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TESTE DE PORTUGUÊS

8.º Ano
Nome: _______________________________________________Nº:______Ano/Turma:______
Classificação: ___________________________ O/A Professor(a):_______________________
O Encarregado de Educação: __________________________ ____/____2014

GRUPO I- COMPREENSÃO ORAL (10 pts)

1.Ouve com atenção o conto “Bilhete com foguetão”, de Ondjaki, e assinala para cada
item a única opção correta.
1.1. Em que ano estudava o narrador deste 1.6. Depois do intervalo, o narrador sentia-
conto, na altura dos acontecimentos? se
a) 3º ano. a) contente e descontraído.
b) 4º ano. b) ansioso para que a aula acabasse.
c) 5º ano. c) nervoso e a transpirar.
d) 6º ano. d) arrependido por não ter ido jogar
futebol.
1.2. A Petra
a) era gordinha, mas muito bonita. 1.7. O narrador pediu ajuda à Marisa, mas
b) usava roupas bonitas e tinha uma mochila ela
colorida. a) foi fazer queixa dele à professora, que
c) não andava na mesma turma do narrador. entretanto regressara.
d) era a rapariga mais bonita da escola. b) riu-se da sua paixão pela Petra.
c) ficou chateada com ele, por ciúmes da
1.3. No intervalo, o narrador foi convidado Petra.
pelo Cláudio para d) foi entregar o bilhete à delegada.
a) guarda-redes.
b) avançado. 1.8. O narrador achava que os olhos da
c) árbitro. Petra pareciam
d) defesa. a) duas flores ao pôr do sol.
b) duas andorinhas negras.
1.4. narrador não foi jogar porque c) banhadas de paz e beleza.
a) não tinha vontade. d) duas borboletas brilhantes.
b) estava cansado.
c) estava ocupado. 1.9. O narrador achava que a delegada não
d) estava de castigo. tinha capacidades para desempenhar o
cargo porque
1.5. Depois do intervalo, a professora a) não sabia ler direito.
a) incumbiu-os de escreverem uma redação. b) gozava com os colegas que tinham
b) deixou a delegada a tomar conta da dificuldades.
turma. c) não cumpria as ordens da professora.
c) foi ao gabinete do diretor. d) tinha notas fracas.
d) avisou que ia faltar no dia seguinte.
1.10. O conto termina com o narrador
a) a conversar com a Petra.
b) confortado com o carinho da mãe.

1
c) a ser desprezado pela Petra.
d) a ser gozado pelos colegas da turma.

GRUPO II- LEITURA (40 pts)

TEXTO 1

Lê o poema com muita atenção e responde às questões com frases completas.

As mãos

1 Com mãos se faz a paz se faz a guerra.


Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema – e são de terra.
Com mãos se faz a guerra – e são a paz.

Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.


5
Não são de pedras estas casas mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.

E cravam-se no Tempo como farpas


as mãos que vês nas coisas transformadas.
10 Folhas que vão no vento: verdes harpas.

De mãos é cada flor cada cidade.


Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.

Manuel Alegre, O Canto e as Armas, 1967

1. Neste poema, o sujeito poético descreve situações positivas e negativas associadas às


mãos.
1.1. Enumera-as (4 pontos).
1.2. Explica por que razão existe uma dimensão destrutiva nas mãos. Ilustra a resposta
com exemplos textuais (3 pontos).

2. A expressão “Com as mãos” está presente nas 1ª e 2ª estrofes.


2.1. Explica a intenção dessa repetição (3 pontos).
2.2. Identifica a figura de retórica aí presente (2 pontos).

3. Refere a razão pela qual o sujeito poético se dirige a um destinatário utilizando a


segunda pessoa do singular (3 pontos).

4. Faz a análise formal do poema (5 pontos).


4.1. Classifica as rimas presentes no poema e dá um exemplo de cada tipo de rima
diferente (3 pontos).
4.2. Faz a escansão dos versos 3 e 7 (4 pontos).

2
5. Identifica os recursos expressivos presentes nas expressões que se seguem e explica a
sua expressividade (1,5 pontos):
a) “Com mãos se faz a paz se faz a guerra” (v. 1);
b) “Com mãos se rasga o mar.” (v. 5);
c) “E cravam-se no Tempo como farpas” (v. 9);

TEXTO 2

magras
desmazeladas
negras

mãos
entregues à bolanha
ao pau de pilão1

mãos de canseira
abandonadas
na eterna lenga-lenga
do duro labor

mãos
de inferno
condenadas
fuliadas
p’ra lá
p’ra aquele espaço
longe
onde basbaco
e canseira
e pobreza
formam sociedade

mãos pendidas no vácuo


mãos porcas
ah! Desprezadas mãos!
Pascoal d’Artagnan, “Mãos”, 1997

6. Transcreve todos os adjetivos qualificativos que o sujeito poético usa para


caracterizar as mãos no Texto 2 (4,5 pontos).

