Você está na página 1de 5

MÓDULO 5 – Perda de Carga

Considera-se forçado o conduto no qual o líquido escoa sob pressão


diferente da atmosférica. A canalização funciona, sempre, totalmente cheia e o
conduto é sempre fechado. As canalizações de distribuição de água nas cidades
são exemplos de condutos forçados e os rios e canais constituem o melhor exemplo
de condutos livres.
O líquido ao escoar em um conduto é submetido a forças resistentes
exercidas pelas paredes da tubulação e por uma região do próprio líquido. Nesta
região denominada camada limite há um elevado gradiente de velocidade e o efeito
da velocidade é significante. A consequência disso é o surgimento de forças
cisalhantes que reduzem a capacidade de fluidez do líquido. O conceito de camada
limite foi desenvolvido em 1904 por Ludwing Prandtl.

5.1 Perda de carga em tubulações circulares

A canalização da Figura 5.1 mostra um líquido que flui de (1) para (2). Parte
da energia se dissipa sob a forma de calor e, a soma das três cargas em (2) não é
igual a carga total em (1). A essa diferença, indicada por hfl1,2 ou, mais comumente
usada como ∆h, dá-se o nome de perda de carga, que é de grande importância nos
problemas de engenharia.

Figura 5.1 – Análise da energia no escoamento de fluidos (Bunetti, F., Mecânica


dos Fluidos, Prentice Hall, 2ª ed. 2009)

5.2 Classificação das Perdas de Carga

1
A perda de carga, denotada por, ∆h, é classificada em perda de carga
distribuída (contínua) ao longo da tubulação e, perda de carga localizada (singular)
devido a presença de conexões, aparelhos, singularidades em pontos particulares
do conduto.
As perdas distribuídas (hf) ocorrem devido ao atrito entre as diversas
camadas do escoamento e ainda ao atrito entre o fluido e as paredes do conduto
(efeito da viscosidade e da rugosidade). Com o intuito de estabelecer leis que
possam reger as perdas de carga em condutos, já há cerca de dois séculos estudos
e pesquisas vêm sendo realizados. Atualmente a expressão mais precisa e utilizada
universalmente para análise de escoamento em tubos, e que foi proposta em 1845,
é a conhecida equação de Darcy-Weisbach:
L v2
hf  f (1)
D 2g
v= velocidade média do escoamento
D= diâmetro do conduto
L= comprimento do conduto
g= aceleração da gravidade (9,81 m/s2)
f= coeficiente de perda de carga (adimensional; depende basicamente do regime
de escoamento)

Se o escoamento do fluido for laminar, então f pode ser calculado


diretamente pela fórmula:
 8  v 
8 
64 8  D  64 
f    
Re   v 2
 v 2
 v D

No escoamento turbulento existem algumas fórmulas, descritas a seguir:

I - Prandtl:
 1,99 log Red f 0,5   1,2
1
0,5
f

1
f 0,5
 
 2 log Red f 0,5  0,8 (tubos de paredes lisas)

Alguns valores numéricos estão listados na Tabela 5.1.

2
Tabela 5.1 Correlação de valores de Re e fator de atrito em tubos lisos.
Re 4.000 104 105 106 107 108
f 0,0039 0,0309 0,0180 0,0116 0,0081 0,0059

Logo, f decresce apenas de um fator 5 para um aumento de 10.000 vezes


do número de Reynolds. Existem algumas aproximações alternativas na literatura
para os cálculos explícitos de f dado Re.

II - H. Blausius:
0,316  Re 14 4.000  Re  10 5


f   Re 
2

1,8 log 

 6,9 

III - Colembrook combinou as relações para parede lisa e escoamento


totalmente turbulento em uma engenhosa formula de interpolação:
 2,51 
 2 log D 
1
f 0,5  3,7 Re f 0,5 
 d

Esta é a formula de projeto aceita para o atrito turbulento. Ela foi plotada em
1944 por Moody na forma hoje denominada de diagrama de Moody (IV). Este
diagrama talvez seja a figura mais famosa e mais útil em Mecânica dos Fluidos.
Tem uma precisão de ±15% para os cálculos de projeto sobre toda a faixa mostrada
na Figura 5.2. Pode ser usada em escoamento de dutos circulares e não-circulares
e para escoamentos em canais abertos.

3
Figura 5.2 Diagrama de Moody para o atrito em tubos com paredes lisas e rugosas.

EXEMPLO

1. Calcule a perda de carga e a queda de pressão em 61m de tubo de ferro fundido


asfaltado horizontal de 152mm de diâmetro transportando água a velocidade de
1,83m/s. Considere viscosidade cinemática () no valor de 1,02×10-6Ns/m2.
m
1,831,52m
vD s
Re    2,7  10 5 (Escoamento Turbulento )
υ m 2
1,02  10 6
s
A rugosidade relativa do ferro fundido asfaltado (=0,12mm) é:
 0,12mm
  0,0008
D 0,152mm
Utilize o diagrama de Moody para determinar o fator de atrito. No gráfico encontre
a linha do lado direito para /D=0,0008 e siga por ela para a esquerda do gráfico
até ela interceptar a linha vertical de Re=2,7×105. Leia aproximadamente f=0,02.
Pela equação de Darcy-weisbach:

61m 1,83m / s 
2
L v2
hf  f  0,02  1,37 m
D 2g 
0,152 m 2 9,81m / s 2 
4
A queda de pressão para um tubo horizontal é:
kg m
P  gh f  1000 3
9,81 2 1,37 m  13,4kPa
m s

Você também pode gostar