que a atividade do Estado é centralizada quando ele feita sob o regime jurídico de direito privado, sem as
atua diretamente, por meio de seus órgãos. prerrogativas estatais.
Obs.: Órgãos são simples repartições interiores da
pessoa do Estado, e, por isso, dele não se distinguem. São Os serviços públicos estão regulamentados pela
meros feixes de atribuições - não têm responsabilidade Lei 8987|95.
jurídica própria – toda a sua atuação é imputada às
pessoas a que pertencem. São divisões da Pessoa Princípios inerentes à prestação de serviços
Jurídica. públicos (Art 6º):
Se os serviços estão sendo prestados pelas
Pessoas Políticas constitucionalmente competentes, estará 1) Princípio da generalidade ou universalidade:
havendo centralização.
DESCENTRALIZAÇÃO: é a transferência de Os serviços não podem ser direcionados a
execução do serviço ou da titularidade do serviço para outra determinadas camadas da população.
pessoa, quer seja de direito público ou de direito privado. O serviço publico precisa ser destinado a todas as
São entidades descentralizadas de direito público: pessoas, ou pelo menos a maior quantidade de pessoas
Autarquias e Fundações Públicas. possível.
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Ex: segurança pública, defesa nacional, limpeza e declarar direitos, ou impor obrigações aos administrados
pública, iluminação pública. ou a si própria10.
Por isso, esses serviços são custeados pela Esse conceito, segundo a Doutrina, é restrito ao
arrecadação geral dos impostos. ato administrativo unilateral, ou seja, aquele que se forma
com a vontade única da Administração, e que é o ato
2) Individuais: administrativo típico, e que focamos agora. Os atos
bilaterais constituem os contratos administrativos,
O Estado tem como medir individualmente a estudados em separado mais adiante.
utilização desses serviços (Ex: água, energia elétrica, etc). A condição primeira para o surgimento do ato
Por isso, os serviços são prestados mediante a administrativo é que a Administração aja nessa condição,
cobrança de tarifas proporcionais à utilização desse serviço. usando de sua supremacia de Poder Público, visto que
algumas vezes nivela-se ao particular e o ato perde a
Os serviços podem ainda ser exclusivos característica administrativa, igualando-se ao ato jurídico
indelegáveis (prestados sempre de forma direta, como o privado; a segunda é que contenha manifestação de
serviço postal, segurança pública, organização judiciária vontade apta a produzir efeitos jurídicos para os
etc) ou exclusivos delegáveis (serviços que o Estado administrados, para a própria Administração ou para os
pode prestar de forma direta ou indireta, mediante seus servidores; a terceira é que provenha de agente
delegação a particulares, como telefonia, água, gás e luz). competente, com finalidade pública e revestido de forma
legal. Resumindo:
Existem ainda os serviços públicos exclusivos
de delegação obrigatória, que não podem ser prestados
sozinhos pelo Estado, como televisão e rádio, em virtude de Fato Administrativo
um sistema plural e democrático.
Fato administrativo é toda realização material da
Existem também os serviços públicos não Administração em cumprimento de alguma decisão
exclusivos, que o Estado tem o dever de prestar administrativa, tal como a construção de uma ponte, a
diretamente e o particular também tem o poder de prestar instalação de um serviço público, etc. O fato administrativo
por iniciativa própria, sem delegação, como saúde, como materialização da vontade administrativa é dos
educação e previdência. O Estado só irá autorizar e domínios da técnica e só reflexamente interessa ao Direito,
fiscalizar, e não delegar. Esses serviços não exclusivos não em razão das consequências jurídicas que dele possam
são serviços públicos propriamente ditos, o STF chama de advir para a Administração e para os administrados. O que
serviços de utilidade pública. São serviços de interesse convém fixar é que o fato administrativo não se confunde
público prestados pelo particulares. Portanto, um hospital com o ato administrativo, se bem que estejam intimamente
privado segue a reparação do regime do direito civil, e não relacionados, por ser este consequência daquele. O fato
está submetido à regra do art. 37 §6º. São também administrativo resulta sempre do ato administrativo que o
chamados de serviços públicos impróprios. Os demais determina.
serviços, exclusivos, são os serviços públicos próprios.
8.2 Requisitos
A descentralização pode se dar por outorga ou
por delegação. O exame do ato administrativo revela nitidamente
Por meio da outorga, o Estado transfere a a existência de cinco elementos, a saber: competência,
titularidade e a execução de um serviço. A outorga só pode finalidade, forma, motivo e objeto. Tais componentes,
ser feita a pessoas jurídicas de direito público, mediante lei. podem-se dizer, constituem a infraestrutura do ato
Na delegação, o Estado se mantém na titularidade administrativo, seja ele vinculado ou discricionário, simples
e transfere somente a execução do serviço. Pode ser feita ou complexo, de império ou de gestão.
aos entes da administração indireta de direito privado (por Além desses componentes, merecem apreciação,
lei) ou a particulares (mediante contrato, como os contratos pelas implicações com a eficácia de certos atos, o mérito
de concessão). administrativo e o procedimento administrativo, elementos
que embora não integrem sua contextura , concorrem para
OBS: Descentralização por serviço = Outorga ||| a sua formação e validade.
Descentralização por colaboração = Delegação Sem a convergência desses elementos não se
aperfeiçoa o ato e, consequentemente, não terá condições
de eficácia para produzir efeitos válidos. Bastam essas
ATOS ADMINISTRATIVOS considerações para realçar a importância do conhecimento
desses componentes do ato administrativo e justificar as
O Conceito de ato administrativo é o mesmo de ato considerações que passaremos a tecer sobre os mesmos.
jurídico, do qual diferencia como uma categoria informada
pela finalidade pública. Segundo a Lei Civil, “é ato jurídico Competência
todo aquele que tenha por fim imediato adquirir, resguardar, Para a prática do ato administrativo a competência
transferir, modificar ou extinguir direitos.” é a condição primeira de sua validade. Nenhum ato –
Partindo dessa definição legal, podemos discricionário ou vinculado – pode ser realizado validamente
conceituar ato administrativo com os mesmo elementos sem que o agente disponha de poder para praticá-lo.
fornecidos pela Teoria Geral do Direito, acrescentando-se, Entende-se por competência administrativa o
apenas, a finalidade pública que é própria da espécie e poder atribuído ao agente da Administração para o
distinta do gênero ato jurídico, como acrescentam os desempenho específico de suas funções. A competência
administrativistas mais autorizados. resulta da lei e por ela é delimitada. Todo ato emanando de
Em outras palavras, ato administrativo é toda agente incompetente, ou realizado além do limite de que
manifestação unilateral de vontade da Administração dispõe a autoridade incumbida de sua prática, é inválido,
Pública que, agindo nessa qualidade, tenha por fim por lhe faltar um elemento básico de sua perfeição, qual
imediato adquirir resguardar, transferir, modificar, extinguir seja, o poder jurídico para manifestar a vontade da
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Administração. Daí a oportuna advertência de Caio Tácito com ela incompatível. Portanto, na atuação vinculada ou
de que “não é competente quem quer, mas quem pode, discricionária, o agente da Administração, ao praticar o ato,
segundo a norma do Direito”. fica na obrigação de justificar a existência do motivo, sem o
A competência Administrativa sendo um requisito quê o ato será inválido ou, pelo menos, invalidável, por
de ordem pública, é intransferível e improrrogável pela ausência de motivação. Quando, porém, o motivo não for
vontade do interessado. Pode, entretanto, ser delegada e exigido para a perfeição do ato, fica o agente com a
avocada, desde que o permitam as normas reguladoras da faculdade discricionária de praticá-lo sem motivação, mas,
Administração.13 Sem que a lei faculte essa deslocação de se o fizer, vincula-se aos motivos aduzidos, sujeitando-se à
função não é possível a modificação discricionária da obrigação de demonstrar a sua efetiva ocorrência.
competência, porque ela é elemento vinculado de todo ato Senso assim, para a dispensa de um servidor
administrativo, e, pois, insuscetível de ser fixada ou alterada exonerável ad nutum não há necessidade de motivação do
ao nuto do administrador e ao arrepio da lei. ato exoneratório, mas, se forem dados os motivos, ficará a
autoridade sujeita à comprovação de sua real existência.
Finalidade
Outro requisito necessário ao ato administrativo é Objeto
a finalidade, ou seja, o objetivo de interesse público a Todo ato administrativo tem por objeto a criação,
atingir. Não se compreende ato administrativo sem fim modificação ou comprovação de situações jurídicas
público. A finalidade é assim elemento vinculado de todo concernentes a pessoas, coisas ou atividades sujeitas à
ato administrativo – discricionário ou regrado – porque o ação do Poder Público. Nesse sentido, o objeto identifica-se
Direito Positivo não admite ato administrativo sem finalidade com o conteúdo do ato, através do qual a Administração
pública ou desviado de sua finalidade específica. Desde manifesta seu poder e sua vontade, ou atesta simplesmente
que a Administração Pública só se justifica como fator de situações preexistentes.
realização do interesse coletivo, seus atos hão de se dirigir O objeto, nos atos discricionários, fica na
sempre e sempre para um fim público, sendo nulos quando dependência da escolha do Poder Público, constituindo
satisfizerem pretensões descoincidentes do interesse essa liberdade opcional o mérito administrativo. Não se
coletivo. pode pois, em tal elemento, substituir o critério da
A finalidade do ato administrativo é aquela que a Administração pelo pronunciamento do Judiciário, porque
lei indica explícita ou implicitamente. Não cabe ao isto importaria revisão do mérito administrativo, por uma
administrador escolher outra, ou substituir a indicada na simples mudança de juízo subjetivo – do administrador pelo
norma administrativa, ainda que ambas colimem fins Juiz – sem qualquer fundamento em lei.
públicos. Neste particular, nada resta para a escolha do
administrador, que fica vinculado integralmente a vontade Mérito do Ato Administrativo
legislativa.
O mérito administrativo, conquanto não se possa
Forma considerar requisito de sua formação, deve ser apreciado
O revestimento exteriorizado do ato administrativo neste tópico, dada as suas implicações com o motivo e o
constitui requisito vinculado e imprescindível à sua objeto do ato e, consequentemente, com as suas condições
perfeição, e, consequentemente à sua validade. Enquanto a de validade e eficácia.
vontade dos particulares pode manifestar-se livremente, a O conceito de mérito administrativo é de difícil
da Administração exige procedimentos especiais e forma fixação, mas poderá ser assinalada sua presença toda vez
legal para que se expresse validamente. Daí podermos que a Administração decidir ou atuar valorando
afirmar que, se, no Direito Privado, a liberdade da forma do internamente as consequências ou vantagens do ato.
ato jurídico é regra, no Direito Público é exceção. Todo ato O mérito administrativo consubstancia-se,
administrativo é, em princípio, formal. E compreende-se portanto, na valoração dos motivos e na escolha do objeto
essa exigência, pela necessidade que tem o ato do ato, feitas pela Administração incumbida de sua prática,
administrativo de ser contrasteado com a lei e aferido, quando autorizada a decidir sobre a conveniência,
frequentemente, pela própria Administração e até pelo oportunidade e justiça doa a realizar. Daí a exata afirmativa
Judiciário, para verificação de sua validade. da Doutrina majoritária de que “o merecimento é aspecto
Não se confunde, entretanto, simples defeito pertinente apenas aos atos administrativos praticados no
material na forma com relegação da própria forma; aquele é exercício de competência discricionária”.
corrigível e não anula o ato (como Poe exemplo, um erro Com efeito, nos atos vinculados, onde não há
material em um Decreto expropriatório), esta é insuprível e faculdade de opção do administrador, mas unicamente a
nulificadora do ato (como no mesmo exemplo; se a possibilidade de verificação dos pressupostos de direito e
desapropriação for decretada por um ofício). de fato que condicionam o processus administrativo, não há
de que falar em mérito, visto que toda atuação do Executivo
Motivo se resume no atendimento das imposições legais.
O motivo ou causa é a situação de direito ou de Em tais casos a conduta do administrador
fato que determina ou autoriza a realização do ato confunde-se com a do Juiz na aplicação da lei,
administrativo. O motivo, como elemento integrante da diversamente no que ocorre nos atos discricionários, em
perfeição do ato, pode vir expresso em lei como pode ser que, além dos elementos sempre vinculados (competência,
deixado ao critério do administrador. No primeiro caso será finalidade e forma), outros existem (motivo e objeto), em
um elemento vinculado; no segundo, discricionário, quanto relação aos quais a Administração decide livremente, e sem
à sua existência e valoração. possibilidade de correção judicial, salvo quando seu
Denomina-se motivação a exposição ou indicação proceder caracterizar excesso de desvio de poder.
por escrito dos fatos e dos fundamentos jurídicos do ato (cf.
art.50, caput, da Lei nº 9.784/99). Hoje, em face da Atributos dos Atos Administrativos
ampliação do princípio do acesso ao judiciário (CF, art.5º, Os atos administrativos, como emanação do Poder
XXXV), conjugado com o da Moralidade Administrativa (CF, Público, trazem em si certos atributos que os distinguem
art.37, caput), a motivação é, em regra, obrigatória. Só não dos atos jurídicos privados e lhes emprestam
o será quando alei a dispensar ou se a natureza do ato for características próprias e condições peculiares de atuação.
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Referimo-nos à presunção de legitimidade, à imperatividade fato abrangida por seus preceitos. São atos de comando
e à auto-executoriedade. abstrato e impessoal semelhantes ao da lei, e, por isso
mesmo, revogáveis a qualquer tempo pela Administração,
Presunção de Legitimidade mas inatacáveis por via judicial, a não ser pelo
Os atos administrativos, qualquer que seja a sua questionamento da constitucionalidade (art.102,I,”a”, da
categoria, nascem com presunção de legitimidade, CF).
independentemente de norma legal que assim estabeleça. Como exemplos desses atos temos nos
Essa presunção decorre do princípio da legalidade da Regulamentos, nas Instruções Normativas (IN) e nas
Administração, que, nos Estados de Direito, informa toda Circulares Ordinatórias de Serviço.
atuação governamental. Além disso, a presunção de ATOS INDIVIDUAIS – Atos administrativos
legitimidade atende a exigências de celeridade e segurança individuais ou especiais são todos aqueles que se dirigem a
das atividades do Poder Público, que não poderiam ficar na destinatários certos, criando-lhes situação jurídica
dependência da solução de impugnação dos administrados, particular. O mesmo ato pode abranger um ou vários
quando à legitimidade de seus atos, para só após dar-lhes sujeitos, desde que sejam individualizados.
execução. Exemplo desses atos temos: os Decretos de
Desapropriação, de Nomeação, de Exoneração, assim
Imperatividade como as outorgas de Licença, Permissão e Autorização.
A imperatividade é o atributo do ato administrativo
que impõe a coercibilidade para o seu cumprimento ou Atos Internos e Externos
execução. Esse atributo não está presente em todos os ATOS INTERNOS – São os destinados a produzir
atos, visto que alguns (v.g., os atos enunciativos, os efeitos no recesso das repartições administrativas, e por
negociais) os dispensam, por desnecessário à sua isso mesmo incidem, normalmente, sobre os órgãos e
operatividade, uma vez que os efeitos jurídicos do ato agentes da Administração que os expediram. São os
dependem exclusivamente do interesse do particular na sua chamados atos de “operatividade caseira”, que não
utilização. produzem efeitos em relação a estranhos. Esses atos têm
Os atos, porém, que consubstanciam um sido utilizados pela Administração – diga-se pelas
provimento ou uma ordem administrativa (atos normativos, autoridades – de forma distorcida, pois, sua característica
ordinatórios, punitivos) nascem sempre com imperatividade, indica que seus efeitos só são extensivos às repartições
ou seja, com a força impositiva própria do Poder Público, e públicas. Entretanto, as altas autoridades do Executivo têm
que obriga o particular ao fiel atendimento, sob pena de se se utilizado desse mecanismo para impor situações aos
sujeitar a execução forçada pela Administração (atos auto administrados em geral. É o exemplo das Portarias e
executórios) ou pelo Judiciário (atos não-executórios). Instruções Ministeriais, que só deviam impor aos seus
A imperatividade decorre da só existência do ato servidores, mas, contém imposições aos cidadãos –
administrativo, não dependendo da sua declaração de especialmente em matéria fiscal -, próprias de atos
validade ou invalidade. Assim sendo, todo ato dotado de externos.
imperatividade deve ser cumprido ou atendido enquanto ATOS EXTERNOS – São considerados atos de
não for retirado do mundo jurídico por revogação ou efeitos externos, sendo todos aqueles que alcançam os
anulação, mesmo porque as manifestações de vontade do administrados, os contratantes e, em certos casos, os
Poder Público trazem em si a presunção de legitimidade. próprios servidores, provendo sobre os seus direitos,
obrigações, negócios ou conduta perante a Administração.
Auto-Executoriedade Tais atos pela sua destinação, só entram vigor ou execução
A auto-executoriedade consiste na possibilidade depois de divulgados pelo órgão oficial, dado o interesse do
que certos atos administrativos ensejam de imediata e público no seu conhecimento.
direta execução pela própria Administração, independente A publicidade de tais atos é princípio de
de ordem judicial. legitimidade e moralidade administrativa que se impõe tanto
Realmente, não poderia a Administração bem à Administração direta como indireta, porque ambas gerem
desempenhar sua missão de autodefesa dos interesses bens e dinheiros públicos cuja a guarda e aplicação todos
sociais se, a todo momento, encontrando natural resistência devem conhecer e controlar.
do particular, tivesse que recorrer ao Judiciário para
promover a oposição individual à atuação pública. Atos de Império, de Gestão e de Expediente
bens, que se igualam ao Direito Privado, apenas concurso de vontades de órgãos diferentes para a formação
antecedidos de formalidades administrativas para a sua de um único ato.
realização (ex.: autorização legislativa, avaliação). Não se confunda ato complexo com procedimento
ATOS DE EXPEDIENTE – Atos administrativos de administrativo. No ato complexo integram-se as vontades
expediente são todos aqueles que destinam a dar de vários órgãos para a obtenção de um mesmo ato; no
andamento aos processos e papéis que tramitam pelas procedimento administrativo praticam-se diversos atos
repartições públicas, preparando-os para decisão de mérito intermediários e autônomos para a obtenção de um ato final
a ser proferida pela autoridade competente. São atos de e principal. Vejamos a diferença em claros exemplos: A
rotina interna , sem caráter vinculante e sem forma investidura de um funcionário é um ato complexo
especial, geralmente praticados por servidores subalternos, consubstanciado na nomeação feita pelo Chefe do
sem competência decisória. Executivo e complementado pela posse e exercício dados
Na prática de tais atos o Poder Público sujeita-se pelo Chefe da repartição em que vai servir o nomeado; por
às indicações legais ou regulamentares e delas não se sua vez, a concorrência é um procedimento administrativo,
pode afastar ou desviar sem viciar irremediavelmente a porque, embora realizada por um único órgão, a ato final e
ação administrativa. principal (adjudicação da obra ou do serviço) é precedido
Tratando-se de atos vinculados ou regrados, de vários atos autônomos e intermediários (edital,
impõe-se à Administração o dever de motivá-los, no sentido verificação de idoneidade, julgamento das propostas) até
de evidenciar a conformação de sua prática com as chegar-se ao resultado pretendido pela Administração.
exigências e requisitos legais que constituem pressupostos ATO COMPOSTO – É o que resulta da vontade
necessários de sua existência e validade. única de órgão, mas, depende da verificação por parte de
outro, para se tornar exequível. Como exemplo, podemos
Atos Vinculados e Discricionários citar uma autorização que dependa do visto de uma
ATO VINCULADO – Também chamado de autoridade superior. Em tal caso a autorização é o ato
regrado, são aqueles para os quais a lei estabelece os principal e o visto é o complementar que lhe dar
requisitos e condições de sua realização. Nessa categoria exequibilidade.
de atos, as imposições legais absorvem, quase que por O ato composto distingue-se do ato complexo
completo, a liberdade do administrador, uma vez que sua porque este só se forma mediante as vontades de órgãos
atuação fica adstrita aos pressupostos estabelecidos pela diversos, ao passo que o ato composto é formado pela
norma legal para a validade da atividade administrativa. vontade única de um só órgão sendo apenas ratificado por
Desatendido qualquer requisito, compromete-se a eficácia uma autoridade.
do ato praticado, tornando-o passível de anulação pela
Administração, ou pelo Judiciário, se assim o requerer o Ato Constitutivo, Extintivo, Declaratório,
interessado. Alienativo, Modificativo ou Abdicativo (Quanto ao
Na prática de tais atos o Poder Público sujeita-se conteúdo)
às indicações legais ou regulamentares e delas não se
pode afastar ou desviar sem viciar irremediavelmente a ATO CONSTITUTIVO – É o que cria uma nova
ação administrativa. situação jurídica individual para os seus destinatários, em
Tratando-se de ato vinculado ou regrado, impõe-se relação à Administração. Suas modalidades são
à Administração o dever de motivá-lo, no sentido de variadíssimas, abrangendo mesmo a maior parte das
evidenciar a conformação de sua prática com as exigências declarações de vontade do Poder Público. São atos dessa
e requisitos legais que constituem pressupostos categoria, as licenças, as nomeações de funcionários, as
necessários de sua existência e validade. sanções administrativas e outros mais que criam direitos ou
ATO DISCRICIONÁRIO – São todos aqueles em impõem obrigações aos particulares ou aos próprios
que Administração pode praticar com liberdade de escolha servidores públicos.
de seu conteúdo, de seu destinatário, de sua conveniência, ATO EXTINTIVO OU DESCONSTITUTIVO – É o
de sua oportunidade e do modo de sua realização. que põe termo a situações jurídicas individuais, v.g., a
A rigor, a discricionariedade não se manifesta no cassação de autorização, a encampação de serviço de
ato em si, mas sim no poder que tem a Administração de utilidade pública.
praticá-lo da maneira e nas condições que repute mais ATO DECLARATÓRIO – É o que visa a preservar
conveniente ao interesse público. direitos, reconhecer situações preexistentes ou, mesmo,
possibilitar seu exercício. São exemplos desses atos a
Outras Classificações dos Atos apostila de título de nomeação, a expedição de certidões e
Administrativos demais atos fundados em situações jurídicas anteriores.
Além da classificação precedente, temos que, ATO ALIENATIVO – É o que opera a transferência
outras ainda podem ser apresentadas, consoante diversos de bens ou direitos de um titular a outro. Tais atos em geral,
critérios pelos quais os Atos Administrativos são dependem de autorização legislativa ao Executivo, porque
selecionados para fins de estudo. sua realização ultrapassa os poderes ordinários de
administração.
Ato Simples, Complexo e Composto (Quanto à ATO MODIFICATIVO – É o que tem o fito de
formação do Ato) alterar situações preexistentes, sem suprimir direitos ou
ATO SIMPLES – É que resulta da manifestação de obrigações, como bem ocorre com aqueles que alteram
vontade de um único órgão, unipessoal ou colegiado. Não horários, percursos, locais de reunião e outras situações
importa o número de pessoas que participem da formação anteriores estabelecidas pela Administração.
do ato; o que importa é a vontade única que expressam ATO ABDICATIVO – É aquele pelo qual o titular
para dar origem ao ato colimado pela Administração18. abre mão de um direito. A peculiaridade desse ato é seu
Tanto é ato administrativo simples o Despacho de um chefe caráter incondicionável e irretratável. Desde que
de seção como a decisão de um conselho de contribuintes. consumado, o ato é irretratável e imodificável, como são as
ATO COMPLEXO – É o que se forma pela renúncias de qualquer tipo. Todo ato abdicativo a ser
conjugação de vontades de mais de um órgão expedido pela Administração depende de autorização
administrativo. O essencial, nesta categoria de atos, é o legislativa, por exceder da
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desapropriação, bem como requisição de serviços para exige o certificado de autenticidade para legitimar a
atendimento ao público. aquisição direta47.
VII - Propostas com preços excessivos podem ser XVI – Serviços de impressão e de informática a
rejeitadas na licitação, para contratação direta do mesmo pessoa jurídica de Direito Público interno, prestado por
objeto, produto ou serviço com quem os venda a preço órgão ou entidade da Administração criados para esse fim
inferior. Essa disposição legal é altamente moralizadora das específico. Esse caso de dispensa de licitação foi incluído
aquisições da Administração, pois evita conchavos de com o objetivo de permitir a impressão dos Diários Oficiais,
fornecedores para elevar, acima do mercado ou do preço de edições técnicas e de formulários padronizados de uso
tabelado, suas ofertas em licitação. das repartições, bem como a prestação de serviços de
VIII – Aquisição, por pessoa jurídica de Direito informática.
Público Interno, de bens produzidos ou serviços prestados XVII – Aquisição de componentes ou peças
por órgão ou entidade que integre a Administração Pública necessários à manutenção de equipamentos, durante o
e que tenha sido criado para esse fim específico em data período de garantia técnica. A dispensa só pode ocorrer
anterior à vigência da Lei nº 8.666/93, desde que o preço quando a compra for feita junto ao fornecedor original
contratado seja compatível com o praticado no mercado. O desses equipamentos, quando tal condição de
dispositivo visa a evitar o abuso de preços por parte das exclusividade for indispensável para a manutenção da
entidades estatais produtoras de bens e serviços. garantia.
IX – Comprometimento da segurança nacional, nos XVIII – Serviços e compras indispensáveis ao
casos estabelecidos em Decreto do Presidente da abastecimento de embarcações, aeronaves e tropas,
República, ouvido o Conselho de Defesa Nacional (CDN). quando fora de suas sedes e os prazos legais puderem
Era hipótese de inexigibilidade no Estatuto anterior. O Dec. comprometer a operação. A lei condiciona, ainda, a que o
2.295, de 04/08/1997, listou especialmente três casos: a). valor dessas compras não seja superior àquele fixado para
aquisição de recursos bélicos navais, terrestres e a modalidade de convite.
aeroespaciais; b). contratação de serviços técnicos XIX – Compra de materiais para as Forças
especializados a área de projetos, pesquisas e Armadas cuja padronização seja requerida pela estrutura
desenvolvimento científico e tecnológico; c). aquisição de de apoio logístico, não se aplicando aos materiais de uso
equipamentos e contratação de serviços técnicos pessoal e administrativo.
especializados para a área de inteligência. XX – Serviços prestados por associações de
portadores de deficiência física, sem fins lucrativos e de
Tal dispensa deverá ser devidamente justificada, comprovada idoneidade, desde que os preços sejam
notadamente quanto ao preço e escolha do fornecedor e compatíveis com o mercado.
ratificada pelo titular do Ministério contratante. XXI – Aquisição de bens destinados
X – Compra ou locação de imóvel para atividades exclusivamente à investigação científica e tecnológica, com
precípuas da Administração também é o caso de dispensa, recursos concedidos por instituições oficiais de fomento à
desde que as necessidades de instalação e localização pesquisa.
condicionem a escolha e o preço seja compatível com o XXII – Aquisição de energia elétrica fornecida por
valor de mercado, segundo avaliação prévia45. concessionário, permissionário ou autorizado, de acordo
XI – Remanescente de obra, serviço ou com a legislação específica.
fornecimento, em consequência de rescisão contratual. XXIII – Aquisição ou alienação de bens, ou
Neste caso, em vez de proceder a nova licitação, a prestação de serviços realizados por empresa pública ou
Administração poderá contratar diretamente, desde que sociedade de economia mista e suas subsidiárias e
atendida a ordem de classificação anterior e nas mesmas controladas, desde que o preço seja compatível com o
condições oferecidas pelo licitante vencedor. O novo mercado.
contratado assume o lugar do anterior, cabendo-lhe XXIV – Contratação de serviços com organizações
executar o objeto do contrato nas condições estabelecidas, sociais, qualificadas no âmbito das respectivas esferas de
inclusive com relação os acréscimos e supressões. Governo, para atividades contempladas no contrato de
XII – Compra de gêneros alimentícios perecíveis, gestão.
realizadas diretamente com base no preço do dia, durante o
período necessário para a realização dos processos Inexigibilidade de Licitação
licitatórios correspondentes. A dispensa, portanto, só é Ocorre a inexigibilidade de licitação quando há
justificável enquanto são tomadas as providências impossibilidade jurídica de competição entre contratantes,
administrativas indispensáveis para a licitação dos produtos quer pela natureza específica do negócio, quer pelos
desejados pela Administração46. objetivos sociais visados pela Administração.
