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QUESTÃO 34

Art. 24. É dispensável a licitação:

XV - para a aquisição ou restauração de obras de arte e objetos históricos, de autenticidade


certificada, desde que compatíveis ou inerentes às finalidades do órgão ou entidade.

Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição,


em especial:

II - para a contratação de serviços técnicos enumerados no art. 13 desta Lei,


de natureza singular, com profissionais ou empresas de notória
especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade e
divulgação;
Por sua vez, no que tange à inexigibilidade de licitação, com espeque no art. 25, II, da Lei n°
8.666/1993, há que se fazer a conjugação deste dispositivo com a regra inserta no art. 13 da
Lei supracitada, ALÉM DE SER OBRIGATÓRIA A PRESENÇA DE 03 (TRÊS) REQUISITOS
CUMULATIVOS, quais sejam: serviço técnico-profissional especializado; existência de um
objeto singular e profissional de notória especialização.

“ O conceito de serviço técnico profissional especializado consta do art. 13. O INCISO II


ACRESCENTA DUAS EXIGÊNCIAS À CONTRATAÇÃO COM INEXIGIBILIDADE, A SABER, O
OBJETO SINGULAR DA CONTRATAÇÃO E A NOTÓRIA ESPECIALIZAÇÃO. A INEXIGIBILIDADE
APENAS SE CONFIGURA DIANTE DA PRESENÇA CUMULATIVA DOS TRÊS REQUISITOS. Ou seja,
não basta configurar-se um serviço técnico profissional especializado, mas a contratação direta
dependerá de constatar-se a existência de objeto singular. Ademais disso, apenas poderá ser
contratado um sujeito titular de notória especialização.”. Justen Filho (2010, p. 367).

O Tribunal de Contas da União ensejou a edição da Súmula 252 (2010) e da Súmula 264 , a
saber:

SÚMULA/TCU Nº 252 - A inviabilidade de competição para a contratação de serviços técnicos


a que alude o inciso II do art. 25 da Lei n° 8.666/1993, decorre da presença simultânea de três
requisitos: serviço técnico especializado, entre os mencionados no art. 13 da referida lei,
natureza singular do serviço e notória especialização do contrato.

SÚMULA/ TCU Nº264 (que somente deu nova redação para o enunciado da Súmula 39) – A
inexigibilidade de licitação para a contratação de serviços técnicos com pessoas físicas ou
jurídicas de notória especialização somente é cabível quando se tratar de serviço de natureza
singular, capaz de exigir, na seleção do executor de confiança, grau de subjetividade
insuscetível de ser medido pelos critérios objetivos de qualificação inerentes ao processo de
licitação, nos termos do art. 25, inciso II, da Lei n° 8.666/1993.3
A natureza do objeto a ser contratado é que determina a inviabilidade de competição, em
especial pelo grau de confiança envolvido. Esse é o teor do entendimento do TCU eternizado
pela Súmula 39,

SÚMULA/TCU Nº 39: “A inexigibilidade de licitação para a contratação de serviços técnicos


com pessoas físicas ou jurídicas de notória especialização somente é cabível quando se tratar
de serviço de natureza singular, capaz de exigir, na seleção do executor de confiança, grau de
subjetividade insuscetível de ser medido pelos critérios objetivos de qualificação inerentes ao
processo de licitação, nos termos do art. 25, inciso II, da Lei nº 8.666/93”.

O art. 13 não pode condicionar o instituto da inexigibilidade de licitação, porque ela não
decorre dele, mas da própria inviabilidade de competição, cujo fundamento de validade é o
inc. XXI do art. 37 da Constituição. Assim, outros serviços técnicos pro ssionais especializados,
de natureza singular, podem ser também contratados por inexigibilidade, ainda que não
indicados expressamente no art. 13 da Lei nº 8.666/93

Professor Adilson Abreu Dallari (DALLARI, 2003, p. 50):

“ Nem todo serviço técnico especializado enseja a pura e simples dispensa de licitação. Existem
serviços que, não obstante requeiram acentuada habilitação técnica, podem ser realizados por
uma pluralidade de profissionais ou empresas especializadas, indistintamente. A dispensa de
licitação só poderá ocorrer quando um serviço técnico se tornar singular, ou seja, quando o
fator determinante da contratação for o seu executante, isto é, quando não for indiferente ou
irrelevante a pessoa, o grupo de pessoas ou a empresa executante.”.