1
Almofariz de madeira onde se pila ou descasca arroz,
"pilão", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/pil%C3%A3o [consultado em 15-03-2014].

3
7. Associa o poema de Manuel Alegre e o poema de Pascoal d’Artagnan aos elementos
da coluna da direita (4 pontos):
a. As mãos simbolizam pobreza e abandono.
b. As mãos podem associar-se à conquista da liberdade.
1. Poema de Manuel
c. O poema retrata formas duras de vida.
Manuel Alegre d. As mãos associam-se à escravidão.
2. Poema de Pascoal
e. O poema transmite uma mensagem de esperança.
d’Artagnan f. O sujeito poético lamenta o desdém com que é visto o trabalho
do homem.
g. As mãos são empreendedoras.
h. O poema faz uma alusão indireta à época dos Descobrimentos.

7.1. Justifica 3 alíneas à tua escolha com um excerto textual (3 pontos).

GRUPO III- GRAMÁTICA (20 pts)

1. Elabora o campo semântico da palavra “mão” (5 pontos).

2. Identifica os processos de formação das palavras que se seguem (5 pontos):

a. Hambúrguer;
b. EUA;
c. Geologia;
d. Guarda-joias;
e. “Fantasporto”.

3. As seguintes frases apresentam falta de coesão. Identifica o mecanismo de coesão


que não foi respeitado, associando os elementos das duas colunas e sem esquecer
não estão todos os mecanismos presentes nas frases (5 pontos):

a) O Manuel é um bom homem. Ela tem bom


coração.
b) Gostei muito do filme porque o filme falava de 1. Ordem das palavras;
uma época histórica que me atrai. 2. Concordância;
c) Pela Maria o vestido foi desenhado. 3. Uso correto de
d) O deputado discordou com o presidente da
preposições,
assembleia.
e) Quando era criança, adoraria vestir calções e conjunções,
blusas. conectores;
f) O gato da minha prima é um belo gato. É o gato 4. Pronominalização;
mais amoroso que já vi. 5. Substituição lexical;
g) Ontem, faço o bolo, hoje farei a tarte e amanhã 6. Repetição
fiz a torta. intencional;
h) Nós não achais isso correto. 7. Uso correto de
i) Amanhã vou com a Ana ao médico porque a Ana tempos verbais.
está doente. A Ana tem febre e a Ana teve
vómitos.
4
j) Do carteiro encomenda Luís o recebeu a.

4. Identifica a função sintática (são todas diferentes) dos enunciados sublinhados em


cada frase (5 pontos):
a) Depois de muito pensar, o João decidiu emigrar.
b) Caiu o muro durante a noite.
c) O jornalista foi agredido pela celebridade.
d) O Miguel ficou em casa, a estudar.
e) Precisa da minha ajuda, senhor Pereira?

GRUPO IV- PRODUÇÃO ESCRITA (30 pts)

Escreve um texto de opinião, com um mínimo de 180 e um máximo de 220


palavras, em que fales sobre ações associadas às mãos do Homem.
• Refere três ações que, na tua opinião, as mãos do homem já realizaram;
• Indica três ações que as mãos do homem podem realizar para transformar o mundo
num lugar melhor para todos.

• Antes de escreveres o texto, tens de ter em conta as indicações seguintes:


. Tenta estabelecer com clareza o teu discurso, de modo a que as tuas afirmações e raciocínio sejam coerentes
e façam sentido.
. Organiza o texto e faz parágrafos sempre que seja necessário.
. Tenta exprimir-te corretamente, tendo em atenção a construção de frases, a ortografia, a escolha do
vocabulário adequado e a pontuação.
• Depois de escreveres o texto, relê-o com muita atenção e corrige-o, se necessário, antes de entregares a
tua prova.

Observações relativas ao Grupo IV:


1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco,
mesmo quando esta integre elementos ligados por hífen (exemplo: /di-lo-ei/). Qualquer número conta como
uma única palavra, independentemente dos algarismos que o constituam (exemplo: /2013/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – um mínimo de 180 e um máximo de 220
palavras –, há que atender ao seguinte:
– um desvio dos limites de extensão requeridos implica uma desvalorização parcial (até dois pontos);
– um texto com extensão inferior a 60 palavras é classificado com 0 (zero) pontos.