XIII – Contratação de instituição brasileira de A atual lei, depois de considerar dispensada a
pesquisa, ensino ou desenvolvimento institucional ou licitação para doação, permuta, dação em pagamento e
dedicada a recuperação social do preso, desde que a investidura de bens públicos (art. 17, I e II) e de enumerar
instituição detenha inquestionável reputação ético- os casos em que esta é dispensável (art.24), cuida
profissional e não possua fins lucrativos, requisitos que separadamente da inexigibilidade de licitação. Assim no art.
devem ficar comprovados no procedimento administrativo. 25 refere-se genericamente à inviabilidade de competição
XIV – Aquisição de bens ou serviços nos termos (em que se enquadram as vendas de sementes,
de acordo internacional, e quando as condições ofertadas reprodutores, adubos, inseticidas, vacinas e de outros
forem manifestamente vantajosas para o Poder Público produtos pela Administração)48 e, em especial, aos casos
XV – Aquisição ou restauração de obras de artes em que o fornecedor é exclusivo (inc.I), e em que o
ou objetos históricos, quando contratadas por órgão ou contratado é o único que reúne as condições necessárias à
entidade cujas atividades se relacionem com o setor plena satisfação do objeto do contrato(incs. II e III).
artístico ou histórico (museus, escolas de belas-artes, Em todos os casos a licitação inexigível pela
fundações culturais ou artísticas). Justifica-se a dispensa impossibilidade jurídica de se instaurar o processo licitatório
por se tratar de objetos certos e determinados, valiosos por nos casos específicos.
sua originalidade e, por isso mesmo, não sujeitos a
substituição por cópias ou similares. Daí porque que se Modalidades de Licitação
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O § 3º de art. 62, que exclui a incidência do contrato a renovar ou a soma dos prazos ininterruptos
do art. 57, manda que sejam aplicadas as demais normas dos contratos escritos seja de cinco anos, e o locatário
gerais, no que couber, pelo que, mesmo em se tratando de esteja no mesmo ramo, pelo prazo mínimo e ininterrupto de
serviços públicos, de locação ou de concessão de uso, não três
está a Administração desobrigada do processo de licitação, anos;
de dispensa ou inexigibilidade, bem como das publicações Nesses casos, deve a Administração
previstas em lei. procurar assinar esses contratos pelo prazo de cinco anos,
prazo sempre determinado, e, em tempo oportuno, antes do
PRORROGAÇÕES DOS PRAZOS DE DURAÇÃO seu vencimento, intentar negociações com vistas à sua
DOS CONTRATOS renovação, se interessar, a qual, não logrando êxito, poderá
A regra geral é a de que a duração dos propor a competente ação renovatória, assegurada pela Lei
contratos administrativos deverá observar a vigência dos nº 8.245/91;
respectivos créditos orçamentários. Nas concessões de uso, chamadas de
Existem, porém, serviços de natureza comodato, também não cabem a limitação de prazo,
contínua destinados a atender necessidades públicas devendo, no entanto, caso assinado por prazo determinado,
permanentes. De outra parte, presume-se a disponibilidade formalizar-se, no tempo próprio, as prorrogações ou,
de recursos orçamentários, pois os orçamentos certamente proceder a nova licitação.
contemplarão verbas para despesas com serviços
contínuos. PRERROGATIVAS DA ADMINISTRAÇÃO EM
De um modo geral, os contratos são RELAÇÃO AOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
firmados com prazo de um ano, com previsão de Em relação aos contratos, a
prorrogação por iguais períodos até o limite de sessenta Administração tem a prerrogativa de:
meses, no caso de serviços contínuos, e de quarenta e oito “Modificá-los, unilateralmente, para melhor
meses, em se tratando de aluguel de equipamentos ou adequação às finalidades de interesse público, respeitados
utilização de programas de informática. os direitos do contratado.” (Art. 58, I).
Não há prorrogação tácita. A prorrogação A Administração não tem a faculdade de
deve ser motivada, previamente autorizada pela autoridade alterar o contrato administrativo quando e como bem
competente e formalizada por um Termo Aditivo analisado e entender. A Administração tem o dever de intervir no
aprovado pelo serviço jurídico do órgão. contrato e introduzir as modificações necessárias e
Uma vez aditado, o resumo deverá ser adequadas à satisfação do interesse público.
publicado na imprensa oficial para que alcance a eficácia e Nos contratos administrativos existem
seja de conhecimento dos interessados e dos órgãos de cláusulas que dizem respeito ao desempenho das
controle. atividades, denominadas cláusulas regulamentares, e
A única disposição que a prorrogação cláusulas que dizem respeito à remuneração do contratado,
deverá conter é o novo prazo, nada mais podendo ser denominadas cláusulas econômicas.
incorporado. As cláusulas regulamentares, verificados
os pressupostos normativos, podem ser unilateralmente
CONTRATOS DE LOCAÇÃO DE IMÓVEIS alteradas pela Administração Pública.
Quanto a tais contratos, cabe observar: As cláusulas econômicas não podem ser
É dispensável a licitação para a locação alteradas unilateralmente pela Administração Pública: “As
de imóvel destinado ao atendimento das finalidades cláusulas econômico-financeiras e monetárias dos
precípuas da Administração, cujas necessidades de contratos administrativos não poderão ser alteradas sem
instalação e localização condicionem a sua escolha, desde prévia concordância do contratado.” (Art. 58, § 1º).
que o preço seja compatível com o valor de mercado, A alteração unilateral do contrato somente
segundo avaliação prévia. (Art. 24, X); poderá ser efetuada pela ocorrência de eventos ocorridos
Tais contratos não estão adstritos aos ou somente conhecidos após a contratação, eis que
prazos estabelecidos no art. 57, de vez que o seu conteúdo realizado o certame licitatório. Isto significa que a faculdade
é regido predominantemente por norma de direito privado, que a Administração detém de modificar o contrato está
Lei 8.245/91, mas devem, da mesma forma ser aplicadas condicionada a
as normas gerais, estando pois a contratação sujeita ao ocorrências posteriores à data da contratação.
processo de dispensa e às demais formalidades previstas Ocorrências que modifiquem as circunstâncias de fato ou
na legislação; de direito e que motivam e embasam a necessidade ou
Merecem controle especial os contratos de conveniência de alterar o contrato.
locação, pois a Lei nº 8245/91, estabelece em seu artigo A alteração do contrato deverá ser:
56, Parágrafo único, que, findo o prazo estipulado, se o Motivada, justificada, sem o que, será
locatário permanecer no imóvel por mais de trinta dias sem inválida a alteração unilateral do contrato administrativo.
oposição do locador. Presumir-se-á prorrogada a locação, Não basta simplesmente invocar a necessidade ou
nas condições ajustadas, mas sem prazo determinado. o interesse público. É necessário explicitar o motivo real e
Neste caso, o contrato de locação por prazo indeterminado concreto que embasa a modificação.
poderá ser denunciado por escrito pelo locador, A Administração deverá demonstrar que
concedendo ao locatário trinta dias para a desocupação. não existia na data da contratação o motivo da modificação,
Um falta de controle, nesta hipótese, poderá deixar a isto é, de que o evento que motivou a alteração ocorreu
Administração em situação de ter que desocupar o imóvel após aquela data ou comprovar que somente se tornou
no prazo de trinta dias; conhecido após a data da assinatura do contrato.
Quando a locação do imóvel for destinada ao A modificação introduzida no contrato
comércio, como é o caso dos bancos oficiais ou de outras deverá ser proporcional à ocorrência que a motivou.
empresas públicas ou sociedades de economia mista, tem A modificação do contrato será nula
direito à renovação do contrato, por igual prazo, desde que quando:
cumulativamente o contrato a renovar tenha sido celebrado . Desmotivada;
por escrito e com prazo determinado e que o prazo mínimo
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devido processo legal, com garantia do contraditório e de execução do contrato, tal como vendaval, inundação,
ampla defesa do contratado, tanto no que se refere à terremoto ou outro evento natural anormal.
anulação do contrato quanto ao montante da indenização. Força maior é decorrente de evento
humano inevitável que impossibilite ou impeça o
RESCISÃO DE CONTRATO cumprimento do contrato, tal como uma greve prolongada
A Lei de Licitações e Contratos assim no sistema de transportes que impossibilite o cumprimento
dispõe: “a inexecução total ou parcial do contrato enseja a do contrato, graves perturbações à ordem pública que
sua rescisão, com as consequências contratuais e as inviabilizem a execução do que foi contratado.
previstas em lei ou regulamento.” (Art.77).
A rescisão do contrato poderá ser Hipóteses de rescisão contratual
provocada pela Administração ou, pelo próprio contratado A Lei de Licitações e Contratos enumera no artigo
no caso de descumprimento por parte do Poder Público. 78, dezessete casos para rescisão de contrato
A inexecução poderá ser total ou parcial, administrativo, que deverão ser formalmente motivados nos
conforme afete o todo ou apenas parcialmente o contrato, autos do respectivo processo, assegurando-se o
por ação ou omissão, com ou sem culpa. contraditório e a ampla defesa:
Haverá culpa quando ocorrer negligência, “I – o não cumprimento de cláusulas
imprudência, imprevidência contratuais, especificações, projetos e prazos;
ou imperícia no atendimento das disposições II – o cumprimento irregular de cláusulas
contidas nas cláusulas contratuais. contratuais, especificações, projetos e prazos;
III – a lentidão do seu cumprimento,
RESCISÃO PELA INEXECUÇÃO COM CULPA levando a Administração a com-
A inexecução com culpa enseja a provar a impossibilidade da conclusão da obra, do
aplicação de sanções legais ou contratuais proporcionais à serviço ou do fornecimento, nos prazos estipulados;
gravidade da falta, garantido o contraditório e ampla defesa IV – o atraso injustificado no início da
por parte do contratado. As sanções poderão ocorrer pela obra, serviço ou fornecimento;
aplicação de multas até a rescisão do contrato, com a V – a paralisação da obra, do serviço ou
cobrança de perdas e danos e, até, com a suspensão do fornecimento, sem justa causa e prévia comunicação à
provisória e a declaração de inidoneidade pra contratar com Administração;
a administração. Tais sanções encontram-se explicitadas VI – a subcontratação parcial ou total do
nos artigos 87 e 88 da Lei de Licitações e Contratos. seu objeto, a associação do contrato com outrem, a cessão
Além das sanções administrativas, a Lei ou transferência, total ou parcial, bem como a fusão, cisão
de Licitações e Contratos também dispõem em seus artigos ou incorporação, não admitidas no edital e no contrato;
89 a 99, sobre os crimes e as penas com relação a VII – o desatendimento das
licitações e contratos. determinações regulares da autoridade designada para
acompanhar e fiscalizar a sua execução, assim como as de
RESCISÃO PELA INEXECUÇÃO SEM CULPA seus superiores;
A inexecução sem culpa ocorre em VIII – o cometimento reiterado de faltas na
decorrência de atos ou fatos estranhos à conduta dos sua execução, anotadas na forma do § 1º de art.67 desta
contratantes, ocorridos posteriormente à assinatura do Lei;
contrato e que impediram ou dificultaram o cumprimento IX – a decretação de falência ou a
das obrigações assumidas, caso em que a parte fica isenta instauração de insolvência civil;
de responsabilidades. X – a dissolução da sociedade ou o
De acordo com a Teoria da Imprevisão, falecimento do contratado;
existem três hipóteses que excluem a culpa pela XI – a alteração social ou a modificação
inexecução de contrato: o fato do príncipe, o caso fortuito e da finalidade ou da estrutura da empresa, que prejudique a
a força maior. execução com contrato;
A base da Teoria da Imprevisão é a de XII – razões de interesse público, de alta
que o contrato deve ser cumprido em conformidade com as relevância e amplo conhecimento, justificadas e
mesmas condições existentes quando da assinatura. determinadas pela máxima autoridade da esfera
Ocorrendo instabilidade econômica ou social, não previstas administrativa a que está subordinado o contratante e
e sem intervenção dos contratantes, que alterem as exaradas no processo administrativo a que se refere o
condições do contrato, não se poderá atribuir culpa ao contrato;
contratante inadimplente. XIII – a supressão, por parte da
Administração, de obras, serviços ou compras, acarretando
Fato do Príncipe: modificação do valor inicial do contrato além do limite
Trata-se de medidas tomadas pela permitido no § 1º do art. 65 desta Lei:
Administração Pública contratante e que venham a XIV – a suspensão de sua execução, por
comprometer o equilíbrio econômico-financeiro do contrato. ordem escrita da Administração, por prazo superior a 120
Há situações em que, pelo aumento do (cento e vinte) dias, salvo em caso de calamidade pública,
encargo, o contratado terá direito à revisão do preço para grave perturbação da ordem interna ou guerra, ou ainda por
restabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro. repetidas suspensões que totalizem o mesmo prazo,
Podem ocorrer também situações em que a alteração independentemente do pagamento obrigatório de
unilateral ocasionada pela Administração inviabilize o indenizações pelas sucessivas e contratualmente
contratado de cumprir com o contrato, fazendo então jus à imprevistas desmobilizações e mobilizações e outras
indenização. previstas, assegurado ao contratado, nesses casos, o
direito de optar pela suspensão do cumprimento das
Caso fortuito e força maior: obrigações assumidas até que seja normalizada a situação;
Caso fortuito é decorrente de evento da XV – o atraso superior a 90 (noventa) dias dos
natureza, imprevisto e inevitável, que torne impossível a pagamentos devidos pela Administração decorrente de
obras, serviços, ou fornecimento, ou parcelas destes, já
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APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕES & CONCURSOS
administrados de forma adequada, boa, correta, econômica expressamente previstos em lei. Mas o que realmente o
e regular. tipifica e o distingue do contrato privado é a participação da
Administração na relação jurídica com a supremacia de
poder para fixar as condições iniciais do ajuste. Desse
DOS CONVÊNIOS DA ADMINISTRAÇÃO privilégio administrativo na relação contratual decorre para
PÚBLICA a Administração a faculdade de impor as chamadas
1.1. Dos Contratos e Convênios cláusulas exorbitantes do Direito Comum.
Quaisquer que sejam os aspectos encarados no Na formalização do contrato administrativo, a Lei n.
convívio social, as pessoas, físicas ou jurídicas, se 8.666/1993, seguindo a orientação do DL n. 2.300/1986, os
relacionam diuturnamente entre si. contratos administrativos regem-se pelas suas cláusulas e
Tais relacionamentos ocorrem em diversos níveis pelos preceitos do Direito Público, aplicando-se lhes
e variados aspectos, quer na vida familiar, quer no trabalho, supletivamente, os princípios da teoria geral dos contratos e
etc., podendo ser de natureza mais simples, como, de igual as disposições de Direito Privado.
modo, da mais complexa; desse relacionamento múltiplo se Normalmente o contrato administrativo se
originam direitos e deveres. Em função desses direitos e instrumentaliza através de um termo, em livro próprio do
deveres, ocorre a geração de obrigações. A todo direito órgão público contratante, ou escritura pública, nos casos
corresponde uma obrigação. exigidos em lei (os relativos a direitos reais sobre imóveis,
No âmbito da administração pública, contratos e p.ex.). O contrato deve ser previamente documentado e
convênios são as formas jurídicas pelas quais a registrado nos órgãos de controle interno, sendo apenas,
administração pública firma com outra entidade pública, posteriormente, submetido a controle dos Tribunais de
com particulares ou com uma pessoa jurídica de direito Contas.
privado (associação ou fundação) um ajuste para a
consecução de objetivos de interesse público, nas 1.3. Dos Convênios
condições estabelecidas pela própria Administração, no As ampliações das funções do Estado, a
caso de concreto, e para a realização de objetivos de complexidade, a falta de estrutura e de condições para,
interesse comum dos partícipes, no caso de convênio. com eficácia, cumprir suas atribuições fizeram com que o
Atualmente estes ajustes, notadamente os próprio Estado estabelecesse novas formas e meios de
convênios, representam para as entidades de interesse prestação eficiente de seus serviços e atribuições.
social uma importante e muitas vezes indispensável fonte Uma das formas mais usuais são os convênios
de receita para a manutenção e implementação de suas administrativos, entendidos estes como acordos firmados
atividades sociais. por entidades públicas de qualquer espécie, ou entre estas
e organizações particulares - associações civis e fundações
1.2. Dos Contratos de direito privado, por realização dos objetivos de interesse
Embora tipificado como de Direito Privado, a comum dos partícipes.
instituição do contrato é utilizada pela Administração Para Roberto Bocaccio Piscitelli:
Pública diretamente ou com as adaptações necessárias aos “De acordo com o decreto, órgãos federais podem
negócios públicos (contratos administrativos propriamente conveniar, excepcionalmente com Estados e Municípios, a
ditos). execução de programas destes.
Segundo o saudoso Hely Lopes Meirelles: Ainda com o mesmo objetivo, e sempre em regime
“(...) contrato é todo acordo de vontades, firmado de mútua cooperação, órgãos da Administração Direta
livremente pelas partes para criar obrigações e direitos poderão executar programas a cargo de entidades da
recíprocos. Em princípio, todo contrato é negócio jurídico Administração Indireta, via convênio. Em ambos os casos,
bilateral e comutativo, isto é, realizado entre pessoas que os recursos financeiros recebidos por órgão da
se obrigam a prestações mútuas e equivalentes em Administração Direta ou autarquia federal para a execução
encargos e vantagens. Como pacto consensual, pressupõe do convênio serão classificados como receita orçamentária
liberdade e capacidade jurídica das partes para se correndo as aplicações à conta de dotação consignada no
obrigarem validamente como negócio jurídico, requer objeto orçamento ou em crédito adicional.
lícito e forma prescrita ou não vedada em lei.”[1] O convênio será obrigatoriamente formalizado por
No entanto, a Teoria Geral dos Contratos é a termo, quando o valor da participação financeira dos órgãos
mesma tanto para contratos privados (civis e comerciais) e entidades da Administração Federal for igual ou superior
como para os contratos públicos, de que são espécies os ao limite fixado em portaria do Ministro da Fazenda para tal
contratos administrativos e os acordos internacionais. fim e, facultativamente, a critério da autoridade
Todavia, os contratos públicos são regidos por normas e administrativa, por termo, vem correspondência oficial ou
princípios próprios do Direito Público, atuando o Direito documento de empenho de despesa, quando não
Privado apenas supletivamente, jamais substituindo ou alcançado aquele limite.”
derrogando as regras privativas da Administração.
São características do contrato administrativo: a 1.4. Distinção Tradicional entre os Convênios
consensualidade, porque consubstancia um acordo de e os Contratos
vontades e não um ato unilateral e impositivo da No Brasil, ainda se faz a distinção ente
Administração; a formalidade, porque se expressa por convênio e contrato.
escrito e com requisitos especiais; a onerosidade, porque é O convênio distingue-se do contrato
remunerado na forma convencionada; a comutatividade, conquanto com ele tenha um ponto em comum: o acordo.
porque estabelece compensações recíprocas e No contrato, os interesses das partes são divergentes e
equivalentes para as partes; e detém, por último, a opostos; no convênio, os interesses das partes são
qualidade de ser intuito personae, porque deve ser divergentes e de interesse recíproco, executado em regime
executado pelo próprio contratado. de mútua cooperação – art. 10, $ 5º, do Decreto-Lei n.
Além dessas características substancias, Hely 200/1967, em relação aos quais a doutrina e a
Lopes Meirelles destaca que o contrato administrativo jurisprudência, há muito, consagram a inexigibilidade de
possui outra que lhe é própria, embora externa, qual; seja, a licitação.
exigência de prévia licitação, só dispensável nos casos
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APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕES & CONCURSOS
Os convênios administrativos são, pois, prestar contas de sua utilização, não só ao ente
acordos firmados pelos mais diversos entes públicos, nada repassador, como ao Tribunal de Contas.”
obstando, porém, que se realizem esses ajustes entre Segundo Marcos Juruena Villela Souto, a
entidades públicas e particulares, visando à realização de distinção entre os institutos, convênio e contrato sobrevive
objetivos comuns. mesmo diante da definição do parágrafo único, do artigo 2º,
Importante salientar que: da Lei n, 8.666/93, que, “considera contrato todo e qualquer
“No contrato, os interesses são opostos e diversos; ajuste entre órgãos ou entidades da Administração Pública
no convênio, são paralelos e comuns. Neste tipo de negócio e particulares, em que haja um acordo de vontades para a
jurídico, o elemento fundamental é a cooperação, e não o formação de vínculo e a estipulação de obrigações
lucro, que é o almejado pelas partes no contrato. De fato, recíprocas, seja qual for a denominação utilizada”.
num contrato de obra, o interesse da Administração é a Ora, a menção acerca da “reciprocidade das
realização da obra, e o do particular, o recebimento do obrigações” no dispositivo de lei já revela o traço típico da
preço. Num convênio de assistência a menores, porém, comutatividade dos contratos administrativos.
esse objetivo tanto é do interesse da Administração como A celebração do convênio não representa o
também do particular. Por isso, pode-se dizer que as surgimento de uma pessoa jurídica, não havendo, de outro
vontades não se compõem, mas se adicionam.” lado, impedimento para a nomeação de um terceiro, para
O Convênio tem sido um instrumento funcionar como gestor do contrato. Na maioria das vezes,
amplamente utilizado pelo Poder Público quando se liga a ocorre a execução do convênio por meio de sucessivos
outros entes, públicos ou privados, em regime de contratos, até mesmo entre os partícipes, são os chamados
colaboração, almejando objetivos comuns, ainda que cada – termos aditivos, cumprindo cada etapa do programa.
partícipe possua obrigações distintas de acordo com suas “Como ato multilateral, o convênio é
possibilidades, segundo partilha definida no instrumento naturalmente aberto a adesões de partícipes com objetivos
convenial. comuns, assim como é livre a denúncia, respeitadas as
Existe, assim, no Convênio, efetiva obrigações relacionadas aos benefícios já auferidos e as
cooperação entre os partícipes, não sendo caracterizado consequências de prestações já atendidas por outros
pela comutatividade, típica dos contratos, quando o partícipes. Cada partícipe, mediante termo aditivo firmado
interesse dos contratantes se revela contraposto, ou seja, com os demais, adere nos termos necessários ao
cada parte tem objetivos e finalidades distintos. atingimento do objetivo comum e, portanto, pode ter
Nesse sentido, é a clássica lição de Hely obrigações e benefícios diferenciados. Podem, igualmente,
Lopes Meirelles: firmas novos convênios ou contratos, para cumprimento de
“Convênios administrativos são acordos firmados suas obrigações, sempre voltadas à finalidade comum
por entidades públicas de qualquer espécie, ou entre estas inicialmente ajustada.”
e organizações particulares para realização de objetivos de
interesse comum dos partícipes. Convênio é acordo, mas 1.5. Do Regime Jurídico Próprio dos
não é contrato. No contrato, as partes têm interesses Convênios da Administração Pública
comuns e coincidentes. Por outras palavras: no contrato há São características fundamentais que
sempre duas partes (podendo ter mais de dois signatários); particularizam e estabelecem uma identidade dos
uma, que pretende o objeto do ajuste (a obra, o serviço, Convênios da Administração e afins, dentre outras: a
etc); outra, que pretende a contraprestação correspondente ocorrência, nas relações entre os partícipes, da
(o preço, ou qualquer outra vantagem), diversamente do cooperação, da colaboração, da coordenação, da parceria,
que ocorre no convênio em que não há partes, mas do auxílio e/ou da ajuda e, ainda, a ausência de lucro, de
unicamente partícipes com as mesmas pretensões. Por preço e/ou de remuneração; o compromisso e obrigação
essa razão, no convênio, a posição jurídica dos signatários notadamente de parcela ou da totalidade dos partícipes no
é uma só e idêntica para todos, podendo haver, apenas, sentido de destinar recursos, repassar verbas e/ou efetuar
diversificação na cooperação de cada um, segundo as suas contrapartidas para realizar o objeto e o ajustado; o
possibilidades para a consecução do objeto comum, compromisso e obrigação, de regra, de parte ou de todos
desejado por todos.” os partícipes de utilizar, gerir, gerenciar e/ou administrar os
Por sua vez, Maria Sylvia Zanella Di Pietro, mesmos recursos, verbas e /ou contrapartidas, de forma
identifica as mesmas características: adequada, boa, correta, econômica e regular, a partir dos
“No contrato, os interesses são opostos e parâmetros traçados pelo acordado, pelas regulações
contraditórios, enquanto no convênio são recíprocos (...) os estabelecidas como aplicáveis ao pacto e pelos princípios,
entes conveniados têm objetivos institucionais comuns e se normas estritas e valores constitucionais e
reúnem, por meio de convênio, para alcançá-los: (...) no infraconstitucionais; a submissão às fiscalizações, aos
convênio, os partícipes objetivam a obtenção de um controles e/ou as prestações de contas das pessoas e
resultado comum; (...) no convênio, verifica-se a mútua entidades partícipes e das que se envolverem nos ajustes,
colaboração, que pode assumir várias formas, como através, por exemplo, dos controles efetuados pelos
repasse de verbas, uso de equipamentos, de recursos partícipes e pelos envolvidos no ajuste, pelo controle
humanos e materiais, de imóveis, de Know-how e outros; interno (Controladorias, Auditorias, serviços de
por isso mesmo, no convênio não se cogita de preço ou contabilidade e de prestação de contas), pelo controle
remuneração, que constitui cláusula inerente aos contratos; externo (Tribunais de Contas e Poder Legislativo), pelo
dessa diferença resulta outra: no contrato, o valor pago a Poder Judiciário e, ainda, pela cidadania, pela sociedade e
título de remuneração passa a integrar o patrimônio da pelo povo.
entidade que o recebeu, sendo irrelevante para o Por outro lado, as definições, as identidades
repassador a utilização que será feita do mesmo; no principais verificadas nos convênios da Administração e
convênio, se o conveniado recebe determinado valor, este congêneres, bem como o regime próprio dos mesmos, não
fica vinculado à utilização prevista no ajuste; assim, se um são obstáculos para a constatação da existência de outros
particular recebe verbas do poder público em decorrência contratos onde ocorrem, com os mais diversos traços e
de convênio, esse valor não perde a natureza de dinheiro dimensões, os elementos que caracterizam os primeiro.
público, só podendo ser utilizado para fins previstos no
convênio, por essa razão, a entidade está obrigada a
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vinculação que tenha como elementos que a particularize, Não se pode olvidar que a negação da
além do aqui tratado, a cooperação e associação e, ainda, natureza contratual também tem origem em frágeis exames
a ausência de lucro, preço e/ou remuneração, entendidos que veem a precariedade e instabilidade nos convênios da
os mesmos em sentido técnico. administração também como decorrência da possibilidade
A mencionada alternativa convenial de ocorrer nos mencionados pactos a retirada unilateral e a
predomina, notadamente, pelo fato de que no fomento denúncia, ao contrário do que aconteceria nos contratos
social, nos auxílios, nas ajudas, nas contribuições administrativos e dos contratos em geral. Verifica-se que,
correntes, nas subvenções sociais e nas bolsas de seguindo-se as referências estipuladas para os convênios,
pesquisa e estudo, inexistem nas relações entre os pode-se, observar instabilidade e precariedade em tais
partícipes, situações que gerem a remuneração, o preço e contratos.
/ou o lucro, embora possam estar presentes nos mesmos Assim, pode-se entender, de um lado, pela
as noções, dentre outras, de benefício e vantagem e, possibilidade de modificação e “rescisão” unilateral nos
inclusive, de acréscimo patrimonial e rendimento. contratos da administração e, de outro lado, pela existência
Igualmente, tende a não se afastar a de inúmeros contratos onde se fazem presentes a resilição
utilização dos Convênios da Administração Pública, unilateral e a denúncia.
congêneres e/ou os pactos e procedimentos de cunho Igualmente, a precariedade e instabilidade
convenial, as relações de natureza indenizatória, como, por dos convênios da administração, na relação entre
exemplo, as verbas a título de auxílio de custo, diárias, partícipes, ficam desmentidas pelo reduzido número de
transporte e/ou alimentação, pelo fato de que nas referidas negativas, no sentido de aceitar a transferência de recursos
relações não se caracterizar como remuneração, o preço através dos mesmos pactos e de assinatura dos
e/ou o lucro. mencionados ajustes, tendo em vista cláusulas, condições
Do contrário, os repasses de verbas, os e regramentos que se vinculam aos citados ajustes, mas
auxílios e as ajudas, que tenham natureza remuneratória, também como decorrência da constatação, nos
deslocam a utilização dos Convênios, congêneres e/ou os mencionados vínculos, de um baixo percentual de
ajustes e procedimentos de natureza convenial, por denúncias, retiradas unilaterais, resoluções, “rescisões” e
exemplo, alguns dos denominados auxílios e ajudas, como de disputas judiciais nos mesmos.
também alguns tipos de bolsas. Verifica-se, ainda, a distinção dos convênios
Os repasses de verbas públicas, a título de da administração com os contratos da administração a
fomento econômico, subvenções econômicas, tem grande partir de análises que enxergam relações de igualdade, de
possibilidade de não se demonstrarem congruentes com os fato e/ou de direito, entre os partícipes dos primeiros, ao
Convênios da Administração Pública, congêneres e com os contrario do que se daria com os segundos. As referidas
ajustes e procedimentos de natureza convenial. Constata- análises não subsistem à realidade dos pactos de natureza
se, assim, que em alguns desses casos, coexistam, lado a convenial, afetados de forma ponderável pelas relações
lado, a cooperação, a colaboração, a coordenação, a desiguais existentes no âmbito da federação brasileira e/ou
parceria, o auxílio e/ou a ajuda, a remuneração, o preço, o pelas situações de adesão que permitem a falta de
juro e/ou o lucro. paridade e, ainda, a desigualdade, de fato e/ou de direito,
Observa-se, também, que os chamados entre os partícipes do citado ajuste.