De acordo com Hely Lopes Meirelles a notória especialização é uma


característica dos profissionais que, além da habilitação técnica e
profissional, exigida para os profissionais em geral, foram além em sua
formação, participando de cursos de especialização, pós-graduação,
congressos, seminários, produzindo artigos e livros, com participação ativa e
constante na vida acadêmica.
Dessa forma, para caracterizar a inexigibilidade, não basta apenas a notória
especialização do profissional, é necessária ainda a singularidade do objeto,
ou seja, o serviço é tão singular que só pode ser feito pelo próprio
profissional. Assim, a natureza singular e específica do serviço é o que
justifica a excepcionalidade da inexigibilidade.

No caso, a questão só atende a um desses requisitos – o serviço técnico profissional


especializado. OS ENTENDIMENTOS ACIMA, INCLUSIVE DE ACORDO COM O ART 25 II, SÃO
CLAROS QUANTO A EXIGÊNCIA DE QUE PARA INEXIGIBILIDADE TEM-SE QUE ATENDER OS TRÊS
REQUISITOS CUMULATIVAMENTE, OU SEJA, DE FORMA SIMULTÂNEA, NÃO BASTANDO
APENAS A PRESENÇA DE PROFISSIONAIS ESPECIALIZADOS PARA QUE A LICITAÇÃO SEJA
INEXIGIVEL
QUESTÃO 40

COMENTÁRIO: Quem fez a questão não observou a essência do conceito de arquivos.


RECURSO:

 Segundo Marilena Leite Paes: “os documentos de arquivo são


produzidos e conservados com objetivos funcionais, enquanto os
documentos de biblioteca são produzidos e conservados com objetivos
culturais.”
 Segundo Heloísa Liberalli Bellotto: “biblioteca é órgão colecionador
(reúne artificialmente o que vai surgindo e interessando à sua
especialidade), em cujo acervo as unidades estão reunidas pelo
conteúdo. Os objetivos dessa coleção são culturais, técnicos e
científicos.”
Schellenberg, um arquivista americano muito conhecido na área de Arquivologia, destaca em
uma de suas obras que há algumas diferenças básicas entre arquivo e biblioteca, e são
justamente estas diferenças que as bancas costumam buscar para elaborar as questões acerca
deste assunto. São elas: 1) Enquanto o arquivo conserva documentos para fins funcionais, as
bibliotecas conservam documentos para fins culturais; 2) Enquanto no arquivo os documentos
são acumulados organicamente (refletem as atividades da entidade acumuladora), na
biblioteca, os documentos são colecionados e adquiridos por meio de compra, doação ou
permuta; 3) Enquanto no arquivo os documentos existem em um único exemplar ou limitado
número de cópia, na biblioteca os documentos existem em numerosos exemplares; 4)
Enquanto nas bibliotecas existe uma classificação padronizada (toda biblioteca é organizada
segundo parâmetros internacionais e rigorosamente padronizados), cada arquivo tem sua
lógica própria, de acordo com a instituição a que está vinculado.

Bellotto (2004, p. 43) para ilustrar as diferentes características das instituições de acervo
cultural, nos aponta a comparação entre Arquivos, Bibliotecas e Museus, abaixo
representada:

Fins de produção – Arquivo: Administrativos, jurídicos, funcionais, legais


Biblioteca: Culturais, científicos, técnicos, artísticos, educativos.
Museu: Culturais, artísticos, funcionais.

A doutrina estabelece uma clara distinção entre o que é Arquivo


e o que seria Biblioteca e as suas diferentes finalidades. Segundo
a questão, uma das finalidades da gestão de arquivos seria “(...)
desenvolvimento científico”; no entanto, tal finalidade faz parte
das finalidades de uma Biblioteca. Segundo Belloto - o
arquivo é órgão receptor (recolhe naturalmente o que
produz a administração pública ou privada à qual
serve) e em seu acervo os conjuntos documentais
estão reunidos segundo sua origem e função, isto é,
suas divisões correspondem ao organograma da
respectiva administração; os objetivos primários do
arquivo são jurídicos, funcionais e administrativos e
os fins secundários serão culturais e de pesquisa
histórica, quando estiver ultrapassado o prazo de
validade jurídica dos documentos (em outras
palavras, quando cessarem as razões por que foram
criados); e a fonte geradora é única, ou seja, é
administração ou a pessoa à qual o arquivo é ligado.
(BELLOTTO, 2006, p.38).