BOM TRABALHO!!!!
A DOCENTE: Lucinda Cunha

5
Proposta de correção
I
“Bilhete com foguetão” , Ondjaki
1.1.a; 1.2.b; 1.3.d; 1.4.c; 1.5.b; 1.6.c; 1.7.d; 1.8.d; 1.9.a;1.10.b
Com um beijinho para a Petra
Foi no tempo da terceira classe.
Quando a Petra entrou na sala já deviam ser umas três da tarde. Lembro-me disso porque
nós sabíamos mais ou menos as horas pelo modo como as sombras invadiam a sala de aulas.
A Petra tinha o tom de pele escuro, bem bronzeado, e vinha com umas roupas bem bonitas
que se fosse a minha mãe não me deixava vestir assim num dia normal de aulas. Uma
mochila toda colorida como quase ninguém tinha naquela época. Então eu acho que tudo
aconteceu em poucos minutos, assim muito de repente.
Já não consegui prestar atenção à aula e a Marisa, que sentava na carteira ao lado, reparou
que eu estava toda a hora a olhar. A delegada de turma também viu. E a Petra também.
Na hora do intervalo o Cláudio veio me buscar para eu ser defesa na equipa dele de
futebol e eu disse que não. O Helder, que organizava a outra equipa, até me prometeu
posição de avançado mas eu recusei. Fiquei todo intervalo na sala, na minha carteira, a rasgar
as folhas onde eu tentava escrever um bilhete para a Petra.
Depois do intervalo todos regressaram com respiração depressada e o suor do corpo a
molhar as roupas, alegres também porque a camarada professora Berta disse que ainda ia
demorar. Deu ordens à delegada para sentar todo mundo e apontar numa lista o nome dos
indisciplinados.
Primeiro houve aquele silêncio assim de cinco minutos que todos têm medo de ficar na
lista e ninguém quase se mexe. Depois começaram a desenhar, jogar batalha naval e tentar
pedir com- -licença à delegada para falar com alguém um assunto nenhum. O meu bilhete
estava pronto, dobrado, mas eu não sabia na minha cabeça se devia ou não dar o bilhete à
Petra.
A Marisa olhava para mim como quem perguntava alguma coisa. E essa resposta que ela
queria com palavras ou um olhar, eu também não tinha para mim. Mesmo sem ter ido jogar
futebol, eu suava na testa e nas mãos.
Fiz sinal à delegada que queria falar com ela, mas ela disse que não. A Marisa disse-me
então que ela podia ir.
- Entrego a quem?
- À Petra.
A Marisa nem esperou eu ter acabado bem de decidir, tirou-me o bilhete da mão e foi a
correr. O meu olhar acompanhou a Marisa na corrida em direção à Petra e de repente me deu
uma tristeza enorme quando a vi passar além da Petra e entregar o papel já meio aberto à
delegada de turma.
A delegada mandou todos fazerem um silêncio que eu não conseguia engolir na minha
garganta dura. Era o meu fim. Como é que eu ia enfrentar os rapazes depois daquele bilhete
para a Petra a dizer que ela tinha «um estojo bonito com cores de Carnaval da Vitória e a
mochila também, pelo tipo mousse de chocolate e uns olhos que, de longe, pareciam duas
borboletas quietas e brilhantes»?
Cruzei os braços na carteira, escondi a cabeça, fechei os olhos, e pelos risos eu ia
entendendo o que se passava ali. Quando ela acabou de ler, houve um silêncio e eu sabia que
a delegada devia estar a olhar para o desenho. Como eu não sabia desenhar quase nada, tinha
feito um pequeno foguetão desajeitado porque achei que fazer flores também já era de mais.