Convênios da Administração Pública, a título de A artificialidade dos argumentos decorrem
cooperação, de colaboração, de coordenação, de parceria, também da constatação de que a desigualdade e ausência
de auxílio e/ou ajuda, tal como ocorre no sistema jurídico de paridade entre os partícipes, como também as situações
nacional, bem como na prática administrativa, apontam de adesão, podem ser encontradas, resguardadas as
para a existência de ajustes conveniais, da mesma forma peculiaridades e dimensões próprias dos diferentes tipos de
que acontece nos Contratos, onde pode-se encontrar ajustes, tanto nos contratos da administração pública, como
situações de bilateralidade e também de unilateralidade, de nos contratos de direito privado e dos convênios da
onerosidade e ainda de gratuidade, de comutatividade e administração pública.
igualmente de ausência das mesmas, de igualdade e A possibilidade de igualdade entre os
também de ausência de paridade, dentre as quais existem partícipes nos convênios da administração pública, ou da
as situações de adesão. ausência da mesma, não deve ser inferida sobre a
ocorrência ou não de natureza instável e precária nos
1.7. A Natureza Contratual dos Convênios da citados pactos. Corroborando, ainda mais com a ideia da
Administração Pública natureza contratual dos convênios da administração
A natureza contratual dos convênios da pública, que os próprios elementos presentes nos acordos
administração pública decorrem, de um lado, de como traços fundamentais particularizadores, não impedem
argumentos e constatações que desestruturam os o reconhecimento de que os citados elementos existem
elementos que sustentam as noções de acordo, convenção, também, de diferentes formas, em diversos contratos
pacto, ato complexo e ato coletivo em contraposição ao reconhecidos pelo ordenamento jurídico.
conceito de contrato, quais sejam, dentre outras, as
dicotomias antagonismo ou convergência de interesses, 1.8. Da Celebração dos Convênios
objetivos e resultados, obrigações recíprocas ou ausência A celebração, execução e prestação de contas de
das mesmas, vinculações jurídicas e obrigacionais ou conv6eniois no âmbito da administração pública são
inexistência/instabilidade das mesmas, estipulações de regulados pela Instrução Normativa n. 1, de 15.01.1997, da
direitos, deveres, obrigações, pretensões, Secretaria do Tesouro Nacional e suas alterações. O
responsabilidades, ações, sanções e penalizações ou referido dispositivo, de início, apresenta asa definições
falta/precariedade das mesmas. Por outro lado, a ampla próprias da matéria. Por conseguinte, para a celebração do
maioria da doutrina e as codificações dos séculos XIX, XX e conv6enio, deverá o interessado apresentar ao órgão ou
atual efetuam a denominada ampliação do conceito de entidade responsável pelo programa um plano de trabalho,
contrato e definem o mesmo, por exemplo, como acordo que deverá conter, no mínimo, informações; (a) razões que
para produção de efeitos jurídicos notadamente entre as justifiquem a celebração do convênio; (b) descrição
partes/partícipes, que obtenha reconhecimento ou que não completa do objeto a ser executado; (c) descrição das
tenha oposição do ordenamento jurídico. metas a serem atingidas, qualitativa, e quantitativamente;
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(d) etapas ou fases da execução do objeto, com a previsão qualificados o poder discricionário de reorientar ações e de
de início e fim; (e) plano de aplicação dos recursos a serem acatar ou não justificativas com relação às eventuais
desembolsados pelo concedente e a contrapartida disfunções havidas na execução, sem prejuízo da ação das
financeira do preponente, se for o caso, para projeto ou unidades de controle interno e externo.
evento; (f) cronograma de desembolso; (g) declaração do
convenente de que não está em situação de mora ou de CONVÊNIOS FIRMADOS ENTRE A
inadimplência junto a qualquer órgão ou entidade da ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E AS ENTIDADES DE
Administração Pública Federal Direta e Indireta. A DIREITO PRIVADO
regularidade será comprovada mediante a apresentação É cediço que as despesas decorrentes da
das certidões especificadas no art. 3º da IN; (h) aplicação de recursos repassados mediante convênio estão
comprovação do exercício pleno da propriedade do imóvel, sujeitos, no que couber, às disposições da lei n. 8.666/93,
mediante certidão do registro no cartório de imóvel, quando conforme preconiza o art. 116, que está em sintonia plena
o convênio tiver por objeto a execução de obras, ou com a exigência de Licitação prevista no art. 37, XXI, da
benfeitorias no mesmo. Carta de 1988.
Ressalte-se que é vedado celebrar convênio, O que na abalizada expressão do Ministro
efetuar transferência ou conceder benefícios sob qualquer Walton Alencar, do Tribunal de Contas da União:
modalidade, destinado a órgão ou entidade da “(...) não significa dizer que o particular, ao aplicar
Administração Pública federal, estadual, municipal, do recursos públicos provenientes de convênios celebrados
Distrito Federal, ou para qualquer órgão ou entidade, de com a administração federal, esteja sujeito ao regramento
direito público ou privado, que esteja em mora, inadimplente estabelecido na Lei n. 8.666/93. No entanto, sendo a
com outros convênios ou não esteja em situação de licitação imposição de índole constitucional ela não
regularidade para com a União ou entidade da representa apenas um conjunto de procedimentos como se
Administração Pública Federal Indireta, bem como destinar estes fossem um fim em si mesmos. Representa
recursos públicos como contribuições, auxílios ou fundamentalmente um meio de tutelar o interesse público
subvenções às instituições privadas com fins lucrativos. maior que tem por meta garantir o cumprimento dos
Saliente-se que o convênio ou ajuste só será princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade,
executado depois de previamente cadastrado no SIAFI pelo publicidade e eficiência que devem estar presentes em
próprio gestor, e para sua celebração faz-se imperiosa a qualquer operação que envolva recursos públicos.”
aprovação prévia de plano de trabalho apresentado pela Atento a esses princípios, o legislador
parte executiva, devendo conter as seguintes informações: ordinário estabeleceu a entidades de direito privado a
identificação do objeto a ser executado; metas a serem obrigação de licitar nas restritas hipóteses em que tenham
atingidas; etapas ou fases de execução; plano de aplicação sob a sua guarda recursos públicos.
dos recursos financeiros; cronograma de desembolso; A Lei n. 8.958/1994, que dispõe sobre as
previsão de início e fim da execução do objeto, bem como relações entre as instituições federais de ensino superior e
da conclusão das etapas ou fases programadas; se o ajuste de pesquisa científica e tecnológica e as fundações de
compreender obra ou serviço de engenharia, comprovação apoio, no art. 3º, há comando específico para observância
de que os recursos próprios para complementar a execução da legislação federal sobre licitações e contratos
do objeto estão devidamente assegurados, salvo se o custo administrativos na aplicação de recursos públicos.
total do empreendimento recair sobre a entidade ou órgão Por sua vez, a Lei n. 9.790/1999, que
centralizador. dispõe sobre a qualificação das pessoas jurídicas de direito
Figuram como vedações a inclusão, tolerância ou privado, sem fins lucrativos, como Organizações de
admissão, nos convênios, de cláusulas ou condições que Sociedade Civil de Interesse Público, determina
prevejam ou permitam: (a) realização de despesas a título que estas organizações devem ter regulamento próprio,
de taxa de administração, de gerência ou similar; (b) contendo os procedimentos para a contratação de obras e
pagamento, a qualquer título, a servidor ou empregado serviços, bem como para compras, com emprego de
público, integrante de quadro pessoal de órgão ou entidade recursos públicos. Esse regulamento deverá assegurar a
pública da administração direta ou indireta, por serviços de observância dos princípios norteadores da Administração
consultoria ou assistência técnica; (c) aditamento com Pública – art. 14, da legalidade, impessoalidade, da
alterações do objeto, ou das metas; (d) utilização dos moralidade, da publicidade, da economicidade e da
recursos em finalidade diversa da estabelecida no eficiência.
respectivo instrumento, ainda que em caráter de O Tribunal de Contas da União,
emergência; (e) realização de despesas em data anterior ou acertadamente, firmou o entendimento de que a aplicação
posterior à sua vigência; (f) atribuição de vigência ou de de recursos públicos geridos por particular em decorrência
efeitos financeiros retroativos; (g) realização de despesas de convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos
com taxas bancárias, com multas, juros ou correção congêneres, deve atender, no que couber, às disposições
monetária inclusive, referentes a pagamentos ou da Lei de Licitações, ex vi do art. 116 da Lei n. 8.666/93, e
recolhimentos fora dos prazos; (h) transferência de recursos recomendou à Presidência da República que, no uso da
para clubes, associações de servidores ou quaisquer competência prevista no art. 84, IV, da Constituição
entidades congêneres, excetuadas creches e escolas para Federal, proceda à regulamentação do art. 116 da Lei de
o atendimento pré-escolar; e (i) realização de despesas Licitações que devem ser seguidas pelo particular partícipe
com publicidade, salvo as de caráter educativo, informativo de convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos
ou de orientação social, das quais não constem nomes, congêneres, nas restritas hipóteses em que tenha sob sua
símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal guarda recursos públicos.
de autoridades ou servidores públicos.
Destaque, que cada uma das partes, responde 2.1. Os Convênios de Repasse de Verbas
pelas consequências de sua inexecução total ou parcial, Muitos convênios preveem repasses de
quanto à função fiscalizadora, está deverá ser exercida verbas que, na realidade, significam remuneração ou preço
pelos órgãos ou entidades concedentes dos recursos, pelas atividades realizadas por uma das partes.
dentro do prazo regulamentar de execução e prestação de Percebe-se que, parcela considerável das
contas do convênio, ficando assegurado aos seus agentes verbas repassadas para convenentes e/ou executores,
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através de convênios, congêneres e/ou de procedimentos e atender à manutenção de outras entidades de direito
ajustes, no geral simplificados, de natureza convenial, público ou privados.(...)”
terminam por remunerar, gerar preço e/ou gestar lucros Registramos que o art. 12, caput e o $ 6º, da
para os terceiros que, no âmbito dos mesmos acordos, mesma Lei n. 4.320/64, estabelece, na esfera das despesas
efetuam as denominadas contratações com os partícipes, de capital, como, “transferência de capital as dotações para
fornecendo bens, prestando serviços e/ou realizando obras investimentos ou inversões financeiras que outras pessoas
para a realização do pactuado. Como também, a ocorrência de direito público ou privado devam realizar,
de situações, direta ou indiretamente, onde os partícipes – independentemente de contraprestação direta em bens ou
convenentes e/ou executores institucionais – dos mesmos serviços” e, ainda, que constituem-se “essas transferências
ajustes recebem remuneração, preço e/ou conseguem auxílios ou contribuições, segundo derivem diretamente da
lucro, em contradição com o entendimento doutrinário, Lei de Orçamento ou de lei especial anterior, bem como as
administrativo e do ordenamento que rejeita a configuração dotações para amortização da dívida pública”.
das circunstâncias referidas. Da mesma forma, destaca-se, por exemplo,
A situação da contratação de terceiros que que no art. 71, inciso VI, da Constituição Federal de 1988, o
fornecem bens, prestam serviços e/ou realizam obras para conceito repasse de recursos se encontra associado às
a execução dos Convênios da Administração, congêneres noções de convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos
e/ou ajustes e procedimentos de natureza convenial, é congêneres, em decorrência de que, ao menos nas
aceita no nosso ordenamento jurídico, por exemplo, no art. situações citadas, o afastamento do conceito de repasse de
116, parágrafo 3º, inciso II, da Lei Federal n. 8.666/93, e no recursos das noções, no mínimo, de lucro, preço e/ou
art. 21, parágrafo 4º, inciso II, e no art. 27, da Instrução remuneração.
Normativa n. 01, 1997, da Secretaria do Tesouro Nacional. O artigo 71, caput e inciso VI, da Carta
Outrossim, a ocorrência das chamadas Magna, estipula:
contratações com terceiros não partícipes, no âmbito dos “Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso
acordos de natureza convenial, culminou com a exigência Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas
de licitação, da dispensa ou da inexigibilidade na ocorrência da União, ao qual compete: (...)
das situações referidas, como é possível constatar na VI – fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos
redação original do art. 27, da Instrução Normativa n. 01, de repassados pela União mediante convênio, acordo, ajuste
1997, da Secretaria do Tesouro Nacional. ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito
A redação vigente do mencionado art. 27, da Federal ou a Município;(...).”
mesma Instrução Normativa, enuncia que o convenente, Não devem merecer acolhimento o
ainda que entidade privada, sujeita-se, quando da execução entendimento doutrinário que considera que a situação do
de despesas com recursos transferidos, às disposições da Convênio Administrativo de Repasse de Verbas não seria
Lei n. 8.666/93, de 21.06.1993, especialmente em relação a de efetivo convênio e, ainda que o repasse de verbas não
licitação e contrato” e, também, que “é admitida a pode ser formalizado por intermédio de Convênio
modalidade de licitação prevista na lei n. 10.520, de administrativo porque não preenche dois de seus requisitos
17.06.2002, nos casos em que especifica”. Admite-se, imprescindíveis, ou seja, a obrigatória inexistência de
portanto, o pregão, nos termos da legislação citada. interesse patrimonial e a efetiva atuação conjunta dos
De outro lado, a doutrina, a prática partícipes.
administrativa e o ordenamento jurídico pátrio, no âmbito Outros doutrinadores entendem que o
dos Convênios da Administração Pública, congêneres e/ou repasse de verbas não pode ser formalizado por intermédio
ajustes e procedimentos de natureza convenial, não tem de mero ato administrativo unilateral, tendo em vista que,
admitido, como regra, situações, onde direta ou obrigatoriamente, será condicionado a prestação de contas
indiretamente os próprios partícipes – convenentes e/ou relativa a destinação da verba, o que corresponde a um
executores institucionais – recebem remuneração, preço encargo do beneficiário, o que revela a importância de sua
e/ou conseguem lucro, entendidos tais conceitos na sua aceitação, para que a relação jurídica seja efetivada.
dimensão técnica. Propõe-se, ainda, que o repasse de verbas
Igualmente, os conceitos de repasse ou de seja formalizado por intermédio de contrato de doação, nos
transferência de verbas e as noções de remuneração e/ou termos da legislação pátria para a matéria, estipulada de
pagamento, têm sentidos próprios, inconfundíveis e forma mais específica no art. 538 do Código Civil de 2002,
afastados, tornando possível a constatação, à luz dos fatos, e, ainda, no art. 17, II, e $ 4º, da Lei de Licitações e
quando diante de uma ou outra das noções mencionadas. Contratos (Lei n. 8.666, de 21 de junho de 1993), que
J.M.Othon Sidou, referido por Maria Helena dispõe sobre os requisitos para a sua realização.
Diniz, define o conceito de repasse, no âmbito do Direto O art. 538 do Código Civil de 2002 preceitua
Financeiro, como “operação de transferência de crédito ser a “doação o contrato em que uma pessoa, por
orçamentário, no todo ou em parte, para uma unidade liberalidade, transfere de seu patrimônio bens ou vantagens
administrativa subordinada ou vinculada”. para o de outra”.
Em outro sentido, as noções de Por sua vez, o art. 17, inciso II, $ 4º, da Lei
transferência correntes e de capital são definidas, por Federal n. 8.666/93, estabelece, no inciso II, que a doação
exemplo, no artigo 12, da Lei Federal n. 4.320/64, do Direito será “permitida exclusivamente para fins e uso de interesse
Financeiro, Orçamentário e da Contabilidade Pública. social, após avaliação de sua oportunidade e conveniência
O art. 12, caput e parágrafo 2º, da Lei socioeconômica, relativamente à escolha de outra forma de
Federal n. 4.320/64, que classifica as despesas segundo alienação”, enquanto que o $ 4º, estipula que a doação com
categorias econômicas, conceitua, no âmbito das despesas encargo “será licitada e de seu instrumento constarão
correntes, como: obrigatoriamente os encargos, os prazos de seu
“Art. 12. (...) cumprimento e cláusulas de reversão, sob pena de nulidade
$2º. Classificam-se com o Transferências do ato, sendo dispensada a licitação no caso de interesse
Correntes as dotações para as despesas às quais não público devidamente justificado.”
corresponda contraprestação direta em bens ou serviços, Miriam Cavalcanti de Gusmão Torres
inclusive para contribuições e subvenções destinadas a questiona a noção Convênio Administrativo de Repasse de
Verbas, primeiramente, pelo fato de que no mesmo ajuste é
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obrigatória a inexistência de interesse patrimonial”, o que outro lado, a própria autora citada, lembra que o art. 71,
não ocorreria nos Convênios de repasse de verbas, “na inciso VI, da carta de 1988, é aplicável a União, e, também,
medida em que a Administração Pública, ao destinar uma aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, em face
quantia a outro entre, seja ele público ou privado, desfaz-se do princípio da simetria.
de seu patrimônio em favor de terceiro, sem que sequer Nesse contexto, o art. 116, da Lei Federal n.
este tenha que praticar qualquer ato para justificar tal 8.666/93, $$ 1º, 2º e 3º, utilizam expressões como; “órgão
benefício. repassador”, ”partícipe repassador de recursos”, “órgão
Os convênios da Administração Pública e descentralizador de recursos”, “liberação” de recursos,
congêneres, dentre outras questões, se caracterizam, como “plano de aplicação dos recursos financeiros” e “aplicação
instrumentos de cooperação, colaboração, parceria, ajuda de recursos”. As formulações presentes na mencionada
e/ou auxílios entre os partícipes, onde esteja ausente as norma infraconstitucional, no artigo que trata em especial
noções de lucro, preço e/ou remuneração, entendidas as dos convênios e congêneres, significam, igualmente, o
mesmas em sua conceituação técnica. reconhecimento da estreita vinculação – embora não seja
Igualmente, desaconselhável também a obrigatória a associação – dos conceitos de repasse de
utilização, notadamente quando em termos genéricos e verbas e recursos às noções de convênios, acordos,
sem o devido rigor técnico, de uma série de conceitos ajustes e congêneres.
empregados, tais como, contraprestação, pagamento,
renda, rendimento, patrimônio, patrimonialidade, vantagem, 2.2. Contrato de Doação no Âmbito dos
benefício, proveito e/ou ganho, para deslocar de forma Convênios
peremptória os convênios e congêneres, sobretudo pelo No mesmo diapasão, não deve merecer
fato de que os mesmos conceitos não resistiriam a um consideração a proposição que considera que, o repasse
relevante número de situações que se caracterizam, como de verbas seja formalizado por intermédio de Contrato de
passíveis de gerar o uso dos ajustes e procedimentos de Doação, em conformidade com as disposições atinentes à
natureza convenial. matéria, e não através de Convênio da Administração
O repasse de verbas pode significar, sim, Pública.
situações de vantagem, benefício, proveito ou ganho de Parece não ser adequada tal proposição,
pessoas ou entidades, sem que haja possibilidade de se mesmo utilizando como divisória da proposta, além do art.
questionar, num grande número de situações, a utilização 538 do Código Civil de 2002, o já citado art. 17, inciso II, $
do instrumento jurídico convênio da Administração Pública 4º, da Lei de Licitações e Contratos Administrativos.
e congêneres. Tal hipótese é passível de ocorrer na medida O enunciado no art. 116, caput da Lei
em que se verificar que, no ajuste originado pelo repasse Federal n. 8.666/93, se aplicam as disposições da mesma
de verbas, estejam presentes, nas relações entre os Lei, no que couber, aos convênios, acordos, ajustes e
partícipes, os elementos cooperação, colaboração, outros instrumentos congêneres celebrados por pessoas e
coordenação, parceria, ajuda e/ou auxílio, bem como entidades da Administração Pública, aponta notadamente
estejam ausentes o mesmo os elementos lucro, preço e/ou para utilização, no que se refere aos Contratos da
remuneração. Administração, das disposições presentes nos artigo artigos
Miriam Cavalcanti de Gusmão Sampaio 54 e seguintes.
Torres questiona a noção de convênio administrativo de Ao que parece, tais soluções propostas pela
repasse de verbas, também, pela sua compreensão de que doutrina, além do conjunto de exames críticos já apontados,
num verdadeiro convênio seria de esperar “a existência de apresenta problemas relevantes, de ordem doutrinária e
obrigações recíprocas”, o que implica numa “efetiva prática, que consigna pela não aplicabilidade dos mesmos.
atuação conjunta dos partícipes”. As noções de gratuidade, de unilateralidade
Questiona-se, ainda, a formulação, em e de ausência de comutatividade, características dos
relação ao conceito de obrigações recíprocas presente Contratos de Doação, não consegue abranger um número
inclusive no art. 2º, parágrafo único, da Lei Federal n. relevante de situações de repasses de verbas, efetuadas,
8.666’93, onde se estabelece uma implícita tentativa de em regra, através de convênios da administração pública,
distinção Dops contratos com os convênios da de congêneres, bem como de ajustes e procedimentos, no
Administração Pública, a partir da existência nos primeiros geral simplificados, de natureza convenial, onde ocorre, nas
e ausência nos segundos, dos elementos acordo de relações entre os partícipes, a cooperação, a colaboração,
vontades para a formação de vínculos” e, ainda, a a coordenação, a parceria, o fomento, o auxílio, a ajuda, a
“estipulação de obrigações recíprocas”. Na medida em que, contribuição e/ou a subvenção e onde está presente o
a noção “acordo de vontades para a formação do vínculo”, lucro, o preço e/ou a remuneração.
é passível de ocorrer tanto nos contratos como nos Cumpre registrar, pelo menos um exemplo,
convênios. a questão da crescente exigência de contrapartidas,
Percebe-se, no âmbito doutrinário, que os presentes, por exemplo, no art. 25, inciso IV, letra “d”, da
argumentos trazidos pela jurista mencionada, questionando Lei Complementar n. 101, de 2000 – da Responsabilidade
o uso dos convênios administrativos como instrumentos Fiscal, no art. 44, $$ 1º, 2º e 3º, da Lei Federal n. 11.178,
para os repasses de verbas, não devem ser acolhidos. de 2005 – das Diretrizes para Elaboração da Lei
De outro lado, no âmbito do ordenamento Orçamentária de 2006.
jurídico, existem sérios obstáculos para que prosperem os O Contrato de Doação está profundamente
exames da autora questionando a possibilidade dos impregnado pelas noções de liberalidade, de gratificação
convênios de repasse de verbas. generosa e do elemento subjetivo pessoal do agente, o que
O primeiro óbice é o que está disposto no torna inconveniente, doutrinária e praticamente, sua
art. 71, inciso VI, da Constituição Federal de 1988, que fala utilização em larga escala e sem ampla variedade de
em “recursos repassados (...) mediante convênio, acordo, precauções, no âmbito do Direito Público, que se rege pelos
ajuste ou outros instrumentos congêneres”, na medida em princípios, dentre outros, da legalidade, da impessoalidade,
que o preceituado significa, no mínimo, o reconhecimento do interesse público e da motivação.
constitucional da possibilidade de associação do conceito Clóvis Bevilaqua entende ser “o animus
recursos repassados, repasse e transfer6encia de verbas, donanti essencial à doação” e, ainda defende que o
às noções de convênios, acordos, ajustes e congêneres. De
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decisivo no citado contrato está na liberalidade, elemento (II) A utilização dos bens doados de acordo
subjetivo pessoal do agente. com o previsto no ajuste, nos regramentos administrativos,
Para San Tiago Dantas anota que “a nos princípios, normas e valores presentes em normas
liberalidade é a essência, a causa da doação”. constitucionais e infraconstitucionais, mesmo após o
Do mesmo modo, o Contrato de Doação não esgotamento da vigência dos acordos;
se apresenta como juridicamente adequado no sentido de (III) A vedação (a) de que os bens sejam
atender, por exemplo, aos princípios e exigências utilizados para fins diversos dos definidos nos ajustes, e,
constitucionais que se aplicam de forma direta ou indireta também, nos princípios, normas e valores presentes em
ao repasse de verbas públicas, na medida que os mesmos regramentos administrativos, regulamentares,
repasses implicam na utilização, administração, gerência de infraconstitucionais e constitucionais, (b0 de que os bens
dinheiros, bens e valores públicos. Também em decorrência sejam utilizados para favorecimento de indivíduos
de que os mencionados repasses e manuseio de dinheiros, vinculados com as pessoas e as entidades partícipes, em
bens e valores públicos estão submetidos, de forma especial em favor de dirigentes das mesmas, bem como de
indireta, por exemplo, aos princípios esculpidos nos arts. 1º, seus familiares e de pessoas ligadas aos mesmos, (c) de
3º, 37, 70, 71, 165, 166, 167, 170, 193, 198 e 199, da que os bens sejam utilizados e/ou armazenados em locais
Constituição de 1988, como também, de forma mais direta, que não encontrem justificativa plausível no ajustado e no
acatam os princípios da legalidade, legitimidade, plano de trabalho, ou em locais inadequados e/ou que
impessoalidade, moralidade, probidade, publicidade, sujeitem os bens a destruição, perecimento e deterioração,
eficiência, economicidade, prestação de contas, controle (d) de que ocorra a venda, doação, permuta, dação em
interno, externo, judicial e da sociedade, responsabilidade, pagamento, concessão ou permissão de uso, e toda e
multa proporcional ao dano por ilegalidade de despesa ou qualquer forma de alienação, dos bens doados, a qualquer
irregularidade de contas e/ou responsabilidade. tempo, sem autorização por escrito do doador;
Outrossim, os princípios afirmados pela (IV) A estipulação de encargos e limites aos
Constituição Federal de 1988, como também pela partícipes, como também a regulação das relações entre os
legislação infraconstitucional que se seguiu, demonstram mesmos;
que a regulação existente em relação aos Convênios da (V) O compromisso dos partícipes de
Administração Pública, congêneres e/ou ajustes e informar ao doador sobre irregularidades e problemas
procedimentos de natureza convenial se encontra muito relevantes surgidos com os bens doados, mesmo após a
aquém dos princípios, normas e valores já sedimentados vigência do ajuste, com destaque para a ocorrência de
pelas mesmas, fato que se agravaria com a proposta roubo, furto, posse indevida, evento caracterizado como
sugerida pela autora Miriam Cavalcanti de Gusmão força maior e/ou excludente de responsabilidade;
Sampaio Torres. (VI) Direto de que os partícipes, como
Com relação às verbas repassadas, estas também os órgãos de controle interno, externo e social,
estarão melhor protegidas com o atendimento, no que bem como as pessoas e instituições que a legislação
couber, das previsões sobre Convênios e Contratos da defina, no âmbito de suas atribuições, obtenham, a
Administração Pública constantes na Lei Federal n. qualquer tempo, informações necessárias ã verificação do
8.666/93 e, ainda, da Instrução Normativa n. 01, 1997, da uso dos bens, sua localização, seu estado de conservação
Secretaria do Tesouro Nacional, bem como das Leis ou mesmo de sua condição de bem inservível e seu
Federais de Diretrizes Orçamentárias mencionadas, perecimento, facultadas ainda inspeções locais;
notadamente, quando as estipulações infraconstitucionais, (VII) Compromisso de manter o bem doado em
regulamentares e administrativas forem interpretadas numa perfeito estado de conservação e funcionamento, correndo
perspectiva atenta às disposições constitucionais às custas do beneficiado as despesas para tanto, salvo em
encontradas, dentre outros, nos artigos da Carta de 1988. situações de os bens se tornarem inservíveis e obsoletos,
A utilização do Contrato de Doação, com as e, ainda, quando ocorrer estipulação de ajuste, regulamento
amplas cautelas referidas, deve ocorrer, no âmbito dos ou legal em sentido contrário;
Convênios da Administração Pública, congêneres e (VIII) A estipulação de que as irregularidades,
procedimentos simplificados de natureza convenial, por em especial as de natureza grave, ensejam a possibilidade
exemplo, no caso de bens remanescentes na data da de que o doador solicite, em decisão motivada, após
conclusão ou extinção do ajuste, e dos bens que em razão contraditório e ampla defesa, a devolução, total ou parcial,
do acordo tenham sido adquiridos, produzidos, dos recursos transferidos, devidamente atualizados, sem
transformados ou construídos. Em relação ao tema, o artigo prejuízo de outras sanções e penalidades, definidas no
7, caput e inciso IX, da Instrução Normativa n. 01, 1997, da ajuste, como também em estipulações administrativas e
Secretaria do Tesouro Nacional – dos convênios, observa- legais;
se a exigência, como cláusula obrigatória do ajuste, de que (IX) O estabelecimento de que poderá ocorrer
se defina o direito de propriedade sobre os bens acima a reversão, parcial ou total, dos bens doados, em favor do
citados. doador ou outra pessoa ou entidade que atenda
Como regra, os Contratos de Doação no adequadamente o interesse público e social, notadamente
âmbito do Direito Público e dos Convênios da nas situações em que (a) ocorram, irregularidades, em
Administração Pública devem estar vinculados a exigências especial as de natureza grave, (b) o ente ou pessoa
e encargos definidos meticulosamente. beneficiado deixar de existir, ou tiver a sua atividade
Há indicação de algumas exigências e gravemente afetada, ou alterar drasticamente as suas
encargos que devem ser adotadas, no âmbito dos contratos finalidades sociais ou em caso de insolvência e falência.
de doação envolvendo a Administração Pública, que podem Destaque para a preocupação dos órgãos de
auxiliar no sentido de que sejam evitadas burlas, fiscalização e controle dos atos da Administração Pública,
irregularidades, ilegalidades e violações dos princípios que inclusive com referência ao art. 17, inciso II e $ 4º, da Lei
regem a Administração Pública: Federal n.8.666/93, no sentido de que as doações
(I) A existência de relevante interesse efetuadas pela Administração Pública sirvam ao interesse
público e social para a doação dos bens, devidamente público e social devidamente justificado, após criteriosas
justificada em criteriosa avaliação e exame; avaliações e exames, como também assumam, quando
couber, a forma de doação com encargos, a ser licitada,
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quando não ficarem configuradas as hipóteses de dispensa Constituição de 1988 e do regramento infraconstitucional
por interesse público devidamente justificado, e onde se que se seguiu a mesma, não se pode subestimar os
defina o prazo do cumprimento dos compromissos elementos de permanência das ideias e práticas acima retro
assumidos e se estipule cláusulas de reversão. mencionadas.