- a biblioteca é órgão colecionador (reúne


artificialmente o material que vai surgindo e
interessando à sua especialidade), em cujo acervo as
unidades estão reunidas pelo conteúdo (assunto); os
objetivos dessa coleção são culturais, técnicos e
científicos; e seus fornecedores são múltiplos
(diferentes livrarias, editoras, empresas gráficas,
empresas jornalísticas, laboratórios de microfilmes
etc.). (BELLOTTO, 2006, p.38).

Apesar das convergências, esses locais também apresentam diferenças no que tange a função
e organização de acervos e documentos.

Bellotto (2006), cuja ideia integra o tópico dedicado à Arquivologia, destaca-se que as
distinções dos documentos de arquivos e dos documentos de bibliotecas residem em seu
nascedouro. Os documentos de biblioteca são resultados de uma criação artística ou de uma
pesquisa, que objetivam a divulgação técnica, científica, humanística, filosófica, ao passo que o
documento de arquivo é produzido no transcurso das atividades e funções jurídicas ou
administrativas, apresentando essencialmente relações orgânicas entre si (característica
central dos documentos arquivistísticos).

pode-se dizer que a Biblioteconomia, além de se ocupar do problema da explosão documental


científica, produziu boas tentativas de respostas para as questões de armazenamento e
organização de documentos.

Os museus, ainda segundo Tessitore, possuem “objetos tridimensionais, originados da


atividade humana ou da natureza, reunidos, artificialmente, sob a forma de coleções, em
torno de seu conteúdo ou função”. A organização dos museus é pautada pela natureza e
finalidade de seu material (acervo), possuindo finalidades educativas, científicas e culturais e
fazendo referência a cada objeto de seu acervo (TESSITORE, 2003, p. 13).

Segundo o Estatuto Brasileiro de Museus, em seu artigo 1º, Consideram-se museus [...] as
instituições sem fins lucrativos que conservam, investigam, comunicam, interpretam e
expõem, para fins de preservação, estudo, pesquisa, educação, contemplação e turismo,
conjuntos e coleções de valor histórico, artístico, científico, técnico ou de qualquer outra
natureza cultural, abertas ao público, a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento.
(BRASIL, 2009, p. 1)

o, a biblioteca participa do aprimoramento intelectual, humanístico, técnico e científico de


todos os segmentos sociais (ANDRADE; OLIVEIRA, 2005).

Além de que, conforme estabelece o art. 2 da Lei LEI No 8.159, DE 8 DE JANEIRO DE 1991. Art.
2º - Consideram-se arquivos, para os fins desta Lei, os conjuntos de documentos produzidos e
recebidos por órgãos públicos, instituições de caráter público e entidades privadas, em
decorrência do exercício de atividades específicas, bem como por pessoa física, qualquer que
seja o suporte da informação ou a natureza dos documentos. Em uma interpretação simples
do termo acima destacado: " em decorrência do exercício de atividades específicas" é fácil
vincular que a gestão de materiais é uma atividade especifica da administração pública, sendo
desta forma impossível afirmar que os arquivos não acumulam documentos relacionados ao
controle patrimonial. A preocupação com a organização e o acesso aos documentos públicos é
antiga, mas só recentemente foram dados passos decisivos neste sentido. A Constituição
Federal de 1988 dispõe, no parágrafo 2º do artigo 216, que “cabem à administração pública,
na forma da lei, a gestão da documentação governamental e as providências para franquear
sua consulta a quantos dela necessitem”. Mais tarde, a lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991,
que dispõe sobre a política nacional de arquivos públicos e privados, preconiza a revitalização
dos serviços arquivísticos do Poder Público por meio de programas de gestão de documentos,
que reúnam procedimentos e operações técnicas referentes à produção, tramitação, uso,
avaliação e arquivamento de documentos. O Código de classificação de documentos de
arquivo para a administração pública: atividades-meio e a Tabela básica de temporalidade e
destinação de documentos de arquivo relativos às atividades-meio da administração pública
foram elaborados por técnicos do Arquivo Nacional, da antiga Secretaria da Administração
Federal e do Ministério do Planejamento e Orçamento e constituem elementos essenciais à
organização dos arquivos correntes e intermediários, permitindo acesso aos documentos por
meio da racionalização e controle eficazes das informações neles contidas. Assim, podemos
observar que o PLANO DE CLASSIFICAÇÃO DE DOCUMENTOS da atividade meio DO CONSELHO
NACIONAL DE ARQUIVOS (CONARQ)8, que se aplica à administração pública direta e indireta,
TRAZ A CLASSE 030, destacada abaixo, que trata especificamente de documentos que devem
fazer parte do arquivos relativos à Administração de Materiais, conforme destacado abaixo: 8
http://conarq.arquivonacional.gov.br/images/publicacoes_textos/
Codigo_de_classificacao.pdf Classe 030 – MATERIAL - São classificados os documentos
referentes à ADMINISTRAÇÃO DOS MATERIAIS do órgão, necessários ao desenvolvimento de
suas atividades, incluindo as formas de aquisição e alienação, o controle do estoque e da
distribuição e a conservação e reparo. Diante do exposto, fica evidente que a questão em tela
DEVE SER ANULADA por não apresenta afirmativa errada.

