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Resistência o

Cisalhamento

Prof. Bernardo Ramos


Tensões no Solo

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Tensões num meio particulado
Solos são constituídos de partículas e que forças aplicadas a eles são transmitidas de
partícula a partícula, além das que são suportadas pela água dos vazios.

No caso das partículas maiores, siltes e areias, a transmissão de forças se faz através do
contato direto de mineral a mineral.

No caso das partículas de mineral argila, sendo elas em número muito grande, as forças
em cada contato são muito pequenas e a transmissão pode ocorrer através da água
quimicamente adsorvida.

Em qualquer caso, entretanto, a transmissão se faz nos contatos e, portanto, em áreas


muito reduzidas em relação à área total envolvida.

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Tensões num meio particulado

Tensão Normal:

𝑁
𝜎=
á𝑟𝑒𝑎

Tensão Cisalhante:

𝑇
𝜏=
á𝑟𝑒𝑎

Em diversos planos passando por um ponto no interior do solo ocorrem tensões diversas,
surgindo um estado de tensões.

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Tensões num meio particulado
Assim como se definiram as tensões num plano horizontal, elas poderiam ser consideradas
em qualquer outro plano no interior do solo.

A tensão normal no plano vertical depende da constituição do solo e do histórico de


tensões a que ele esteve submetido anteriormente, sendo a relação entre tensão
horizontal efetiva e a tensão vertical efetiva denominada coeficiente de empuxo em
repouso (𝐾0 ).

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Tensões num meio particulado
O coeficiente de empuxo em repouso (𝐾0 ) pode ser definido pelo ensaio de compressão
edométrica. Durante este ensaio aplica-se uma tensão vertical e mede-se a tensão
horizontal gerada.

𝐾0 é definido em termos de tensões efetivas uma


vez que as pressões neutras serão iguais em
qualquer direção, pois a água não apresenta
resistência ao cisalhamento.

𝐾0 depende do ângulo de atrito interno efetivo


( 𝜑′ ), pois as duas propriedades dependem do
atrito entre as partículas.

𝐾0 = 1 − 𝑠𝑒𝑛 𝜑′ (Jaky, 1944)

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Tensões num plano genérico
Num plano genérico no interior do subsolo, a tensão atuante não é necessariamente
normal ao plano. Em qualquer ponto do solo, a tensão atuante e a sua inclinação em
relação à normal ao plano variam conforme o plano considerado.

Tensões Normais de Compressão – POSITIVO


Tensões Cisalhantes e Ângulos – POSITIVOS (sentido anti-horário)

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Tensões num plano genérico

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Tensões num plano genérico
Em qualquer ponto da massa do solo existem três planos ortogonais onde as tensões
cisalhantes são nulas. Estes planos são chamados planos principais de tensões. Portanto, as
tensões normais recebem o nome de tensões principais, onde a maior das tensões
atuantes é chamada tensão principal maior (𝜎1 ), a menor é chamada tensão principal
menor (𝜎3 ), e a terceira é chamada tensão principal intermediária (𝜎2 ).

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Tensões num plano genérico
A maior parte dos problemas de Mecânica dos Solos permitem soluções considerando um
estado de tensões no plano, isto é, trabalha-se com um estado plano de tensões ou estado
bidimensional.

Conhecida a magnitude e a direção de 𝜎1 e 𝜎1 é possível encontrar as tensões normal e


cisalhante em qualquer outra direção (plano).

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Tensões num plano genérico

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Tensões num plano genérico

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Círculo de Mohr
O estado de tensões atuantes em todos os planos passando por um ponto pode ser
representado graficamente num sistema de coordenadas em que as abcissas são as
tensões normais e as ordenadas são as tensões cisalhantes.

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Círculo de Mohr
Analisando o Círculo de Mohr, percebemos que:

1. A máxima tensão de cisalhamento em


módulo ocorre em planos que formam
45° com os planos principais.

2. A máxima tensão de cisalhamento é igual


à média da diferença das tensões
principais, ou seja, 𝜎1 − 𝜎3 2

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Círculo de Mohr
Polo é um ponto no Círculo de Mohr no qual uma reta partindo dele com uma
determinada inclinação interceptará o Círculo de Mohr num ponto que indica as tensões
num plano paralelo a esta reta.

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Círculo de Mohr

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Estados de Tensões Efetivas
O estado de tensões pode ser determinado tanto em termos de tensões totais como de
tensões efetivas. Considerando-se as tensões principais 𝜎1 e 𝜎3 e a pressão neutra u num
solo, dois círculos podem ser construídos.

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Estados de Tensões Efetivas
Dois pontos fundamentais podem ser ilustrados pela figura apresentada:

 O círculo de tensões efetivas se situa deslocado para a esquerda, em relação ao círculo


de tensões totais, de um valor igual à pressão neutra.