Porém, as experiências administrativas em nosso
País, tratam ajustes de natureza convenial como doações 2.4. A Administração dos Convênios
e/ou também como “verbas a fundo perdido”, além de Os convênios da Administração Pública e
incorretas teoricamente, colaboram, no geral, para práticas seus congêneres, obrigações
lamentáveis, onde predomina o senso comum mais rasteiro para que uma parte ou a totalidade dos partícipes,
sobre os repasses de verbas a título de doação e/ou a notadamente os convenentes efetuem contrapartidas, para
fundo perdido. a realização do objeto e do ajustado, a título, por exemplo,
Tais concepções contribuíram também, para que de fomentos, auxílios, ajudas, contribuições, subvenções
se configurassem as situações lamentáveis citadas, e/ou bolsas.
inclusive o fato de que no âmbito dos mesmos repasses de Nos pactos de natureza convenial os
verbas, em princípio, não serem estabelecidos, também, recursos e verbas destinados são utilizados, geridos,
para os partícipes beneficiários, encargos, exigências, gerenciados e/ou administrados por uma parcela ou a
obrigações, controles, fiscalizações, prestações de contas, totalidade dos partícipes, no geral o convenente e/ou
devoluções de recursos e reversão dos bens em casos de executor institucional, no sentido de viabilização do objeto e
irregularidades e ilegalidades, e/ou outras formas de do ajustado, de forma adequada, boa, correta, econômica e
responsabilização, sanção e penalização. regular.
Nos acordos de cunho convenial existe a
2.3. As Práticas Administrativas - o “Fundo sujeição à fiscalização, controle e prestação de contas, que
Perdido” e os Recursos Repassados pela atingem os [partícipes de ajuste e os que se envolverem
Administração Pública com o mesmo. A fiscalização, controle e prestação de
No presente estudo é fundamental os exames contas serão exercidos pelos partícipes, pelo denominado
propostos por Jorge Miranda Ribeiro e Maria Mota Pires, controle interno (controladorias, auditorias e serviços de
quando demonstram alguns dos graves prejuízos causados contabilidade), externo (Tribunais de Contas), judicial e,
pelo fato de que no passado se utilizavam da concepção ainda, pelo controle de cidadania e popular.
dominante e da prática administrativa majoritária que De outro lado, a necessidade de,
considerava “os recursos da União repassados a título de inicialmente, trazer para exame, mesmo que rapidamente,
convênio, tanto para entes de direito público como para os conceitos fomento, auxílios, ajudas, contribuições,
aqueles de direito privado”, como “a fundo perdido”. subvenções, subsídios, e/ou bolsas como os mesmos são
Os citados autores destacam que na perspectiva enxergados notadamente pela doutrina e normatização
do mesmo entendimento “o essencial era transferir a verba nacional, embora trazendo também alguns poucos
orçamentária, alocada no elemento de despesa do elementos trazidos pela doutrina e legislação estrangeira.
orçamento da União, voltado para o fim especificado no Odete Medauar, tratando das noções de
”instrumento, e o parceiro do governo utilizá-lo no pactuado auxílios, contribuições e subvenções sociais ou
pelas partes”. econômicas, enuncia que:
Salientam, ainda, os mesmos autores que “o “É patente a dificuldade em traçar conceitos
recurso a fundo perdido era verba transferida para quem precisos para cada uma das espécies de repasses
pactuasse com o Governo Federal”, não existindo, à época, financeiros assinaladas”, tendo em vista que atualmente o
a “necessidade de prestação de contas da regularidade de seu regime jurídico-financeiro resulta de uma diversidade
sua aplicação” e “tampouco (...) obrigatoriedade de de textos legislativos, decretos e atos normativos
comprovar se o objeto do convênio havia sido alcançado ou infralegais, cujos principais são: a) Lei Federal n. 4.320, de
cumprido na forma avençada” autores anotam, ainda que ä 17 de março de 1964 (normas gerais de direito financeiro);
boa-fé e confiança entre as parte” afastava “suspeitas de b) Decreto 93.872, de 23 de dezembro de 1986 (dispõe
desvios, conluios, falcatruas e corrupção no emprego de sobre a unificação dos recursos de caixa do tesouro
verba pública”, o que permitiu que “maus administradores Nacional); c) Instrução Normativa da Secretaria do Tesouro
se locupletassem com o dinheiro público”. Nacional – STN 01, de 15 de janeiro de 1997 (disciplina a
Tais entendimentos e práticas tiveram profunda celebração de convênios de natureza financeira que
influência no senso comum administrativo e social, também tenham por objeto a execução de projetos ou realização de
como decorrência de tratarem omissiva de que eram eventos); d) Lei Complementar n. 101, de 4 de maio de
congruentes com as concepções e práticas patrimonialistas 2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal); e e) Lei Federal n.
e de não diferenciação entre o que é público e o que é 11.178, de 20 de setembro de 2005 (atual Lei de Diretrizes
privado e/ou pessoal, como também de tratarem omissiva Orçamentárias).
e/ou irresponsavelmente os recursos públicos como “terra Agora, após estabelecer algumas
de ninguém” e/ou como “de todos e de ninguém”. Tais conclusões, mesmo que breves, sobre a possibilidade e
concepções e práticas administrativas eram adequadas limites para o estabelecimento, sobretudo da relação entre
para a viabilização das mais variadas formas de os convênios da Administração Pública, congêneres e/ou
apropriação privada dos recursos do Estado brasileiro, ajustes e procedimentos de natureza convenial, e as ações
perpetrado por administradores, servidores e, não raro, por de fomento, auxílios, ajudas, contribuições, subvenções
lideranças políticas, empresariais, sindicais, sociais e e/ou bolsas.
populares, seja pela forma da corrupção, do desvio e/ou do
descaso com os recursos públicos, e/ou seja pela busca 2.5. O Fomento
e/ou concessão de privilégios, dentre outros, de classe, Diogo de Figueiredo Moreira neto, tratando
corporação, familiares, clientelísticos e/ou pessoais. do conceito de fomento, ensina que:
Apesar de tais concepções e práticas serem “(...) pode-se conceituar o fomento público como a
rejeitadas pelas estipulações presentes no ordenamento função administrativa através da qual o Estado ou seus
jurídico constitucional, infraconstitucional, regulamentar e delegados estimulam ou incentivam, direta, imediata e
administrativo brasileiro, em especial a partir da concretamente, a iniciativa dos administrados ou de outras
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entidades, públicas e privadas, para que estas velhice, índios, etc; as atividades de fomento público social
desempenhem ou estimulem, por seu turno, atividades que da educação, da pesquisa e da informação; as atividades
a lei haja considerado de interesse público para o de fomento público social do trabalho; as atividades de
desenvolvimento integral e harmonioso da sociedade.” fomento público social da cultura, do lazer, dos desportos e
Entende Silvio Luis Ferreira da Rocha, em do turismo; as ações de fomento público social ambiental;
relação ao conceito de fomento, que o mesmo pode ser as atividades do fomento público social rural e da reforma
definido como a “ação da Administração com vistas agrária; as ações de fomento público econômico a
proteger ou promover as atividades, estabelecimentos ou empresa, ao cooperativismo, às empresas de pequeno
riquezas dos particulares que satisfaçam necessidades porte; as atividades do fomento público ao setor primário;
públicas ou consideradas de utilidade coletiva.” as ações de fomento público financeiro e creditício; as
Carlos Ari Sundfeld, tratando da atividade de atividades de fomento público científico e tecnológico; as
fomento, anota que a mesma é a “concessão de benefícios ações de fomento institucional ao setor público não-estatal;
aos particulares de modo a induzir seus comportamentos e ações de fomento público à administração associada.
em certo sentido.” Entende Maria Sylvia Zanella Di Pietro, quando
Anota Toshio Mukai que “pelo fomento, o trata da associação entre as noções de convênio e fomento,
Estado incentiva a execução de atividade de iniciativa que “quanto ao convênio entre entidades públicas e
privada, por se tratar de atividade que traz benefício para a entidades particulares, ele não é possível como forma de
coletividade.” delegação de serviços públicos, mas como modalidade de
Silvia Faber Torres destaca que “toda atividade de fomento”, lembrando que o fomento se caracteriza “por ser
fomento efetuada pela Administração erige-se sobre o uma forma de incentivar a iniciativa privada de interesse
suposto de que existem atuações privadas que satisfazem público”.
interesses públicos e que, por isso, devem ser instigadas e Outrossim, continua a jurista, associando as
subsidiadas.” noções de convênio, de fomento e, ainda, de auxílios e
Entende Silvio Luiz Ferreira da Rocha que “o subvenções, que, quando prestada pelo particular, o Estado
fomento legítimo e justificado é aquele que visa a promover pode fomentar, pela outorga de auxílios ou subvenções,
ou a estimular atividades que tendem a favorecer o bem- que se formaliza mediante convênio.
estar geral” e, ainda, que “se a finalidade do bem-estar Toshio Mukai destaca a possibilidade do convênio
geral não é detectável com clareza a atividade de fomento com partícipes privados se dar sob a forma de atividades de
apresenta-se como ilegítima, injustificável e discriminatória.” fomento.
Carlos Ari Sundfeld destaca como exemplos de Ainda, Silvio Luis Ferreira da Rocha, de um lado,
fomento “a assistência ao produtor rural e a ajuda vincula as atividades de fomento às subvenções, auxílios e
financeira, através de bolsas de estudo, ao contribuições, aos contratos de gestão, parceria, convênio e
desenvolvimento da ciência e tecnologia, do ensino, da outorga de títulos, e de outro, anota que “a atividade de
pesquisa, do esporte e da cultura”, como também “a fomento submete-se aos princípios da legalidade,
realização de atividades culturais (manutenção de teatros e impessoalidade, moralidade, publicidade, eficiência,
museus, pesquisa histórica), a implementação de pesquisas igualdade e da finalidade, entre outros, e, ainda, que “a
na área da ciência e tecnologia, a promoção de atividades atividade de fomento, como espécie de atividade
desportivas.” administrativa, deve obedecer a todos os princípios que
Anota Toshio Mukai que “o incentivo ser efetuado orientam a atividade administrativa.”
por auxílios financeiros, subvenções, financiamentos,
favores fiscais, desapropriações de interesse social em DOS AUXÍLIOS, AJUDAS, CONTRIBUIÇÕES,
favor de entidades privadas sem fins lucrativas.” SUBVENÇÕES E SUBSÍDIOS – DAS BOLSAS DE
Maria Sylvia Zanella Di Pietro registra que “o ESTUDO E PESQUISA E BOLSAS DE ESTÁGIO
incentivo é dado sob a forma de auxílios financeiros ou
subvenções por conta do orçamento público, 3.1. Dos Auxílios
financiamentos, favores fiscais, desapropriações de Maria Helena Diniz, quando se refere à noção de
interesse social”, sendo que os benefícios podem se dar em auxílio, diz que o mesmo “na linguagem comum, significa
favor de entidades privadas sem fins lucrativos, que assistência, socorro, amparo, ajuda ou subsídio.”
realizem atividades úteis à coletividade, como os clubes Constata Plácido e Silva que auxílio, “segundo o
desportivos, as instituições beneficentes, as escolas sentido que tem o vocábulo latino de que se deriva
particulares, os hospitais particulares, etc.” (auxilium – de augere) significa assistência, socorro” e que
Informa Silvia Faber Torres, referindo-se aos esta acepção é empregada na terminologia jurídica.”
meios para viabilizar a atividade de fomento público, como O Tribunal de Contas de Santa Catarina, no
também para conceber relevância ao fomento social e ao seu Glossário, ao se referir a auxílio, enuncia o sentido de
fomento econômico, que podem os mesmos se revestir de “ajuda concedida pelo Poder Público, para fins diversos,
formas as mais variadas, como, por exemplo, isenções e geralmente com objetivos altruísticos (Revista da
desgravações fiscais, desembolso efetivo, subvenções Associação de Orçamento Público, Brasília, 1975).”
(meios financeiros), concessão de prêmios (meios A noção de auxílio, segundo o anotado
honoríficos), propagandas (meios psicológicos),etc. acima, tem o sentido de assistência, socorro, amparo, ajuda
Diogo de Figueiredo Moreira Neto, quando se e subsídio, concedido no geral pelo Poder Público, para fins
refere ao fomento público, apresenta um quadro, no que se variados, sobretudo com objetivos altruísticos.
refere às atividades e ações de fomento de fomento, de O conceito de auxílio, presente no artigo 12,
grande amplitude. O mesmo autor subdivide o fomento $ 6º, da Lei Federal n.4.320/64, Normas de Direito
público em planejamento estatal, fomento social (o homem), Financeiro, Orçamentário e da Contabilidade Pública, se
fomento econômico (a empresa) e fomento institucional (os encontra associado às chamadas Transferências de
entes intermediários). Enumera o autor como passíveis de Capital, que se inserem no âmbito das denominadas
fomento público, dentre outras: as ações visando o Despesas de Capital. As Transferências de Capital são,
desenvolvimento regional; a atividade econômica segundo o referido dispositivo legal, “dotações para
suplementar do Estado à iniciativa privada; as atividades ao investimentos ou inversões financeiras que outras
fomento público a pessoa, família, crianças, adolescentes, pessoas de direito público ou privado devam realizar,
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prestação. No Direito Comunitário Europeu é empregado o Plácido e Silva anota que bolsa costuma
conceito de subvenção amplo (auxílios), que inclui também designar (...) os fundos que se põe à disposição de certa
as subvenções de isenção (...). Se isso também vai pessoa, para que possa realizar determinado objetivo, e
repercutir no conceito de subvenção jurídico-administrativo registra que se diz bolsa de estudo para designar soma que
do Direito Alemão, ainda está em aberto. Em todo caso, se reserva ao estudante, a fim de que possa realizar um
deve ser observado que para as subvenções de prestação curso.
e as subvenções de isenção valem regulações diferentes
(...). 3.5.2. Das Bolsas de Estudo e Pesquisa
Subvenções são, segundo isso, (a) doações de No art. 39, caput e inciso VII, do Decreto
valor patrimonial (b) do Estado ou de uma outra corporação Federal n. 3.000, de 1999, Do Regulamento de Imposto de
administrativa a pessoas privadas (c) sem contraprestação Renda e de Proventos de Qualquer Natureza, com a
conforme o mercado (d) para fomento de uma finalidade redação que lhe foi dada pelo art. 26, da Lei Federal n.
situada no interesse público. (...)” 9.250, de 1995, há a previsão das bolsas de estudo e
pesquisa, que por equivoco, ficou caracterizada como
3.4.2. Dos Subsídios doação, como rendimento que não entram no cômputo do
Plácido e Silva, examinando o conceito de rendimento bruto, como segue:
subsídio, assinala que o mesmo vem “do latim subsidium “Art. 39. Não entrarão no cômputo do rendimento
(reserva, reforço, auxílio)” e que o mesmo “revela tudo que bruto: (...)
vem no sentido de auxiliar, socorrer, ou reforçar alguma VII – as bolsas de estudo e de pesquisa
coisa”. caracterizadas como doação, quando recebidas
Esclarece o jurista que é a contribuição exclusivamente para proceder a estudos ou pesquisas e
pecuniária ou de outra ordem que se dá a qualquer desde que os resultados dessas atividades não
empresa ou a particular, na forma de auxílio ou ajuda. representem vantagem para o doador, nem importem
Registra Plácido e Silva, ainda, que “na linguagem contraprestação de serviços.(...)”
administrativa, designa a quantia denominada subvenção, Recentemente a Lei Federal n. 11.273, de
que o Estado arbitra ou subscreve para obras de interesse 06 de fevereiro de 2006, autorizou o Fundo Nacional de
público, ou, em outro sentido, indica a importância ou Desenvolvimento da Educação – FNDE a conceder bolsas
auxílio que um Estado concede a outro. de estudo e bolsas de pesquisa no âmbito dos programas
Enuncia Maria Helena Diniz, que a noção de de formação de professores para a educação básica
subsídio, está associada, na linguagem jurídica em geral, a desenvolvidos pelo Ministério da Educação, inclusive na
auxílio, a benefício, quantum pecuniário assinalado de modalidade à distância.
interesse público. Ao mesmo tempo a autora vincula O art. 2º, $ 2º, da mesma Lei, que se refere à
subsídio, num exame pela ótica da economia política, a um adesão dos entes federados aos programas, através de
recurso financeiro que possibilita o crescimento de um setor instrumento jurídico onde se estipulam os correspondentes
econômico. direitos e obrigações, enuncia que:
J. M. Othon Sidou, tratando do conceito de “Art. 2º (...)
subsídio na esfera do Direito Financeiro, considera ser $ 2º. A concessão das bolsas de estudo de que
“subvenção paga pelo Estado a certos setores produtivos, a trata esta Lei para professores estaduais e municipais ficará
fim de garantir o preço de produtos agrícolas ou condicionada à adesão dos respectivos entes federados
agroindustriais. aos programas instituídos pelo Ministério da Educação,
Anotam A. Lopes de Sá e A. M. Lopes de mediante celebração de instrumento em que constem os
Sá, sobre subsídios no âmbito de uma dimensão contábil, correspondentes direitos e obrigações.”
que os mesmos são “títulos de conta que registra valores No art. 3º, da mesma normatização, a
recebidos com reforço ou ajuda financeira e, ainda, ajuda associação do conceito de bolsa com, por exemplo, as
por cessão de recurso financeiros.” Lembram, ainda os noções de vinculação jurídica e obrigacional, como também
autores que “ os subsídios podem ser feitos em dinheiro, de direitos e obrigações, através de termo de compromisso.
bens ou favores fiscais.” No mesmo modo, a estipulação de que as bolsas serão
Paulo Sandroni, referindo-se ao conceito de concedidas pelo FNDE, diretamente ao beneficiário, por
subsídio, enuncia que: meio de depósito em contracorrente específica para esse
“Tecnicamente, pode ser definido de várias formas: fim e mediante celebração de termo de compromisso em
1)benefícios a pessoas ou a empresa, pagos pelo governo, que constem os correspondentes direitos e obrigações.
sem contrapartida em produtos ou serviços; 2)despesas No art. 6º, da citada Lei, que define os
correspondentes à transferência de recursos de uma esfera elementos que constarão da regulamentação a ser efetuada
do governo em favor de outra; 3) despesas do governo pelo Poder Executivo, reafirma notadamente as ideias de
visando à cobertura de prejuízos das empresas (públicas ou vinculação jurídica e obrigacional, de direitos e obrigações,
privadas) ou ainda para financiamento de investimentos; 4) de avaliação, de controle, de fiscalização e de prestação de
benefícios e consumidores na forma de preços inferiores contas, como segue:
que, na ausência de tal mecanismo, seriam fixados pelo “Art. 6º. O Poder Executivo regulamentará:
mercado; 5) benefícios a produtores e vendedoras I – os direitos e obrigações dos beneficiários das
mediante preços mais elevados, como acontece com a bolsas;
tarifa aduaneira protecionista; 6) concessão de benefícios II – as normas para renovação e cancelamento dos
pela via do orçamento público ou outros canais.” benefícios;
III – a periodicidade mensal para o recebimento
3.5. Das Bolsas das bolsas;
3.5.1. Dos Bolsistas e das Bolsas IV – o quantitativo, os valores e a duração das
Maria Helena Diniz que bolsista é aquele que bolsas, de acordo com o curso ou projeto em cada
recebe bolsa de estudo para efetuar curso, por ter se programa;
sobressaído ou por estar necessitado, ao passo que bolsa V – avaliação das instituições educacionais
de estudo é ajuda monetária pública ou privada reservada a responsáveis pelos cursos;
estudantes ou funcionários para que possam efetuar curso. VI – a avaliação dos bolsistas; e
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VII – a avaliação dos cursos e tutoriais.” partícipes, por laços de cooperação, de colaboração, de
No art. 5º, da mesma Lei, os princípios, coordenação, de parceria, de auxílios e/ou de ajuda, e onde
dentre outros, da publicidade e da transferência, da estão ausentes, no mínimo, o lucro, o preço e/ou
impessoalidade, da concorrência e da objetividade, se faz remuneração.
presente quando se preceitua que “serão de acesso público Tal ajuste se distingue também pela fixação
permanente os critérios de seleção e de execução do de compromissos e obrigações, no sentido de que, parte ou
programa, bem como a relação dos beneficiários e dos a totalidade dos mesmos, coloque à disposição recursos
respectivos valores das bolsas previstas. e/ou verbas, próprios ou de terceiros, geralmente públicos,
provenientes principalmente dos concedentes, e/ou, quando
3.5.3. Dos Estágios e das Bolsas Estágio couber, dos convenentes através de contrapartidas, para
Plácido e Silva, verificando o conceito de realizar sobretudo o objeto e o ajustado.
Estágio, diz que “derivado do francês stage (período de No acordo, os mesmos recursos e/ou verbas
experiência ou de aprendizagem), determina o tempo de e/ou contrapartidas, serão utilizados, gerenciados e/ou
serviço, ou de tirocínio de uma profissão, que se exige de administrados, de forma adequada, boa, correta, econômica
uma pessoa para que possa desempenhar efetivamente o e regular, por parcela ou totalidade dos partícipes, no geral
cargo ou a profissão. o convenente e/ou o executor institucional, para realizar
Anota Maria Helena Diniz, tratando da determinado objeto e o ajustado, mediante prestação de
noção de estágio que, na linguagem jurídica em geral, contas dos compromissos assumidos, notadamente dos
indica a fase por que passa o estudante universitário para partícipes que ficaram encarregados de utilizar os mesmos
adquirir prática necessária ao exercício de sua profissão, ao recursos, verbas e/ou contrapartidas, dentro do regulado,
passo que, na órbita do Direito do Trabalho, significa tempo quando couber, por pessoas ou entidades partícipes, no
de prática em que o empregado aprende o seu ofício, geral os concedentes, como também atendendo aos
preparando-se para o exercício de determinado serviço. princípios, normas estritas e valores constitucionais e
O estágio de estudantes de infraconstitucionais.
estabelecimento de ensino superior, de ensino médio, de As atividades de fiscalização e de controle
educação especial, no nosso País, é estipulado pela Lei são elementos fundamentais nos convênios, congêneres
Federal n. 6.497, de 07 de dezembro de 1977, e e/ou ajustes e procedimentos de natureza convenial.
regulamentado pelo Decreto Federal n. 87.497, de 18 de Destaca-se, especialmente, a fiscalização e o controle
agosto de 1982. exercidos pelos partícipes, executores e intervenientes,
Os mencionados estágios visam com destaque para os partícipes que alocaram os recursos,
proporcionar, segundo o $ 3º do art. 1º, da mesma Lei, a verbas e/ou contrapartidas colocados à disposição para a
complementação do ensino e da aprendizagem e ser execução do objeto e atender o pactuado.
planejados, executados, acompanhados e avaliados em Os recursos trazidos ao ajuste convenial,
conformidade com os currículos, programas e calendários mas também os direitos, deveres, obrigações, pretensões,
escolas. responsabilidades assumidas em face do ajustado, de
A legislação mencionada, no art. 3º, regramentos de toda espécie e do ordenamento, exigem a
caput, prevê que a realização dos estágios curriculares possibilidade de fiscalização e controle dos organismos
estará sujeita a celebração de termo de compromisso, entre internos de controladoria, auditoria ou de serviços de
o estudante e a parte concedente, com interveniência contabilidade dos partícipes, dos Tribunais de Contas e
obrigatória da instituição de ensino, enquanto que o mesmo judicial, como também a sempre crescente observância e
ajuste não será necessário para os estágios desenvolvidos vigilância cidadã da comunidade.
sob a forma de ação comunitária. Os repasses de recursos públicos, a título,
A Lei Federal n. 6.494, de 1977, no art. 4º, dentre outros, de fomento social, de auxílios, de ajudas, de
estipula que o estagiário poderá receber bolsa, sob a forma contribuições correntes, de subvenções sociais e de bolsas,
de contraprestação que venha a ser acordada, ressalvado o são, em princípio, viabilizados através de convênios da
que dispuser a legislação previdenciária, devendo o Administração Pública, congêneres e/ou por ajustes e
estudante estar segurado contra acidentes pessoais. procedimentos de natureza convenial. A condição para
Definindo o mesmo artigo que o estágio não cria vínculo tanto é que, nas relações entre os partícipes, fique
empregatício de qualquer natureza. caracterizada uma vinculação que tenha como elementos
O Decreto n. 87.497, de 1982, no seu art. que as particularizem, além das definidas aqui, a
7º, estipula que a instituição de ensino poderá recorrer aos cooperação e associação e, ainda, a ausência de lucro,
serviços de agentes de integração, mediante condições preço e/ou remuneração – isto é, entendidos tais conceitos
acordadas. em seu sentido técnico.
O art. 10 do mesmo Decreto prevê que A mencionada alternativa convenial
não poderá ocorrer a cobrança de qualquer taxa adicional predomina notadamente pelo fato de que no fomento social,
referente às providências administrativas para obtenção e nos auxílios, nas ajudas, nas contribuições correntes, nas
realização do estágio curricular. subvenções sociais e nas bolsas de pesquisa e estudo,
Sergio Pinto Martins, quando trata do inexistem nas relações entre os partícipes, situações que
estagiário, lembra que o estagiário não é empregado, desde gerem a remuneração, o preço e/ou remuneração, o preço
que cumpridas as determinações da Lei n. 6.497/77. e/ou lucro, embora possam estar presentes nos mesmos as
Ainda, o mesmo autor ressalta que o noções, dentre outras, de benefício e vantagem e, inclusive,
estagiário poderá receber uma bolsa, conforme o art. 4º da de acréscimo patrimonial e rendimento.
Lei n. 6.497/77, que, portanto não é obrigatória, sendo a Os repasses de verbas, os auxílios e as
retribuição/bolsa a que for combinada, podendo ser tanto o ajudas, que tenham natureza remuneratória, deslocam a
pagamento de um valor em dinheiro ou outra forma de utilização dos convênios, congêneres e/ou ajustes e
contraprestação, como pagamento da escola. procedimentos de natureza convenial. Tem caráter
remuneratório, por exemplo, alguns dos denominados
Os Convênios da Administração Pública, auxílios e ajudas como também alguns tipos de bolsas.
seus congêneres e/ou os ajustes e procedimentos de Somente para lembrar, as denominadas bolsas de estágio,
natureza convenial se notabilizam nas relações entre os como regra tem cunho remuneratório.
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APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕES & CONCURSOS
É todo aquele que o Executivo e os órgãos de O que a administração não pode entretanto é
administração dos demais Poderes exercem sobre suas conhecer de recurso voluntário extemporâneo, porque se o
próprias atividades, visando mantê-las dentro da lei, fizer está infringindo a coisa julgada administrativa.
segundo necessidades do serviço e as exigências técnicas
e econômicas de sua realização, pelo que é um controle O julgamento do recurso administrativo torna
de legalidade e de mérito. vinculante para a administração o seu pronunciamento
O controle administrativo deriva do poder-dever de decisório, e atribui definitividade ao ato apreciado em última
autotutela que a administração tem sobre seus próprios instância; daí por diante é imodificável pela própria
atos e agentes. Esse é normalmente exercido pelos órgãos administração, e só o Judiciário, poderá reapreciá-lo e dizer
superiores sobre os inferiores. de sua legitimidade.