6
A delegada riu uma gargalhada só dela, bem alto. A Marisa quis saber o que era. Ela
amarrotou o bilhete e guardou no estojo.
- Ele desenhou um «fojetão».
- Um «fojetão»?!
Aí eu confirmei na minha cabeça que aquela menina não podia ser nossa delegada porque
ela não sabia ler o «gue», e eu tinha a certeza absoluta de ter escrito «foguetão». A camarada
professora Berta entrou e eu estremeci, pensei que fossem me queixar do bilhete, mas nada,
todos estavam parados, como borboletas!, isso mesmo, borboletas quietas.
No fim da tarde, a Petra foi logo embora sem falar com ninguém, e os rapazes da minha
turma foram bem simpáticos, ninguém me estigou e até o Filomeno, que era tão calado, deu-
me uma pancada leve nas costas que eu entendi tudo sem ele ter dito nada com a boca.
Cheguei a casa muito confuso e um pouco triste, mas já não queria falar mais do bilhete.
- Correu bem o dia? – a minha mãe me deu um beijinho.
- Sim foi bom – tirei a mochila das costas. – Mãe, foguetão não é com «gue», como na palavra
“guerra”?
- Claro que sim, filho.
Olhei devagar para ela. Fiquei a sorrir. A minha mãe também tem uns olhos assim enormes
bem bonitos de olhar.
Ondjaki, Os da Minha Rua – estórias, Lisboa, Editorial Caminho, 2007. LEITURA

II (questões e respostas, na maioria, retiradas do manual Conto contigo 8, Areal Editores,


pp.211-213)
1.1. Ações positivas: “se faz a paz”; “rasga a aterra”; “lavra a terra”; “constroem casas”,
“verdes harpas”, cidades, plantam “flores”; “começa a liberdade”.
Ações negativas: “se faz a guerra”; “se desfaz”;
1.2. A dimensão destrutiva associa-se à guerra que é feita com (e pelas) mãos humanas.
2.1. A repetição desta expressão reforça a diversidade de ações que as mãos realizam.
2.2. Esta figura de retórica chama-se anáfora.
3. O sujeito poético faz um apelo a um “Tu”, que será o leitor, enquanto ser humano, que tem
obrigação de lutar pela sua liberdade e autodeterminação.
4. Este poema trata-se de um soneto, pois é composto por duas quadras e dois tercetos.
Assim, os versos são decassilábicos e segue o seguinte esquema rimático: ABAB/CDCD/ EFE/
GFG. A rima é, portanto, cruzada nas quadras e nos tercetos e ainda interpolada entre os
versos 10 e 13.
4.1. A rima é cruzada das duas quadras, por exemplo, entre os versos 1 e 3, 2 e 4, etc. Já nos
tercetos, os versos 2 de cada terceto rimam, pelo que é rima interpolada.
4.2. Com /mãos/ se/ fa/z o/ poe/ma – e/ são/ de/ te/rra.

de/ mão/s. E es/tão/ no/ fru/to e/ na/ pa/la/vra


( NOTA:A última sílaba de cada verso já não se conta visto que são sílabas átonas)

5. a) antítese- as mão são responsáveis pelo que mau, negativo, destrutivo, mas também pelo
que é bom e positivo, isto é, frisa-se o caráter contrastivo da personalidade humana; b)
metáfora- reforça o esforço empreendido na conquista marítima; c) comparação- reforça que
as ações, boas ou más, permanecem e não se esquecem facilmente.
6. Os adjetivos que qualificam as mãos são: “magras”; desmazeladas”; “negras”;
“abandonadas”; “condenadas”; “fuliadas”; “pendidas”; “porcas”; desprezadas”.
7.

7
1-b, e, g, h;
2-a, c, d, f

7.1. Alguns exemplos:


a. ”e pobreza”
b. “Nas tuas mãos começa a liberdade”
c. “e canseira/ e pobreza/ formam sociedade”
d. “mãos/ entregues à bolanha/ ao pau de pilão”; “ mãos/ de inferno/ condenadas”
e. “De mãos é cada flor cada cidade”
f. “Desprezadas mãos”
g. Com mãos se rasga o mar”

III

1. “mão de vaca” (BR); “apanhado com as calças na mão”; “do pé para a mão”; “de mãos
dadas; “dar uma mão a alguém”; “pedir a mão”; “de mão em mão”; “a mão tem cinco
dedos e são todos diferentes”; “mão de obra”; “meter a mão na massa”; “mãos largas”;
“ter uma boa mão para”; “estar à mão de semear”; “ter uma boa mão (jogos de cartas)”;
“mão de ferro”; “mão pesada”; “uma mão cheia de nada”; “meter a mão”= roubar”; “pôr a
mão na consciência”…
2.
2. a. empréstimo; b. sigla; c. composição morfológica; d. composição morfossintática; d.
amálgama
3. a) 2
b) 4
c) 1
d) 3
e) 7
f) 5
g) 7
h) 2
i) 4
j)1

4. a) Modificador do Grupo Verbal


b) sujeito
c) complemento agente da passiva
d) predicativo do sujeito
e) complemento oblíquo

IV_ Resposta aberta

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