Instituto AOCP - Arquivista (UNIR)/2018

Considerando as unidades de informação apontadas a seguir e seus respectivos


conceitos, de natureza semelhante a de um Arquivo, julgue, como
VERDADEIRO OU FALSO, o item a seguir.
MUSEU: É uma instituição de interesse público, criada com a finalidade de
conservar, estudar e colocar à disposição do público conjuntos de peças e
objetos de valor cultural.

Certo
 Errado

Para Marilena Leite Paes, “a principal finalidade dos arquivos é servir a administração,
constituindo-se, com o decorrer do tempo, em base do conhecimento da história”. Destaca
ainda que a “função básica do arquivo é tornar disponível as informações contidas no acervo
documental sob sua guarda ”. Observa-se, portanto, que o arquivamento não consiste apenas
em guardar documentos, mas servir de fonte de pesquisa para toda a administração, servindo
de base para eventuais tomadas de decisões e ainda para a preservação da história.
QUESTÃO 46

Podemos entender conforme discorre Maria Sylvia Zanella Di Pietro que a sanção
disciplinar é um ato administrativo propriamente dito, "quanto à função da vontade,
voltada para obtenção de determinados efeitos jurídicos definidos em lei" [58] E
segundo a citada professora poder-se-á dividi-lo em ato administrativo discricionário,
ou neste caso sanção disciplinar discricionária, "será discricionário quando houver
vários objetos possíveis para atingir o mesmo fim, sendo todos eles válidos perante o
direito; é o que ocorre quando a lei diz que, para a mesma infração, a Administração
pode punir o funcionário com as penas de suspensão ou de multa" [59]e ato
administrativo vinculado, ou sanção disciplinar vinculada onde, "o ato será vinculado
quando a lei estabelece apenas um objeto como possível para atingir determinado fim;
por exemplo, quando a lei prevê uma única penalidade possível para punir uma
infração" [60].

“1. Inexiste discricionariedade (juízo de conveniência e


oportunidade) no ato administrativo que impõe sanção
disciplinar, razão pela qual o controle jurisdicional, nesses
casos, é amplo e não se limita a aspectos formais. (STJ, Rec.
em MS 21.259/SP 2006/0026.257-4, rel. Min. Felix Fischer)

1. Tendo em vista o regime jurídico disciplinar,


especialmente os princípios da dignidade da pessoa
humana, culpabilidade e proporcionalidade, inexiste
aspecto discricionário (juízo de conveniência e
oportunidade) no ato administrativo que impõe sanção
disciplinar. 2. Inexistindo discricionariedade no ato
disciplinar, o controle jurisdicional é amplo e não se
limita a aspectos formais. 3 e 4 (...) Ordem denegada,
sem prejuízo das vias ordinárias” (STJ, MS 12.983/DF,
3.ª Seção, rel. Min. Felix Fischer, DJ 15.02.2008)
2. “1. Por força dos princípios da proporcionalidade,
dignidade da pessoa humana e culpabilidade, aplicáveis
ao regime jurídico disciplinar, não há juízo de
discricionariedade no ato administrativo que impõe
sanção a Servidor Público em razão do cometimento de
infração disciplinar, de sorte que o controle
jurisdicional é amplo, não se limitando, portanto,
somente aos aspectos formais. Precedente” (STJ, MS
13.083/DF -2007/0217.736-7, 3.ª Seção, rel. Min.
Napoleão Nunes Maia Filho, j.
13.05.2009, DJe 04.06.2009)
BANDEIRA DE MELLO (2003, p. 9), por sua vez, sustenta que há vinculação quando a lei, dada uma
hipótese descrita em termos de objetividade absoluta, predetermina de modo completo a única conduta
a ser adotada obrigatoriamente pelo administrador, de forma que não remanesça margem de liberdade
para que este faça uso de qualquer subjetivismo.