Através do controle administrativo, a administração
pode anular, revogar ou alterar seus próprios atos, e punir Assim, entre nós, embora inexista a coisa julgada
seus agentes com penalidades estatutárias. administrativa no sentido processual de sentença oponível
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APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕES & CONCURSOS
“erga omnes” , existe, todavia, o ato administrativo formulado extemporaneamente. Pode haver o
inimpugnável e imodificável pela administração, por reconhecimento extemporâneo da reclamação, quando é
exauridos os recursos próprios e as oportunidades manifesto o direito do reclamado. A reclamação
internas. administrativa suspende a prescrição - enquanto pendente
Os efeitos do recurso administrativos são, de decisão, desde que apresentada no prazo próprio e sua
normalmente o devolutivo, e por exceção o suspensivo. apuração e o objeto seja a apuração de dívida da Fazenda
Quando o legislador ou o administrador quer dar efeito Pública para com o particular.
suspensivo ao recurso deve declarar na norma ou no
despacho de recebimento. PEDIDO DE RECONSIDERAÇÃO: É a
solicitação da parte dirigida, desde `a mesma autoridade
No silêncio da lei ou do regulamento o efeito que expediu o ato, para que o invalide ou o modifique nos
presumível é o devolutivo, mas nada impede que diante, da termos da pretensão do requerente. Deferido ou indeferido,
omissão, em face do caso concreto a autoridade receba no todo ou em parte, não admite novo pedido, nem
expressamente o recurso com efeito suspensível para evitar possibilita nova modificação pela autoridade que já
possíveis lesões de direito. reapreciou o ato. Se outro prazo não tiver fixado em lei,
Recurso administrativo sem efeito extingue-se o prazo de pedir a reconsideração em um ano.
suspensivo: não tolhe a influência da prescrição, nem
impede o uso da vias judiciárias na pendência da decisão RECURSOS HIERÁRQUICOS
interna da Administração. São todos aqueles que as partes dirigem à
Recurso administrativo com efeito instância superior da própria administração, propiciando o
suspensivo: - produz duas consequências fundamentais - reexame do ato inferior sob todos os seus aspectos.
o impedimento da fluência do prazo prescricional, e a Podem ter efeito devolutivo e suspensivo ou
impossibilidade jurídica de utilização das vias judiciárias simplesmente devolutivo, que é regra, o efeito excepcional
para ataque ao ato pendente da decisão administrativa. A há de ser concedido expressamente em lei ou regulamento,
primeira, decorre que durante a tramitação do recurso ou no despacho de recebimento do recurso.
interno o ato requerido é inexequível, não rendendo ensejo Quanto a tramitação e formalidades para o
a qualquer ação judicial e não havendo ação não há julgamento dos recursos hierárquicos são as estabelecidas
prescrição. pelas normas que o instituírem, uma vez que não há regras
uniformes para o exercício da jurisdição administrativas,
A segunda o ato suspenso, pendente de recurso razão, pela qual cada ramo da administração, pode ter
administrativo, é inoperante e instável e portanto, regulamentação peculiar aos seus recursos.
insuscetível de correção judicial, pela impossibilidade de A legislação fiscal exige caução, depósito ou
fixação do objeto da demanda. Se o ato pendente de fiança, para o conhecimento do recurso hierárquico
decisão administrativa é inoperante, não pode causar lesão interposto de decisões sobre matéria tributária.
a ninguém, e se não é lesivo, não legitima o apelo ao
judiciário. Os recursos hierárquicos, classificam-se em
A operatividade do ato administrativo, com a próprios e impróprios.
consequente possibilidade de ferir direitos individuais é que PRÓPRIOS: é o que a parte dirige a
justifica a utilização das vias judiciárias, como meios autoridade ou instância superior do mesmo órgão
preventivos ou corretivos da ilegalidade da Administração. administrativo, pleiteando revisão do ato recorrido. Pode ser
interposto ainda que não nenhuma norma o institua
A intervenção de terceiros nos recursos expressamente - o nosso ordenamento jurídico-
administrativos, se nos afigura cabível, desde que a constitucional não admite decisões únicas e irrecorríveis.
decisão interna da Administração, possa atingir direitos do Recurso hierárquico próprio compatibiliza-se com o
interveniente. Desde que o terceiro demonstre princípio do controle hierárquico. Neste recurso a
liminarmente, um interesse direto e efetivo na solução do Administração tem ampla liberdade decisória podendo
recurso em que pretende intervir. reformar o ato recorrido além do pedido ou mesmo agravar
Como meio hábil para propiciar o reexame da a situação do recorrente “reformatio in pejus” .
atividade da administração, temos: a representação, IMPRÓPRIOS: é o que a parte dirige a
reclamação, e o pedido de reconsideração. autoridade ou órgão estranho à repartição que expediu o
ato recorrido mas com competência julgadora expressa.
REPRESENTAÇÃO: é a denúncia formal Esse recurso só é admissível quando estabelecido por
e assinada, de irregularidades internas ou de abusos de normas legais que indique a s condições de sua utilização,
poder na pratica de atos da administração, feita por quem a autoridade ou órgão incumbido de julgamento e os casos
quer que seja, à autoridade competente para conhecer e em que tem cabimento. O que não se admite é o recurso
coibir a ilegalidade apontada. O direito de representar é de um poder a outro, porque isso confundiria às funções e
constitucional, incondicionado, imprescritível e comprometeria a independência dos poderes que a
independente do pagamento de taxas. Constituição quer preservar. A atual constituição, não exige
Pode ser exercido, por qualquer pessoa, a que se esgote todos os recursos contra a administração,
qualquer tempo e em quaisquer circunstâncias, mas não para o ingresso em juízo.
obriga a autoridade a qualquer procedimento interno.
RECLAMAÇÃO: É a oposição expressa a Coisa julgada administrativa: é a penas a
atos da Administração, que afetem direitos ou interesses preclusão de efeitos internos - não tem o alcance da coisa
legítimos do administrados - lesão pessoal ou patrimonial julgada judicial, pois, o ato jurisdicional da administração é
por atos e fatos administrativos. Extingue-se em um ano. A apenas um simples ato administrativo decisório., sem a
contar da data do ato ou fato lesivo que rende ensejo à força conclusiva do ato jurisdicional do Poder Judiciário.
reclamação. O que ocorre nas decisões administrativas finais é
A reclamação administrativa é fatal e apenas a preclusão administrativa, ou a irretratabilidade
peremptório para o Administrado, o que autoriza a do ato perante a própria administração. A imodificabilidade
Administração a não tomar conhecimento do pedido se na via administrativa é garantidora da estabilidade das
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relações entre as partes - não é efeito da coisa julgada basear-se, portanto, numa norma legal específica para
administrativa mas consequência da preclusão das vias de apresentar-se com legalidade objetiva, sob pena de
impugnação interna dos atos decisórios da própria invalidade.
administração - nem por isso deixa de ser atacado por via Oficialidade: atribui sempre a
judicial. movimentação do processo administrativo à Administração,
ainda, que, instaurado por provocação do particular, uma
Prescrição administrativa: prescrição como vez instaurado passa a pertencer ao Poder público, a quem
instituto jurídico, pressupõe a existência de uma ação compete o seu impulsionamento até decisão final. Se a
judicial, impropriamente se fala em prescrição administração retarda, o dele se afasta, ou ainda, se
administrativa, para o escoamento dos prazos para desinteressa, infringe o princípio da oficialidade, e seus
interposição de recurso no âmbito da administração. agentes podem ser responsabilizados pela omissão, Desse
Prescrição administrativa opera a preclusão da princípio, decorre, também, que a instância não perime,
atuação do poder público sobre matéria sujeita à sua nem o processo se extingue pelo decurso de tempo, senão
apreciação - difere da prescrição civil, nem estende seus quando a lei expressamente o estabelece.
efeitos às ações judiciais - é restrita à atividade interna da Informalismo: dispensa ritos
administração , e se efetiva no prazo que a norma legal sacramentais e formas rígidas para o processo
estabelecer. Este instituto encontra justificativa, na administrativo, principalmente para os atos a cargo dos
estabilização da relações administrativas. particulares. Bastam as formalidades estritamente
Transcorrido o prazo prescricional, fica a necessárias à obtenção da certeza jurídica e à segurança
Administração, o administrado ou servidor impedido de procedimental. Todavia, quando a lei impõe uma forma,
praticar o ato prescrito, sendo inoperante o extemporâneo. uma formalidade, está deverá ser atendida, sob pena de
Há portanto duas espécies de prescrição nulidade do procedimento, mormente se da inobservância
administrativa; uma que causa o perecimento do direito do resulta prejuízo para as partes.
administrado ou do servidor que poderia pleiteá-lo Verdade material: ou liberdade de prova,
administrativamente; outra, que extinguem o poder de punir autoriza a administração valer-se de qualquer prova que a
da administração. Aquela pode ser suspensa, autoridade processante ou julgadora tenha conhecimento,
interrompida e até revelada pela administração, esta, desde que a faça trasladar para o processo. É a busca da
constituindo uma garantia do servidor ou do administrado verdade material, contra a verdade formal. Este princípio é
que não será mais punido, pela ocorrência da prescrição, é o que autoriza a “reformatio in pejus” nos recursos
fatal e irrefreável na sua fluência e nos seus efeitos administrativos, quando a reapreciação da prova, ou na
extintivos da punição. nova prova conduz o julgador de segunda instância a uma
verdade material desfavorável ao próprio recorrente.
PROCESSO ADMINISTRATIVO Garantia de defesa : Está assegurado
entre nós, constitucionalmente, juntamente com a
Para registro de seus atos , conduta de seus obrigatoriedade do contraditório e do devido processo legal.
agentes e solução de controvérsias dos administrados, Devemos entender, por esse princípio, não só a
utiliza-se de diversificados procedimentos, que recebem observância do rito adequado, como a cientificação do
a denominação comum de processo administrativo. processo ao interessado, a oportunidade para contestar a
Processo e procedimento: é o conjunto de atos acusação, produzir prova de seu direito, acompanhar os
coordenados para obtenção de decisão sobre uma atos da instrução e utilizar-se dos recursos cabíveis. O
controvérsia no âmbito judicial ou administrativo - processo administrativo sem oportunidade de defesa ou
procedimento é o modo de realização do processo, ou seja, com defesa cerceada é nulo.
o rito processual. O processo pode realizar-se por
diferentes procedimentos. Não há processo sem FASES DO PROCESSO ADMINISTRATIVO
procedimento, mas há procedimentos administrativos que As fases do processo administrativo, são cinco, e
não constituem processo - licitações e concursos. se desenvolvem na seguinte ordem: instauração,
O que caracteriza o processo é o ordenamento de instrução, defesa, relatório e julgamento.
atos parta solução de uma controvérsia, o que tipifica o Instauração: é a apresentação escrita
procedimento de um processo é o modo específico de dos fatos e indicação do direito que ensejam o processo.
ordenamento desses atos. Quando origina-se da administração deve consubstanciar-
Processo administrativo propriamente dito são se em portaria, auto de infração, representação ou
aqueles que encerram um litígio entre a administração e o despacho inicial da autoridade competente; quando origina-
administrado ou servidor - do impropriamente se do administrado ou servidor deve formalizar-se por
administrativos, ou seja, dos simples expedientes que requerimento ou petição. Essencial é que a peça inicial
tramitam pelos órgãos administrativos, sem qualquer especifique, delimitando o objeto da controvérsia.
controvérsia entre os interessados. Instrução: fase de elucidação dos fatos,
Processo administrativo é gênero, que se reparte com a produção de provas da acusação no processo
em várias espécies dentre as quais, as mais frequentes se punitivo, ou de complementação das iniciais no processo
apresentam no processo disciplinar e no processo tributário de controle ou de outorga, provas essas, que vão desde o
ou fiscal. depoimento das partes, as inquirições de testemunhas, as
inspeções pessoais, as perícias técnicas, e a juntada de
documentos pertinentes. Nos processo punitivos as
PRINCÍPIOS DO PROCESSO ADMINISTRATIVO providências competem as à autoridade processante, e nos
Está sujeito a cinco princípios de observância demais, compete aos interessados.
constante, a saber: o da legalidade objetiva, o da Defesa: garantia constitucional de todo
oficialidade, o do informalismo, o da verdade material e o acusado, em processo judicial ou administrativo,
da garantia de defesa. compreende a ciência da acusação, a vista dos autos na
Legalidade objetiva: exige que o repartição, a oportunidade para oferecimento de
processo administrativo seja instaurado com base e para a contestação e provas, a inquirição e reperguntas de
preservação da lei. Todo processo administrativo há que testemunhas e a observância do devido processo legal.
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Legislativo e do próprio Judiciário quando realiza a do Poder Judiciário, e tais são os chamados Atos políticos,
atividade administrativa. atos legislativos e os interna corporis.
É um controle a posteriori, unicamente de ATOS POLÍTICOS: São os que
legalidade, por restrito à verificação da conformidade do praticados por agentes do governo, no uso de competência
ato com a norma legal que o rege; essa norma legal pode constitucional, se fundam na ampla liberdade de apreciação
ser pública ou privada. da conveniência ou oportunidade de sua realização, sem se
Atos sujeitos ao controle: judicial são os aterem a critérios jurídicos preestabelecidos. São atos
administrativos em geral, a limitação é apenas quanto ao governamentais por excelência, são atos de condução dos
objeto de controle, que há de ser unicamente a negócios públicos, e não simplesmente de execução de
legalidade, sendo-lhe vedado pronunciar-se sobre a serviços públicos. Daí, decorre o seu maior
conveniência, oportunidade ou eficiência do ato em exame, discricionarismo, e as maiores restrições para o controle
ou seja o mérito administrativo. judicial, mas, nem por isso afastam a apreciação da Justiça,
A legalidade do ato administrativo é a condição quando arguidos de lesivos a direito individual ou ao
primeira para sua validade e eficácia. patrimônio público. Como ninguém pode contrariar a
Constituição, e essa mesma Constituição veda se exclua da
Todo ato administrativo, de qualquer autoridade ou apreciação do Poder Judiciário qualquer lesão ou ameaça a
Poder, para ser legítimo e operante, há que ser praticado direito, individual ou coletivo, segue-se que nenhum ato do
em conformidade com a norma legal pertinente - princípio Poder Público deixará de ser examinado pela Justiça
da legalidade - com a moral da instituição - princípio da quando arguido de inconstitucional ou de lesivo de direito
moralidade - com a destinação pública própria - princípio subjetivo de alguém. O que se nega ao Poder Judiciário é,
da finalidade - e com a divulgação oficial necessária - depois de ter verificado a natureza e os fundamentos
princípio da publicidade - . Contrariando ou faltando um políticos do ato, adentrar o seu conteúdo e valorar os seus
desses princípios básicos, a Administração Pública vicia o motivos. A só invocação da natureza política do ato não é o
ato de ilegitimidade expondo-o à anulação por ela suficiente para retirá-lo da apreciação do judiciário.
mesma, ou pelo Poder Judiciário se requerido pelo
interessado. ATOS LEGISLATIVO: ou seja, as leis
propriamente ditas - normas em sentido formal e material
O requerimento pelo interessado, esta previsto em - não ficam sujeitos a anulação judicial pelos meios judiciais
nossa Constituição, na lei do Mandado de Segurança e na comuns - mas sim - pela via especial da representação de
lei de Ação Civil Pública. inconstitucionalidade - tanto para a lei em tese, como para
os demais atos normativos. Enquanto regras abstratas e
Nem mesmo os atos discricionários - refogem gerais não atingem os direitos individuais. Somente pela via
do controle judicial, porque quanto à competência, constitucional de representação de inconstitucionalidade é
finalidade, forma e os próprios limites do que o STF pode declarar a inconstitucionalidade da lei em
discricionarismo constituem matéria de legalidade, tão tese.
sujeita ao confronto da justiça como qualquer elemento de
ato vinculado. Discricionariedade, não se confunde com
arbitrariedade, o ato discricionário, quando emitido nos AS LEIS E DECRETOS DE EFEITOS
limites legais é lícito e válido; o ato arbitrário é sempre CONCRETOS, entretanto podem ser invalidados em
ilícito e inválido. procedimentos comuns em mandado de segurança ou em
O judiciário não pode ir além do exame da ação popular, porque já trazem em si os resultados
legalidade do ato impugnado, deve se entender por administrativos objetivados.
legalidade ou legitimidade se entende não só
conformação do ato com a lei, como também a moral OS DECRETOS LEGISLATIVOS E AS
administrativa e com o interesse coletivo. RESOLUÇÕES DAS MESAS, sujeitam-se ao controle
judicial, porque são atos materialmente administrativos,
Ao Poder Judiciário é permitido perquirir todos os sempre vinculados ao regimento para sua emissão, e são
aspectos de legitimidade, para descobrir e pronunciar a capazes de lesar direitos individuais de terceiros, nos seus
nulidade do ato administrativo . Não se permite ao efeitos internos e externos.
judiciário, é o pronunciamento sobre o mérito
administrativo, ou seja, sobre a conveniência, O PROCESSO LEGISLATIVO,
oportunidade, eficiência ou justiça do ato, porque, se atualmente com contornos constitucionais, tornou-se
assim agisse, estaria emitindo pronunciamento de passível de controle judicial para o resguardo da legalidade
administração, e não de jurisdição judicial. de sua tramitação e legitimação da elaboração da lei, claro
que o judiciário não pode adentrar o mérito das
Não há de se confundir, entretanto, o mérito deliberações da Mesa, nem deve perquirir as opções
administrativo do ato, infenso à revisão judicial, com o políticas que conduziram a aprovação ou rejeição do
exame de seus motivos determinantes, sempre passíveis projeto, mas pode e deve, quando se argui lesão de direito
de verificação em juízo. individual verificar se o processo legislativo foi atendido em
Todo ato administrativo praticado por agentes sua plenitude, inclusive na tramitação regimental.
incompetentes, ou além de sua competência, incorre no Deparando com infringência a Constituição ou ao
vício de excesso de poder, assim como qualquer ato que regimento, compete ao Judiciário anular a deliberação ilegal
desatenda à moralidade e aos fins administrativos se do legislativo, para que outra se produza em forma legal.
invalida pelo desvio de poder.
PROCESSO DE CASSAÇÃO DE
Atos sujeitos a controle especial: enquanto os MANDATO PELAS CÂMARAS LEGISLATIVAS, estão
atos administrativos em geral, expõe-se à revisão comum vinculados a respectiva lei, quanto ao motivos, a legalidade
da justiça, outros existem que, por sua origem, fundamento e a tramitação procedimental, tornou-se passível de
e natureza ou objeto ficam sujeitos a um controle especial controle de legitimidade pela justiça comum quanto aos
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aspectos de : existência do motivo e a regularidade eleitor - para obter a invalidação de atos ou contratos
formal do processo. administrativos - ou a ele equiparados - ilegais e lesivos ao
o Interna Corporis : da Câmara são patrimônio federal, estadual ou municipal, ou de suas
vedados à revisão judicial comum, mas é preciso que se autarquias, entidades paraestatais e pessoas jurídicas
entenda seu conceito e limites. subvencionadas com dinheiros públicos.
o Interna corporis são só aquelas É um instrumento de defesa dos
questões ou assuntos que entendem direta e interesses da coletividade, utilizável por qualquer de seus
imediatamente com a economia interna da corporação membros, no gozo de seus direitos cívicos e políticos.
legislativa, com seus privilégios e com a formação Essa ação não ampara direitos próprios,
ideológica da lei, que por sua natureza, são reservados mas interesses da comunidade. O beneficiário direto e
exclusivamente a apreciação e deliberação do plenário da imediato da ação não é o autor popular, é o povo titular do
Câmara. O que a justiça não pode é substituir a direito subjetivo ao governo honesto.
deliberação da Câmara por um pronunciamento judicial Tem fins preventivos e repressivos contra
sobre o que é de exclusiva competência discricionária do atividade administrativa lesiva do patrimônio público - assim
Plenário, da Mesa ou da Presidência, mas pode confrontar, entendidos os bens e direitos de valor econômico, artístico
sempre, o ato praticado com as prescrições legais ou ou histórico.
regimentais, que estabeleçam condições, forma ou rito
para seu cometimento. Assim, se numa eleição de Mesa o AÇÃO CIVIL PÚBLICA: É o instrumento
Plenário violar o Regimento, a Lei, ou a Constituição, o ato processual adequado para reprimir ou impedir danos ao
ficará sujeito à invalidação judicial, para que a Câmara o meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor
renove na forma legal, mas o Judiciário nada poderá dizer, artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico,
se, atendidas todas as prescrições constitucionais, legais e protegendo assim os interesses difuso das sociedade. Não
regimentais. se presta a amparar direitos individuais, nem se destina à
reparação de prejuízos causados a particulares pela
MEIOS DE CONTROLE JUDICIÁRIO conduta, comissiva ou omissiva do réu.
Dos atos administrativos de qualquer dos poderes
são as vias processuais de que dispõe o titular do direito MANDADO DE INJUNÇÃO: é o meio
lesado ou ameaçado de lesão para obter a anulação do ato constitucional posto à disposição de quem se considerar
ilegal em ação contra a Administração Pública, esta regra prejudicado pela falta de norma regulamentadora, que
está excepcionada pela AÇÃO POPULAR, em que o autor torne inviável o exercício dos direitos e liberdades
não defende direito próprio, mas, sim interesse da constitucionais e das prerrogativas inerentes `a
coletividade, lesada em seu patrimônio, e pela nacionalidade, à soberania e à cidadania.
REPRESENTAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE, que
é postulada pela própria administração perante o Judiciário. HABEAS DATA: É o meio constitucional
Mas há ações especiais, adequadas para coibir posto à disposição de pessoa física ou jurídica para lhe
determinadas ilegalidades ou abusos de autoridade, e até assegurar o conhecimento de registros concernentes ao
mesmo invalidar a lei em tese quando inconstitucional. postulante e constantes de repartições públicas ou
particulares acessíveis ao público ou para retificação de
MANDADO DE SEGURANÇA: meio seus dados pessoais.
constitucional posto a disposição de toda pessoa física ou
jurídica, órgão com capacidade processual ou REPRESENTAÇÃO DE
universalidade reconhecida em lei, para proteger direito INCONSTITUCIONALIDADE: De lei ou ato normativo
individual ou coletivo, próprio, líquido e certo, não federal ou estadual, prevista na Constituição,, como
amparado por habeas corpus, lesado ou ameaçado de competência originária do STF. Ataca-se a lei em tese ou
lesão, por ato de qualquer autoridade, seja de que categoria qualquer outro ato normativo antes mesmo de produzir
for e sejam quais forem as funções que exerça. efeitos concretos, e a decisão declaratória da
É ação civil de rito sumário especial, inconstitucionalidade deve ser obedecida não só na órbita
sujeito a normas procedimentais próprias, supletivamente judiciária como pelas demais autoridades incumbidas da
aplicando-lhe as disposições do CPC. aplicação da lei ou o ato invalidado.
Destinam-se a coibir atos ilegais de O plenário do STF , tem concedido
autoridade, que lesem direito subjetivo, líquido e certo do suspensão liminar da lei impugnada, mas a suspensão
impetrante. definitiva cabe ao Senado Federal
É suscetível de mandado de segurança O judiciário não anula nem revoga normas
toda ação ou omissão do Poder Público ou de seus legislativas - só anula atos administrativos ilegais -
delegados, no desempenho de suas funções ou a pretexto reconhecendo e declarando, apenas, a sua ineficácia,
de exercê-las. quando contrárias a Constituição.
Direito líquido e certo é o que se Quanto às leis e atos normativos
apresenta manifesto na sua existência, delimitado na sua estaduais e municipais que ofendam à Constituição
extensão e apto a ser exercitado no momento de Estadual, caberá ao Tribunal de Justiça decidir sobre essa
impetração. inconstitucionalidade.
Prazo para sua impetração é de 120 dias Com essa ação direta de
do conhecimento oficial do ato a ser impugnado. inconstitucionalidade, chamada assim, por alguns, a
Admite, o mandado de segurança, representação de inconstitucionalidade, as leis em tese, os
suspensão liminar do ato, quando concedida tem efeito atos normativos violadores da Constituição sujeitam-se ao
mandamental e imediato, não podendo ser impedida por controle judicial preventivo, antes mesmo que gerem ou
nenhum recurso comum, salvo pelo Presidente do Tribunal propiciem qualquer atividade concreta e específica de
competente para apreciação da decisão inferior. administração. MEDIDA CAUTELAR: o pedido de medida
cautelar, feita pelo arguente, será julgado, originariamente,
AÇÃO POPULAR: É a via judiciária pelo arguente da inconstitucionalidade, sendo julgado
constitucional posta a disposição de qualquer cidadão - originariamente pelo STF. Essa medida cautelar exige os
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mesmos pressupostos das cautelares comuns - periculum faça-se necessário citar Hely Lopes Meirelles, que em sua
in mora e fumus bonis iuris - . obra clássica definiu quatro espécies, os agentes políticos,
os agentes administrativos, os agentes honoríficos e os
agentes delegados. Em uma posição mais moderna
SERVIDORES PÚBLICOS: CARGO, EMPREGO podemos citar Maria Sylvia Zanela di Pietro e Celso Antônio
E FUNÇÃO PÚBLICOS Bandeira de Mello que classificam as espécies da seguinte
forma: os agentes políticos, servidores públicos, e
O Brasil, país continental, hoje uma das mais particulares em colaboração com o poder público. Deste
importantes economias mundiais, buscando assento conceito de agentes seguiremos com a análise destas
permanente com no Conselho de Segurança da categorias.
Organização das nações Unidas, que será a chancela de
sua relevância no cenário mundial, reunido na forma de 1.1 Agentes políticos
federação. Aqueles que integram os mais elevados escalões
Disciplina sua organização observando no pacto na organização Administrativa Pública, possuindo acento na
federativo postulado que derivam em sua autonomia, com Constituição Federal, possuem independência funcional e
auto-organização como dispõem a Constituição Federal em regime jurídico próprio (é o agente que esta topo da
seu art.18, atuando através de seus agentes, seus órgãos, pirâmide da organização da administração publica ), no
entidades, fazendo com que a máquina da administração sentido mais próprio são os representantes do povo, o que
publica se impulsione para que seja possível atender as conduz à investidura por eleição.
necessidades da coletividade, através de seus serviços O agente político tem regime jurídico próprio, não
públicos. se submete ao regime geral do art.102 da constituição,
Esse ensaio visa analisar o gênero agente públicos aplica apenas em caráter subsidiário. E o agente político
e suas espécies, abordando da clássica doutrina a mais atua com independência funcional no que pertine aos
moderna, como poderemos mais adiante verificar no exercícios de suas atribuições, e não esta hierarquizada.
presente estudo, onde os agentes públicos constituem um A doutrina diverge na questão de quem pode ser
instrumento muito importante para que a vontade do Estado agentes políticos e assim há duas correntes:
venha se materializar, em prol do bem comum, observando 1ª) Nesta primeira corrente podemos citar o
sempre a supremacia do interesse público. professor Celso Antônio de Mello entende que agente
Será analisando de forma mais detalhada pontos político é apenas aquele que pode estabelecer normas
importantes a respeito da espécie servidores público, como diretrizes, normas de condutas de comportamento estatal e
ocorre o provimento no sistema do Regime Jurídico Único, de seus administrados que pode definir metas e padrões
pontuando seus direitos e deveres. Bem como a administrativos. São apenas os chefes dos executivos e
responsabilidade do servidor pelo seus atos que venham membros do legislativo (é o detentor de demanda do
causar algum dano quando estiver no exercício de uma eletivo), logo são agentes públicos titulares dos cargos
atribuição na esfera publica, e ainda como se dá a estruturais a organização política do País, sendo agentes
responsabilização do Estado em face deste agente. políticos apenas o presidente da república, os
governadores, prefeitos e respectivos vices, os auxiliares
1. Agentes públicos imediatos dos chefes do executivo.
Para a execução dos serviços da administração 2)Já na segunda corrente podemos citar professor
pública é mais dos que necessário os recursos humanos, Hely Lopes Meirelles, agente político além dos agentes que
constituem a massa de pessoas naturais que sob variados foram citados na primeira posição, são também agentes
vínculos, seja estatutário ou celetista, de forma definitiva ou políticos, os juízes, promotores, defensores, ministros, e
transitória e algumas vezes sem qualquer liame, prestam conselheiros dos tribunais de contas. Estendem para estes
serviços à Administração Pública ou realizam atividades de agentes porque estão previstos na constituição federal de
sua responsabilidade. onde recebem suas atribuições ainda que de forma geral
Os agentes exercem funções do órgão, (genérica), também atuam com independência funcional e
distribuídas entre cargos aos seus titulares, mas de formar possuem regime jurídico próprio.
excepcional poderá existir funções sem cargo. Desta forma A investidura do agente político em regra é obtida
o agente público se caracteriza por estar investido em uma através de eleição, mediante o sufrágio universal na forma
função pública e pela natureza pública dessa função, sendo da constituição federal, arts. 2º e 14, salvo para ministros e
assim, para caracterizar o agente público, são necessários secretários que são de livre escolha do chefe do executivo
a investidura (de ordem objetiva) em função pública e e providos em cargos públicos, mediante nomeação.
natureza pública da função (de ordem subjetiva). Pelo
exposto, concluímos que todos os que de alguma forma 1.2 Servidores públicos em sentido amplo (ou
exerce função pública e independentemente da existência agentes administrativos)
de vínculo e uma vez existindo são irrelevantes a forma de Espécie de agentes públicos onde se encontra o
investidura e a natureza do vínculo que liga este agente à maior número de pessoas naturais exercendo a funções
Administração Pública. públicas, cargos públicos e empregos públicos nas
É necessário destacar que, o cargo ou função administrações direta e indireta. São agentes
pública pertence ao estado e não ao agente, desta forma administrativos que exercem uma atividade pública com
poderá o Estado, ampliar, suprimir ou alterar os cargos e vínculo e remuneração paga pelo erário público. Podem ser
funções, não gerando direito adquirido ao agente titular, o classificados como estatutários, celetistas ou temporários.
mesmo não acontece se o agente desaparecer, o cargo ou
função continuará existindo e disponível a administração 1.2.1 Servidores Estatutários
pública (exemplo o falecimento do agente). O servidor público é uma espécie dentro do gênero
A expressão agentes públicos é utilizada em servidores estatais, são os que possuem com a
sentido amplo e genérico, por tanto funcional, a partir dela administração relação de trabalho de natureza profissional
podemos identificar suas espécies, e para entendermos e não eventual.
melhor as categorias (ou espécies) de agentes públicos, Os servidores estatutários são contratados para
cargo público no regime estatutário, regulamentado pelo
82
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estatuto do servidor público lei de âmbito federal n° honorifico. Exemplo: peritos, tradutores, conciliadores,
8.112/90 e no estado do Rio de Janeiro regulamentado pelo jurados do tribunal do júri e mesários.
decreto nº 2.479/79.