 As tensões de cisalhamento em qualquer plano são independentes da pressão neutra,


pois a água não transmite esforços de cisalhamento.

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Trajetória de Tensões
Quando se pretende representar o estado de tensões num solo em diversas fases de
carregamento, num ensaio ou num problema prático, os diversos círculos de Mohr podem
ser desenhados de maneira simplificada.

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Trajetória de Tensões
Criou-se a sistemática de representar as diversas fases de carregamento pela
representação exclusiva dos pontos de maior ordenada de cada círculo, como os pontos 1,
2 e 3, ligando-os por uma curva que recebe o nome de trajetória de tensões.

𝜎1 + 𝜎3
𝑝=
2

𝜎1 − 𝜎3
𝑞=
2

Nota-se que p é a média das tensões principais e q é a semi diferença das tensões
principais, ou ainda, p e q são, respectivamente, a tensão normal e a tensão cisalhante no
plano de máxima tensão cisalhante.

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Resistência ao
Cisalhamento

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Resistência ao Cisalhamento

Atrito (= 𝑓 𝜎 )
Resistência entre
partículas
Resistencia ao Coesão (≠ 𝑓 𝜎 )
Cisalhamento

Imbricamento
(Interlocking)

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Resistência entre partículas
A mobilização da resistência ao atrito entre partículas é análoga ao deslizamento de um
corpo rígido sobre uma superfície plana. A tensão tangencial necessária para provocar o
deslizamento do corpo (𝜏𝑓𝑎 ) depende da tensão normal e do coeficiente de atrito entre o
corpo e o plano.

𝜏𝑓𝑎 = 𝜎 . 𝑡𝑔𝜑′

Em que 𝜎 é a tensão normal, definida como a relação entre o peso W e a área de contato,
e 𝜑′ é o ângulo de atrito, que depende do tipo de solo, da compacidade, etc.

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Resistência entre partículas
O mecanismo de coesão equivale à existência de uma ligação efetiva entre partículas,
como se fosse uma cola. A tensão tangencial necessária para provocar o deslizamento do
corpo (𝜏𝑓𝑎 ) tem um valor definido, função das ligações físico-químicas e independente da
tensão normal. A coesão real é observada em solos argilosos (argilominerais) e em solos
cimentados.

𝜏𝑓𝑎 = 𝑐′

Em que c’ é a coesão real.

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Imbricamento
Representa o trabalho adicional necessário para movimentar uma partícula
ascendentemente, quando se provoca um deslizamento horizontal nas partículas.

No caso de solo fofo, por exemplo, quando grãos movimentam-se horizontalmente ao


longo da linha a-a, o esforço realizado tem de vencer exclusivamente a resistência entre
grãos.

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Imbricamento
No caso do solo denso, existe um trabalho adicional para superar o imbricamento entre
partículas e uma tendência de expansão volumétrica (dilatância) durante o cisalhamento.

Assim, quanto mais denso for o solo, maior será a parcela de imbricamento e,
consequentemente, maior será a resistência do solo.

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Imbricamento
O mecanismo de imbricamento pode ser representado pela figura abaixo a qual ilustra o
ângulo de dilatância α.

Dessa forma, o ganho a contribuição à resistência ao cisalhamento do solo pelo


imbricamento pode ser escrita como:

𝜏𝑓 = 𝜎 . 𝑡𝑔 𝜑 + 𝛼

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Critério de Ruptura
O critério de Coulomb pode ser expresso como: “não há ruptura se a tensão de
cisalhamento não ultrapassar um valor dado pela expressão 𝑐 + 𝜎 . 𝑡𝑔𝜑”.

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Critério de Ruptura
O critério de Mohr pode ser expresso como: “não há ruptura enquanto o círculo
representativo do estado de tensões se encontrar no interior de uma curva, que é a
envoltória dos círculos relativos a estados de ruptura, observados experimentalmente pelo
material”.

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Critério de Mohr-Coulomb
𝜏 = 𝑐 + 𝜎 . 𝑡𝑔𝜑

𝜏
𝜑

𝑐
𝛼
𝜎3 𝜎1𝐴 𝜎1𝐵 𝜎1𝑐 𝜎

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Ensaios
 Ensaio de Cisalhamento Direto

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Ensaios
 Ensaio de Cisalhamento Direto

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Ensaios
 Ensaio de Cisalhamento Direto

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Ensaios
 Ensaio de Compressão Triaxial

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Ensaios
 Ensaio de Compressão Triaxial

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Ensaios
 Ensaio de Compressão Triaxial

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Ensaios
 Ensaio de Compressão Triaxial

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