DI PIETRO (2001, p. 66) entende que há discricionariedade quando o regramento legal, por não atingir
todos os aspectos do ato administrativo, faz remanescer certa margem de decisão diante do caso
concreto, de modo que o administrador possa, com base em critérios de oportunidade e conveniência,
escolher entre uma pluralidade de soluções válidas.

A questão refere-se aos ATOS ADMINISTRATIVOS, sendo indagado ao aluno qual o ato
que mais se aproxima com a aplicação da SANÇÃO DE MULTA de 5 a 10% . Com a
seguinte indagação: A aplicação dessa nova sanção pode ser classificada com um ato
administrativo. A aplicação de sanção é ato VINCULADO (poder dever) sendo uma
determinação na lei em que o administrador não tem liberalidade em fazer ou não mas sim
com a obrigatoriedade de fazer. A questão NÃO pergunta sobre a proporcionalidade da
sanção de multa (5-10%) em que poder-se-ia pensar em poder DISCRICIONÁRIO, mas
sim, em aplicar a SANÇÃO, portanto, aplicar a SANÇÃO é poder vinculado. A má redação
da questão não pode ser pactuada pela banca prejudicando o candidato.
Questão 41

RECURSO: A cobrança de matérias na prova não compreendida no conteúdo programático não


viola apenas ao princípio da vinculação ao instrumento convocatório, mas também aos
princípios da boa-fé administrativa e da proteção à confiança. 9 Precisando o sentido dos
princípios da proteção à confiança e da boa-fé administrativa ALMIRO DO COUTO E SILVA10
esclarece que boa-fé diz respeito à lealdade, correção e lisura do comportamento das partes,
reciprocamente, que devem comprometerse com a palavra empenhada. Já o princípio da
proteção à confiança é atributo da segurança jurídica, que pode ser decomposto em duas
partes: uma objetiva, que cuida dos limites à retroatividade dos atos estatais, e outra
subjetiva, tocante propriamente à proteção da confiança das pessoas na atuação estatal. A
Administração ao publicar o edital do concurso contendo o conteúdo programático desperta
no concursando a legítima expectativa de que somente as matérias ali compreendidas serão
objeto de avaliação e o candidato ao se inscrever no certame concorda com os termos do
edital se comprometendo a cumprir todas suas regras e a estudar as matérias elencadas pelo
instrumento.11 Desta maneira, dentre outras, vê-se como deve ser feita a aplicação e
interpretação do princípio da vinculação ao instrumento convocatório em concursos públicos.
Ao incluir no texto da questão A EXIGÊNCIA do conhecimento da Portaria nº 092/2011 do
Arquivo Nacional que aprova a Tabela de Temporalidade e Destinação de Documentos de
Arquivo relativos às Atividades-fim das Instituições Federais de Ensino Superior NÃO PREVISTO
NO EDITAL, o examinador acabou por vincular a resolução da questão ao ESTUDO DE TAL
NORMATIVO FERINDO FRONTALMENTE PRINCIPIOS BÁSICOS QUE REGEM OS CONCURSOS
PÚBLICOS, uma vez que era exigido somente no item 09 DO CONTEÚDO PROGRAMÁTICO (9.
Noções de arquivologia), FICANDO evidente que a exigência do conhecimento da Portaria nº
092/2011, NÃO ENCONTRA-SE elencado ferindo o princípio da proteção à confiança e
vinculação ao instrumento convocatório. Diante do exposto acima, levando como referência o
principio da vinculação ao Instrumento Convocatório, da proteção à confiança e da boa-fé
administrativa SOLICITO À ANULAÇÃO DA QUESTÃO.

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