Para ser nomeado o servidor precisa antes ser 1.3.3 Agentes necessários ou gestores de
submetido ao procedimento do concurso público de provas negócios públicos
ou de provas e títulos, art. 37 inciso II da CF. É o cargo Uma grande característica desta espécie é o fato
público de provimento efetivo, ou seja, é o cargo que que este agente atua voluntariamente, de forma
possibilita a aquisição de estabilidade no serviço público espontânea, diante de uma situação anômala de caráter
que é diferente do cargo em comissão que é desprovido de emergencial, sempre diante de uma situação excepcional·.
efetividade não gerando estabilidade, porque a nomeação Exemplo: uma situação calamidade, enchente, particulares
para este cargo depende de confiança da autoridade que que ajudam resgatar pessoas de um desmoronamento.
tem competência para esta nomeação. Diferente de agentes putativos (agentes de fato)
que tem aparência de agentes públicos legalmente
1.2.2 Empregado Público (Celetista) investidos da função publica, aplica-se neste caso a teoria
Quando contratados para emprego público no da aparência, mas não existe legal investidura, por duas
regime da CLT, mas aplicam-se os princípios do direito situações, não existe nenhuma investidura ou existe uma
público, por exemplo: investidura subordinada à aprovação ilegalidade na sua investidura. Exemplo: oficial de justiça
prévia em concurso público. Trata-se de regime obrigatório que apresentou diploma falso, ou seja, apresentou um
nas empresas publicas e sociedade de economia mista. documento necessário para sua investidura falso, existindo
uma investidura viciada, o jurisdicionado que se depara
1.2.3 Servidores Temporários com este oficial não tem como saber que o oficial de justiça
Quando contratados tão somente para exercer a apresentou documento falso a administração, aplicando-se
função publica, em virtude da necessidade temporária para este sujeito a teoria da aparência, a medida for
excepcional e de relevante interesse público. Por tanto necessária para a proteção dos seus direitos em razão do
exercem uma função publica remunerada temporária, ato praticado por este agente, têm que ser reconhecido os
apresentando cunho de excepcionalidade, o que autoriza o direitos do administrado. Mas pode acontecer outra
tratamento secundário. situação, o agente não tem investidura na função que ele
exerce, porque ele nem é servidor ou é, mas extrapolar em
1.3 Particulares que atuam em colaboração exercício da sua função agir fora de sua competência ou
com o poder público: nem ter competência nenhuma. Porém em razão da teoria
Pessoa física que sem perderem a qualidade de da aparência, visando à segurança e a boa fé do
particulares e sem existir vínculo de trabalho entre a administrado, os atos praticado por agentes putativos serão
administração publica de forma remunerada ou não, mas considerados válidos.
existindo sim, uma execução de um trabalho em beneficio Agente necessário é um particular e aparece como
do interesse público e do particular, ou seja, não existe tal, não engana, não é um agente putativo, não se mostra
entre o particular e a administração um vínculo jurídico, mas como agente público o gestor de negócios públicos se
existe sim uma prestação de a atividade pelo particular em mostra como uma pessoa estranha à administração, é um
beneficio do interesse público. Importante destacar que os particular que apenas colabora, auxiliando com algum tipo
particulares atuam em nome próprio, limitando-se a de função a administração.
administração a fiscalizar o desempenho dessas atividades.
Existem três tipos de particulares que podem colaborar com 1.4 Agentes credenciados
a administração: particulares por delegação; particulares São os que recebem a incumbência da
que atuam por convocação, nomeação ou designação; e administração para representá-la em determinado ato ou
Agentes necessários ou gestores de negócios públicos. praticar certa atividade especifica, mediante remuneração
do poder público credenciante. Por exemplo, determinada
1.3.1 Particulares por delegação pessoa recebe atribuição de representar o Brasil em evento
Os chamados agentes delegados, agentes que internacional.
atuam mediante delegação, ocorrem nos casos de
concessão e permissão de serviços públicos. Exemplo: 1.5 Militares
tradutores, leiloeiros, os bancários, titulares de cartórios que Abrangem as pessoas físicas que prestam
atualmente a atividade notarial e de registro que é exercida serviços às forças armadas, marinha, exercito e
em regime jurídico de direito privado por delegação pelo aeronáutica, art. 142, caput e § 3º da CF e também as
poder público, artigo 236 Constituição Federal (Lei nº 8.935, policias militares e corpo de bombeiros militares dos
de 18-11-1994, dispõe sobre os serviços notariais e de Estados, Distrito federal e Territórios, art.42 da CF, com
registro), a remuneração que recebem não é paga pelos vínculo estatutário sujeito a regime jurídico próprio, com a
cofres públicos, mas pelos terceiros usuários do serviço, EC nº 18/98 são denominados servidores públicos militares.
nestes casos exercem função publica em nome próprio com
a fiscalização da administração publica. 2. Servidores públicos
Os servidores públicos (em sentido estrito) são
1.3.2 Particulares que atuam por convocação, aqueles agentes que mantém relação com o regime
nomeação ou designação estatutário, ocupantes de cargos públicos efetivos ou sem
Nesta segunda espécie pode ter agentes que comissão, sujeito a regime jurídico de direito público. No
exercendo atividade sem remuneração, por exemplo, conceito de Hely Lopes Meirelles, servidores públicos
jurados do tribunal do júri e mesários que exercem um constituem subespécies dos agentes administrativos, e a
serviço público honroso, atividade honrosa, e por isso esses ela vinculados por relações profissionais, em razão da
particulares são denominados por alguns autores como investidura em cargos e funções, a título de emprego e com
agentes honoríficos, tais serviços constituem o chamado retribuição pecuniária.
múnus público, ou serviços públicos relevantes, esses
agentes o máximo que podem receber é uma ajuda de 2.1 Cargo, Emprego e Função
custo ou pro labore, isso não descaracteriza como agente
83
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Cargo públicos são as mais simples unidade e a organização de seus servidores com a devida autonomia
indivisíveis unidades de competência a serem expressas delegada pela constituição.
por um agente, prevista em número certo, com
denominação própria, retribuídas por pessoas jurídicas de 2.1.1 Vacância
direito público e criadas por lei, salvo os serviços auxiliares É o ato administrativo pelo qual o servidor é
do legislativo, ou seja, cargo público é a unidade de destituído do cargo, emprego ou função. São as hipóteses
atribuições é a menor célula que existe dentro da do art. 33 da lei n. 8112/90, demissão, aposentadoria,
administração publica para o exercício das atribuições pelo promoção e falecimento, e também prever a ascensão, a
agente investido do cargo. Com a possibilidade de contratar transferência, a readaptação e posse em outro cargo
servidores sob o regime da legislação trabalhista, a inacumulável.
expressão emprego público passou a ser utilizada, também A exoneração é a extinção do vínculo estatutário a
para designar uma unidade de atribuições, distinguindo-se pedido do servidor ou quando cabível, em virtude de
pelo tipo de vínculo contratual, sob regência da CLT, avaliação discricionária da autoridade competente. Pode
enquanto o ocupante de cargo público tem vínculo ocorrer no caso de cargo em comissão como a cargo de
estatutário, está contido na lei que instituiu o regime jurídico provimento efetivo, por tanto, não é penalidade. A
único. exoneração pode ser a pedido ou de oficio no caso de
No que tange ao conceito de função podemos cargo em comissão, cujo provimento e exoneração são
verificar que corresponde ao conjunto de atribuições as praticados no exercício de competência discricionária. A
quais não corresponde nem a cargo nem a emprego, ou exoneração do ocupante de cargo de provimento efetivo
seja, trata-se de um conceito residual. De acordo com a ocorrerá quando o sujeito não entrar em exercício, depois
constituição, quando se trata de função, tem-se que ter em de tomar posse ou não forem satisfeitas as condições do
vista dois tipos de situações: estágio probatório (art. 34 e 35 da lei n. 8.112/90).
Função exercida por servidores contratados Já a demissão constitui penalidade decorrente da
temporariamente, com base no art. 37, IX da CF, quando a pratica de ilícito administrativo, tem por objetivo desligar o
administração precisa atender situação de relevante e servidor dos quadros do funcionalismo.
excepcional interesse público, pode a administração A vacância do cargo em virtude da modificação do
contratar sem concurso público, aquele que for contratado vínculo, o agente legalmente investido poderá ser
sem concurso não vai ser investido nem a cargo nem promovido da classe inicial da carreira para uma classe
emprego público, porque para isso há a necessidade do superior, a promoção gera vacância (cargo anterior vago),
concurso público, sendo assim será contratado para provimento derivado, existe mudança de cargo sem
exercer uma função publica sem que a ela se corresponda rompimento do vínculo jurídico, gera uma modificação
cargo ou emprego essa é uma das hipóteses da chamada relação funcional do agente. Também pode ser chamada de
função sem cargo, mencionado no art. 37 IX da CF. promoção de progressão vertical que é diferente da
Outra espécie de função sem cargo que a progressão horizontal, que não há a mudança de cargo.
constituição prever é a função de confiança, art. 37 inciso v: Assim, o cargo único compartimentado em símbolos, e o
critério de confiança do agente que vai nomear. Não há o agente progridem dentro do mesmo cargo até ficar apto
cargo. Só quem pode exercer função de confiança é o para progredir verticalmente, ou seja, é o progresso que o
servidor que ocupe cargo de provimento efetivo para agente faz dentro do cargo, até que tenha a possibilidade
exercer atribuições de direção, chefia e assessoramento, de ser promovido. Na hipótese de readaptação, verifica-se
porem ser for exercida chefia, direção e assessoramento o provimento em cargo mais adequado em virtude de
por quem ocupe cargo em comissão a constituição dispõe limitação na capacidade física ou mental do servidor.
um percentual mínimo de servidores de carreira exercendo
esses tipos de cargo, além deste mínimo qualquer pessoa 2.1.2 Acessibilidade aos cargos e empregos:
pode ser nomeada. concurso público
O que não pode deixar de ser esclarecido é que A constituição estabelece o princípio da ampla
os cargos distribuem-se em classes e carreiras, e acessibilidade aos cargos, funções e empregos públicos
excepcionalmente criam-se cargos isolados que são de aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos
classe única. em lei ( art. 37, I), mediante concurso público de provas ou
Cargo de carreira é o que se escalona em provas e títulos, com ressalva a nomeação para cargos de
classes, que é o agrupamento de cargos de mesmo provimento em comissão nos quais são livres a nomeação
vencimento e atribuições, ou seja, as classes podem e a exoneração como disposto no art. 37, II.
ser organizadas de forma escalonada (superposta), quer Com relação aos estrangeiros, sempre houve o
dizer que entre as classes existe um momento, período entendimento que era possível a contratação na hipótese
diferente de vencimento, formando-se a chamada carreira, do art.37, IX da CF, para atender a necessidade temporária
que se organiza dentro um de agrupamento de classes de excepcional interesse público, no entanto a lei 8.745/93,
superpostas, o conjunto de carreiras e de cargos isolados que dispõem sobre a contratação de servidor temporário foi
constitui o quadro ( gratificada de um mesmo serviço, órgão alterada pela lei 9.849/99, incluindo, entre outros casos
ou poder) permanente, o quadro também pode ser admitindo a contratação com base no referido dispositivo, o
provisório, mas sempre com a observação que não é de professor estrangeiro e pesquisador visitante estrangeiro
admitido promoção ou acesso de um para o outro. (art. 2º, V).
O número total dos cargos de cada quadro é o Com a EC 19/1998, que alterou o dispositivo 37
que denomina lotação, a modificação da lotação de um inciso I acrescentando a possibilidade de estrangeiros, na
quadro, pela passagem de cargo nele incluso para outro forma da lei, ocupar cargos, empregos e funções públicas
quadro, chama-se de redistribuição conforme a lei 8.112/90. na administração. Logo, o acesso dos estrangeiros deve
(art.37) ocorrer na forma da lei, por que se trata de norma
Aqui cabe ressalvar ao quanto à competência constitucional de eficácia limitada à edição de lei, que
organizacional, como disposto no artigo 18 caput da estabelecerá a necessária forma.
constituição federal cabe a cada ente federado (a União, os
Estados Membros e o Distrito Federal), regular por lei sobre 2.2 Regime jurídico único
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denominando-se estágio probatório, a partir do momento 96. I “c”.e ‘e” da CF). quer sejam Tribunais federais. quer
que o servidor adquirir estabilidade no cargo, só poderá estaduais. sendo o ato de nomeação da responsabilidade
perder o cargo em quatro situações: três delas se dos respectivos presidentes. O ato é veiculado por portaria.
encontram no art. 41§ 1º e a outra no art. 169 § 4º, ambos O ministério público é competente para prover os cargos de
da constituição: seus membros e dos serviços auxiliares( art.127,§2º da CF)
a) decisão judicial com sentença com o transito em b) Cargo de provimento efetivo isolado: cargo de
julgado ( demissão, ato punitivo), classe única, exemplo desembargador nomeado pelo quinto
b) processo administrativo disciplinar, neste caso o constitucional, não se organiza em carreiras, não existe
servidor perde o cargo por infração disciplinar, seria aqui o classes.
caso de demissão com observância da garantia de ampla 2.5 Direitos e Deveres
defesa, Os direitos e deveres do servidor público se forem
c) processo de avaliação por insuficiente estatutário esta elencado no Estatuto do servido ou no caso
desempenho, (é preciso que esse dispositivo seja de servidor celetista na CLT, dever-se também observar
regulamentado o inc. III do § 1, do art.41 para que possa normas consagradas na constituição federal (arts. 37 a 42),
ser aplicado, na forma da lei complementar – norma ainda mais, não existe impedimento para que outros direitos
constitucional de eficácia limitada, não pode ser aplicada sejam atribuídos pelas constituições Estaduais ou nas leis
enquanto não criar a lei complementar, possibilidade ordinárias dos Estados e municípios.
teórica, porque ainda não existe a lei regulamentando, mas Direitos concernentes aos subsídios (introduzida
o inciso III foi inserido na constituição pela emenda pela Emenda Constitucional nº 19/ 98) compõem-se de uma
constitucional número 19), parcela única, ou seja, indivisas vedado acréscimo de
d) exoneração do estável, em virtude de gastos vantagens outras de qualquer espécie; quanto ao
com pessoal, não é hipótese punitiva é uma contingência vencimento é a retribuição pecuniária fixada em lei pelo
administrativa, mas sim redução do quadro de pessoal com exercício do cargo público, já a remuneração é o
excesso de despesa, de acordo com art. 169§ 4º da CF. vencimento somado com as vantagens pecuniárias
Cabe ressaltar que demissão constitui o atribuídas em lei, de acordo com a lei 8.112/90 existem três
desligamento do cargo com caráter de sanção, aplicável espécies de vantagens pecuniárias:
nas hipóteses previstas em lei, diferente de exoneração que 1) As indenizações, com finalidade ressarcir
é o desligamento sem caráter sancionador e pode ser a despesas que o servidor tenha sido obrigado a realizar em
pedido ou a ex-oficio nos seguintes casos: desinvestir de razão do serviço, compreendendo em ajuda de custo;
cargo em comissão, quando no caso de provimento efetivo diárias; transporte e auxílio-moradia.
o servidor demonstrar ser inadequado ao cargo antes de 2) As gratificações como dispõe a lei 8.112/90 nos
completar o triênio para estabilidade e a administração o arts. 61,I,II e IX, 62, 63 e 76-A.
desliga, na avaliação periódica de desempenho tenha sido “Art. 76-A. A Gratificação por Encargo de Curso
considerado insatisfatório, quando o servidor empossado ou Concurso é devida ao servidor que, em caráter eventual:
não entrar em exercício em prazo legal, quando o servidor, I – atuar como instrutor em curso de formação, de
em acumulação proibida, desde que de boa fé, permitindo desenvolvimento ou de treinamento regularmente instituído
optar cargo que desejar efetivado. no âmbito da administração pública federal;
O cargo de provimento vitalício significa que a II – participar de banca examinadora ou de
demissão do servidor dependerá de sentença judicial comissão para exames orais, para análise curricular, para
transitada em julgado, que reconheça a comprovação de correção de provas discursivas, para elaboração de
infração a que seja cominada à sanção. Somente possível questões de provas ou para julgamento de recursos
em relação aos cargos que a constituição define como de intentados por candidatos;
provimento vitalício. A constituição atribui o regime de III – participar da logística de preparação e de
vitaliciedade aos magistrados (art.95, I), aos membros dos realização de concurso público envolvendo atividades de
tribunais de contas (art.73 § 3º), e do ministério público planejamento, coordenação, supervisão, execução e
(art.128, § 5º,a). avaliação de resultado, quando tais atividades não
O cargo de provimento em comissão é o que se estiverem incluídas entre as suas atribuições permanentes;
dá através de nomeação independente de concurso e em IV – participar da aplicação, fiscalizar ou avaliar
caráter transitório, a possibilidade em relação a esses provas de exame vestibular ou de concurso público ou
cargos somente se dará mediante lei que a declare e supervisionar essas atividades.
provimento em comissão. § 1º Os critérios de concessão e os limites da
O provimento dos cargos públicos da gratificação de que trata este artigo serão fixados em
Administração Federal direta cabe ao Presidente da regulamento, observados os seguintes parâmetros:
República, através de decreto, observado o que a respeito I – o valor da gratificação será calculado em horas,
dispuser a lei (art. 84. XXV. da CF). Essa atribuição pode observadas a natureza e a complexidade da atividade
ser delegada pelo Presidente da República, aos Ministros exercida;
de Estado, ao Procurador-Geral da República ou do II – a retribuição não poderá ser superior ao
Advogado-Geral da União, que observarão os limites da equivalente a 120 (cento e vinte) horas de trabalho anuais,
delegação (art. 84, parágrafo único. da CF). ressalvada situação de excepcionalidade, devidamente
Presidente República cabe prover cargos que justificada e previamente aprovada pela autoridade máxima
integram a estrutura do Judiciário, como ocorre com os do órgão ou entidade, que poderá autorizar o acréscimo de
Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos tribunais até 120 (cento e vinte) horas de trabalho anuais;
superiores , os governadores de territórios, o procurador III – o valor máximo da hora trabalhada
geral da república, o presidente do banco central, todos se corresponderá aos seguintes percentuais, incidentes sobre
aprovados pelo senado (art. 84. XIV. da CF). O mesmo se o maior vencimento básico da administração pública
pode dizer da nomeação dos Ministros do Tribunal de federal:
Contas da União (art. 73, § 2. da CF). a) 2,2% (dois inteiros e dois décimos por cento),
Já os cargos que se refere ao provimento dos em se tratando de atividades previstas nos incisos I e II do
cargos de juiz singular e de auxiliares administrativos do caput deste artigo;
Judiciário, diga-se que a competência é dos Tribunais (art.
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b) 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento), em servidor), Art. 207 (licença para servidora gestante por 120
se tratando de atividade prevista nos incisos III e IV do dias consecutivos), Art.208 ( licença para de cinco dias para
caput deste artigo. paternidade, pelo nascimento ou pela adoção),Art.210
§ 2º A Gratificação por Encargo de Curso ou (licença para a servidora que obtiver a guarda ou no caso
Concurso somente será paga se as atividades referidas nos de adoção para crianças até um ano) Di Pietro, Maria Sylvia
incisos do caput deste artigo forem exercidas sem prejuízo Zanela, op. Cit. p. 611 e 211( no caso de acidente em
das atribuições do cargo de que o servidor for titular, serviço o serviço fará jus a licença com remuneração
devendo ser objeto de compensação de carga horária integral).
quando desempenhadas durante a jornada de trabalho, na “Art. 81. Conceder-se-á ao servidor licença:
forma do § 4º do art. 98 desta Lei. I – por motivo de doença em pessoa da família;
§ 3º A Gratificação por Encargo de Curso ou II – por motivo de afastamento do cônjuge ou
Concurso não se incorpora ao vencimento ou salário do companheiro;
servidor para qualquer efeito e não poderá ser utilizada III – para o serviço militar;
como base de cálculo para quaisquer outras vantagens, IV – para atividade política;
inclusive para fins de cálculo dos proventos da V – para capacitação;
aposentadoria e das pensões.” VI – para tratar de interesses particulares;
3) O adicional como expõe o art. 61 IV a VIII da lei VII – para desempenho de mandato classista.
8112/90, observando também o disposto nos arts. 68, 73, § 1º A licença prevista no inciso I será precedida
75, 76, da referida lei. de exame por médico ou junta médica oficial.
“Art. 61. Além do vencimento e das vantagens § 2º Revogado. Lei nº 9.527, de 10-12-1997.
previstas nesta Lei, serão deferidos aos servidores as § 3º É vedado o exercício de atividade remunerada
seguintes retribuições, gratificações e adicionais: durante o período de licença prevista no inciso I deste
IV – adicional pelo exercício de atividades artigo.
insalubres, perigosas ou penosas; Art. 82. A licença concedida dentro de 60
V – adicional pela prestação de serviço (sessenta) dias do término de outra da mesma espécie será
extraordinário; considerada como prorrogação.”
VI – adicional noturno; E ainda há as licenças sem remunerarão, mas
VII – adicional de férias; com contagem do tempo, no caso do art. 92 c/c art.102 VIII
VIII – outros, relativos ao local ou à natureza do “c”(para desempenho de mandato classista) da lei 8.112/90,
trabalho.”. e ainda sem remuneração e sem contagem de tempo de
4) Benefícios da seguridade social regulado pelos serviço nos casos dos arts. 84 e § 1 e 91 da lei
arts. 196 e 197 da lei 8.112/90, que trata do auxílio mencionada.
natalidade e do salário família. Quanto ao afastamento podemos elencar 3 artigos
“Art. 196. O auxílio-natalidade é devido à servidora que a lei menciona como tal art.93, c/c com art. 102 II e III
por motivo de nascimento de filho, em quantia equivalente (para servir outro órgão ou entidade por tempo
ao menor vencimento do serviço público, inclusive no caso indeterminado), art.94 c/c art.102 V (para exercício de
de natimorto. mandado eletivo durante o prazo de sua duração) e art. 95
§ 1º Na hipótese de parto múltiplo, o valor será § 1 c/c 102 VII (para estudo ou missão no exterior quando
acrescido de 50% (cinquenta por cento), por nascituro. autorizado no prazo máximo de 4anos) todos da lei
§ 2º O auxílio será pago ao cônjuge ou 8112/90.
companheiro servidor público, quando a parturiente não for As concessões previstas na lei 8.112/90 podem
servidora. assim ser classificadas:
Art. 197. O salário-família é devido ao servidor 1) direito de ausentar-se do serviço;
ativo ou ao inativo, por dependente econômico. “Art. 97. Sem qualquer prejuízo, poderá o servidor
Parágrafo único. Consideram-se dependentes ausentar-se do serviço:
econômicos para efeito de percepção do salário-família: I – por 1 (um) dia, para doação de sangue;
I – o cônjuge ou companheiro e os filhos, inclusive II – por 2 (dois) dias, para se alistar como eleitor;
os enteados até 21 (vinte e um) anos de idade ou, se III – por 8 (oito) dias consecutivos em razão de:
estudante, até 24 (vinte e quatro) anos ou, se inválido, de a) casamento;
qualquer idade; b) falecimento do cônjuge, companheiro, pais,
II – o menor de 21 (vinte e um) anos que, mediante madrasta ou padrasto, filhos, enteados, menor sob guarda
autorização judicial, viver na companhia e a expensas do ou tutela e irmãos.”
servidor, ou do inativo; 2) direito a horário especial, concedido;
III – a mãe e o pai sem economia própria.” “Art. 98. Será concedido horário especial ao
servidor estudante, quando comprovada a incompatibilidade
2.5.1 Direitos de ausência ao serviço entre o horário escolar e o da repartição, sem prejuízo do
Inclui entre os direitos do servidor os concernentes exercício do cargo.
a férias, licença e afastamento, estabelecidos na lei § 1º Para efeito do disposto neste artigo, será
8.112/90 alguns afastamentos chamados como concessões exigida a compensação de horário no órgão ou entidade
outros previstos, mas sem designação. Existem 24 que tiver exercício, respeitada a duração semanal do
variedades de afastamento, sendo 12 espécies de licença e trabalho.
12 de afastamento. § 2º Também será concedido horário especial ao
O art. 77 da lei 8.112/90 trata das férias do servidor portador de deficiência, quando comprovada a
servidor direito ao descanso anual por 30 dias, e sua necessidade por junta médica oficial, independentemente
remuneração ainda será acrescida de 1/3 da retribuição de compensação de horário.
normal. § 3º As disposições do parágrafo anterior são
No art.81 da lei 8.112/90 estão enumeradas 7 extensivas ao servidor que tenha cônjuge, filho ou
variedades das licenças, mas no entanto existe outras dependente portador de deficiência física, exigindo-se,
expressamente mencionadas nos arts.202 ( para porém, neste caso, compensação de horário na forma do
tratamento de saúde que pode ser de oficio ou a pedido do inciso II do art. 44.”
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A teoria do risco administrativo é mais um passo administrativa adequada ao caso, que poderá ser
importante na evolução, a interpretação desta teoria pode advertência, suspensão, demissão, cassação de
ser explicada pelo fato dos riscos acarretados por aposentadoria ou disponibilidade, destituição de cargo em
atividades perigosas deve ser sustentado por quem comissão ou destituição de função comissionada.
aproveita os benefícios do desenvolvimento da atividade Na lei 8112/90 no artigo 117 apresenta o hall de
perigosa, quando não tenha ocorrido força maior que proibições ao servidor público e o servidor responde
interfira no funcionamento do serviço. Essa teoria do risco administrativamente pelos ilícitos administrativos com ação
administrativo apregoa o dever do Estado de indenizar o ou omissão que contrarie a Lei.
particular que foi sofreu um dano em virtude da atividade “Art. 117. Ao servidor é proibido:
administrativa. I – ausentar-se do serviço durante o expediente,
Há ainda a Teoria do Risco integral que afirma sem prévia autorização do chefe imediato;
que o Estado tem o dever de indenizar em qualquer caso II – retirar, sem prévia anuência da autoridade
de dano sofrido pelo particular, mesmo sem a existência de competente, qualquer documento ou objeto da repartição;
nexo causal. Mas existe uma corrente contrária a esta III – recusar fé a documentos públicos;
posição. Na opinião de Hely Lopes Meirelles, essa teoria é IV – opor resistência injustificada ao andamento de
contrária a equidade social. documento e processo ou execução de serviço;
V – promover manifestação de apreço ou
3.1 A Evolução da Responsabilidade do Estado desapreço no recinto da repartição;
no Direito VI – cometer a pessoa estranha à repartição, fora
No Brasil não existiu a fase de irresponsabilidade, dos casos previstos em lei, o desempenho de atribuição
o Estado respondia por seus atos. Desde a constituição do que seja de sua responsabilidade ou de seu subordinado;
Império, 1824 que o empregado público era VII – coagir ou aliciar subordinados no sentido de
responsabilizado por seus erros e omissões que filiarem-se à associação profissional ou sindical, ou a
causassem prejuízos a terceiros. O Estado respondia partido político;
solidariamente ao funcionário, desde que a culpa fosse VIII – manter sob sua chefia imediata, em cargo ou
provada. No código de 1916, houve divergência na função de confiança, cônjuge, companheiro ou parente até
interpretação, se a culpa do Estado era subjetiva ou se era o segundo grau civil;
objetiva. IX – valer-se do cargo para lograr proveito pessoal
Na constituição de 1946, determinou que a ou de outrem, em detrimento da dignidade da função
responsabilidade do Estado fosse objetiva, baseada no pública;
risco administrativo. As constituições promulgadas X – participar de gerência ou administração de
posteriormente em 1967, 1968 e 1988 permaneceram com sociedade privada, personificada ou não personificada,
o risco objetivo. salvo a participação nos conselhos de administração e
fiscal de empresas ou entidades em que a União detenha,
3.2 Responsabilidades dos Agentes direta ou indiretamente, participação no capital social ou em
O agente que praticar um ato ilícito que gerar um sociedade cooperativa constituída para prestar serviços a
prejuízo ao erário poderá vir a responder por três esferas seus membros, e exercer o comércio, exceto na qualidade
distintas: responsabilidade penal, civil e administrativa. de acionista, cotista ou comanditário;
Deste modo, os servidores públicos que ao desempenhar XI – atuar, como procurador ou intermediário, junto
suas atividades de sua competência ou alegando estar a repartições públicas, salvo quando se tratar de benefícios
cumprindo sua função ao efetuando infrações (atividades previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo
exercida de forma ilegal, gerando dano), poderá ser grau, e de cônjuge ou companheiro;
responsabilizado nas esferas administrativa, civil ou penal XII – receber propina, comissão, presente ou
diante da Administração Pública. vantagem de qualquer espécie, em razão de suas
atribuições;
3.2.1 Responsabilidade Administrativa XIII – aceitar comissão, emprego ou pensão de
O dano originado de ato ou omissão do servidor estado estrangeiro;
poderá resultar em prejuízo ao erário; ou a terceiros de boa- XIV – praticar usura sob qualquer de suas formas;
fé. Ocorrendo o dano, a Administração primeiro apura a XV – proceder de forma desidiosa;
responsabilidade civil do servidor por via de processo XVI – utilizar pessoal ou recursos materiais da
administrativo, observando os princípios do contraditório e repartição em serviços ou atividades particulares;
da ampla defesa (CF, art. 5.º, LV). Nessa apuração, que XVII – cometer a outro servidor atribuições
será desenvolvida a seguir, esclarecendo que a estranhas ao cargo que ocupa, exceto em situações de
administração que só existirá a responsabilidade civil do emergência e transitórias;
servidor se este estiver atuado com dolo ou culpa. XVIII – exercer quaisquer atividades que sejam
Se o dano foi causado a terceiros o Estado deverá incompatíveis com o exercício do cargo ou função e com o
indenizar o terceiro prejudicado, independentemente de horário de trabalho;
dolo ou culpa do servidor e assim, não havendo dolo ou XIX – recusar-se a atualizar seus dados cadastrais
culpa do servidor, o Estado não terá o direito de regresso, quando solicitado.”
que é o direito de ser ressarcido pelo servidor do valor pago Como foi dito anteriormente, as penalidades
a título de indenização. Logo, tendo o servidor dolo ou disciplinares estão elencadas no artigo 127, sendo
culpa, o ente público terá o direito de regresso contra o diferenciadas pela gravidade atribuída a cada ato levando
servidor, podendo então propor uma ação judicial, chamada em consideração as atenuantes e as agravantes além do
de ação de regresso, na esfera civil, para reaver do servidor antecedente funcional. São elas:
o que pagou como indenização. Advertência- como transcreve o artigo 129 da
Para ambos os casos (prejuízo ao erário e referida Lei, está será aplicada por escrito, nos casos de
prejuízo a terceiros) poderá haver uma solução violação dos incisos I a VIII e XIX do artigo 117 e na
administrativa ao invés de judicial. inobservância de algum dever funcional estipulado na lei,
Uma vez constatada a prática do ilícito regulamentação ou norma interna que não seja considerado
administrativo, ficará o servidor sujeito à sanção penalidade mais grave.
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será convertida em pena mas sim será executada pela Para avaliar se ocorreu ou não o ilícito civil deve
fazenda publica, já a prestação pecuniária é uma verificar a existência de: Ação ou omissão antijurídica; culpa
indenização paga a vitima. ou dolo; nexo causal e ocorrência de um dano material ou
Di Pietro acrescenta no que tange a moral.
responsabilidade penal, que existem no ato ilícito penal, os Há duas hipóteses de dano causado pelo servidor
mesmos elementos caracterizadores dos demais tipos de público, a que gerou dano ao Estado e a de dano contra
atos ilícitos, contudo há a existência de algumas terceiros.
peculiaridades: Relação de causalidade, ou seja, nexo A responsabilidade do agente pode ser divida
causal, o ato ou omissão tem que gerar o dano ou perigo, entre responsabilidade civil subjetiva e responsabilidade
não havendo a exigência do dano se concretizar, se o risco civil objetiva. Na primeira só haverá o dever de indenizar se
do dano acontecer já é o suficiente, como ocorre na o agente tiver causado o dano por atuar com dolo ou culpa.
tentativa e em determinados crimes que colocam em risco a Já o que caracteriza a responsabilidade civil objetiva é a
incolumidade pública. desnecessidade de verificar a existência de dolo ou culpa
De acordo com a Lei 8.112/90, verificamos a do agente de gerar o dano.
existência do auxílio reclusão, oferecendo à família do A responsabilidade civil objetiva pode ser
servidor ativo, sendo concedida metade da remuneração compreendida como a responsabilidade que tem as
quando a pena do servidor não determinar a perda do pessoas jurídicas de direito público, Estado, e às pessoas
cargo; dois terços da remuneração quando afastado por jurídica de direito privado onde se enquadram as
motivo de prisão, preventiva ou em flagrante, determinada prestadoras de serviços públicos que nesta posição
pela autoridade competente, enquanto perdurar a prisão. O causarem danos a terceiros, de acordo com art. 37, § 6.º,
servidor terá direito a integralização dos proventos em caso da Constituição Federal. Nesse tipo de responsabilidade
de absolvição. civil, não há de se questionar se o servidor agiu ou não com
dolo ou culpa ao provocar o dano. Em todo caso o Estado
3.4 Da Responsabilidade Civil deverá indenizar ao terceiro prejudicado, se este não foi o
Responsabilidade Civil é a obrigação que se impõe causador exclusivo do dano. Em suma, verificamos que a
ao servidor, no aspecto patrimonial e financeiro de pagar o responsabilidade civil do Estado é objetiva ao passo que a
que deve ao Estado ou diretamente à terceiro. responsabilidade civil do servidor público é subjetiva.
Pelo ilustre Helly Lopes Meirelles, a administração
não pode deixar de cobrar de seus servidores públicos por 3.5 Comunicabilidades das Instâncias
que não pode dispor de um bem da sociedade, ao qual ele Ao analisarmos a abrangência da decisão
tem a obrigação de cuidar da integridade. É evidente, que proferida pelo juiz criminal sobre o aspecto administrativo
só poderá ser cobrado em caso de tipificar o ilícito civil. deve ser verificado
A responsabilidade será analisada pela própria se a infração praticada pelo funcionário é definida
Administração pública, por processo administrativo que em lei como ilícito penal e ilícito administrativo; se a
fornecerá todas as garantias constitucionais como ampla infração praticada é apenas ilícito penal ou se é apenas
defesa e a segurança ao contraditório. ilícito administrativo.
Di Pietro, afirma que as leis estatutárias Como já foi dito anteriormente, será instaurado um
estabelecem procedimento auto executório, pelas quais a processo administrativo e se for considerado que foi
administração pode descontar dos vencimentos a praticado um ilícito penal será iniciado um processo
importância do ressarcimento do prejuízo, respeitando o criminal. Prevalecerá à regra de independência entre as
mínimo necessário para garantir a dignidade humana. duas instâncias, com exceção, em que a decisão proferida
Desde que previsto em lei é perfeitamente válido e no juízo penal deverá prevalecer, fazendo coisa julgada na
independe do consentimento do servidor, inserindo-se nas área cível e na administrativa.
hipóteses de auto executoriedade dos atos administrativos, O artigo 935 do código civil e o artigo 126 da Lei
não retirando em hipótese nenhuma a importância do poder 8112/90 determinam que a responsabilidade administrativa
judiciário que pode ser implementado para responder a lide. do servidor seja afastada no caso de absolvição criminal
Salientando que quando o servidor é contratado pela que negue a existência do fato ou a autoria do mesmo.
legislação trabalhista, verificamos no artigo 462 parágrafo 1 Como toda sentença tem que ser motivada, se o juiz
da CLT que o desconto só será efetuado com a mencionar que a absolvição foi por: estar provado
concordância do empregado ou em caso de dolo. inexistência do fato; não haver prova da existência do fato;
Helly Lopes Meirelles diverge da opinião de Di não constituir o fato infração penal; estar provado que o réu
Pietro, pois fala da necessidade da concordância do não concorreu à infração penal; não existir prova de ter o
servidor, por que a Administração não pode pegar os bens réu concorrido à infração penal; existirem circunstâncias
de seus servidores e nem abater de seus vencimentos para que excluam o crime ou isentem o réu de pena (artigos 20 a
ressarcir os prejuízos. Sendo necessário recorrer a Justiça 23, 26 e 28 no seu primeiro parágrafo todos do Código
com ação de indenização contra o servidor. Penal) ou se houver fundado dúvida sobre a existência de
Celso Antônio Bandeira de Melo, diz que a tais circunstâncias e não existir prova suficiente à
execução do débito deve ser pela via judicial, mas no caso condenação.
de faltar bens para quitar a indenização devida, a Se a absolvição criminal for por insuficiência de
administração pode abater dos vencimentos do servidor, provas, as ações na área civil e administrativa, que são
até dez por cento. Será então dividido em parcelas mensais independentes podem decidir pela condenação, se for o
até o valor de 10% dos vencimentos, até quitar caso.
completamente a Administração. Conforme determina o Pode ainda acontecer de uma infração não ser
artigo 46 da Lei 8112/90. considerada penal, mas ser considerada administrativa. As
Se o dano for causado a terceiros, o servidor pode irregularidades que não sejam caracterizados como ilícito
ser acionado diretamente, acionado solidariamente com o penal, configuram uma falta menor que crime que é
Estado ou o Estado ser acionado. Neste último caso o denominada falta residual, que pode ser punida
Estado pode propor uma ação regressiva. Cabe destacar administrativamente.
que para Bandeira, a ação de responsabilidade civil é Se o servidor público praticou um crime penal, mas
imprescritível. não administrativo, a dosimetria da pena será de extrema
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importância. Pois se a condenação for de pena privativa de possibilidade de retornar ao estado anterior, compensar
liberdade por tempo superior a quatro anos, terá declarado pecuniariamente a vítima da conduta causadora do dano.
na sentença a perda do cargo, mas se for inferior a quatro Nos dizeres de Maria Helena Diniz (2006, p. 40):
anos não perde o cargo. Voltará a ocupar o cargo após o “A responsabilidade civil é a aplicação de medidas
término da pena. que obriguem uma pessoa a reparar dano moral ou
Podemos verificar que os agentes públicos são patrimonial causado a terceiros, em razão de ato por ela
indispensáveis à execução dos serviços da administração mesma praticado, por pessoa por quem ela responde, por
publica ainda que este agente tenha o vínculo meramente alguma coisa a ela pertencente ou de simples imposição
transitório, ou não. legal.”
Os agentes públicos é o gênero onde Até se chegar a esse conceito de responsabilidade
identificamos as espécies, algumas dessas espécies civil, esta passou por uma grande evolução histórica. A
necessitam de investidura para que possa exercer função responsabilidade surgiu no direito romano, a princípio
de natureza publica como os agentes políticos que dominava a vingança coletiva, onde toda a população
representam o povo sua investidura se dá em regra por virava-se contra o agressor (Diniz, 2006, p. 40), com o
eleição, já os estatutários e os celetistas onde se encontrar passar do tempo, evoluiu para a vingança privada. Prevista
o maior número de pessoas naturas exercendo função na Lei das XII Tábuas, conhecida como pena de talião, a
publica, sua investidura se subordina a aprovação prévia de vingança privada constituía-se o direito de retaliação da
concurso público. vítima em face do agressor, causando ao autor o mesmo
Os servidores públicos em seu sentido estrito dano que este causou. Importante mencionar para fins de
possuem vínculo com a administração pública por relações análise Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho
profissionais, através de sua investidura em cargos a titulo (2006, p. 10):
de emprego e com retribuição pecuniária. Possuindo o “De fato, nas primeiras formas organizadas de
regime jurídico único restabelecido pelo supremo pela ADI sociedade, bem como nas civilizações pré-romanas, a
2.135/DF- 2007 voltando aplicar a redação original do art.39 origem do instituto está calcada na concepção de vingança
da CF/88, garantindo um tratamento isonômico entre os privada, forma por certo rudimentar, mas compreensível do
servidores públicos. ponto de vista humano como lídima reação pessoal contra o
O cargo não é direito adquirido a imutabilidade do mal sofrido.”
funcionário público, o Estado conforme estabelecido pela Ainda na Lei do Talião há a possibilidade de
constituição pode através de lei suprimir, transformar, acordo entre a vítima e o ofensor, não sendo necessária a
extinguir e até mesmo criar novos cargos sem o aplicação da retaliação. Futuramente com a criação da Lex
conhecimento do seu titular. Aquilia o instituto da responsabilidade evoluiu para a
Os direitos e deveres estão elencados no estatuto compensação pecuniária. Neste período começou-se a
do servidor público na lei nº 8.112/90 no caso de servidor atribuir à conduta causadora do dano o elemento “culpa”
celetista deve ser observado a CLT, e ainda devemos criando desta forma uma distinção entre responsabilidade
conjugar as normas constitucionais do art.37 a 42, podemos civil e penal. Sobre a Lex Aquilia: “Constituída de três
citar alguns direitos como a férias, gratificações, direito a partes, sem haver revogado totalmente a legislação
aposentadoria entre outros benefícios, os deveres no caso anterior, sua grande virtude é propugnar pela substituição
de servidor estatutário vem elencados no art.116 da lei das multas fixas por uma pena proporcional ao dano
8.112/90 entre outros tais como assiduidade, pontualidade, causado.” (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO apud LIMA,
discrição, lealdade entre outros. 1999, p. 22-23) Em um de seus artigos a Lex Aquilia trazia
E por fim o servidor responde por seus atos a definição mais precisa de responsabilidade civil para a
praticados sendo por dolo, culpa, e também pelos atos época, pois definia as principais características do instituto,
omissivos, em três esferas distintas. sendo de como ensina Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona (1999, p.
responsabilidade penal crimes contra administração publica 22-23), tão citados neste estudo:
praticado pelo funcionário público (ainda que este trabalhe “Com efeito, regulava ela o damnum injuria
transitoriamente ou sem remuneração), previstos no código datumm, consistente na destruição ou deterioração da coisa
penal, responsabilidade administrativa dano causado à alheia por fato ativo que tivesse atingido coisa corpórea ou
administração pública ou a terceiros originado de ato ou incorpórea, sem justificativa legal. Embora sua finalidade
omissão do servidor, que será apurado pela administração original fosse limitada ao proprietário de coisa lesada, a
pública, e também poderá o servidor responder civilmente influência da jurisprudência e as extensões concedidas pelo
impondo ao servidor que pague o que deve ao Estado ou a pretor fizeram com que se construísse uma efetiva doutrina
terceiro ao ter causado dano a responsabilidade será romana da responsabilidade extracontratual.”
analisada através de processo administrativo, onde será Com o influente Código Civil de Napoleão, marco
resguardado o direito do contraditório e de ampla defesa do na legislação mundial, a responsabilidade civil deixa de ser
servidor público. vista como pena para o agressor e passa a ter um
significado maior firmando a ideia de reparação do dano à
A RESPONSABILIDADE CIVIL EXTRACONTRATUAL DO vítima. Porém a impossibilidade de comprovar o elemento
ESTADO culpa referente à conduta causadora do dano, fez com que
outras teorias sobre a responsabilidade civil surgissem,
1. Noções gerais sobre responsabilidade civil. fundamentando a reparação do dano apenas pelo risco
O conceito de responsabilidade civil está ligado a criado. Como bem esclarece Maria Helena Diniz (2006, p.
três elementos essenciais para a caracterização da 12):
responsabilidade, ou seja, conduta ilícita ou lícita, dano e “A insuficiência da culpa para cobrir todos os
nexo causal. Desses elementos pode-se concluir que a prejuízos, por obrigar a perquirição do elemento subjetivo
responsabilidade civil é derivada de uma lesão ao interesse na ação, e a crescente tecnização dos tempos modernos,
alheio, causando um dano a este particular, sendo assim o caracterizado pela introdução de máquinas, pela produção
causador do dano, seja esse dano moral ou material, de bens em larga escala e pela circulação de pessoas por
deverá se responsabilizar pelo dano causado e se for meio de veículos automotores, aumentando assim os
possível reparar o dano fazendo com que as coisas perigos à vida e à saúde humana, levaram a uma
retornem ao estado anterior, ou, caso não haja reformulação da teoria da responsabilidade civil dentro de
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um processo de humanização. Este representa uma ônus da prova caberá ao devedor que deverá provar se
objetivação da responsabilidade, sob a ideia de que todo houve alguma excludente de ilicitude ou se agiu ou não
risco deve ser garantido, visando a proteção jurídica à com culpa.
pessoa humana, em particular aos trabalhadores e às De outra forma, quando ocorre lesão a direito
vítimas de acidentes, contra a insegurança material, e todo subjetivo sem que haja a existência de vínculo contratual ou
dano deve ter um responsável. A noção de risco prescinde qualquer outra relação jurídica entre vítima e autor do dano,
da prova da culpa do lesante, contentando-se com a surge a responsabilidade extracontratual ou aquiliana. De
simples causação externa, bastando a prova de que o acordo com Sérgio Cavalieri Filho (2009, p. 16): “Haverá
evento decorreu do exercício da atividade, para que o por seu turno, responsabilidade extracontratual se o dever
prejuízo por ela criado seja indenizado.” jurídico violado não estiver previsto no contrato, mas sim na
A partir desse breve relato histórico a cerca da lei ou na ordem jurídica.”
evolução da responsabilidade civil, é preciso tecer algumas Finalizando, fica evidenciado que a
considerações sobre as espécies de responsabilidade. responsabilidade civil tem a natureza jurídica sancionadora,
Observa-se que a responsabilidade civil não se confunde uma vez que a obrigação de reparar nasce a princípio de
com a penal, tendo como elemento comum apenas a um ato ilícito sendo a sanção “a consequência jurídica que
ilicitude do fato, elas se distinguem única e exclusivamente o não cumprimento de um dever produz em relação ao
em razão da norma que foi infringida pela conduta danosa, obrigado” (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO apud MAYNEZ,
se a norma for penal, o agente será responsável 1951, p. 190). Ainda que o ato praticado pelo autor do dano
criminalmente e se for norma cível, responderá no âmbito seja lícito, a obrigação de reparar surge de uma imposição
civil. legal, uma vez que “os danos causados já eram
A responsabilidade civil em relação ao seu potencialmente previsíveis, em função dos riscos
fundamento pode ser subjetiva ou objetiva. A profissionais da atividade exercida, por envolverem
responsabilidade subjetiva tem como principal característica interesse de terceiros.” (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO
o elemento anímico culpa ou dolo, ou seja, o sujeito da apud MAYNEZ, 1951, p. 19)
conduta causadora do dano age dolosamente ou “A sanção é, nas palavras de Goffredo Telles Jr.,
culposamente, entretanto a conduta só será culposa uma medida legal que poderá vir a ser imposta por quem foi
quando o agente da ação ou omissão agir com imprudência lesado pela violação da norma jurídica, a fim de fazer
ou negligência. É o que está esculpido no artigo 186 do cumprir a norma violada, de fazer reparar o dano causado
Código Civil de 2002: “Art. 186. Aquele que por ação ou ou infundir respeito à ordem jurídica. A sanção é a
omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar consequência jurídica que o não-cumprimento de um dever
direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente produz em relação ao obrigado. A responsabilidade civil
moral, comete ato ilícito”. constitui uma sanção civil, por decorrer de infração de
Há ainda a responsabilidade civil indireta em que a norma de direito privado, cujo objetivo é o interesse
obrigação referente ao dano causado recai em um terceiro particular, e, em sua natureza, é compensatória, por
que não foi o causador direto do dano, essa modalidade de abranger indenização ou reparação de dano causado por
responsabilidade baseia-se no dever de vigilância do ato ilícito, contratual ou extracontratual e por ato lícito”.
terceiro em relação ao causador direto do dano, não (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO apud MAYNEZ, 1951, p.
desprezando o elemento anímico culpa, uma vez que a 7.)
culpa não é ignorada e sim presumida. É notório que a função precípua do instituto
Por derradeiro, a responsabilidade objetiva, jurídico da responsabilidade civil é a reparação do dano,
modalidade mais recente de responsabilidade civil, nela o uma vez que à vítima não deve sobrevir um prejuízo
elemento anímico é desnecessário sendo observado causado por um alheio. Em um segundo e terceiro
apenas o nexo causal entre a conduta do agente e o dano momento a responsabilidade tem a função de punir e
causado para que exista a obrigação de indenizar. Nas educar o causador do dano, criando neste a consciência de
palavras de Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona (2006, p. 14) respeito aos direitos das pessoas e coibindo no âmbito
“segundo tal espécie de responsabilidade, o dolo ou culpa social a reiteração de condutas que firam o direito de outros
na conduta do agente causador do dano é irrelevante cidadãos.
juridicamente”. Para as teorias objetivistas da “O ofensor receberá a sanção correspondente
responsabilidade civil esta é caracterizada principalmente consistente na repreensão social, tantas vezes quantas
pelo risco causado pela atividade do agente, sendo portanto forem suas ações ilícitas, até conscientizar-se da obrigação
uma simples reparação do dano. em respeitar os direitos das pessoas. Os espíritos
Como regra geral a legislação civil brasileira adota responsáveis possuem uma absoluta consciência do dever
a responsabilidade subjetiva, porém a responsabilidade social, posto que, somente fazem aos outros o que querem
objetiva firmada na teoria do risco coexiste com a subjetiva que seja feito a eles próprios. Estas pessoas possuem
e está estabelecida no parágrafo único do artigo 927 do exata noção de dever social, consistente em uma conduta
Código Civil de 2002 que preceitua: “Haverá obrigação de emoldurada na ética e no respeito aos direitos alheios. Por
reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos seu turno, a repreensão contida na norma legal tem como
especificados em lei, ou quando a atividade normalmente pressuposto conduzir as pessoas a uma compreensão dos
desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, fundamentos que regem o equilíbrio social. Por isso, a lei
risco para os direitos de outrem.” possui um sentido tríplice: reparar, punir e educar.”
A responsabilidade civil pode ser subdividida de (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO apud REIS, 2000, p. 78-
acordo com seu fato gerador, podendo ser contratual ou 79)
extracontratual. A responsabilidade contratual está A responsabilidade civil, seja ela contratual ou
estritamente ligada a uma obrigação jurídica preexistente extracontratual, tem como objetivo principal a satisfação da
firmada entre o autor e a vítima do dano, esta obrigação vítima em relação ao dano, ou seja, que a vítima possa ter
pode ser derivada da lei, de um contrato ou mesmo um reestabelecida a situação anterior ao dano, como objetivos
preceito geral de Direito. Dessa forma, o autor de um dano secundários, a responsabilidade civil tem a pretensão de
será responsável quando violar norma contratual, ou seja, a conscientizar os cidadãos de que viver em comunidade é
responsabilidade será gerada pelo inadimplemento da respeitar os direitos uns dos outros e se responsabilizar por
obrigação estabelecida em um contrato, lembrando que o qualquer ação que fira o direito alheio.
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serviços públicos, devendo então arcar com o risco criado incorressem no exercício dos seus cargos.” (CARVALHO
na prestação desses serviços. FILHO, 2010, p. 233)
“A teoria do riso administrativo avança no sentido Para Cavalieri, estes dispositivos não eram
da publicização da responsabilidade e coletivização dos considerados como excludentes da responsabilidade do
prejuízos, fazendo surgir a obrigação de indenizar o dano Estado e consagradores da responsabilidade do
em razão da simples ocorrência do ato lesivo, sem se funcionário, pelo contrário, Estado e funcionário eram
perquirir a falta do serviço ou da culpa do agente”. responsáveis solidariamente (CARVALHO FILHO, 2010, p.
(GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2006, p. 193) 233). O Código Civil de 1916 em seu art. 15 foi o primeiro
Essa teoria surgiu a partir do momento em que se dispositivo legal a estabelecer de forma específica a
começou a pensar que o Estado causador do dano é mais responsabilidade civil do Estado: “As pessoas jurídicas de
poderoso que o indivíduo lesionado e que o dano causado direito público são civilmente responsáveis por atos de seus
era consequência da prestação de um serviço em prol de representantes que nessa qualidade causem danos a
toda a sociedade, dessa forma não seria justo que o terceiros, procedendo de modo contrário ao direito ou
particular arcasse com os prejuízos causados pela atividade faltando a dever prescrito por lei, salvo o direito regressivo
estatal e que sofresse prejuízos em benefício do bem estar contra os causadores do dano.” Esse artigo causou
comum, então nada mais justo que toda a coletividade, entendimentos diversos sobre a matéria abordada, porém a
representada pelo Estado, assumisse a reparação do dano. doutrina dominante entendeu que este dispositivo normativo
Alguns autores fazem confusão em relação a tinha como fundamento a responsabilidade subjetiva, pois
teoria do risco administrativo e a teoria do risco integral, havia a necessidade de averiguação da culpa do
porém as duas não se confundem, pois a teoria do risco funcionário.
integral admite a responsabilização do Estado mesmo que Em seguida veio a Constituição de 1946, que
não haja nexo causal entre o fato e o dano ou ainda que a dispunha no seu art. 194: “as pessoas jurídicas de direito
culpa do dano seja da própria vítima. Portanto a teoria do público interno são civilmente responsáveis pelos danos
risco integral se difere do risco administrativo por ser a que seus funcionários, nessa qualidade, causem a
primeira uma medida extrema de responsabilidade do terceiros”. Sendo assim, para a maioria dos doutrinadores,
Estado, pois não reconhece nenhuma excludente de o legislador ao se omitir em relação à conduta contrária ao
responsabilidade. direito e a inobservância de dever legal, estaria então
“De fato, a sua aplicação levaria a reconhecer a retirando da norma a parte que denunciava a aceitação da
responsabilidade civil em qualquer situação, desde que teoria subjetiva e adotando no ordenamento jurídico de
presentes os três elementos essenciais, desprezando-se 1946 a responsabilidade objetiva, derrogando o art. 15 do
quaisquer excludentes de responsabilidade, assumindo a Código Civil de 1916. (CARVALHO FILHO, 2010, p. 599)
Administração Pública, assim, todo o risco de dano A partir da Constituição de 1946 o Estado
proveniente da sua atuação.” (GAGLIANO; PAMPLONA brasileiro passou a adotar a responsabilidade objetiva do
FILHO, 2006, p. 193) Estado, ou seja, bastava a comprovação da relação de
Atualmente tem-se falado da teoria objetiva causalidade entre conduta estatal e dano para haver a
baseada no risco social, para esta teoria o ponto central da reparação civil, dessa forma ficou consagrada a teoria do
responsabilidade civil é a vítima do dano e o objetivo risco administrativo como fundamento da responsabilização
principal é a reparação do dano à vítima, a teoria então estatal, como bem aduz o ilustre Sérgio Cavalieri Filho
sugere a socialização do prejuízo, ou seja o Estado deve (2009, p. 235):
arcar com o prejuízo sofrido pela vítima, ressalvado o seu “Destarte, a partir da Constituição de 1946, a
direito de regresso contra o causador do dano. Como bem responsabilidade civil do Estado brasileiro passou a ser
explica José dos Santos Carvalho Filho: “de modo que a objetiva, com base na teoria do risco administrativo, onde
reparação estaria a cargo de toda a coletividade, dando não se cogita da culpa, mas, tão-somente da relação de
ensejo ao que se denomina de socialização dos riscos – causalidade. Provado que o dano sofrido pelo particular é
sempre com o intuito de que o lesado não deixe de merecer consequência da atividade administrativa, desnecessário
a justa reparação pelo dano sofrido.” (CARVALHO FILHO será perquirir a ocorrência de culpa do funcionário ou,
apud CAVALIERI FILHO, 1998, p. 155). Complementa o mesmo, de falta anônima do serviço. O dever de indenizar
autor que “tal caráter genérico da responsabilidade poderia da Administração impor-se-á por força do dispositivo
provocar grande insegurança jurídica e graves lesões ao constitucional que consagrou o princípio da igualdade dos
erário, prejudicando em última análise os próprios indivíduos diante dos encargos públicos.”
contribuintes”. (CARVALHO FILHO, 2010, p. 597) Atualmente a Constituição de 1988 regula a
matéria no artigo 37, § 6º: “As pessoas jurídicas de direito
4. Responsabilidade do estado no direito público e as de direito privado prestadoras de serviços
brasileiro públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa
O Brasil desde sua primeira constituição, quando qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de
ainda era um Império, já admitia a responsabilidade civil na regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa”.
Administração Pública, ou seja, o país em momento algum O Código Civil de 2002 em seu artigo 43 dispõe sobre a
de sua história passou pelo período de irresponsabilidade responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito
estatal. Como bem explicita Sérgio Cavalieri Filho em um público interno sendo totalmente compatível com a
breve apanhado histórico sobre a responsabilidade civil do Constituição Federal.
Estado brasileiro: Convém ainda registrar a Lei nº. 10.744 de 09 de
“A Constituição do Império (1824), em seu art. 178, outubro de 2003 que versa sobre “a assunção, pela União,
nº 29, estabelecia que: “Os empregados públicos são de responsabilidades civis perante terceiros em casos de
estritamente responsáveis pelos abusos e omissões atentados terroristas, atos de guerra ou eventos correlatos,
praticados no exercício de suas funções, e por não fazerem contra aeronaves de matrícula brasileira operadas por
efetivamente responsáveis aos seus subalternos.” A empresas brasileiras de transporte aéreo público, excluídas
Constituição Republicana (1891), por seu termo, em seu as empresas de táxi aéreo”. Essa lei foi criada devido aos
art. 79, continha disposição idêntica, responsabilizando os atentados terroristas de 11 de setembro nos Estados
funcionários públicos pelos abusos e omissões em que Unidos, tentando amenizar os danos decorrentes de
ataques terroristas.
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responderá, igualmente, quando o dano decorrer de fato Estado (embora do particular possa haver) que não seja
exclusivo da vítima, caso fortuito ou força maior e fato de proveniente de negligência, imprudência ou imperícia
terceiro, por isso que tais fatores, por não serem agentes do (culpa) ou, então, deliberado propósito de violar a norma
Estado, excluem o nexo causal.” (CAVALIERI FILHO, 2009, que o constituía em dada obrigação (dolo).” (CAVALIERI
p. 237) FILHO, apud MELLO, 2004, p. 871-872 e 874) (grifo do
autor)
8. Danos por omissão do Estado Para Carvalho Filho a responsabilização civil do
Os danos causados pelo Estado através de Estado por condutas omissivas só se dará se houver o
condutas comissivas são bem consolidados e perceptíveis elemento anímico, para ele a culpa seria gerada no
tanto para juristas como para particulares que são afetados descumprimento do dever legal que o Poder Público tem de
por essas condutas, porém os danos causados por impedir a consumação do dano, ou seja, a omissão estatal
condutas omissivas não são nítidos e geram controvérsia é o fato gerador do dano. (CARVALHO FILHO, 2010, p.
na doutrina e jurisprudência. 613)
Primeiramente se faz necessária a distinção entre “Todavia, quando a conduta estatal for omissiva,
omissão genérica e omissão específica. A omissão será preciso distinguir se a omissão constitui, ou não, fato
genérica é quando indiretamente a omissão estatal gera a gerador da responsabilidade civil do Estado. Nem toda
ocorrência do fato causador do dano, já a omissão conduta omissiva retrata um desleixo do Estado em cumprir
específica, como bem explica e exemplifica Sérgio Cavalieri um dever legal; se assim for, não se configurará a
Filho (2009, p. 240), é quando diretamente a omissão responsabilidade estatal. Somente quando o Estado se
estatal não evita a ocorrência do fato e é causa direta do omitir diante do dever legal de impedir a ocorrência do dano
dano: é que será responsável civilmente e obrigado a reparar os
“Haverá omissão específica quando o Estado, por prejuízos.” (CARVALHO FILHO, 2010, p. 613)
omissão sua, crie a situação propícia para a ocorrência do Há ainda parte da doutrina que pensa de maneira
evento em situação em que tinha o dever de agir para diversa dos ilustres autores acima citados, como por
impedi-lo. Assim, por exemplo, se o motorista embriagado exemplo Sérgio Cavalieri Filho. Segundo o autor a
atropela e mata pedestre que estava na beira da estrada, a Constituição Federal em seu artigo 37, § 6º, não se refere
Administração (entidade de trânsito) não poderá ser apenas as condutas comissivas, mas engloba também as
responsabilizada pelo fato de estar esse motorista ao condutas omissivas. Cavalieri cita alguns doutrinadores que
volante sem condições. Isso seria responsabilizar a pactuam do seu entendimento, entre eles, Hely Lopes
Administração por omissão genérica. Mas se esse Meirelles, segundo este basta que o agente público pratique
motorista, momentos antes, passou por uma patrulha o ato ou a omissão administrativa como agente público, não
rodoviária, teve o veículo parado, mas os policiais, por é necessário que este esteja no exercício de suas funções
alguma razão, deixaram-no prosseguir viagem, aí já haverá (CAVALIERI FILHO, apud MEIRELLES, 2004, p.630). Para
omissão específica que se erige em causa adequada do essa corrente de pensamento, a responsabilidade civil do
não-impedimento do resultado.” Estado nos casos de omissão é objetiva, ou seja,
Outra observação importante do ilustre jurista é independe da comprovação do elemento anímico.
sobre o ato ilícito, segundo ele “o Estado pratica ato ilícito Este trabalho acadêmico, após as análises feitas
não só por omissão (quando deixa de fazer o que tinha o anteriormente, coaduna com a parte da doutrina que
dever de fazer), como também por comissão (quando faz o entende que a responsabilização civil do Estado por
que não devia fazer), v. g., na troca de tiros da polícia com condutas omissivas é baseada e se enquadra nos
traficantes acaba atingindo um cidadão que passava pelo pressupostos da responsabilidade subjetiva, ou seja,
local.” (CAVALIERI, 2009, p. 240) baseada na teoria da culpa do serviço público que tem
“No mesmo sentido, Celso Antônio Bandeira de como fundamento a teoria francesa da “faute du service”,
Mello: “Quando o dano foi possível em decorrência de uma segundo esta teoria a ausência, a prestação tardia ou
omissão do Estado (o serviço não funcionou, funcionou defeituosa do serviço público gera a responsabilização do
tardia ou ineficientemente) é de aplicar-se a teoria da Estado. Como visto acima, o fato de ser a omissão um ato
responsabilidade subjetiva. Com efeito, se o Estado não ilícito, pois uma vez que os atos estatais são previstos em
agiu, não pode, logicamente, ser ele o autor do dano. E se, normas a omissão ou contrariedade a uma destas normas
não foi o autor, só cabe responsabilizá-lo caso esteja gera um ato ilícito, uma vez que não cumpriu o Estado o
obrigado a impedir o dano. Isto é: só faz sentido dever legal imposto na norma, sendo assim, para a
responsabilizá-lo se descumpriu dever legal que lhe caracterização do dano faz-se necessária a prova de que
impunha obstar ao evento lesivo”. (CAVALIERI FILHO, houve por parte do Estado uma omissão culposa ou dolosa
apud MELLO, 2004, p. 871-872 e 874) (grifo do autor) e observa-se a imprescindibilidade da comprovação do
Retornando aos entendimentos sobre os danos nexo causal entre a conduta omissiva e o dano.
causados por condutas omissivas, alguns doutrinadores “No que pese o art. 37 § 6º da Constituição Federal
como Celso Antônio Bandeira de Mello e José dos Santos não excluir claramente ser a responsabilidade objetiva nos
Carvalho Filho entendem que a omissão do Estado gera a casos de omissão, entende-se que o Estado não pode se
sua responsabilização subjetiva. Para Mello a omissão do tornar um garantidor universal, respondendo por todos os
Estado é um ato ilícito e sendo assim há o elemento culpa: prejuízos que a enorme máquina administrativa possa
“Celso Antônio Bandeira de Mello (Curso de direito causar a terceiros por omissão. Além disso, segundo a
administrativo, 15. ed. Malheiros, p. 871-872) sustenta ser norma do art. 927, parágrafo único, do Código Civil de
subjetiva a responsabilidade da Administração sempre que 2002, só haverá responsabilidade objetiva quando previsto
o dano decorrer de uma omissão do Estado. Pondera que em lei. No caso, o artigo constitucional acima citado não
nos casos de omissão, o Estado não agiu, não sendo, prevê expressamente a conduta omissiva, não podendo ser
portanto, o causador do dano, pelo que só estaria obrigado considerada a responsabilidade objetiva nesses casos por
a indenizar os prejuízos resultantes dos eventos que teria o analogia”. (BAYMA, 2009, p. 18)
dever de impedir. Aduz que “a responsabilidade estatal por Sobre as omissões genéricas, estas também
ato omissivo é sempre responsabilidade por ato ilícito. E, devem ser regidas pelos pressupostos da responsabilidade
sendo responsabilidade por ilícito, é necessariamente subjetiva, senão seria injusto responsabilizar o Estado por
responsabilidade subjetiva, pois não há conduta ilícita do ter sido causa indireta do não-impedimento do evento
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danoso, seria como responsabilizar alguém por uma necessária a prova de que o serviço estatal não funcionou,
eventualidade, ou seja, por algo imprevisível, dessa forma quando deveria normalmente funcionar, seja porque
seria caracterizada como responsabilidade objetiva fundada funcionou mal ou funcionou tardiamente. Destarte, referente
na teoria do risco integral ou risco social, ambas estudadas a culpa da vítima, o fato de a vítima ter agido com culpa não
anteriormente. é de grande relevância, mas sim o fato de que por ter agido
com culpa a vítima provocou o evento danoso, caso em que
9. Causas excludentes da responsabilidade do o Estado não será responsável, uma vez que não houve
Estado conduta estatal na ocorrência do dano.
Haverá casos em que o Estado, por não ter
provocado o dano, não será obrigado a reparar ou indenizar
a vítima pelos danos. Essas são as chamadas causas BENS PÚBLICOS: CARACTERIZAÇÃO, TITULARIDADE,
excludentes de responsabilidade, essas causas excluem a REGIME JURÍDICO, AQUISIÇÃO, ALIENAÇÃO E
responsabilidade civil uma vez que rompem o nexo causal UTILIZAÇÃO DOS BENS PÚBLICOS PELOS
entre conduta e dano. Tem-se como causas excludentes da PARTICULARES
responsabilidade estatal o caso fortuito, a força maior e a
culpa da vítima, a doutrina não é unânime em relação às O presente artigo tem por objetivo trazer à baila os
causas excludentes, divergindo em alguns pontos. Nesta conhecimentos inerentes aos Bens Públicos no Direito
parte, esta pesquisa identifica-se com a doutrina de Rui Administrativo, torneando os estudos que passam pelo
Stoco que preceitua: conceito e classificação destes. Assim, os bens públicos
“Segundo nosso entendimento causas clássicas de que podem ser classificados de uso comum do povo, de
exclusão da responsabilidade são: a) caso fortuito ou força uso especial e dominicais que constituem o patrimônio das
maior, deixado de lado a discussão acerca do entendimento pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito
de que constituem a mesma coisa e b) culpa exclusiva da pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades.
vítima, pois são as únicas com força de romper o liame Visando o presente trabalho, trazer de forma
entre a atuação do Estado e o dano verificado.’ sucinta cada umas dessas características dos bens
Como visto anteriormente, nos casos de públicos que possuem regime jurídico protetivo por parte do
responsabilidade objetiva do Estado, é necessária a Estado; o que não ocorre entre os bens privados, daí o
comprovação do nexo de causalidade entre a conduta do aspecto de serem considerados impenhoráveis,
agente estatal e o dano provocado ao administrado. Sendo imprescritíveis e irrenunciáveis, tendo em vista a ideia de
assim, para eximir o Estado da responsabilidade pelo que todo bem público existe em decorrência de uma
evento danoso, tem que ficar provado que não houve nexo finalidade especifica.
causal entra a conduta estatal e o dano. Nos casos em que Assim, a metodologia empregada neste artigo foi
houver caso fortuito, força maior ou culpa exclusiva da descritiva, de cunho bibliográfico, por meio da utilização de
vítima, o Estado ficará isento em relação a responsabilidade livros e artigos.
pelo fato, uma vez que não foi sua conduta que gerou o
dano. Nesse sentido Cavalieri Filho (2009, p. 252) BENS PÚBLICOS NO DIREITO
exemplifica e explica: ADMINISTRATIVO
“Logo, não o responsabiliza por atos predatórios Conceito
de terceiros, como saques em estabelecimentos O conceito de bem público é legalmente
comerciais, assaltos em via pública etc., nem por danos incompleto, eis que o conceito de bens particulares é
decorrentes de fenômenos da Natureza como enchentes formado por exclusão, como se observa do disposto no art.
ocasionadas por chuvas torrenciais, inundações, 98 do Código Civil, vejamos:
deslizamento de encostas, desabamentos etc., Art. 98. São bens públicos os bens do domínio
simplesmente porque tais eventos não são causados por nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito
agentes do Estado. A chuva, o vento, a tempestade, não público interno; todos os outros são particulares, seja qual
são agentes do Estado; nem o assaltante e o saqueador o for à pessoa a que pertencerem.
são. Trata-se de fatos estranhos à atividade administrativa, Como visto, pela classificação do Código Civil, os
em relação aos quais não guarda nenhum nexo de bens públicos são classificados de acordo com a
causalidade, razão pela qual não lhes é aplicável o princípio titularidade do bem. Certamente tal definição advém de
constitucional que consagra a responsabilidade objetiva do civilistas, mas pensando nesse sentido os bens de uma
Estado. Lembre-se que a nossa Constituição não adotou a pessoa jurídica de administração pública indireta. Assim
teoria do riso integral.”(grifo do autor) vem a doutrina completar esse conceito.
Em casos que há alguma causa de excludente de Segundo Hely Lopes: “Bens públicos são todas as
responsabilidade, a jurisprudência tem decidido que deve coisas corpóreas ou incorpóreas, imóveis, móveis ou
ficar provado que o Estado agiu ou se omitiu com culpa e semoventes, créditos, direitos e ações que pertençam, a
que foi graças à essa atuação deficiente, tardia ou a falta de qualquer título, às entidades estatais, autárquicas,
atuação que fez com que o evento desastroso ocorresse. fundacionais e paraestatais”.
Corroborando, Cavalieri Filho (2009, p. 871-872 E 874) Ocorre que mesmo tal conceito traz a ideia do
explica: regime jurídico em que os bens estão atrelados não
“Razoável que o Estado responda por danos abrange as chamadas Empresas Públicas e sociedades de
oriundos de uma enchente se as galerias pluviais e os economia mista por serem pessoas jurídicas de direito
bueiros de escoamento das águas estavam entupidos ou privado, mas pertencentes à administração pública indireta.
sujos propiciando o acúmulo da água. Nestas situações, Por isso, se tratando de bens das empresas públicas e
sim, terá havido descumprimento do dever legal na adoção sociedade de economia mista segundo a jurisprudência e
de providências obrigatórias. Faltando entretanto, este doutrina os equipara aos bens públicos.
cunho de injuridicidade, que advém do dolo, ou da culpa O problema do conceito é a equiparação do bem
tipificada na negligência, na imprudência ou na imperícia, público, é que esses bens passam a gozar dos mesmos
não há cogitar de responsabilidade pública.” status dos bens públicos, mas com titularidade de bens
Os casos acima apontados serão baseados na privados.
teoria da culpa anônima ou falta do serviço, pois se fará
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Assim, consoante o art. 99, III, do Código Civil, são com ônus reais. Bens desafetados (ou dominicais)
considerados bens. Dominicais aqueles que constituem o submetem-se ao regime jurídico privado; assim,
patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como normalmente podem ser alienados por compra e venda,
objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas doação, permuta, isto é, institutos de direito privado
entidades. A administração em função do seu poder de policia
Da mesma forma, consideram-se dominicais os pode impor restrições como limite de velocidade. Ex: a zona
bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a azul é paga por exercício do poder de polícia e não por uma
que se tenha dado estrutura de direito privado (art. 99, prestação de serviço.
parágrafo único), como ocorre, por exemplo, com os bens
integrantes das fundações públicas, as quais, a despeito de CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS BENS
sua personalidade jurídica de direito público, possuem PÚBLICOS
estrutura jurídica semelhante à das fundações privadas. · Limitação à alienabilidade (Art. 100 – Código
Civil)
2. Utilização dos Bens Dominicais Não se pode afirmar categoricamente que os bens
A utilização dos bens Dominicais segue a mesma públicos são inalienáveis, eis que há a desafetação e uma
lógica dos bens de uso comum do povo, entretanto os bens vez realizado permite a desclassificação do bem permitindo
dominicais ao contrário dos bens de uso comum do povo sua alienação. Nesta mesma linha não se pode falar em
não estão restritos a alienabilidade, pois conforme disposto inalienabilidade pois os bens dominicais são passíveis de
na Constituição Federal, em seu art. 37, XXI, e na Lei n. alienação. Por isso se fala em limitações a alienabilidade,
8.666, de 21-6-1993, em seu art. 19, não necessitam, pois o processo de alienação é mais dificultoso. Os bens
entretanto, serem submetidos ao procedimento da públicos de uso comum e de uso especial são inalienáveis,
desafetação. enquanto conservarem a qualificação, na forma que a lei
a) Que exista uma lei que autorize a alienação do determinar (Código Civil, art. 100). Vejamos:
bem Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo
b) Procedimento de Avaliação Prévia e os de uso especial são inalienáveis, enquanto
c) Licitação Previa se o bem for móvel (leilão) se conservarem a sua qualificação, na forma que a lei
bem imóvel na modalidade concorrência. determinar.
Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser
3. Usucapião de Bens Dominicais alienados, observadas as exigências da lei.
Também não podem ser objeto de usucapião, à
semelhança dos demais bens públicos, conforme já decidiu, · Imunidade Tributária (Art. 150, VI, alínea a, e §
inclusive, o Supremo Tribunal Federal, e cujo entendimento 2º e § 3º da Constituição Federal)
foi objeto de sua Súmula 340,"desde a vigência do Código Trata-se da imunidade tributária recíproca. As
Civil, os bens dominicais, como os demais bens públicos, pessoas jurídicas de direito público fazem jus a essa
não podem ser adquiridos por usucapião". imunidade tributária, como forma de manutenção de seus
Apesar de não estarem afetados a uma finalidade bens. O entendimento atual do STF é que há uma extensão
pública específica, os bens dominicais integram o da imunidade tributária recíproca quando se tratar de
patrimônio da Administração Pública, de modo que esta pessoas jurídicas da administração pública indireta, que
pode cobrar tarifas como achar conveniente. tenham por objeto exclusivamente a prestação de serviços
públicos os seus bens são equiparados a bens públicos.
· A classificação dos bens públicos de acordo Vale destacar que no STF tal entendimento não é
com o conceito de bem público unanime, de modo que foi dado em outra composição do
Quando se tratar de bens de uso comum do povo STF. Na opinião do professor, o fato de prestar serviço
e bens dominicais a propriedade desses bens é classificado público não lhe dá nenhum status diferenciado eis que a
de acordo com a titularidade segundo o que dispõe o Constituição a equipara a outras empresas, não havendo
Código Civil. No caso dos bens de uso especial utilizará motivos para lhe atribuir imunidade eis que visam assim
tanto o critério da titularidade quanto o disposto na lei de como outras empresas o lucro.
uso e concessões, a doutrina e jurisprudência.
· Não sujeição a usucapião (art. 102 Código
Civil)
REGIME JURÍDICO, A DESAFETAÇÃO E O A usucapião é uma forma de aquisição originária
DIREITO DE PROPRIEDADE de um bem. Neste sentido, se opõe a forma de aquisição
A desafetação, do verbo afetar que significa derivada (proveniente de outro dono, havendo vinculação
destinar. Os bens de uso público estão afetados, pois estão e.). Na usucapião trata-se de aquisição originária eis que
a favor do interesse público. Para que o bem tenha a ele se desenvolve pela posse do bem, de modo que ele
propriedade transferida é preciso da desafetação, ou seja, a trará a primeira aquisição do bem pela posse.
retirada do bem público do interesse público. A desafetação A administração pública pode adquirir um bem por
é a cessação da destinação especifica atribuída ao bem. usucapião, mas os bens públicos não estão sujeitos à
O direito de propriedade é um direito complexo usucapião. A única situação possível é a indenização em
composto pelo direito de usar, fruir e dispor, assim é relação as benfeitorias realizadas.
formado de forma tríplice. Usar significa fazer uso das No tocante à usucapião, também cabe ressaltar a
comodidades que o bem oferece. Fruir está relacionado à Súmula 340, “desde a vigência do Código Civil, os bens
absorção dos frutos do bem decorrentes domínio do bem e dominicais, como os demais bens públicos, não podem ser
dispor relacionado ao poder inerente ao direito de adquiridos por usucapião”.
propriedade e que nesta esse direito ou poder autoriza a
transferência da propriedade como um todo. · Impenhorabilidade (arts. 730/731 CPC)
A impenhorabilidade impossibilita que um bem
Bens públicos afetados são aqueles que público seja objeto de penhora judicial. A penhora é uma
obedecem ao regime jurídico público, ou seja, são forma de constrição judicial ao patrimônio, destinada a
inalienáveis, impenhoráveis, imprescritíveis e não graváveis satisfazer um direito creditício exercitado pela via executiva.
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A vedação à penhora dos bens públicos funda-se revogar extemporaneamente. É da competência do órgão
nos princípios da supremacia do interesse público e da que administra o bem autorizar seu uso.
indisponibilidade. Autorização Uso: Ato pelo qual a Administração
Destaque-se que as empresas públicas e socieda- consente que o particular se utilize o bem público com
des de economia mista que explorem atividade econômica, exclusividade
nos termos do art. 173 da Constituição Federal, não Ato Negocial
gozarão do privilégio da impenhorabilidade sobre seu Unilateral
patrimônio, sendo este assegurado unicamente àquelas Discricionário
estatais que tenham por objeto a prestação de serviços Precário
públicos. Efêmero
Gratuito ou Oneroso
FORMAS DE UTILIZAÇÃO DOS BENS
PÚBLICOS · Permissão de uso:
· Uso Comum: Consiste numa forma de atribuição do uso de um
Todo bem de uso comum do povo está ligado ao bem público a um particular que tem caráter negocial,
interesse coletivo e difuso que gravitam sobre o bem da sendo igualmente precária e discricionária, mas não é
mesma forma como ao direito público subjetivo, assim efêmera.
entendido como um direito que é outorgado a qualquer É ato negocial, unilateral e precário, gratuito ou
administrado, submetida ás normas administrativas para oneroso, formalizado mediante decreto ou portaria,
que este sujeito possa requerer providencias em face da executado pela Administração Pública no interesse de um
administração pública. administrado e por meio do qual ela lhe atribui o direito de
a) Ordinário: É aquele uso atribuído sem qualquer utilizar, em caráter individual e de modo continuado, um
necessidade de lei ou autorização específica (Ex: uso das determinado bem (esta frui certas vantagens do uso, que se
vias públicas) assemelha a um serviço de utilidade). Exemplo: bancas de
b) Extraordinário: Trata-se de situações em que o jornais.
bem público será utilizado na sua totalidade, mas ainda seu Pode-se dizer que a principal diferença entre a
uso é comum, sendo necessário nesse sentido autorização autorização de uso de bem público e a permissão de uso de
devido a utilização do bem (ex: montagem de palco em via bem público é que a primeira se destina ao uso temporário
pública para show). e eventual de determinado bem público, enquanto a
segunda tem por finalidade atribuir ao particular o uso em
· Uso Especial: caráter continuado (mas igualmente precário) de
São formas que permitem ao particular o uso determinado bem público.
privativo de bem público. O uso especial tem um caráter Uma vez conferida a permissão ao particular, este
personalíssimo, intiutu personae, ou seja, se reveste de um tem a obrigação, e não a faculdade (como no caso da
caráter privativo e exclusivo a um sujeito determinado. autorização), de utilizar o bem, sob pena de caducidade,
Necessário lembrar que a Administração não garante a pois ela envolve interesse público. A permissão também
manutenção do direito que ela concede. pode ser simples ou qualificada.
Existem 6 formas de uso especial do bem público: Permissão de Uso: Ato pelo qual administração
Autorização de uso, Permissão de uso, Concessão de Uso, dá o direito da pessoa utilizar o bem de forma não efêmera.
Concessão de Direito Real de Uso, Cessão de Uso e Ato Negocial
Concessão Especial de Uso. Unilateral
Discricionário
FORMAS DE USO ESPECIAL DO BEM PÚBLICO Precário
· Autorização de uso: Formalizado mediante decreto ou portaria
É a forma mais elementar de uso do bem público. Gratuito ou Oneroso
A autorização de uso é ato negocial, unilateral,
discricionário, precário, gratuito ou oneroso, pelo qual a · Concessão de uso:
Administração consente que o particular se utilize o A concessão de uso de bem público é um contrato
bem público com exclusividade. Vejamos as administrativo, celebrado entre a Administração Pública e o
características: administrado, por meio do qual o administrado (pessoa
1. Discricionário: Trata-se de ato em que há o física ou jurídica), ora concessionário, é investido no direito
mérito administrativo em relação a oportunidade e de uso de um bem público durante certo período de tempo,
conveniência do ato. contratualmente previsto, assumindo, em contraprestação,
2. Precário: é precário, pois trata-se de uma certas obrigações para com a Administração Pública
outorga, sem estabilidade, podendo ser revogado a concedente.
qualquer momento Das três modalidades de utilização de bens
3. Efêmero: Não pode ter um prazo longo, pois do públicos é a mais complexa. A concessão é um contrato de
contrário se cria uma expectativa, podendo a pessoa direito público, sinalagmático, oneroso ou gratuito,
realizar benfeitorias. comutativo e realizado intuitu personae. Por ser modalidade
Exemplo: autorização para instalação temporária contratual, exige-se licitação obrigatória e deve ser
de um parque de diversões, requisição do particular de uso instrumentalizada mediante contratos.
de terreno baldio do ente federativo para a realização de Toda esta formalidade ela visa dar segurança
evento. jurídica e estabilidade para o particular, deve ter prazo seno
A utilização do bem é conferida no interesse compatível com o valor exigível. Não é precário, pois não
privado do particularmente. A autorização pode ser simples, pode ser revogado a qualquer momento.
quando não tem prazo de duração, ou qualificada se o Vale destacar não há possibilidade de a
prazo for determinado. Se o Poder Público fixar prazo na concessão ser utilizada para atender a finalidades de
autorização, ele acaba por retirar o caráter de precariedade, interesse particular do concessionário, exceto se o uso
típico do instituto, e se sujeita a indenizar o particular se a privativo constituir a própria finalidade do bem. Nota-se que
o direito pessoal de uso do bem público é privativo e
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intransferível sem prévio consentimento da perdendo, neste caso, as benfeitorias de qualquer natureza,
Administração. (art. 1º, § 3º).
Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro, a A concessão de direito real de uso, salvo
concessão “é o instituto empregado preferentemente à disposição contratual em contrário, transfere-se por ato inter
permissão, nos casos em que a utilização do bem público vivos, ou por sucessão legítima ou testamentária, como os
objetiva o exercício de atividades de utilidade pública de demais direitos reais sobre coisas alheias, devendo a
maior vulto e, por isso mesmo, mais onerosas para o transferência ser objeto de registro (art. 7º, § 32).
concessionário”
Em que pese a autorização e a permissão sejam 3. Elaboração do contrato e possibilidade de
atos discricionários, sempre será necessária a observância dispensa da licitação
da lei. O ato discricionário é, na verdade, um dever-poder A realização do termo ou contrato de concessão
do administrador previsto em lei (até porque a ele não cabe de direito real de uso, em princípio, deve ser precedida de
manifestar sua vontade: a lei lhe concede mais de uma lei autorizadora específica, bem como de licitação prévia,
opção para o caso concreto, mas o administrador deve ficando o processo licitatório expressamente dispensado
observar o momento e a conveniência para realizar o ato). nas hipóteses em que a concessão tenha por objeto a
A concessão de uso é relação contratual entre transferência do direito de uso:
Estado e particular. A lei estabelece os casos em que há a) De imóveis residenciais construídos, destinados
possibilidade da concessão do serviço ao particular. ou efetivamente utilizados no de programas habitacionais
Exemplos: os boxes em mercados públicos, instalação de ou de regularização fundiária de interesse público
restaurantes em prédios públicos, etc. A concessão da desenvolvidos por órgãos ou entidades da administração
administração de rodovias a empresas privadas trata-se de pública;
modalidade de concessão de serviço público precedida da b) A outro órgão ou entidade da Administração
realização de obra pública. Pública, qualquer que seja a localização do imóvel
Concessão de Uso: o concessionário é investido c) A pessoa natural que haja implementado os
no direito de uso de um bem público durante certo período requisitos mínimos de cultura, ocupação mansa e pacífica e
de tempo, contratualmente previsto, assumindo, em exploração direta sobre área rural situada na Amazônia
contraprestação, certas obrigações para com a Legal (Lei n. 8.666, de art. 17, I, f, e § 2º).
Administração Pública concedente. Concessão do Direito Real Uso: a transferência
Contrato Administrativo celebrado com a do uso de terrenos públicos, para fins específicos
Administração Pública Celebrado por termo ou contrato administrativo
Sinalagmático Por instrumento Público ou Particular
Gratuito ou Oneroso Deve ser inscrita em livro especial
Comutativo Concessionário arca com todas as despesas e
Exige Licitação Prévia encargos do imóvel
· Concessão do Direito Real de Uso Tempo determinado ou indeterminado
1. Conceito e Finalidade Gratuito ou Oneroso
Denomina-se concessão de direito real de uso a Forma Resolúvel: No prazo ou antecipadamente
transferência do uso de terrenos públicos, em caráter em caso de uso do imóvel para outra finalidade.
oneroso ou gratuito, por tempo determinado ou não, de É transmissível por ato inter vivos ou por sucessão
forma resolúvel, para fins específicos de: legitima ou testamentária
a) Regularização fundiária de interesse social Deve ser precedido de lei específica e exige
b) Urbanização Licitação Prévia
c) Industrialização
d) Edificação · Concessão Especial de Uso (Concessão de
e) Cultivo da terra aproveitamento sustentável das uso especial de imóvel urbano público)
várzeas A concessão especial de uso consiste na
f) Preservação das comunidades tradicionais e transferência, a título gratuito do direito de uso de terrenos
seus meios de subsistência públicos que tenham sido ocupados por população de baixa
g) Outras modalidades de interesse social em renda para fins de moradia.
áreas urbanas. Trata-se de instituto jurídico muito próximo da
concessão de direito real de Uso, diferenciando-se em
2. Requisitos e características relação àquele pelo fato de que na concessão especial do
Encontra-se prevista no Decreto-Lei n. 271, de 28- uso do bem imóvel público é transferido exclusivamente
2-1967, e deve ser instrumentalizada mediante termo ou para fins de moradia i Ic quem o possua, nas condições
contrato administrativo, por instrumento público ou legais.
particular, devendo ser inscrita em livro especial, sendo Foi prevista pela Medida Provisória n. 2.220, de 4-
que, nos, termos do art. 7º, § 2º, daquela norma, desde a 9-2001, que estabelecia em seu art. 1º que aquele que, até
inscrição da concessão de uso, o concessionário fruirá 30-6-2001, possuísse como seu, por cinco anos,
plenamente do terreno para os fins estabelecidos no ininterruptamente e sem oposição, até 250 m2 de imóvel
contrato e responderá por todos os encargos civis, público situado em área urbana, utilizando-o para sua
administrativos e tributários que venham a incidir sobre moradia ou de sua família, teria o direito à concessão de
o imóvel e suas rendas. uso especial para fins de moradia em relação ao bem
O elemento resolutivo da concessão se caracteriza objeto da posse, desde que não fosse proprietário ou
pelo fato de que, uma vez verificado o seu termo concessionário, a qualquer título, de outro imóvel urbano ou
resolutivo (data de término da concessão), esta se rural.
extingue, podendo ainda extinguir-se por resolução Por fim, ressalte-se que a Lei n. 11.481, de 31-5-
antecipada desde que o concessionário atribua ao 2007 estabelece em seu art. 22-A que a concessão
imóvel destinação diversa da estabelecida no termo ou especial de uso para fins de moradia aplica-se às áreas de
contrato, ou descumpra cláusula resolutória do ajuste, propriedade da União, inclusive aos terrenos de marinha e
acrescidos, e será conferida aos possuidores ou ocupantes
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